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AULA 01 – Motores Elétricos

Introdução

• Veremos os motores mais utilizados em acionamentos e aplicações


industriais, comerciais e prediais com objetivo de rever o seu
fechamento e suas funcionalidades mínimas, para futura
compreensão do funcionamento de sistemas de partida utilizados em
comandos elétricos.
Motores
• Grande parte das aplicações em que um comando elétrico está
envolvido destina-se ao acionamento de motores elétricos. Por isso,
tão importante quanto a capacidade de raciocínio, em termos de
lógica de relés, é o conhecimento da gama de motores existentes e
suas principais características.
• Um motor é uma máquina que transforma energia elétrica em
energia mecânica rotativa, para isso é conectado à rede elétrica
através de um sistema de acionamento. Esse sistema pode ser um
comando elétrico (força e controle), uma chave de partida manual,
uma chave de partida eletrônica, inversor de frequência ou uma
combinação de sistemas.
• O organograma representado mostra alguns tipos de motores que
podemos encontrar no mercado.
Aplicações de Motores CC e CA

• Como apresentado na Figura, os motores elétricos são divididos em


duas categorias principais, em função da fonte de alimentação:
motores de corrente contínua (CC ou DC) e motores de corrente
alternada (CA ou AC).
• A seguir são apresentadas algumas características básicas destes
motores.
Motores de Corrente Contínua (ou
motores CC)
• O motor de CC foi o primeiro a ser utilizado na indústria, destacando-
se pela simplicidade em se controlar a velocidade de rotação em RPM
e também o torque. Veja o aspecto de um motor CC industrial.
• A Figura mostra as partes principais do motor CC: a parte móvel (rotor
ou armadura) e a parte fixa ou estática (estator ou campo).
• O Estator ou campo constitui a parte fixa do motor, possuindo sapatas
polares formadas por pacotes de lâminas de aço silício justapostas.
Em torno das sapatas polares são enrolados os fios condutores, que
formam as bobinas.

• O rotor ou armadura é a parte móvel, montado no eixo de


transmissão ou de movimento do motor CC. Possui também um
pacote de lâminas de aço silício com ranhuras, onde são inseridas as
suas bobinas, cujos terminais são conectados eletricamente ao
coletor.
• Os motores CC têm aplicações onde se requer um controle preciso de
velocidade, que é a sua principal característica. Devido à evolução da
Eletrônica de Potência, hoje em dia estes motores são acionados por
fontes estáticas de CC com tiristores, com grande confiabilidade,
manutenção simples e baixo custo.

• Apesar do custo elevado, os motores CC ainda constituem uma


alternativa em uma série de aplicações onde é necessário o ajuste
fino de velocidade.
• O motor CC vem sendo substituído pelos motores CA acionados por inversores de
frequência.
• Porém, em alguns processos o seu emprego é vantajoso, como: - Máquinas de
papel e de impressão;
- Máquinas têxteis
- Bobinadoras e desbobinadoras;
- Laminadoras;
- Extrusoras;
- Prensas;
- Máquinas de moagem (moinho de rolos)
- Ferramentas de avanço;
- Tornos;
- Mandrilhadoras;
- Indústria química e petroquímica;
- Indústria de borracha;
- Veículos de tração.
• As principais características da máquina CC são:
• - Altamente flexível e controlável;
• - Torques de partida, aceleração e desaceleração elevados;
• - É capaz de realizar inversões rápidas;
• - Vasta gama de controle de velocidade e torque
• - Torque máximo:
• - Caras e frágeis devido ao comutador.
Motores de Corrente Alternada
(ou motores CA)
• Os motores CA constituem a maioria das aplicações industriais,
principalmente porque a distribuição de energia elétrica é feita em
CA.
• A sua configuração mais econômica é o uso de motores de indução de
Gaiola de Esquilo (aproximadamente 90 % dos motores CA fabricados
são deste tipo). A outra configuração é com rotor bobinado,
composto de três bobinas em estrela, com as características de
partida suave e velocidade ajustável.
• - Motor SÍNCRONO: aquele que opera com freqüência fixa, igual
àquela da rede de alimentação CA. Utilizado para faixas de grandes
potências (devido ao custo alto para tamanhos menores). Neste
motor, a velocidade do rotor é igual a do campo girante do estator
(assunto que será estudado a seguir).

