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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


TREINAMENTO DESPORTIVO E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

RISCOS E BENEFÍCIOS NO TREINAMENTO DESPORTIVO

TARCIANI LEAL FERREIRA

Venda Nova do Imigrante


2020
2

RISCOS E BENEFÍCIOS NO TREINAMENTO DESPORTIVO

Tarciani Leal Ferreira1

Declaro que sou autora¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO

O presente artigo se propôs a investigar os riscos e os benefícios do treinamento desportivo. O objetivo


geral, portanto, é pesquisar a produção de conhecimento sobre os riscos e benefícios do treinamento
desportivo para crianças e jovens, uma vez que se sabe que o treinamento desportivo consiste em
preparar o corpo para se alcançar o máximo de rendimento possível. A metodologia aplicada neste artigo
é revisão bibliográfica, consultando livros e artigos publicados nos últimos 20 anos e disponíveis em
diversas plataformas, entre elas, o Google Acadêmico. Espera-se que o presente estudo contribua com a
necessidade de compreender a produção de conhecimento no campo da educação física quanto ao
treinamento desportivo, com crianças e jovens. Conclui-se que que o treinamento desportivo com
crianças e jovens é de grande utilidade para seu desenvolvimento físico e motor, desde que seja
planejado de acordo com as características de cada participante.

PALAVRAS-CHAVE: Desporto. Esporte de rendimento. Treinamento esportivo para crianças e jovens.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente a participação de crianças e jovens em programas de exercícios


físicos tem sido objeto de discussão, principalmente sobre esportes, prática comum
entre eles. No treinamento desportivo, existem vários esportes e, de acordo com Bompa
(2005) e Tubino (2002), esses esportes estão sujeitos a regulamentações. Devem ser
bem organizados e ter uma boa base de iniciação para proteger os atletas de
problemas futuros, enfatizando a "especialização precoce", termo bem conhecido no
esporte que se refere a uma criança ou jovem que acelera muito o ritmo biológico, pula
fases da puberdade normal, gerando problemas físicos e mentais e psicológicos.
O treinamento desportivo é o conjunto de atividades físicas realizadas por um
longo período de tempo, de forma progressiva, que tem como função desenvolver as
capacidades humanas, fisiológicas e psicológicas de um indivíduo, ou seja, são

1
tharcyedf@hotmail.com
3

exercícios planejados de forma individualizada e sistemática para a evolução de um


atleta.
Deve-se mencionar que esporte e desporto diferem devido ao seu escopo, pois o
esporte se refere a uma atividade esportiva como o futebol, enquanto o desporto é a
combinação de diferentes esportes de maneira organizada, em situações pequenas ou
grandes, geralmente com a intenção de desempenhos de um atleta de destaque,
indicando um ou mais vencedores (BOMPA, 2005).
Sob esse prisma, podemos mencionar que esporte e esporte se comunicam e se
complementam para que você não possa pensar e se ignorar. Enquanto as atividades
esportivas são realizadas de acordo com as habilidades ou preferências de cada
indivíduo, o desporto existe para ser apresentado de forma agrupada e estruturada
(TUBINO, 2002).
O treinamento considerado organizado e estruturado tem como objetivo principal
o aumento do desenvolvimento físico, visando o desempenho e melhor desempenho
dos atletas, para que os resultados sejam positivos, porém, muitas vezes, quando o
processo metodológico ideal é esquecido e os estágios de maturação dos atletas não
são respeitados durante os treinamentos, sua vida ativa no futuro está no esporte.
A manifestação dessas áreas era desconhecida até recentemente e permitiu a
extensão do até então unificado termo esporte profissional (de rendimento). Isso é de
natureza progressiva e metódica e deve ser cuidadosamente estudado e considerado
antes do uso.
Nesse contexto, situa-se o problema de pesquisa: qual é a geração de
conhecimento sobre os riscos e benefícios do treinamento esportivo? Para responder a
essa pergunta, desenvolvemos o seguinte objetivo geral: pesquisar a produção de
conhecimento sobre os riscos e benefícios do treinamento desportivo para crianças e
jovens.
Este estudo é importante em função da necessidade de identificar a produção
científica existente sobre o tema, de modo a compreender quais foram as descobertas
de diferentes pesquisadores na área. No próximo capítulo serão abordados material e
métodos empregados na elaboração deste artigo. O capítulo 3 discorrerá sobre a
análise dos dados pesquisados, tendo por base pressupostos teóricos de autores como
4

Guedes (1996), Maciel (2010) e Marques (2011), entre outros. Os descritores utilizados
foram: desporto, esporte de rendimento e, treinamento esportivo para crianças e jovens.

