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PRÁTICAS CRIATIVAS
COMO A TECNOLOGIA PODE IMPULSIONAR O TRABALHO
REMOTO E FOMENTAR A CRIATIVIDADE
PRÁTICAS CRIATIVAS
CARO EDUCADOR,
Saudações pedagógicas,
Equipe Sempre Presente
Sempre Presente!
SUMÁRIO
LÍNGUA
PORTUGUESA
Desafios e
propostas para
o ensino da
criatividade
PÁG. 14
LINGUAGEM
O que considerar nas atividades da Educação Infantil
em tempos de pandemia?
PÁG. 40
CIÊNCIAS HUMANAS
E DA NATUREZA
Ciências da Natureza na
MATEMÁTICA Educação Infantil:
A aprendizagem criativa práticas criativas
nos tempos atuais
PÁG. 44 PÁG. 48
Sempre Presente!
Projeto
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1 A CRIATIVIDADE COMO UM MOTOR PARA O NOVO NORMAL
A CRIATIVIDADE
COMO UM
MOTOR PARA O
NOVO NORMAL
por
Emilly Fidelix1
Sempre Presente! 7
1 A CRIATIVIDADE COMO UM MOTOR PARA O NOVO NORMAL
“VIVEMOS EM UM MUNDO EM serão inéditas. O maior desafio da Galileu estudava uma técnica de
constante transformação” é a sen- escola, como podemos perceber, é pintura que envolvia luz e sombras
tença recorrente utilizada, pelo me- formar pessoas para um mundo ao e foi graças a isso (aliado ao seu te-
nos nos últimos dez anos, em arti- qual ainda não conhecemos. lescópio) que percebeu as irregula-
gos de jornais e revistas que tentam Nesse sentido, uma educação ridades na superfície lunar.
explicar ou contextualizar os nossos voltada para o desenvolvimento de
tempos. Temos uma avalanche de competências nasce como propos- Leonardo da Vinci: seja curioso.
informações, acesso a conteúdos, ta e caminho que possibilite a for-
estímulos: a cada dois dias, atual- mação de pessoas de forma inte- O biógrafo de Da Vinci, Walter
mente, criamos tanta informação gral, não focando apenas em Isaacson, afirma que Da Vinci não ti-
no mundo quanto a que foi criada aspectos cognitivos, mas emocio- nha o poder teórico sobre-humano de
do início da humanidade até 2003, nais e físicos. E é por esse percurso alguém como Einstein, por exemplo.
afirmou o presidente do Google, que entramos no incrível mundo Mas ele tinha a capacidade de pensar
Eric Schmidt. Temos carros autôno- da criatividade. como um artista e como um cientista.
mos, testes para viagens a Marte, Segundo seu biógrafo, ele não era um
robôs realizando cirurgias. Entre- COMO SER UM PROFESSOR gênio por ser o mais inteligente, mas
tanto, apesar de todo o conhecimen- MAIS CRIATIVO? por ser a pessoa mais curiosa que o
to produzido e compartilhado, ape- mundo já conheceu: sua genialidade
sar do avanço da ciência, fomos Dois grandes exemplos de genia- vinha da insistência, de muito estudo,
vítimas de um inimigo invisível que lidade, que podem servir de inspira- da sua curiosidade para se interessar
parou o mundo e tomou as atenções ção para essa questão, são Galileu e estudar sobre arte, ciências, huma-
para si: o coronavírus. Galilei e Leonardo da Vinci. Que li- nidades e tecnologias.
Vivenciar uma pandemia não ções dois dos grandes gênios da hu- Para complementar as duas li-
era exatamente algo que estava manidade nos deixaram, quando o ções acima, tomo a licença poética
nos planos da humanidade para o assunto é criatividade? para lhe fazer um convite: recheie o
ano 2020. Não estávamos prepa- seu caldeirão de ideias. Caldeirão de
rados, mas tivemos que lidar com Galileu Galilei: vá além do seu te- ideias? Sim. Imagine um filme in-
o inesperado, com a incerteza so- ma de estudo. fantil sobre bruxas fazendo sopas
bre o futuro. Por isso, a pandemia Galileu descobriu que a superfí- estranhas em grandes caldeirões.
é um bom exemplo para entrarmos cie da Lua não era polida, lisa, uma Agora, imagine o seu caldeirão:
num importante conceito: o mun- esfericidade perfeita, mas irregular aquele espaço em que você guarda
do VUCA. VUCA é um acrônimo e cheia de cavidades, de forma se- tudo o que leu, ouviu, vivenciou.
em inglês que une as palavras: vo- melhante à superfície da Terra. Até Aquelas experiências marcantes –
latilidade, incerteza, complexida- então, a ciência se baseava nos co- um filme, um espetáculo, um pro-
de, ambiguidade. Ou seja, no sé- nhecimentos postos pelo modelo grama de TV, uma série, uma pintu-
culo XXI não teremos todas as aristotélico, que apresentava todos ra, uma escultura, um livro, uma
situações ao nosso controle e pro- os corpos celestes, incluindo a Lua, música. Esse caldeirão é o seu reper-
vavelmente as lições do passado como esferas lisas livres de imper- tório de ideias, que precisa ser ali-
não servirão no futuro. Não servi- feições. Como Galileu percebeu tais mentado constantemente, especial-
rão porque o contexto mudará, os cavidades na Lua? Além de física, mente com aquilo que gosta e que
problemas mudarão, as situações matemática, astronomia, filosofia, lhe interessa.
8 Sempre Presente!
EI EF1
Turma:_____________________ Idade:______
o que
PENSA E SENTE?
quais são as
Escola é o que o que
DORES?
OUVE?
momento de
VÊ?
quais são as
NECESSIDADES?
interação, de o que
FALA E FAZ?
experimentação,
de testar, de Com essa ferramenta, você pode
tirar alguns minutos para lhes fazer instrumento? Criar vídeos nas re-
tas que fiz aos meus estudantes: • O que gostam de ouvir? Quem são
desmontar, • Como se sentem sobre o contexto
seus ídolos musicais? De que estilo
de música gostam?
escola é em que estamos vivendo?
Por fim:
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1 A CRIATIVIDADE COMO UM MOTOR PARA O NOVO NORMAL
derá variar conforme a idade dos seus constitui em uma iniciativa muito vendo temas adolescentes e entre-
estudantes. A proposta é contemplar simples de ser implementada no vistando colegas.
os vários gostos, interesses e hobbies, nosso contexto. Trata-se de separar
anotando as informações e aprovei- um dia no calendário escolar para Momento “hora de pensar fora
tando-as sempre que julgar necessário. que os estudantes pesquisem e pro- da caixa”
duzam o que quiserem. O ideal é que
Criando um espaço de aprendiza- a atividade faça parte do planeja- Uso essa técnica como quebra-
gem que acolha o erro mento e os alunos saibam a data com -gelo, independentemente do tema
antecedência, recebendo tarefas a que irei trabalhar. É muito simples:
Quem nunca afirmou que “errar serem cumpridas, como preencher faço um desenho pela metade na
é humano”? Mas até que ponto o er- fichas de planejamento, onde regis- lousa e peço que cada um continue
ro é parte bem aceita na escola? Cos- trem exatamente o que farão no dia em seu caderno. O desafio é que o
tumo dizer que a escola é o melhor e se precisarão trazer algum mate- desenho se parece muito com algo
período da vida para errarmos, afi- rial de casa, como objetos reciclá- que eles conhecem, mas eles devem
nal, (lá vem a frase) “errar é huma- veis, linhas, massinha, smartphone, fugir daquilo que lhes vem em men-
no”. Ocorre que, na prática, sempre notebook, folhas coloridas, fotogra- te de imediato. O objetivo é destra-
que fazemos uma pergunta como fias, revistas etc. Além disso, é im- var as ideias fixas, quebrar padrões
“alguém tem alguma dúvida?” ou portante que registrem qual será seu e dar abertura ao novo, a outras
quando indagamos algo relacionado produto final: o que vão construir ou ideias e exercitar a mente para per-
ao conteúdo, rapidamente a turma apresentar. O papel do professor se- ceber as coisas por outras perspecti-
desvia os olhares, os alunos baixam rá o de ajudá-los, sem transformar vas, além daquilo que parecem. Veja
a cabeça, como se houvesse um suas ideias. Veja um passo a passo: um exemplo prático do que fiz:
constrangimento em perguntar, em
demonstrar que não entendeu, em Passo 1: apresentar o Dia da Inova-
aceitar que é possível dar uma res- ção + brainstorming para pensarem
posta errada. Com o tempo, o que no que vão pesquisar, estudar, criar.
podemos perceber é que são sempre
os mesmos alunos que participam e Passo 2: entrega dos planejamentos
se expõem. E os demais? O que fazer individuais, em duplas ou grupos +
em relação aos que se calam? devolução, pelo professor, dos pla-
Precisamos falar sobre o erro e nejamentos revisados e aprovados.
sobre vulnerabilidade enquanto pro-
fessores: porque nós erramos e por- Passo 3: reunião dos materiais ne-
que nosso estudante precisa errar. cessários pelos alunos.
