Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-reitor:
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não Diagramação:
vale a pena ser vivida.” Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Revisão Textual:
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica Gabriela de Castro Pereira
e profissional, refletindo diretamente em nossa Letícia Toniete Izeppe Bisconcim
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Luana Ramos Rocha
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente
e busca por tecnologia, informação e conheci- Produção Audiovisual:
mento advindos de profissionais que possuam Heber Acuña Berger
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Leonardo Mateus Gusmão Lopes
cia no mercado de trabalho. Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
De fato, a tecnologia e a comunicação
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
Gestão de Produção:
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
nos proporcionando momentos inesquecíveis.
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
Fotos:
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
Shutterstock
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
PSICOFARMACOLOGIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 5
1 - CONCEITOS GERAIS EM FARMACOLOGIA......................................................................................................... 6
2 - VIAS DE ADMINISTRAÇÃO.................................................................................................................................. 8
2.1. VIAS ENTERAIS................................................................................................................................................... 9
2.2. VIAS PARENTERAIS............................................................................................................................................10
2.2.1. VIA ENDOVENOSA............................................................................................................................................10
2.2.2. VIA INTRAMUSCULAR....................................................................................................................................11
3 - FARMACOCINÉTICA.............................................................................................................................................11
3.1. ABSORÇÃO ..........................................................................................................................................................13
3.1.1. VIA DE ADMINISTRAÇÃO.................................................................................................................................13
3.1.2. VARIABILIDADE BIOLÓGICA............................................................................................................................13
WWW.UNINGA.BR 3
3.1.3. CIRCULAÇÃO NO LOCAL DE ADMINISTRAÇÃO.............................................................................................13
3.1.4. ÁREA DE ABSORÇÃO........................................................................................................................................13
3.1.4. SOLUBILIDADE.................................................................................................................................................14
3.1.5. PKA DO FÁRMACO E PH DO SÍTIO DE ABSORÇÃO.......................................................................................14
3.2. DISTRIBUIÇÃO....................................................................................................................................................14
3.2.1. IONIZAÇÃO........................................................................................................................................................15
3.2.2. PERMEABILIDADE CAPILAR..........................................................................................................................15
3.2.3. FLUXO SANGUÍNEO ........................................................................................................................................15
3.2.4. LIGAÇÃO A PROTEÍNAS PLASMÁTICAS........................................................................................................15
3.3. METABOLIZAÇÃO................................................................................................................................................16
3.4. ELIMINAÇÃO.......................................................................................................................................................16
4 - FARMACODINÂMICA...........................................................................................................................................17
4.1. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM ENZIMAS................................................................................................17
4.2. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM PROTEÍNAS CARREGADORAS.............................................................17
4.3. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM CANAIS IÔNICOS...................................................................................18
4.4. FÁRMACOS QUE INTERAGEM COM RECEPTORES........................................................................................18
4.4.1. FÁRMACOS AGONISTAS..................................................................................................................................18
4.4.2. FÁRMACOS ANTAGONISTAS......................................................................................................................... 20
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................... 22
WWW.UNINGA.BR 4
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Embora reconheçamos a importância dos tratamentos não medicamentosos, como
mudança de hábitos alimentares, atividade física, diminuição do consumo de bebidas alcóolicas
etc., na prevenção de doenças, melhora da saúde e qualidade de vida das pessoas, o tratamento
farmacológico ainda constitui importante ferramenta para alcançar melhores resultados no
reestabelecimento da saúde.
Apesar dos benefícios obtidos quando utilizados corretamente, os medicamentos também
podem trazer riscos à população quando prescritos, dispensados, armazenados, administrados
ou descartados de maneira errada. Assim, o conhecimento sobre os produtos farmacêuticos
contribui tanto para a eficácia dos tratamentos quanto para a segurança da população.
Os principais responsáveis pela prescrição de medicamentos são os médicos, dentistas e
médicos veterinários, porém os demais profissionais da saúde também devem ter conhecimento
suficiente para compreender e, assim, contribuir para a recuperação do paciente.
Para tanto, elaboramos cuidadosamente um material que contempla os principais tópicos
da farmacologia, de modo a colaborar na formação acadêmica de futuros profissionais que irão
contribuir para o uso racional de medicamentos.
Sendo assim, desejamos a você ótimos momentos de estudo e aprendizado. Para que
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
possa aproveitar ao máximo o conteúdo deste material, não deixe de conferir também os
materiais complementares, participar dos fóruns e ficar atento a todas as orientações da equipe
que o acompanha.
Bons estudos!
WWW.UNINGA.BR 5
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
O termo MEDICAMENTO se refere ao produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou
elaborado, com as seguintes finalidades:
Quando conhecemos a diferença entre estes dois conceitos, podemos afirmar que todos
os medicamentos são remédios, mas nem todos os remédios são medicamentos.
Outros termos que, para algumas pessoas, podem gerar dúvidas são DROGA e
FÁRMACO.
O termo DROGA pode ser definido como toda substância com capacidade de modificar
algum sistema fisiológico, que pode ou não apresentar propriedades terapêuticas e podendo ou
não ser utilizada com a intenção de trazer benefícios para o organismo. Este conceito é utilizado
com muita frequência por pesquisadores no meio acadêmico para descrever substâncias com
potencial terapêutico, mas que ainda estão em fase de estudo; ou, até mesmo, pela população em
geral, como sinônimo de substâncias de abuso.
FÁRMACO/PRINCÍPIO ATIVO é toda substância com estrutura química conhecida
e propriedade de modificar alguma função fisiológica ou estado patológico, quando usada com
finalidade preventiva, diagnóstica ou terapêutica. Consiste na substância principal da formulação
do medicamento, responsável pelo efeito terapêutico, conhecida também como princípio ativo.
Considerando as exigências de testes para obtenção do registro de um medicamento,
temos 3 tipos: Medicamentos de Referência, Genéricos e Similares. Eles apresentam diferenças
quantos aos testes realizados nas fases de pesquisa, desenvolvimento e registro dos produtos, o
que impacta tanto no preço de venda quanto na forma como serão vendidos, podendo ou não
ser intercambiáveis.
WWW.UNINGA.BR 6
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
do caso, se for um medicamento de venda sob prescrição médica, a embalagem
ainda poderá apresentar a faixa vermelha, ou a faixa preta, para medicamentos
capazes de causar dependência (Figura 1).
WWW.UNINGA.BR 7
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
Significado das tarjas de medicamentos.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ZfZWo8o7F90>.
2 - VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Para continuarmos nosso estudo, vamos conhecer as principais vias de administração
e formas de apresentação dos medicamentos psicotrópicos (demais fármacos podem ser
administrados por outras vias e apresentar formas farmacêuticas que não serão apresentadas
neste material).
A via de administração do medicamento é o caminho pelo qual ele é colocado em contato
com o organismo. Para que o efeito terapêutico seja obtido, além da escolha do fármaco correto,
a escolha da via de administração também é essencial. Esta escolha leva em consideração os
seguintes fatores:
WWW.UNINGA.BR 8
ENSINO A DISTÂNCIA
Na via oral, o medicamento é ingerido pela boca e sua absorção geralmente ocorre no
estômago ou no intestino. Na via sublingual, o medicamento é depositado debaixo da língua e
é absorvido pelas mucosas situadas na região sublingual que são altamente vascularizadas. A via
sublingual apresenta tempo de latência (intervalo de tempo entre a administração do fármaco
e a observação de seu efeito terapêutico) menor que a via oral, por isso pode ser utilizada pelo
próprio paciente, em situações de emergência (exemplo: comprimidos sublinguais de clonazepam
em crises de transtorno do pânico).
As desvantagens são:
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
• A taxa de absorção variável.
• Pode ocorrer irritação gástrica ou da mucosa sublingual.
• Vias oral e sublingual não podem ser utilizadas em pacientes inconscientes.
• Sabor desagradável de alguns fármacos.
Figura 2 - Formas farmacêuticas mais utilizadas para psicotrópicos. Fonte: SlideShare (2012).
WWW.UNINGA.BR 9
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
As vantagens são:
• O fármaco atinge mais rapidamente o local de ação, produzindo uma resposta rápida,
que pode ser necessária em situações de emergência.
• A dose pode ser administrada com maior precisão.
• A administração parenteral pode ser utilizada quando a via enteral é impossível.
As desvantagens são:
• A absorção mais rápida do fármaco pode resultar em o aumento dos efeitos adversos.
• É necessária uma formulação estéril, bem como uma técnica asséptica da administração.
• Pode ocorrer irritação no local da injeção.
• Requer profissional treinado para a aplicação.
• Pode ser dolorosa.
WWW.UNINGA.BR 10
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
3 - FARMACOCINÉTICA
A divisão da farmacologia que explica a movimentação dos fármacos no corpo, do
momento de sua administração até sua saída do organismo, é a farmacocinética. Considerando
que esta movimentação é realizada por processos fisiológicos, podemos dizer que a farmacocinética
é o que o corpo faz com a droga. Estudaremos, nesta unidade, sobre as etapas envolvidas neste
processo.
O conhecimento da farmacocinética permite otimizar os efeitos, aumentando as chances
de sucesso terapêutico, além de evitar e tratar eventuais interações medicamentosas e efeitos
adversos e intoxicações causadas por esses agentes.
Do momento da administração até a saída do corpo, os fármacos passam por diversos
compartimentos e seu deslocamento é influenciado tanto por características do ambiente
fisiológico em que se encontra, como por características do próprio fármaco.
Para exercer efeito terapêutico, a maioria dos fármacos deve satisfazer certas exigências
mínimas para ter efetividade clínica. Uma delas é a capacidade de atravessar as barreiras
fisiológicas que existem no corpo para limitar o acesso das substâncias estranhas.
Os fármacos atravessam as membranas por processos de transporte passivo (do meio
mais concentrado, onde foi depositado na administração, para o meio menos concentrado –
exemplo: do estômago para a circulação sanguínea) ou por transporte ativo, contra o gradiente
de concentração (do meio menos, para o meio mais concentrado), com gasto de energia na forma
de ATP.
WWW.UNINGA.BR 11
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
biológicas, vamos estudar as etapas pelas quais ele passa após sua administração (SANTOS;
TORRIANI; BARROS, 2013).
Podemos dividir a farmacocinética em quatro processos principais, sendo eles: absorção,
distribuição, metabolismo e excreção. Vamos discutir sobre eles agora.
WWW.UNINGA.BR 12
ENSINO A DISTÂNCIA
3.1. Absorção
É definida como a passagem de uma substância de seu local de administração para a
circulação sanguínea local. No caso de formas farmacêuticas sólidas, a absorção depende
inicialmente da dissolução do comprimido ou da cápsula que, então, libera o fármaco.
