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Introdução
Na primeira parte, o autor analisa as dificuldades e os embates para a entrada do
tema sobre homossexualidades na Comissão Nacional da Verdade, realizando um
balanço do processo e apontando os seus limites. (até p. 19)
Na segunda, analisa a relação entre regimes autoritários e a regulação das
“sexualidades dissidentes”, mencionando diversos estudos de casos como França,
Espanha, Alemanha, Rússia e Cuba. Considera que quanto mais fechado e conservador
é o regime político, maior é a tendência para intensificar o controle dos espaços
públicos e privados, o que perpassa a sexualidade. (p. 20)
O autor chama a atenção para o fato de a historiografia ter fomentado uma
leitura sobre a ditadura na qual a repressão política conviveu com uma liberdade de
costumes, o que considera falso.
“Assim, apesar dos fartos elementos que sugerem ser promissora a
reflexão sobre o cruzamento entre regimes autoritários e regulação das
sexualidades, a literatura sobre a ditadura brasileira concentrou-se em destacar
aspectos mais traumáticos e clandestinos da repressão estatal contra dissidentes
estritamente políticos. Tal postura pode ser compreendida considerando a gravidade
das práticas de violência estatal durante o período, mas acabou, muitas vezes,
reforçando uma representação do Estado como instituição fortementemonolítica e
centralizada. Por outro lado, contribuiu, ainda, para a construção de uma
narrativa da convivência de uma repressão política dura e um controle moral
brando, a emergência da contracultura ou do “desbunde”, deixando uma impressão
de que a ditadura teria sido tolerante ou condescendente com a evolução dos costumes
e com a liberdade sexual que se impuseram naquele momento.” (p. 23-24)
“Conforme apontou a Comissão Nacional da Verdade, durante a ditadura civil-
militar, de forma mais intensa do que em outros períodos da nossa história, o
autoritarismo de Estado também se valeu de uma ideologia da intolerância materializada
na perseguição e tentativa de controle de grupos sociais tidos como uma ameaça ou
perigo social. A criação da figura de um “inimigo interno” valeu-se de contornos não
apenas políticos de acordo com a Doutrina da Segurança Nacional, mas também morais,
ao associar a homossexualidade a uma forma de degeneração e de corrupção da
juventude.” (p. 25)
Na terceira, analisa brevemente a centralidade da retórica da moralidade pública
para a sustentação ideológica do regime, fundamentada na defesa das tradições,
proteção da família, o cultivo dos valores cristãos – que informaram a “cruzada” contra
os sujeitos considerados indesejados e perigosos. (p. 25-26) Os AIs materializam o
atrelamento estrutural entre moral e política constitutivo da ordem autoritária (p. 27)
Na quarta, o autor centra-se nas dimensões do aparato repressivo, que são se
concentrou em um único órgão, mas foi sendo progressivamente construído, segundo as
“necessidades conjunturais” de cada momento. (p. 29-30)
“A ideologia e o aparato repressivos dão concretude, portanto, à preocupação
marcada da ditadura brasileira com a pornografia, o erotismo, as homossexualidades
e as transgeneridades, fenômenos classificados como temas e práticas ameaçadores
não apenas contra a estabilidade política e a segurança nacional, mas também contra a
ordem sexual, a família tradicional e os valores éticos que, supostamente, integravam a
sociedade brasileira. Dessa forma, a análise aqui empreendida deve partir dessas esferas
para demonstrar os traços da concepção oficial de política sexual da ditadura.” (p. 31)
Na seção sobre estrutura do trabalho: o objetivo é compreender como a ditadura
traçou uma linha de classificação de condutas sexuais consideradas legítimas e
aceitáveis com discursos positivos, demonstrando como as questões sexuais foram
centrais para a “utopia autoritária” (p. 32)
“A abordagem que buscamos utilizar, mais do que apenas examinar a legislação
e os discursos oficiais de autoridades ou mesmo revistas de escolas militares, é de
uma compreensão do Estado “desde baixo”, compreendendo o que os agentes públicos
fazem e com que justificação o fazem. Focar em diversas instâncias e níveis de distintas
agências nos permite ter um panorama mais fiel e representativo deste complexo
universo. Além disso, o tipo de olhar dirigido aos órgãos estatais permite pensar o
Estado não apenas como um ente monolítico, mas como arenas sobrepostas de
negociação e conflito em torno da estruturação mesma das regras morais de política
sexual.” (p. 33) Essa questão vai de encontro com a formulação de “nação
heterossexual” de Ochy Curiel.