Escola é momento de interação, de
experimentação, de testar, de criar, Passo 4: Dia da Inovação + regis-
montar, desmontar, escola é mo- tros do dia e das atividades realiza- Variar os formatos de apresentação dos
mento de tentar. Mas se o medo, a das na escola. trabalhos
vergonha, o constrangimento em
errar imperarem, tiramos do nosso Exemplos de projetos para o Dia da Quer ajudar no desenvolvimen-
estudante sua chance de entender Inovação to da criatividade dos seus estudan-
que até mesmo os grandes gênios da tes? Aproveite seus potenciais e pos-
humanidade erraram e precisaram aEscrever e tocar um solo de gui- sibilite que mostrem seus talentos:
testar suas hipóteses até alcançar as tarra; em vez de solicitar uma pesquisa,
respostas corretas. aEscrever um conto histórico-fictício; um desenho ou as respostas de um
aDesenhar e criar uma réplica de questionário, por exemplo, varie os
O Dia da Inovação1 uma armadura romana com papel formatos de apresentação dos tra-
laminado e papelão; balhos. Que tal possibilitar mais de
O Dia da Inovação (ou a Hora do aPintar um quadro de natureza- um caminho? Exemplo: a pesquisa
Gênio) é uma proposta feita em mui- -morta; sobre os usos da matemática no
tas escolas estadunidenses, e se aCriar um documentário envol- dia a dia pode ser entregue em
1 As ideias para o Dia da Inovação foram retiradas do livro A nova revolução do professor: práticas pedagógicas para uma nova geração de alunos, de Josh
Stumpenhorst, tradução de Vera Joscelyne. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.
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formato de infográfico, de vídeo ou das responsáveis por que as crianças por exemplo, explicando uma reação
coleção de fotografias. Assim, aque- não utilizavam tecnologias digitais química ou apresentando um movi-
les que gostam de fotografias, pode- naquelas atividades, já que estavam mento artístico.
rão usar seu potencial e criatividade em um dos polos tecnológicos mais
para encontrar boas imagens e mon- famosos do mundo. A resposta foi a Google Sites: que tal possibili-
tar e organizar uma coleção delas. certeira: “Queremos formar criado- tar a criação de um portfólio de tra-
Alguns poderão reunir as informa- res, não somente consumidores”. In- balho ou produção de conteúdos
ções e disponibilizar via infográfico, dependentemente do contexto em específicos por meio de um blog?
já outros poderão aproveitar o ta- que trabalhamos, levar a noção da Isso pode ser feito de forma simples
lento comunicativo para criar um criação e não meramente do consu- e gratuita através do Google Sites,
vídeo no formato de telejornal, mo é formar pessoas que pensam na disponível em: sites.google.com
por exemplo. Além de desenvol- busca por solução de problemas com
ver competências, atividades desse as ferramentas que têm. Por isso, de- Ser criativo não é dom que nasce
tipo incentiva-os a tornar-se mais fendo o uso de tecnologias digitais com artistas e pessoas consideradas
engajados, pela liberdade de escolha. em sala de aula para que criem algo, geniais. Faz parte de um acervo de in-
não para que simplesmente se con- formações e habilidades que vamos
Momento “e se...” suma algo pronto. Para isso, educa- desenvolvendo ao longo da vida. Cria-
dor, compartilho alguns aplicativos tividade, eu diria, é a atividade de
O momento “e se…” é algo que que permitem a criação: criar. Somos o que lemos, ouvimos,
gosto muito de fazer nas aulas de His- falamos, aprendemos. A discussão
tória. A atividade consiste em fazer a Infinite Painter: aplicativo que não acaba aqui. Por isso, compartilho
suposições sobre um tema que esta- possibilita criar artes como desenhos a frase que constava na porta do estú-
mos estudando. Veja exemplos sobre e aquarelas com mais de 160 pincéis. dio de Michelangelo, quando tinha 80
o tema Egito Antigo: “E se a Cleópatra O estudante pode fazer uma releitu- anos e mantinha-se ativo no trabalho:
não tivesse nascido?”, então, alguém ra de Van Gogh ou criar uma arte que “Ainda estou aprendendo”. Que seja-
de um grupo responde: “E se os alie- resuma um livro de literatura ou a mos eternos aprendizes.
nígenas tiverem construído as pirâmi- história de um personagem da mito-
des?”, e outro grupo pergunta: “E se logia grega, por exemplo, e entregar
os egípcios nunca tivessem existido?”. essa arte em formato digital.
A partir da suposição que cada grupo
apresenta, determinamos um tempo a Storyboardthat: é um site
mínimo para que cada um pesquise (www.storyboardthat.com/pt) que REFERÊNCIAS
sobre o assunto e traga uma curiosi- possibilita a criação de histórias em
dade ou informação atualizada sobre quadrinho. Imagine os alunos ilus- ISAACSON, Walter. Leonardo da Vinci,
Tradução André Czarnobai. Rio de Janeiro:
o tema e que não necessariamente trando o momento icônico entre Isa-
Intrínseca, 2017.
precisa ser a resposta à pergunta. Por ac Newton e a maçã que caiu da ár-
exemplo: a importância dos egípcios vore. Ou explicando, em histórias KLEON, Austin. Roube como um artista: 10
para a humanidade. que envolvem personagens, a dife- dicas sobre criatividade. Tradução Leonardo
rença entre zona rural e zona urbana. Villa-Forte. Rio de Janeiro: Rocco, 2012.
Emilly Fidelix
s e ...
É palestrante e formadora de professores. É professora há 12 anos, tendo
trabalhado com turmas de Educação Infantil ao Ensino Superior. Historia-
e
dora, doutoranda em História Global (UFSC) e especialista em Tecnologias,
Comunicação e Técnicas de Ensino (UTFPR). Também é criadora da página
no Instagram @seligaprof onde explora temas como metodologias ativas e
inovação na Educação.
2 LÍNGUA PORTUGUESA
DESAFIOS E PROPOSTAS
PARA O ENSINO DA CRIATIVIDADE
por Débora Vaz, Elody Nunes Moraes e Rosângela Veliago
Assessoria de Maria José Nóbrega
A criatividade, diferentemente 70 anos, a cúpula de São Pedro, culou, das variadas situações co-
do que se acredita em geral, não se mas porque, além de tê-la ideali- municativas de que participou,
identifica só com a imaginação, zado e desenhado, conseguiu im- das capacidades de linguagem de
mas consiste numa síntese de ima- por seu projeto à atenção do pa- que fez uso para pôr de pé o proje-
ginação e concretude. pa, conseguiu que se aprovasse e to idealizado e desenhado.
Domênico De Masi, Alfabeto se financiasse uma obra tão au- Pode ser intimidador inspirar-se
da sociedade desorientada: para daciosa, conseguiu recrutar e di- em um gênio como Michelangelo,
entender o nosso tempo, 2017. rigir uma massa de oitocentos mas, se pensarmos em equipes cria-
pedreiros, escultores, carpintei- tivas, as realizações podem resultar
Se, como sustenta Domenico De ros, artesãos de todo o tipo, con- do talento de muitos.
Masi, sociólogo italiano, a criativi- seguiu manter-se firme durante Planejar projetos didáticos, que
dade sintetiza imaginação e concre- vinte anos, até o dia de sua mor- engajem as crianças na vivência de
tude, tratá-la em sala de aula exige te, num empreendimento hiper- diferentes papéis discursivos pró-
uma abordagem equilibrada. Ao bólico cujo término sabia que não prios dos variados campos de atua-
mesmo tempo que se constroem si- veria. (DE MASI, p. 72.) ção, exige do educador escuta para
tuações que ativam as capacidades os interesses das crianças e não ape-
do indivíduo, também se proporcio- Esse exemplo permite inferir nas uma sequência de atividades
nam as ferramentas e as técnicas a as inúmeras competências mobi- rígida que focalize unicamente os
ser usadas em situações específicas. lizadas pelo talentoso Michelan- objetos de conhecimento, a concre-
A maior limitação do ensino da cria- gelo para responder às demandas tude. Para que um projeto didático
tividade é dedicar atenção a apenas necessárias para ir além de ideali- seja produtivo, deve-se apostar no
um desses aspectos. zar e desenhar a cúpula de São Pe- protagonismo dos estudantes que
Apreciemos um exemplo apre- dro – conhecimento, comunica- buscam e selecionam informação,
sentado pelo próprio De Masi: ção, argumentação, empatia, interagem com a diversidade tex-
cooperação, responsabilidade etc. tual e com os diferentes sistemas
Michelangelo não é considerado Em um exercício de imaginação, é semióticos. Estudantes que leem e
um gênio pelo simples fato de ter possível fazer ideia das múltiplas escrevem a partir da hipertextuali-
idealizado e desenhado, já com esferas discursivas em que ele cir- dade e da multimodalidade.