Esta etapa farmacocinética pode ser influenciada por diversos fatores.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
3.1.2. Variabilidade biológica
Decorre de diferenças fisiológicas observadas entre indivíduos. Como exemplo temos
a velocidade de trânsito intestinal. Em indivíduos com trânsito mais lento, os medicamentos
podem ficar mais tempo em contato com as mucosas intestinais e, assim, apresentar variações
quanto a taxa de absorção.
WWW.UNINGA.BR 13
ENSINO A DISTÂNCIA
3.1.4. Solubilidade
Considerando que as membranas fisiológicas são constituídas por células, que possuem
como envoltório a bicamada fosfolipídica, é importante sabermos que os fármacos precisam ser
lipossolúveis o suficiente para atravessar estas bicamadas. A partir do momento que a droga
alcançou a corrente sanguínea, é necessário que ela alcance seu sítio de ação, e à esta próxima
etapa denominamos distribuição.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
também terão sua absorção favorecida.
De forma oposta, drogas com pKa básico no meio ácido ou drogas com pKa ácido no meio
básico encontram-se predominantemente na forma ionizada, e terão sua absorção diminuída
nestes meios opostos ao seu pKa.
3.2. Distribuição
Distribuição é a passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os tecidos, quando
o fármaco reversivelmente abandona o leito vascular e entra no líquido extracelular e/ou nas
células dos tecidos.
Assim como na absorção certos fatores ligados ao fármaco e fatores fisiológicos também
podem interferir na distribuição, como por exemplo:
WWW.UNINGA.BR 14
ENSINO A DISTÂNCIA
3.2.1. Ionização
Fármacos ionizados (com cargas) tem dificuldade de circulação em direção a outras
regiões do organismo.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
cerem seu efeito, precisam alcançar o cérebro. Se são capazes de alcançar a cir-
culação cerebral, serão também capazes de alcançar a circulação fetal, podendo
comprometer o desenvolvimento do feto, provocando futuras doenças nele. No
caso do álcool, uma das consequências é a síndrome alcoólica fetal.
WWW.UNINGA.BR 15
ENSINO A DISTÂNCIA
3.3. Metabolização
A metabolização tem como principal objetivo a conversão de fármacos em metabólitos
mais hidrofílicos, capazes de serem eliminados mais facilmente pelos órgãos excretores (exemplo:
rim – urina). Além disso, a metabolização ainda contribui para a cessação das atividades biológica
e farmacológica dos compostos (BRUNTON, 2012).
Na maioria dos casos, a metabolização gera compostos inativos mais polares, facilmente
excretados pelo organismo. Entretanto, em alguns casos, a molécula original do fármaco pode
ser pouco ou não ser farmacologicamente eficaz, mas após ser metabolizada, origina metabólitos
mais eficazes. Nos casos em que a forma ativa é o metabólito, dizemos que se trata de um pró-
fármaco.
A metabolização de fármacos é realizada, principalmente, por enzimas hepáticas, que
podem ser induzidas ou inibidas, e diferenças nas taxas de metabolização entre um indivíduo e
outro pode resultar em diferentes respostas farmacológicas, frente a mesma dose administrada.
O uso concomitante de indutores e inibidores enzimáticos altera o tempo de meia vida
da droga (t1/2) (Tabela 2).
O t1/2 se refere ao tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado
fármaco seja reduzida pela metade. O uso de indutores reduz o t1/2 de algumas drogas e o uso de
inibidores aumenta este tempo. Nos dois casos os níveis terapêuticos poderão ser corrigidos com
ajuste da dose.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
Na forma hidrossolúvel os fármacos ou seus metabólitos estão prontos para deixar o
organismo.
3.4. Eliminação
A eliminação consiste na saída do fármaco do organismo. A principal forma de eliminação
de drogas é pela via renal, sendo os rins os órgãos mais importantes para a excreção dos fármacos
e seus metabólitos. Devido ao caráter aquoso da urina, a excreção renal baseia-se na natureza
hidrofílica do fármaco ou seu metabólito. Neste momento, espera-se o oposto ao desejável na
absorção, quanto mais hidrossolúvel o fármaco/metabólito melhor sua eliminação.
Semelhante ao observado durante a absorção, na excreção renal o pKa do fármaco/
metabólito e o pH da urina também irão influenciar a predominância das formas ionizadas ou
não ionizadas.
É importante lembrar que há um declínio da função renal com o avançar da idade. Por
isso, indivíduos idosos podem ter maior dificuldade para eliminar medicamentos por esta via,
resultando em um aumento do tempo de meia-vida, que deve ser considerado no momento da
determinação da dose.
Além da excreção renal, os fármacos ainda podem ser eliminados pelas fezes, suor, leite,
saliva, lágrimas, sêmen ou ar exalado pelos pulmões (via pulmonar).
WWW.UNINGA.BR 16
ENSINO A DISTÂNCIA
4 - FARMACODINÂMICA
Uma vez alcançados os órgãos alvo, os fármacos irão interagir com moléculas biológicas
para exercer seu efeito. A divisão da farmacologia que explica o mecanismo de ação dos fármacos
para produzir efeitos biológicos é chamada farmacodinâmica.
Considerando que o efeito observado é consequência da interação já citada, podemos
dizer ainda que a farmacodinâmica descreve o que a droga faz com o corpo. Após interagir com
o organismo, os fármacos irão provocar manifestações nos sistemas orgânicos que resultarão
em diversos tipos de efeito, sendo o principal deles, o efeito terapêutico, que representa o efeito
benéfico e desejado provocado pelo fármaco quando administrado no organismo.
Além do efeito terapêutico, a maioria dos fármacos exibirá efeitos indesejáveis juntamente
com os efeitos terapêuticos esperados deles.
Os efeitos indesejáveis ou adversos podem ser caracterizados como:
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
entender como ocorre sua interação com os alvos farmacológicos. Os locais onde o fármaco
interage e produz um efeito farmacológico são chamados de receptores farmacológicos.
Todos os possíveis efeitos observados após a administração de medicamentos se devem a
interações moleculares entre o fármacos e sítios de ligação presentes no organismo.
Quanto aos alvos de ação dos fármacos no organismo, temos:
WWW.UNINGA.BR 17
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
• Afinidade pelo receptor: a afinidade é a atração mútua ou força de ligação entre um
fármaco e o seu receptor alvo. Para que um fármaco consiga interagir com estes receptores
é necessário que sua estrutura química seja compatível com os sítios de ligação presentes
no receptor, permitindo uma interação efetiva entre eles.
WWW.UNINGA.BR 18
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
Figura 5 - Efeitos dos agonistas. Fonte: Whalen; Finkel; Panavelil (2016).
WWW.UNINGA.BR 19
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
Figura 7 - Efeito dos fármacos antagonistas. Fonte: Whale; Finkel; Panavelil (2016).
Agora que já conhecemos os possíveis tipos de interação com receptores biológicos, vamos
conhecer as diferenças entre alguns conceitos que, de forma errada, são as vezes usados como
sinônimos. Para quantificar as respostas produzidas pelos fármacos, é importante diferenciar
eficácia de potência.
A eficácia de um fármaco é sua capacidade de promover efeito biológico quando ligado
a um receptor, e refere-se à resposta terapêutica potencial máxima que um fármaco pode induzir.
WWW.UNINGA.BR 20
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
Figura 8 - Curvas dose-resposta típicas para fármacos que mostram diferenças entre em potência e eficácia. Fonte:
Whalen; Finkel; Panavelil (2016).
Ao longo deste estudo pudemos compreender como a interação dos fármacos com
receptores farmacológicos é capaz de produzir efeitos biológicos. Além disso, é importante saber
que o tempo de exposição à determinado fármaco, nos tratamentos agudos ou crônicos, pode
influenciar a intensidade de resposta de determinados receptores a eles.
Da mesma forma como são capazes de regular diversas atividades celulares, os receptores
também estão submetidos a mecanismos de controle reguladores e homeostáticos. Esses controles
incluem a regulação da síntese e degradação de receptores, que irão provocar mudanças nas
quantidades dos mesmos, dependendo dos estímulos aos quais eles forem expostos.
Na exposição prolongada, observada em tratamentos crônicos, estas mudanças são
bem mais evidentes. A estimulação prolongada das células por fármacos agonistas pode levar
a um estado de dessensibilização (também conhecido como adaptação, refratariedade ou
hiporregulação). Do ponto de vista clínico, esta dessensibilização é evidenciada pela diminuição
do efeito observado ao longo do tratamento, quando se utiliza a mesma dose do fármaco por
longos períodos e resulta da diminuição do número de receptores disponíveis para interagir com
o fármaco.
WWW.UNINGA.BR 21
ENSINO A DISTÂNCIA
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
E, assim, finalizamos nossa Unidade I.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 1
Nesta pudemos conhecer os conceitos fundamentais em farmacologia e compreender o
caminho percorrido pelos fármacos, de sua entrada até sua eliminação do organismo. Também
conhecemos os fatores que influenciam cada etapa farmacocinética e farmacodinâmica.
Bons estudos!