Capítulo 1
- Plano Setorial de Informações, aprovado pelo Decreto 66.732 de 1970 > orientar a
ação repressiva e a censura no campo da cultura e educação
- Plano Nacional de Informação, aprovado pelo SNI em 1970 > missões a serem
cumpridas pelos órgãos que integram o Sistema Nacional de Informações
Atenção das agências estatais para monitorar eventuais ameaças contra os
valores morais e religiosos, a formação cívica da juventude, a família etc.
Capítulo 2
Do ponto de vista da sociedade, a censura oscilou entre dois polos
complementares: de um lado, a natureza mais “sofisticada” do controle da expressão
artística; de outro, a faceta policialesca da censura. (p. 63)
Em relação à TV, a forte censura a este meio de comunicação relaciona-se com a
sua expansão nos anos 1970 e o projeto das emissoras de formação e consolidação do
espectador brasileiro nas camadas populares. Num primeiro momento, havia espaço
para os homossexuais debochados e afeminados, mas logo foram censurados. (p. 64)
“Tal vigilância postulava, sobretudo, que qualquer exposição das
homossexualidades teria o efeito de fazer “apologia” ou “propaganda” de um
comportamento sexual tido por “anormal”. A orientação, então, era, em primeiro
lugar, pela interdição do tema. No entanto, mais tarde, com o enfraquecimento dos
mecanismos censórios, diante da impossibilidade de silenciar uma forma de amor e de
afeto que teimava em dizer seu próprio nome, sobretudo no contexto da inevitável
liberalização dos costumes, a ditadura se empenhou em dirigir a produção e a
circulação de discursos em torno da moralidade sexual.” (p. 65)
Conferir na base de dados do Arquivo Nacional:
BR_AN_BSB_NS_AGR_COF_MSC_272
Censura à novela “Vale Tudo” por cena na qual há duas mulheres conversando
sobre sua relação amorosa proibida. O diretor da Censura Federal, Raimundo Mesquita,
descreveu como uma “aberração”. (p. 72)
Conferir: “Tesoura em ‘Vale Tudo’: censura não deixa ir ao ar a cena da novela
sobre homossexualismo”. Jornal do Brasil, 19 de julho de 1988, p. 6. Buscar no
ACERVO DO JORNAL DO BRASIL (GOOGLE)
Ver também: BR_AN_BSB_NS_AGR_COF_MSC_349
BR_AN_BSB_VAZ_046A_0062
Capítulo 3
Os pontos de sociabilidade frequentados por homossexuais, lésbicas e travestis
foram constantemente assediados pela polícia durante a ditadura, com prisões
arbitrárias, tortura física e psicológica, extorsão, humilhação, exposição pública etc. O
policiamento cumpria uma função essencial nos espaços públicos, de manutenção da
ordem e defesa nacional – a polícia política foi um dos pilares da repressão. (p. 170) A
perseguição contra homossexuais passava por outros caminhos, diferentes daqueles
percorridos contra a “subversão política”, mas não menos violentos. As investidas se
davam principalmente nos guetos (p. 172) O objetivo dos órgãos era de fazer um
saneamento moral e uma limpeza social, muito mais do que a eliminação física.
Portanto, tratava-se de disciplinar a sexualidade, normalizá-la a partir de padrões morais
conservadores. (p. 173)
Duas hipóteses sobre o por que da presença mais significativa de fontes sobre a
violência policial contra os homossexuais ser do final dos anos 70:
“Diversos são os registros históricos de abusos cometidos pelo aparato de
segurança contra a população homossexual, mas a maior parte das fontes disponíveis
datam do final da década de 1970, quando estava em pleno curso o processo de
abertura. Apesar de ser contraintuitiva tal constatação, já que seria mais factível
compreender o endurecimento moral nos marcos de um enrijecimento político do
regime, tais fatores parecem indicar que as profundas mudanças desencadeadas pela
agonia da ditadura despertaram reações sérias dos setores mais conservadores na
medida em que estes vislumbravam uma perda de controle de limites impostos à
transição tutelada pelos militares. Isto é, esta constatação pode indicar não
exatamente um aumento da repressão mas, antes, uma importante mudança na sua
forma de expressão e de exercício da violência.” (p. 173)
“Outra hipótese factível para essa maior quantidade de referências à violência policial
contra gays, lésbicas, travestis e prostitutas é o fato incontestável de que, com a
abertura política e a expansão do mercado de consumo para estes setores, essas pessoas
começaram a tomar mais as ruas e a exporem-se publicamente, reivindicando, senão a
aceitação, ao menos uma tolerância. A visibilidade foi um fato importante que
alimentou reações conservadoras. Isso é aventado por MacRae, quando afirma que,
neste período, assistiu-se à “proliferação de estabelecimentos orientados para uma
clientela gay” (...).” (p. 174)
