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14/01/2020 Nossa Localização na Via Láctea

NOSSA LOCALIZAÇÃO NA VIA


LÁCTEA
Prof. Renato Las Casas (01/08/01)

Imagine que em um futuro não muito distante (alguns poucos milhões de anos), algum
descendente nosso tenha ido até uma galáxia vizinha em sua nave pessoal (isso será
possível?) e em seu retorno à Terra tenha se deparado com a seguinte questão:
- Em que local da Via Láctea fica o Sistema Solar?
Imagine esse nosso descendente (vamos chamá-lo de Zul) se aproximando de nossa
galáxia. Quanto mais se aproxima, maior ela parece ser. Para que "lado" desse imenso
aglomerado de estrelas Zul deve se dirigir?
O Sol fica a aproximadamente 30.000 AL do centro da Via Láctea (raio 50.000 AL),
mas em que direção?
Uma boa dica para Zul é orientar-se por uma galáxia anã descoberta em 1996, a
vizinha mais próxima da Via Láctea. Apesar de muito próxima ela ainda não havia sido
"vista" pois se encontra ao longo do plano que contém o disco de nossa galáxia,
"escondida atrás do núcleo da mesma".
O Sistema Solar se encontra a aproximadamente 30.000 AL do centro da Via Láctea,
no lado oposto ao dessa nossa vizinha.
Aproximando-se dessa região, Zul deverá procurar pelo braço espiral de Orion, que
fica entre os braços de Sagitário (interno) e de Perseus (externo). É aí que o Sol se
encontra.
Ainda não sabemos exatamente quantos braços a Via Láctea possui. Pelo menos mais
um braço interno, ao qual denominamos Centauro, é certo que ela possui.
O Sol não é uma estrela que se destaque entre as demais. Para achar o Sol, Zul
poderá orientar-se por duas estrelas, nossas vizinhas, muito brilhantes: A imensa
Betelgeuse, uma estrela avermelhada (gigante vermelha) que se encontra a 428 AL do
Sol; e Sirius, uma estrela branca, que se encontra a apenas 8,6 AL de nós.

Em nossa vizinhança imediata (a até 20 AL), encontramos pouco mais de vinte


estrelas, onde o destaque é Sírius. A aproximadamente 4,3 AL do Sol encontramos as
vizinhas mais próximas do Sistema Solar; um sistema triplo formado por Próxima
Centauro (uma Anã Vermelha, muito fraca), a Centauro A (uma estrela branca de brilho
mais ou menos o dobro do nosso Sol) e a Centauro B (uma estrela alaranjada de brilho
equivalente ao do nosso Sol).

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Nas duas figuras que se seguem assinalamos, em imagens dos nossos hemisférios
celestes, as constelações que contém o disco de nossa Galáxia. Assinalamos também
Betelgeuse, Sírius e a localização do centro da Via Láctea.

(Note como o Hemisfério Sul Celeste é muito mais bonito - e rico de objetos - que o
Hemisfério Norte Celeste.)

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COMO SABEMOS ISSO?


