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PSICOLOGIA – BELLA REDAÇÃO

Psicologia – As Escolas do Pensamento

Considerada por muitos a ciência do nosso século, a Psicologia abrange todas as esferas da actividade humana.
Os diversos paradigmas fornecem um corpo teórico à Psicologia, apresentando diversas concepções que se
referem aos objectos, métodos e práticas cientificas. Um paradigma, modelo ou padrão é um modo
reconhecido de pensar, no âmbito de uma disciplina científica, que fornece, por algum tempo, as perguntas e
respostas essenciais aos pesquisadores.

Esta grande variedade e diversidade de teorias é condição e resultado de uma ciência que tem por objecto o
ser humano em toda a sua complexidade. O termo “escola de pensamento” refere-se a um grupo de psicólogos
que se associam ideológica e, às vezes, geograficamente ao líder de um movimento. Em geral, os membros de
uma escola de pensamento trabalham em problemas comuns e compartilham uma orientação teórica. São
elas:

Psicologia Experimental

Estruturalismo/Associacionismo

Wundt(1832-1920)/Weber(1801-1887)/Fechner (1832-1920)

Wundt é considerado um dos pais da psicologia moderna experimental. Entre as contribuições que o fazem
merecedor desse reconhecimento histórico estão criação do primeiro laboratório de psicologia no Instituto
Experimental de Psicologia da Universidade de Leipzig (Lipsia) na Alemanha em 1879 e a publicação de
Principles of Physiological Psychology / Princípios de Psicologia Fisiológica em 1873.

Tanto para Wundt como para os seguidores do estruturalismo, as operações mentais resultam da organização
de sensações elementares que se relacionam com a estrutura do sistema nervoso – concepção estruturalista.

Wundt apresenta os processos mentais conscientes como objecto de estudo e a introspecção controlada como
método. Procura identificar os elementos básicos da consciência – as sensações. Ao sabermos o modo como se
combinam as sensações, identificaremos a estrutura da actividade consciente. Daí esta concepção ser
vulgarmente designada por associacionismo. Apesar de Wundt representar o ponto de partida da Psicologia
científica, a sua concepção não rompe com a tradição introspectiva, muito próxima da Filosofia.

Funcionalismo – William James (1820-1903)

Os pesquisadores associados à fundação do funcionalismo não tinham a ambição de criar uma nova escola de
Psicologia. Eles protestavam contra as limitações da Psicologia de Wundt e do estruturalismo de Titchener, mas
não desejavam substitui-los.

A Psicologia funcional, como o próprio nome indica, interessa-se pelo funcionamento da mente. Os
funcionalistas estudavam a mente não do ponto de vista da sua composição (uma estrutura de elementos
mentais), mas como um aglomerado de funções ou processos que levam a consequências práticas no mundo
real. De facto, os funcionalistas adoptaram muitas das descobertas feitas nos laboratórios dos estruturalistas.
Não faziam objecções à introspecção nem se opunham ao estudo experimental da consciência. A sua oposição
voltava-se para as definições anteriores de Psicologia que eram desprovidas das considerações acerca das
funções utilitárias e práticas da mente.

William James foi o principal percursor da Psicologia funcional é considerado ainda hoje por muitos como o
maior psicólogo americano. Ele afirma que “a Psicologia é a Ciência Da Vida Mental, tanto dos seus fenómenos
como das suas condições” (James,1890). O termo “fenómenos” é usado para indicar que o objecto de estudo
se encontra na experiência imediata, reconhece a consciência como sendo o ponto fulcral de grande interesse.

James acredita que é possível investigar estados de consciência examinando a própria mente por meio da
introspecção, sendo este o objecto e respectivo método de estudo.

Uma das maiores contribuições de James foi a sua Teoria da Emoções. Supunha-se que a experiência
subjectiva de um estado emocional precede a expressão ou a acção corporal física, por exemplo, se vemos um
urso assustamo-nos e fugimos, logo o medo surge antes da reacção corporal de fuga. James inverte esta
noção, afirmando que o despertar de uma resposta física precede o surgimento da emoção, especialmente nas
emoções que designou de “mais rudes” como o medo, a raiva, a angústia e o amor. De acordo com James, no
exemplo anterior, vemos o urso, fugimos, e então temos medo. Para validar a sua teoria, James recorreu à
observação introspectiva de que, se as mudanças corporais como o aumento dos batimentos cardíacos, a
aceleração da respiração e a tensão muscular não ocorressem, não haveria emoção.