2 METODOLOGIA

A metodologia tem o objetivo de fornecer caminhos para o estudo verossímil de


algo. O método científico é o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos
adotados para se atingir o conhecimento, ou seja, toda pesquisa precisa ter um rumo,
uma forma de se ser realizada (GIL, 1999). O presente estudo teve as seguintes
características: pesquisa bibliográfica e em artigos, utilizando a revisão bibliográfica,
visando acabar com as incertezas deixadas pelas revisões narrativas.
Para esta pesquisa foi utilizada uma revisão bibliográfica, uma espécie de
investigação cientifica que objetiva analisar e reunir uma composição de dados de
estudos independentes. Esta exige uma questão objetiva, métodos de seleção bem
claros, a fim de garantir a seriedade do estudo e que ainda possua uma conclusão que
forneça novas informações embasadas no conteúdo encontrado (THOMAS; NELSON;
SILVERMAN, 2012).
Para a busca de campo, foram utilizados os descritores: desporto, esporte de
rendimento, treinamento esportivo, treinamento para crianças e jovens. O material
encontrado foi organizado por temáticas, buscando compreender os objetivos,
metodologia e os achados da pesquisa. A análise destas produções, feitas em livros,
artigos e periódicos publicados na Internet por meio de buscas no Google Acadêmico,
representa o movimento de compreensão sobre o processo da produção do
conhecimento do treinamento desportivo. Os dados apresentados oportunizam
identificar as limitações e possibilidades de entender o tornar-se atleta.

3 SEDENTARISMOS E A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo é um dos


principais inimigos da saúde pública, responsável por aumentar o risco de morte por
todas as causas, sendo o fator de risco de maior incidência na população brasileira,
causando e agravando patologias como doença arterial coronariana, obesidade,
hipertensão, diabetes e depressão.
5

Segundo Marietto (2007), a atividade física, seja individual ou coletiva, contribui


para o desenvolvimento de habilidades afetivas, éticas, estéticas, cognitivas,
interpessoais e sociais. Sua prática é fundamentalmente relacionada à saúde e deve
ser praticada por todos, independentemente da idade, como forma de relaxamento e
prazer.
Segundo Nahas (2010), atividade física pode ser definida como qualquer
movimento corporal produzido pelo corpo humano que resulte em gasto de energia,
uma simples caminhada, levantar uma caixa, varrer o chão já são funções funcionais
como atividade física. A atividade física pode fornecer os seguintes benefícios: pessoas
ativas vivem mais intensamente, têm mais interações sociais, têm mais energia, são
resistentes a doenças, permanecem em forma, são menos deprimidas, estressadas e
têm autoestima elevada.
Azevedo Júnior (2004) relata que sobre os benefícios da atividade física na
manutenção da saúde, estudos têm demonstrado que os efeitos benéficos do exercício
ajudam a prevenir o desenvolvimento de doenças cardíacas. Além disso, um maior
nível de atividade significa melhores condições para o esqueleto. A osteoporose
também está relacionada à atividade física, pois a densidade óssea está diretamente
relacionada ao nível de atividade física.
A atividade física também apresenta benefícios na prevenção do câncer de
cólon. Azevedo Júnior (2004) cita o estudo de White et al. (1996) que encontrou
associação entre atividade física e câncer de cólon, sendo a incidência da doença
menor entre pessoas ativas.
Racco (2008) conclui que a atividade física regular está associada a benefícios
de saúde imediatos e de longo prazo, como controle de peso, melhora da aptidão
cardiorrespiratória e bem-estar psicossocial. Crianças ativas têm maior probabilidade de
se tornarem adultos ativos, embora os níveis de atividade física diminuam à medida que
o crescimento e o desenvolvimento evoluem.
A atividade física apresenta diversos efeitos benéficos ao organismo, sendo
recomendada como uma estratégia de promoção da saúde para a população.
Entretanto, vários estudos mundiais, incluindo o Brasil, apontam para um
elevado índice de sedentarismo em todos os grupos etários, variando de 50% a
mais de 80% na população mundial (MENDES et al., 2006 p. 53).
6