Um dos grandes problemas da Astronomia sempre foi saber as distâncias dos corpos
celestes à nós. Esse problema vem sendo vencido através dos séculos com inteligência,
trabalho e arte. Hoje falamos nas distâncias entre os corpos do Sistema Solar, muitas
vezes, com precisão de poucos metros. As distâncias das estrelas (o que quer dizer:
posições) também são hoje conhecidas com grande precisão. Precisão tanto maior quanto
mais próximo a estrela se encontra.
São principalmente dois os métodos utilizados na obtenção das distâncias das estrelas
da nossa Galáxia ao Sol. O método da Paralaxe baseia-se na geometria e se aplica muito
bem às estrelas mais próximas. O método do Avermelhamento (não confundir com desvio
para o vermelho) baseia-se na absorção da luz das estrelas pelo meio interestelar e
começa a ser preciso a distâncias grandes o suficiente para não mais podermos usar o
método da Paralaxe.
Coloque um dos seus dedos, levantado, um palmo à frente de seu nariz. Feche um
olho. Repare na "posição" de seu dedo em relação a um objeto distante. Sem mover a
cabeça ou o dedo, "troque de olho aberto". Repare na nova "posição" de seu dedo em
relação àquele objeto distante. Fazendo assim, você estará vivenciando o fenômeno que
chamamos de Paralaxe.
Repita a experiência com seu dedo levantado dois ou três palmos à frente de seu
nariz. Note que a mudança na "posição" em que você vê seu dedo, com um olho ou outro,
em relação ao objeto distante agora é menor.
Se hoje vemos uma determinada
estrela em uma determinada posição
em relação a um objeto distante, à
medida que a Terra vai se
deslocando em seu movimento de
translação em torno do Sol, a
posição em que vemos essa estrela
em relação ao objeto distante
também vai mudando. Essa mudança
terá um máximo daqui a seis meses
e será tanto maior quanto mais perto
essa estrela estiver do Sistema
Solar.
Conhecendo a mudança na
posição da Terra (diâmetro da órbita da Terra) e medindo o "desvio angular" na posição da
estrela observada, podemos saber a distância que essa estrela se encontra de nós.
Se a distância de uma estrela ao Sol é tão grande que o método da Paralaxe não
funciona mais (não notamos diferença na posição de uma estrela em relação a objetos de

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fundo, no período de seis meses),
podemos utilizar o método do
Avermelhamento na determinação
dessa distância.
Quando a luz de um objeto
atravessa a nossa Galáxia, ela vai
sendo "absorvida" pelo meio
interestelar. Essa é uma absorção
seletiva em relação à cor
(comprimento de onda) da luz. Na
faixa da luz visível, o azul é
absorvido mais fortemente que o
vermelho. Quando a luz de uma
estrela vai atravessando a nossa
Galáxia, ela vai perdendo assim cada
vez mais o seu azul, ficando cada vez mais avermelhada. Se sabemos o tanto que a luz de
uma estrela "avermelhou" desde quando emitida pela estrela até quando detectada por
nós, temos condições de saber a distância dessa estrela ao Sistema Solar.
Dependendo da idade, massa, etc. de uma estrela (que podemos saber por
espectroscopia de sua luz) podemos saber da "coloração" da luz quando emitida por essa
estrela. Medindo então a "coloração" da luz dessa estrela que chega ao Sistema Solar,
temos o avermelhamento dessa luz e consequentemente a distância dessa estrela à nós.

O tamanho de nossa Galáxia e a


nossa distância a seu centro são
conhecidos há quase 80 anos pela
analise da distribuição de objetos
(aglomerados globulares) que se
situam fora do disco da Galáxia
(halo). Esses objetos estão
distribuídos dentro de duas regiões
hemisféricas que "se fecham em uma
esfera, com o disco da Galáxia entre
elas". (O raio do disco galáctico
sendo o mesmo dos hemisférios.)
Podemos "ver" esses hemisférios
através desses aglomerados
globulares.
Um método para "vermos" a
estrutura espiral de nossa galáxia
consiste em acompanharmos a distribuição espacial de "indicadores": objetos que além de
estarem associados a essa estrutura, satisfaçam propriedades tais como serem facilmente
vistos e identificados; ocorrerem em grande número; etc. Alguns "indicadores" utilizados:
regiões de hidrogênio ionizado; aglomerados estelares; estrelas jovens (azuis); etc.

A Galáxia Anã de Sagitário foi descoberta em 1996, quase


pesquisadores das Universidades de
Cambridge e de Columbia, que
estudavam estrelas no disco de
nossa Galáxia. Ela se encontra bem
próxima à borda do disco da Via
Láctea, a menos de 100.000 AL do
Sistema Solar. A sua descoberta foi
feita através de medidas de
velocidades de estrelas. Um conjunto
de estrelas se movia diferentemente
das demais; eram estrelas dessa
nossa vizinha que estavam sendo
descobertas.

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