WWW.UNINGA.BR 22
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
PSICOFARMACOLOGIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 25
1 - FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC).................................................................................... 26
1.1. NEUROANATOMIA.............................................................................................................................................. 26
1.2. CÉLULAS DO SNC............................................................................................................................................... 27
1.3. POTENCIAL DE AÇÃO......................................................................................................................................... 29
1.4. SINAPSES............................................................................................................................................................ 30
1.5. NEUROTRANSMISSORES (NT)......................................................................................................................... 30
1.5.1. AMINAS BIOGÊNICAS..................................................................................................................................... 32
1.5.1.1. MONOAMINAS............................................................................................................................................... 32
1.5.1.1.1. NORADRENALINA....................................................................................................................................... 32
1.5.1.1.2. DOPAMINA.................................................................................................................................................. 32
WWW.UNINGA.BR 23
1.5.1.1.3. -HIDROXITRIPTAMINA (5-HT, SEROTONINA)........................................................................................ 32
1.5.2. AMINOÁCIDOS................................................................................................................................................. 33
1.5.3. GLUTAMATO..................................................................................................................................................... 33
1.5.4. OUTROS............................................................................................................................................................ 33
2 - ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS........................................................................................................................... 34
2.1. ANSIEDADE......................................................................................................................................................... 34
2.1.1. CLASSIFICAÇÕES DE DESORDENS DA ANSIEDADE ................................................................................... 35
2.1.2. FISIOPATOLOGIA DA ANSIEDADE.................................................................................................................. 35
2.1.3. BENZODIAZEPÍNICOS (BZDS)........................................................................................................................ 35
2.1.3.1. MECANISMO DE AÇÃO................................................................................................................................. 36
2.1.3.2. FÁRMACOS................................................................................................................................................... 36
2.1.4. BARBITÚRICOS............................................................................................................................................... 37
2.1.4.1. MECANISMO DE AÇÃO................................................................................................................................. 37
2.1.4.2. FÁRMACOS................................................................................................................................................... 37
2.1.5. DROGAS Z ........................................................................................................................................................ 37
2.1.5.1. MECANISMO DE AÇÃO................................................................................................................................. 37
2.1.5.2. FÁRMACOS................................................................................................................................................... 38
2.1.6. BUSPIRONA..................................................................................................................................................... 38
3 - TRATAMENTO DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH)................... 39
3.1. FÁRMACOS PSICOESTIMULANTES.................................................................................................................. 40
3.1.1. METILFENIDATO (RITALINA).......................................................................................................................... 40
3.2. AGONISTAS Α2- ADRENÉRGICOS.....................................................................................................................41
3.3. ATOMOXETINA....................................................................................................................................................41
3.4. MODAFINILA.......................................................................................................................................................41
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................................................41
WWW.UNINGA.BR 24
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Agora que já estudamos o caminho que o fármaco percorre no organismo, farmacocinética,
bem como, de que maneira o fármaco interage com o organismo, farmacodinâmica; iremos, de
fato, adentrar no estudo da fisiopatologia e do tratamento farmacológico das principais patologias
do sistema nervoso central.
Nesta unidade iremos, primeiramente, relembrar detalhes da anatomia e fisiologia do
sistema nervoso central. Por conseguinte, estudaremos todo arsenal farmacológico disponível
para o tratamento dos transtornos ansiosos e do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Desejamos a você ótimos momentos de estudo e aprendizado e, para que possa aproveitar
ao máximo o conteúdo deste material, não deixe de conferir também os materiais complementares,
participar dos fóruns e ficar atento a todas as orientações da equipe que o acompanha.
Bons estudos!
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
WWW.UNINGA.BR 25
ENSINO A DISTÂNCIA
1.1. Neuroanatomia
O sistema nervoso central (SNC) é uma estrutura simétrica composta por duas partes
distintas, o encéfalo e a medula espinhal (Figura 1). Ainda, o encéfalo se divide em 3 partes
diferentes. Sendo elas:
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
• Cerebelo: possui extensa conexão com o cérebro e medula espinhal. Nesta estrutura
está localizada o centro do controle dos movimentos coordenados, equilíbrio e da
aprendizagem motora.
A medula espinhal tem como principal função receber informações sensitivas e vegetativas
de todo o corpo e enviar para o encéfalo. Ademais, ela também atua enviando informações de
resposta, movimentação e vegetativas do encéfalo para o corpo.
Figura 1 - Ilustração do sistema nervoso central e das divisões do encéfalo. Fonte: Wikipedia (2019a, b).
Segundo Rang e Dale (2017), a função cerebral é a parte mais importante da fisiologia que
define a diferença entre os seres humanos e as outras espécies. De fato, o encéfalo é considerado
o centro da razão e da inteligência. Devido sua capacidade de coordenar a cognição, percepção,
atenção e a emoção. Além de executar as funções automáticas indispensáveis para manutenção
da vida, tais como, vigília, marcha e homeostáticas, como frequência cardíaca, pressão sanguínea
e temperatura corporal.
WWW.UNINGA.BR 26
ENSINO A DISTÂNCIA
▶ Corpo celular: estrutura necessária para a continuidade da vida de todo neurônio, pois
nela se encontra toda “maquinaria” dessa célula.
▶ Axônios: trata-se da fibra nervosa que transmite os sinais neurais para o neurônio
seguinte no cérebro ou na medula, ou para os músculos e glândulas nas regiões periféricas do
corpo.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
O neurônio é a unidade funcional do sistema nervoso e os circuitos neurais são
formados por neurônios conectados sinapticamente. A atividade neuronal é,
geralmente, codificada por sequências de potenciais de ação propagados ao longo
dos axônios nos circuitos neuronais. A informação codificada é transportada de
um neurônio para outro por meio da transmissão sináptica.
WWW.UNINGA.BR 27
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
WWW.UNINGA.BR 28
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
Figura 4 - Método de Golgi-Cox. (A) Fotografia do médico italiano Golgi. (B) Desenhos originais de
neurônios feitos por Golgi. (C) Fotomicrografia da coloração de Golgi no Cortex pré-frontal. Fonte:
Wikipedia (2019d, e); a autora.
WWW.UNINGA.BR 29
ENSINO A DISTÂNCIA
Para nossa melhor compreensão vamos pensar no íon Na+. Em potenciais de membrana de
-70 mV, os canais de sódio se encontram fechados. Mediante estímulo, que pode ser fisiológico ou
induzido (fármacos), ocorre rápida abertura do canal e uma rápida corrente de Na internamente
dirigida, despolariza a membrana para o potencial de equilíbrio do sódio de +40 mV. O canal é
inativado em cerca de 1 milissegundo (ms) e os canais de K+ se abrem, o fluxo de potássio para
fora repolariza a membrana e ela, então, volta ao potencial de -70 mV.
Já a hiperpolarização ocorre quando uma célula recebe um estímulo inibitório, nesse
caso íon K+ sai da célula enquanto o íon Cl- entra, tornando o meio intracelular mais negativo
que o meio extracelular e, consequentemente, inibindo a propagação do potencial de ação. Nessa
condição, o potencial de membrana pode chegar até -90mV.
1.4. Sinapses
Por meio das sinapses, um neurônio envia mensagens (impulsos nervosos) para centenas
ou até milhares de neurônios diferentes. As sinapses podem ser classificadas como químicas
ou elétricas. O sinal que será emitido do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico é o que
determinará o tipo de sinapse.
Na sinapse química um neurônio se comunica com outro(s) neurônio(s) por meio
de mediadores químicos, denominados neurotransmissores (NT), neuromoduladores e/ou
neurohormônios, sendo o NT o mais comum deles (Quadro 1). A sinapse química pode ser
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
subdivida em:
• Inibitória;
• Excitatória.
WWW.UNINGA.BR 30
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 5 - Ilustração de uma neurotransmissão no sistema nervoso central. Fonte: Wikipedia (2019f).
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
É importante mencionar que a identificação dos NTs proporcionou uma melhor
compreensão da fisiologia e fisiopatologia de várias patologias. Além disso, essa descoberta
também trouxe avanços no que diz respeito à intervenção terapêutica.
Todas as substâncias químicas consideradas NTs estão listadas no Quadro 1. A seguir
abordaremos os NTs que mais possuem aplicação terapêutica na prática clínica.
WWW.UNINGA.BR 31
ENSINO A DISTÂNCIA
1.5.1.1. Monoaminas
1.5.1.1.1. Noradrenalina
Os neurônios noradrenérgicos estão localizados em uma estrutura do tronco encefálico
denominada locus coeruleus ou na área tegmental lateral da formação reticular.
A noradrenalina se liga a receptores metabotrópicos, do tipo α ou β. O receptor α2 é um
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
importante alvo terapêutico para o tratamento dos transtornos efetivos. Esse receptor se encontra
no terminal axônico de neurônios pré-sinápticos e é um receptor inibitório, isto é, quando ativado
aumenta a condutância de K+, hiperpolarizando-o.
1.5.1.1.2. Dopamina
As principais vias dopaminérgicas se originam na substância negra e seguem para o
estriado, área tegmental ventral e estruturas límbicas.
A dopamina se liga a receptores metabotrópicos (D1-D5), que podem ser inibitórios
ou excitatórios. Fármacos que interagem com esses receptores no SNC são utilizados para o
tratamento da doença de Parkinson, esquizofrenia e adicção.
WWW.UNINGA.BR 32
ENSINO A DISTÂNCIA
1.5.2. Aminoácidos
• Ácido gama-aminobutírico (GABA)
Trata-se de um NT inibitório do SNC, se liga a receptores GABAA (ionotrópicos) e GABAB
(metabotrópicos).
Fármacos que interagem com esses receptores são utilizados na prática clínica como
ansiolíticos, anticonvulsivantes e anestésicos.
1.5.3. Glutamato
A neurotransmissão excitatória do SNC é mediada pelo NT glutamato. Esse aminoácido,
quando liberado na fenda sináptica, pode se ligar a três tipos de receptores ionotrópicos diferentes
(NMDA, AMPA e kainato) e uma classe de receptores metabotrópicos, conhecida como mGLU.
Curiosamente, todos esses receptores apresentam subtipos de receptores.
Fármacos que alteram a neurotransmissão glutamatérgica são utilizados para o tratamento
da epilepsia e da doença de Alzheimer (DA).
1.5.4. Outros
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
Os endocanabinoides e os neurotransmissores gasosos (óxido nítrico e monóxido de
carbono) não são considerados NTs convencionais, pois não são armazenadas em vesículas
sinápticas e executam mecanismo de sinalização retrógrada, isto é, podem transmitir mensagens
do neurônio pós-sináptico para o neurônio pré-sináptico. Ademais, os NTs gasosos podem
atravessar a membrana celular e agir diretamente nas moléculas dentro da célula.
Mediante a tudo que foi abordado, já pararam para pensar por que tantos tipos e
subtipos de receptores e diferentes mecanismos de sinalização? A resposta para
esse pergunta, não está totalmente esclarecida, porém baseado nos avanços da
neurociência já é possível afirmar, que o efeito final de toda a ativação dessa ma-
quinaria sempre será a soma dos efeitos. E ainda, que todos esses mecanismos
diferentes corroboram para homeostase do organismo.
WWW.UNINGA.BR 33
ENSINO A DISTÂNCIA
2 - ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS
2.1. Ansiedade
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, a ansiedade é caracterizada por uma
tensão, apreensão e/ou desconforto, que se origina de perigos ameaçadores ou não.
A distinção entre a “ansiedade fisiológica” e a “ansiedade patológica” não é algo claro nem
fácil de fazer. Existe, porém, um consenso geral: que a ansiedade é considerada patológica a partir
do momento em que ela influencia e/ou prejudica as tarefas do dia a dia.
Embora o sentimento de medo e de preocupação sejam as duas principais características
dos transtornos ansiosos, outras manifestações clínicas podem surgir em decorrência desses
sentimentos:
• Taquicardia;
• Fadiga;
• Dificuldade de concentração;
• Tontura/boca seca;
• Agitação;
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
• Tensão muscular;
• Sudorese;
• Distúrbios do sono;
• Irritabilidade;
• Compulsões (Figura 6).
