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Filosofia

A teoria deontológia- a ética racional(formal) de Kant


 Nesta obra Kant começa por interrogar-se: existirá no ser humano algo
bom em si mesmo, algo absolutamente bom, a partir do qual
possamos fundamentar toda a moralidade?

Nenhuma das virtudes humanas tradicionais


(inteligência, coragem, saú de, riqueza...) pode ser
considerada boa em si mesma

 Estas sã o características boas e desejá veis, mas também podem ser má s e


indesejá veis, dependendo do uso que a VONTADE delas fizer. Se um
agente nã o tiver uma boa vontade (se for, digamos um assassínio ou um
tirano), a sua coragem e inteligência tornar-se-ã o nocivas.
 Assim, concluo que só a boa vontade é boa em si mesma, isto é,
absolutamente boa, sem reservas
 E O QUE HAVEMOS DE DIZER DA FELICIDADE?
 A felicidade é boa, diz-nos Kant, mas apenas na condiçã o de ser
merecida. E merecemos ser felizes, somos dignos de felicidade, apenas na
medida em que temos uma boa vontade.
 A BOA VONTADE é mais elevado bem e é condiçã o necessá ria de
todos os outros bens/virtudes.

 MAS O QUE É EXATAMENTE BOA VONTADE?


 Uma boa vontade é uma vontade que age por dever.
 Kant esclarece esta ideia distinguindo vá rios tipos de açõ es: açõ es
contrá rias ao dever, açõ es conformes ao dever (legalidade) e açõ es
realizadas por dever (moralidade)
o AÇÃ O CONTRÁ RIA AO DEVER (ilegalidade)
- Açã o que viola o dever (não é própria de uma boa vontade)
Exemplo: matar, roubar
o AÇÃ O CONFORME O DEVER (legalidade)
- Açã o que cumpre a lei (lei externa que a sociedade impõ e), mas
simultaneamente, visa alcançar a satisfaçã o de um interesse particular,
ou é resultado de uma inclinaçã o ou de um desejo (também não é
própria de uma boa vontade)
- incluem-se aqui nã o só as açõ es que sã o manifestamente motivadas
pelo interesse pessoal, mas também todas as açõ es que resultam de
sentimentos louvá veis, como a compaixã o. Quem ajuda os outros por
compaixã o nã o está a realizar um ato com genuíno moral.
o AÇÃ O POR DEVER (moralidade)
- Açã o que nã o visa alcançar nenhum interesse particular, nem é o
resultado de nenhuma inclinaçã o ou um desejo
- É única e inclusivamente motivada pelo puro respeito à lei (ditada
pela razã o), independentemente das consequências ou dos resultados
da açã o, mesmo com prejuízo de inclinações e desejos.
- Para Kant, a razã o, assume o papel central, na medida em que produz
o sentimento de dever, ou seja, é ela que produz a lei moral.

 LEGALIDADE

 Cará cter das açõ es simplesmente boas- em conformidade com a norma

 MORALIDADE

 Cará cter das açõ es morais- açõ es realizadas nã o só em conformidade com


a norma, mas realizadas por dever (ação moral ou moralmente boa)

CONCLUINDO

 A moralidade das açõ es resulta unicamente do cumprimento do dever.

 Só têm valor moral as açõ es realizadas por dever.


 Kant não admite que se cumpra o dever em virtude das desejá veis
consequências que daí possam resultar. Seria deixar o cumprimento do
dever ao sabor das circunstâ ncias, dos interesses do momento. Isto
implicaria que, quando nã o tivéssemos vantagens ou interesses do mundo.
Isso implicaria que, quando não tivéssemos vantagem ou interesse em
cumprir o dever, não haveria razão alguma para o fazer

o Analisemos o seguinte exemplo:


- Um automobilista que pare ao sinal vermelho do semá foro cumpre a
lei, nã o há dú vida.
- Contudo, a sua açã o de parar e de ceder passagem pode ser
considerada uma ação moralmente boa?
 A açã o pode ser moral ou nã o, dependendo das razõ es que o levam a
parar que podem ser diversas:
1. A sua inclinação para se manter vivo – tem medo de provocar
um acidente;
2. O seu desejo de ser bem visto pela comunidade;
3. O seu receio de poder ser multado pelas autoridades
 Se a justificaçã o da açã o se liga a qualquer uma destas razõ es, dizemos
que a açã o é conforme ao dever (legal), ou seja, está de acordo com
aquilo que devemos fazer (cumprimento das leis externas que a sociedade
impõ e), mas nã o uma açã o por dever (moral).
 O que determina a moralidade da açã o nã o é a finalidade ou o propó sito a
atingir, mas o querer que a origina – a intençã o do agente
 IDEAL MORAL: a vontade boa

 Apesar de ter capacidade para escolher (livre-arbítrio), a vontade nem


sempre escolhe o dever

 Para Kant, a nossa vontade é afetada por diferentes disposiçõ es


Animalidade
Representa a disposiçã o do homem para agir influenciado pelas
necessidades que o seu próprio corpo impõe. Enquanto ser sensível, ser
material dispõ e de um corpo dotado de apetites, impulsos, desejos,
inclinações, ou seja, é movido por necessidades de ordem bioló gica
Humanidade
Representa a disposiçã o do homem para agir como ser racional, que
necessita de viver em sociedade /comunidade. Esta influência as suas
necessidades / interesses.
Personalidade
Representa a disposiçã o do homem para agir como ser racional e capaz de
responsabilidade: O ser humano é alguém que é capaz de agir de acordo
com exigências autoimpostas pela razão (dever), sendo imparcial ao agir.

CONCLUSÃO

- Quando o homem se deixa determinar pelos interesses de ordem bioló gica


e/ou social está a deixar-se conduzir por forças estranhas à razã o, perdendo
assim a sua autonomia como ser livre e racional. Sempre que obedece a
desejos egoístas e inclinaçõ es corporais a Vontade é Heteró noma (sujeita a
fatores exteriores e não cumpre o dever pelo dever)

- Quando o homem possui força suficiente para ser capaz de seguir os


ditames da razã o, rejeitando as inclinaçõ es sensíveis e/ou interesses pessoais
a Vontade é Autó noma (interior)

 VONTADE “faculdade do querer”

 Fica sujeita a conflitos entre disposiçõ es (tendências), ou seja, dividida


entre o dever (de respeitar as motivaçõ es provenientes da racionalidade) e
o prazer e satisfaçã o de interesses particulares e nem sempre escolhe o
dever

 Somente a opçã o pelo dever (autonomia) torna a verdade boa.


 Por isso Kant propõ e como ideal moral que cada ser humano se esforce
por transformar a sua vontade dividida e imperfeita numa vontade
boa, ou seja, numa vontade que apenas se decida a agir por dever

 Agir por dever é determinar-se a agir pela disposiçã o para a


personalidade, que consiste na produçã o, pela razã o, de leis a que a
pró pria razã o se submete.

Tipos de deveres

- agir por dever implicará fazer o quê?

- quias sã o, afinal, os nossos verdadeiros deveres morais?

Kant nã o oferece uma resposta detalhada a esta questã o, mas apresenta


alguns exemplos de deveres morais e classifica-os em funçã o de dois
critérios.

 Existem deveres para com os outros e deveres para connosco

 Existem deveres prefeitos e deveres imperfeitos

Deveres para connosco Deveres para com os


outros

Deveres perfeitos Nã o cometer suicídio Nã o fazer promessas


enganadoras

Deveres imperfeitos Desenvolver as nossas Promover a felicidade


pró prias capacidades dos outros
A diferença entre deveres para connosco e deveres para com os outros nã o
precisa de explicaçã o. Mas em que consiste a diferença entre deveres
perfeitos e imperfeitos?

Repare-se que os deveres perfeitos têm um cará ter negativo: dizem-nos que
nã o devemos realizar certos tipos de atos.

