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Balanço das medidas regressivas do governo Bolsonaro

Entre os retrocessos promovidos pelo governo Bolsonaro, destacam-se:

CORONAVÍRUS

 11/03/2020 – No início da tarde, a Organização Mundial de Saúde (OMS)


começou a tratar o novo coronavírus como uma pandemia.
 11/03/2020 – Mesmo depois do anúncio da OMS sobre a pandemia do
coronavírus, a Secretaria Especial de Comunicação (Secom) divulgou no Twitter
oficial do órgão as manifestações do dia 15 de março contra o Congresso
Nacional ou o Supremo Tribunal Federal. Na mesma linha, o Clube Militar do
Exército, sediado no Rio de Janeiro, encaminhou para seus associados um
comunicado anunciando o apoio da instituição aos atos.
 11/03/2020 - No momento de emergência global, com novos casos de
coronavírus identificados diariamente, o Ministério da Saúde ensaiava
protocolos para medidas drásticas contra a doença, considerando a
possibilidade de realização de quarentena e fechamento de escolas. Em
contrapartida a todo trabalho técnico, Bolsonaro reforçou convocação para
manifestações no domingo (15/03), potencializando aglomerações em todo o
país, e implodindo, por questões meramente ideológicas, o próprio plano do
Governo Federal contra o novo coronavírus.
 12/03/2020 - Sophie Wajngarten, esposa do secretário de Comunicação do
governo federal, Fábio Wajngarten, afirmou que seu marido fez o teste do
coronavírus e deu positivo.
 12/03/2020 - Usando uma máscara em sua live semanal no Facebook,
Bolsonaro pediu para que as manifestações marcadas para o domingo, dia 15
de março, fossem adiadas. Ele estava ao lado do ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, e de uma intérprete de Libras, que também utilizavam
máscaras. O presidente desencorajou a população a ir às ruas no domingo e
considerou que as manifestações devem ser adiadas para outro momento. Na
sequência, o presidente pediu novamente, em discurso transmitido para a TV e
rádio, para que as manifestações do dia 15 fossem adiadas. "Os movimentos
espontâneos e legítimos atentem aos interesses da nação. Demonstram o
amadurecimento da nossa democracia. Precisam, no entanto, ser repensados.
Nossa saúde e de nossos familiares devem ser preservadas".
 12/03/2020 - O novo edital do programa Mais Médicos anunciado pelo governo
Bolsonaro, como forma de auxiliar na contenção e tratamento do coronavírus,
constou a contratação apenas de médicos com formação em universidades
brasileiras e com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM). Desta
forma, o edital excluiu brasileiros graduados no exterior e estrangeiros, como
os cubanos.
 13/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 107 casos
confirmados do novo coronavírus e 1.485 casos suspeitos.
 13/03/2020 - O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que o banco
público atuará em três setores, com R$ 75 bilhões, para auxiliar no combate ao
coronavírus. Desse total, R$ 30 bilhões podem ser usados para comprar
carteiras de consignado e automóveis de bancos médios que apresentem
qualquer dificuldade. A instituição financeira também oferecerá R$ 40 bilhões
em linhas de capital de giro para pequenas e médias empresas, além de firmas
do setor imobiliário. Outros R$ 5 bilhões serão ofertados em crédito agrícola.
 13/03/2020 - O Ministério da Saúde, comandado por Luiz Henrique Mandetta,
divulgou uma série de orientações para as secretarias de saúde estaduais com
medidas mais duras para combater a propagação do novo coronavírus. No
informe, o ministério recomendou o cancelamento ou adiamento de viagens
internacionais, eventos esportivos, de massa, culturais, artísticos, científicos,
políticos, comerciais e religiosos, além da concentração de pessoas em velórios.
O informativo ressaltou, ainda, que os viajantes internacionais, mesmo que
assintomáticos, ficassem em isolamento domiciliar e que procurassem uma
unidade de saúde caso apresentassem febre, tosse ou dispneia. As orientações
também ressaltaram que as secretaras estaduais aconselhassem as empresas a
priorizarem reuniões virtuais, cancelarem viagens não essenciais e
incentivarem o trabalho à distância, por meio de home office. O estímulo de
horários alternativos para o uso de transporte público e a antecipação das
férias escolares, tanto nas redes de ensino pública e privada, também foram
citados no informe.
 14/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 121 casos
confirmados do novo coronavírus e 1.496 casos suspeitos.
 15/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 200 casos
confirmados do novo coronavírus e 1.913 casos suspeitos.
 15/03/2020 – Desobedecendo as orientações da OMS e do Ministério da Saúde,
Bolsonaro participou de manifestações em Brasília contra o Congresso e o STF.
De acordo com matéria do Estadão, Bolsonaro teve contato com ao menos 272
pessoas, manuseou ao menos 128 celulares e cumprimentou 140 pessoas.
 15/03/2020 - Bolsonaro concedeu entrevista para a emissora de TV CNN Brasil,
defendeu as manifestações antidemocráticas, eximindo-se de responsabilidade
sobre elas. “Esse movimento não foi de iniciativa minha, foi da população
cansada de desmandos”, afirmou. Na entrevista, desafiou os presidentes do
Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia, alvos principais das
manifestações golpistas. "Espero que saiam às ruas como eu e vejam como são
recebidos”, afirmou.
 15/03/2020 – Durante aparição de Bolsonaro no programa Fantástico, da TV
Globo, várias cidades registraram protestos da população das janelas de suas
casas.
 16/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 234 casos
confirmados do novo coronavírus e mais de 2.000 casos suspeitos.
 16/03/2020 - Bolsonaro voltou a minimizar a sua participação nas
manifestações de domingo (15/03). Alvo de críticas, por não ter seguido
recomendações médicas, o presidente afirmou que, caso tivesse se
contaminado com coronavírus, era problema dele.
 16/03/2020 - Bolsonaro optou por não participar de uma videoconferência com
chefes de Estado de outros países sul-americanos para debater os impactos do
coronavírus na região. No seu lugar, participou o ministro das Relações
Exteriores, Ernesto Araújo.
 16/03/2020 - Um estudo da Universidade de Oxford divulgado pelo The
Intercept Brasil acendeu um alerta vermelho sobre os impactos do coronavírus
sobre a população brasileira. A pesquisa projetou que o País poderá alcançar a
marca das 478 mil mortes, caso as medidas necessárias para a contenção da
doença não sejam tomadas.
 16/03/2020 - Com o avanço dos casos de coronavírus pelo país, o presidente do
STF, Dias Toffoli, agendou uma reunião com a cúpula das cortes judiciárias, os
presidentes do Congresso e o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde). O
encontro se deu a portas fechadas no STF. Bolsonaro não participou.
 16/03/2020 - O ministro Paulo Guedes anunciou como um dos pontos de seu
pacote de medidas para enfrentar o impacto econômico causado pelo
coronavírus, a inclusão de um milhão de novas famílias entre os beneficiários
do Bolsa Família. Esse é, praticamente, o tamanho da fila de espera de pessoas
que aguardam para entrar no programa. Ou seja, o governo apenas aproveitou
a crise para anunciar a quitação de uma, injustificada, dívida social. Entre as
medidas para proteger os "vulneráveis", o governo adiantou recursos que já
são dos próprios trabalhadores e não planejou ações específicas para os
informais e os desempregados. Entre as outras propostas do pacote estavam a
antecipação da primeira parcela do 13º de aposentados e pensionistas para
abril e a segunda, para maio, e do adiantamento do abono salarial, além da
possibilidade de novos saques do FGTS.
 16/03/2020 – Bolsonaro instaurou o comitê de crise para “supervisão e
monitoramento dos impactos” do coronavírus e informou que o grupo será
comandado pelo general Walter Braga Netto, chefe da Casa Civil.
 16/03/2020 - A bancada do Psol na Câmara denunciou Bolsonaro à Organização
Mundial da Saúde (OMS) e na Organização das Nações Unidas (ONU), por
participar e estimular os atos de domingo (15/03) contra o Congresso e o STF,
ignorando as recomendações de saúde nacionais e internacionais.
 17/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 291 casos
confirmados do novo coronavírus e uma morte.
 17/03/2020 - O diretor-presidente substituto da Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, adotou uma postura moderada
frente ao avanço do coronavírus e se tornou um contraponto ouvido por
Bolsonaro às posições tomadas pelo ministro Luiz Henrique Madetta. Torres
estava ao lado de Bolsonaro no domingo (15/03), quando o presidente ignorou
orientações do Ministério da Saúde e participou dos protestos pró-governo
sem demonstrar preocupação com o risco de transmissão do vírus do Covid-19.
A visão de Bolsonaro é a mesma defendida nos últimos meses por Torres nas
reuniões Grupo Executivo Interministerial de Emergência em Saúde Pública,
que reúne oito ministérios e a Anvisa.
 17/03/2020 – Bolsonaro anunciou o fechamento parcial da fronteira entre
Brasil e Venezuela a partir de 18/03, em decorrência da pandemia do novo
coronavírus.
 17/03/2020 – Panelaços foram registrados em inúmeras cidades brasileiras
contra o presidente Bolsonaro e sua postura diante da pandemia do novo
coronavírus.
 17/03/2020 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou um vídeo
em suas redes sociais pedindo que os estudantes da área da saúde, como
alunos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia, voltassem às aulas,
mesmo em meio à pandemia do coronavírus. Declaração de Weintraub foi na
contramão da resolução do Ministério da Saúde que aconselhou as pessoas a
evitarem aglomerações neste período para evitar a propagação da doença.
 18/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 428 casos
confirmados do novo coronavírus e quatro mortes.
 18/03/2020 – A imprensa divulgou que Bolsonaro estava se queixando com
deputados bolsonaristas sobre o tom técnico adotado pelo ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta, com relação à pandemia do coronavírus. Para o
presidente, discurso do ministro estava gerando “histeria” e defendeu que
Mandetta adotasse uma retórica mais alinhada ao governo. O ministro tem
apenas seguido os protocolos de saúde internacionais para a doença, também
pedindo o isolamento de todos aqueles que apresentarem sintomas.
 18/03/2020 - A coletiva de imprensa do governo Bolsonaro sobre o novo
coronavírus rendeu novos ataques a jornalistas mulheres. O alvo principal foi a
colunista Vera Magalhães, do Estado de S. Paulo, que foi chamada de
“mentirosa” pelo presidente por ter divulgado que apoiadores do ex-capitão
estariam convocando manifestações no dia 31 março contra o Congresso e o
Supremo. Na ocasião, Bolsonaro voltou a mentir, ao afirmar que não fez
convocações para as manifestações do último domingo (15/03) contra o
Congresso e o STF.
 18/03/2020 - Bolsonaro decidiu convocar, pelas redes sociais, um “panelaço” a
favor do próprio governo, quase no mesmo horário do panelaço convocado por
movimentos sociais contra a atuação do presidente frente à pandemia.
 18/03/2020 – A Câmara dos Deputados aprovou o projeto do governo que
decretou estado de calamidade pública no Brasil por conta da pandemia do
novo coronavírus.
 18/03/2020 - O consórcio do Nordeste procurou o embaixador da China, Yang
Wanming, apresentando-se como representante de 57 milhões de habitantes
do Brasil, e solicitou, oficialmente, a colaboração por meio de envio de
materiais médicos, insumos e equipamentos para combater a coronavírus. O
ofício foi assinado pelo presidente do consórcio e governador da Bahia, Rui
Costa.
 18/03/2020 – Ignorando que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, o
deputado federal Eduardo Bolsonaro voltou a atacar o país, retuitando uma
postagem que dizia que “a culpa pela pandemia de Coronavírus no mundo tem
nome e sobrenome. É do Partido Comunista Chinês”. O deputado federal e
filho do presidente ainda acrescentou: “Quem assistiu Chernobyl vai entender
o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética
pela chinesa. +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo
desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a
solução”. O embaixador da China no Brasil reagiu de maneira dura e correta
aos ataques de fake news de Eduardo Bolsonaro a seu país. “A parte chinesa
repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente
e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa
indignação junto ao Itamaraty e a Câmara dos Deputados”, escreveu Yang
Wanming.
 18/03/2020 - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não repassou
aos aeroportos internacionais brasileiros, como o de Guarulhos e Brasília, o
protocolo para realização de triagem de passageiros que chegavam do exterior,
como Estados Unidos e Europa. A medida foi adotada em diversos países do
mundo como forma de conter o avanço do coronavírus. A Anvisa admitiu que
“não há indicação de fazer qualquer tipo de controle de temperatura nos
viajantes”. Contudo, na China, Itália, Coreia do Sul e nos Estados Unidos, onde
já foi registrado um total de 133 mil infectados e 6,4 mil mortes, a medição da
temperatura de passageiros foi adotada em aeroportos para conter a doença.
 18/03/2020 - Um grande panelaço foi ouvido em diferentes cidades do país,
com gritos de “fora Bolsonaro”. A mobilização, apesar de puxada por
movimentos, ganhou com a espontaneidade a adesão de cidadãos em dezenas
de cidades.
 18/03/2020 - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, testou positivo para
covid-19. O presidente não apresentou sintomas severos e aderiu ao
isolamento domiciliar.
 19/03/2020 – Segundo as secretarias estaduais de Saúde, o Brasil possuía 647
casos confirmados do novo coronavírus e sete mortes.
 19/03/2020 - Pesquisa exclusiva da CNN Brasil, realizada pela consultoria Atlas
Político, mostrou que 64% da população reprovava o plano de combate ao
coronavírus adotado pelo governo Bolsonaro. De acordo com a pesquisa, para
80% das pessoas, o sistema de saúde não estava preparado para suportar o
aumento de doentes e 73% avaliaram que a situação iria piorar.
 19/03/2020 – Após provocar uma reação enérgica do governo da China por
culpar o Partido Comunista Chinês pela pandemia do Coronavírus, o deputado
Eduardo Bolsonaro aprofundou a crise diplomática ao acionar a milícia virtual,
que levou a hashtag #VirusChines aos trending topics do Twitter na defesa do
filho de Bolsonaro. As postagens de Eduardo Bolsonaro acabaram gerando uma
crise de proporções tamanhas que o ministro de Relações Exteriores, Ernesto
Araújo, foi acionado. Bolsonaro sentiu-se ofendido porque a Embaixada da
China no Brasil retuitou não só as respostas do diplomata chinês a Eduardo,
como também algumas repercussões dela na rede social, todas de opositores
ao governo, como da cineasta Petra Costa. Contrariado, Bolsonaro exigiu uma
reparação. Ernesto então procurou Yang Wanming para transmitir o
descontentamento brasileiro e, em seguida, emitiu uma nota na qual afirmou
que houve “ofensa” ao chefe de Estado do Brasil e que as postagens de
Eduardo “não refletem a posição do governo brasileiro”. Pouco depois foi a vez
de Eduardo Bolsonaro também emitir uma nota em suas redes sociais para
amenizar o princípio de uma crise diplomática provocada por ele mesmo. A
Embaixada da China, longe de responder diretamente o governo mencionando
o ocorrido, repostou um vídeo do ministro Mandetta de fevereiro, em que ele
falou sobre a importância de não tratar chineses com preconceito na questão
do coronavírus.
 19/03/2020 - Uma portaria expedida pela Casa Civil restringiu, por 30 dias, a
entrada no Brasil, por via aérea, de estrangeiros provenientes de oito países. A
lista foi definida com base em levantamento elaborado pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não incluía os Estados Unidos.
 19/03/2020 - governador da Bahia, Rui Costa (PT) reclamou que a Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do governo Bolsonaro, impediu
agentes estaduais de medir a temperatura de passageiros que chegavam em
Salvador, principalmente vindos de São Paulo e Rio de Janeiro. Rui Costa queria
fazer o controle de passageiros para evitar a propagação do coronavírus no
estado.
 19/03/2020 - O Ministério da Saúde contratou, usando dispensa de licitação
para o combate ao coronavírus, uma empresa ligada ao financiamento de
campanhas eleitorais do ministro Luiz Henrique Mandetta. A pasta comprou,
em regime emergencial, aventais hospitalares para o Sistema Único de Saúde
(SUS) da empresa Prosanis Indústria e Comércio por R$ 700 mil. A empresa é de
Aurélio Nogueira Costa, dono também da Cirumed Comércio Ltda. A Cirumed
foi uma as maiores doadoras de campanha de Mandetta para deputado
estadual pelo Mato Grosso do Sul.
 19/03/2020 - Embaixada da China recusou desculpas e disse que o deputado
federal Eduardo Bolsonaro espalhava boatos sobre o país.
 19/03/2020 - Lideranças do agronegócio no Congresso atacaram a fala do
deputado federal Eduardo Bolsonaro contra a China e ameaçaram partir para
briga.
 19/03/2020 - A Justiça do Rio de Janeiro negou pedido feito pelo Ministério
Público estadual (MPRJ) e manteve a realização de cultos ministrados pelo
empresário e pastor Silas Malafaia, mesmo diante da pandemia do novo
coronavírus.
 19/03/2020 - Em live, de máscara, Bolsonaro disse que não queria levar pânico
à população, mas achava exageradas algumas medidas que estavam sendo
tomadas especialmente por governadores, como o fechamento de academias e
outros pontos comerciais.
 19/03/2020 - Os brasileiros foram novamente às janelas. Desta vez a
convocação era para aplaudir os trabalhadores da área da saúde que estão
tratando todos os casos de suspeita e infectados do coronavírus. No entanto,
além das palmas, o Fora Bolsonaro voltou a ser ecoado.
 20/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 904 casos
confirmados do novo coronavírus e 11 mortes.
 20/03/2020 - Em entrevista, Bolsonaro admitiu a possibilidade de ter contraído
o coronavírus. “Talvez eu tenha sido infectado lá atrás e nem fiquei sabendo”,
disse o presidente, que não descartou a possibilidade de fazer um novo teste.
"Eu estou bem. Fiz dois testes. Talvez faça mais um até, porque tenho contato
com muita gente", afirmou.
 20/03/2020 - Após voltar atrás e autorizar a contratação de médicos cubanos
para atuarem na crise provocada pela pandemia do coronavírus no Brasil,
Bolsonaro criticou a formação na área de saúde de Cuba e afirmou que os
profissionais eram “objeto de venda da ditadura”.
 20/03/2020 - Três semanas depois de registrar o primeiro caso importado de
coronavírus, o Ministério de Saúde do Brasil declarou o estado de transmissão
comunitária da Covid-19 em todo o território nacional, mesmo que alguns dos
Estados brasileiros ainda não tivessem casos confirmados da doença.