WWW.UNINGA.BR 34
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
parecem ter suas origens em decorrência dos eventos estressantes da vida.
No que tange o estudo dos neurotransmissores, é sabido que a serotonina (5-HT) é
uma substância importantíssima no estudo neuroquímico da ansiedade. Pois foi demonstrado
que tanto o bloqueio de seus receptores, quanto o bloqueio da sua síntese, produzem efeitos
ansiolíticos. Isso acontece porque a 5-HT exerce um papel dual na regulação da ansiedade –
ansiogênico na amígdala e ansiolítico na substância cinzenta periaquedutal dorsal (SCPD). Sendo
assim, fármacos que interagem com esse neurotransmissor podem ser úteis para o tratamento
dos transtornos ansiosos.
Outro neurotransmissor extremamente importante na fisiopatologia da ansiedade é o
ácido gama-aminobutírico (GABA), como vimos anteriormente, o principal neurotransmissor
inibitório do SNC. Drogas que se ligam a receptores gabaérgicos reduzem a ansiedade, pois agem
suprimindo a atividade dos circuitos cerebrais utilizados na resposta ao estresse.
É importante mencionar, que o receptor GABAA é uma estrutura pentamérica composta
de cinco subunidades, selecionada a partir de múltiplas classes polipeptídicas (α, β, δ, γ, κ, ε,
ρ). Uma isoforma importante desse receptor na fisiopatologia da ansiedade consiste em 2
subunidades α1, duas subunidades β2 e uma subunidade γ2 (Figura 7).
WWW.UNINGA.BR 35
ENSINO A DISTÂNCIA
2.1.3.2. Fármacos
Usualmente esses fármacos são administrados por via oral, podendo também ser
administrados por via endovenosa, em ambiente hospitalar (pre-anestesia). Possuem boa
absorção, com pico de concentração plasmática em torno de 1h e sofrem efeito de primeira
passagem se tornando em metabólitos mais ativos, isso explica o fato de muito deles apresentarem
longos tempos de meia-vida. São rotineiramente excretados na urina.
Os principais efeitos colaterais dos BZDs são:
- Sonolência;
- Coordenação motora prejudicada;
- Amnésia;
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
- Confusão mental.
WWW.UNINGA.BR 36
ENSINO A DISTÂNCIA
2.1.4. Barbitúricos
Foram os primeiros fármacos ansiolíticos e hipnóticos comercializados. Atualmente,
devido ao baixo índice terapêuticos e o potencial de causar dependência, são utilizados somente
como anestésicos gerais.
As principais ações farmacológicas desses fármacos são:
- Redução da ansiedade.
- Sedação e indução do sono (anestesia).
- Anticonvulsivante.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
Ligam-se ao receptor GABAA em um sítio diferente dos BZDs, aumentando a atividade
do GABA e potencializam a transmissão gabaérgica.
Diferentemente dos BZDs, são capazes de abrir o canal de cloreto, facilitando a duração
de tempo que o canal de Cl- permanece aberto.
2.1.4.2. Fármacos
São classificados de acordo com a duração do efeito terapêutico, por exemplo:
2.1.5. Drogas Z
São os fármacos mais indicados para o transtorno do sono.
WWW.UNINGA.BR 37
ENSINO A DISTÂNCIA
2.1.5.2. Fármacos
- Zalepron: início de ação rápido e duração curta, apresenta meia-vida plasmática de 1h.
Indicado para pacientes com dificuldade de iniciar sono.
- Zolpidem: ação relativamente curta, apresenta meia-vida plasmática de 1.5 – 3h.
Indicado para pacientes com dificuldade de iniciar sono.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
Figura 7 - Ilustração do receptor GABAA. Fonte: Katzung et al. (2013).
2.1.6. Buspirona
Em contraste com os outros ansiolíticos apresentados até então, a buspirona altera a
neurotransmissão serotoninérgica, sendo um agonista parcial do receptor 5HT1A.
WWW.UNINGA.BR 38
ENSINO A DISTÂNCIA
A principal desvantagem desse fármaco está relacionada ao seu início ação, uma vez que
ele pode demorar dias ou até semanas para começar a produzir efeito ansiolítico.
Os demais fármacos que interferem com a neurotransmissão serotoninérgica (conhecidos
como antidepressivos), utilizados no tratamento dos transtornos ansiosos serão discutidos na
Unidade III.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
Comportamentos de hiperatividade, impulsividade e desatenção são as principais
manifestações clínica do paciente com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
(TDAH).
O TDAH é uma patologia com prevalência maior em crianças e adolescentes, e suas
causas ainda são totalmente conhecidas. Pesquisadores identificaram que pré-disposição genética
pode desencadear distúrbios nas vias da noradrenalina e dopamina no córtex frontal e gânglios
basais, e dar origem a sintomas muito semelhantes aos do TDAH. Além disso, fatores ambientais
(exposição a substâncias tóxicas) e/ou psicossociais (condição socioeconômica, família numerosa,
criminalidade paterna) também podem ser causa primária do TDAH.
1. Incapacidade frequente em fixar atenção em detalhes ou erros por descuido nas tarefas
escolares e outras atividades;
2. Dificuldades frequentes em manter a atenção em tarefas e atividades lúdicas;
3. Parecer não ouvir com frequência ao participar de conversas diretas;
Não seguir instruções com frequência e não conseguir finalizar tarefas;
4. Dificuldade frequente de organizar tarefas e atividades;
5. Evitar, não gostar ou relutar em desenvolver tarefas que exijam manutenção de esforço
mental;
6. Perder coisas necessárias às tarefas frequentemente;
7. Ser facilmente distraído por estímulos externos;
8. Mostrar-se esquecido durante as atividades.
WWW.UNINGA.BR 39
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
• Insônia;
• Perda de Apetite;
• Cefaleia;
• Xerostomia;
• Ansiedade;
• Psicose aguda;
• Risco de dependência.
Uma revisão interessante sobre o uso abusivo de ritalina pode ser visualizada em:
Ritalina sem prescrição | Drauzio Comenta.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fPplwRuHHmI>. Acesso em:
25 jan. 2019.
WWW.UNINGA.BR 40
ENSINO A DISTÂNCIA
3.3. Atomoxetina
Trata-se de um potente inibidor da captura de noradrenalina, indicado para o tratamento
do TDAH.
Insônia, cefaleia, perda de apetite, irritabilidade, náuseas e xerostomia são os principais
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 2
efeitos adversos da atomoxetina.
3.4. Modafinila
A modafinila é indicada para pacientes adultos com TDAH. Seu efeito terapêutico se
deve à inibição da captura de monoaminas.
Não deve ser utilizada para uso pediátrico.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade foram abordados tópicos relacionados a anatomia e a fisiologia do sistema
nervoso central (SNC). Vimos as principais características dos neurônios (células funcionantes
do SNC) e compreendemos de que maneira eles atuam para comandar as mais diversas atividades
do organismo.
Ainda neste contexto, estudamos os principais fármacos utilizados para o tratamento dos
transtornos ansiosos e do déficit de ação com hiperatividade.
WWW.UNINGA.BR 41
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
PSICOFARMACOLOGIA
TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS DA
DEPRESSÃO, TRANSTORNO BIPOLAR,
E DA PSICOSE E ESQUIZOFRENIA
PROF.A DRA. VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 44
1 - DEPRESSÃO E ANTIDEPRESSIVOS.................................................................................................................... 45
1.1. DEPRESSÃO......................................................................................................................................................... 45
1.2. ANTIDEPRESSIVOS............................................................................................................................................ 46
1.2.1. INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE (IMAO)............................................................................................. 47
1.2.2. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (ADT)...................................................................................................... 47
1.2.3. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRS)........................................................ 48
1.2.4. ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS....................................................................................................................... 49
1.2.4.1. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA E DA NORADRENALINA (ISRSN)......... 50
1.2.4.2. BUPROPIONA............................................................................................................................................... 50
1.2.4.3. TRAZODONA E NEFAZODONA..................................................................................................................... 50
WWW.UNINGA.BR 42
2 - TRANSTORNO BIPOLAR E ESTABILIZADORES DO HUMOR............................................................................51
2.1. TRANSTORNO BIPOLAR.....................................................................................................................................51
2.2. LÍTIO: ESTABILIZADOR DE HUMOR CLÁSSICO.............................................................................................. 52
2.3. ANTICONVULSIVANTES COMO ESTABILIZADORES DO HUMOR................................................................. 53
3 - PSICOSE E ANTIPSICÓTICOS............................................................................................................................ 54
3.1. PSICOSE E ESQUIZOFRENIA............................................................................................................................. 54
3.2. ANTIPSICÓTICOS............................................................................................................................................... 56
3.2.1. ANTIPSICÓTICOS CONVENCIONAIS (TÍPICOS).......................................................................................... 57
3.2.2. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS.......................................................................................................................... 59
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................... 60
WWW.UNINGA.BR 43
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Bem-vindo a nossa Unidade III da disciplina Psicofarmacologia!
Nesta unidade iniciaremos o estudo dos principais grupos farmacológicos utilizados no
tratamento medicamentoso dos transtornos mentais. Para tanto, detalhes da fisiopatologia dos
transtornos estudados serão apresentados, o que embasará o uso de fármacos para o tratamento
das doenças em questão.
Desejamos a você ótimos momentos de estudo e aprendizado e, para que possa aproveitar
ao máximo o conteúdo deste material, não deixe de conferir também os materiais complementares,
participar dos fóruns e ficar atento a todas as orientações da equipe que o acompanha.
Bons estudos!
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
WWW.UNINGA.BR 44
ENSINO A DISTÂNCIA
1 - DEPRESSÃO E ANTIDEPRESSIVOS
1.1. Depressão
A depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda
de interesse em atividades que, normalmente, são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de
realizar atividades diárias. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio.
Atualmente, a carga da depressão está em ascensão em todo o mundo e estima-se que
mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com esse transtorno, que representa a
principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para a carga
global de doenças.
Pacientes com depressão, normalmente, apresentam um ou vários dos seguintes sintomas:
• Perda de energia
• Mudanças no apetite
• Alteração do sono (Aumento ou redução)
• Ansiedade
• Perda de concentração
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
• Indecisão
• Inquietude
• Baixa auto estima
• Culpa ou desesperança
• Pensamentos de suicídio ou de causar danos a si mesmas.