Kant concebe os deveres perfeitos como proibiçõ es morais absolutas. Em seu


entender, é sempre errado fazer uma promessa com a intençã o de a nã o
cumprir.

De um modo mais geral, enganar os outros é sempre eticamente inaceitá vel


nunca devemos enganar os outros, por melhores que sejam as consequências
em vista.

 Os deveres imperfeitos dizem-nos que há certos fins obrigató rios

- Todavia, um agente moral nã o pode limitar-se a respeitar os direitos


negativos dos outros, cumprindo determinado dever perfeitos.

- Tem ainda de se preocupar positivamente com o bem-estar dos outros


ajudando aqueles que mais precisam de auxílio.

- Embora nã o tenha a obrigaçã o de fazer tudo o que está ao seu alcance para
auxiliar os outros, nã o pode perder de vista esse fim, a que se dá o nome
beneficência.

- Note-se que os deveres perfeitos têm prioridade sobre os imperfeitos. Isto


significa que nunca é aceitá vel cumprir um dever imperfeito através da
violaçã o de um dever perfeito. Kant diria, por exemplo, que nunca é
aceitá vel fazer uma promessa enganadora de modo a auxiliar alguém.

IMPERATIVO CATEGÓ RICO

Uma vez que a vontade humana nã o é santa, é a razã o que ordena, sob a
forma de um imperativo, ao sujeito que deve agir de determinada forma se
quer praticar o bem.

O que sã o imperativos?

Sã o princípios, formulas ou leis que expressam a noçã o de deve ser

Ora, mas nem tosas as ordens produzidas têm conteú do moral.

Devemos distinguir imperativo categó rico de imperativo hipotético.

IMPERATIVO CATEGÓ RICO/ IMPERATIVO HIPOTÉ TICO:

Suponhamos que uma determinada pessoa deseja ser feliz e costuma sentir-
se bem sempre que está rodeada de amigos, pois é muito sociá vel.

Neste caso, a sua razã o pode ordenar que nã o seja antipá tico com os outros
se quiser que eles lhe façam companhia para se sentir feliz.

Neste tipo de ordens a razã o procura indicar o que se deve fazer no caso de
pretender atingir um determinado fim. Estas ordens nã o servem, segundo
Kant, para a moral.

Nas palavras de Kant, estas açõ es sã o orientadas por um imperativo


hipotético, que tem a forma se pretendes x, tens de praticar y.
 Para Kant as ordens morais devem ser absolutas, ou seja, as regras
morais (ditadas pela razã o) devem assumir a forma de imperativos
categó ricos.

Entã o o que distingue o imperativo categó rico do hipotético?

Imperativo hipotético Imperativo categó rico

Principio prá tico que prescreve que Princípio prá tico que prescreve
uma açã o é boa porque é um meio que uma açã o é boa se, e apenas
para conseguir algum fim ou se, for realizada por puro respeito
propó sito. à lei em si mesma ( a açã o é um

- tem geralmente a forma:” Se queres fim em si mesma e nã o um meio

X, entã o deves fazer Y” para atingir um fim)

(Se queres ser feliz, entã o deves - tem geralmente a forma: “Deves

contribuir para a felicidade dos outros, fazer X, sem mais” ou “Nã o deves
deves ser honesto se quiseres ficar fazer X, sem mais”.

bem perante os vizinhos do teu (Deves ser honesto porque esse é


bairro”). o teu dever; deves ajudar o
pró ximo porque esse é o teu
É uma obrigaçã o condicional: depende dever)
da existência de determinadas Ordena incondicionalmente,
circunstâ ncias. valendo independentemente das
A obrigaçã o só existe se houver circunstâ ncias. É uma lei a priori
interesse de um indivíduo no que com (anterior e independente de
o seu cumprimento pode obter ou qualquer experiência).
evitar. É uma obrigaçã o que existe
É a obrigaçã o particular- vale apenas sempre, sejam quais forem os
em dadas condiçõ es e para alguns interesses e objetivos dos
indivíduos. Depende das indivíduos.
circunstâ ncias e dos gostos, desejos e É uma lei universal- vale para
interesses de cada indivíduo. todos os seres humanos, quaisquer
É contingente- do ponto de vista que sejam as circunstâ ncias,
ló gico pode ser verdadeiro ou falso. mesmo que o seu cumprimento

Rege as açõ es conforme ao dever nã o seja do interesse destes.