Sempre Presente! 15
2 LÍNGUA PORTUGUESA
SUGESTÃO
DE ATIVIDADES
mãos Grimm. Que personagens sejam possíveis, peça ajuda dos pais
• 1 0 e 2 0 anos • imaginam que poderiam fazer parte para realizar uma videochamada
dessa história? Como elas seriam? em que possam compartilhar suas
Onde a trama aconteceria? Para dar ideias. Finalizada a atividade, solici-
Em relação aos gêneros predomi- concretude a essa etapa, peça que te que gravem um áudio e o enviem
nantemente narrativos, a leitura de desenhem, ou façam colagens ou para você comentar posteriormente.
bons modelos e o reconto permi- até mesmo objetos tridimensionais
tem que as crianças se apropriem, das personagens ou do cenário. 4O MOMENTO: Convide as duplas
por exemplo, dos recursos pró- a redigirem o texto criado. Caso as
prios dos contos: como os textos 2O MOMENTO: Em duplas, pro- crianças ainda não sejam alfabéticas,
desse gênero se estruturam, quais ponha que as crianças produzam um adulto (o professor ou um fami-
os recursos que os escritores em- uma história envolvendo as per- liar) pode registrar por escrito a his-
pregam para manter a coesão sonagens criadas. Desafie-as com tória ditada pela criança ou dupla.
referencial e evitar repetições in- perguntas: qual será o problema
convenientes, como usar marcado- que o protagonista vai enfrentar? 5O MOMENTO: Avalie a possibili-
res textuais para fazer a trama avan- Como ele vai resolvê-lo? Vai rece- dade de usar o Sway, um recurso di-
çar, quais recursos estilísticos utilizar ber ajuda de alguém? gital da Microsoft, que possibilita a
para deixar o texto bem bonito? Nessa etapa, deixe que desen- criação de páginas web para com-
Desafiar as crianças a escreve- volvam a trama oralmente sem que partilhar os textos digitalmente.
rem contos de autoria, após ativi- sejam convocados a escrever. Página do Sway, disponível
dades de reconto, é uma forma de em: sway.com/. Acesso em: 12
garantir que deem vazão à imagi- 3O MOMENTO: Circule entre as ago. 2020.
nação, sustentadas na concretude duplas pedindo que contem a his- Tutorial disponível no You-
dos bons modelos. tória para você. Faça perguntas Tube, elaborado pela Redese-
para esclarecer passagens obscuras nho Educacional, disponível em:
1O MOMENTO: Proponha que as ou incoerentes. youtu.be/5-_Oaecu4mE. Acesso
crianças produzam um conto que Observação: em: 12 ago. 2020.
pudesse ter sido escrito pelos ir- Caso as atividades presenciais não
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Sempre Presente! 17
3 ARTE
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CRIATIVIDADE!
por Rosa Iavelberg e
Tarcísio Tatit Sapienza
A CRIATIVIDADE É A EXPRESSÃO mentos que não ecoam em quem nas propostas de aprendizagem pe-
da diferença, da singularidade que ca- deveria aprender com sentido? la memorização de conteúdos e mé-
racteriza cada ser. Na escola onde se todos meramente transmissivos da
pode criar, há aprendizagem com sen- A CRIATIVIDADE É O GUIA DA Escola Tradicional. Em outras pala-
tido para quem aprende e isto se dá APRENDIZAGEM vras, a repetição de conteúdos apre-
em todos os componentes curricula- sentados em sala de aula não exige
res e áreas do conhecimento. A criati- A criatividade já foi concebida co- do aluno capacidade de análise, fle-
vidade não é atributo apenas das ar- mo liberdade de expressão artística xibilidade ou coerência de organiza-
tes, ela perpassa tanto nossa vida espontânea da criança e do jovem na ção, por exemplo.
cotidiana, no arranjo que fazemos de Escola Nova. Já na Escola Contem- Nas propostas de ensino e apren-
um prato ou de uma mesa, por exem- porânea, a partir dos anos 1990, foi dizagem do Projeto Presente a ação
plo, quanto o pensamento científico, concebida como resposta singular do prática e/ou reflexiva dos estudan-
quando um pesquisador busca a res- aluno na interação com as culturas, tes sobre os conteúdos é ponto de
posta para algo ainda não decifrado. sem se restringir às artes. Reconhe- partida da aprendizagem e da orde-
Considerar a criatividade como cer o valor da criatividade é concre- nação do ensino para que aprendam
chave da aprendizagem nos faz tizar uma opção inclusiva porque se as habilidades e em consequência
compreender a ineficácia da educa- considera não apenas a singularidade desenvolvam competências. Reali-
ção meramente transmissiva, na dos sujeitos, como a diversidade das zar ações práticas e reflexivas nas
qual a repetição dos conteúdos pe- culturas que acessa para responder e quais a criatividade é o guia da
lo aluno, sem que tenham signifi- atuar em suas tarefas escolares. aprendizagem é o meio que promo-
cado para ele, não o levará a conhe- Segundo Viktor Lowenfeld, os ve o pensamento criador dos alunos,
cer, saber fazer ou se relacionar estudos independentes de Guilford que dele se beneficiarão ao longo da
com o conhecimento de maneira e Brittain chegaram aproximada- vida escolar e profissional, forma-
autoral. Reconhecer o valor da cria- mente aos mesmos oito critérios dos para ter iniciativa, práticas e
tividade é concretizar uma opção que definem a diferença entre cria- ideias autorais com coragem de se
inclusiva, porque considera tanto a tividade e a falta dela, que assim se colocar no mundo para dele partici-
singularidade dos sujeitos, como a enumeram: sensibilidade a proble- par e com ele colaborar.
diversidade das culturas nas fatu- mas; fluência; flexibilidade; origina-
ras criativas. lidade; redefinição ou habilidade de CRIATIVIDADE E VALORES
Mas, afinal, qual é a característi- rearranjo; análise ou habilidade de
ca do sujeito criador? Que potencial abstrair; capacidade de síntese; e A criatividade não é um valor
humano é esse que diferencia sujei- coerência de organização. neutro. Ela também pode ser usada
tos autorais de outros que seguem Lendo esses critérios, observa- para propósitos nefastos, como
obedientes à repetição de conheci- mos como eles não se enquadram planejar ações de destruição das
Sempre Presente! 19
3 ARTE
florestas para exploração comer- que asseguram uma abordagem do ambiente escolar e restritos em
cial das terras. Ou para estabelecer construtiva da criatividade em sala suas possibilidades de convivência
ocupações urbanas que privile- de aula. nos demais ambientes. A situação
giam segmentos da população em Propostas orientadas aos cuida- torna presente, especialmente para
detrimento de camadas sociais dos com o meio ambiente, à valori- os que tiveram pessoas próximas
menos favorecidas, criando condi- zação da arte na sociedade e na vida atingidas pela doença, temas rela-
ções de vida e deslocamento pre- dos distintos povos e culturas, a cionados ao lidar com o medo da
cários para estas, em decorrência uma visão da cidade orientada à re- contaminação, o adoecimento, o so-
de falta de infraestrutura e trans- solução dos problemas sociais são frimento, os cuidados médicos, a
portes adequados que costumam algumas das formas de tratamento morte e o luto.
caracterizar os espaços das perife- dado às atividades que garantem A compreensão da situação e
rias urbanas. uma formação ética, responsável e do motivo para nos distanciarmos
Como o ensino pode se ordenar autoral para nossos alunos do Pro- é necessária para assumirmos este
pautado em valores críticos, social- jeto Presente. Eles participam po- cuidado conosco e com os outros.
mente fundantes e orientados à dendo intervir na realidade, mesmo Por outro lado, a exigência de dis-
equidade no sentido de que todos que no âmbito das propostas esco- tância também acentua a necessi-
sejam considerados cidadãos de di- lares. Isso se reverterá em ações ino- dade humana de proximidade físi-
reitos? Como a criatividade pode ser vadoras e positivas em suas vidas ca, de contato e afeto. A mediação
coadjuvante nesse percurso forma- atual e vindoura. conjunta do professor, da escola,
tivo dos alunos? da família e da comunidade é es-
A forma dada ao tratamento dos VIVER EM DISTANCIAMENTO sencial para os alunos aprenderem
conteúdos, à elaboração dos enun- a lidar com o conflito entre o de-
ciados, à seleção de textos de leitura, O distanciamento social exigido sejo de conviver e as restrições ne-
entre outros exemplos, é que levará pela atual pandemia de covid-19 cessárias à sua proteção. Como
à aprendizagem das habilidades e ao afeta a todos nós e tem um forte im- nossos alunos vivem e represen-
desenvolvimento das competências pacto na vida dos alunos, privados tam este momento?
20 Sempre Presente!
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SUGESTÃO DE ATIVIDADES
Neste artigo, apresentamos para o professor trabalhar com os alunos ima-
gens associadas à pandemia e ao uso de máscaras como instrumentos
de representação e de proteção. É possível acrescentar a este conjunto
outras imagens que considerar adequadas à proposta.
Proponha à turma uma roda de conversa a respeito de como estão viven-
do este momento de afastamento da escola, o que estão sentindo, do que
sentem falta, o que está sendo bom, quais histórias gostariam de contar etc.
Os depoimentos podem ser feitos ao vivo pela internet, por meio de grava-
ções em áudio ou vídeo postadas ou de textos e desenhos compartilhados
com o grupo.