WWW.UNINGA.BR 45
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
Figura 1 - O esquema representa: (A) a condição normal do indivíduo. (B) A condição em um quadro de Depressão,
em que há a diminuição da quantidade de monoaminas (representadas, aqui, pelas bolas azuis). (C) O círculo em
azul representa a redução da metabolização das monoaminas presentes e o aumento na quantidade restabelecendo
à quantidade normais. Em resumo, a ação dos antidepressivos. Fonte: Suman (on-line).
1.2. Antidepressivos
Os antidepressivos são os fármacos de escolha para o combate à depressão, podendo ser
usados isoladamente ou em associação, para se obter uma recuperação mais rápida e eficaz. Existem
várias classes de antidepressivos que, embora possuam estruturas químicas e mecanismos de ação
diferentes, promovem o aumento dos neurotransmissores na fenda sináptica, particularmente o
aumento da noradrenalina e da serotonina.
WWW.UNINGA.BR 46
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
as monoaminas escapem da degradação e, consequentemente, tanto se acumulem dentro do
neurônio pré-sináptico como extravasem para a fenda sináptica. Isto causa ativação de receptores
de noradrenalina e serotonina e pode ser responsável pelos efeitos antidepressivos desses fármacos.
Os principais fármacos representantes da classe dos IMAOs são a tranilcipromina,
moclobemida e fenelzina.
Os IMAO são classificados de acordo com sua seletividade, podendo ser seletivo da
MAO-A; seletivo da MAO-B (degradação seletiva da dopamina); ou não seletivos (capazes de
inibir MAO-A e MAO-B). Os inibidores da MAO não seletivos (tipo A e B) e os inibidores que
inibem reversivelmente a MAO-A são os que, de fato, têm ação antidepressiva.
As principais reações adversas dos medicamentos desta classe incluem: agitação, insônia,
convulsões, alucinações, vertigens, náuseas, cefaleia, tremores, frio, hipertensão, turvação visual,
disúria e constipação, ganho de peso e distúrbios sexuais.
Quanto às interações medicamentosas observadas em pacientes, a maior preocupação é de
que, em uso desses fármacos, seja desenvolvida uma crise hipertensiva após consumir alimentos
ricos em tiramina (exemplo: queijo, cerveja, vinho, defumados, café, frutas cítricas, enlatados).
Durante o uso de IMAO, a tiramina terá sua metabolização diminuída, e seu “acumulo” pode
provocar o aumento da pressão arterial, situação conhecida como “reação do queijo”. Se associados
com outro antidepressivo capaz de aumentar os níveis de serotonina – serotoninérgicos – pode
desencadear síndrome serotoninérgica, quando o paciente irá apresentar delírios, tremores e
hiperreflexia.
WWW.UNINGA.BR 47
ENSINO A DISTÂNCIA
O mecanismo de ação dos fármacos desta classe se dá pela inibição da recaptação da 5HT
e NE, por meio do bloqueio das bombas de recaptação destes neurotransmissores que, assim,
ficam aumentados na fenda sináptica. Esses agentes também podem afetar a recaptação da DA,
porém, em proporção muito menor.
Figura 2 - Mecanismo de ação dos antidepressivos tricíclicos. Inibição da bomba de recaptação de serotonina (a) e
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
de dopamina (b). Fonte: adaptado de Stahl (2013).
WWW.UNINGA.BR 48
ENSINO A DISTÂNCIA
(a) (b)
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
Figura 3 - Antidepressivo inibidor seletivo da recaptação de serotonina (a), e representação de seu mecanismo de
ação (b). Fonte: adaptado de Stahl (2013).
As indicações clínicas para o uso dos ISRS vão além do tratamento da depressão,
abrangendo transtornos de ansiedade, transtorno disfórico pré-menstrual, transtornos
alimentares, entre outros.
Os efeitos adversos observados durante o tratamento com os fármacos desta classe são
menos graves que os observados com os IMAOs e ADT. Os mais frequentes são as cefaleias,
a disfunção sexual e sintomas gastrointestinais, que podem surgir também como sintomas da
descontinuação do tratamento.
Quanto às interações medicamentosas, o efeito mais grave observado é síndrome
serotoninérgica, pode ocorrer com a administração simultânea de um ISRS e de um IMAO
(citado no item 1.2.1).
WWW.UNINGA.BR 49
ENSINO A DISTÂNCIA
1.2.4.2. Bupropiona
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
O mecanismo de ação da bupropiona ainda é controverso, mas a principal hipótese
sustenta que ela atua na inibição da recaptação de noradrenalina e de dopamina.
Além de atur como antidepressivo, ainda apresenta eficácia comprovada no tratamento
da dependência de nicotina, sendo capaz de reduzir a “fissura”, sem provocar uso abusivo. Outra
característica deste fármaco é não causar disfunção sexual, como ocorre frequentemente com
fármacos que inibem a recaptação de serotonina (exemplo: ADT, ISRS e ISRSN), sendo uma
opção para pacientes que não toleram os efeitos adversos destes medicamentos.
Os efeitos adversos mais comuns com o uso de bupropiona incluem cefaleias, sonolência,
insónia, agitação, diarreia, náuseas, entre outros.
WWW.UNINGA.BR 50
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
hipomania, de forma isolada ou mista, com grande morbidade e mortalidade.
O transtorno bipolar é caracterizado por quatro episódios de doença:
Os “outros sintomas” citados, podem ser consultados com detalhes no Manual Diagnóstico
e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição – DSM-5.
Por vezes, o paciente poderá ter apenas alguns sintomas em vez de um episódio
propriamente dito.
O paciente bipolar pode, ainda, estar eutímico. A eutimia é definida como a remissão
dos sintomas, entretanto, idealmente, seria o período no qual o paciente não, apenas, estaria sem
sintomas, mas (re)integrado funcionalmente a suas atividades de rotina.
A causa efetiva do transtorno bipolar ainda não foi esclarecida, porém, sabe-se que fatores
genéticos, alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores estão
envolvidos. Também já ficou demonstrado que alguns eventos podem precipitar a manifestação
desse distúrbio do humor nas pessoas geneticamente predispostas.
WWW.UNINGA.BR 51
ENSINO A DISTÂNCIA
Entre eles destacam-se: episódios frequentes de depressão ou início precoce dessas crises,
puerpério, estresse prolongado, remédios inibidores do apetite (anorexígenos e anfetaminas) e
disfunções da tireoide, como o hipertireoidismo e o hipotireoidismo (Figura 4).
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
Figura 4 - Modelo Integrado dos Transtornos de Humor. Fonte: Barlow (2008).
WWW.UNINGA.BR 52
ENSINO A DISTÂNCIA
O mecanismo de ação do lítio ainda não está bem esclarecido, porém, existem vários
mecanismos possíveis. Ele pode atuar na transdução de sinais, talvez pela inibição de enzimas que
são segundos mensageiros, da modulação das proteínas G ou da interação em diversos locais em
cascatas de transdução de sinais corrente abaixo. Atualmente, as prescrições de lítios, geralmente,
indicam doses baixas e de apenas uma administração ao dia.
Apesar de ser eficaz em torno de 70% a 80% dos pacientes bipolares, a monoterapia
dificilmente é empregada devido à demora no seu início de ação, mas, mesmo assim, é o
medicamento de primeira escolha.
A associação de lítio com antidepressivos e anticonvulsivantes tem demonstrado maior
eficácia para prevenir recaídas. No entanto, os antidepressivos devem ser utilizados com cuidado,
porque podem provocar uma guinada rápida da depressão para a euforia ou acelerar a incidência
das crises.
Os principais efeitos adversos do lítio consistem em sintomas gastrointestinais como
dispepsia, náusea, vômito e diarreia, bem como ganho de peso, queda de cabelo, acne e prejuízo
na cognição e na coordenação motora. Também são observados efeitos adversos a longo prazo,
sobre a tireoide e os rins. Por se tratar de um fármaco de baixo índice terapêutico, a dose escolhida
costuma ser a menor dose efetiva possível. Seus níveis plasmáticos devem ser monitorados pela
realização de exames de sangue para determinar sua concentração plasmática (litemia).
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
O valproato ou o divalproato (um composto contendo iguais proporções de ácido valpróico
e valproato de sódio) têm sido amplamente utilizados, nos últimos anos, para o tratamento do
transtorno bipolar. Existem estudos controlados mostrando sua eficácia no tratamento da mania
aguda; há também dados indicando que o valproato pode ser mais eficaz do que o lítio para a
mania mista e para os cicladores rápidos.
Efeitos colaterais comuns do valproato incluem: sedação; perturbações gastrointestinais;
náusea; vômitos; diarreia e tremores. Leucopenia (diminuição do número de leucócitos, que são as
células de defesa do sangue) assintomática e trombocitopenia (baixa quantidade de plaquetas no
sangue) podem ocorrer. Outros efeitos incluem: queda de cabelo (às vezes acentuada) e aumento
do peso e do apetite. Em alguns casos, a leucopenia pode ser severa e acarretar a interrupção do
tratamento.
Outro fármaco desta classe utilizado no tratamento do transtorno bipolar é a
carbamazepina. Vários estudos sugerem taxa de resposta em torno de 60% para quadros de mania
aguda, além de eficácia na profilaxia da doença bipolar. A limitação de seu uso se dá devido a
sua atividade indutora de enzimas hepáticas. Assim, a carbamazepina induz ao aumento de seu
próprio metabolismo, suas doses devem ser ajustadas depois de algum tempo, para que os níveis
no sangue sejam mantidos. Além disso, vale lembrar que a indução de enzimas hepáticas também
reduz os níveis de várias outras substâncias (como os hormônios tiroidianos); medicamentos,
como os anticoncepcionais, devem ter suas doses reajustadas, em acordo com o ginecologista,
sob risco de gravidez não planejada.
Os efeitos colaterais mais frequentes da carbamazepina são: diplopia, visão borrada,
fadiga, náusea e ataxia. Esses efeitos, geralmente, são transitórios, melhorando com o tempo e/
ou com a redução da dose. Menos frequentemente observam-se “rash” cutâneo, leucopenia leve,
trombocitopenia leve, hipo-osmolaridade e leve elevação das enzimas hepáticas (em 5% a 15%
dos pacientes).
WWW.UNINGA.BR 53
ENSINO A DISTÂNCIA
Caso os níveis da leucopenia e a elevação das enzimas hepáticas se agravem, a CBZ deve
ser interrompida. A hiponatremia deve-se à retenção de água devido ao efeito antidiurético da
CBZ, mais comum nos idosos; às vezes, a hiponatremia leva à necessidade de interromper o uso
desse medicamento. A CBZ pode diminuir os níveis de tiroxina e elevar os níveis do cortisol. No
entanto, raramente esses efeitos são clinicamente significativos. Efeitos raros, mas potencialmente
fatais, incluem: agranulocitose, anemia aplásica, dermatite esfoliativa (por exemplo, Stevens-
Johnson) e pancreatite.