(legalidade) Lei necessá ria (de um ponto de

Enunciado típico das éticas materiais. vista ló gico tem de ser verdadeira
para todos os seres humanos).
Traduz uma moral heteró noma
(imposta a partir do exterior). Rege as açõ es por dever
(moralidade).

É a lei da moralidade, dado o seu


cará ter exclusivamente formal
(vazia de conteú do).

Traduz uma moral autó noma- a


obediência a este princípio deriva
apenas da autonomia da vontade.

Exemplos em que o cumprimento do Exemplos em que o


dever é um imperativo hipotético ou cumprimento do dever é um
uma obrigação relativa imperativo categórico ou
obrigação absoluta

A obrigaçã o de estudar desaparece A obrigaçã o de estudar é uma


caso me desinteresse pelo obrigaçã o absoluta,
prosseguimento dos estudos ou caso independentemente das minhas
veja que as saídas profissionais sã o motivaçõ es e interesses.
escassas para aqueles que têm cursos
superiores

 Entã o quais sã o as características da LEI MORAL para Kant?

Características da lei moral:

- Normativa- diz como o ser humano se deve comportar;

- Apresenta-se sob a forma de um imperativo categó rico.

No entanto a lei moral pode ser formulada de maneiras diferentes. Kant


apresenta 3 formulaçõ es possíveis para o imperativo categó rico:

1. Formulaçã o: “Age apenas segundo uma má xima tal que possas, ao


mesmo tempo, querer que ela se torne lei universal”.
2. Formulaçã o: “Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua
pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente
como um fim e nunca como um meio”.

3. Formulaçã o: “Age de forma que a má xima devesse servir como lei


universal para todos os seres racionais”.

O facto de Kant propor 3 formulaçõ es do imperativo categó rico nã o


contradiz a sua afirmaçã o de que existe apenas uma lei moral, uma ú nica
forma universal e necessá ria. As 2 ú ltimas formulaçõ es sã o redutíveis à
primeira.

Analisemos a 1ª formulaçã o:

- se queremos que a nossa regra seja seguida por todas as pessoas em todas
as circunstâ ncias, o ato é permissível

- se nã o queremos que a nossa má xima se torne lei universal, se tomamos a


liberdade de abrir apenas uma exceçã o para nó s nas atuais circunstâ ncias, o
ato é moralmente reprová vel e contrá rio à lei da razã o.

Analisemos a 2ª formulaçã o:

- Kant insere um dado novo: todos os seres humanos sã o livres, nã o podendo


ser tratados de forma meramente instrumental.

- todo o ser humano tem uma dignidade que lhe é conferida pela sua razã o e
pela sua liberdade. A natureza humana nã o pode, em circunstâ ncia alguma,
ser usada como um objeto, nã o pode ser instrumentalizada. Os seres
humanos têm valor intrínseco, absoluto, isto é, dignidade.
( A FILOSOFIA DE KANT ESTÁ NA BASE DA NOÇÃ O DE DIREITOS
HUMANOS UNIVERSAIS)

Atençã o: nã o é errado tratar as pessoas como meios, o que é errado é tratar


as pessoas como simples meios ou instrumentos- o que é errado é reduzir as
pessoas a coisas que usamos.

- se estou doente e vou ao médico, estou a fazer deste um meio para reduzir
ou eliminar a minha dor, mas isso nada tem de errado desde que o médico
receba pelo trabalho realizado. Nã o estou a reduzi-lo à condiçã o de escravo.
Assim a prostituiçã o ou “alguém que vende um dos seus rins” sã o exemplos
de violaçã o desta norma, mas, mesmo quando desrespeitamos diretamente os
direitos dos outros, no caso da escravatura, da violaçã o, de roubo e da
mentira, estamos também a desistir da nossa dignidade.