“Pelo menos desde 1977, com a gestão de Erasmo Dias à frente da
Secretaria de Segurança Pública paulista, intensificou-se, sobremaneira, as ações
policiais para coibir a expansão das zonas de sociabilidade homossexual e de
prostituição. Ainda que não fossem novidade, as ofensivas do Estado se
multiplicavam por todas as grandes cidades. Mas foi mesmo em São Paulo, onde se
concentrava o maior contingente de bichas, lésbicas e travestis, que teve lugar a
maior e mais sistemática operação repressiva levada a cabo contra essas
populações.” (p. 191)
Sobre a prisão cautelar: projeto de lei proposto pelo deputado Erasmo Dias
(ARENA), ex-Secretário de Segurança de São Paulo. Empoderamento dos agentes
policiais, que reforçava a arbitrariedade. (p. 193)
Publicação em março de 1980 de reportagens sobre o “problema que significam
os travestis” pelo Estado de SP. Dois dias depois, a polícia anuncia que “já tem um
plano”: tirar as travestis das ruas da cidade, reforçar o uso da Lei de Contravenções
Penais e confinar os travestis em uma zona da cidade. O autor argumenta que a rápida
resposta da polícia no jornal pode ser indicativo de que houve uma articulação entre
forças policiais e imprensas para a realização dessa medida. (p. 195-197)
Sobre as rondas do delegado Richetti (p. 197-201): anuência do seu superior,
repercussão negativa na imprensa, mostras de todo o autoritarismo de Richetti.
A campanha contra Richetti (p. 201-207): formação da comissão de
parlamentares que pressionaria por uma audiência, prisão do sociólogo do CEBRAP,
audiência com Rubens Liberatori, convocação do ato público.
O ato público (p. 207-209): carta do DEOPS à imprensa debochando dos
homossexuais e respaldando Richetti, não houve participação de pessoas públicas pela
vinculação com a homossexualidade.
Capítulo 4
O autor analisará a emergência do movimento homossexual, a fim de entender
os desafios enfrentados em uma conjuntura hostil. “Esmiuçar a relação entre o Estado e
o projeto coletivo de politização da homossexualidade nos parece fundamental para
compreender algumas marcas congênitas ao movimento, que determinaram, de
forma decisiva, algumas de suas potencialidades e também seus limites.” (p. 227)
Uma das teses para explicar o fenômeno é que a ditadura estimulou a formação
de resistências em diversos lugares, uma explicação insuficiente, segundo o autor, para
dar conta das especificidades históricas que marcaram o controle dos costumes sexuais
pela ditadura. Demandas políticas irromperiam na cena pública pelo abafamento de
todos os canais adequados de participação política. (p. 228) “Afinal, de algum modo,
por trás dessa máxima, também repousa o risco de uma romantização da
repressão, como se esta, por si só, estimulasse a criatividade organizativa, o despertar
para a ação política, e fomentasse, em última instância, e necessariamente, a
produção de resistências.” (p. 228)
Para o autor, foram as transformações culturais e sociais por que passou a
sociedade brasileira que sentaram as bases que viabilizariam a organização dos
homossexuais. (p. 229)
1 – A concentração de populações de gays e lésbicas nos grandes centros
urbanos em meados do séc. XX propiciou uma integração relativa, ainda que em guetos
delimitados e estigmatizados. Foram nesses ambientes que se criou um “senso de
conectividade”, uma “comunidade em formação”, na qual as pessoas compartilhavam
códigos, comportamentos e costumes. (p. 229)
Neste sentido, o golpe de 64 e o policiamento mais intensivo a partir de 69
dificultaram a sociabilidade pública nas ruas e parques, devido à crescente
arbitrariedade das forças do Estado. Assim, a tese de Green de que a ditadura “travou” o
florescimento do movimento homossexual faz muito sentido. Seria necessário o
restabelecimento de algumas liberdades e garantias mínimas de expressão e associação
(p. 230)
Para Rafael Souza, foi decisiva a emergência da imprensa alternativa e de um
circuito de arte “marginal”, elementos que propiciaram aos grupos homossexuais sua
própria interpretação da conjuntura nacional. Isso também foi fundamental para a crítica
política dos costumes que marcaria o movimento. (p. 230)
Em 1976 houve uma tentativa de organizar o I Congresso do Homossexual
Brasileiro no RJ. Começaram a circular bilhetes pela cidade marcando um encontro do
MAM para realizar o congresso em 4 de julho e instituir o Dia do Homossexual. No dia
do evento, havia grande contingente de policiais rodando o local, o que impediu a
realização do evento, pois as pessoas ficaram com medo de se aproximar. (p. 231-233)
Há registros nos jornais A Notícia e O Bagaço.