Behaviorismo –Thordnike ( )Pavlov(1849-1936)Watson (1878-1958)

Thorndike é um dos mais importantes pesquisadores no desenvolvimento da Psicologia animal. Acreditava que
a Psicologia tem de estudar o comportamento e não os elementos mentais ou experiências conscientes de
qualquer espécie.

Thorndike criou uma abordagem experimental que designou de Conexionismo, pois concentrou-se nas
conexões entre situações e respostas, e alegando que a aprendizagem não envolve uma reflexão consciente.
As suas conclusões derivam das pesquisas que fez utilizando uma caixa-problema, em que um animal(gato)
era colocado na caixa e tinha de aprender a operar uma alavanca para sair.

Link para a visualização do vídeo caixa-problema > http://www.youtube.com/watch?v=EP6GsED0Hmk

Thorndike concluiu que tendências de resposta mal sucedidas (as que não faziam com que o gato saísse da
caixa) iam sendo menos frequentes, enquanto que as respostas que levavam ao êxito eram incorporadas –
Aprendizagem por Tentativa e Erro. Thordnike formulou leis numa tentativa de resposta a várias situações:

 Lei do Efeito – incorporação ou redução de uma dada resposta “todo o acto que, numa dada situação,
produz satisfação, fica associado a essa situação, de maneira que, quando a situação se repete, a acto
tem mais probabilidade de se repetir do que antes. Inversamente, todo o acto que, numa dada situação,
produz desconforto, torna-se dissociado dessa situação, de maneira que, quando a situação se repete, o
acto tem menos probabilidade de se repetir do que antes”.
 Lei do Exercício ou Lei do Uso e Desuso – “toda a resposta dada numa situação particular fica associada
a essa situação. Quanto mais é usada na situação, tanto mais fortemente a resposta se associa com ela.
Inversamente, o desuso prolongado da resposta tende a enfraquecer a associação”.

Pavlov e a Reflexologia

Ao estudar as secreções gástricas, Pavlov descobre que para além dos reflexos inatos, se podem desenvolver,
nos animais e seres humanos, reflexos aprendidos. No decorrer de uma experiência, apercebe-se que o cão
salivava não só quando via o alimento – reflexo inato – mas também quando se davam outros sinais
associados ao alimento, como o som de uma campainha – reflexo condicionado. Dedica-se a estudar
profundamente a actividade nervosa superior. É no córtex cerebral que se vão formar, modificar e desaparecer
os reflexos condicionados.

Os reflexos – inatos e condicionados – seriam o fundamento das respostas dos indivíduos aos estímulos
provenientes do meio.

Link para a experiência do cão, de Pavlov > http://www.youtube.com/watch?v=YhYZJL-Ni7U

Watson rompe com a concepção tradicional de Psicologia sendo considerado o pai da psicologia científica.
Recorre ao método experimental para estudar o comportamento. O comportamento (behavior) é o conjunto de
respostas observáveis a estímulos igualmente observáveis provenientes do meio. Somos totalmente
condicionados pelo meio [R = f (S) – as respostas em função das situações]. Alterando as situações que
condicionam o comportamento podemos modificá-lo. O estabelecimento de leis do comportamento resulta do
estudo das variações das respostas em função da situação. O psicólogo, conhecendo o estímulo, deverá ser
capaz de prever a resposta e se conhecer a resposta deverá poder identificar o estímulo. Watson considera que
a existência de factores hereditários é irrelevante e que os factores do meio são determinantes no
desenvolvimento da criança

Construtivismo – Piaget (1886 -1980)

Jean Piaget ficou conhecido pelo seu trabalho sobre o desenvolvimento mental na infância. Este psicólogo é
apontado ao lado de Freud como responsável pela alteração na concepção de homem. Piaget também
realizou investigações na Biologia, na Lógica e na Epistemologia. A sua teoria do Construtivismo foi
fundamental para a condição dos jovens, incluindo estudantes. Se Piaget não tivesse formulado esse modelo
explicativo do conhecimento ainda se tratavam as crianças como “adultos em miniatura”.