 20/03/2020 - A juíza Raquel Soares Chiarelli, da 4ª Vara da Justiça Federal em
Brasília, determinou que o Hospital das Forças Armadas (HFA) revelasse ao
governo do Distrito Federal os resultados dos exames de coronavírus feitos por
Bolsonaro e toda a comitiva que viajou com o presidente aos Estados Unidos.
Pelo menos 23 pessoas da comitiva testaram positivo para a Covid-19.
Bolsonaro disse que seus testes até o momento deram negativo, mas não
mostrou os resultados e cogita fazer um novo exame.
 20/03/2020 – Em videoconferência com empresários, Bolsonaro criticou os
governadores brasileiros por conta das medidas adotadas para o combate ao
novo coronavírus.
 20/03/2020 - Após o início de uma crise com a China, provocada pelo deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PSL), um homem resolveu ir até a embaixada da
China no Brasil e colocar, no gramado da frente, duas faixas com mensagens
ofensivas contra o embaixador. No mesmo dia, Bolsonaro tentou contato com
Xi Jinping, mas o presidente chinês não quis atendê-lo. A embaixada da China
no Brasil afirmou que aceitava o fim do conflito diplomático somente com uma
retratação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).
 21/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 1.128 casos
confirmados do novo coronavírus e 18 mortes.
 21/03/2020 - Bolsonaro reagiu rapidamente às medidas dos governadores do
Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e de São Paulo, João Dória, que decretaram
medidas restritivas em seus respectivos estados para conter a pandemia do
coronavírus. Ambos o fizeram ao mesmo tempo em que reclamaram da falta de
ação do governo federal nesse sentido. A resposta do Planalto foi através da
Medida Provisória 926/20, que alterou a lei 13979/19, que permitia justamente
que os Estados tomassem medidas à revelia do Governo Federal. Segundo o
texto da MP de Bolsonaro, somente o presidente teria competência para
determinar medidas como fechamento de aeroportos e rodovias federais.
 21/03/2020 - O Ministério da Saúde contrariou Bolsonaro ao recomendar que
não ocorressem cultos religiosos durante o período de quarentena contra o
coronavírus no Brasil.
 22/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 1.546 casos
confirmados do novo coronavírus e 25 mortes.
 22/03/2020 – Em videoconferência com prefeitos de grandes cidades
brasileiras, Bolsonaro voltou a dizer que a pandemia de coronavírus era parte
de “um alarmismo muito grande por grande parte da mídia” e admitiu que
pode estar fazendo tudo errado em relação à tentativa de conter a propagação
da doença no Brasil. Além disso, criticou a comparação dos números do Brasil
com a Itália.
 22/03/2020 – O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou que os
recursos recuperados da Petrobras, a partir da Operação Lava Jato, fossem
destinados ao combate à epidemia do novo coronavírus.
 22/03/2020 - Ian Bremmer, fundador e presidente do Eurasia Group, uma das
mais importantes consultorias do mundo sobre risco político, afirmou, em sua
conta no Twitter: "Há muita concorrência, mas o líder mais ineficaz do mundo
quanto à resposta ao coronavírus é, neste momento, o presidente brasileiro
Bolsonaro. Neste fim de semana, ele está detonando os governadores que
tomaram medidas de bloqueio. Danificará seriamente seu mandato".
 22/03/2020 - Em mais uma entrevista irresponsável à TV Record, Bolsonaro
voltou a minimizar a pandemia de coronavírus, afirmou que as pessoas “em
breve” perceberiam que estavam sendo enganadas por parte da mídia e pelos
governadores, a quem chamou de exterminadores de empregos.
 22/03/2020 - O governo federal fez uma requisição administrativa para tomar
posse de ventiladores pulmonares adquiridos pela Prefeitura da Cidade do
Recife anteriormente. Em decisão, o TRF-5 acatou em parte o pedido do
Município do Recife, para determinar que a União não se apossasse dos
ventiladores pulmonares.
 23/03/2020 - Em nota, entidades ligadas ao meio jurídico denunciaram o que
julgaram ser um golpe de Estado em curso no Brasil, por conta de ações do
governo Bolsonaro como a edição da Medida Provisória 927. Entre outros
pontos, a MP autorizou a suspensão dos contratos de trabalho por até quatro
meses, sem pagamento de salários. Segundo a nota, a edição da MP “revela
clara tentativa de estender a calamidade pública que já se instaura em razão da
covid-19 às pessoas que vivem do trabalho, retirando-lhes a possibilidade de
sobrevivência física”.
 23/03/2020 - Bolsonaro editou uma MP (medida provisória) 927 que autorizou
suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses, com suspensão de
salário dos empregados. Depois, Bolsonaro voltou atrás e publicou a Medida
Provisória (MP) 928, que, dentre outros pontos, revogou o artigo 18 da MP 927,
que tratava dessa suspensão. A MP 928 também suspendeu os prazos de
respostas à Lei de Acesso à Informação aos órgãos e entidades da
administração cujos servidores estão sujeitos a regime de quarentena ou home
office.
 23/03/2020 - Bolsonaro, pressionado pelo STF, recuou da decisão de que
apenas a União poderia limitar a circulação em estradas. O governo publicou
uma resolução que transferiu da Anvisa para órgãos de vigilância dos estados a
competência para prever as condições técnicas para restrição de estradas.
 23/03/2020 - A Presidência da República classificou como "sigilosos" os exames
que Jair Bolsonaro fez para detectar o novo coronavírus e se negou a divulgar
os resultados dos testes. O pedido foi feito pelo UOL ao governo via Lei de
Acesso à Informação (LAI).
 23/03/2020 - Bolsonaro decidiu controlar com punho de ferro a estratégia de
divulgação de medidas relacionadas ao combate à pandemia do novo
coronavírus. Segundo reportagem do Estadão, um ofício enviado pela Casa Civil
orientou os ministérios a submeter todas as comunicações sobre a covid-19 à
Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) "para que haja unificação
da narrativa". O texto foi assinado pelo ministro-chefe da Casa Civil, general
Walter Souza Braga Netto, que disse ter sido incumbido por Bolsonaro de
informar que todas as entrevistas concedidas à imprensa devem ter
coordenação prévia entre os órgãos e que todas as notas oficiais só poderão
ser divulgadas após aval da Secom. Bolsonaro também esvaziou o Comitê de
Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19. O colegiado
perdeu a função consultiva para o qual foi formado. Ministros deixaram de ter
atuação direta no órgão, que passou a ser gerido por auxiliares com a criação
do CCOP (Centro de Coordenação de Operações).
 24/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 2.201 casos
confirmados do novo coronavírus e 46 mortos.
 24/03/2020 - Em coletiva à imprensa, o Ministério da Saúde informou que a
subnotificação da contagem de casos do coronavírus no país, chegava a 86%.
 24/03/2020 - O ministro do STF Marco Aurélio Mello decidiu que a Medida
Provisória de Bolsonaro que deu ao Planalto poder sobre restrições de
transportes não afastava a tomada de providências normativas e
administrativas pelos governos estaduais e as prefeituras.
 24/03/2020 - Bolsonaro decidiu fazer pronunciamento, no qual atacou a
imprensa e novamente minimizou o perigo do coronavírus, chamando de
“gripezinha”. No discurso, Bolsonaro ainda declarou que a rotina do País
deveria retornar à “realidade” e que a imprensa brasileira ajudou a iniciar o
pânico em torno da covid-19. Inúmeros panelaços foram registrados nas
principais cidades brasileiras, durante o pronunciamento.
 24/03/2020 - O deputado federal Rogerio Correia (PT) protocolou, na
Controladoria Geral da União e na Presidência da República, requerimento em
que cobrou informação a respeito do teste sobre coronavírus feito por
Bolsonaro. O parlamentar lembrou a informação é de interesse de todo o povo
brasileiro.
 25/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 2.433 casos
confirmados do novo coronavírus e 57 mortes.
 25/03/2020 - Bolsonaro falou aos jornalistas na porta do Palácio da Alvorada e
confrontou os governadores, que têm adotado medidas restritivas de
circulação de pessoas: "a ação dos governadores é um crime". Bolsonaro
também chamou especificamente as ações dos governadores de São Paulo,
João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), de "demagogas".
Ele insinuou que a esquerda preparava um golpe de Estado e argumentou que,
para contornar tal situação, o Brasil precisava "voltar à produção econômica".
Ele também informou que iria se reunir com o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, para impor o que ele chama de “isolamento vertical”, que tem como
objetivo apenas o isolamento de pessoas idosas ou com comorbidades.
 25/03/2020 – Reunidos por videoconferência, 26 governadores assinaram uma
carta com reivindicações ao governo federal para fazer frente à pandemia do
novo coronavírus. Entre as reivindicações, estava a lei para instituir uma renda
básica de cidadania para todos os brasileiros.
 25/03/2020 - A ONG Anistia Internacional emitiu uma nota de posicionamento
sobre o discurso do presidente Bolsonaro na terça-feira (24/03). Para a
organização, “o Estado Brasileiro tem a obrigação de garantir a proteção
necessária a todos e todas nós”. “As evidências científicas, as recomendações
das autoridades sanitárias mundiais e os fatos mostram a gravidade da Covid-
19 para a saúde e para os sistemas de saúde de todos os países”, afirmou a
nota. A ONG defendeu que saúde e vida são direitos essenciais que precisam
ser protegidos. “Somos 220 milhões de brasileiros e brasileiras. Imagine se nos
infectarmos e precisarmos correr aos hospitais ao mesmo tempo, como
aconteceu nos países mais afetados? É isso que o os governantes brasileiros
devem priorizar evitar agora”.
 25/03/2020 - O vice-presidente Hamilton Mourão veio à público para
desautorizar Bolsonaro com relação à orientação para que as pessoas voltem às
ruas e reabram os comércios em meio à pandemia do novo coronavírus, dada
em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na terça-feira (24/03). O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), também subiu o tom contra o
presidente por conta de suas orientações que contrariam as recomendações de
especialistas sobre a pandemia do novo coronavírus. Em coletiva de imprensa,
Maia criticou Bolsonaro pelo fato de o presidente defender o chamado
isolamento vertical – isto é, aquele focado apenas nos grupos de risco – sendo
que o governo não tem projetos, nem estudos sobre o tema.
 25/03/2020 - Infectado com o novo coronavírus, o ministro do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, confessou que quebrou a
quarentena antes da hora por um "engano". Heleno participou de uma reunião
no Palácio do Planalto com o presidente Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão, e
com mais metade dos ministros.
 25/03/2020 - O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que
representa as redes estaduais de educação no País, soltou uma nota, afirmando
que manteria a recomendação dos governadores do Estado quanto à
suspensão das aulas presenciais. A medida, disse o conselho, “é um ato de
responsabilidade, para proteger não só a vida dos nossos estudantes e
servidores, mas de todos aqueles que estão em seu entorno, especialmente os
idosos e com doenças crônicas”.
 25/03/2020 - O pronunciamento de Bolsonaro sobre o novo coronavírus
recebeu duras críticas dos secretários estaduais de saúde do Brasil, através de
carta conjunta publicada no site do Conass (Conselho Nacional de Secretários
de Saúde).
 25/03/2020 – Segundo a imprensa, o segurança de Bolsonaro estava com
coronavírus e em estado grave. Ari Celso Rocha de Lima Barros, de 39 anos, foi
internado no Hospital de Base do DF.
 26/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 2.915 casos
confirmados do novo coronavírus e 77 mortes.
 26/03/2020 - O governo federal lançou uma campanha publicitária chamada "O
Brasil não pode parar" para defender a flexibilização do isolamento social, que
faz parte das ações de combate ao novo coronavírus, e retomada econômica.
 26/03/2020 - A Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que garante
renda emergencial para trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa
durante a crise provocada pela pandemia de coronavírus. A proposta seguiu
para o Senado. O projeto prevê recursos de R$ 600 para brasileiros em situação
de vulnerabilidade social, mas, na prática, pode chegar a R$ 1.200 por família.
O governo havia proposto inicialmente R$ 200 por pessoa. Com a derrota
previamente sacramentada, o governo autorizou seus líderes a negociar o valor
aprovado.
 26/03/2020 - A Câmara aprovou projeto do deputado Alexandre Padilha (PT)
que dispensa o trabalhador infectado por coronavírus de apresentar atestado
médico para justificar a falta ao trabalho e garantir o recebimento de salário.
Com a medida, pretendia-se reduzir o número de pessoas que buscassem os
hospitais com sintomas leves da covid-19 para conseguir o documento.
 26/03/2020 - Sete ex-ministros da Saúde assinaram uma carta em que
expressaram repúdio às declarações de Bolsonaro defendendo o fim do
isolamento social, prática utilizada no mundo todo para o combate ao
coronavírus e principal recomendação de especialistas.
 26/03/2020 - O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou a suspensão
da Medida Provisória que restringia o acesso à informação por parte da
imprensa. Assinada por Bolsonaro em 23/03/2020, a MP criava restrições à Lei
de Acesso à Informação (LAI) sob justificativa de que os servidores públicos
estavam limitados diante da pandemia de Covid-19.
 26/03/2020 - O avanço do novo coronavírus no mundo provocou uma corrida
pelos equipamentos de UTI capazes de auxiliar pacientes em estado grave
devido à covid-19. No Brasil, o Ministério da Saúde proibiu a exportação de
ventiladores pulmonares, aparelhos que auxiliam a respiração dos pacientes, e
também requisitou toda a produção nacional dos equipamentos. A medida fez
com que a produção da indústria de respiradores precisasse de autorização do
Ministério para ser vendida, mesmo que para órgãos de saúde nacionais.
 26/03/2020 - A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu suspender uma
decisão da Justiça Federal do Ceará que impedia o desembarque de
estrangeiros pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. A
decisão foi obtida minutos antes do pouso de um avião da Latam que vinha de
Miami (EUA).
 26/03/2020 - Bolsonaro cometeu crime de infração de medida sanitária,
incitando que brasileiros desconsiderassem e descumprissem as medidas
impostas para combater o coronavírus. Tanto através de seu pronunciamento à
nação, na terça (24/03), como no vídeo institucional e na promoção do slogan
"O Brasil não pode parar", a partir de quinta (26/03). A avaliação foi da
Coalização Negra por Direitos e do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos
que protocolou uma notícia-crime contra Bolsonaro junto ao procurador-geral
da República, Augusto Aras.
 27/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 3.417 casos
confirmados do novo coronavírus e 92 mortes.
 27/03/2020 - Sem provas, Bolsonaro questionou número de mortos por Covid-
19 e falou em fraude na apresentação dos dados de contaminados e mortos
por governadores para 'uso político', citando, diretamente, o governador de
São Paulo, João Doria. Além disso, voltou a chamar a pandemia de “gripezinha”
e disse que as mortes na Itália (que chegaram a 10 mil) não eram causadas pelo
novo coronavírus, mas pelo frio e pela idade dos italianos.
 27/03/2020 – Bolsonaro colocou o filho Carlos Bolsonaro no comando da
comunicação do Planalto e isolou os militares, que não foram ouvidos sobre a
nova estratégia presidencial de ataque ao método global de combate ao
coronavírus. Segundo a revista Época, foi Carlos quem “bateu o martelo” sobre
a contratação, sem licitação, da empresa que iComunicação para fazer a
campanha anti-isolamento “O Brasil não pode parar”. A empresa receberia R$
4,8 milhões para fazer a campanha.
 27/03/2020 - Em guerra declarada contra governadores e prefeitos em meio à
pandemia do coronavírus, Bolsonaro usou um artigo da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT) para disparar novo ataque aos mandatários estaduais e
municipais. Contrário ao confinamento decretado pelos estados e municípios,
Bolsonaro disse que os governadores e prefeitos terão de indenizar
empresários que tiverem que fechar suas portas para achatar a curva de
contaminação da Covid-19.
 27/03/2020 - Em carta a Bolsonaro, prefeitos questionaram o governo federal
sobre a campanha "O Brasil não pode parar" e ameaçaram ir à Justiça para
responsabilizar o chefe do Planalto por consequências da mudança no
isolamento social durante a pandemia da covid-19.
 27/03/2020 - Principal centro de pesquisa do Brasil na área de Saúde, a Fiocruz
(Fundação Oswaldo Cruz) defendeu a política de isolamento domiciliar como
estratégia para conter a pandemia de covid-19 no Brasil. O posicionamento,
endossado também pela OMS, contraria o que vem defendendo
reiteradamente o presidente Bolsonaro, favorável ao isolamento vertical —
quando apenas idosos e outras pessoas em grupos de risco são mantidas em
casa.
 27/03/2020 - Uma estimativa do Ministério da Saúde, registrada em
documento interno, mostrou que 17 unidades da federação tinham mais de
70% dos seus leitos de UTI ocupados. As piores situações no quesito taxa de
ocupação de leitos de UTI estavam em Mato Grosso do Sul (90,8%), Paraná
(90%) e Minas Gerais (88,5%). As melhores eram do Distrito Federal (59,1%),
Amazonas (61%) e Acre (62%). O Rio apareceu com 68,5%, e a média do Brasil
era de 78%. O mapeamento foi feito com “informações fornecidas pelos
entes”, em referência às instâncias e órgãos que podem regular leitos de UTI no
país, como estados e municípios.
 27/03/2020 - A embaixada da China no Brasil, em uma carta aberta, afirmou
que estava disposta a ajudar o país no combate ao coronavírus. O documento
relembrou que a atuação da China contra a covid-19 foi efetiva e elogiada por
órgãos internacionais. E criticou ainda comentários contra o país asiático feito
em redes sociais que "incitam racismo, xenofobia e até espalharam o ódio".
 27/03/2020 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) expressou apoio em
suas redes sociais a uma proposta de colocar as Forças Armadas contra os
governadores Wilson Witzel (Rio de Janeiro) e João Doria (São Paulo).
 27/03/2020 - A Justiça Federal no Rio de Janeiro suspendeu trechos do decreto
presidencial que flexibilizava as regras de isolamento, classificando as
atividades religiosas e das lotéricas como serviços essenciais. A decisão foi do
juiz federal Márcio Santoro Rocha, da 1ª Vara Federal de Duque de Caxias.
 27/03/2020 - O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro enviou um
pedido ao Ministério da Saúde para que a verba de R$ 4,8 milhões que o
governo destinou para uma campanha anti-isolamento fosse usada para a
compra de respiradores e outros equipamentos a serem utilizados no combate
ao coronavírus.