REPRESENTAÇÃO DO CORONAVÍRUS. ENFERMEIRA E PACIENTE DE COVID-19. CRIANÇA COM MÁSCARA PROTETORA NO JAPÃO.
BOMBEIRO COM MÁSCARA DE GÁS. O SUPER-HERÓI MASCARADO MÁSCARA DO TEATRO NOH CRIANÇAS COM MÁSCARA QUE CRIA-
LANTERNA VERDE EM FILME JAPONÊS REPRESENTA O JO- RAM. FOTO DE 2014.
DE 2011. VEM KASSHIKI, SÉCULO 14.
Sempre Presente! 21
4 MATEMÁTICA
22 Sempre Presente!
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PRÁTICAS CRIATIVAS
E TECNOLOGIA
por Luiz Márcio Imenes
e Marcelo Lellis
Sempre Presente! 23
4 MATEMÁTICA
que ele perca hábitos de estudo, se suas dificuldades, de seus desempe- aprendizado. Vamos esboçar al-
alheie dos ritmos escolares, esqueça nhos etc. Depois, conforme o tema guns exemplos.
aprendizados anteriores. Sem dúvida, tratado no objeto, você pode propor
o sucesso dessa jornada é notável. mais algumas questões relativas a ele. Experiências geométricas (do
Ainda na Palavra dos autores nú- 1º- ano ao 5º- ano)
SUGESTÕES ENCAMINHADAS mero 2, sugerimos atividades relati- Os alunos que estudam com o
NAS CARTAS PALAVRA DOS vas a capítulos da unidade 1 de cada Projeto Presente pertencem a um
AUTORES ano, cuja realização dependia do en- grupo social bem situado. Provavel-
volvimento de algum adulto da famí- mente, todos têm à sua disposição
Toda forma de ensino tem seus lia. Trata-se de “brincar de escolinha” programas como Word ou Paint (que
limites. Nos parágrafos anteriores com o aluno no papel de “professor” é um dos acessórios do sistema ope-
sinalizamos algumas limitações do e o adulto no de “aluno” (afinal, nós racional Windows), os quais propi-
ensino remoto, que, aliás, se acen- sabemos que ensinar é a melhor for- ciam interessantes práticas geomé-
tuam nos anos iniciais de escolarida- ma de aprender!). Nesse texto, mos- tricas do 1º ano ao 5º ano.
de. Mesmo assim, é possível usá-lo tramos como escolher e preparar es- No Word, clicando Inserir e, em
com bons resultados em termos de sas atividades e como orientar a seguida, Formas, abre-se um conjun-
aprendizado. De fato, desde o início participação da família. Depois, para to de figuras pré-determinadas
do isolamento, os autores do Projeto cada ano, apresentamos uma propos- (polígonos, circunferência, elipse, li-
Presente têm se empenhado em su- ta concreta de atividade desse tipo, nhas variadas e muito mais) que, uma
gerir atividades pensadas para o en- além de sugerir outras. vez colocadas na tela, podem ser mo-
sino remoto. Elas foram encaminha- Na Palavra dos autores número 6, vimentadas e alteradas de diversas
das às escolas parceiras em alguns apresentamos orientações detalha- maneiras apenas com o uso do mouse.
números das cartas intituladas Pala- das para a realização de três lives pa-
vra dos autores. ra cada ano; portanto, são quinze li-
ves, sendo que quase todas se referem
a capítulos da unidade 2 do volume
correspondente. Todas trazem os re-
Projeto
Presente
24 Sempre Presente!
EI EF1
Para um aluno de 5º- ano, construir ângulos com medidas precisas utilizando tecnologias digitais implementa o
aprendizado da geometria, além de contemplar a habilidade EF05MA17. Veja o roteiro para desenhar um ângulo de 35º:
• Clique em Inserir/Formas.
• Com o mouse, faça uma linha horizontal.
• Selecione a linha clicando sobre ela.
• Abra o menu Formatar forma, clicando na forma com o botão direito.
• Clique em Girar/Mais opções de rotação e assinale 35º no campo apropriado;
com um OK, a linha gira 35º em relação à horizontal.
a linha está incli-
• Faça outra linha horizontal tendo uma extremidade em comum com a primei- nada 35º em rela-
ção à horizontal.
ra (a que girou); assim, você obtém um ângulo de 35º (constate que, neste está-
gio, não é possível arrastar o ângulo, pois um lado não está vinculado ao outro).
• Então, para selecionar simultaneamente as duas linhas, selecione uma, segu- o ângulo de 35 es-
tá pronto, com os
re a tecla Ctrl e selecione a outra; no menu Formatar, clique em Agrupar e veri- lados vinculados,
conforme indica o
fique que, agora, as duas linhas não se separam e é possível arrastar o ângulo. roteiro ao lado.
Recomendamos que você faça ex- Se tiver acesso a uma balança de para que os alunos exercitem a prática
periências usando os recursos que dois pratos, você pode ir além, mos- do algoritmo; situações mais comple-
esse programa oferece e procure na trando seu funcionamento, como xas devem ser reservadas para quan-
internet algumas sugestões para usá- equilibrar a balança e sugerir interes- do voltarem as aulas presenciais;
-lo. Por exemplo, experimente dese- santes questões sobre pesos, como as • os alunos precisam ver você atu-
nhar polígonos, especialmente os que propomos no capítulo 56 do 4º- ando, ou seja, executando o algoritmo;
quadriláteros mais conhecidos, estu- ano e no capítulo 49 do 5º- ano do Pro- • o mais importante: a explicação
dados do 3º- ao 5º- anos. Brincando jeto Presente – Matemática. O con- e/ou descrição do procedimento não
com o programa, você descobrirá no- tato com questões desse tipo acelera pode trair a lógica da Matemática;
vos recursos e poderá propor tarefas o desenvolvimento do chamado ra- por isso, como sugerimos no Guia,
interessantes para seus alunos. ciocínio lógico nas crianças. evite expressões como “empresta
Trabalhar esses softwares com os Também as unidades de medida, um”, “desce o cinco”, “adição com re-
alunos costuma trazer um subprodu- como metro e centímetro, se prestam curso”, “vai um”, “pule a casinha” etc.
to mais importante que o aprendizado a demonstrações práticas que am- Sugerimos que qualquer algorit-
dos objetos de conhecimento: é a sur- pliam as capacidades de estimativa e mo seja abordado em sintonia com o
preendente criatividade das crianças avaliação das crianças. Mostrar co- que é desenvolvido nos textos do Pro-
que, estimulada pelos recursos apren- mo se obtêm as medidas de um móvel jeto Presente: algoritmo da adição
didos, conduz a trabalhos fantásticos. (altura, largura, profundidade), de (livro 3, capítulo 43); algoritmo da
Basta mostrar alguns recursos básicos uma janela, da estatura de uma pes- subtração (livro 3, capítulo 44); algo-
para os alunos descobrirem o resto soa, de diâmetros de pratos, compri- ritmo da multiplicação (livro 4, capí-
manipulando à vontade o programa. mento de fôrmas para assar e, depois, tulo 38); algoritmo da divisão (livro
criar problemas e tarefas em torno 4, capítulo 18 e livro 5, capítulo 13).
AULAS SOBRE MEDIDAS (DO 1º- das medidas obtidas são experiên- Mas, convém lembrar, as habili-
ANO AO 5º- ANO) cias que levam a uma visão mais dades de cálculo escrito já não têm
abrangente da Matemática e suas muita relevância social, tanto que na
Gravando vídeos simples, você po- aplicações no dia a dia. BNCC os algoritmos clássicos rece-
de apresentar noções sobre medidas bem atenção reduzida. Portanto, no
com ilustrações enriquecedoras que ALGORITMOS (DO 3º- ANO AO 5º- estudo dessas técnicas de cálculo, o
na sala de aula costumam ser evitadas ANO) foco deve ser posto na compreensão
porque dariam muito trabalho. da lógica envolvida neles. Por isso,
Com uma balança de cozinha, Se respeitarmos o princípio da bastam exemplos simples, sem exa-
mostre pesagens de produtos ali- simplicidade na comunicação, os al- gero em termos de treinamento.
mentícios comuns (pacotes de fei- goritmos clássicos também podem
jão, bolacha, farinha etc.), esclareça ser ensinados em vídeos, desde que PARA CONCLUIR
a diferença entre “peso total” e “pe- sejam seguidos alguns princípios que
so líquido”, analise rótulo dos pro- resumimos a seguir: Ninguém duvida de que a pande-
dutos etc. Essas demonstrações • escolha exemplos simples, mas mia tem sido uma tragédia para todos.
ampliam capacidades de estimati- também fundamentais, isto é, que Ainda assim, abrem-se algumas pos-
vas e podem apoiar o aprendizado contenham os elementos mais essen- sibilidades interessantes no campo da
dos números decimais, ao relacio- ciais do processo; Educação, especialmente devido ao
nar massas em quilograma e em • faça propostas igualmente sim- uso das novas tecnologias de informa-
grama. ples e similares aos exemplos dados ção. Aproveitemos a oportunidade.