A atividade física é um dos fatores que podem contribuir para a melhoria do


desempenho físico. Outro aspecto seria o aproveitamento do tempo de lazer individual,
graças ao qual podemos reduzir o sedentarismo e aumentar o número de pessoas
ativas, essa prática deve ser iniciada cedo para adquirir o hábito de praticar esportes.
Uma pessoa ativa tende a manter seu peso dentro da faixa normal e o mantém
mais facilmente e por mais tempo do que uma pessoa sedentária. Uma pessoa ativa
tem pressão arterial e frequência cardíaca mais baixas do que uma sedentária. Uma
pessoa ativa tem maior volume de oxigênio nos pulmões e suporta mais facilmente as
atividades de longo prazo, a atividade física melhora a postura e ajuda a combater os
maus hábitos, como fumar.
Existe um número cada vez maior de estudos e documentos que comprovam e
relatam os benefícios da aptidão física para a saúde, segundo a American College of
Sports Medicine (ACMS/1998). Recentemente Petrella; Wight (2000) relataram que,
embora os médicos de clínica geral deem conselhos sobre exercícios, eles descobriram
que o tempo limitado e a falta de conhecimento específico restringiam a prática em
certa medida. Em outro estudo, também realizado recentemente, observou-se que entre
as médicas americanas havia uma tendência para aquelas que melhoraram seus
hábitos de movimento serem as que mais frequentemente recomendavam que seus
pacientes se exercitassem.
De fato, até a população já adotou a ideia de que "mudar" faz parte de nossas
vidas e que a sociedade moderna geralmente é velada, negada o direito de entrar e
sair, passar o tempo livre ativamente etc., seja por falta de segurança pública,
informações e informações adequadas, seja por educação ou devido à
responsabilidade familiar e/ou escolar, contribuindo para a extinção do hábito natural
das pessoas de "exercício".
Os dados apresentados referem-se aos artigos selecionados pela autora, por
estarem relacionados ao assunto dos estudos que foram lidos antes da seleção
daqueles que seriam utilizados na elaboração deste trabalho. A análise de dados
permite enviar a posição dos autores selecionados sobre o tópico em desenvolvimento
e, assim, determinar resultados efetivos sobre esse tópico.
7

Filardo; Pires-Neto; Rodriguez-Añez (2001) defendem a realização de exercícios


entre crianças e adolescentes, declarando que tais exercícios podem ser
potencialmente positivos, desde que os líderes e programadores de exercícios sigam
critérios claros para a definição de exercício, sem impor cargas maiores do que aquelas
consistentes com as habilidades dos indivíduos em cada idade e grupo de
desenvolvimento.
Se quisermos minimizar a ocorrência de estilos de vida sedentários em nossa
sociedade e na vida de nossas crianças, adolescentes e adultos, precisamos agir desde
tenra idade. Os anos escolares devem proporcionar à criança a oportunidade, o prazer
e o conhecimento de como se exercitar, se não queremos que ela se torne um adulto
sedentário (GUEDES, 1996).
Não basta que os professores façam com que seus alunos realizem tarefas de
educação física na escola. Existe um sinal claro para descartar o que foi denominado "a
ciência da ortopedia": o prazer do aprendiz quando ele é capaz de realizar uma tarefa
adquirindo conhecimento, sugerindo sua concretização prática, resultando em prazer
corporal (DINUBILE, 1993).
Já foi comprovado que a experiência escolar é importante para adquirir o hábito
de se exercitar. Ferreira (1982) argumenta em seu trabalho sobre cidadania que a
escola não é apenas um espaço para comunicar conteúdo, mas também para moldar
hábitos e moldar atitudes. Pate et al. (1996) concluíram que os comportamentos
fisicamente ativos são marcados na infância.
Powell; Dysinger (1987) descobriram que, embora os determinantes da vida
física ativa ainda sejam desconhecidos, a participação em esportes escolares e
educação física na infância e adolescência é frequentemente citada como promotora de
um estilo de vida ativo na idade adulta.
Tem sido argumentado que as políticas públicas brasileiras precisam ser mais
vigorosas na promoção e no estímulo à educação física escolar. Cientistas canadenses
recomendam que as escolas desenvolvam e estimulem aulas de aeróbica, pois estão
mais relacionadas à saúde, além de priorizarem bastante a recreação, o jogo e o ensino
dos benefícios da atividade física regular como um dos fatores que influenciam a
8