 27/03/2020 - O procurador-geral da República, Augusto Aras, arquivou pedido
de subprocuradores para enviar recomendação a Bolsonaro, enquadrando suas
ações e pronunciamentos sobre o combate ao coronavírus. Em nota, Aras
afirmou que avaliou pelo “não cabimento” da recomendação e citou que o
Ministério Público Federal deveria ficar afastado “de disputas partidárias
internas e externas”.
 28/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 3.904 casos
confirmados do novo coronavírus e 114 mortes.
 28/03/2020 - Em comunicado oficial, o governo negou a existência da
campanha "O Brasil não pode parar". A ação publicitária surgiu nos bastidores
do Planalto para, alinhada à postura de Bolsonaro, incentivar a população a
encerrar o isolamento social necessário ao combate da pandemia do
coronavírus. A Justiça Federal do Rio informou ter acatado um pedido do MPF
(Ministério Público Federal) para barrar a veiculação de qualquer peça
publicitária com a mensagem pretendida pelo governo. A decisão, em caráter
liminar, considerou que a campanha põe em risco a saúde da população e que
sua adoção pode resultar em colapso da rede de saúde.
 28/03/2020 - A negligência com que o governo federal vinha tratando a
pandemia do novo coronavírus fez com que o PT apresentasse uma denúncia
contra Bolsonaro junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH), órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA) por
conduta “irresponsável” e “criminosa”, de acordo com informações do UOL.
 28/03/2020 - Afrânio Silva Jardim e Djefferson Amadeus, ambos do estado do
Rio de Janeiro e atuantes em suas áreas ligadas ao Direito, entregaram ao
Procurador-Geral da República um requerimento pedindo providências para
que se investigasse Bolsonaro por provável crime de ação penal pública
incondicionada. Os postulantes apontaram a campanha anti-isolamento
montada pelo Governo Federal em desobediência às inúmeras regras da OMS,
gastando, em plena crise, 5 milhões de reais. E usando um artifício para
enfrentar uma situação de emergência sanitária para colocar seu recado contra
a vida da população.
 28/03/2020 - Os governadores brasileiros decidiram criar uma câmara técnica
formada por secretários estaduais de saúde, médicos e pesquisadores, para
elaborar estudos que irão respaldar uma resposta unificada ao coronavírus. O
comitê surgiu em função da “inoperância” do governo federal sob Bolsonaro.
 29/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 4.256 casos
confirmados do novo coronavírus e 136 mortes.
 29/03/2020 - Em nota conjunta, 11 diretórios de partidos políticos, entre eles o
PT e o PCdoB, repudiaram a postura de Bolsonaro, que descumpriu as
orientações de quarentena de seu próprio Ministério da Saúde e também da
Organização Mundial da Saúde (OMS), e visitou comerciantes nas regiões
centrais de Ceilândia, Sobradinho e Taguatinga, incentivando a aglomeração e o
contato físico entre seus apoiadores. No passeio, Bolsonaro voltou a dizer que
estava estudando um decreto para flexibilizar o isolamento social.
 29/03/2020 - Ian Bremmer, presidente da maior consultoria de riscos do
mundo – a Eurasia Group – criticou nas redes sociais a atitude de Bolsonaro,
que passeou por diversos locais do Distrito Federal, ignorando as
recomendações de isolamento da OMS e do próprio Ministério da Saúde.
 29/03/2020 – O Twitter apagou duas publicações da conta oficial de Bolsonaro
do passeio que ele fez em Brasília, por violação às regras da rede social, a
respeito das recomendações de combate à pandemia de coronavírus.
 30/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 4.579 casos
confirmados do novo coronavírus e 159 mortes.
 30/03/2020 - O ministro do STF Marco Aurélio Mello encaminhou, na condição
de relator, a notícia-crime protocolada pelo deputado federal Reginaldo Lopes
(PT) à Procuradoria-Geral da República (PGR). A ação apontou as inúmeras
irresponsabilidades cometidas desde o início da crise do Covid-19, que foram
listadas na peça, que pode levar o presidente ao afastamento por 180 dias ou
até mesmo à perda de mandato.
 30/03/2020 – Em manifesto, oposição pediu a renúncia de Bolsonaro. O
documento foi assinado pelos ex-candidatos à Presidência da República
Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL), além de
outras personalidades como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e
a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann. No manifesto, a
oposição exigiu também a implementação de medidas imediatas para salvar o
povo e as empresas das consequências econômicas graves provocadas pela
pandemia de coronavírus. A oposição preconizou a unidade das forças políticas
populares e democráticas em torno de um Plano de Emergência Nacional para
implantar várias ações estratégicas.
 30/03/2020 - O Plenário do Senado aprovou o auxílio emergencial de R$ 600
para trabalhadores informais de baixa renda, a ser concedido durante a
pandemia do novo coronavírus (PL 1.066/2020). A medida dura, a princípio,
três meses, mas poderá ser prorrogada. O projeto seguiu para a sanção
presidencial (Fonte: Agência Senado).
 30/03/2020 - O Senado aprovou o projeto de lei (PL 786/20), que autorizou, em
caráter excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de
situação de emergência ou calamidade pública, a distribuição de gêneros
alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas públicas de
educação básica. A matéria foi para sanção presidencial.
 30/03/2020 - Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério
Público de Contas de São Paulo encaminharam representação ao MPF no
Distrito Federal contra o governo Bolsonaro. A representação acusou o governo
de deslegitimar os cuidados contra a pandemia de coronavírus, com a
campanha O Brasil Não Pode Parar, que pedia o fim das quarentenas e
isolamentos sociais. A campanha teria atentado contra a preservação da vida
dos brasileiros no contexto da pandemia.
 30/03/2020 - Bolsonaro anunciou por meio do Twitter que os laboratórios
químicos das Forças Armadas iriam ampliar a produção de cloroquina e álcool
em gel. A cloroquina está sendo amplamente divulgada por Bolsonaro como
tratamento efetivo contra os efeitos do coronavírus, apesar de não haver
resultados conclusivos sobre o uso da substância contra a Covid-19.
 30/03/2020 – Segundo o portal UOL, Bolsonaro tem dito aos auxiliares mais
próximos que está "de saco cheio de Mandetta", ou seja, do seu ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Bolsonaro só não o demitiu até agora para
evitar agudizar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
 30/03/2020 - Foi oficializada a formação do Comitê Científico do Consórcio
Nordeste, com o intuito de auxiliar os governadores da região na tomada de
decisão sobre as ações de enfrentamento à pandemia causada pelo
Coronavírus. O conhecimento científico e a pesquisa na área médica garantirão
segurança para essas ações. Com nomes como o do cientista Miguel Nicolelis e
o do físico e ex-ministro de Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende, o comitê foi
idealizado pelo presidente da entidade, o governador da Bahia, Rui Costa.
 30/03/2020 - Circulava internamente na Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE) um documento que cobrava que o
governo do presidente Bolsonaro assumisse sua responsabilidade diante do
surto do novo coronavírus no Brasil. Segundo reportagem de Daniel Rittner, do
Valor, o documento era preliminar, mas apontava as insatisfações da
organização com a posição tomada por Bolsonaro.
 30/03/2020 - Brasileiros decidiram, em meio ao isolamento social, ir às janelas
de suas casas e apartamentos novamente para fazer um panelaço contra
Bolsonaro.
 30/03/2020 - O Twitter deletou mensagem publicada pelo deputado federal
Eduardo Bolsonaro, que continha um vídeo do presidente no tour que fez no
domingo (29/03) pelo Distrito Federal, contrariando seu próprio ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que recomendou que as pessoas ficassem em
casa como medida de enfrentamento ao coronavírus. No mesmo dia, o
Facebook decidiu apagar um dos vídeos publicados por Bolsonaro também do
seu tour pelas ruas no domingo, por promover desinformação. “Removemos
conteúdo no Facebook e Instagram que viole nossos Padrões da Comunidade,
que não permitem desinformação que possa causar danos reais às pessoas”,
informou o Facebook em nota.
 31/03/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 5.717 casos
confirmados do novo coronavírus e 201 mortes.
 31/03/2020 – Em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, afirmou que não seriam tomadas medidas arriscadas para afrouxar
o isolamento social do coronavírus e ressaltou que trabalhadores informais
receberiam ajuda do governo para que pudessem cumprir as recomendações,
apesar de Bolsonaro defender que as pessoas retornem ao trabalho.
 31/03/2020 - A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL) entregou ao presidente
da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), um pedido de impeachment
contra Bolsonaro com mais de 1 milhão de assinaturas colhidas virtualmente.
 31/03/2020 - O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, recebeu o pedido
de afastamento do presidente Bolsonaro enviado a ele pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello. O requerimento, baseado em
notícia-crime apresentada pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT), chegou
ao gabinete do procurador por volta das 11h.
 31/03/2020 - O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, concedeu medida
cautelar que vetou a produção e circulação de qualquer campanha que
sugerisse que a população deveria retornar à normalidade, como indicava a
campanha “O Brasil Não Pode Parar”, divulgada pela SECOM. A decisão do
ministro determinou também a suspensão da contratação de qualquer
campanha com este mesmo fim.
 31/03/2020 - O Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros
Adhanom Gheybresus, voltou a pedir políticas públicas para trabalhadores mais
prejudicados em meio à crise econômica desencadeada no contexto da
pandemia do Covid-19. Depois de tomar conhecimento de uma análise
distorcida da fala dele por Bolsonaro, Tedros reiterou a necessidade de espírito
de solidariedade aos mais vulneráveis, afastando a interpretação feita pelo
presidente da República de que os governantes deveriam flexibilizar as medidas
de isolamento para esse público.
 31/03/2020 - Uma semana depois de fazer um pronunciamento na TV negando
a gravidade do novo coronavírus, Bolsonaro voltou às telas brasileiras com um
tom mais moderado sobre a pandemia. Saíram as menções à “gripezinha”,
como ele havia se referido à doença, os ataques à imprensa e as ironias a
prefeitos e governadores que haviam determinado medidas de isolamento
social para conter a velocidade de contágios. O que apareceu desta vez foi um
presidente que tentou se pôr à frente do combate da doença, citando
especialmente que empregaria as Força Armadas na tarefa, que chamou de
“desafio da geração”. Ele também mencionou as perdas de vidas que serão
ocasionadas pela Covid-19. Como costuma fazer, no entanto, seguiu acenando
à sua base radical: não mencionou nem uma vez a importância de reduzir a
circulação social para conter o avanço da doença, como martelam as
autoridades do Ministério da Saúde e da OMS. Bolsonaro também repetiu a
distorção que fez da declaração do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, para dizer que estava certo em defender o fim do confinamento.
No momento do pronunciamento, foram registrados vários panelaços em
diversas cidades do país.
 31/03/2020 - A Organização Mundial da Saúde (OMS) rejeitou insinuações por
parte do governo Bolsonaro de que tivesse apoiado a ideia de que políticas de
isolamento não deveriam ser aplicadas. Na segunda-feira (30/03), o diretor-
geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, usou sua coletiva de
imprensa em Genebra para convocar os países a também lidar com os mais
pobres. Bolsonaro usou a frase para justificar sua política de rejeição de
medidas de isolamento.
 31/03/2020 - Contrariando as expectativas e as necessidades, o auxílio
emergencial de R$ 600, já aprovado pela Câmara e pelo Senado e aguardando
sanção de Bolsonaro, permaneceu travado na área técnica do governo federal.
Em vez de anunciar a liberação imediata do recurso, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, preferiu promover um embate com o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM), condicionando a renda mínima aos trabalhadores
informais à aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) pelo
Legislativo do que está sendo chamado de “orçamento de guerra”. Deputados
federais foram às redes sociais denunciar a postura do governo Bolsonaro de
atrasar a concessão do auxílio emergencial de quarentena aprovado no
Congresso Nacional.
 31/03/2020 - Diante do alastramento dos contágios pelo novo coronavírus, o
presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Dias Toffoli, e o
ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assinaram portaria que autorizou o
sepultamento e cremação de pessoas sem a necessidade de um atestado de
óbito. A medida ocorreu após o próprio Mandetta ter afirmado a governadores
que o momento era de preparar funerárias para o provável aumento no
número de vítimas fatais da Covid-19.
 31/03/2020 - O juiz federal Manoel Pedro Martins de Castro Filho, da 6ª Vara
de Brasília, determinou, que o governo Bolsonaro adotasse medida para
impedir que 'atividades religiosas de qualquer natureza' permanecessem
incluídas no rol de atividades e serviços essenciais para fins de enfrentamento
da emergência de saúde pública decorrente do coronavírus. A decisão acolheu
pedido do Ministério Público Federal.
 31/03/2020 – A Rede Brasil Atual divulgou que a rede de saúde da capital
paulista perdeu 559 trabalhadores, nos últimos 15 dias, por motivos de saúde.
Não havia informações sobre casos de coronavírus entre os profissionais de
saúde afastados, mas o aumento do número de licenças de saúde bateu com o
período de avanço da epidemia em São Paulo.
 31/03/2020 – A Folha de S. Paulo informou que a China começou a frear a
importação de produtos brasileiros, começando pela carne. Os chineses não
aprovaram nenhum novo frigorífico brasileiro no primeiro trimestre de 2020. A
informação veio duas semanas após o filho do presidente, deputado Eduardo
Bolsonaro tuitar que a culpa pela pandemia de coronavírus era da China.
 31/03/2020 - Ao ser questionado pela imprensa sobre a defesa do ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em torno da necessidade do isolamento social
no enfrentamento ao novo coronavírus, Bolsonaro mandou os repórteres
ficarem quietos e disse que um apoiador é quem falaria. Os jornalistas reagiram
a agressão e deixaram o local.
 31/04/2020 - Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça Sergio Moro negou
o que Bolsonaro vem falando sobre crise de abastecimento e saques a
supermercados por conta do isolamento social por causa do coronavírus. No
mesmo dia, Moro autorizou o emprego da Força Nacional de Segurança Pública
para dar apoio ao Ministério da Saúde nas ações de combate ao novo
coronavírus.
 01/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 6.836 casos
confirmados do novo coronavírus e 241 mortes.
 01/04/2020 - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o
número de casos confirmados oficialmente do novo coronavírus era "muito
menor" que o número real de pessoas infectadas na sociedade.
 01/04/2020 - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que parte das
compras que seriam feitas pelo Brasil de equipamentos de proteção individual
para uso na rede de saúde pública foram canceladas depois que os Estados
Unidos compraram um grande volume de produtos da China. Mandetta
também fez mais um apelo para que a população adotasse o isolamento e
evitasse aglomerações, durante coletiva de imprensa. Segundo o ministro,
havia grande preocupação com o desabastecimento de equipamentos de
proteção individual hospitalares, por reflexo da crise do novo coronavírus.
 01/04/2020 - A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou, no STF, ação
de ordem constitucional para que o chefe do governo federal “se abstenha de
adotar medidas contrárias às orientações das autoridades sanitárias nacionais e
internacionais”.
 01/04/2020 - Após propor um pacto a governadores e prefeitos na crise do
coronavírus, Bolsonaro voltou a criticá-los pelas redes sociais, mais uma vez
colocando em xeque as medidas de isolamento social.
 01/04/2020 - Bolsonaro sancionou com vetos a lei que estabeleceu um auxílio
de R$ 600 mensais, por três meses, a trabalhadores informais. O principal
trecho vetado foi o que garantia, na nova lei, a ampliação do Benefício de
Prestação Continuada (BPC) definida pelo Congresso no início de março.
 01/04/2020 - O governo anunciou uma nova medida provisória (MP) para
permitir a redução da jornada de trabalho e dos salários de trabalhadores,
durante três meses. Parte da redução salarial será compensada pelo governo, a
um custo de R$ 51 bilhões. A nova medida foi editada dez dias depois da
polêmica MP que permitiu a suspensão do contrato de trabalho, sem
contrapartida do governo. As empresas poderão reduzir em até 70% o salário e
a jornada de todos os seus funcionários, segundo a medida, que alterou as
relações trabalhistas no período de crise do coronavírus.
 01/04/2020 – Por meio da MP 934/2020, Bolsonaro dispensou as escolas de
educação básica e as instituições de ensino superior do cumprimento do
mínimo de 200 dias letivos, previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Apesar da suspensão do cumprimento dos dias letivos, a carga mínima anual de
800 horas seguiu obrigatória para as escolas de ensino infantil, fundamental e
médio. Isso quer dizer que, na prática, as instituições de ensino terão de dar a
mesma quantidade de horas de aula, em menos dias. A medida vale apenas
para 2020, como reflexo da crise do novo coronavírus.
 01/04/2020 - O presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa,
publicou uma nota de repúdio contra o ministro do STF, Marco Aurélio Mello,
por ter encaminhado o pedido de impeachment de Bolsonaro à Procuradoria-
Geral da República (PGR) no começo da semana.
 01/04/2020 - Em entrevista concedida ao apresentador José Luiz Datena, da TV
Bandeirantes, Bolsonaro defendeu que as pessoas mais jovens – até 40 anos –
fossem infectadas para que não houvesse um surto da doença no inverno.
 02/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 7.910 casos
confirmados do novo coronavírus e 299 mortes.
 02/04/2020 – O governo Federal publicou, em edição extra do Diário Oficial, a
lei que criou o auxílio de R$600,00 mensais, por três meses, a trabalhadores
informais.
 02/04/2020 – O Ministério da Saúde publicou portaria que determinou o
cadastro de 14 categorias da área de saúde para realizar capacitação, em
caráter emergencial, para trabalhar pelo SUS no combate ao novo coronavírus.
A lista incluiu médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes
sociais, profissionais de educação física e veterinários. No mesmo dia, o
ministério informou que o primeiro caso do novo coronavírus chegou ao Brasil
no final de janeiro de 2020.
 02/04/2020 - Um juiz federal de Brasília determinou que o governo federal
excluísse as atividades religiosas dos serviços considerados “essenciais”
durante a pandemia do novo coronavírus.
 02/04/2020 – O Estadão apurou que seis estados brasileiros já enterraram
cerca de 500 corpos sem saber a causa real desses falecimentos. As secretárias
estaduais de Saúde ainda investigavam as causas das mortes. Em São Paulo
(108 casos), Rio de Janeiro (49), Bahia (5) e Minas Gerais (45).