Sempre Presente! 25
5 CIÊNCIAS
26 Sempre Presente!
EI EF1
CRIATIVIDADE NA ÁREA DE
CIÊNCIAS DA NATUREZA EM
TEMPOS DE TECNOLOGIAS DIGITAIS
por Célia Carone
e Lilian Bacich
A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS construam conhecimentos, que to- Os projetos podem surgir de um pro-
tecnológicos nas salas de aula já é dos aprendam. A colaboração englo- blema ou de uma questão norteado-
uma realidade em muitos estabele- ba o compartilhamento de ideias por ra, proveniente de um contexto au-
cimentos de ensino. Salas de infor- meio do diálogo e da construção con- têntico, envolvendo a investigação,
mática, lousa digital e dispositivos junta de um produto que é muito o levantamento de hipóteses, o tra-
móveis como notebooks e tablets são mais do que a soma das ações indivi- balho em grupo e outras competên-
alguns dos equipamentos que fazem duais, mas uma reelaboração dessas cias até chegar a uma solução ou a
parte dos recursos oferecidos por ações, considerando, também, a co- um produto final. Nesse contexto,
muitas instituições. É ótimo que as municação nesse processo. Nesse ca- os estudantes devem lidar com
tecnologias digitais estejam presen- so, professor, livros, tecnologias di- questões interdisciplinares, tomar
tes no dia a dia da escola, assim co- gitais assumem papéis mediadores. decisões e trabalhar em equipe. A
mo estão presentes na vida diária O professor, em especial, pode inter- criatividade é essencial nesse pro-
fora dela, mas é preciso ampliar a vir para apresentar novos problemas, cesso. Vamos refletir sobre isso?
discussão entre os profissionais da validar ou invalidar hipóteses, orien- O planejamento de um projeto
Educação para que sejam trabalha- tar na elaboração de conclusões. nos parâmetros da ABP é algo que
das de maneira mais complexa e Além disso, atividades de colabora- pode dar certo trabalho, segundo Ba-
orientada, como recursos que são. ção contribuem para que soluções cich e Holanda (2020), porém, uma
Nesse aspecto, podem ser uma das originais, novas ideias, possam vez implementado, o processo se tor-
estratégias para se inovar na Edu- emergir. Recursos digitais podem nará mais fácil para todos os projetos
cação e trazer transformações sig- dar suporte à criatividade e permi- seguintes e acarretará um grande
nificativas para a relação dos alunos tem novas formas de expressão. aprendizado para sua estruturação.
com o saber. O uso das tecnologias Uma reflexão importante é a re- Quando o professor compreende o
digitais deve estar relacionado, so- lação entre essas habilidades e a área significado dessa estruturação, passa
bretudo, às habilidades que podem de Ciências da Natureza. Atualmen- a valorizar práticas mais elaboradas
ser desenvolvidas, em especial as te, ouvimos muito falar da integração e que levem ao engajamento dos alu-
conhecidas habilidades do século entre essa e outras áreas, em uma nos na resolução de problemas reais
XXI, como colaboração, pensamento visão transdisciplinar que apoia as e de importância social. Uma vez que
crítico, comunicação e criatividade. ações individuais e colaborativas dos os benefícios da ABP tenham sido
A colaboração não deve ser com- estudantes e possibilita a construção compreendidos, o próximo passo é
preendida apenas como um esforço de novos conhecimentos. A Aprendi- pensar em como ele pode ser realiza-
conjunto, em que o par mais expe- zagem Baseada em Projetos, articu- do em sala de aula e de que maneira
riente ajuda o parceiro inexperiente lada ao desenvolvimento de habilida- pode estar atrelado, atualmente, às
para que ele avance, mas como um des e competências gerais, pode ser propostas da Base Nacional Comum
momento em que na e pela interação um elemento propulsor do desenvol- Curricular (BNCC). Os projetos,
com o outro é possível que todos vimento da criatividade na escola. principalmente relacionados à área
Sempre Presente! 27
5 CIÊNCIAS
de Ciências da Natureza, contri- de conhecimento e, também, possi- execução; o papel formativo da ava-
buem para o desenvolvimento da bilita a organização dos estudantes liação que, preferencialmente com o
competência geral que tem como fo- em grupos para a construção de con- uso de rubricas, estimula a criticida-
co o desenvolvimento do pensamen- ceitos que dependem de discussão e de e o autoconhecimento; a contribui-
to científico, crítico e criativo. de reflexão para serem elaborados. ção das tecnologias digitais; a orga-
Essa flexibilidade do espaço é essen- nização do espaço, que requer uma
cial para ações colaborativas e cria- nova configuração para dar oportu-
Criatividade e pensamento crítico tivas. Segundo Brito et al (2009), nidade à colaboração e, muitas vezes,
são duas competências cognitivas ao uso integrado das tecnologias di-
de ordem superior diferentes, mas A criatividade, assim, não aconte- gitais, como comentado na abertura
relacionadas. Como tais, exigem ce espontaneamente, mas demons- deste texto, o papel da gestão escolar
grande esforço mental e energia e tra-se no decorrer das interações e a influência da cultura escolar nes-
são cognitivamente desafiadoras. do sujeito com o meio, e nos efeitos se processo. O papel desempenhado
Elas têm relação pois envolvem al- que estas interações têm sobre o pelo professor e pelos alunos sofre,
guns processos mentais similares, próprio sujeito e grupos sociais dos portanto, alterações em relação à pro-
porém seus objetivos são distintos. quais faz parte. […] Cabe ressal- posta de ensino centralizada na
A criatividade é voltada a criar tar, ainda, seu aspecto temporal, transmissão de conhecimentos dis-
ideias e produtos inovadores e decorrente do histórico de intera- seminados de um, o professor, para
apropriados. O pensamento críti- ções entre sujeito e ambiente ou muitos, os estudantes.
co visa avaliar e julgar cuidadosa- entre sujeitos, tanto anterior
mente afirmações, ideias e teorias quanto posterior a sua manifesta-
relativas a possíveis explicações ou ção. Além disso, a criatividade pos-
soluções apresentadas para uma sui uma dimensão emocional, que
situação, com a finalidade de al- interfere nas possíveis ações cria-
cançar um posicionamento compe- tivas do sujeito. […] (p. 211.) REFERÊNCIAS
tente e independente – em geral, BACICH, Lilian; HOLANDA, Leandro. STEAM
orientado para a ação. (VINCEN- A Aprendizagem Baseada em Pro- em sala de aula: a aprendizagem baseada
em projetos integrando conhecimentos na
T-LANCRIN et al, 2020.) jetos se configura como uma Meto- Educação Básica. Porto Alegre: Penso, 2020.
dologia Ativa. A utilização de meto- BRITO, R. F. de; VANZIN, T.; ULBRICHT, V.
A questão do espaço é outro pon- dologias ativas de forma integrada ao Reflexões sobre o conceito de criatividade:
sua relação com a biologia do conhecer.
to que merece ser analisado. Pode- currículo requer uma reflexão sobre Ciências & cognição. Rio de Janeiro, v. 14,
n. 3, nov. 2009, p. 211. Disponível em www.
mos considerar o espaço digital, alguns componentes fundamentais cienciasecognicao.org/revista/index.php/
meio pelo qual as aulas foram con- desse processo: o papel do professor cec/article/view/96 . Acesso em: 27 jul. 2020.
duzidas nesse período de pandemia, e dos estudantes em uma proposta VINCENT-LANCRIN, Stephan et al.
Desenvolvimento da criatividade e do
e o espaço de sala de aula. Nesse sen- de condução da atividade didática pensamento crítico dos estudantes: o
que significa na escola. [Coordenação
tido, uma organização do espaço efi- que se distancia do modelo conside- geral Instituto Ayrton Senna; tradução
ciente é aquela que facilita os mo- rado tradicional e que inclui criativi- Carbajal Traduções]. São Paulo: Fundação
Santillana, 2020.
mentos de discussão sobre objetos dade e pensamento crítico em sua
28 Sempre Presente!
EI EF1
SUGESTÃO
DE ATIVIDADES
Para desenvolver a criatividade, atrelada ao desenvolvimento de um proje-
to, foram incorporadas sugestões em cada unidade dos livros de Ciências
da Natureza do 2º- ao 5º- anos. Vamos olhar com atenção algumas oportuni-
dades para desenvolver a criatividade nesse contexto.
• 5 0 ano •
Sempre Presente! 29
6 HISTÓRIA
30 Sempre Presente!
EI EF1
MONTANDO
UM MURAL DIGITAL
por Ricardo Dreguer
e Cássia Marconi
Sempre Presente! 31
6 HISTÓRIA
SUGESTÃO
DE ATIVIDADES
32 Sempre Presente!
EI EF1
• 40 ano • • 50 ano •
Migrações em diferentes Patrimônio e cidadania
tempos Os alunos devem pesquisar
Os alunos devem pesquisar na internet vídeos, áudios, ima-
na internet vídeos, áudios, ima- gens e arquivos digitais sobre
gens e arquivos digitais sobre os seguintes elementos:
os seguintes elementos: • Patrimônio Material da
• Mapa representando as hi- Humanidade
póteses sobre as primeiras • Patrimônio Imaterial da
migrações para a América Humanidade
• Objetos de cerâmica pro- • Patrimônio Natural da Hu-
duzidos pelos marajoaras e manidade
pelos guaranis • Patrimônio Mundial no
• Migração do povo Tupinambá Brasil
• Mapa da migração forçada • Cidadania
de africanos para o Brasil • Declaração Universal dos
• Depoimentos (vídeos e Direitos do Homem e do
áudios) de imigrantes sobre Cidadão (1789)
a viagem da Europa para o • Luta pelo voto feminino
Brasil Orientar coletivamente a in-
• Cartazes de propaganda serção dos elementos encontra-
sobre a viagem da Europa dos no mural digital, utilizando
ao Brasil a ferramenta selecionada, bem
• Danças e comemorações como a apresentação para ou-
com influência de migrantes tras turmas.
internos e externos
Orientar coletivamente a inser-
ção dos elementos encontrados
no mural digital, utilizando a fer-
ramenta selecionada, bem como a
apresentação para outras turmas.
