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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL I

EXPERIMENTO 2: SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DA ACETANILIDA

Aluno: Pedro Paulo do Nascimento 1620022

FLORIANÓPOLIS, 23 DE AGOSTO

2018
SUMÁRIO

1 – RESUMO...................................................................................................................03

2 – INTRODUÇÃO.........................................................................................................04

2.1 Objetivos..........................................................................................................05

3 – MATERIAIS E MÉTODO.........................................................................................06

3.1 Instrumentos.......................................................................................................06

3.2 Reagentes............................................................................................................06

3.3 Síntese da acetanilida..........................................................................................07

3.4 Recristalização....................................................................................................07

3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................08

4.1 Síntese.................................................................................................................08

4.4 Recristalização....................................................................................................08

5 – CONCLUSÃO...........................................................................................................11

6 – REFERÊNCIAS.........................................................................................................12
1 RESUMO

Neste experimento, através de uma reação de acilação, foi sintetizada e purificada a


acetanilida a partir da anilina, como nucleófilo e o anidrido acético como eletrófilo. A
reação foi feita em um béquer com 3,5mL de anilina e 5mL do anidrido em uma solução
tampão de ácido acético e acetato de sódio. O Produto bruto da reação obtido foi de 6,305g,
que foi posteriormente recristalizado em água fervente, com auxílio de carvão ativo para
adsorver impurezas, filtrado e deixado em repouso. Para o produto final, foi obtido uma
massa de 4,534g, um rendimento de 60,73%, e o ponto de fusão determinado de 114,2°C.

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2 INTRODUÇÂO

Os fármacos são produzidos e utilizados em larga escala em todo o mundo, devido a


sua abrangente aplicação nos tratamentos de doenças, podendo agir diretamente na causa
da enfermidade ou aliviando sintomas derivados de certas patologias. Grande parte desses
compostos são moléculas orgânicas sintetizadas através de métodos simples, de modo
eficaz e reprodutível, para que possam ser fabricadas em escala industrial e
comercializadas.

A acetanilida é um fármaco que foi introduzido em 1886 para o tratamento de dores


por Cahn e Depp como um método alternativo à aspirina, ao ser descoberta como possível
medicamento antipirético enquanto estudavam os efeitos do naftaleno em parasitas
intestinais [1]. Sua molécula é um derivado da anilina, que através de uma simples reação
de acetilação, produz o fármaco. A acetanilida no corpo possuí como um dos produtos
metabolizados a própria anilina, que é conhecida por seus efeitos tóxicos a longo prazo,
como metemoglobinemia, hemólise, e anemia hemolítica [2]. O outro produto metabólico
é o acetominofen, conhecido como paracetamol, é o responsável pelos efeitos analgésicos
e antipiréticos da acetanilida e, devido a esta descoberta, é usado até os dias de hoje como
substituto, sendo uma das principais drogas atualmente no mercado mundial para este fim.
[2, 3].

A anilina é uma base fraca e age como nucleófilo, devido ao par isolado de elétrons
do nitrogênio. Ela é um derivado do benzeno, sendo este um composto pouco reativo,
devido sua alta estabilidade conferida pelos elétrons π de carbonos sp² conjugados. Assim,
sendo um bom nucleófilo, o benzeno reage através de reações de substituição, ao invés
de ocorrer uma adição elétrofílica, a aromaticidade é mantida devido sua maior
estabilidade [4]. Deste modo, a anilina pode ser preparada através da adição de um grupo
nitro ao benzeno, com ácido sulfúrico e nítrico concentrado, seguida de hidrogenação
catalítica com níquel. [4]

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2.1 OBJETIVOS

O experimento realizado teve como objetivo a acilação do aminobenzeno para


produção da acetanilida, com o uso do anidrido acético como eletrófilo e uma solução de
ácido acético e acetato de sódio como tampão e catálise ácida. O produto obtido foi
purificado e determinado o ponto de fusão, para atestar seu grau de pureza, e garantir a
eficiencia do método utilizado.