qualidade de vida, junto a outros fatores como moradia, saneamento básico, emprego,
liberdade etc. (CRAMER, 1998).
Marques et al. (2011) identificaram a partir de pesquisas que o treinamento de
força produz resultados positivos em atletas por duas semanas, enquanto a falta de
treinamento pode afetar negativamente a força muscular em jovens dentro de quatro
semanas. No caso de Colantonio et al. (1999), existem efeitos significativos e positivos
do uso de atividade física com crianças e adolescentes, indicando que vários estudos
corroboram tais efeitos. Exercícios extenuantes que causam maior exaustão, no
entanto, ao invés de ter os efeitos positivos esperados, levam à fadiga, desânimo e
abandono das atividades e piora a amplitude física e mental dos indivíduos.
Oliveira; Gallagher (1997) identificaram a contribuição do exercício físico,
principalmente programas de treinamento de força, para adultos e adolescentes, desde
que o desenvolvimento dos programas não seja padronizado, mas específico para cada
grupo, pois o que é bom para os adultos pode não ser bom para os jovens, mesmo se
houver alguma redução na carga ou no tempo.
Paschoal et al. (2012) verificaram que o exercício aeróbico de curto prazo não
aumentou significativamente a interferência no sistema nervoso parassimpático,
concentrando-se no coração de adolescentes sedentários, analisando o período de
recuperação após o exercício. Menêses et al. (2013) acreditam na importância de
realizar avaliações de força para que possíveis déficits de força muscular possam ser
corrigidos.
Para os autores, a verificação da sobrecarga de exercícios permite determinar se
os programas afetam ou não o desenvolvimento dos indivíduos. Soares et al. (2011),
com foco na prática do futebol, deram continuidade à formação sobre o perfil dos jovens
que praticam esse esporte profissionalmente ou têm que fazê-lo profissionalmente, com
foco no mercado de futebol.
Godinho; Figueiredo; Vaz (2013) acredita que a intensidade do exercício durante
as partidas de futebol é intensa, tendo em vista que os atletas percorrem longas
distâncias durante os jogos e, portanto, pressionam significativamente os praticantes,
no entanto, os autores se preocupam com tais práticas entre os adultos. Darido; Flour
9

(1995) avaliou os efeitos do exercício em tenra idade, constatando que ele afeta um
indivíduo após atingir a idade adulta, especialmente quando nada.
Os autores perceberam que o treinamento precoce não tem efeitos negativos,
desde que não haja sobrecarga no exercício das crianças; caso contrário, além da
fadiga e do abandono do esporte, sente-se um impacto negativo no desenvolvimento
físico desses jovens. Matthiesen et al. (2008) tentaram verificar como os exercícios
atléticos funcionam em crianças e adolescentes de 10 a 16 anos, mas com ênfase no
comprometimento e satisfação com o exercício, sem verificar o impacto físico dessa
atividade no desenvolvimento.
Vieira et al. (2009) destacaram o desenvolvimento motor das crianças quando se
envolvem em determinadas atividades físicas, pois esse público valoriza mais
atividades que requerem menos movimento, como televisão e jogos eletrônicos,
observando que atividades físicas como natação podem acelerar o desenvolvimento
motor e mental participantes.
Maciel (2010) enfatiza o impacto negativo da falta de atividade física em crianças
e adolescentes, porque a falta de exercício é uma realidade entre esses públicos. Silva
et al. (2010) afirmam que uma redução no nível de atividade física é um fato recente,
um fator fortemente negativo para habilidades motoras e desenvolvimento físico. Colidir;
Arruda; Oliveira (2012), por sua vez, sugere, que o programa de exercícios exerce um
efeito positivo na flexibilidade e motivação das crianças.
Saraiva; Rodrigues (2011) enfatizam que o desenvolvimento motor é o resultado
da interação de diversos fatores, como aptidão física, coordenação da aptidão, perfil
morfológico e envolvimento na atividade física. Coledam; Santos (2011) constataram
que o aquecimento com exercícios dinâmicos é benéfico para meninos e meninas
devido à sua agilidade. Ribeiro; Araújo (2004) analisam a formação acadêmica de
profissionais na expansão do Esporte Adaptado, citando a necessidade de formação
acadêmica adequada para melhor desenvolver as atividades.
Guedes; Silvério Netto (2013) perceberam que adolescentes de 12 a 18 anos
buscam exercício físico para melhorar sua competência técnica e fitness. A análise dos
artigos selecionados permitiu verificar a posição dos autores sobre o tema selecionado.
10