 02/04/2020 - Em meio à pandemia do coronavírus, Bolsonaro determinou que
servidores do Palácio do Planalto voltassem a cumprir com o expediente
presencial. Grande parte dos funcionários havia sido dispensado por seus
diretores para trabalhar de casa. Segundo interlocutores do governo, a decisão
do presidente resultou na demissão do “número dois” da Subchefia para
Assuntos Jurídicos, Felipe Cascaes.
 02/04/2020 - Bolsonaro reuniu um grupo de médicos no Palácio do Planalto
para comentar sobre o surto do novo coronavírus. O ex-capitão ouviu que
deveria manter o isolamento social e que a cloroquina não deveria ser
recomendada por ele. A cúpula do Hospital Sírio-Libanês proibiu que seus
médicos participassem da reunião, já que o ministro da Saúde, Mandetta, não
foi convidado a participar.
 02/04/2020 - A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD)
protocolou uma representação no Tribunal Penal Internacional contra
Bolsonaro pela prática de crime contra a humanidade. De acordo com a
entidade, o Brasil possui um chefe de governo e de Estado cujas atitudes são
total e absolutamente irresponsáveis.
 02/04/2020 - Estados e municípios no país relataram subnotificação gigantesca
de casos, e área médica disse já prever falta de UTIs.
 02/04/2020 – Na Jovem Pan, Bolsonaro disse que tinha “pronto na mesa” um
decreto determinar a suspensão da quarentena e que não queria dispensar
Mandetta, mas acusou o ministro de falta de humildade e frisou que “nenhum
ministro é indemissível”. Após isso, o ministro respondeu, afirmando que
“quem tem mandato fala, quem não tem, como eu, trabalha”. No Twitter, a
hashtag #SomosTodosMandetta foi parar nos trending topics.
 02/04/2020 - O Ministério da Saúde informou que estava com estoque zerado
de equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde. A pasta
distribuiu 40 milhões de itens a estados e municípios e tentava comprar cerca
720 milhões de produtos, sendo 200 milhões de máscaras. Fornecedores
chineses de parte da encomenda alegaram não poder entregar conforme
combinado devido à alta demanda em decorrência da pandemia do novo
coronavírus.
 02/04/2020 - O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, manifestou-se
pelo fim da quarentena – ou seja, numa linha condenada pela Organização
Mundial de Saúde e que pode expor milhões de brasileiros à morte.
 03/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 9.056 casos
confirmados do novo coronavírus e 359 mortes.
 03/04/2020 - A Câmara dos Deputados aprovou, em dois turnos, a proposta de
emenda à Constituição (PEC) do orçamento de guerra. A matéria seguiu para
análise do Senado. A iniciativa cria um conselho, a ser presidido por Bolsonaro,
para administrar um orçamento paralelo exclusivo para o combate ao
coronavírus. O texto também dá ao Banco Central o poder de comprar créditos
sem o uso de intermediários.
 03/04/2020 - A China cancelou a venda de 600 respiradores que haviam sido
adquiridos pelos estados do Nordeste, por meio de um consórcio entre os
estados da Região. A carga ficou retida no aeroporto de Miami (EUA), onde já
estava aguardando conexão para ser transportada para o Brasil. A carga de
respiradores estava avaliada em R$ 42 milhões. O dinheiro, porém, não chegou
a ser repassado pelo consórcio.
 03/04/2020 - Uma pesquisa da XP Investimentos apontou queda na
popularidade de Bolsonaro, que se desgasta cada vez mais pela falta de rumo
para gerenciar a crise do coronavírus. De acordo com o levantamento, 42%
consideraram o governo "ruim e péssimo", percentual que era de 36% em
março. Entre os que avaliam o governo como "ótimo e bom", o percentual
chegou a 28%, o que representou uma queda de dois pontos percentuais em
relação à última pesquisa. Ao todo, 27% consideraram o governo regular e 3%
dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.
 03/04/2020 – Depois da discussão com Bolsonaro, Mandetta foi alvo das
milícias virtuais bolsonaristas, que colocaram a hashtag #ForaMandetta nos
Trending Topics do Twitter. Após receber críticas de Bolsonaro, o ministro da
Saúde disse a aliados que queria sair do cargo, mas não pediria demissão.
 03/04/2020 - A Justiça Federal em São Paulo concedeu liminar que impediu
corte no fornecimento de serviços de telecomunicações, água e gás canalizado
por falta de pagamento durante o estado de calamidade pública, em vigor
devido à pandemia do novo coronavírus. A decisão também obrigou o
restabelecimento dos serviços de clientes que foram desligados devido à
inadimplência. O pedido foi apresentado por meio de ação civil pública pelo
Instituto de Defesa do Consumidor (Idecon).
 03/04/2020 - Os sete governadores das regiões Sul e Sudeste elaboraram a
minuta de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) com uma lista de
medidas de auxílio financeiro a estados. Entre as medidas estavam a retirada
da regra do teto de gastos, que proíbe despesas superiores à inflação, de
despesas públicas, correntes e de capital, diretamente voltadas ao
enfrentamento da pandemia COVID 19 nos exercícios financeiros de 2020 e
2021.
 03/04/2020 - O manifesto assinado por diversas lideranças de partidos de
esquerda e centro-esquerda pedindo a renúncia de Bolsonaro ganhou a adesão
de dois partidos: Rede e PV. O texto já era assinado pelos presidenciáveis
Fernando Haddad, Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Flávio Dino, governador do
Maranhão (PCdoB), além de presidentes do PT, PSOL, PSB, PDT, PCB e PCdoB.
 03/04/2020 – São Paulo comprou equipamentos médicos diretamente de
fornecedores estrangeiros e se disse pronto para ir à Justiça para impedir
Bolsonaro de ordenar o relaxamento da quarentena, em meio à disputa
crescente entre governadores e o presidente. Segundo o governador João
Doria (PSDB), o estado comprou mais de 1 milhão de kits de teste da Coreia do
Sul. São Paulo também usou seu escritório em Xangai para ajudar a conduzir
negociações para compra de equipamentos de proteção e respiradores da
China.
 03/04/2020 - Desconfiados de Bolsonaro, visto como um inimigo, indígenas da
Amazônia adotaram medidas contra o avanço do novo coronavírus, ao mesmo
tempo em que cobraram ações específicas do governo federal, incluindo o
combate ao garimpo ilegal. Em Roraima, indígenas bloquearam estradas de
acesso a comunidades e expulsaram garimpeiros. Em Mato Grosso, também
foram feitas barreiras em vias terrestres para impedir a entrada na região do
Xingu. Na divisa do Amazonas com Roraima, os waimiri-atroaris suspenderam a
vigilância da BR-174 (Manaus-Boa Vista), que corta o território.
 04/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 10.278 casos
confirmados do novo coronavírus e 432 mortes.
 04/04/2020 – Em sua conta do Twitter, Bolsonaro voltou a dizer que está
negociando insumos para a produção de hidroxicloroquina no Brasil, apesar do
medicamento não ter eficácia comprovada cientificamente contra a COVID-19.
 04/04/2020 - Bolsonaro voltou a dizer que queria acabar com o isolamento
social, principal medida de contenção para propagação do coronavírus, em
pequenas e médias do Brasil. Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro estaria
pressionando o Ministério da Saúde para que estabeleça critérios para
flexibilizar a medida e liberar a abertura do comércio nessas localidades, mas
Mandetta se colocou contra qualquer tipo de flexibilização no momento.
 04/04/2020 - Uma carta assinada por vinte entidades que atuam na área de
saúde no Brasil foi encaminhada para Bolsonaro, pedindo que ele apresentasse
suas argumentações sobre a pandemia com embasamento científico.
 04/04/2020 – Mandetta anunciou, em live com sertanejos, projeções do
ministério da Saúde de que em 15 dias iria começar a faltar leitos para atender
todos os pacientes cometidos pela Covid-19.
 04/04/2020 - A Casa Civil da Bahia denunciou ao mundo que os americanos
interceptaram 600 respiradores comprados de uma empresa da China. Os
equipamentos já deveriam ter chegado ao Brasil, mas, segundo o governo da
Bahia, estavam retidos em Miami, onde o avião que transportava o produto fez
uma escala. A suspeita da Casa Civil da Bahia é que os Estados Unidos tenham
feito uma oferta maior. Em 03/04/2020, a Embaixada dos EUA no Brasil emitiu
um comunicado para contestar essa informação. Como servo da autoridade
estrangeira, Bolsonaro compartilhou o comunicado da Embaixada dos EUA em
seu perfil no Facebook.
 04/04/2020 – Em sua conta no Twitter, o ministro da educação, Abraham
Weintraub, disse que a pandemia de coronavírus não passava de uma
conspiração chinesa para dominar o mundo. Com isso, ele agrediu o país que
mais importa produtos brasileiros, que mais investe no país e que poderia
oferecer equipamentos de saúde.
 05/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 11.130 casos
confirmados do novo coronavírus e 486 mortes.
 05/04/2020 - Um grupo de cristãos bolsonaristas rompeu a quarentena de
isolamento social, medida adota pela Ministério da Saúde para achatar a curva
de propagação do coronavírus, e foi à porta do Palácio da Alvora, residência
oficial do presidente, para orar por Bolsonaro. Paralelamente, bolsonaristas
realizaram protestos em forma de carreatas em algumas cidades, pedindo o fim
do isolamento social.
 05/04/2020 - Em documento enviado ao STF, a Advocacia-Geral da União
afirmou que o governo federal incentiva o isolamento social como forma de
conter a disseminação do coronavírus. O órgão também afirmou que o país
está seguindo todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde
(OMS) e adotando medidas para incrementar a renda de pessoas mais pobres
durante a pandemia, justamente para garantir que o trabalhador fique em
casa. O documento foi encaminhado à Corte pelo advogado-geral da União,
André Mendonça, com a assinatura de Bolsonaro.
 05/04/2020 - Durante transmissão ao vivo que encerrou o jejum de Bolsonaro,
o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos,
“deixou escapar” uma crítica ao ministro-chefe da Casa Civil, general Walter
Braga Netto, que voltou a expor a divisão no governo. Braga Netto é
considerado “presidente operacional” para as Forças Armadas. Na transmissão,
Bolsonaro deu indiretas no ministro da Saúde, Mandetta, e em outras pessoas
do governo, dizendo que a hora deles ia chegar.
 05/04/2020 - Diante da crise econômica e sanitária do coronavírus, a fome
começou a aparecer mais claramente nas periferias de São Paulo, conforme
reportagem da Folha de S. Paulo. “Crianças acostumadas com até cinco
refeições por dia na escola —hoje paralisadas devido à quarentena— têm
dietas pobres que podem se resumir a arroz puro”, disse matéria do jornal.
 06/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 12.056 casos
confirmados do novo coronavírus e 553 mortes.
 06/04/2020 – Em meio a desgaste com Mandetta, Bolsonaro convidou o ex-
ministro e deputado federal Osmar Terra para um almoço no Palácio do
Planalto. No encontro, teria acontecido "uma leve sondagem" sobre a
possibilidade de Terra assumir o ministério da Saúde, no lugar de Luiz Henrique
Mandetta. No mesmo dia, Bolsonaro liberou o gabinete do Ódio para vasculhar
a vida do ministro, com o intuito de encontrar motivos para demiti-lo.
 06/04/2020 - A Embaixada da China no Brasil se pronunciou sobre um twitter
irônico contra o país feito pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.
“Deliberadamente elaboradas, tais declarações são completamente absurdas e
desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo
causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações
bilaterais China-Brasil”, disse a nota. Apesar disso, Weintraub voltou a atacar o
país oriental em live com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), dizendo que
conseguia “ver maldade” nesse movimento, referindo-se à pandemia do
coronavírus, e que considerava alta a probabilidade de uma nova epidemia
surgir na China, durante os próximos dez anos, porque os chineses comem
“tudo o que o sol ilumina” e não são como os brasileiros, que “criam porco no
chiqueiro”.
 06/04/2020 - O Ministério da Saúde do Brasil recomendou que estados e
cidades pouco afetados pela pandemia de Covid-19 podiam começar a afrouxar
suas medidas de isolamento social a partir do dia 13 de abril. As diretrizes
desse plano de transição foram divulgadas pelo órgão em boletim
epidemiológico. Ou seja: regiões em que o sistema de saúde não apresentasse
sinais de lotação deviam, segundo o órgão, passar a isolar apenas quem
estivesse no grupo de risco.
 06/04/2020 - Estudo feito por um alto órgão estratégico do Estado-Maior do
Exército contrariou o posicionamento de Bolsonaro a respeito da melhor
estratégia para combater o coronavírus. A análise do Centro de Estudos
Estratégicos do Exército (Ceeex) apontou o isolamento social, já adotado por
governadores e prefeitos, como a medida mais eficaz para evitar a propagação
do covid-19.
 06/04/2020 - O presidente e os vice-presidentes da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara enviaram uma carta a organismos internacionais para
denunciar a condução de Bolsonaro frente à crise do novo coronavírus e cobrar
providências. O documento foi enviado para o diretor-geral da OMS
(Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para a Alta
Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e
para o presidente da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos),
Joel Hernández García.
 06/04/2020 - O MPF entrou com uma ação na Justiça Federal em Belém (PA)
contra o governo por causa dos discursos de Bolsonaro contra o isolamento
social no combate à pandemia do novo coronavírus. O órgão quer que a
administração federal "se abstenha de emitir discursos e informações falsas
que enfraqueçam" as medidas tomadas para evitar a propagação da covid-19.
 06/04/2020 - O aumento exponencial de casos de covid-19 no Amazonas fez o
governo do estado afirmar que espera para os próximos dias que o sistema de
saúde estadual não seja capaz de atender a demanda de leitos de Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) para tratamento dos infectados e suspeitos de infecção.
 06/04/2020 - Governo chinês decidiu aumentar as importações de soja dos
Estados Unidos e reduzir as do Brasil, como retaliação aos seguidos ataques do
governo Bolsonaro ao país durante a crise do coronavírus. Decisão do governo
chinês comprovou que ataques de Abraham Weintraub e Eduardo Bolsonaro à
China atenderam apenas aos interesses dos Estados Unidos, e não do Brasil.
 06/04/2020 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), acusou Bolsonaro
de abrigar em seu “gabinete do ódio” assessores “marginais”, que recebem
orientações do guru Olavo de Carvalho para atacar o Congresso e o ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM).
 06/04/2020 – O Brasil registrou o 21º dia de panelaços em várias cidades
brasileiras, pedindo a saída de Bolsonaro.
 06/04/2020 - O presidente dos EUA, Donald Trump, tem insistido no uso da
cloroquina, mesmo que não haja estudos que comprovem a eficácia do
medicamento no tratamento do novo coronavírus. Em reportagem, o New York
Times parece ter descoberto um possível motivo: alguns sócios de Trump e o
próprio presidente dos EUA teriam interesses financeiros na questão, já que os
maiores acionistas da Sanofi, empresa que detém a patente da Cloroquina,
incluem uma empresa administrada por Ken Fisher, um dos principais doadores
para republicanos, incluindo Trump.
 06/04/2020 – Em coletiva dada no início da noite, o ministro da Saúde,
Mandetta – que, a despeito de Bolsonaro, permaneceu no cargo por causa de
uma pressão que envolveu sociedade civil, STF, Congresso Nacional e
especialmente o comando militar da presidência –, afirmou que não tinha
medo de críticas, que ia fazer o uso da cloroquina a partir de dados científicos e
não de achismos e que o ministério precisava de tranquilidade para trabalhar.
 07/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 13.717 mil casos
confirmados de coronavírus e 667 mortes.
 07/04/2020 - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se recusou assinar
um decreto em elaboração pelo governo Bolsonaro que liberava o uso do
medicamento hidroxicloroquina para uso em pacientes em estado grave
infectados pelo novo coronavírus. O assunto foi discutido em uma reunião no
Palácio do Planalto com os médicos Luciano Dias Azevedo e Nise Yamaguchi.
 07/04/2020 - O governo anunciou as ferramentas digitais para o cadastramento
dos trabalhadores que precisem do auxílio emergencial de R$ 600 durante a
pandemia de coronavírus. Um site lançado pela Caixa Econômica Federal (CEF)
vai receber o pedido de auxílio, além de um aplicativo de celular, já disponível
para download.
 07/04/2020 - Um avião de carga com origem na Ucrânia pousou no Aeroporto
de Brasília de madrugada. A concessionária Inframerica, responsável pela
administração do terminal do Distrito Federal, informou que a aeronave partiu
da China e trouxe cerca de seis milhões de máscaras de proteção para o Brasil.
 07/04/2020 - A Procuradoria-Geral da República (PGR) arquivou seis
representações apresentadas contra Bolsonaro, acusando-o de cometer crimes
ao realizar pronunciamentos e ações contrários ao isolamento social
recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da
Saúde.
 07/04/2020 - O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, tornou-se o novo
alvo das milícias digitais pró-Bolsonaro, o conhecido Gabinete do Ódio, após
convencer o presidente a não demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta.
 07/04/2020 - Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriram
que o atazanavir, medicamento usado no tratamento de pacientes com
HIV/aids, tem um efeito promissor, também, para tratar pacientes com covid-
19. O estudo feito em laboratório revelou que o atazanavir é eficaz na inibição
da replicação viral do Sars-Cov-2. Além disso, o medicamento "reduziu a
produção de proteínas que estão ligadas ao processo inflamatório nos pulmões
e, portanto, impediu a piora do quadro clínico gerado pela doença", afirmou a
Fiocruz em comunicado.
 07/04/2020 - Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais
(Arpen), que representa os cartórios de registro civil no país, responsáveis pelo
recebimento dos atestados de óbito, demonstraram, por meio de dados
estatísticos, que o número de óbitos por coronavírus pode ser bem maior do
que o registrado pelo Ministério da Saúde, por conta da falta de testes
suficientes para detectar a doença, fazendo com que pessoas fossem
enterradas sem diagnóstico definitivo.
 07/04/2020 - Angela Gandra, secretária nacional da Família, anunciou em seu
Twitter que testou positivo para o coronavírus.
 07/04/2020 - Um estudo publicado por pesquisadores da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais) alertou que serviços hospitalares do Brasil deveriam
começar a sofrer escassez de leitos (tanto de baixa complexidade como de UTI)
e ventiladores mecânicos ainda no mês de abril por causa da pandemia de
coronavírus.
 07/04/2020 - O Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados
Unidos removeu do seu site orientações sobre o uso da hidroxicloroquina e da
cloroquina como possíveis tratamentos contra o novo coronavírus. Ambos
medicamentos são usados em pacientes diagnosticados com malária e ainda
estão em fase de testes para o tratamento da covid-19.