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3 MATERIAIS UTILIZADOS

3.1 Instrumentos

• Béquer
• Erlenmeyer 250mL
• Pipeta graduada
• Funil
• Funil de Büchner
• Papel filtro
• Balança
• Medidor de ponto de fusão
• Placa de Petri
• Vidro relógio
• Bastão de vidro
• Chapa de aquecimento
• Gelo
• Proveta
• Porcelana porosa

3.2 Reagentes

• Acetato de sódio
• Ácido acético glacial
• Anilina
• Anidrido acético
• Carvão ativado
• Água destilada

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3.1 Síntese da acetanilida

Em um béquer foi colocado 1,124g de acetato de sódio e adicionado 5mL de ácido


acético glacial, para preparação do tampão. Em seguida, ao mesmo béquer, foi adicionado
3,5 mL de anilina sob agitação com um bastão de vidro e, então, 5mL de anidrido acético
foram acrescentados, mantendo agitação constante.

Terminada a reação, a mistura reacional foi despejada em um béquer com 120mL de


água destilada a temperatura ambiente sob agitação. A mistura foi deixada em banho de
gelo para resfriar. Após cerca de 5 minutos, foi filtrada a vácuo em um kitassato e lavado
com água destilada gelada. O produto sintetizado foi transferido para um vidro relógio
previamente pesado e, depois de medir a massa da amostra, esta foi transferida para um
erlenmeyer de 250mL, e uma pequena fração foi separada em um vidro relógio para
deixar secando.

3.2 Recristalização

Em um erlenmeyer de 250mL foi aquecido cerca de 100mL de água destilada em


uma chapa de aquecimento até ebulição. Ao erlenmeyer contendo acetanilida, foi
adicionado algumas pedrinhas de porcelana porosa e em seguida adicionado a água
fervente aos poucos e deixado a mistura na chapa para ebulição até total dissolução.
Enquanto isso, um funil foi aquecido apoiado em um béquer com água ao lado. Mais água
foi acrescentada conforme necessário. Com todo o conteúdo dissolvido, foi deixado
resfriar por 2 minutos, adicionado 0,430g de carvão ativado e recolocado na chapa para
ebulição.

Com um papel filtro de massa conhecida e pregueado, a amostra foi filtrada a quente
com o funil previamente aquecido em um erlenmeyer de 250mL, de maneira rápida para
evitar perdas. O composto ficou resfriando em temperatura ambiente por cerca de 15
minutos, depois foi filtrado a vácuo em um filtro de massa conhecida, transferido para
uma placa de petri previamente pesada e deixado para secar.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Síntese

Ao adicionar o anidrido acético ao béquer contando a solução tampão e a anilina,


pode-se se observar que o béquer aqueceu, e algumas particulas do composto precipitaram
na solução. No momento em que o conteúdo foi transferido para o béquer contendo
120mL de água destilada, imediatamente pode-se notar a formação de um grande
precipitado marrom por toda a solução, o que indicou a formação da acetanilida, que é
pouco solúvel em água a temperatura ambiente. A solução foi filtrada em um papel filtro,
que em seguida foi transferido para um vidro relógio e depois o conjunto foi pesado
obtendo-se 6,305g de produto bruto.

A acetanilida foi sintetisada pelo método de acetilação com anidrido acético. Foi
utilizado uma solução tampão para evitar que a anilina, uma base fraca, fosse protonada
e ficasse indisponível como nucleófila. Desta forma, o ácido acético presente no tampão,
também serviu de catalisador, doando um H+ para a carbonila do anidrido, que ao ser
protonado aumenta a eletrofilicidade do carbono. Ocorrendo o ataque do nitrogênio, o
oxigênio da outra carbonila do anidrido ataca um H+ através de uma prototropia com um
dos hidrogênios do grupo amina e, em seguida, liberando o grupo abandonador acetato.
No final da reação, o grupo OH- formado no início é desprotonado e restabelecido a dupla
ligação, com o H+ sendo liberado para o meio. A reação é mostrada na Figura 1.