Sempre Presente! 33
7 GEOGRAFIA
34 Sempre Presente!
EI EF1
O EN SINO DE GEOGR AFIA entanto, também é necessário dar de compreensão do espaço geográfi-
envolve um processo gradual de voz e tempo aos questionamentos dos co. Segundo a BNCC (2018, p. 365),
aprendizagem de leitura do mundo. alunos no processo de ensino e apren- nos Anos Iniciais, é fundamental que
Aprender a ler o mundo exige, entre dizagem. A certeza é que os alunos os alunos consigam saber e respon-
outras coisas, que os alunos obser- têm perguntas a todo momento, mas der algumas questões a respeito de
vem características visíveis e não nem sempre eles as verbalizam. si, das pessoas e dos objetos, tais co-
visíveis do espaço geográfico e expli- mo Onde se localiza?; Por que se locali-
quem suas formas de organização, Para certas crianças, o pensamento za?; Como se distribui? Quais são as
suas transformações e as relações pode ser primordialmente interno. características socioespaciais? Essas
nele estabelecidas. Não devemos pressupor que, como a perguntas mobilizam os alunos a re-
Nesse sentido, assim como nos criança não parece ser curiosa, ela fletir sobre a localização de objetos e
demais componentes curriculares, não está analisando nem investigan- das pessoas, permitindo que compre-
fazer bons questionamentos ao longo do. As crianças pequenas podem fa- endam seu lugar no mundo.
desse processo se mostra fundamen- zer um número incrível de perguntas É possível, tomando como refe-
tal para favorecer uma aprendizagem durante o dia, mas acredita-se que rência alguns princípios do raciocínio
significativa, que envolva diretamen- as crianças tendem a fazer pergun- geográfico, levar os alunos a desdo-
te o aluno na construção do saber tas não necessariamente para saber brar esses questionamentos de acordo
considerando seus interesses e pro- a resposta, e sim para se comunica- com temas que são trabalhados ao
movendo uma formação que fomen- rem. Assim, à medida que a lingua- longo dos Anos Iniciais, por exemplo:
te o exercício da cidadania. gem e a curiosidade se desenvolvem
A curiosidade é algo inerente à e a criança é incentivada a tentar PRINCÍPIOS DO RACIOCÍNIO
experiência humana. Realizar ques- compreender o mundo pelo uso de GEOGRÁFICO PREVISTOS NA
tionamentos proporciona a reflexão, perguntas indagadoras e explorató- BNCC E EXEMPLOS DE QUES-
algo primordial para o nosso cresci- rias, elas precisam ser incentivadas TIONAMENTOS
mento pessoal e acadêmico. As per- a falar sobre suas percepções. (VIC-
guntas nos acompanham o tempo KERY, 2016, p. 71.) Localização: onde está/onde estão?
todo, mas muitas vezes de forma Pode-se propor a elaboração de per-
pouco estruturada. A prática de formular e respon- guntas relacionadas à localização de
No ambiente escolar, as pergun- der questionamentos bem estrutu- espaços de convivência da comuni-
tas acompanham a rotina do profes- rados colabora significativamente dade; de pontos de referência, de
sor. Perguntas potentes instigam os para que os alunos possam compre- bens de interesse cultural e históri-
alunos e devem ser concebidas tendo ender conceitos e se mobilizem para co; de paradas de transporte públi-
em vista os temas que serão tratados a construção de conhecimentos ou co; entre outros.
e os conceitos que serão operaciona- mesmo para sistematizar conheci-
lizados. Geralmente, no exercício mentos já adquiridos. Analogia: quais semelhanças?
docente se formulam dois tipos de Formular questões não é uma ta- Pode-se propor a elaboração de
perguntas: 1) aquelas que têm por refa simples e envolve uma série de perguntas que levem à comparação
objetivo retomar e reformular o que ações cognitivas. Seu nível de com- de diferentes tipos de moradia, cal-
o aluno está aprendendo; 2) as que plexidade pode variar quando estão çadas, ruas, serviços públicos, pai-
ampliam o conteúdo estudado, fo- relacionadas a tarefas de recordar, sagens naturais, com outros, encon-
mentando uma nova descoberta, reconhecer, aplicar, sintetizar, ava- trados no lugar de vivência.
favorecendo o pensamento criativo. liar, compreender ou analisar.
Guiar a prática pedagógica a par- No ensino de Geografia, a formu- Diferenciação: quais diferenças?
tir da elaboração de perguntas e res- lação de questionamentos se revela Pode-se propor a elaboração de per-
postas é algo muito relevante. No como algo significativo no processo guntas que levem à diferenciação de
Sempre Presente! 35
7 GEOGRAFIA
SUGESTÃO
indústrias), de tipos de rua (con-
siderando o tráfego de veículos,
por exemplo).
36 Sempre Presente!
EI EF1
• 30, 4º e 5º anos •
ciocínios geográficos. A partir des- 8. Solicitar que os alunos com-
sa análise conjunta, indicar que os partilhem seus murais digitais
alunos devem escolher a pergunta com suas perguntas e resultados
Em razão de um maior desen- que vai guiar a investigação geo- das investigações, evidenciando
volvimento cognitivo, pode-se en- gráfica. (Essa etapa pode ser feita se houve diferenças sobre o que
volver os alunos desses anos na com todos os alunos ou em grupos pensavam inicialmente (hipóte-
elaboração de um questionamento menores, e, assim, cada grupo rea- ses) e as suas conclusões.
que possa guiar uma investigação, lizará uma investigação diferencia- 9. Ao término da atividade,
considerando seus interesses, que da dentro do mesmo tema.) pedir que se pronunciem sobre o
amplie ou aprofunde o que já foi 5. Criar um mural digital di- processo de elaboração de per-
trabalhado em sala de aula. A par- nâmico e interativo que deve ser guntas e de investigação (o que
tir desse questionamento, deve-se compartilhado com todos os alu- sentiram, o que acharam da ativi-
planejar etapas que mobilizem di- nos. Sugere-se o uso da ferramen- dade, relevância das perguntas).
versos processos cognitivos e com- ta virtual denominada Padlet, dis-
petências, promovendo a aplicação ponível em https://padlet.com/. Sugestão de tutoriais para
de saberes geográficos, com auxí- A partir dela é possível fazer re- uso das ferramentas indicadas
lio de instrumentos como diversos gistros em forma de texto e com- • Kahoot
tipos de fontes, representações partilhar conteúdos multimídia No Youtube, acessar o vídeo
cartográficas ou mesmo trabalhos (imagens, vídeo, hiperlinks) com “Como utilizar o Kahoot”
de campo. outras pessoas. (Ver links de tuto- no canal Papo de Educador.
riais de uso do Padlet adiante). Disponível em: www.youtube.
Etapas do trabalho 6. É possível incluir no mural com/watch?v=TZCak0t0Kf8
1. Relembrar coletivamente os digital o questionamento (proble- Acesso em: 10 ago. 2020.
principais temas que foram traba- ma formulado pelos alunos) e, no • Mentimeter
lhados ao longo do bimestre, se- formato “coluna”, abas nas quais No Youtube, acessar o vídeo
mestre ou do ano letivo e solicitar os alunos (ou grupos de alunos) “Como criar sua primeira
que os alunos escolham um que devem incluir registros como: apresentação com a Men-
se revelou mais instigante. a. Hipóteses, timeter em português!” no
2. Pedir aos alunos que façam b. Levantamento de informa- canal Mentimeter. Disponível
perguntas relacionadas ao tema. ções a partir de leituras, em: www.youtube.com/wat-
3. Escrever todas as questões c. Levantamento de informa- ch?v=zDWkAnG0Us0 Acesso
que forem sendo formuladas e ções a partir de entrevistas, ques- em: 10 ago. 2020.
compartilhar com os alunos. tionários ou trabalho de campo, • Padlet
4. Pedir para que observem d. Conclusões. 2 No Youtube, acessar o vídeo
quais questões trazem a possibili- 7. Também é possível incluir “Padlet: como criar um mural
dade de realizar um procedimento no mural digital o questionamen- virtual colaborativo”, no
investigativo, com levantamento to (problema formulado pelos alu- canal da Tríade Educacional.
de dados, assim como identifiquem nos) no formato “mapa”, no qual Disponível em: www.youtube.
quais mobilizam o pensamento es- os alunos podem georreferenciar com/watch?v=tfAXW8pW2vc
pacial, exigindo a elaboração de ra- suas investigações. 3 Acesso em: 10 ago. 2020.