Filardo; Pires-Neto; Rodriguez-Añez (2001) constataram que o desenvolvimento dos


indivíduos, da concepção à maturidade, prossegue por inúmeras etapas.
Para os autores, a prática de esportes na adolescência pode afetar
positivamente o desenvolvimento físico ao aumentar o peso corporal dos praticantes.
Colantonio et al. (1999) afirmam que os efeitos positivos da atividade física na saúde de
crianças e adolescentes são reconhecidos em vários estudos. Pesquisas demonstraram
que, ao prescrever treinamento para crianças e adolescentes, deve-se tomar mais
cuidado, e é sabido que, durante a iniciação, o exercício não deve ser realizado com
muita intensidade, a fim de não sobrecarregar a estrutura muscular esquelética e o
sistema orgânico.
Para Oliveira; Gallagher (1997), a contribuição do exercício físico, com ênfase
nos programas de treinamento de força, é significativa não apenas para adultos, mas
também para outras faixas etárias, dependendo apenas da organização cuidadosa de
tais programas para atender às habilidades de cada indivíduo. Paschoal et al. (2012),
em um estudo com jovens sedentários, descobriram que o exercício aeróbico de curto
prazo não parecia ser eficaz no aumento da interferência do sistema nervoso
parassimpático no coração dos participantes durante a fase de recuperação.
No caso de Menêses et al. (2013), a avaliação da força muscular é de grande
importância para que seja possível corrigir déficits de força muscular, verificar
sobrecargas no treinamento de força e analisar a eficácia dos programas
encomendados após um determinado período. Portanto, a mera indicação de um
programa de formação, sem antes avaliar as capacidades de quem o realizará, pode
comprometer a sua eficácia final.
Soares et al. (2011) analisam o futebol em detalhes, considerando que esse
esporte é dominado por jovens atletas, geralmente com 12 anos ou mais. Uma carreira
exige muito trabalho com o corpo. No entanto, este artigo coloca mais ênfase no
mercado e nas carreiras dos jogadores, sem focar especificamente em programas de
atividade física para esses jovens. Para Godinho; Figueiredo; Vaz (2013) enfatiza a
intensidade do exercício durante os jogos, principalmente por causa da distância que os
atletas viajam.
11

Neste estudo, a prioridade é estudar a atividade em adultos. Estudo de Darido;


Farinha (1995), além de avaliar os efeitos do exercício em idade precoce, relacionou-o
a resultados que deveriam ser vistos na idade adulta, com ênfase na natação. Os
autores constataram que o treinamento precoce, com menos de 12 anos, apesar de
gerar resultados positivos para o desenvolvimento físico na infância, com fatores
positivos para a vida adulta, pode afetar negativamente as crianças à medida que as
demandas se tornam maiores sem o preparo físico e mental gradual do indivíduo.
Matthiesen et al. (2008) estudaram exercícios atléticos com crianças e
adolescentes de 10 a 16 anos como forma de incorporar esse esporte à rotina diária de
educação física. Os autores não se concentraram nos efeitos da atividade sobre o
corpo em nenhum momento, tentando apenas torná-lo mais conhecido e praticado
pelos jovens nas escolas brasileiras, despertando seu interesse pelo atletismo.
Vieira et al. (2009) tiveram como objetivo verificar o desenvolvimento motor de
crianças, pois quanto maior o desenvolvimento de tal característica, melhor o
desempenho das crianças em determinadas atividades mais específicas. Segundo os
autores, as crianças são dominadas por atividades lúdicas ou jogos de computador que
prejudicam o desenvolvimento motor, no entanto, realizar atividades como natação
pode acelerar o desenvolvimento motor e mental.
Maciel (2010) relata os efeitos negativos da inatividade física em crianças e
adolescentes, enfatizando que essa inatividade está aumentando entre os
adolescentes. Marques et al. (2011) compararam os efeitos do treinamento de força
com a falta de treinamento em jovens jogadores de vôlei, afirmando que em apenas
duas semanas o treinamento de força apresenta alterações significativas nos
indicadores de força dos participantes, enquanto quatro semanas sem treinamento de
força afetam significativamente a força muscular dos jovens, causando perda de força.
Silva et al. (2010) enfatizam a queda do nível de atividade física entre as
pessoas nos últimos anos, afirmando que essa realidade não é benéfica para os
indivíduos. Em estudo envolvendo crianças e adolescentes de 8 a 16 anos, os autores
avaliaram a resistência cardiopulmonar, estimando que a aptidão cardiopulmonar é
mais importante em meninos do que em meninas. Coledam; Arruda; Oliveira (2012)
investigou o impacto de um programa de exercícios na flexibilidade e motivação das
12