 08/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 15.927 casos
confirmados do novo coronavírus e 800 mortes, além de ser o país com a 8º
maior taxa de letalidade pelo vírus no mundo.
 08/04/2020 - O Ministério Público Federal deu prazo de dois dias para o
Ministério da Saúde esclarecer os fundamentos do boletim epidemiológico que
sugeriu a redução parcial do isolamento em cidades e estados com pelo menos
metade dos leitos e estrutura de saúde vagos.
 08/04/2020 - Numa sequência de três tweets, Bolsonaro voltou a seu tema
obsessivo das últimas semanas: a propaganda da cloroquina como solução
mágica para a pandemia do coronavírus. Nos tweets, ele atacou o infectologista
David Uip, coordenador de crise do coronavírus no Estado de São Paulo, e o
cardiologista Roberto Kalil. Segundo Bolsonaro, eles teriam se curado da
infecção com o uso da cloroquina, mas se recusariam a revelar.
 08/04/2020 - Um grupo autodenominado “think tank” da “militância político
cultural conservadora”, bolsonarista e olavista, convocou pelas redes sociais
uma campanha para que empresários e comerciantes reabrissem seus
negócios, contrariando recomendação de autoridades sanitárias para que
todos respeitem o isolamento social como medida preventiva à covid-19.
Inspirado na Black Friday, a campanha foi apelidada de Black Week Bolsonaro
pelo grupo, chamado Soberanistas.
 08/04/2020 - O deputado federal Reginaldo Lopes (PT) apresentou mais um
aditamento à notícia-crime contra Bolsonaro, depois que o vice-procurador-
geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, deu parecer pelo
arquivamento da ação. “O vice-procurador-Geral da República não analisou o
inteiro teor do aditamento que fiz no dia 31 de março. Nada disse sobre os
mais de 20 pronunciamentos do presidente que colocam a população em
risco”, disse Lopes.
 08/04/2020 – Após reunião com Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, saiu do Palácio do Planalto em carro oficial e não conversou com a
imprensa. A reunião ocorreu em um momento de incerteza sobre o futuro de
Mandetta no comando da pasta.
 08/04/2020 - O ministro do STF, Alexandre de Moraes, proferiu decisão liminar
(provisória) que proibiu o presidente da República de adotar medidas para
suspender ações de Estados e municípios para o isolamento social no combate
ao coronavírus.
 08/04/2020 – Em entrevista por telefone ao apresentador do Brasil Urgente, da
Band, José Luiz Datena, Bolsonaro voltou a defender a reabertura do comércio,
enquanto o ministro da Saúde seguiu defendendo as medidas de isolamento
social para a contenção da pandemia do coronavírus, e afirmou que cada
família era responsável por cuidar dos seus idosos.
 08/04/2020 - Bolsonaro declarou, em novo pronunciamento em rede nacional
de televisão e rádio, que seus ministros deviam estar sincronizados a ele e
exaltou o uso da cloroquina para o tratamento contra o coronavírus, mesmo
sem estudos decisivos comprovando a eficácia da medicação.
 08/04/2020 - O Parlamento português votou um projeto de lei que determinou
a suspensão total do tráfego aéreo entre Brasil e Portugal durante um mês. A
justificativa foi a conduta do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, diante da
pandemia causada pelo novo coronavírus.
 08/04/2020 – Em entrevista para o portal UOL, o ministro do STF, Gilmar
Mendes, criticou os choques que ocorreram entre Bolsonaro e o ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a luta contra a pandemia do novo
coronavírus, e disse que o governo não pode ter “políticas genocidas”.
 08/04/2020 - O historiador Vinicius Gomes Wu apresentou uma notícia-crime
por racismo contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, no STF. Na
ação, Wu argumentou que Weintraub, por suas recentes declarações contra a
China, por conta da pandemia de coronavírus, incorreu no crime de racismo,
conforme previsto na Constituição brasileira: “praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional”.
 09/04/2020 - O presidente e fundador da Eurasia Group, considerada a
principal consultoria de risco político do mundo, Ian Bremmer, recomendou a
seus clientes que mantivessem o Brasil longe das possibilidades de aporte de
investimentos. Para ele, Bolsonaro é um risco para o país, e o Brasil pode vir a
enfrentar um cenário de instabilidade social, por conta da atuação do
presidente diante da pandemia do coronavírus. Na prática, o consultor apontou
que o presidente do Brasil é um problema para o ambiente de negócios no
país.
 09/04/2020 - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acusou o governo
Bolsonaro de usar dados econômicos falsos para chamar de "pauta-bomba" o
plano de auxílio a estados e municípios. A Câmara tenta votar o projeto de
ajuda fiscal para enfrentar a crise causada pelo coronavírus e estima impacto
de R$ 85 bilhões nas contas da União.
 09/04/2020 - No final da tarde, sem usar máscara e trajando terno e gravata,
Bolsonaro provocou uma aglomeração na porta de uma padaria na Asa Norte
de Brasília. Muitas pessoas fotografaram e fizeram selfies com ele que, diversas
vezes, fez questão de abraçar e cumprimentar as pessoas dando a mão, sem
respeitar as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da
Saúde (OMS). Na ocasião, moradores da região fizeram panelaços e pediram
#ForaBolsonaro.
 09/04/2020 - Em sua tradicional live semanal, Bolsonaro voltou a externalizar
sua guerra contra o ministro da Saúde, insinuando uma resposta Mandetta.
"Médico não abandona paciente, mas paciente pode trocar de médico", disse
ele, em alusão à fala de Mandetta, que afirmou, no início da semana, que
médico não abandonava paciente.
 09/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 17.857 casos
confirmados do novo coronavírus e 941 mortes.
 09/04/2020 – Segundo o DIEESE, a pandemia do coronavírus montou um
cenário econômico ainda mais complexo, que pode levar a uma recessão de até
8,5% no PIB em 2020. De acordo com o IBGE, a inflação do mês de março ficou
próxima de zero – em 0,07%, contra 0,25% em fevereiro, mas os preços dos
alimentos dispararam. As maiores altas foram registradas em produtos como
cenoura (20,39%), cebola (20,31%), tomate (15,74%), batata-inglesa (8,16%) e
ovo (4,67%). No geral, os itens da alimentação aumentaram de 0,22% em
fevereiro para 1,4% em março.
 10/04/2020 - Bolsonaro voltou a sair e causar aglomeração nas ruas da capital
federal. Passou pelo Hospital das Forças Armadas, depois entrou numa
farmácia, abraçou apoiadores e ao sair, esfregou a mão no nariz, contrariando,
mais uma vez, as orientações do Ministério da Saúde e da OMS. Acenou para
uma pequena aglomeração e foi embora.
 10/04/2020 – De acordo com as Secretarias Estaduais de Saúde, o Brasil
possuía 19.943 casos confirmados do novo coronavírus e 1.074 mortes. Os
dados foram apresentados em meio à informação de que o Brasil é o país que
menos realiza testes para detectar a doença entre os 15 países mais atingidos.
 11/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 20.727 casos
confirmados do novo coronavírus e 1.141 mortes.
 11/04/2020 – Bolsonaro repostou em rede social um vídeo editado,
defendendo a flexibilização do isolamento social, apesar da pandemia de covid-
19, causada pelo novo coronavírus, já ter provocado mais de 1000 mortes no
país.
 11/04/2020 - A embaixada da Itália no Brasil divulgou comunicado pedindo
para que os cidadãos italianos residentes ou em visita ao território brasileiro
retornassem “o mais rápido possível” para o país de origem. O alerta foi dado
em função do avanço do coronavírus.
 11/04/2020 - Dezenas de apoiadores de Bolsonaro fizeram uma carretada pelas
ruas de São Paulo para mostrar apoio a ele na condução da crise da covid-19 e
criticar a Rede Globo, a TV Bandeirantes, a China e o governador de São Paulo,
João Doria (PSDB).
 11/04/2020 - A ONG Human Rights Watch fez duras críticas à atuação do
presidente Bolsonaro na crise sanitária devido ao novo coronavírus e afirmou
que, além de agir de forma "irresponsável", o presidente tem colocado os
brasileiros em "grave perigo". As afirmações constam num relatório publicado
pela organização.
 12/04/2020 – No domingo de Páscoa, durante videoconferência com lideranças
religiosas, Bolsonaro afirmou que parecia que o vírus estava começando a ir
embora, mesmo com o número recorde de casos – 22.169 –, somando, ainda,
1.223 mortes por covid-19 no mesmo dia. Esta e outras posturas do presidente
durante a pandemia, repercutiram negativamente na imprensa internacional.
 12/04/2020 - Um grupo de Bolsonaristas se aglomerou e depois percorreu
parte da av. Paulista na tarde de domingo de Páscoa, com roupas e bandeiras
verde-amarelas. Em uma das imagens, era possível ver participantes
carregando um caixão, debochando das mortes por coronavírus e da
necessidade de quarentena. Eles também pediam o impeachment do
governador de São Paulo, João Doria.
 12/04/2020 – Em entrevista ao Fantástico, na Rede Globo, o ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta, afirmou que os números e consequências da
pandemia do novo coronavírus irão piorar muito nos meses de maio e junho.
Mandetta também disse que esperava uma fala única do governo em relação
ao combate da pandemia, declarou que Bolsonaro mantinha uma visão mais
preocupada com a economia, enquanto o Ministério da Saúde estava focado
em preservar vidas, e afirmou que o ministério tinha consciência da
subnotificação devido à falta de testes.
 12/04/2020 - O epidemiologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo, Ivan França Junior, disse ao jornal The Guardian que se Bolsonaro
continuasse incentivando a sociedade a sabotar o distanciamento social contra
o coronavírus, o Brasil viveria “dias dolorosos”, semelhante à Itália, dentro de
algumas semanas, com pessoas morrendo fora dos hospitais, em suas casas.
 13/04/2020 - Em nova ação de sabotagem a medidas de combate à covid-19,
Bolsonaro determinou ao ministro Marcos Pontes a suspensão de medida que
previa o monitoramento de celulares para identificar aglomerações e reduzir a
propagação do coronavírus. Modelo era semelhante ao da Coreia do Sul, um
dos países com menores taxas de mortalidade.
 13/04/2020 - Luiz Henrique Mandetta foi escalado para a coletiva no Palácio do
Planalto na parte da tarde, ao lado do ministro Walter Braga Netto e da
ministra Damares Alves. Para a equipe de Mandetta, o chamado foi um sinal
“positivo” de que o fantasma da demissão não estava tão ativo quanto os
opositores do ministro queriam fazer crer.
 13/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 23.430 casos
confirmados de coronavírus e 1.328 mortes (105 mortes nas últimas 24 horas).
 13/04/2020 – O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, usou sua conta no
Twitter para apontar sabotagem no auxílio a famílias. Segundo ele, além da
demora para efetuar os pagamentos, o governo tem se utilizado de entraves e
burocracias para adiar a chegada do recurso aos mais vulneráveis, incitando
grupos a quebrarem, precocemente, a quarentena.
 13/04/2020 - A Fundação Nacional do Índio (Funai), recebeu quase R$ 11
milhões em recursos emergenciais para usar na proteção de indígenas contra o
coronavírus. Mas, segundo denúncia do Estadão, não gastou sequer um
centavo desse montante. O Brasil já soma ao menos nove casos e três mortes
de indígenas pela Covid-19. A informação foi apurada pelo jornal por meio do
Sistema Integrado de Administração Financeira (Siaf) do governo federal. O
Ministério Público Federal vai investigar a razão da Funai não ter utilizado o
recurso.
 13/04/2020 - A Câmara dos Deputados aprovou, no começo da noite, um
pacote de ajuda financeira da União para Estados e municípios. O auxílio
representará um custo de cerca de R$ 89,6 bilhões para o governo federal,
segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Como o texto seguiu para o
Senado, Bolsonaro realizou reunião com o presidente da Casa, Davi
Alcolumbre, em 14/04/2020, para mudar o pacote de socorro aos estados e
municípios.
 13/04/2020 – Bolsonaro recorreu contra a decisão do ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a autonomia de
governos estaduais e municipais para decretar medidas restritivas contra o
coronavírus, mesmo que o governo federal adotasse providências em sentido
contrário. O recurso do presidente foi protocolado na Suprema Corte, por meio
da Advocacia-Geral da União (AGU).
 13/04/2020 – Especialistas afirmaram que o número de mortos pela Covid-19
no Brasil que não estavam dentro dos chamados grupos de risco aumentou
entre o final de março e 11/04, reforçando a tese de que o isolamento vertical
não seria eficaz para impedir o avanço da epidemia no país. Levantamento feito
com base nos dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostrou que a
proporção de mortos com menos de 60 anos saiu de 11% para chegar a 25%.
Os mortos que não apresentavam doenças pré-existentes (como diabetes,
cardiopatias e pneumopatias), independentemente da idade, saíram de 15% do
total para 26%.
 13/04/2020 – O estado do Amazonas já era o primeiro do país em casos
diagnosticados e óbitos por 100 mil habitantes em decorrência do coronavírus.
Os novos diagnósticos estavam dobrando a cada 48h. Além disso, Manaus já
não tinha mais UTIs para receber pacientes graves e a estrutura de saúde
estava à beira do colapso.
 14/04/2020 – Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil possui 25.262
pacientes diagnosticados com Covid-19, 1.532 mortes (com 204 óbitos
confirmados nas últimas 24 horas), 9.704 pacientes internados e 14.026
recuperados.
 14/04/2020 - O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, anunciou em
vídeo em rede social que foi diagnosticado com o novo coronavírus.
 14/04/2020 - A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR)
contratou um escritório de advocacia para entrar com uma ação na Justiça para
discutir ato do procurador-geral da República, Augusto Aras, relacionado ao
enfrentamento da pandemia do coronavírus. Incomodado com recomendações
de integrantes do MPF sobre a pandemia para vários ministérios do governo
federal, especialmente à pasta da Saúde, Aras requisitou, através de ofícios,
que esses pedidos dos colegas procuradores fossem sempre reencaminhados
para um grupo executivo criado por ele na PGR para o acompanhamento da
Covid-19. Na avaliação da ANPR, a ação de Augusto Aras fere a independência
funcional dos investigadores do órgão.
 14/04/2020 - Para conseguir transportar 107 respiradores e 200 mil máscaras
da China, o governo do Maranhão precisou montar uma operação de guerra,
com o envolvimento de 30 pessoas e custo de R$ 6 milhões. A logística foi
traçada depois de terem reservado respiradores algumas vezes e serem
atravessados por Alemanha, EUA e pelo próprio governo Bolsonaro.
 14/04/2020 – De acordo com o Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde
(Nois), que envolve a PUC-Rio, a Fiocruz, a USP e outras instituições, o Brasil
possuía cerca de 245 mil casos de infectados pelo novo coronavírus, dez vezes
mais do que se encontra notificado pelas secretarias estaduais e pelo
Ministério da Saúde. Os pesquisadores montaram a estimativa a partir das
taxas de letalidade da doença no país, calculada pelo número de morte dividido
pelo número de casos.
 14/04/2020 - Em entrevista para Jovem Pan, o ministro da Educação, Abraham
Weintraub, defendeu a reabertura de escolas nas cidades com menores índices
de casos da Covid-19, garantiu que trabalha normalmente para garantir a
realização do ENEM em 2020 e fez as suas previsões para o fim da pandemia,
dizendo que vão morrer muito menos do que 40 mil pessoas no Brasil, embora
não tivesse nenhum estudo para embasar essa afirmação.
 15/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 28.320 casos
confirmados do novo coronavírus e 1.736 mortes.
 15/04/2020 - O STF reafirmou, em votação, o poder de governadores e
prefeitos para determinar medidas restritivas durante a pandemia do
coronavírus. A decisão também estabeleceu que estados e municípios podem
definir quais são as atividades que serão suspensas e os serviços que não serão
interrompidos.
 15/04/2020 - Após coletiva de imprensa, o ministro da Saúde Luiz Henrique
Mandetta desabafou à Veja por telefone sobre sua provável demissão, dizendo
que se cansou do desgaste diário que é trabalhar com Bolsonaro, devido ao
desserviço promovido pelo presidente no combate à pandemia.
 15/04/2020 – A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados aceitou o
requerimento feito pelo deputado Rogério Correia (PT) e enviou à Secretaria-
Geral da Presidência determinação expressa para que Bolsonaro apresente, em
30 dias o resultado de seus testes de coronavírus. O não cumprimento pode
levar à abertura de processo de impeachment.
 15/04/2020 - O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, divulgou que
um teste in vitro realizado no Brasil apontou eficácia de 94% para um remédio
contra a covid-19. Especialistas afirmaram, no entanto, que há uma grande
diferença entre resultados em laboratório e em humanos e que o anúncio do
governo é um "desserviço".
 15/04/2020 – A imprensa divulgou que a equipe do ministro Luiz Henrique
Mandetta no Ministério da Saúde já se prepara para deixar a pasta junto com
ele e, dos sete secretários que formam a cúpula do órgão, cinco devem sair
assim que a demissão de Mandetta for formalizada.
 15/04/2020 - Uma denúncia feita à Comissão Externa da Câmara dos
Deputados sobre Ações Preventivas Coronavírus no Brasil apontou que o
governo Bolsonaro ainda não pagou a primeira bolsa no valor de R$ 2,8 mil a
residentes de medicina que atuam no combate ao coronavírus no SUS. De
acordo com os residentes, a bolsa referente ao mês de março não foi
depositada.
 15/04/2020 - O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde,
Wanderson de Oliveira, pediu demissão. A informação foi confirmada pela
própria pasta.
 15/04/2020 - O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) registrou 29
profissionais de enfermagem mortos e 3.661 afastados de suas funções por
suspeita ou confirmação de contaminação por Covid-19. Destes, 83% são
mulheres e 38% estão na faixa dos 31 aos 40 anos. Do total, 454 casos de
afastamento e 16 mortes tiveram confirmação da infecção.
 15/04/2020 - Um grupo de deputados do Parlamento Europeu enviou uma
carta ao alto representante da UE para Assuntos Exteriores, Josep Borell,
afirmando que a postura do presidente brasileiro Jair Bolsonaro de negar a
gravidade da pandemia do novo coronavírus era um crime contra a
humanidade.