• - Motor ASSÍNCRONO – opera com velocidade que varia ligeiramente


com a carga mecânica aplicada ao eixo. A velocidade do rotor é
diferente da velocidade do campo girante do estator.
Motor de Indução Trifásico Assíncrono
• O motor de indução trifásico assíncrono é o pilar da indústria moderna.
Seja o motor trifásico de indução simples com rotor gaiola de esquilo, de
duplo enrolamento, Dahlander ou de rotor bobinado, o princípio de
funcionamento envolve a indução no rotor, pelo campo girante no estator,
de correntes no rotor cujo campo tentará acompanhar o campo girante no
estator.
• Para produzir o campo girante no estator, realizamos o fechamento do
motor segundo orientação do fabricante e para atender nossa necessidade
de tensão. Motores de seis e nove terminais podem ser fechados para duas
tensões diferentes, motores de doze terminais podem ser fechados para
quatro tensões diferentes. A representação a seguir mostra os grupos de
enrolamentos de um motor de seis terminais, numerados por fase e
fechados de acordo com a tensão da rede:
Motor CA Trifásico
• Motor de Indução
• O motor assíncrono de indução (velocidade variável) tem atualmente
uma aplicação muito grande tanto na indústria como em utilizações
domésticas, dada a sua grande robustez, baixo preço e partida fácil
(pode mesmo ser direta, em motores de baixa potência). É o motor
mais utilizado nos processos industriais nos dias de hoje.
• O rotor de uma máquina de indução polifásica pode ser de dois tipos
de tecnologia:
1) o rotor de gaiola de esquilo e
2) o rotor enrolado ou bobinado.
• Motor de Indução com Rotor do Tipo Gaiola de Esquilo
O motor de indução com rotor tipo gaiola de esquilo é também
conhecido como motor de indução com rotor em curto-circuito. O
rotor é constituído por um núcleo de chapas ferromagnéticas de aço
silício, isoladas entre si, sobre o qual são colocadas barras de alumínio
(condutores), dispostas paralelamente entre si e unidas nas suas
extremidades por dois anéis condutores (também de alumínio), os
quais provocam um curto-circuito nos condutores,
• Motor de Anéis ou com Rotor Bobinado

• É utilizado em geral para partir cargas de alta inércia ou que exijam conjugados
de partida elevados, ou ainda, quando o sistema de acionamento requer partidas
suaves. O rotor bobinado, com estrutura semelhante ao enrolamento do estator,
é constituído por um núcleo de chapas de aço silício (isoladas entre si) sobre o
qual são alojadas as espiras que constituem o enrolamento.

• Os terminais livres de cada uma das bobinas do enrolamento são ligados a anéis
coletores e estes são ligados a um reostato constituído por resistências variáveis
cuja função é a de reduzir as correntes de arranque elevadas, no caso de
motores de elevada potência, conseguindo uma partida mais suave.
• Motor Trifásico de Múltiplas Velocidades