1 2 3
Sempre Presente! 37
FORMAÇÃO INTEGRAL
MKT • MODERNA
COM AUTONOMIA
O novo Projeto Presente Infantil valoriza
as experiências da criança com o brincar e
a convivência em grupo. Uma nova oferta
flexível com foco no raciocínio, na
curiosidade e na criatividade dos nossos
pequenos aprendizes.
NOVIDADE!
Oferta interdisciplinar
para todos o níveis
A escola é, basicamente,
o lugar dos encontros
com os outros e consigo
mesmo e é isso que
precisa ser reconstruído
durante a vivência gerada
pela pandemia...
40 Sempre Presente!
EI EF1
VIVEMOS UMA ÉPOCA MUITO Todos nós estamos sofrendo e Nesse sentido, encontramos na
desafiadora e complexa: pessoas teremos algum tipo de perda, mas tecnologia um suporte para o mo-
trancadas em casa, estabelecimen- há de se ter um olhar cuidadoso pa- mento atual. Os meios digitais per-
tos e espaços públicos e privados ra as crianças pequenas. É um mo- mitem alguma aproximação entre
fechados, afetos comprometidos, mento da vida em que as experiên- crianças e ambiente escolar, por
diversos sentimentos depressivos cias físicas, afetivas e as interações meio de planejamentos que não per-
circulando entre todos, como sau- sociais são muito importantes para cam de vista os principais objetivos
dade, angústia e incertezas. Se é seu desenvolvimento. de cada escola e as necessidades de
difícil para jovens, adultos e ido- A Base Nacional Curricular Co- cuidado com a infância. Entretanto,
sos, para as crianças pequenas é mum, BNCC, documento mais re- sabemos que submeter as crianças
ainda mais complicado. Nem sem- cente com as diretrizes para o tra- pequenas a uma longa rotina diante
pre para elas é possível compreen- balho escolar, apresenta seis das telas não é recomendável.
der a totalidade do que estamos direitos de aprendizagem e desen- Outra questão muito impor-
passando. Muitas ainda têm de volvimento para as crianças de tante nesse cenário é a sobrecarga
lidar com as possíveis perdas de Educação Infantil: conviver, brin- de funções assumidas pelos adul-
entes queridos. A maioria não sabe car, participar, explorar, expressar tos que estão acompanhando seus
os motivos que levaram as pessoas e conhecer-se. A escola é um espa- filhos e filhas em casa e ao mesmo
a se distanciar umas das outras e, ço privilegiado para que essas tempo lidando com muitos desa-
principalmente, quando tudo isso crianças exerçam tais direitos em fios. Trabalhar a distância (muitas
vai acabar para, então, poder abra- sua plenitude. É, basicamente, o vezes, sem hora para começar ou
çar os avós e familiares, passear lugar dos encontros com os outros terminar), realizar os afazeres do-
pelos parques e praças, rever e e consigo mesmo e é isso que pre- mésticos, cuidar dos filhos e tam-
brincar com os amigos e voltar pa- cisa ser reconstruído durante a vi- bém lidar com os medos, insegu-
ra a escola. É uma situação que po- vência gerada pela pandemia: é rança e ansiedade da família não é
de gerar ansiedade nos pequenos necessário priorizar algum tipo de uma tarefa fácil. Familiares não
e uma necessidade ainda maior encontro, de troca, de manutenção substituem e não podem assumir
de acolhimento. de relações. a função dos professores.
Sempre Presente! 41
8 LINGUAGEM
42 Sempre Presente!
EI EF1
acontecer por enquanto, mesmo gens, as crianças podem falar sobre ciclos um pouco mais longos, que pos-
assim, com cuidadoso planejamen- seus desejos, medos, angústias e sau- sam garantir um olhar processual.
to de tempo e objetivo. Enviar áu- dades, situações importantes para
dios e vídeos de contação de histó- que possam se expressar e pedir aju- • Garantir um canal de comunica-
rias para compartilhar com as da para enfrentar o momento. ção com as famílias para que seja pos-
crianças, enviar explicações de Para que educadores em geral sível compreender como as propostas
movimentos e brincadeiras para possam pensar e planejar este mo- enviadas estão sendo vivenciadas jun-
que as famílias realizem com as mento, é fundamental considerar to com seus filhos e filhas, e assim es-
crianças em casa pode ser muito alguns princípios importantes: clarecer e acolher suas angústias.
interessante. Que tal uma cama de
gato, com um longo barbante ou • Selecionar, dentre os materiais • Investir em propostas de lin-
fita crepe presos nas paredes de didáticos, quais serão prioridade no guagem poética, como histórias,
um corredor em casa, propondo modo virtual. Na coleção Presente música e quadrinhas, pois permitem
muitos desafios corporais para Educação Infantil, Linguagem, ofe- uma abertura das crianças para lin-
atravessar o labirinto? É diversão recemos variedade de propostas em guagens mais subjetivas e que são
garantida! Ou quem sabe realizar diferentes interações, por isso neste extremamente relevantes em tem-
receitas em casa, favorecendo as- momento priorize as propostas pos de incerteza.
sim um trabalho que envolva dife- mais diretas, como de escrita e de-
rentes linguagens? senho, e deixe para os encontros vir- Por fim, esperamos e torcemos
Enviar fotos dos amigos, da esco- tuais atividades mais interativas, para que, em breve, tudo melhore e
la e seus profissionais para que boas como a roda de conversa. possamos retomar o trabalho pre-
lembranças sejam rememoradas po- sencial com nossas crianças no es-
de confortar as crianças e aliviar um • Fazer planejamentos não apenas paço que é delas por direito.
pouco a distância. A partir das ima- de cada semana, mas considerando
Sempre Presente! 43
9 MATEMÁTICA
44 Sempre Presente!
EI EF1
A APRENDIZAGEM
CRIATIVA NOS TEMPOS ATUAIS
Larissa Guirao, Madeline Maia
e Maria Clara Galvão
UM AMBIENTE CRIATIVO NA fatiza o papel do aluno como sujei- inserindo-o, quando possível, em
escola é aquele que possibilita às to didático no processo de ensino- suas aulas.
crianças de Educação Infantil serem -aprendizagem: Entretanto, há de se ter caute-
protagonistas e ao mesmo tempo la. Para se obter um ambiente
construtoras do próprio conheci- A didática da matemática faz en- criativo e ao mesmo tempo inte-
mento. No entanto, sobre essas trar em cena o aluno, essa criança ressante para as crianças, não se
questões se faz necessário conside- que, ao estar “sujeito” à ordem da pode perder de vista os objetivos
rar alguns pontos importantes. Pri- instituição escolar (Chevallard, do ensino e da aprendizagem nem
meiramente, protagonismo do alu- 1992), se transforma em sujeito di- transformá-los apenas em razão
no não significa que ele vá aprender dático: aquele que, diante das situa- de um modismo. Em outras pala-
sozinho e de maneira espontânea. ções que o professor apresenta, rea- vras, é necessário buscar recursos
O papel do professor continua sen- liza uma busca dentro de tudo o que que apoiem o trabalho e deem sig-
do essencial para o aprendizado, por sabe para decidir aquilo que é mais nificado ao que se faz. Não se tra-
meio da mediação e da intenciona- pertinente para colocar em jogo. ta de inserir mais propostas na
lidade pedagógica das propostas (MORENO, 2006, p. 49.) rotina, muitas vezes já inflada,
realizadas. A segunda questão, que mas encontrar formas diferentes
dialoga com a primeira, é que o pro- As situações de sala de aula de se olhar e integrar uma apren-
tagonismo do aluno no seu processo são muitas e sabe-se que as novas dizagem mais criativa e mais par-
de aprendizagem não é uma novida- tecnologias estão cada vez mais ticipativa. Ter clareza dos conteú-
de. Muitos estudos envolvendo as presentes na vida das crianças. dos que se pretende ensinar é
concepções construtivista e socioin- Temos uma geração chegando na fundamental. O professor, antes
teracionista da educação têm como escola nascida em uma era digi- de tudo, necessita definir sua in-
um dos princípios a importância do tal sendo formada por profissio- tencionalidade didática na situa-
aluno no processo da construção nais nascidos em um mundo ção planejada para trabalhar com
dos conhecimentos. analógico. O que isso quer dizer? os alunos.
