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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DA BAHIA

JUÍZO ELEITORAL DA 64.ª ZONA


Fórum Eleitoral de Guanambi
Avenida Presidente Castelo Branco, s/n.° - Aeroporto Velho
Guanambi – Bahia – CEP: 46.430-000 – Telefax: (77) 3451-3986

Representação nº 196-66.2016.6.05.0064

Representante: Coligação Guanambi do Trabalho


Advogados: Eunadson Donato de Barros – OAB/BA 33.993; Robério Sílvio Morais
Cardoso Filho – OAB/BA 19245

Representados: Charles Fernandes Silveira Santana e Outros


Advogado: Gabriel de Oliveira Carvalho – OAB/BA 34.788; Daniel Mascarenhas Passos –
OAB/BA 37.134

SENTENÇA

A Coligação Guanambi do Trabalho propôs a presente Representação em face de


Charles Fernandes Silveira Santana, Coligação pra Guanambi Avançar Muito Mais, Jairo
Silveira Magalhães e Hugo Vanusco Costa Pereira, todos já qualificados nos autos.
Alega-se na inicial que em 29 de agosto de 2016, por volta das 19h30’, na sede do
Posto de Saúde do Bairro Vila Nova o prefeito municipal em companhia do candidato a
prefeito Jairo Silveira Magalhães realizou exposição da plataforma política e “pedido
explícito de voto”.
Os representados apontam a prática de conduta vedada e auso do poder político com
prévio conhecimento do candidato, requerendo a procedência do pedido, cassação de
registro de candidatura e inelegibilidade.
Devidamente notificados, os representados ofereceram defesas às fls. 23/38,
requerendo a improcedência dos pedidos na inicial, uma vez que não ocorreu conduta
vedada, requerendo a realização de perícia da mídia juntada pelos representantes.
Em sua manifestação o Ministério Público Eleitoral pugnou pela improcedência dos
pedidos formulados na inicial.
Designado perito às fls. 44/45, as partes não se manifestaram, para os fins do art.
465 do CPC.
Intimada a depositar os honorários em conta à disposição do Juízo, a parte que
requereu a perícia deixou transcorrer o prazo assinado no despacho de fl. 54, sem que
comprovasse o depósito, conforme certidão de fl. 54-v, pelo que resta indeferida a prova.
É o relatório.
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Considerando que não foi juntado rol de testemunhas por quaisquer das partes ou
pelo Ministério Público, nos termos do artigo 355, I, do Código de Processo Civil, aplicável
supletiva e subsidiariamente à matéria, atendendo ao ditame legal informado pelo princípio
da economia processual, antecipo o julgamento da lide.
Os fatos mencionados na inicial carecem de força a ensejar as medidas requeridas
pela Coligação representante, pois não se desincumbiram de realizar a prova adequada,
sequer apontaram a origem da gravação realizada ou testemunhas que presenciassem os
fatos.
Consta da mídia de fl. 13, a fala do Prefeito tratando sobre a abertura do Hospital
Municipal, sem indicar ou explicitar pedido de voto ou apoio a qualquer candidato,
notando-se que, apenas pelo demonstrado no vídeo, não há que se falar em conduta vedada.
Em seu parecer de fls. 39/42, o Ministério Público Eleitoral, quanto aos fatos
narrados na inicial, aponta que:

[...] no material audiovisual colacionado e em sua respectiva gravação


verifico que não há pedido de voto, ainda que subliminar ou implícito, ou
pedido de apoio político, ou ainda, exposição de plataforma política.
Destaco, inclusive, que sequer houve menção à candidatura do
TERCEIRO E QUARTO REPRESENTADOS, os quais, diante da prova
produzida, sequer usaram da palavra no evento realizado.
Da mesma forma, entendo que a prova produzida não é capaz de precisar
a data real da realização da referida reunião, bem como o local de sua
realização, pairando dúvidas acerca da titularidade do bem imóvel, se
público ou privado.
Aliás, sequer foram arroladas testemunhas que presenciaram os fatos
noticiados, em especial, o próprio autor do registro fotográfico e
audiovisual. (fl. 41).
O abuso de poder político, por meio de condutas vedadas, deve ser caracterizado de
maneira inequívoca e bem como demonstrar-se a finalidade de influenciar no resultado da
eleição, provando-se a ilicitude das condutas, decisão do Tribunal Regional Eleitoral do
Ceará, que transcrevo a seguir:

Eleições 2010. Representação. Preliminar. Inépcia inicial. Rejeição. Nexo


lógico entre a causa de pedir e o pedido. Mérito. Condutas vedadas.
Comemoração de aniversário do Município promovido pela Prefeitura
Municipal. Utilização do referido evento para fins de propaganda de
candidatos apoiados pelo Prefeito. Denúncia de outros fatos. Entrega de
ambulância em posto de saúde e inauguração de prédio público. Não
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comprovação. Fragilidade do conjunto probatório. Improcedência.


1. "A disciplina das condutas vedadas aos agentes públicos em campanha
eleitoral visa coibir a utilização da máquina administrativa em benefício
de determinada candidatura, o que não se verifica na espécie."
(Precedente: TSE, Recurso Especial Eleitoral n° 6469-
84.2010.6.26.0000, SP/SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, julgado
07.06.2011).
2. In casu, os candidatos representados compareceram ao aniversário de
emancipação do
Município promovido pelo Prefeito Municipal, igualmente representado,
contudo, ante o acervo probatório constante dos autos, não restou
demonstrado auferimento de qualquer vantagem político-eleitoral com o
evento.
3. No tocante aos demais fatos, entrega de ambulância no Posto de Saúde
bem como à inauguração do mercado público, também, não há nos autos
prova de ilicitude praticada pelos representados.
4. Com efeito, no caso em testilha, não se vislumbra a prática de conduta
vedada capitulada no artigo 73, incisos I e IV da Lei n° 9.504/97 por
parte dos representados, razão pela qual a improcedência da
representação é medida que se impõe, consoante bem destacou o douto
Procurador Regional Eleitoral, em sede de alegações finais.
5. Improcedência da representação.
(TRE-CE, Representação n.º 836183, de 4.6.2013, rel. Juiz Raimundo
Nonato Silva Santos) - (grifei)
No parecer ministerial aponta-se que não há provas nos autos capazes de demonstrar
configuração de abuso do poder político ou de conduta vedada.

Diante do quanto expendido, não existem fundamentos para procedência dos


pedidos formulados pela Coligação representante.

Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS da representante,


extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de
Processo Civil.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Arquivem-se.

Guanambi/BA, 24 de março de 2017.

JOÃO BATISTA PEREIRA PINTO

Juiz Eleitoral

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