Outros anticonvulsivantes têm sido testados no transtorno bipolar, como a oxcarbazepina,
a lamotrigina, a gabapentina e o topiramato, porém, ainda não existem muitos estudos controlados
com esses medicamentos, o que faz com que sejam empregados com cautela e para casos resistentes
aos tratamentos já estabelecidos.
Além dos tratamentos farmacológicos citados, a eletroconvulsoterapia conserva lugar
de destaque no tratamento dos casos resistentes, mostrando ação antidepressiva, antimaníaca e
estabilizadora do humor.
3 - PSICOSE E ANTIPSICÓTICOS
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
A psicose é uma síndrome que pode ser associada a diversos transtornos mentais.
De maneira simples, observamos que, durante a psicose, o indivíduo apresenta delírios e/ou
alucinações. Pode ainda envolver comportamentos e discurso desorganizados. Assim, a psicose
pode ser considerada um conjunto de sintomas nos quais a capacidade mental, a resposta afetiva
e a capacidade do indivíduo de reconhecer a realidade, de se comunicar e de se portar estão
comprometidas.
Esta síndrome constitui característica definidora para diagnóstico de transtornos
psicóticos, como esquizofrenia, por exemplo; mas, também, pode estar presente em quadros de
mania, depressão e transtornos cognitivos, como na Doença de Alzheimer.
Assim, fica claro que nem toda psicose é esquizofrenia. Para ser diagnosticado com
esquizofrenia o paciente deve apresentar, por aproximadamente 6 meses, os sintomas positivos e
negativos, que descreveremos a seguir.
Sintomas positivos:
• Alucinações
• Distorções ou exageros da linguagem e da comunicação
• Fala desorganizada
• Comportamento desorganizado
• Catatônico
• Agitação
WWW.UNINGA.BR 54
ENSINO A DISTÂNCIA
Sintomas negativos:
• Alogia (diminuição da fluência da fala)
• Anedonia (redução da capacidade de sentir prazer)
• Avolição (diminuição do comportamento orientado para metas)
• Embotamento afetivo (diminuição na gama ou intensidade de expressão emocional)
• Passividade
• Prejuízo na atenção
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
antipsicóticos.
Existem cinco grandes vias dopaminérgicas no encéfalo (Figura 5):
WWW.UNINGA.BR 55
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
A causa da esquizofrenia ainda é desconhecida, porém acredita-se que exista um
forte componente hereditário, com a participação de muitos genes, além de um fator
ambiental (epigenético) que favorece o desequilíbrio na atividade dopaminérgica cerebral e,
consequentemente, no desenvolvimento da doença mental.
Em geral, o acompanhamento do paciente esquizofrênico requer o envolvimento
de uma equipe multidisciplinar, cuja finalidade é melhorar a qualidade de vida do paciente,
diminuindo seus sintomas psicóticos, prevenindo recaídas e, sempre que possível, evitando a
institucionalização. Entretanto, nos momentos de crise, se necessário, deve-se considerar uma
internação como medida protetora.
O tratamento sintomático da esquizofrenia, bem como das demais psicoses, requer a
retirada do agente desencadeante, quando possível (exemplo: interrupção do uso da substância
causadora, no caso de psicoses induzidas por drogas de abuso), e o uso de agente farmacológicos
conhecidos como antipsicóticos.
3.2. Antipsicóticos
Os antipsicóticos são os medicamentos mais comumente prescritos para o tratamento da
esquizofrenia. São utilizados para controlar os sintomas, agindo diretamente sobre a desregulação
dos neurotransmissores.
A escolha do fármaco dependerá da condição do paciente em cooperar com o tratamento,
fazendo a autoadministração de comprimidos ou gotas corretamente; ou da rede de apoio
familiar, auxiliando na administração do medicamento. Caso seja resistente a tomar a medicação
oral, pode ser necessário a indicação de formas injetáveis de efeito prolongado, administrada por
profissional de saúde capacitado.
WWW.UNINGA.BR 56
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
flufenazina, pimozina, clorpromazina, tioridazina, trifluoperazina e levomepromazina.
O mecanismo de ação geral dos representantes desta classe, como já citado, para um de
seus representantes (clorpromazina), se dá pelo bloqueio dos receptores de dopamina D2. Este
bloqueio, quando exercido sobre a via mesolímbica, diminui a hiperatividade dopaminérgica,
sendo responsável pelo controle dos sintomas positivos, o que resulta em seu efeito antipsicótico
(Figura 6).
Figura 6 - Mecanismo de ação dos antipsicóticos convencionais. Fonte: adaptado de Stahl (2013).
WWW.UNINGA.BR 57
ENSINO A DISTÂNCIA
• Via mesolímbica - Apesar de ser responsável pelo efeito terapêutico, bloqueio excessivo
de receptores D2, nesta via também provoca a anedonia e falta de motivação, pois a
atividade dopaminérgica nesta região é responsável pela sensação se prazer, que também
acaba sendo “bloqueada” com o uso destes fármacos. Assim, o quadro que o paciente irá
apresentar se assemelha muito aos próprios sintomas negativos da esquizofrenia que, se
já estiverem presentes, poderão ser agravados.
• Via mesocortical - O bloqueio dos receptores D2 nesta via também contribui para
o agravamento dos sintomas negativos, pois, nesta região, a DA já está deficiente no
paciente esquizofrênico.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
distúrbios de movimento, que podem se assemelhar muito aos da doença de Parkinson
(parkinsonismo induzido por fármaco). Estes efeitos colaterais também são chamados de
sintomas extrapiramidais ou SEP. Quando este bloqueio ocorre de forma constante, após
a administração prolongada de fármacos desta classe, pode ocorrer um grave distúrbio
de movimento hipercinético, conhecido como discinesia tardia, que inclui movimento
faciais, da língua e de membros, possivelmente mediado por alterações irreversíveis nos
receptores D2 desta via.
O efeito dos antipsicóticos convencionais sobre esta via ainda pode causar uma complicação
rara e potencialmente fatal, denominada “síndrome neuroléptica maligna”, caracterizada pela
ocorrência de rigidez muscular extrema, febre alta, podendo evoluir para coma e morte se não
tratada a tempo.
WWW.UNINGA.BR 58
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
olanzapina, quetiapina, ziprasidona, sulpirida e aripiprazol.
O mecanismo de ação dos antipsicóticos desta classe apresentam como características
diferenciais uma menor afinidade pelo receptor D2 e maior afinidade pelos receptores de
serotonina do tipo 5-HT2. O efeito sobre D2 também se dá pelo bloqueio destes receptores, porém
com menos intensidade, comparado ao realizado pelos antipsicóticos típicos. Já a serotonina,
está relacionada às funções cognitivas e à manutenção do humor. Assim, a ação destes fármacos
(menor bloqueio D2 e maior bloqueio 5HT-2) melhora tanto os sintomas positivos, quanto os
sintomas negativos, típicos da esquizofrenia.
Estes também demonstram menor propensão para provocar efeitos colaterais
como hipotensão e efeitos anticolinérgicos (boca seca, constipação intestinal e visão turva),
provavelmente devido à sua menor afinidade pelos receptores adrenérgicos e colinérgicos,
respectivamente.
Por serem mais seguros em termos de efeitos colaterais neurológicos, existe um consenso
crescente de que esta classe de medicação seja utilizada como primeira escolha no tratamento da
esquizofrenia e deve ser a primeira escolha para pacientes de primeiro episódio psicótico.
No entanto, os antipsicóticos de segunda geração estão relacionados a alguns riscos,
como alterações no metabolismo de lipídeos, distúrbios de utilização de glicose e ganho de peso
que, apesar de também serem conhecidos em antipsicóticos convencionais, podem ser mais
pronunciados com o uso dos atípicos.
Por fim, atenção maior deve ser dada aos pacientes em uso de clozapina, pois, apesar
da sua eficácia, esta pode induzir agranulocitose, alteração que ocorre no sangue por conta
da neutropenia e leucopenia, podendo ser fatal. Por este motivo, estes pacientes devem ser
submetidos a monitoração hematológica (exames de sangue – hemograma completo) periódica,
para investigação de agranulocitose associada ao uso deste antipsicótico.
WWW.UNINGA.BR 59
ENSINO A DISTÂNCIA
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim desta unidade pudemos compreender a sintomatologia e a fisiopatologia
envolvida na depressão, transtorno bipolar e psicóticos e esquizofrenia. O conhecimento das
bases biológicas destas doenças permite um melhor entendimento do mecanismo de ação dos
principais medicamentos utilizados para o tratamento destes transtornos.
Ainda pudemos conhecer detalhadamente as diversas classes farmacológicas disponíveis
para tratar cada condição, bem como suas indicações, mecanismos de ações e efeitos adversos.
Não se esqueça, em caso de dúvidas não deixe de contatar o nosso pessoal. Estaremos
prontos para atendê-lo!
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 3
WWW.UNINGA.BR 60
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
PSICOFARMACOLOGIA
TRATAMENTO DA DEMÊNCIA E
FARMACOLOGIA DAS DROGAS DE ABUSO
PROF.A DRA. VIVIAN TACIANY BONASSOLI SHIMA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 63
1 - DEMÊNCIA E SEU TRATAMENTO....................................................................................................................... 64
1.1. DEMÊNCIA........................................................................................................................................................... 64
1.1.1. DOENÇA DE ALZHEIMER ................................................................................................................................ 65
1.1.2. DEMÊNCIA VASCULAR.................................................................................................................................... 66
1.2. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA DEMÊNCIA........................................................................................... 66
1.2.1. INIBIDORES DA COLINESTERASE................................................................................................................. 66
1.2.2. TRATAMENTO PARA OS SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS E COMPORTAMENTAIS DA DEMÊNCIA............ 66
2 - FARMACOLOGIA DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA................................................................................................ 67
2.1. CIRCUITO DA RECOMPENSA............................................................................................................................ 69
2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS DE ABUSO...................................................................................................... 70
WWW.UNINGA.BR 61
2.2.1. DROGAS DEPRESSORAS .........................................................................................................................................70
2.2.2. DROGAS ESTIMULANTES......................................................................................................................................... 71
2.2.3. DROGAS PERTURBADORAS..................................................................................................................................... 71
2.3. DROGAS LÍCITAS.................................................................................................................................................71
2.3.1. ÁLCOOL..............................................................................................................................................................71
2.3.2. NICOTINA........................................................................................................................................................ 73
2.4. DROGAS ILÍCITAS.............................................................................................................................................. 75
2.4.1. MACONHA........................................................................................................................................................ 75
2.4.2. COCAÍNA ......................................................................................................................................................... 76
2.4.3. ECSTASY...........................................................................................................................................................77
2.4.4. LSD................................................................................................................................................................... 78
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................... 78
WWW.UNINGA.BR 62
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Bem-vindo a nossa Unidade IV da disciplina de Psicofarmacologia!