• Neste tipo de motor podem ser obtidas velocidades distintas num


mesmo eixo. Estes motores, em sua maioria, operam com apenas
uma tensão, pois as conexões/religações disponíveis geralmente
permitem a alteração apenas da velocidade. Para cada rotação, a
potência e a corrente são diferentes. Basicamente são encontrados
dois tipos de motores trifásicos de velocidade múltipla: o motor de
enrolamentos separados e o motor Dahlander
• Motor Trifásico de Enrolamentos Separados
• Este tipo de motor é baseado em que a rotação de um motor elétrico
(rotor gaiola) depende do número de pólos magnéticos formados
internamente em seu estator.
• Possui na mesma carcaça dois enrolamentos independentes e
bobinados com números de pólos diferentes. Ao alimentar um
enrolamento ou outro, obtém-se duas rotações, uma chamada baixa
e outra, alta.
• Motor Dahlander
• O motor Dahlander é aquele que possui um enrolamento especial, o
qual recebe dois tipos de conexões, o que possibilita alterar a
quantidade de polos. Daí é possível se obter duas velocidades
distintas, sempre com relação 1:2, já que a velocidade depende, além
da frequência da fonte de alimentação CA, também do número de
pólos
Partes Constituintes
• As partes constituintes do motor elétrico são localizadas em dois setores
do mesmo: o estator (parte fixa) e o rotor (parte girante). O espaço entre o
estator e o rotor é chamado de entreferro. A Figura ilustra o motor elétrico
e na sequência são apresentados os componentes e sua descrição.
• Estator
• Carcaça (1) - é a estrutura suporte do conjunto; de construção robusta em
ferro fundido, aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e com aletas.
• Núcleo de chapas (2) - as chapas são de aço magnético, tratadas
termicamente para reduzir ao mínimo as perdas no ferro.
• Enrolamento trifásico (8) - três conjuntos iguais de bobinas, uma para cada
fase, formando um sistema trifásico ligado à rede trifásica de alimentação.
• Rotor
• Eixo (7) - transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor. É tratado
termicamente para evitar problemas como empenamento e fadiga.
• Núcleo de chapas (3) - as chapas possuem as mesmas características das
chapas do estator.
• Barras e anéis de curto-circuito (12) - são de alumínio injetado sob pressão
numa única peça.

• Outras partes do motor de indução trifásico: tampa (4), ventilador (5),


tampa defletora (6), caixa de ligação (9), terminais (10) e rolamentos (11).
Princípio de Funcionamento do
Motor CA
• Campo Girante de um Motor Trifásico
• os campos girantes, assunto de extrema importância para o
entendimento do princípio de funcionamento das máquinas elétricas
trifásicas. Antes disso, será apresentado o campo magnético de uma
máquina CA monofásica, que é pulsante.
• O estator do motor de indução corresponde ao núcleo
ferromagnético estacionário, como mostra a Figura a seguir. Nas
ranhuras do estator são alojadas as espiras de fio condutor que
constituem os enrolamentos ou bobinas do estator.
• Dependendo do número de ranhuras e da maneira como serão
dispostas as espiras dos enrolamentos, poderemos ter 2, 4, 6 ou 8
pólos magnéticos.
• Para as máquinas elétricas trifásicas, como é que se dá origem ao
movimento de rotação de seu eixo?
• Inicialmente considere três bobinas independentes no estator, as
quais são montadas com uma defasagem angular de 120˚ entre si –
Figura 2.18.
Velocidade Síncrona (ns)

• A velocidade síncrona do motor trifásico é definida pela velocidade de


rotação do campo girante, a qual depende do número de pólos (P) do
motor e da frequência (f) da rede elétrica, em Hz.
• O campo girante possui o mesmo módulo para qualquer ângulo (ωt),
igual a (3/2)Hmax, girando com velocidade síncrona, ωs em rad/s.
• A velocidade do motor em rpm é dada pela Equação :
• Os enrolamentos podem ser construídos com um ou mais pares de
pólos, que se distribuem alternadamente (um “norte” e um “sul”) ao
longo da periferia do núcleo magnético.
• O campo girante percorre um par de pólos (p) a cada ciclo. Assim,
como o enrolamento tem P pólos ou p pares de pólos, podemos
escrever:
Escorregamento (s)
• Se o motor elétrico gira a uma velocidade diferente da velocidade
síncrona (caso dos motores de indução), isto é, se a velocidade do
eixo difere da velocidade do campo girante, então o motor corta as
linhas de força magnética do campo magnético do estator. Daí, pelas
leis do eletromagnetismo, circulam no rotor correntes induzidas.
• O escorregamento (s) é a diferença entre a velocidade real do eixo do
motor, dependente da carga a ele aplicada, e a velocidade síncrona
do campo girante (ns).
• O escorregamento varia com a carga aplicada ao motor: com o motor
trabalhando em vazio, o escorregamento é próximo de zero. À
medida que a carga aumenta no eixo, o escorregamento também
aumenta.
Tensões Induzidas no Rotor
• Em função do escorregamento, existe um movimento relativo entre o fluxo
do estator e os condutores do rotor, o que induz tensões no mesmo de
frequência fr, onde