“Tal registro demonstra como a organização dos homossexuais, ainda que
difícil, já se anunciava como potencialmente subversiva e objetivamente
desestruturadora para as estruturas morais do regime vigente, desafiando a
normalidade e o ritmo da transição controlada que não parecia colocar em xeque
as regras conservadoras que sustentaram ideologicamente o regime autoritário de
1964” (p. 234)
Final de 1976 – tentativa de organizar um grupo de homossexuais, encabeçada
por João S. Trevisan – mesmo momento em que Censo Cury estava sendo processado
pro sua Coluna do Meio.
1978 – primeira reunião do “Núcleo de Ação pelos Direitos dos Homossexuais”,
que se transformaria no Somos. (p. 235) As principais dificuldades iniciais giraram em
torno de constituir um espaço de encontro fora do ambiente do gueto; construir uma
identidade para o grupo, em um momento em que não era possível compartilhar
experiências; a precariedade de recursos econômicos e culturais dos homossexuais (p.
235-237).
“Do ponto de vista da identidade homossexual, o grupo embarcava na opção
pelo chamado “modelo igualitário-moderno” das relações sexuais e afetivas, sem
as hierarquias tradicionalmente associadas à masculinidade e feminilidade. Além
disso, essa “primeira onda” do movimento homossexual foi marcada por uma
perspectiva fortemente antiautoritária, até pelo contexto ditatorial. Assim, repelia-se
qualquer associação mais próxima com o Estado ou agrupamentos políticos,
reforçando um discurso autonomista e cético em relação a quaisquer alianças que
pudessem comprometer o foco do movimento.” (p. 238)
Nas páginas seguintes o autor analisa o debate entre homossexualidade e
esquerda, a primeira aparição pública do Somos, o “aprofundamento” da primeira
“onda” do mov. homossexual com o surgimento de diversos grupos em SP e RJ. (até p.
250)
“Nesse sentido, a primeira iniciativa de um encontro nacional de grupos
homossexuais surgidos nos últimos dois anos da década de 1970 aconteceu no dia 16 de
dezembro de 1979 na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. A
proposta de realizar um encontro dessa natureza surgiu em uma reunião de pauta do
Lampião, na qual os jornalistas e alguns membro do Somos/RJ “decidiram que tinha
chegado a hora de se fazer uma tentativa de organizar e expor o conjunto de pontos de
vista e de ideias que começa[va] a tomar corpo como resultado do nascimento de grupos
de ativistas homossexuais por todo o Brasil”.
Concebida para ser secreta, a reunião contou com a presença de mais de 60 ativistas
homossexuais procedentes de cidades como São Paulo, Guarulhos, Sorocaba, Brasília,
Belo Horizonte, Caxias e Rio de Janeiro. Estavam lá representados agrupamentos como
Somos/SP e seu Grupo Lésbico-Feminista, Somos/RJ, Somos/Sorocaba, Beijo
Livre de Brasília, Eros/SP, Libertos/Guarulhos, GAAG/Caxias, Auê/RJ, além de
ativistas independentes de outras localidades que ainda estavam formando
coletivos. Durante mais de 7 horas, com pequeno intervalo para alimentação, o
eixo central que orientou as preocupações dos presentes, conduzidos pela impecável
presidência de Teka, do Somos/SP, foi a apresentação de um “programa bem definido
de reivindicações e atividade política”. Mais especificamente, conforme a proposta
trazida por escrito pelo Libertos de Guarulhos/SP, três pontos básicos guiaram os
debates: realização de um congresso estadual em São Paulo, criação de um grupo
de mobilização nacional permanente e trabalhos práticos imediatos com trocas de
experiências. Dos encaminhamentos concretos, o mais importante destes foi a decisão
de realizar, de 4 a 6 de abril de 1980, um segundo encontro mais abrangente em São
Paulo, lugar onde os grupos já existentes encontravam-se melhor estabelecidos.” (p.