O construtivismo é um modelo explicativo do conhecimento, pois tratase de uma teoria que se serve de outras
teorias para se explicar. Este modelo explicativo do conhecimento serve-se da filosofia e da psicologia para
explicitar a origem e o desenvolvimento da inteligência.

Segundo Piaget, a inteligência é o resultado de uma capacidade inerente ao ser humano de se adaptar a
novas situações e realidades. A construção de novos hábitos por parte de uma criança acontece devido à
realização de actividades que são repetidas para que a criança possa explorar o mundo à sua volta. Esta
curiosidade nasce com a criança, por isso, às actividades por ela realizadas damos o nome de “actividades
reflexas inatas”.
Para o autor, o conhecimento acontece sempre que o sujeito interage com o meio. O meio é tudo o que é
exterior ao sujeito, quer seja a Natureza, quer sejam ideias. Para Piaget, agir sobre um objecto, é conhecê-lo.
O sujeito não nasce constituído, quer dizer, com estruturas cognitivas inatas. Vai-as construindo ao longo da
sua vida, à medida que se vai desenvolvendo e contactando com o meio natural e socio-cultural. A interacção
com este meio é constante, e vai-se alterando, o que provoca no sujeito um obrigatório esforço de adaptação
para a sobrevivência.

Por outro lado, o construtivismo também utiliza a psicologia para explicar a origem e o desenvolvimento da
inteligência. A psicologia, sendo o estudo do comportamento humano, tem várias áreas; uma das áreas mais
importantes da psicologia para o construtivismo é a psicologia educacional.

A psicologia da educação também tem uma abordagem no que toca à activação do desenvolvimento
psicológico e no melhoramento dos percursos, de forma a que o sujeito possa atingir metas mais elevadas de
maturação.

Piaget estudou crianças desde que nascem até atingiram a maturidade. Estes níveis de maturação do sujeito
enquanto criança foram divididos por Piaget, em quatro estádios de desenvolvimento cognitivo – sensório-
motor, pré-operatório, operações concretas e operações formais.

O construtivismo é um modelo que defende uma construção progressiva da inteligência humana desde que se
nasce até se atingir a maturidade. Este processo, é um processo de autoconstrução de estruturas cognitivas,
através da interacção com a realidade, sendo estas estruturas cada vez mais estáveis e adaptáveis às novas
realidades.

Gestaltismo

Köhler (1887-1967)Wertheimer (1880-1943)Kofka(1886-1909)

A gestalt, ou Psicologia da forma, nasceu por oposição à Psicologia do século XIX, que tinha por objecto os
estados de consciência. Köhler, Wertheimer e Kofka, criticam Wundt e a sua tentativa de decompor os
processos mentais nos seus elementos mais simples. Os gestaltistas reagem contra esta concepção atomista e
associacionista, invertendo o processo explicativo.

O gestaltismo é uma corrente que deu um importante contributo na construção da Psicologia como ciência.
Apesar de também estudar experiências conscientes vai-se demarcar da corrente associacionista, que defendia
que a vida mental era constituída por elementos que se associavam. Opondo-se a esta concepção atomista e
associacionista, postula que qualquer fenómeno psicológico é uma totalidade organizada, não redutível à soma
dos elementos que a compõem, a percepção dos objectos é diferente da percepção do somatório dos
elementos que o constituem. Percepcionados formas organizadas, totalidades – primeiro o todo que as partes.
O gestaltismo considera o contexto em que ocorrem os fenómenos psicológicos (campo) fundamentais para a
compreensão dos mesmos, e enfatiza os processos de organização mental.

Köhler e os seus companheiros vão desenvolver todo um conjunto de investigações baseadas na noção de
gestalt, podendo ser traduzido para português por forma, mas também por organização, estrutura ou
configuração.

A teoria da gestalt considera a percepção como um todo, e parte deste todo para explicar as partes; enquanto
que os associacionistas partiam das partes para explicar o todo.

O todo é percebido antes das partes que o constituem. A forma corresponde à maneira como as partes estão
dispostas no todo.