Nesta unidade vamos estudar os tratamentos farmacológicos de dois transtornos bem
relevantes na atualidade. Iniciaremos com a apresentação dos fármacos para tratamento da
demência, condição frequente na população idosa, que vem crescendo a cada dia, pelo aumento
da expectativa de via. E, posteriormente, vamos abordar a fisiopatologia da dependência
química, bem como o mecanismo de ação das drogas de abuso, citando ainda os tratamentos
farmacológicos disponíveis para tratar a dependência e/ou abstinência de cada substância.
Desejamos a você ótimos momentos de estudo e aprendizado e, para que possa aproveitar
ao máximo o conteúdo deste material, não deixe de acessar os materiais complementares
sugeridos, participar dos fóruns e ficar atento a todas as orientações da equipe que o acompanha.
Bons estudos!
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
WWW.UNINGA.BR 63
ENSINO A DISTÂNCIA
1.1. Demência
O esquecimento e a desorientação já foram considerados um processo normal do
envelhecimento. Acreditava-se que tais sintomas seriam inevitáveis, bastando viver tempo
suficiente para experimentá-los.
A demência é caracterizada por declínio cognitivo ou modificações comportamentais
(neuropsiquiátricas) em relação a um nível prévio de desempenho que causa perda da independência
para as atividades de vida diária. O paciente demente apresenta prejuízo da memória (amnésia),
déficits de linguagem (afasia), de função motora (apraxia), de reconhecimento (agnosia) ou de
função executiva, como memória de trabalho e resolução de problemas. Podem ocorrer, ainda,
alterações na personalidade (Tabela 1).
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
Tabela 1 - Funções cerebrais: cérebro normal versus cérebro com demência. Fonte: Steele (2019).
WWW.UNINGA.BR 64
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
novelos neurofibrilares (NFT), perda neuronal e sináptica. Além disso, foi observado que
cérebros de pacientes portadores da doença de Alzheimer mostraram degeneração dos neurônios
colinérgicos (produtores de acetilcolina) e diminuição de marcadores colinérgicos, sendo que as
enzimas colina acetiltransferase e a acetilcolinesterase tiveram sua atividade reduzida no córtex
cerebral de pacientes portadores da doença de Alzheimer.
(a) (b)
Figura 1 - Comparação cérebro normal versus cérebro de paciente com Alzheimer. Visão macroscópica (a), e repre-
sentação das placas amiloides e novelos neurofiblilares (b). Fonte: Clínica Dr. Alexandre Cruzeiro (2016).
WWW.UNINGA.BR 65
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
acetilcolina).
Embora estes fármacos tenham demonstrado eficácia sintomática e redução na progressão
da patologia, costumam produzir melhora em apenas 30 a 40% dos pacientes portadores da
doença de Alzheimer de grau leve a moderado.
Os principais fármacos representantes desta classe são: tacrina, rivastigmina, donepezil,
galantamina.
O mecanismo de ação destes fármacos se dá pela inibição das designadas colinesterases
(acetilcolinesterase e butirilcolinesterase). Estas enzimas destroem a acetilcolina no cérebro e, se
a sua ação for inibida, mais acetilcolina estará disponível para se ligar a seus receptores cerebrais e
realizar a comunicação entre os neurônios, o que, por sua vez, pode, temporariamente, melhorar
ou estabilizar os sintomas da demência.
Desde que foram introduzidos na prática clínica, os medicamentos desta classe constituem
o tratamento sintomático de escolha para a doença de Alzheimer.
Os efeitos adversos destes fármacos são mais comuns quando alguém os toma pela
primeira vez e, na maioria das vezes, diminuem com o tempo. Os efeitos mais comuns são a
diarreia, náuseas, vômitos, cãibras musculares, diminuição da pressão arterial, insônia, fadiga e
perda de apetite.
Fármacos que atuam sobre as placas amiloides estão em fase de estudos e, no momento,
ainda não são utilizados na rotina clínica.
WWW.UNINGA.BR 66
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
2 - FARMACOLOGIA DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
A dependência química constitui um padrão comportamental de uso abusivo de
substância(s), caracterizado pelo envolvimento extremo com a obtenção e uso de seu suprimento,
bem como alta tendência a recaídas após a interrupção do uso.
Em relação aos critérios diagnósticos, há dois códigos internacionais vigentes que
precisam ser conhecidos. O primeiro é a publicação da Organização Mundial de Saúde (OMS),
atualmente na décima edição, denominada de Classificação Internacional de Doenças (CID-
10), que apresenta critérios diagnósticos gerais de uso nocivo e dependência de substâncias. O
segundo é o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, atualmente na quinta edição
(DSM-5), que traz critérios diagnósticos específicos para cada substância.
Segundo o CID-10, o diagnóstico de dependência deve ser feito se três ou mais dos
seguintes critérios são experienciados ou manifestados durante o ano anterior:
4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são
requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas.
WWW.UNINGA.BR 67
ENSINO A DISTÂNCIA
Quanto ao termo tolerância, citado nos critérios, é importante esclarecer que esta
condição pode se manifestar sob diversos aspectos, tais como:
• Tolerância adquirida: não tem relação com fatores genéticos (inatos). Resulta
de adaptações orgânicas (farmacocinética e farmacodinâmica) ou comportamentais
(aprendida), adquiridas após o início de uso da substância de abuso.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
• Farmacocinética: surge quando há aumento da capacidade de metabolizar ou excretar
a droga ao longo do tempo.
WWW.UNINGA.BR 68
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
Gráfico 1 - Relação entre dose administrada e porcentagem de resposta máxima. Fonte: Golan
(2010).
WWW.UNINGA.BR 69
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 2 - Neurônio dopaminérgico da via mesolímbica, que parte da área tegmentar ventral (lado esquerdo da
figura) e inerva o nucleo accumbens (lado direito da figura). Fonte: UFSC (2019).
Hipoteticamente, esta via está hiperativa na psicose, o que medeia os efeitos positivos da
esquizofrenia.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
Mecanismo da Dependência Química no Cérebro.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6hK9PM1uM8U>. Acesso
em: 30 jan. 2019.
WWW.UNINGA.BR 70
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
comercialização autorizada por legislação específica e estão submetidas a certas restrições.
Exemplo: bebidas alcoólicas e nicotina não podem ser vendidas para menores de 18 anos. No
caso de medicamentos, alguns só podem ser adquiridos por meio de prescrição médica especial.
2.3.1. Álcool
O que genericamente chamamos de álcool é, na verdade, etanol (fórmula química:
C2H5OH), encontrado em todas as bebidas com teor alcoólico. Suas propriedades psicotrópicas
são conhecidas desde tempos pré-históricos e, praticamente, todas as culturas têm ou tiveram
alguma experiência com sua utilização. É seguramente a droga psicotrópica de uso e abuso mais
amplamente disseminada em grande número e diversidade de países na atualidade.
Mesmo o álcool sendo uma droga depressora, logo após a ingestão de bebidas alcoólicas
podem surgir efeitos estimulantes, como euforia, desinibição e desembaraço. Porém, com o
passar do tempo e/ou com o aumento da dose, surgem os efeitos depressores, como falta de
coordenação motora, descontrole e sonolência. Quando há o consumo exagerado, o efeito
depressor é exacerbado, podendo, até mesmo, provocar estado de coma.
WWW.UNINGA.BR 71
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
Figura 3 - Equivalência da quantidade de álcool em diferentes bebidas, em termos de dose-padrão. Fonte: UFSC
(2019).
WWW.UNINGA.BR 72
ENSINO A DISTÂNCIA
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
2.3.2. Nicotina
Considerado um dos maiores problemas de saúde pública em diversos países do mundo,
o tabagismo é uma das principais causas potencialmente evitáveis de doenças e morte.
O tabaco é um produto agrícola processado a partir das folhas da planta denominada
Nicotiana tabacum, originária da América do Sul. A composição química do fumo pode
variar conforme o tipo de folhas de tabaco, o modo como são cultivadas, a região de origem,
as características de preparação (compactação, filtro e papel) e as variações de temperatura
resultantes da combustão incompleta do tabaco.
Sabe-se que a fumaça do cigarro contém mais de quatro mil substâncias químicas, muitas
das quais podem contribuir para os efeitos reforçadores positivos do tabaco. Contudo, a maioria
dos estudos demonstra que a nicotina é o principal agente responsável pelo desenvolvimento da
dependência ao tabaco, apesar de não estar necessariamente associada a todos os problemas de
saúde provocados pelo cigarro.
As ações psíquicas da nicotina são complexas, com uma mistura de efeitos estimulantes
e depressores. Menciona-se o aumento da concentração e da atenção, a redução do apetite e a
redução da ansiedade. Muitos fumantes relatam sentir uma sensação de relaxamento após fumar,
mas, na verdade, a nicotina apresenta um efeito estimulante sobre o sistema nervoso central. A
sensação de relaxamento é provocada por uma discreta diminuição no tônus muscular.
Além dos efeitos psíquicos, o tabagismo também está relacionado ao maior risco de
doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e diversas formas de câncer. Seus efeitos sobre
as funções reprodutivas incluem redução da fertilidade, prejuízo do desenvolvimento fetal,
aumento de riscos para gravidez ectópica e aborto espontâneo. Além disso, existem evidências
de que pessoas não fumantes expostas à fumaça de cigarro do ambiente (fumantes passivos) têm
um risco maior de desenvolver as doenças citadas, quando comparados a pessoas não expostas.
WWW.UNINGA.BR 73
ENSINO A DISTÂNCIA
Cada cigarro fumado apresenta uma quantidade de nicotina entre 7 e 9mg, dos
quais pouco mais de 1mg é absorvido pelo fumante. A absorção de nicotina varia
de acordo com a forma de consumo do tabaco. No caso do tabaco curado, utiliza-
do para fazer cachimbos, charutos e as gomas, a nicotina é alcalina, sendo assim,
mais bem absorvida pela mucosa oral. Já a nicotina dos cigarros é mais ácida e,
por isso, praticamente não é absorvida pela mucosa bucal, devendo ser tragada
para que possa ser absorvida pelos pulmões.