251)
O encontro aconteceu nos dias 4, 5 e 6 de abril de 1980. Nos dois primeiros dias,
foi realizado o I EGHO, com participação restringida aos participantes credenciados. No
terceiro dia, os espaços foram abertos para jornalistas, pessoas de outros movimentos,
etc. Ressalta-se a importância da atuação do LF na realização do encontro e o debate
sobre machismo entre homossexuais. (p. 251-252)
“Mas um encontro com tal dimensão e representatividade não passaria em
branco aos olhos atentos da vigilância política, por meio de policiais que lá estiveram
observando tudo para depois relatar aos superiores. O documento elaborado pela
Divisão da Ordem Política do DOPS/SP e endereçado para o diretor dessa unidade, Dr.
Sylvio Pereira Machado, em 6 de abril de 1980, foi feito por um agente infiltrado e à
paisana que esteve presente no último dia da reunião, no Teatro Ruth Escobar. Seu
nome não é revelado no documento, ele é identificado apenas como um número
no campo em que consta: “relatório feito por 2563”. Isso comprova a intenção de
preservar a identidade do espião, o que é corroborado pelo que consta no campo
“assunto” do documento: “Observação velada. I Encontro Brasileiro de
Homossexualismo”.” (p. 253)
Presença de gays e lésbicas do Somos no ato de 20 de novembro de 79,
convocado pelo MNU, destacada em informes dos órgãos de segurança. VER
BR_AN_BSB_VAZ_024A_0138 (p. 255)
BR_DFANBSB_ZD_0_0_0046A_0001_d0004 > relatório periódico de informações
confidenciais do Serviço de Informações da Superintendência Regional do
Departamento da Polícia Federal, em São Paulo, RPI n. 024/09-80-SI/DPF/SP, de 8 de
outubro de 1980, que descreve e analisa uma série de eventos considerados subversivos
e ameaçadores à segurança nacional. O documento, difundido para o CI/DPF, SNI,
II Exército, IV COMAR e para o serviço secreto da PM, dá notícias do
monitoramento das atividades realizadas durante todo o mês de setembro de 1980,
desde palestras, discussões acadêmicas, assembleias sindicais, atos de rua, discursos
de políticos, dentre outras. Diversas informações estão ali registradas:
participantes, organização, quantidade de pessoas presentes, conteúdo das falas e
discursos, com destaque para os pontos considerados mais “subversivos”, e
encaminhamentos deliberados. (p. 259)
Capítulo 5
p. 305
PROCURAR DEPOIS:
GREEN, James. Quem é o macho que quer me matar?: Homossexualidade
masculina, masculinidade revolucionária e luta armada brasileira dos anos 1960 e 1970.
Revista Anistia Política e Justiça de Transição, N. 8. Brasília : Ministério da Justiça ,
2012
GREEN, James Naylor. “The Emergence of the Brazilian Gay Liberation
Movement, 1977-1981.” Latin American Perspectives, vol. 21, no. 1, 1994
GREEN, James. “Abaixo a repressão, mais amor e mais tesão”: uma
memória sobre a ditadura e o movimento de gays e lésbicas de São Paulo na época
da abertura. Acervo, [S.l.], v. 27, n. 1, abr. 2014
SOUZA, Rafael de. Saindo do gueto: o Movimento Homossexual no
Brasil da abertura, 1978-1982. (Dissertação de Mestrado). São Paulo, USP, 2013
ZANATTA, Eliane. Documento e identidade: o movimento homossexual
no Brasil na década de 80. Cadernos AEL, n. 5/6, 1996/1997
As falas e discussões ocorridas nesse evento encontram-se resumidas no capítulo
específico do relatório final da Comissão paulista em torno das “homossexualidades”,
disponível em http://comissaodaverdade.al.sp.gov.br/relatorio/tomo-i/parte-ii-cap7.html
INSAUSTI, Santiago Joanquín. “Los cuatrocientos homosexuales desaparecidos:
Memorias de la represión estatal a las sexualidades dissidentes en Argentina. In:
D ́ANTONIO, Debora (Org.). Deseo y represión: sexualidade, género y Estado en la
historia argentina reciente. Buenos Aires: Ediciones Imago Mundi, 2015.
JÁUREGUI, Carlos. La homosexualidad en la Argentina. Buenos Aires:
Ediciones Tarso, 1987.
D'ARAUJO, M. C. et al. (Org.) Visões do golpe: a memória militar sobre 1964.
COWAN, Benjamin. “A Passive Homosexual Element”: Digitized Archives and
the Policing of Homosex in Cold War Brazil”. In: Radical History Review, n. 120,
October, 2014
CANADAY, Margot. The Straight State: Sexuality and Citizenship in Twentieth-
Century America. Princeton: Princeton University Press, 2009