A própria Didática da Matemá- Isso quer dizer que, necessaria- O conceito de aprendizagem
tica Francesa, na qual se baseiam mente, os professores precisam se criativa surgiu com o matemático
os livros de Matemática da coleção inteirar desse novo mundo digital e professor sul-africano Seymour
Presente – Infantil Matemática, en- e a ele se sentir pertencentes, Papert, juntamente com a equipe
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9 MATEMÁTICA
do Media Lab do Massachusetts ticipar do processo para construir O momento individual é importante,
Institute of Tecnology (MIT). Pa- algo significativo. pois é quando o aluno se relaciona
pert elaborou seus conceitos ba- A interação entre pares é outro com o objeto de conhecimento, esta-
seado nos trabalhos de Jean Piaget princípio fortemente alinhado com belecendo suas primeiras relações.
e nos pressupostos construtivis- os princípios de uma educação Já os agrupamentos permitem
tas, já mencionados acima, em que construtivista, na qual também se que a troca entre os alunos, tão im-
o conhecimento é algo a ser cons- baseia a Didática da Matemática portante para a construção do co-
truído e não transmitido. Francesa. No trecho citado mais nhecimento, aconteça. É nesses mo-
Dessa forma, a criatividade, as- adiante, de Adriana Díaz, a autora mentos que os alunos precisam
sim como a participação, o protago- destaca não só a importância dos refletir a respeito do que fizeram,
nismo e a troca entre os pares, é diferentes agrupamentos na sala de comparar suas hipóteses com a de
ponto importante do processo para aula, como também o papel do pro- seus colegas, válidas, ou não, e agre-
a busca de solução de problemas en- fessor nesses momentos. gar conhecimentos.
frentados. Logo, a experimentação Tanto o trabalho em grupo como Nesse sentido, o papel do profes-
e a vivência de modo colaborativo o individual requerem que o docente sor é fundamental, pois
são recorrentes nesta abordagem, o estabeleça condições e regras que per-
famoso “colocar a mão na massa”. mitam o tipo de tarefa matemática – o docente deve prever atividades
Assim, a criança é convidada a par- de fazer matemático – que propomos. destinadas a instalar em sua classe,
OS 4 PS
(PROJECT, PEOPLE, PLAY E PASSIO)
S OU PE
E SS
R
O
PA
AS
PR
OJETO
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EI EF1
como temos mencionado, novas “re- Seymour Papert e sua equipe, parte de brincadeiras e de colocar a mão
gras do jogo” fundamentalmente de quatro pressupostos, conhecidos na massa como as previstas em to-
destinadas a que os alunos apren- como os 4 Ps (termos em inglês): Pro- da a coleção Presente são bons
dam a atuar de forma independen- ject (projeto), Passio (paixão), People exemplos de como envolver os alu-
te, se escutem, valorizem a palavra (pessoas) e Play (brincar). nos na aprendizagem dos conteú-
do companheiro e não somente a do Enfim, para uma proposta cria- dos matemáticos.
professor, registrem seu trabalho e tiva em Matemática, é preciso con-
o comuniquem, revisem os erros e siderar as situações que envolvem as
os corrijam e, finalmente, assumam crianças, que as convidam a refletir,
a responsabilidade no processo de a conversar e trocar com seus pares,
aprendizagem e de sua avaliação. situações que promovem a aprendi-
Estes objetivos podem ser explícitos zagem dos conteúdos propostos de REFERÊNCIAS
e podem envolver os alunos em re- uma maneira significativa, lem- DÍAZ, Adriana. In PANIZZA, Mabel et. al.
Ensinar Matemática na Educação Infantil e
flexões sobre o seu nível de com- brando que a intencionalidade didá- nas séries iniciais: análise e propostas. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
preensão. (DÍAZ, 2011, p. 25.) tica está sempre na mão dos profes- MORENO, Beatriz Ressia de. In KURZROK,
sores e não dos alunos. Liliana (Coord.). Enseñar Matemática em
la escuela primaria. Buenos Aires: Tinta
A aprendizagem criativa, na pers- Considerando nossos pequenos Fresca, 2011. Serie Respuestas.
pectiva do professor sul-africano da Educação Infantil, as situações
IXÃO
PA
BR
INCAR
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10 CIÊNCIAS HUMANAS E DA NATUREZA
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CIÊNCIAS DA
NATUREZA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: PRÁTICAS CRIATIVAS
Lilian Bacich
e Regiane Moraes
AS VIVÊNCIAS E INTERAÇÕES causas e consequências, sobre dife- que elas verbalizem hipóteses diver-
propostas em Ciências da Natureza rentes formas de resolver um mesmo sas e compartilhem com o grupo.
têm por objetivo que os alunos adqui- problema e, também, questionarem Ideias divertidas são bem-vindas e
ram meios de conhecer os conceitos outras pessoas para poderem pensar os processos criativos podem auxi-
necessários para a compreensão do sobre algo a ser solucionado. Aspec- liar o desenvolvimento de processos
mundo a sua volta e suas transforma- tos como a empatia podem ser desen- cognitivos nessa etapa.
ções, para que seja possível se reco- volvidos nessa etapa, por exemplo, ao
nhecerem como parte da sociedade, se perceber que o outro se torna ne- 3. AÇÃO: colocar em ação as pro-
da natureza e como indivíduos. cessário para ajudar na resolução de postas é dar ínício às atividades “mão
Segundo pesquisas recentes so- um problema. Na Educação Infantil, na massa”, em que as crianças cons-
bre criatividade (VINCENT-LAN- as primeiras perguntas podem partir troem protótipos a partir das ideias
CRIN), há quatro dimensões impor- do professor, mas não devem ser ela- escolhidas e com a possibilidade de
tantes que precisam ser consideradas boradas apenas por ele: as crianças ampliar o repertório de hipóteses du-
e a partir das quais refletiremos so- devem ser incentivadas a formular rante a construção. A elaboração de
bre a oferta de práticas que desen- perguntas que as aproximem do pro- um desenho que apoie a construção
volvem esse aspecto na Educação blema a ser solucionado. é interessante, pois auxilia na am-
Infantil. As quatro dimensões têm pliação das ideias originais.
conexão com o pensamento cientí- 2. IMAGINAÇÃO: possibilitar
fico, competência geral da Base Na- que as crianças pensem e verbali- 4. REFLEXÃO: nessa etapa, ao
cional Comum Curricular (BNCC) e zem ideias para resolução de um olhar para o protótipo construído,
podem ser contempladas em todos problema contribui para o desenvol- ou durante a sua construção, as
os segmentos, da Educação Infantil vimento da criatividade. Ser criati- crianças podem ser estimuladas a
ao Ensino Superior. São elas: vo não é inato e, portanto, o adulto pensar em seus usos e formatos e o
que faz a mediação das atividades quanto o que foi produzido dialoga
1. QUESTIONAMENTO: é fun- com as crianças deve incentivá-las a com as questões iniciais. É um mo-
damental nesse processo estimular buscar vários modos de resolver um vimento importante para que todos
as crianças a se questionarem sobre mesmo problema, possibilitando os envolvidos avaliem o processo,
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10 CIÊNCIAS HUMANAS E DA NATUREZA
percebam sua importância e bus- criança é fundamental. Nesse aspec- o desenvolvimento das habilida-
quem se envolver novamente em to, as experiências de aprendizagem des de pensamento. É por meio
propostas semelhantes. que são desenhadas pelos adultos do diálogo que as crianças come-
Estar aberto à experimentação e, precisam envolver aspectos que de- çam a tomar consciência sobre os
consequentemente, à possibilidade monstrem a flexibilidade do currí- seus próprios pensamentos e os de
de errar favorece o desenvolvimento culo deste segmento e ouvir as crian- outras pessoas e a entendê-los.”
do pensamento criativo. Sobretudo ças ao construir essas experiências é (VICHERY, p. 10.)
na Educação Infantil, em que as parte essencial do processo.
crianças demonstram maior flexibi-
lidade e resiliência ao lidar com o er- “O papel do adulto no desenvolvi-
ro, as práticas em sala de aula que mento do pensamento é crucial. REFERÊNCIAS
buscam desenvolver a criatividade Dewey (1938) acredita que os pro-
precisam levar em consideração esses fessores desempenham um papel BACICH, Lilian; HOLANDA, Leandro.
STEAM em sala de aula: a aprendizagem
aspectos. Ter a possibilidade de ex- muito importante na moldagem e baseada em projetos integrando
perimentar e correr o risco de errar na criação das experiências das conhecimentos na educação básica.
Porto Alegre: Penso, 2020.
desencadeia conversas e reflexões crianças, por meio de suas intera-
VICHERY, A. et al. Aprendizagem ativa nos
que valorizam o processo criativo e ções com as crianças. Você precisa anos iniciais do Ensino Fundamental .
Trad. Henrique Oliveira Guerra. Porto
estimulam as crianças a avançarem. ser proativo em relação ao desen- Alegre: Penso, 2016.
Considerando que as interações e volvimento de oportunidades para VINCENT-LANCRIN, Stephan et al.
as brincadeiras são aspectos centrais trabalho colaborativo em que exis- Desenvolvimento da criatividade e do
pensamento crítico dos estudantes: o
do desenvolvimento na etapa da Edu- tam interações adequadas e inter- que significa na escola. [Coordenação
cação Infantil, realizar propostas que venções oportunas de todos os geral Instituto Ayrton Senna; tradução
Carbajal Traduções]. São Paulo:
favoreçam a expressão criativa da adultos. O diálogo é essencial para Fundação Santillana, 2020.
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SUGESTÃO
DE ATIVIDADES
Para desenvolver a criatividade, atrelada às brincadeiras e interações,
vamos olhar com atenção algumas oportunidades que envolvem a
construção de protótipos.
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