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
da dopamina levaria a euforia, o que reforçaria o uso da nicotina (sobretudo, porque os receptores
nicotínicos implicados na ação da nicotina estão localizados na via mesolímbica.
A nicotina induz tolerância e se associa a uma síndrome de abstinência com alterações
do sono, irritabilidade, diminuição da concentração e ansiedade. Além dos efeitos já citados,
a nicotina também atua como agente indutor enzimático, acelerando o metabolismo de
outras drogas (inclusive medicamentos), que podem ter seus efeitos diminuídos. Os fármacos
afetados são: codeína, teofilina, heparina, warfarina, amitriptilina, imipramina, propranolol,
clorpromazina, diazepam, clordiazepóxido e indometacina. Pensando assim, fumantes deveriam
necessitar de doses diferenciadas desses medicamentos para obter o mesmo efeito terapêutico.
O tratamento do tabagismo não é fácil. Acredita-se que a dependência de nicotina comece
com o primeiro cigarro e que a primeira dose mostre sinais de duração de mais de um mês. A
fissura começa em 1 mês de administração repetida.
Um dos primeiros agentes de comprovada eficácia é a própria nicotina, administrada
por uma via diferente, como em forma de goma de mascar, pastilha, adesivos transdérmicos e
inaladores. A liberação de nicotina por estas outras vias não causa reforço, porém, é capaz de
diminuir a fissura.
Outros tratamentos disponíveis incluem a vareniciclina, um agonista de receptores
nicotínicos (colinérgicos), e a bupropiona, inibidor da recaptação de noradrenalina e dopamina,
capaz de reduzir a fissura.
Entre as drogas licitas ainda podemos citar os medicamentos capazes de causar
dependência. Neste grupo destacamos o uso abusivo de fármacos da classe dos benzodiazepínicos
e dos barbitúricos, descritos com detalhes no item sobre ansiolíticos, na Unidade II.
WWW.UNINGA.BR 74
ENSINO A DISTÂNCIA
2.4.1. Maconha
A maconha, cuja planta tem o nome científico de Cannabis sativa, constitui uma droga
(vegetal) que se caracteriza por seu cultivo milenar, é utilizada nos diversos lugares e épocas,
com aplicações na medicina, indústria (confecção de papel, cordas e velas para navios) e, até, em
rituais religiosos.
A maconha contém mais de 400 componentes ativos. Dentre esses, pelo menos 66 são
canabinóides, sendo que o mais bem estudado deles é o Δ9-tetraidrocanabinol (Δ9-THC).
Dependendo da quantidade de Δ9-THC presente na planta, a maconha poderá apresentar
potencial diferente e, com isso, mais ou menos efeitos.
As ações da maconha e de seu agente ativo, o Δ9-THC, sobre os circuitos de recompensa, são
exercidos nos receptores canabinóides, que consistem em locais onde os canabinóides endógenos
são utilizados naturalmente, como neurotransmissores retrógrados. Assim, as preparações de
Cannabis (fumada ou ingerida) liberam canabinóides, que interagem com os receptores de mesmo
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
nome no cérebro, desencadeando a liberação de dopamina pela via mesolímbica de recompensa.
WWW.UNINGA.BR 75
ENSINO A DISTÂNCIA
2.4.2. Cocaína
A cocaína é uma substância natural extraída de plantas da espécie Erythroxylon coca e age
como um estimulante do sistema nervoso central.
Os tipos de preparações contendo esta droga incluem:
• Pasta de Coca: composta por folhas de coca mais solventes orgânicos (exemplo:
querosene ou gasolina combinada ao ácido sulfúrico)
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
• Cocaína em pó: substância em forma de sal, resultado da reação da pasta de coca com
ácido clorídrico. Esta preparação pode ser aspirada ou dissolvida em água e ser usada via
endovenosa. Não pode ser fumada, pois é volátil, ou seja, grande parte de sua forma ativa
é destruída em altas temperaturas. Para ser fumada, o sal de cocaína precisa retornar a
forma de base. Nesse caso o produto resultante será o crack.
• Crack (rock): conhecido como cocaína alcalóide ou base livre, comercializado na forma
de pedras porosas.
WWW.UNINGA.BR 76
ENSINO A DISTÂNCIA
Considerando suas formas de preparação, a cocaína pode ser usada por diferentes vias
de administração, sendo que as principais incluem, via oral, fumada, aspirada ou intranasal
(“cheirada” ou “cafungada”) e endovenosa, injeções subcutâneas ou através da mucosa genital –
na forma de cocaína em pó, dissolvido em água.
A cocaína exerce efeito estimulante por meio do bloqueio da recaptação da dopamina,
serotonina e noradrenalina nas sinapses. Os neurotransmissores, então, estimulam seus receptores
pós-sinápticos de modo mais intenso e prolongado.
Os efeitos experimentados pelos usuários da cocaína incluem sensação intensa de euforia
e poder, estado de excitação; hiperatividade; insônia; falta de apetite; diminuição da sensação de
cansaço. Doses maiores podem provocar irritabilidade, agressividade e até delírios e alucinações,
que caracterizam a “psicose cocaínica”. Também podem ser observados aumento da temperatura
e convulsões, elevação da pressão arterial e taquicardia.
Durante a abstinência da cocaína, os efeitos físicos são brandos (se comparados aos efeitos
da abstinência de outras drogas, como o álcool, por exemplo) e os psíquicos, mais pronunciados.
Infelizmente não há uma abordagem terapêutica que suprima os sintomas de abstinência
como um todo. O alívio de sintomas, como a inquietação, a insônia e outros sintomas na linha
ansiosa e depressiva podem ajudar o paciente.
2.4.3. Ecstasy
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
Ecstasy é o nome popular do 3,4 metilenodioximetanfetamina (MDMA), é uma
anfetamina alucinógena. Originalmente ele foi sintetizado pela indústria farmacêutica com a
finalidade de ser usado como anorexígeno (inibidor do apetite).
O mecanismo de ação do MDMA envolve vários neurotransmissores, causando liberação
de serotonina, dopamina e norepinefrina no sistema nervoso central, os quais estão envolvidos no
controle do humor, termorregulação, sono, apetite e no controle do sistema nervoso autônomo.
Os efeitos estimulantes do MDMA incluem um aumento da frequência cardíaca, aumento
da pressão sanguínea, boca seca, diminuição do apetite, atenção dispersa, elevação do humor e
contratura mandibular.
Tabela 2 - Sintomas da intoxicação aguda, complicações orgânicas e causas de morte associadas ao uso do ecstasy.
Fonte: Xavier et al. (2008).
WWW.UNINGA.BR 77
ENSINO A DISTÂNCIA
2.4.4. LSD
A Dietilamida do Ácido Lisérgico (LSD) é uma substância sintética, porém originada do
fungo Claviceps purpurea. É uma das substâncias mais potentes com ação psicotrópica que se
conhece, sendo que doses de 20 a 50 milionésimos de grama produzem efeitos com duração de
4 a 12 horas.
Os efeitos do uso de LSD são distorções perceptivas (cores, formas e contornos
alterados); fusão de sentidos (por exemplo, a impressão de que os sons adquirem forma ou cor);
perda da discriminação de tempo e espaço (minutos parecem horas ou metros assemelham-
se a quilômetros); alucinações (visuais ou auditivas) podem ser vivenciadas como sensações
agradáveis, mas também podem deixar o usuário extremamente amedrontado; estados de
exaltação e até delírios. Além destes, ainda pode causar manifestações físicas, tais como pupilas
dilatadas, aumento da temperatura do corpo, aumento dos batimentos cardíacos e da pressão
arterial, suores, perda de apetite, falta de sono, boca seca e tremores.
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizamos por aqui a disciplina de Psicofarmacologia. Pudemos conhecer o estudo dos
PSICOFARMACOLOGIA | UNIDADE 4
conceitos fundamentais em farmacologia, também como agem as principais drogas psicotrópicas,
sendo elas de uso terapêutico, como os medicamentos, ou drogas de abuso.
Para melhor aproveitamento do conteúdo, explore todo material complementar e tire
suas dúvidas no chat e com o tutor da disciplina.
Bons estudos!
WWW.UNINGA.BR 78
ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
ALLEN JUNIOR, L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de
liberação de fármacos. Artmed, Porto Alegre, 2007.
BERK, L. Guia para cuidadores de pessoas com transtorno bipolar. São Paulo: Segmento
Farma, 2011.
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional Drogas. Cocaína e crack. Disponível em:
<https://obid.senad.gov.br/nova-arquitetura/dados/drogas-de-a-a-z/cocaina-e-crack>. Acesso
em: 30 jan. 2019.
WWW.UNINGA.BR 79
ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
www.aberta.senad.gov.br/medias/original/201704/20170424-094615-001.pdf>. Acesso em: 30
jan. 2019.
BRICK, V. S.; HOSSNE, W. S.; HOSSNE, R. S. Clinical research on new drugs (Phase I). Profile of
scientific publications: data from the pre-clinical phase and 31 bioethical aspects. Acta Cirúrgica
Brasileira. São Paulo, vol. 23, nº 6, p.531-535, 2008.
BRUCE, M. K.; STANTON, B. A. Berne & Levy Fisiologia. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
DELUCIA, R.; OLIVEIRA-FILHO, R. M.; PLANETA, C. S.; GALLACCI, M.; AVELLAR, M.C.W.,
(Eds). Farmacologia integrada. 3ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2007.
WWW.UNINGA.BR 80
ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
GOLAN, D. E.; TASHJIAN JUNIOR, A. H.; ARMSTRONG, E. J.; ARMSTRONG, A. W. Princípios
de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.
KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T.M. Princípios da Neurociência. 5ª ed. Manole.
São Paulo, Brasil, 2014.
KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 10a Ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2010.
LIMA, J. S.; REZA, D. L.; TEIXEIRA, S.; COSTA, C. Pesquisa clínica: fundamentos, aspectos
éticos e perspectivas. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, Vol. 16, nº 4, p.225-233, 2003.
WWW.UNINGA.BR 81
ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
RANG, H. P.; RITTER, J. M.; FLOWER, R. J.; HENDERSON, G. RANG & DALE – Pharmacologic.
8ª ed., Editora Elsevier, 2016.
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 2016.
WWW.UNINGA.BR 82
ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
WIKIPEDIA. File: Folgi 1885 Plate XIII.jpg. 2019e. Disponível em: <https://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Golgi_1885_Plate_XIII.JPG >. Acesso em: 25 jan. 2019.
WWW.UNINGA.BR 83