 15/04/2020 - A Folha de S. Paulo divulgou que o número de mortes de
mulheres dentro de casa, possíveis feminicídios, chegou a quase dobrar no
estado de São Paulo durante período de quarentena da pandemia do novo
coronavírus, se comparados com os mesmos dias em 2019. De 24 de março,
quando começou a valer o decreto para fechamento dos comércios, bares e
restaurantes em São Paulo, a 13 de abril, 16 mulheres foram mortas dentro de
casa. Em 2019, na mesma época, foram 9, conforme análise feita pela
reportagem da Folha dos boletins de ocorrência registrados no estado.
 16/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 30.425 casos
confirmados do novo coronavírus e 1.924 mortes.
 16/04/2020 - Em uma videoconferência com especialistas sobre a covid-19, o
ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que o uso de cloroquina no combate
ao coronavírus “se prestou muito para discurso político”. Segundo ele, as
informações científicas se resumiam a estudos iniciais, que não tinham
aplicabilidade imediata.
 16/04/2020 - O Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou, ao Palácio
do Planalto, um pedido de audiência com Bolsonaro para entregar um
documento elaborado pela entidade sobre o uso da cloroquina e da
hidroxicloroquina no enfrentamento ao novo coronavírus.
 16/04/2020 - A demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde foi
confirmada por ele, no período da tarde, em sua conta no Twitter. Várias
cidades registraram panelaços em protesto pela demissão. Mandetta foi
substituído por Nelson Teich, médico oncologista e dono da rede COI (Clínicas
Oncológicas Integradas), com carreira na área da saúde privada, que, já disse,
num vídeo anterior à pandemia, que “na saúde, o dinheiro é limitado e
escolhas são inevitáveis” e sugeriu que jovens teriam prioridade em relação a
idosos.
 16/04/2020 – Após anunciar oficialmente a demissão de Mandetta, Bolsonaro
voltou a minimizar os efeitos da pandemia, defendeu a flexibilização do
isolamento social e disse que a economia precisava “voltar à normalidade”.
 16/04/2020 - O Conselho Nacional de Saúde (CNS) e a Oxfam Brasil divulgaram
notas em que expressaram preocupação com a troca de comando no
Ministério da Saúde em um momento crucial da gestão da crise da saúde
pública provocada pela pandemia da covid-19. Constituído por representantes
de todos os setores da sociedade, o CNS considera “irresponsável” a decisão do
governo federal de demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta
quinta-feira (16), quando o cenário aponta para o aumento no número de
infectados e de mortos no país.
 16/04/2020 – O estado do Ceará estava com 100% dos leitos de UTI da rede
pública ocupados e já tinha uma fila de espera de 48 pacientes aguardando
uma vaga.
 16/04/2020 - Trabalhadores e trabalhadoras do Pronto-Socorro (PS) Mário
Pinotti, em Belém, no Pará, protestaram contra a falta de condições de
trabalho e disseram, em ato, que era impossível atender a população com
segurança por causa da constante falta de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI).
 16/04/2020 - Congressistas reagiram com pesar ao anúncio da demissão de Luiz
Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. Para a maioria das lideranças
políticas do Congresso, a decisão de Bolsonaro foi "irresponsável". Em nota
conjunta, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e Davi Alcolumbre
(DEM), defenderam a atuação de Mandetta no combate à Covid-19.
 16/04/2020 - Em entrevista à rádio Guaíba, o ministro da Educação, Abraham
Weintraub, mais uma vez demonstrou não ter nenhuma empatia com as
vítimas da Covid-19 e seus familiares e minimizou a pandemia do novo
coronavírus, além de tentar justificar seus ataques contra a China. "Você pode
enganar poucas pessoas durante algum tempo, mas você não consegue
enganar todo mundo durante muito tempo. A verdade está aparecendo aí: a
hidroxicloroquina funciona, essa quarentena foi precipitada? Não tá
aparecendo a pilha de mortos que tinham falado que iria aparecer", disse ele
ao afirmar que vai manter a data do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
 16/04/2020 - Em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro partiu para o ataque contra
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dizendo que ele quer “levar o
Brasil ao caos” com as medidas econômicas que vem encampando no
Congresso para o combate ao coronavírus. E, mais uma vez, Bolsonaro
apresentou suas ideias conspiratórias, afirmando que o deputado quer
derrubá-lo do governo e, se o parlamento aprovar suas medidas, “o Brasil vai
virar uma Venezuela”. Na entrevista, Bolsonaro também admitiu que Mandetta
foi demitido porque se concentrou 100% em salvar vidas e não a economia.
 16/04/2020 - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), se
recusou a responder as críticas feitas a ele por Bolsonaro em entrevista à CNN.
O deputado classificou a fala de Bolsonaro como uma tentativa de mudar o
assunto da demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. "O
presidente ataca como um velho truque da política, para mudar de assunto.
Para nós, o assunto continua sendo a saúde", disse ele.
 16/04/2020 - Em sua primeira participação em uma live de Bolsonaro nas redes
sociais, o novo ministro da Saúde tratou de mostrar alinhamento com o chefe.
Nelson Teich afirmou que as preocupações com economia e saúde devem ser
tratadas de forma conjunta e não concorrente, no combate à pandemia de
coronavírus.
 16/04/2020 - No mesmo dia em que tomou posse como ministro da Saúde,
Nelson Teich foi cobrado por deputados para que apresentasse seu plano de
gestão e os compromissos que assumiu no combate à pandemia do novo
coronavírus. O requerimento de informação foi protocolado pelo Psol, que
também apresentou um outro requerimento de convocação para que Teich
comparecesse na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre
como lidará com a crise.
 16/04/2020 – Em declaração na porta do Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou
a defender que as aulas deveriam ser retomadas. Em todo o país, as escolas
foram fechadas por determinações de governadores como medida de
prevenção para combater a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Para o
presidente, as crianças poderiam voltar à sala de aula porque “não tem notícia
de alguém abaixo de 10 anos de idade que foi a óbito” por coronavírus, o que
não é verdade.
 16/04/2020 - A Câmara dos Deputados aprovou a ampliação da lista de
categorias que devem receber o auxílio emergencial durante a pandemia de
Coronavírus. Agricultores familiares, catadores de material reciclável,
seringueiros, taxistas, mototaxistas, motoristas de aplicativos, diaristas, dentre
outros, também terão direito ao benefício de R$ 600 por mês.
 16/04/2020 - O ministro do STF, Marco Aurélio Mello, voltou a enviar para a
Procuradoria-Geral da República (PGR) notícia-crime apresentada pelo
deputado federal Reginaldo Lopes (PT/MG) contra Bolsonaro. A decisão do
ministro aconteceu após o procurador-geral da República, Augusto Aras,
recomendar o arquivamento do processo. Mello negou e pediu que a PGR
analisasse novamente o texto, que lista uma série de episódios em que o
presidente minimizou o surto da Covid-19 – detalhando uma série de
adjetivações usadas pelo ex-capitão – e aponta que ele “incentivou
ostensivamente o descumprimento das medidas de isolamento recomendadas
pela Organização Mundial da Saúde e pelo próprio poder executivo”.
 16/04/2020 - O Exército Brasileiro encaminhou a cidades do Rio de Janeiro e do
Espírito Santo um questionário, em caráter de urgência, abordando a
capacidade de cidades realizarem sepultamentos em massa devido à pandemia
do coronavírus. Os documentos foram encaminhados a diversos postos de
recrutamento e mobilização sob ingerência da 1ª Região Militar do Comando
Militar do Leste.
 16/04/2020 - Cientistas publicaram uma carta criticando o governo brasileiro
na revista Science, a principal publicação científica dos Estados Unidos. Com o
título “Proteja os povos indígenas da Covid-19”, os biólogos Lucas Ferrante e
Philip Fearnside, ambos vinculados ao Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, pediram que, no Brasil, o conceito de grupo de risco para a doença
fosse ampliado para incluir os povos indígenas. Na carta, os autores escreveram
que “o presidente Jair Bolsonaro tem, repetidamente, negado a severidade da
pandemia e divulgado informações enganosas e mensagens contraditórias
sobre como reagir, advogando pelo uso da hidroxicloroquina e o fim da
quarentena no país. Evidências científicas atuais contradizem essas
recomendações, e o discurso do presidente coloca a população do Brasil em
risco”.
 17/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 33.682 casos
confirmados do novo coronavírus e 2.141 mortes.
 17/04/2020 – Bolsonaristas foram às redes sociais convocar um novo ato para o
domingo, 19 de abril, quando se comemora o Dia do Exército, para pedir o fim
do isolamento social para enfrentamento à pandemia, bem como o
fechamento do Congresso, do Judiciário e dos governos estaduais,
concentrando uma ditadura nas mãos de Bolsonaro.
 17/04/2020 – Integrantes da classe artística brasileira, em protesto contra a
postura de Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus, fizeram uma
ação nas redes sociais, colocando, em suas fotos, um filtro com máscara de
proteção pedindo "Fora Bolsonaro".
 17/04/2020 - A Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade que reúne os
gestores municipais das 400 maiores cidades do país, criticou a declaração de
Bolsonaro de que “50% dos prefeitos” eram contra o isolamento social.
 17/04/2020 - Apoiadores de Bolsonaro se aglomeraram na Praça Portugal, em
Fortaleza (CE), em protesto contra as medidas de isolamento social – principal
recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para combater o
coronavírus. Com faixas de “queremos trabalhar”, palavras de ordem contra o
governador Camilo Santana (PT) e de apoio a Bolsonaro, os manifestantes
desceram de seus carros e fizeram aglomeração nas ruas, ao som do hino
nacional. A Polícia Militar interviu e, diante da insistência dos manifestantes,
ameaçou chamar agentes de trânsito para multar os carros dos presentes, que
estavam estacionados na praça. Somente assim eles se dispersaram.
 17/04/2020 - Em nota, o Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) defendeu os pesquisadores quem vem sofrendo ameaças e ataques
nas redes sociais, após a divulgação de resultados preliminares com o uso da
cloroquina em pacientes graves com Covid-19. Liderados pela Fiocruz, pela
Fundação de Medicina Tropical, pela Universidade do Amazonas e pela USP, o
estudo foi realizado por mais de 70 pesquisadores e estudantes de pós-
graduação e colaboradores dessas instituições.
 17/04/2020 - Com carreatas contra as medidas de isolamento no Ceará
aumentando na Capital, o Ministério Público do Ceará (MPCE) e o Ministério
Público Federal no Estado (MPF-CE) pediram aos órgãos de segurança pública
que adotassem as providências para evitar carreatas e manifestações
semelhantes em todos os municípios.
 17/04/2020 – Foi anunciado que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) já está preparada para realizar 43 mil testes por dia para
diagnosticar o Covid-19. Os centros de pesquisa espalhados pelo país já
possuem os equipamentos necessários. Em Brasília, já estão a postos 120
voluntários, entre técnicos e analistas da Embrapa, para o trabalho. O ritmo
será intenso, de 24 horas por dia, em três turnos de oito horas. O resultado das
amostras também será rápido, em um dia.
 17/04/2020 – Segundo pesquisa Datafolha, 64% dos brasileiros afirmaram que
Bolsonaro errou ao demitir Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde.
 17/04/2020 - Uma pesquisa sobre a disseminação do novo coronavírus feita por
pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Presidente
Prudente e Botucatu mostrou que os casos da COVID-19 no interior paulista
estavam três semanas atrás dos números registrados na capital e em regiões
metropolitanas como Campinas, Sorocaba e Baixada Santista. “Graças ao
isolamento feito em São Paulo, as cidades do interior estão três semanas atrás
no número de casos. Então não é hora de relaxar a quarentena. Estamos
vivendo a maior calamidade pública desde a gripe espanhola”, disse o professor
Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, da Faculdade de Medicina da Unesp
em Botucatu e integrante do Centro de Contingência do coronavírus em São
Paulo.
 17/04/2020 – Segundo o colunista do UOL, Jamil Chade, mais de 200
trabalhadores brasileiros estavam retidos em navios de cruzeiro em portos nos
EUA devido as restrições estabelecidas pelo país durante a pandemia de
coronavírus. Os brasileiros são funcionários de companhias marítimas e foram
obrigados a permanecer nas embarcações. No total, os tripulantes brasileiros
estão em 14 navios diferentes, ancorados principalmente na região da Flórida.
 17/04/2020 - A juíza federal Marisa Claudia Gonçalves Cucio, da 12ª Vara Cível
de São Paulo, acatou um pedido da Defensoria Pública da União (DPU) e
determinou que o Governo Federal revisse as datas das provas do ENEM,
previstas para novembro, e dos pedidos de isenção de inscrição, por conta da
pandemia do novo coronavírus.
 17/04/2020 - O subprocurador-geral da República, Antonio Carlos Alpino
Bigonha, questionou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a ministra da
Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, sobre o motivo de verbas
milionárias reservadas para o combate ao coronavírus em comunidades
tradicionais e indígenas ainda não ter sido empenhada. Um parecer técnico
interno da Procuradoria ainda disse que a falta do investimento não é “questão
financeira”.
 18/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 36.599 casos
confirmados do novo coronavírus e 2.347 mortes.
 18/04/2020 - Um dia depois de a Justiça Federal em São Paulo determinar o
adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio por conta da pandemia do
novo coronavírus, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ignorou a
decisão judicial e escreveu em seu Twitter que “vai ter Enem”.
 18/04/2020 – A Agência Pública descobriu que, além de atuar nas redes para
propagar desinformação sobre a pandemia do coronavírus, políticos,
empresários e movimentos da direita estão por trás das carreatas em
diferentes estados para forçar o fim do isolamento imposto por governadores –
o que coloca em risco a saúde da população e pode levar a mais mortes,
segundo a OMS e especialistas. As carreatas contra as medidas de isolamento
social têm um ponto em comum nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Brasília, Minas Gerais e Curitiba: o envolvimento direto na organização ou
divulgação dos eventos de políticos ligados a Bolsonaro. Parte deles se
empenhou na criação do Aliança Pelo Brasil, partido idealizado por Bolsonaro
que não conseguiu obter o número de assinaturas necessário para se
formalizar e concorrer às eleições deste ano.
 18/04/2020 - Mesmo sem agenda oficial, Bolsonaro saiu do Palácio da Alvorada
e foi até o Planalto, onde acenou para apoiadores e provocou aglomerações – o
que desrespeita as recomendações de especialistas e da OMS para o combate
ao coronavírus. Um dos apoiadores entregou a Bolsonaro um quadro de Jesus.
Prontamente, o presidente ergueu o quadro enquanto o público aglomerado
gritava “ei, ei, ei, Jesus é nosso rei”.
 18/04/2020 - Em uma live transmitida direto da rampa do Palácio do Planalto,
Bolsonaro disse que mudou um pouco a política de enfrentamento ao
coronavírus e criticou prefeitos e governadores. “Mudamos a política [de
enfrentamento ao coronavírus] um pouco agora, a partir de ontem [sexta-
feira]. Se bem que a decisão foi do Supremo. O Supremo que decidiu que os
Estados e municípios podem decretar as medidas que acharem necessárias
para conter o avanço do vírus. Têm prefeitos aí que cometeram barbaridades”,
declarou, apontando para o outro lado da Praça dos Três Poderes, onde fica o
STF. Bolsonaro também disse que o “Brasil está mergulhando num caos” e
prometeu a apoiadores flexibilizar o isolamento social.
 18/04/2020 – A imprensa divulgou que o novo ministro da Saúde, Nelson Teich,
em videoconferência recente com investidores da área da saúde, falou em
“investimento desnecessário”, caso haja um tratamento para a cura do
coronavírus. “Se você se prepara demais, se estrutura demais e amanhã sai um
tratamento, você fez um investimento enorme desnecessário”, disse o atual
ministro, que completou: “O exemplo que estou te dando agora é o seguinte: a
gente estava conversando lá com o pessoal… Essa compra de aparelhos, de
insumos, tudo isso. Se você comprar tudo para todo lugar ao mesmo tempo é
um volume de dinheiro muito maior que se você tivesse parado para comparar
a evolução dos diferentes países do Brasil e fosse remanejando. Porque, por
exemplo, hoje você tem um número de ventiladores mecânicos que você
precisa, aí de repente você dobra a sua quantidade de ventilador mecânico. O
que você vai fazer com isso depois?”.
 18/04/2020 - A carreata promovida por bolsonaristas contra o governador de
São Paulo, João Doria, decidiu fazer um grande buzinaço e parar o trânsito
justamente em frente ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
USP (HC), na capital paulista. Vídeos publicados por apoiadores do presidente
mostraram pessoas descendo do carro e fazendo barulho ao passar pelas
quadras da Av. Rebouças que reúnem os prédios do HC. Também foram
registradas carreatas pelo fim do isolamento no Rio de Janeiro, em Porto
Alegre, no interior de São Paulo e outras cidades pelo país.
 18/04/2020 - Durante a transmissão do Festival “One World – Together At
Home”, internautas do mundo todo comentaram “Fora Bolsonaro” em diversos
idiomas.
 19/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 38.654 casos
confirmados do novo coronavírus e 2.462 mortes.
 19/04/2020 – Em plena pandemia, Bolsonaro voltou a desobedecer às
recomendações da OMS e do Ministério da Saúde e participou de uma
manifestação em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, que pedia
o fechamento do Congresso e um novo AI-5. Tossindo muito, Bolsonaro
discursou em frente a uma multidão de militantes aglomerados e afirmou que
não queria mais negociar nada. O discurso do presidente provocou
perplexidade, e muitos parlamentares, governadores, juristas e ministros do
STF reagiram com repúdio em suas redes sociais.
 19/04/2020 - A União Nacional dos Estudantes (UNE) se manifestou contra o
ato promovido por apoiadores de Bolsonaro em favor de uma intervenção
militar. “A história da UNE é marcada pela luta democrática. Assim foi na
década de 60, contra a Ditadura Militar, na redemocratização, Diretas Já e por
aí em diante. Não podemos e não iremos assistir calados esses abusos de
Bolsonaro. Construiremos uma ampla unidade para barrá-lo. Chega”, disse
mensagem publicada pela entidade no Twitter.
 19/04/2020 – Foi divulgada uma carta assinada por 20 gestores estaduais
integrantes do Fórum Nacional de Governadores contra a postura de Bolsonaro
diante do Poder Legislativo. “O Fórum Nacional de Governadores manifesta
apoio ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e ao Presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diante das declarações do Presidente da
República, Jair Bolsonaro, sobre a postura dos dois líderes do parlamento
brasileiro, afrontando princípios democráticos que fundamentam nossa
nação”, disse trecho da carta.