• Esta frequência é denominada de frequência de escorregamento no rotor.


Logo, pode-se concluir que o comportamento elétrico das máquinas de
indução é análogo ao de um transformador, mas apresentando
adicionalmente a característica de transformação de frequência produzida
pelo movimento relativo entre os campos magnéticos dos enrolamentos do
estator e do rotor.
• A velocidade do rotor (n ou nr) é, em função da Equação:
Dados de Placa
• A leitura e a interpretação dos dados de placa são essenciais para o
trabalho com motores elétricos. Na placa do motor estão registradas
suas características de trabalho e com as quais o profissional deve se
orientar em eventuais testes do equipamento.
Tabela de Motores
• Dados de motores podem ser obtidos através das tabelas fornecidas
pelos fabricantes.
• A partir da potência em cv ou kW pode-se obter características
elétricas e mecânicas do motor como conjugado, I nominal,
rendimento e Cosφ para alguns fatores de carga, entre outros.
• Na Tabela 1.1 temos motores trifásicos de quatro polos e monofásicos
de dois polos nas potências comerciais oferecidas por determinado
fabricante.
Cálculo da Corrente Nominal de
Motores
• Podemos calcular a corrente nominal dos motores monofásicos e
trifásicos utilizando equações e alguns dados da tabela.

• Para monofásicos e trifásicos, respectivamente, temos:


• Se não há como obter dados da tabela como o fator de potência Cosφ e o
rendimento η, basta adotar esses dois valores entre 0,6 e 0,9
proporcionalmente à potência do motor (observe na tabela a variação
desses valores com relação à potência).
• Exemplificando, calcularemos o In de um motor trifásico de 7,5 cv 220 V
adotando Cosφ e η iguais a 0,85:

• Compare com a corrente In para motor de 7,5 cv na tabela e os valores de


Cosφ e η para 100% com os adotados. Os valores adotados são próximos e
a In é praticamente igual. Para motores menores adote valores menores;
para maiores, valores acima de 0,85.
Relação entre Número de Polos e
Velocidade
• A partir do número de polos do motor podemos calcular a velocidade
do campo girante ou velocidade síncrona do motor:

• Na ponta do eixo temos uma velocidade menor com relação à


velocidade síncrona, conforme aplicamos carga. A diferença entre a
velocidade síncrona e a velocidade final em-porcentagem é
denominada escorregamento.
• Para um motor de quatro polos temos uma Ns = 1800 RPM.
Exercícios
• 1. Dentre os diversos tipos de motores, quais os mais utilizados na
indústria atual?
• 2. Um motor trifásico de 12 terminais pode ser fechado para quantas
tensões de rede diferentes?
• 3. Desenhe a representação do fechamento de um MIT de seis pontas
220 V/380 V.
• 4. Busque na tabela os seguintes dados para um motor monofásico
com capacitor de partida 3⁄4 cv dois polos: In, Ip/In, fator de serviço e
fator de potência a 75% da potêncianominal.
• 5. Calcule o valor aproximado da corrente nominal de um MIT 15 cv
380 V, rendimento e Cosφ iguais a 0,87.
• 6. Calcule a velocidade síncrona de um motor de 12 polos e o
escorregamento, sabendo que a velocidade na ponta do eixo Nr = 540
RPM.
• 7. Faça uma pesquisa de fabricantes de motores comercializados no
Brasil e formas de identificação dos terminais do motor.

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