Analisemos a 3ª formulaçã o:
- Kant reafirma que a natureza racional do ser humano lhe confere um
estatuto diferente do restante mundo natural e que as suas açõ es morais
devem ter em visa a universalidade.

- cada um de nó s tem o dever de respeitar todos os seres racionais, devendo


para isso aceitar como boas as açõ es que se nos apresentem como desejá veis
para todos.

Este princípio, o imperativo categó rico, é o ú nico critério vá lido para avaliar
se um ato é ou nã o moralmente permissível.
Se estamos dispostos a que a regra que escolhemos para regular a nossa
pró pria açã o possa ser seguida por todas as circunstâ ncias, entã o o ato é
permissível. Caso contrá rio, devemos rejeitá -lo como imoral.

Vejamos o seguinte exemplo:

- quando estou com apuros será permitido pedir dinheiro emprestado e


prometer pagá -lo, mesmo sabendo que nunca o farei?

- quando estou em apuros será permitido mentir?

Se respondêssemos afirmativamente a estas questõ es, qual seria a nossa


má xima (regra particular)?

A nossa má xima seria:

“sempre que estou em apuros e precise de dinheiro posso pedi-lo e prometer


pagá -lo, mesmo sabendo que nã o tenho a intençã o ou a possibilidade de o
fazer”

- que aconteceria se esta má xima fosse transformada em lei universal?

Tornaria impossível qualquer promessa.

Ninguém acreditaria em promessas de ninguém e, por isso ninguém faria


empréstimos. A nossa má xima logo que fosse transformada em lei universal,
derrotar-se-ia a si mesma.
Uma teoria consequencialista-a ética utilitarista de
S.Mill
Problema:

- o que torna as açõ es boas ou má s?

- qual é o critério para as avaliar?

A teoria de Mill é uma ética consequencialista?

Teoria que avalia a correçã o ou a incorreçã o das açõ es (moralidade), apenas


e só , a partir dos seus resultados ou consequências.

Segundo Mill, qual é o fim da moralidade? o que sã o açõ es boas/justas?

Uma açã o é boa quando tem como fim a felicidade – a ú nica coisa desejá vel
como fim.

A felicidade é a ú nica coisa boa em si.

Principio moral: principio da utilidade ou principio da maior felicidade

Aquilo que define a bondade de uma açã o é o facto de ela contribuir para um
determinado fim: a felicidade.

Uma açã o será correta se contribuir para a felicidade e incorreta no caso


inverso.

O que é a felicidade?

Felicidade é o estado de prazer e ausê ncia de dor ou sofrimento.

A teoria utilitarista é uma teoria Hedonista. Teoria que considera o prazer o


bem supremo e soberano do homem.
Assim:

Para o utilitarismo de S.Mill

A felicidade é o fim da moralidade


 A utilidade da açã o, ou seja, o seu contributo para criar a maior
felicidade é o critério de moralidade (consequencialismo).
 na avaliaçã o das consequências duma açã o o que é analisado é a
felicidade/infelicidade ou prazer /sofrimento que ela poderá
acarretar.
Entã o, como devemos proceder para tomar uma decisã o moral?
•Tentar perceber quais sã o as hipó teses/possibilidades de açã o;
•Avaliar as consequências que podem resultar de cada uma delas;
•Escolher a possibilidade que parece produzir mais felicidade / prazer / bem
– estar.
O princípio da utilidade exige que cada um de nó s faça o que for necessá rio
e estiver ao nosso alcance para promover a felicidade e evitar a dor.
A identificaçã o do Bem
 com a Felicidade e desta com o
 Prazer e ausência de dor → foi um dos aspetos mais polémicos do
utilitarismo.
Dado que o conceito de prazer pode ser interpretado como tendo
exclusivamente um sentido físico (prazeres sensoriais ligados à s
necessidades físicas, como beber, comer, sexo).
Aqueles que se opõ em à posiçã o de Mill afirmam frequentemente que o
hedonismo é uma “doutrina de porcos”.
Consideram que reduzir o fim da vida humana à procura de prazer é algo
mesquinho e desprezível, digno apenas dos nã o humanos.
Mill reage à s críticas dos adversá rios, afirmando que estes nã o reconhecem,
injustamente, que ele defende a diferenciaçã o qualitativa dos prazeres.
Alguns tipos de prazer sã o, sem dú vida, mais desejá veis e valiosos do que
outros. Há prazeres superiores (prazeres do espírito) e prazeres inferiores
(prazeres do corpo).
Prazeres superiores: ligados à inteligência, conhecimento e à consciência.
Um prazer superior é sempre preferível a um prazer inferior.
Apenas a satisfaçã o dos prazeres intelectuais e espirituais proporciona
felicidade aos seres humanos.
Segundo Mill, é porque o ser humano nã o concebe a felicidade apenas em
termos físicos que nunca se sente completamente satisfeito e, por isso,
completamente feliz.
A insatisfaçã o é preferível a uma felicidade resultante da satisfaçã o de
prazeres puramente físicos, pois isso significaria colocar-se a um nível
meramente animal.
Os anti – utilitaristas costumam também afirmar que o utilitarismo é uma
moral egoísta, incompatível com o sacrifício pessoal em prol do bem estar
dos outros.
Mill refruta:
Aquele que vive /goza dos mais altos prazeres espirituais nã o poderá senã o
desejar o bem – estar comum – a felicidade global.
Logo, o progresso do espírito humano é a chave para encontrar a verdadeira
felicidade.
Mill responde à s críticas dos seus opositores, propondo como ideal moral, a
felicidade de todos os seres humanos, e nã o apenas a pró pria.
Exige que o AGENTE seja estritamente imparcial entre a sua pró pria
felicidade e a dos outros (Princípio da imparcialidade), identificando o
imperativo moral utilitarista com o mandamento cristã o “Nã o faças aos
outros o que nã o gostarias que te fizessem a ti” e “ama o pró ximo como a ti
mesmo”.
Suponha-se que aceitamos a ética utilitarista. Significará isso que teremos de
fazer todas as nossas escolhas a partir do Princípio da Maior Felicidade e do
princípio da imparcialidade?
Mill considera insensato viver assim.
Por um lado, nã o conseguimos estar sempre motivados para promover
imparcialmente o bem-estar . Temos um tendência natural muito forte para
dar mais importâ ncia à nossa pró pria felicidade e à felicidade dos que nos
sã o pró ximos.
Por outro lado, nã o conseguimos prever muitas das consequências dos
nossos atos. A nossa capacidade para saber o que, em cada caso particular,
resultaria efetivamente na maior felicidade geral é muito limitada.
Tendo consciência disto, Mill argumenta que um utilitarista deverá guiar-se
por determinados princípios secundá rios. Estes, contrariamente ao princípio
da maior felicidade, sã o fá ceis de aplicar. Além disso, como a experiência
tem mostrado, conduzem geralmente a boas consequências.
Mill tem em mente princípios (normas morais comuns) como os seguintes:
- Devemos respeitar os compromissos que assumimos
- Nã o devemos maltratar inocente
- Devemos compensar as pessoas em funçã o do mérito –
Nã o devemos tirar aos outros aquilo que lhes pertence (…)
Contribuiremos mais para a felicidade geral se seguirmos princípios como
estes em vez de tentarmos usar diretamente o Princípio da Maior Felicidade.
O Princípio da Maior Felicidade serve sobretudo para identificar os
princípios secundá rios corretos, ou seja, quando estes entram em conflito e
nã o sabemos qual escolher para que a nossa açã o seja moral. É o caso dos
conflitos e dilemas morais, em que temos de violar uma norma para respeitar
a outra.

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