 19/04/2020 - Foi impetrado, junto ao STF, depois da participação de Bolsonaro
em ato pedindo intervenção militar e fechamento do Congresso e do Supremo,
mandado de segurança pedindo que o presidente da República tenha limitada
parte de suas atribuições e tenha algumas de suas funções suspensas para que
não continue incorrendo em crimes de responsabilidade, atentando contra a
democracia e os direitos fundamentais. A ação foi assinada pelos advogados
Thiago Santos Aguar de Pádua e José Rossini Campos do Couto Corrêa.
 20/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 4.581 casos
confirmados do novo coronavírus e 2.575 mortes.
 20/04/2020 - Dirigentes de oito partidos de oposição (PSOL, PT, PCdoB, PDT,
PSB, Rede, PCB e PV) reunidos por videoconferência, decidiram ingressar com
uma notícia-crime contra Bolsonaro, por ter participado de um ato pelo
fechamento do Congresso e do STF e pela destituição dos governadores na
tarde de domingo. A notícia-crime deve ser apresentada por entidades da
sociedade civil e não pelos partidos e será acompanhada de um amplo
processo de mobilização com a presença de artistas e dos principais líderes da
oposição.
 20/04/2020 - O general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de
Bolsonaro, publicou em seu Twitter que o Exército brasileiro era um dos pilares
da Democracia. A declaração aconteceu no dia seguinte ao discurso golpista de
Bolsonaro em manifestação que pregava o fechamento do Supremo Tribunal
Federal e do Congresso Nacional.
 20/04/2020 - O ex-conselheiro federal da OAB José Rossini Campos do Couto
Correa pediu ao STF para obrigar o presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia, a analisar, em até 15 dias, um pedido de impeachment que
apresentou em março contra Bolsonaro na Câmara. Ele acusou o presidente de
crime de responsabilidade, por quebra de decoro, ataques contra jornalistas,
contrariedade às orientações da OMS e apoio a atos contra o Congresso e o
STF. E disse que Maia tem sido omisso ao ignorar o pedido.
 20/04/2020 - Um dia após discursar em ato que pedia intervenção militar,
Bolsonaro voltou atrás e defendeu o Supremo Tribunal Federal e o Congresso
"abertos e transparentes".
 20/04/2020 - O procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo, determinou a
publicação de aviso no Diário Oficial, orientando os membros do Ministério
Público de São Paulo a tomarem providências ‘em caso de ações ou omissões’
de autoridades municipais que abrandem a quarentena decretada no Estado
sem embasamento em evidências científicas e em análises técnicas sobre
informações estratégicas em saúde.
 20/04/2020 – A Receita Federal considerou ilegal a operação feita pelo
governador Flávio Dino, do Maranhão, para trazer 107 respiradores da China e,
por isso, informou que tomará as medidas legais cabíveis contra as pessoas
envolvidas.
 20/04/2020 – A jornalista Miriam Leitão informou em sua coluna que, em
conversa com generais, eles afirmaram que as Forças Armadas rejeitam a
aventura golpista de Bolsonaro, evidenciada em sua participação, em
19/04/2020, numa manifestação que pedia intervenção militar, fechamento do
STF e Congresso.
 20/04/2020 - Augusto Aras, procurador-geral da República, solicitou ao STF a
abertura de inquérito para apurar a suposta participação de deputados federais
na organização de “atos delituosos” no último domingo, do qual participou
Bolsonaro.
 20/04/2020 – Em meio à pandemia do novo coronavírus, o Intercept denunciou
que embora evitar uma gestação tenha se tornado sinônimo de proteger a
saúde das mulheres durante essa crise sanitária, elas vêm enfrentando a
dificuldade de acesso a métodos e procedimentos contraceptivos no SUS,
porque as secretarias de saúde suspenderam, temporariamente, procedimento
não considerados urgentes.
 20/04/2020 - Em meio a protestos pelo fim do isolamento social, o Brasil
passou a ocupar o segundo lugar em casos classificados como “graves e
críticos” de Covid-19, de acordo com dados da plataforma Worldometer.
 20/04/2020 - Entidades internacionais ligadas à defesa dos direitos humanos se
posicionaram contra a presença de Bolsonaro em atos que aconteceram no
domingo. Em nota, a Anistia Internacional classificou como grave a presença de
Bolsonaro nas manifestações. Já a Human Rights Watch (HRW) disse que
Bolsonaro continua a agir de forma irresponsável e perigosa, colocando em
risco a vida e a saúde dos brasileiros, em flagrante desrespeito às
recomendações do seu próprio Ministério de Saúde e da Organização Mundial
da Saúde.
 20/04/2020 - Bolsonaro voltou a defender o fim da quarentena praticada para
tentar reduzir a disseminação do vírus na população, além de novamente
participar de aglomerações, como fez no fim de semana. “Eu espero que essa
seja a última semana dessa quarentena, dessa maneira de combater o vírus. A
massa não tem como ficar em casa que a geladeira tá vazia”, disse em frente ao
Palácio do Planalto. Ele também voltou a dizer com naturalidade, mas sem
evidências ou estudos, que 70% a 80% da população brasileira será infectada
pelo coronavírus. Bolsonaro também disse que a partir da próxima segunda-
feira (27/04) escolas cívico-militares podem voltar a funcionar no Distrito
Federal e podem ser reabertos o Colégio Militar e colégios da Polícia Militar e
dos bombeiros.
 20/04/2020 - Bolsonaro foi mais uma vez denunciado no Tribunal Penal
Internacional (TPI), que tem sede em Haia, nos Países Baixos, por genocídio e
crimes contra a humanidade em meio à pandemia do coronavírus. Esta foi a
segunda ação movida contra o presidente durante o surto da doença. Desta
vez, quem acusou Bolsonaro foi José Manoel Pereira Gonçalves, coordenador
do grupo Engenheiros pela Democracia.
 20/04/2020 – A imprensa divulgou que o novo ministro da Saúde, Nelson Teich,
passará por media training (treinamento sobre como aparecer na imprensa)
ministrado pela secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro.
 20/04/2020 - O ministro da Saúde, Nelson Teich, anunciou em vídeo divulgado
pelo governo federal que está em curso um estudo para reduzir o
distanciamento social em todo país. O afrouxamento da quarentena é uma das
missões do novo titular da Saúde. O afrouxamento será atrelado ao aumento
do número de testes realizados.
 21/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 43.079 casos
confirmados do novo coronavírus e 2.741 mortes.
 21/04/2020 - O ministro da Economia, Paulo Guedes, contrariou o discurso de
Bolsonaro sobre o coronavírus e afirmou que havia “total apoio” ao isolamento
social no país. De acordo com Guedes, a preservação dos “sinais vitais” da
economia não significa “sair do isolamento agora”.
 21/04/2020 – Em entrevista à GloboNews, Jaques Sztajnbok, médico supervisor
da UTI do Emílio Ribas, informou que os médicos do Instituto já estão tendo
que escolher, mesmo que "indiretamente", qual paciente irá ou não para um
leito de UTI para o tratamento da covid-19.
 21/04/2020 - O ministro Alexandre de Moraes, do STF, acatou um pedido do
procurador-geral da República, Augusto Aras, e abriu um inquérito para apurar
“fatos em tese delituosos” envolvendo a organização de atos antidemocráticos
que aconteceram no último domingo (19/04).
 21/04/2020 - O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), afirmou que a
capital do Amazonas estava “em ponto de barbárie” com a pandemia de
coronavírus. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, ele chorou e criticou a
postura de Bolsonaro.
 21/04/2020 – A imprensa divulgou que, desde que assumiu, o novo ministro da
Saúde, Nelson Teich, não deu nenhuma entrevista e suspendeu, também, as
coletivas diárias com informações técnicas sobre a atuação do governo. Essas
entrevistas eram importantes para que os brasileiros, o país pudesse
acompanhar a situação da Covid-19, as providências que estão sendo tomadas
para enfrentá-la e os problemas que precisam ser ultrapassados.
 21/04/2020 - A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)
aprovou um acordo de cooperação internacional que visa garantir o acesso
global a medicamentos, vacinas e equipamentos médicos para enfrentar a
pandemia de coronavírus. Apenas Brasil, Estados Unidos e outros 12 países,
entre os 193 membros da ONU, deixaram de patrocinar a resolução.
 21/04/2020 - Entidades de saúde publicaram nota contra a política classificada
como “genocida e antidemocrática” de Bolsonaro e pediram seu afastamento
do cargo. No texto, especialistas alertaram que o presidente coloca a
população em risco ao produzir “o caos em meio a uma grave crise sanitária”.
 22/04/2020 – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possuía 45.757 casos
confirmados do novo coronavírus e 2.906 mortes.
 22/04/2020 - O chanceler Ernesto Araújo postou em plena madrugada um
texto em suas redes sociais. Não se tratou de uma orientação para lutar contra
a pior crise sanitária em quase cem anos. Nem um plano sobre como conseguir
respiradores, testes ou máscaras. Tampouco se tratou de uma estratégia para
costurar novas alianças para garantir a recuperação da economia. Tratou-se de
mais uma teoria conspiratória sobre a necessidade de se combater o
comunismo que, segundo ele, vai se aproveitar do momento de crise e de
apelos por solidariedade para implementar sua ideologia, por meio do
fortalecimento de entidades internacionais, como a OMS. O chanceler chamou
o novo coronavírus de comunavírus.
 22/04/2020 - O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), ganhou mais
uma queda de braço contra o governo Bolsonaro, que tinha bloqueado uma
compra sua de respiradores no mês passado. O ministro Celso de Mello, do STF,
determinou que uma empresa de Santa Catarina entregue ao Maranhão 68
respiradores no prazo de 48 horas.
 22/04/2020 - O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, mostrou-se bastante
perdido durante sua primeira entrevista coletiva. Teich prometeu lançar mão
de projetos e “desenhar diretrizes” contra o novo coronavírus, mas não
detalhou exatamente seus planos. Ele falou que vai trabalhar em conjunto com
outros ministérios e com a iniciativa privada na formação do banco de dados. O
Itaú, que doou cerca de R$ 1 bilhão, foi citado pelo ministro e deve ter acesso
ao levantamento. Ele ainda anunciou que o governo terá, até a semana que
vem, um plano para que as cidades e Estados decidam sobre a flexibilização do
isolamento social contra a pandemia de coronavírus. Teich disse que serão
consideradas as particularidades de cada lugar, bem como o avanço da doença
em cada região, mas acrescentou que é “impossível” para um “país sobreviver
um ano, um ano e meio parado. Ele também anunciou o general Eduardo
Pazuello como substituto de João Gabbardo dos Reis na secretaria executiva do
Ministério da Saúde. Gabbardo integrava a equipe de Luiz Henrique Mandetta,
demitido por Bolsonaro.
 22/04/2020 - As mortes provocadas por Covid-19 têm dobrado, em média, num
intervalo de cinco dias no Brasil. Nos Estados Unidos e no Equador, países com
taxas altas de disseminação da epidemia, o intervalo para essa duplicação, em
período similar, seria de seis dias. Na Itália e na Espanha, oito. Este foi um dos
dados divulgados na mais recente nota técnica do Monitora Covid-19, sistema
que agrupa e integra dados sobre a pandemia do novo coronavírus no Brasil.
Epidemiologistas, geógrafos e estatísticos do Instituto de Comunicação e
Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), têm se debruçado sobre a ferramenta
para elaborar análises sobre o avanço da doença.
 22/04/2020 - Em meio a reclamações recorrentes sobre problemas e negativas
em obter o auxílio emergencial durante a pandemia do coronavírus, o
Ministério da Cidadania anunciou que não tem dinheiro para antecipar a
segunda parcela do benefício, que começaria a ser paga na quinta-feira (23/04).
 22/04/2020 - O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, citou o
Brasil e a Suécia como maus exemplos de atuação no combate à pandemia do
novo coronavírus durante entrevista coletiva.
 22/04/2020 - O plenário da Câmara aprovou um programa especial de crédito
para micro e pequenas empresas, no valor total de R$ 15,9 bilhões. O Projeto
de Lei 1.282/20, oriundo do Senado, cria o Programa Nacional de Apoio às
Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que concede
crédito mais acessível às microempresas, com faturamento bruto anual de até
R$ 360 mil, e empresas de pequeno porte, cujo faturamento anual de até R$
4,8 milhões. Como foi modificado pelos deputados, o texto voltou para análise
do Senado.
 22/04/2020 - O coronavírus chegou aos presídios brasileiros e já vitimou dois
presos. Para solucionar a situação, o Ministério da Justiça e Segurança Pública
sugeriu isolar os presos infectados em contêineres metálicos. O CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) e o STF (Supremo Tribunal Federal) já consideraram a
proposta ilegal.
 23/04/2020 – A imprensa divulgou que nove estados e o DF flexibilizaram
isolamento social. Com o relaxamento, o Brasil já tem 43 shoppings abertos em
19 cidades. Até a semana passada, os 577 estabelecimentos existentes no país
estavam fechados. Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés criticou as
aglomerações que se formaram nos shoppings reabertos em Blumenau e
Balneário Camboriú.

SALÁRIO MÍNIMO
 Uma das primeiras ações do governo foi reajustar o salário mínimo abaixo da
estimativa que constava no Orçamento da União.
 Após o fim da política de valorização real do salário mínimo, que marcou os
governos Lula e Dilma, a equipe de Paulo Guedes avalia retirar da Constituição
o reajuste indexado à inflação, com o argumento de que o congelamento do
salário mínimo poderia render uma economia entre R$ 35 bilhões e R$ 37
bilhões.
 De acordo com o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) apresentado pelo
governo Bolsonaro, o valor do salário mínimo previsto para 2020 não
representa aumento real (reajuste acima da inflação) em relação ao mínimo de
2019.
 Em 22/11/2019, foi anunciado que o salário mínimo vai ficar abaixo do
projetado pelo governo em 2020. O Orçamento do próximo ano encaminhado
ao Congresso previa que o salário fosse de 1.039 reais, mas o valor ficará em
1.030.
 Em 02/01/2020, Bolsonaro mentiu ao dizer que o aumento de R$ 8 no salário
mínimo foi “acima do que seria se a lei do PT estivesse em vigor”. Cálculos
mostraram que reajuste nos moldes da Lei nº 12.382, sancionada por Dilma
Rousseff em 2012, seria maior do que o valor apresentado pelo presidente. No
dia 31 de dezembro de 2019, Bolsonaro anunciou que o salário de R$ 998
passaria por um aumento de 4,11% a partir de 2020, ficando em R$ 1.039. A lei
do governo Dilma, no entanto, estabelecia que o mínimo deveria ser renovado
levando-se em conta não apenas a inflação do ano anterior, mas também o
crescimento do PIB de dois anos antes. E de acordo com esse cálculo, o salário
mínimo de 2020 deveria ser de R$ 1.045,61, e não de R$ 1.039.

MUNDO DO TRABALHO
 De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o
desemprego no país é de 12,3%, em média, considerando tudo (com e sem
carteira assinada).
 Dados do IBGE de setembro de 2019 apontam um aumento na informalidade.
O percentual de trabalhadores informais foi de 38,8 milhões no trimestre que
se encerrou em agosto, representando 41,4% da população empregada no país.
 De acordo com pesquisa do Dieese, com dificuldades para conseguir inserção
no mercado de trabalho, os jovens recém-formados são uma das parcelas da
população que engrossam as taxas de desemprego, que ao todo afeta 12,6
milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE. De acordo com a entidade,
apenas 35% dos jovens formados, entre 25 a 29 anos, trabalham em postos que
exigem formação superior. Quando considerada a classe social, 45% deles, com
renda de até um salário mínimo por pessoa, estão fora da sua área de estudo.
 Sob o pretexto de que seria preciso “desburocratizar” o regramento trabalhista,
o governo Bolsonaro vem promovendo ou apoiando uma série de ações que
afetam ainda mais a saúde dos trabalhadores e coloca suas vidas sob maior
risco. Entre elas, está o esvaziamento ou a extinção das 36 Normas Reguladoras
(NRs) consolidadas ao longo de quatro décadas de debates e estudos sobre
proteção no ambiente de trabalho.
 O presidente Jair Bolsonaro (PSL) sancionou, em 20 de setembro de 2019, uma
lei que altera a cobrança de impostos sobre valores recebidos por
trabalhadores em acordos trabalhistas, sejam judiciais ou não. A medida vai
afetar benefícios como férias, 13º salário e horas extras.
 A CUT destacou, em 19/09/2019, que o fechamento de todo o sistema
Petrobras nos estados do Nordeste, como parte do processo de privatização da
empresa pelo governo Bolsonaro vai gerar a demissão de 11.075 trabalhadoras
e trabalhadores diretos e mais de 20 mil terceirizados.
 Em 07/10/2019, a imprensa divulgou a informação de que o ministro da
Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, planeja tirar exclusividade do
FGTS da Caixa Econômica Federal e repassá-lo a bancos privados, num processo
de reformulação do Fundo por Medida Provisória.
 O governo Bolsonaro criou, em setembro de 2019, um “Grupo de altos estudos
do trabalho”, o Gaet, para discutir mais mudanças na legislação trabalhista,
desta vez com foco na estrutura sindical, mas excluiu representantes de
trabalhadores do grupo.
 No dia 18/10/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro está
preparando uma Medida Provisória (MP) para acabar com a multa adicional de
10% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que empresas devem
pagar ao governo em demissões sem justa causa.
 Em 24/10/2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou que vai propor
uma série de medidas para a redução de direitos trabalhistas, com o objetivo
de gerar empregos.
 Dados divulgados pelo IBGE em 31/10/2019 mostraram que o desemprego
ainda atinge 12,5 milhões de pessoas. A taxa é de 11,8% no trimestre
encerrado em setembro. Os dados mostraram, ainda, que o aumento da
população ocupada foi puxado pelo avanço da informalidade, que atingiu nível
recorde, atingindo 41,4% da população ocupada, ou 38,8 milhões de
brasileiros.