Figura 1 – Reação de síntese da acetanilida

4.2 Recristalização

A acetanilida bruta obtida foi recristalizada sendo dissolvida em água fervente na


presença de porcelana porosa, a fim de evitar que a ebulição formasse bolhas e respingos,

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e deixada em ebulição. Após completa dissolução, foi acrescentado também carvão ativo,
para ajudar na adsorção das particulas em suspenção que não são soluveis ao solvente
(água). A solução foi filtrada a quente e percebeu-se que a imediata formação de cristais
brancos no filtrado. Após o resfriamento, o procesos resultou em cristais longos e
transparantes de acetanilida.

A mistura foi filtrada a vácuo em um papel filtro, colocada em uma placa de petri e,
por fim, a massa da amostra úmida foi medida, obtendo-se 4,534g. A amostra foi deixada
para secar coberta com papel filme com pequenos furos em cima.

Após quatro dias, a massa da amostra seca foi medida e obteve-se um valor de 3,119g,
um rendimento de 60,73%, considerando que a pureza da anilina era de 100%. Além disso,
o ponto de fusão da amostra bruta e da recristalizada foi determinado em um medidor de
ponto de fusão, obtendo-se para o impuro 114,2-116,8°C e 114,2-115,8°C para o
purificado. O ponto de fusão da acetanilida na literatura é de 114,3°C [5], em
concordância com o obtido experimentalmente. Ambos possúem pontos de fusão
próximos, indicando baixa impureza na síntese, mesmo que a aparencia do produto bruto
fosse discrepante em relação ao cristal de acetanilida.

Uma amostra dentre as sintetizadas por todos os grupos no laboratório, foi sucetida
a uma ressonância magnética, em clorofórmio deuterado a 400MHz para identificação e
comparação com a literatura. O espectro obtido está na figura 2 e obtido na literatura na
figura 3. É visível a semelhança entre ambos os espéctros.

Figura 2 - Espectro de RMN 1H da Acetanilida em CDCl3 em 400 MHz

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Figura 3 – Espectro de RMN da Acetanilida[6]

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CONCLUSÃO

Com o método utilizado, pode-se sintetizar, purificar e identificar a acetanilida, um


fármaco que já foi muito utilizado no alívio de dores e febre. O rendimento de 60,73% é
baixo, provavelmente por erros sistemáticos na síntese, considerando também uma porção
que pode não ter reagido totalmente, levando em conta a basicidade da anilina, que age
como nucleófilo na reação, parte dela pode ter ficado protonada, mesmo com a solução
tampão tendo sido usada. O produto bruto obtido apresentou ponto de fusão quase que
idêntico ao do purificado, mostrando pouca impureza, que foi facilmente eliminada com
o método de recristalização em água fervente. Junto ao espectro de RMN, a identidade da
amostra se mostrou pouco questionável, validando o produto que era esperado pela
síntese.

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REFERÊNCIAS

[1] K, Toussaint. “What do we (not) know about how paracetamol (acetaminophen) works?”. Journal
of Clinical Pharmacy and Therapeutics (2010) 35, 617–638

[2] Yue Wang, Hong Gao, Xiao-Lin Na. “Aniline induces oxidative stress and apoptosis of primary
cultured hepatocytes”. Int. J. Environ. Res. Public Health 2016, 13, 1188

[3] LESTER, David; GREENBERG, Leon A. “The metabolic fate of aetanilid and other aniline
derivates”. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics May 1947, 90 (1) 68-75

[4] BRUICE, Paula Y. “Química Orgânica”. Vol 2, 4ª ed, São Paulo, SP: Pearson, 2012, p. 37

[5] Lide, D.R. (ed.). CRC Handbook of Chemistry and Physics. 76th ed. Boca Raton, FL: CRC Press Inc.,
1995-1996., p. 3-5

[6] The Matheson Company, Inc., East Rutherford, New Jersey. “1H Nuclear Magnetic Resonance (NMR)
Spectrum”. Copyright © 1991-2018 Bio-Rad Laboratories, Inc. All Rights Reserved.

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