O todo não é a soma das partes, na realidade, elas organizam-se segundo determinadas leis. Os elementos
constitutivos de uma figura são agrupados espontaneamente e esta organização, segundo os gestaltistas, é
inata. Wertheimer apresentou os princípios de organização perceptiva também por organização, estrutura ou
configuração – Proximidade; Continuidade; Semelhança; Complementação; Simplicidade; Figura-Fundo.

Tal como os outros movimentos que se opuseram a concepções mais antigas, a gestalt teve um efeito
revigorante e estimulante sobre a Psicologia como um todo. O ponto de vista gestaltista influenciou as áreas da
percepção e da aprendizagem e continua a estimular interesse, ao contrário do que aconteceu com o
behaviorismo.

Freud e a Psicanálise
A psicanálise caracteriza-se como uma corrente da Psicologia que busca o fundamento oculto dos
comportamentos e dos processos mentais, com o objectivo de descobrir e resolver os conflitos intra-psíquicos
geradores de sofrimento psíquico. Segundo Freud a nossa mente consciente não controla todos os nossos
comportamentos, pois mesmo os nossos actos voluntários, resultantes de uma deliberação racional, estão
dependentes de um fonte motivacional inconsciente. O inconsciente define-se como uma zona do psiquismo
constituída por desejos, pulsões, tendências e recordações recalcadas, fundamentalmente de carácter sexual.
Freud apresenta duas interpretações do psiquismo humano: a primeira e a segunda tópica.

Na primeira tópica recorre à imagem do icebergue: o consciente corresponde à parte emersa, enquanto o
inconsciente corresponde à parte submersa, do icebergue sendo por isso muito maior relativamente ao
consciente. Os materiais inconscientes, que não são acessíveis através da auto-análise, tendem a tornar-se
conscientes, no entanto este acesso às pulsões e desejos inconscientes é impedido pelo racalcamento. O
recalcamento é um mecanismo de defesa que devolve ao inconsciente os materiais que procuram tornar-se
conscientes. Tal como este mecanismo também existe o contrário: o pré consciente, que permite que alguns
conteúdos do inconsciente acedam à consciência “disfarçados”, de modo a evitar distúrbios ao nível do
consciente.

Relativamente á estruturação do psiquismo, Freud apresentou três instâncias: id, ego, superego.

O id é a zona inconsciente, primitiva, a partir do qual se forma o ego e o superego; está desligado

do real, não se orientando por normas ou princípios morais sociais ou lógicos. É formado por instintos,
impulsos

orgânicos, desejos inconscientes e regido pelo princípio do prazer que exige satisfação imediata.

O ego é a zona fundamentalmente consciente, que se forma a partir do id e rege-se pelo princípio da realidade,
ou seja, à necessidade de encontrar objectos que possam satisfazer o id sem transgredir as exigências do
superego. Forma-se durante o primeiro ano de vida.

O ego tem vários mecanismos de defesa além do recalcamento, que são os seguintes:

Racionalização ou intelectualização – É um conjunto de estratégias de justificação de comportamentos,


pensamentos, tendências psíquicas , lógicas, com o fim de evitar sentimentos de inferioridade que ponham em
risco a auto-estima.

Projecção – Têndencia que os seres humanos têm para atribuir aos outros, comportamentos, sentimentos e
desejos que, sendo deles próprios, são muitas vezes tidos como inaceitáveis.

Deslocamento – Mecanismo libertador que ocorre quando um indivíduo, não podendo atingir determinado
objecto, o substitui por outro, sobre o qual descarrega as suas tensões acumuladas.

Regressão – Mecanismo segundo o qual o indivíduo adopta formas de conduta próprias de estádios anteriores
de desenvolvimento em que o indivíduo se sentia em segurança.

Compensação ou formação reactiva – Mecanismo de defesa contra qualquer tipo de inferioridade fisiológica ou
psicológica, seja ela real ou não, que consiste na adopção de comportamentos contrários ao desejo.

Sublimação – O sujeito substitui o fim ou o objecto das pulsões de modo que estas se possam manifestar em
modalidades socialmente aceites.

O superego é a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao id, impedindo-o de satisfazer
plenamente os seus instintos e desejos. É a repressão sexual. Manifesta-se na consciência indirectamente, sob
a forma de moral, como um conjunto de interdições e deveres, e por meio da educação, pela produção do “eu
ideal”, isto é, da pessoa moral, boa e virtuosa

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