crianças, realizando um programa com 61 crianças em educação física, verificando um


aumento significativo no desempenho dos participantes após a implementação do
programa, aumentando sua flexibilidade e motivação.
Saraiva; Rodrigues (2011), o desenvolvimento motor é o resultado da interação
de diversos fatores, como aptidão física, coordenação da aptidão, perfil morfológico e
envolvimento na atividade física. Suas pesquisas mostraram que esses fatores
realmente influenciam o desenvolvimento motor, com diferenças entre os sexos, no
entanto, a atividade física não mostra correlação direta com outras habilidades
avaliadas.
Coledam; Santos (2011) tentaram verificar o impacto do aquecimento com
exercícios dinâmicos e jogar futebol em um campo reduzido na agilidade das crianças,
identificando o aquecimento dinâmico muito útil para meninos e meninas, aumentando
sua agilidade. Guedes; Silvério Netto (2013) tentaram identificar os motivos pelos quais
um grupo de adolescentes de 12 a 18 anos pratica esportes, afirmando que esses
estavam em busca de exercícios para melhorar suas competências técnicas e aptidão
física.
Ribeiro; Araújo (2004) explicam a grande importância da formação acadêmica de
profissionais que se adaptarão ao esporte adaptado, o que permitirá a expansão de tais
atividades. Os cientistas enfatizam que um profissional bem preparado é essencial em
qualquer tipo de esporte. Os artigos analisados permitiram compreender que a
realização do treino físico apresenta, sobretudo, efeitos positivos no seu
desenvolvimento motor, físico e mental, eficiência respiratória, flexibilidade e impulsos,
mas a imposição de excedentes pode causar danos físicos e mentais. Portanto, o
treinamento físico só pode ser eficaz se for elaborado com a especificidade de cada
indivíduo, de modo a não sobrecarregar e cansaço os participantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para chegar a uma conclusão a partir dessa pesquisa, recorri ao objetivo geral:
pesquisar a produção de conhecimento sobre os riscos e benefícios do esporte para
crianças e jovens. Para esse fim, procedi a uma revisão sistemática que me permitiu
entender melhor a disponibilidade de material sobre esse tópico. Encontrei 42 artigos
13

que de alguma forma tocaram no assunto, porém escolhi 29 que mais se adequavam
ao meu propósito.
Após a leitura atenta dos artigos selecionados, construí os fundamentos teóricos
apresentando os principais achados de cada artigo e, assim, pode-se concluir que um
programa de treinamento intensivo para crianças e adolescentes que participam de
uma modalidade em um tempo muito curto aumenta o risco de lesões agudas e
excessivas por falta de condição física, bem como pode fazer com que saia
rapidamente.
Por outro lado, os autores apontam quase que unanimemente que a atividade
física moderada tem demonstrado efeito benéfico na saúde, desenvolvimento físico e
motor de praticantes, crianças e adolescentes, desde que o profissional que a conduz
conheça os participantes e desenvolva programas que satisfaçam suas peculiaridades.
Preocupações com exercícios de força foram identificadas, pois podem enfraquecer o
crescimento ósseo; no entanto, estudos mostraram que há risco de lesão, mas está
associado ao levantamento de peso máximo seguido por técnicas de levantamento
inadequadas.
Assim, os benefícios do treinamento de força para a saúde óssea superam os
riscos. Menos de 20% dos artigos encontrados foram utilizados para a construção deste
trabalho, deixando claro que as pesquisas nesta área são abundantes e que novos
trabalhos podem ser construídos sobre um tema a partir de um novo material ainda não
citado neste estudo. Além disso, deve-se notar que muitos materiais em línguas
estrangeiras ainda não foram avaliados, o que aumenta ainda mais a capacidade de
pesquisa nessa área.

RISKS AND BENEFITS IN SPORTS TRAINING

ABSTRACT
This article aims to investigate the risks and benefits of sports training. The general objective, therefore, is
to research the production of knowledge about the risks and benefits of sports training for children and
young people, since it is known that sports training consists of preparing the body to achieve the
maximum performance possible. The methodology applied in this article is a bibliographic review,
consulting books and articles published in the last 20 years and available on several platforms, including
Google Scholar. It is expected that this study contributes to the need to understand the production of
knowledge in the field of physical education regarding sports training, with children and young people. It is
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concluded that sports training with children and young people is of great use for their physical and motor
development, as long as it is planned according to the characteristics of each participant.

KEYWORDS: Performance sport. Sport. Sports training for children and youth.

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