 Em 11/11/2019, Bolsonaro assinou uma medida provisória para criar um novo
tipo de contrato trabalhista, chamado “Programa Verde Amarelo”. Entre as
medidas anunciadas, há a anulação do pagamento previdenciário para jovens
que ganharem até 1.497 reais dentro desse novo contrato, e a flexibilização
para trabalho nos domingos e feriados. Houve destaque para a redução de
encargos trabalhistas entre 30% e 34% para o empregador a fim da geração de
novos empregos para jovens, com idades entre 18 e 29 anos. Em relação ao
trabalho nos finais de semana, o governo afirmou que deverá ser acordado
entre patrão e trabalhador e deve ser estimulado como “acontece em todo país
do mundo que é competitivo”. Além da contribuição patronal para o INSS, que
é de tipicamente de 20% da folha, o contrato eliminará o pagamento das
alíquotas do Sistema S, do salário-educação e do Incra. O fundo de garantia do
jovem trabalhador será de 2% (regularmente, é de 8%) e o valor da multa
rescisória será de 20% em casos de demissão sem justa causa, metade dos 40%
usualmente pagos. Assim, contratados por esse regime terão uma menor
contribuição paga pelo patrão e, caso sejam mandados embora, receberão uma
porcentagem também baixa em relação aos contratos regulares da CLT, que
preveem 40% de multa. Por meio deste programa, Bolsonaro também
pretende instituir que pessoas que estão recebendo seguro-desemprego sejam
obrigadas a contribuir com o INSS. Atualmente, o trabalhador que é demitido
sem justa causa recebe o seguro sem a cobrança do INSS, mas pela proposta do
governo federal, haveria um desconto no valor recebido de 7,5% da
contribuição. O Programa Verde Amarelo incluiu, ainda, mudanças na jornada
de trabalho nos setores financeiro e de comércio. A MP estabelece que o
descanso semanal remunerado deverá coincidir com o domingo pelo menos
uma vez a até quatro semanas nos setores de comércio e de serviços e em até
sete semanas na área industrial. A medida determina que a duração normal da
jornada dos bancários, apenas para quem opera no caixa, é de até seis horas
diárias (30 por semana), mas abre possibilidade de período maior, a ser
definido em acordo entre funcionário e empregador. Para os demais
funcionários do setor financeiro, o texto afirma que a jornada só será
extraordinária após a oitava hora trabalhada. De acordo com a Folha de S.
Paulo (11/11/2019), o governo excluiu pessoas acima dos 55 anos do
programa. A MP acaba com a exigência de registro profissional para jornalistas,
publicitários, radialistas, químicos, arquivistas e guardador e lavador de
veículos. Em relação aos jornalistas, a MP acabou também com a exigência de
diploma de jornalismo para o exercício de algumas funções.
 Em 13/11/2019, os funcionários da Caixa Econômica Federal receberam
mensagem, por meio do sistema interno do banco, informando sobre as
mudanças na jornada de trabalho, após a MP assinada por Bolsonaro.
 O Programa Verde e Amarelo do governo Bolsonaro reduziu o valor do auxílio-
acidente para trabalhadores e trabalhadoras. O auxílio-acidente, que antes era
50% do salário benefício, com a MP será de 50% da aposentadoria por invalidez,
que já ficou menor com a reforma da Previdência. A regra vale para os casos em
que o trabalhador sofre o acidente fora do local de trabalho.
 Em 19/11/2019, o DIEESE divulgou 12 pontos negativos do Programa Verde e
Amarelo: 1) Desonera as empresas, mas onera os desempregados com o
pagamento da contribuição previdenciária para aqueles que acessarem o
seguro-desemprego; 2) Em vez de promover empregos, facilita a demissão de
trabalhadores e pode estimular a informalidade (sem carteira de trabalho
assinada). A proposta enfraquece mecanismos de registro, fiscalização e
punição e determina a redução de custos com demissão; 3) Aumenta a jornada
de trabalho no setor bancário para todos os trabalhadores, exceto para os que
trabalham na função de caixa. Em relação a esse setor, também libera a
abertura das agências bancárias e o trabalho aos sábados. O aumento da
jornada de trabalho para bancários tem potencial de ampliar o desemprego: a
cada dois trabalhadores com jornadas de 44 horas semanais, um poderá ser
demitido; 4) Amplia a desregulamentação da jornada de trabalho instituída na
reforma trabalhista de 2017 com a liberação do trabalho aos domingos e
feriados, sem pagamento em dobro, pago apenas se o trabalhador não folgar ao
longo da semana; 5) Promove a negociação individual e a fragmentação das
normas por meio de Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs); 6) Retira o sindicato
das negociações de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e amplia o
número máximo de parcelas, de duas para quatro, ao longo do ano,
caminhando para transformar a PLR em parcela variável cada vez maior do
salário; 7) Dificulta a fiscalização do trabalho, inclusive em situações de risco
iminente. Retira do sindicato a autoridade para também interditar local de
trabalho com risco iminente; 8) Institui o Conselho do Programa de Habilitação
e Reabilitação Física e Profissional, Prevenção e Redução de Acidentes do
Trabalho, sem participação das representações dos trabalhadores e das
trabalhadoras e nem mesmo do Ministério da Saúde, no contexto da recente
flexibilização das Normas Regulamentadoras (NRs) da Saúde e da Segurança do
Trabalho promovida pelo governo; 9) Cria um fundo que será gerido por esse
conselho. As fontes desse fundo serão as condenações de ações civis públicas
trabalhistas e os valores arrecadados nas condenações por dano moral coletivo
constante nos Termos de Ajuste de Conduta (TACs). O Programa de Habilitação
e Reabilitação Física e Profissional, Prevenção e Redução de Acidentes do
Trabalho se restringe ao ambiente do trabalho, deixando de fora as demais
situações como trabalho escravo, trabalho infantil, fraudes nas relações de
trabalho, entre outros; 10) Altera a regra para concessão do auxílio-acidente,
incluindo no texto “conforme situações discriminadas no regulamento”, que
serão definidas por meio de uma lista a ser elaborada pela Secretaria Especial
de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia (Sept/ME). Muda o valor
do auxílio-doença de 50% do salário-benefício (com a reforma, a média de
todas as contribuições) para 50% do benefício de aposentadoria por invalidez;
11) Institui multas que variam de R$ 1 mil a R$ 50 mil por infrações que atinjam
os trabalhadores de forma coletiva (o que será modulado pelo porte da
empresa) e multas entre R$ 1 mil e R$ 10 mil para situações em que o fato
gerador da infração esteja relacionado a um trabalhador específico. A gravidade
da infração será definida posteriormente, o que pode enfraquecer a capacidade
de punição às empresas que cometem infrações trabalhistas; 12) Revoga 86
itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), entre os quais direitos e
medidas de proteção ao trabalho, como o artigo 160, que estabelece que
“Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia inspeção e
aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional competente em
matéria de segurança e medicina do trabalho”.
 Em 21/11/2019, Bolsonaro cortou os recursos para fiscalizações trabalhistas, que
incluem operações de inspeção de segurança e saúde no trabalho, combate ao
trabalho escravo e verificações de obrigações trabalhistas.
 Em 25/11/2019, o secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da
Economia, Rogério Marinho, afirmou que a proposta do governo que facilita o
trabalho nos fins de semana e feriado aumentará a competitividade das
empresas do país, e foi aplaudido ao dizer que domingo também é dia de
trabalho.
 Em 29/11/2019, a imprensa divulgou pesquisa mostrando que a taxa de
desemprego no Brasil fechou em 11,6% no trimestre encerrado em
outubro/2019. A população desocupada no período é de 12,4 milhões de
pessoas. A pesquisa mostrou também que o número de empregados sem
carteira de trabalho assinada no setor privado chegou a 11,9 milhões de
pessoas, novo recorde na série histórica.
 Em 03/12/2019, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, Bolsonaro enviou
ao Congresso um projeto que acaba com as cotas para trabalhadores com
deficiência nas empresas. Em 04/12/2019, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, barrou o projeto.
 Em 12/12/2019, Bolsonaro recuou de uma medida apresentada pelo próprio
governo e vetou o repasse aos trabalhadores de 100% dos lucros obtidos pelo
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com a decisão, a distribuição
volta a ser feita no formato anterior, quando eram destinados 50% dos lucros
auferidos pelo fundo.
 Em 13/12/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro colocou o FGTS
na lista dos fundos que podem ser extintos.
 Em 18/12/2019, o Estadão divulgou que mais de um milhão de pessoas passaram
a trabalhar como motoristas de aplicativo ou ambulantes, de acordo com dados
do final de 2018.
 Em 27/12/2019, o Estadão divulgou a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, demonstrando que faltou
trabalho para 26,576 milhões de pessoas no país no trimestre encerrado em
novembro de 2019.
 Em 21/01/2020, a Organização Internacional do Trabalho apontou que a política
econômica conduzida por Bolsonaro e Guedes é incapaz de reduzir o
desemprego no Brasil.
 Em 27/01/2020, o CUT divulgou que se o Congresso Nacional não reprovar
imposto criado por Bolsonaro, cobrança de 7,5% a 8,14% sobre o valor do
seguro-desemprego começa em março de 2020.
 Em 03/02/2020, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) protocolou uma ação
no STF contestando a regra trabalhista que dá estabilidade a pessoas que vivem
com o vírus HIV. A norma também abrange outras condições e doenças
associadas a discriminação ou preconceito. Dois dias depois, Bolsonaro gerou
uma onda de críticas ao dizer que pessoas com HIV são uma “despesa para
todos no Brasil”.
 Em 28/02/2020, os primeiros números sobre o emprego no Brasil em 2020 foram
divulgados pelo IBGE, revelando uma realidade ainda desesperadora para a
maioria dos trabalhadores. De acordo com o IBGE, passados 13 meses de
governo Bolsonaro, o Brasil tem 11,9 milhões desempregados, 38,3 milhões de
pessoas na informalidade e 4,7 milhões de desalentados (trabalhadores que
desistiram de procurar trabalho e já não são computados como desocupados).
 04/03/2020 - A comissão mista, formada por deputados e senadores, que analisa
a Medida Provisória (MP) nº 905 do Programa Verde e Amarelo adiou para
terça-feira (10/03) a votação do relatório do deputado Christino Áureo (PP).
 17/03/2020 - A comissão mista que analisava a Medida Provisória (MP) 905, do
contrato de trabalho “verde e amarelo”, aprovou o relatório do deputado
Christino Aureo (PP), que agora seguiu para o plenário das duas Casas. Foi a
única comissão que funcionou, aumentando a “flexibilização” trabalhista em
um momento de apelo por mais proteção social devido à crise do coronavírus.
A oposição tentou, sem sucesso, suspender a tramitação.
 01/04/2020 – A Rede Brasil Atual divulgou que o país estava, desde o início do
ano, sem dados sobre o mercado formal de trabalho no país consolidados no
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A Secretaria Especial
de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia informou “que identificou
a falta de prestação das informações sobre admissões e demissões por parte
das empresas, o que inviabilizou a consolidação dos dados” referentes a janeiro
a fevereiro. Até 2018, o Caged era divulgado pelo Ministério do Trabalho,
extinto por Bolsonaro. Pelo informe, os problemas são anteriores à crise do
coronavírus.
 02/04/2020 - Os senadores Randolfe Rodrigues e Fabiano Contarato, ambos da
Rede, apresentaram ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no STF contra a
Medida Provisória 936, que permite redução de salário via acordo individual. O
governo afirmou que se tratava de medida para amenizar impactos econômicos
decorrentes da crise causada pela pandemia de coronavírus. A MP 936 foi
criticada pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
(Anamatra) e pelas centrais sindicais.
 07/04/2020 - O ministro do STF, Ricardo Lewandowski, decidiu que os sindicatos
devem ser comunicados em até dez dias sobre os acordos individuais entre
empresas e empregados no caso de redução de salários e de jornada de
trabalho. Na decisão, o ministro atendeu pedido da Rede Sustentabilidade para
considerar ilegal parte da Medida Provisória 936/2020, editada para preservar o
vínculo empregatício durante os efeitos da pandemia do novo coronavírus na
economia.
 13/04/2020 - O advogado-geral da União, André Mendonça, afirmou que uma
nova decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo
Lewandowski, esclareceu que acordos individuais de empresas para cortar
salários e jornadas de trabalhadores têm efeito imediato, independentemente
de posterior manifestação sindical. Em 06/04/2020, o magistrado havia decidido
que os sindicatos deveriam ser comunicados do acordo e poderiam iniciar
negociação coletiva caso preferissem. Agora, ao rejeitar recurso da AGU,
esclareceu, "para afastar quaisquer dúvidas, e sem que tal implique em
modificação da decisão embargada, que são válidos e legítimos os acordos
individuais celebrados na forma da MP 936/2020".
 14/04/2020 - A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da medida
provisória que criou a carteira de trabalho “verde e amarela” (MP 905). O
empregador terá redução de encargos trabalhistas para contratação de jovens
de 18 a 29 anos e maiores de 55 anos, que vão receber até um salário mínimo e
meio. Para o Dieese, haverá aumento da rotatividade, com demissão daqueles
que ganham mais para serem substituídos por trabalhadores contratados pelo
novo modelo. A rotatividade vai crescer inclusive entre trabalhadores mais
experientes, e a massa salarial cairá, dificultando a retomada da economia no
pós-pandemia.
 17/04/2020 - Sem consenso e com aumento das tensões entre os Poderes, o
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), retirou de votação a MP da
Carteira Verde Amarelo da pauta. A proposta tem resistência da maioria dos
partidos da Casa e é entendida como uma minirreforma trabalhista.
 17/04/2020 - Por 7 votos a 3, o STF negou liminar contra a Medida Provisória
936, que permite suspensão dos contratos de trabalho, com redução de salários
e jornada. O relator, Ricardo Lewandowski, havia admitido parcialmente a Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6.363, prevendo a participação dos
sindicatos, devido ao princípio constitucional de redução salarial apenas pela
negociação coletiva. Mas a maioria divergiu e validou a MP, que prevê um
“plano emergencial”, com compensação parcial para os casos de corte de
salário.
 20/04/2020 - A Medida Provisória da Carteira Verde Amarela (MP 905) perdeu
validade, após a mesa diretora do Senado Federal decidir cancelar sessão que
aconteceria à tarde. Em seguida, Bolsonaro anunciou que optou por revogar a
MP 905/2019, que criava o Contrato Verde e Amarelo.

PODERES, MINISTÉRIOS, CONSELHOS E INSTITUIÇÕES PÚBLICAS


 Extinção dos ministérios do Trabalho, Cultura, Cidades, Esportes e Integração
Racial;
 Desmonte de conselhos participativos e espaços de gestão da sociedade civil
em diversas áreas. Os ataques a estes órgãos vão desde cortes financeiros,
como é o caso do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), até a total
extinção, como nos casos do Conselho Curador da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC) e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (Consea), que orienta o combate à fome e o Bolsa Família).
 Por Decreto, Bolsonaro alterou a composição ao Conselho Nacional de Políticas
sobre Drogas (CONAD) e retirou vagas destinadas a especialistas e membros da
sociedade civil. Entre as categorias que deixaram de compor o grupo estão
médicos, juristas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e até educadores.
 A Ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, demitiu a coordenadora geral
do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Caroline Dias dos Reis, colocando
em risco a autoridade e a independência do órgão. A decisão foi denunciada
por organizações internacionais.
 Atendendo aos apelos do filho investigado, Flávio, Bolsonaro quebrou uma
tradição democrática de escolha do Procurador Geral da República pela lista
tríplice do MP – quando os próprios procuradores indicam três nomes para o
presidente da República – e quer indicar o subprocurador Antônio Carlos
Simões Martins Soares para o cargo. Além dos interesses pessoais do filho, o
nome cotado por Jair para a PGR já respondeu a processo por falsificação de
documento, acusado de “delito contra a fé pública”.
 Em 04 de setembro de 2019, Bolsonaro exonerou o presidente da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão ligado ao ministério da
Economia, Luiz Augusto Ferreira, após Ferreira afirmar que recebeu pedidos
“não republicanos” de seu superior, o secretário especial de Produtividade,
Emprego e Competitividade do ministério da Economia, Carlos da Costa.
 Bolsonaro indicou para a Procuradoria Geral da República, o sub-procurador
Augusto Aras, que não integrava a lista tríplice de nomes sugeridos pela
Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR), que emitiu nota,
classificando a escolha como um retrocesso democrático e institucional.
 Além de Bolsonaro – capitão reformado – e do vice, o general Hamilton
Mourão, e de 8 de seus 22 ministros, há ao menos 2.500 militares em cargos de
chefia ou assessoramento no governo.
 Apesar de afirmar, em seus discursos de campanha, que iria acabar com a
mamata, Bolsonaro estourou os gastos com cartões corporativos, que são os
maiores desde 2014. Entre os meses de fevereiro e setembro de 2019, a
Secretaria de Administração do Palácio do Planalto, responsável pelas despesas
do presidente, desembolsou R$ 4,6 milhões com seus cartões.
 Em 01/11/2019, a Caixa Econômica Federal iniciou mais um processo de
demissões voluntárias, com objetivo de atingir mil funcionários, de acordo com
a Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). De
acordo com números dos relatórios administrativos, desde 2016, houve
redução de 10,6 mil funcionários do banco.
 Em 04/11/2019, o general Maynard Marques de Santa Rosa pediu demissão do
cargo de chefia da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
 Durante as festas de final de ano (2019/2020), o ministro da Justiça, Sergio
Moro, propôs uma MP para aumento salarial dos seus amigos da cúpula da
Polícia Federal que, se for aprovado pelo Congresso, custará R$7,8 milhões aos
cofres públicos.
 Em 08/01/2020, a Dataprev anunciou o fechamento de unidades em 20 estados
e a demissão de 493 funcionários. As demissões atingem 15% de todos os
trabalhadores da empresa, responsável pelo processamento de dados de
aposentadorias no país. A Dataprev também bloqueou acesso aos sistemas da
previdência.
 Em 19/01/2020, a revista Época divulgou que a economista Tatiana Alvarenga,
a número dois de Damares Alves, foi nomeada por Bolsonaro no Conselho
Fiscal da Casa da Moeda e, por cada reunião mensal, recebe mais R$ 4,5 mil.
 Em 04/02/2020, petroleiros e servidores da Dataprev (Empresa de Tecnologia e
Informações da Previdência Social) em greve se juntaram em frente ao prédio
da estatal da tecnologia, no Rio de Janeiro, contra o autoritarismo e o
desmonte do governo Bolsonaro e sua equipe econômica.
 Em 06/02/2020, a imprensa repercutiu a demissão de Gustavo Canuto do
ministério do Desenvolvimento Regional, está deixando o cargo. No entanto,
Canuto não ficou de fora do governo, mas foi para a presidência da Dataprev.
 Em 13/02/2020, o ministro Onyx Lorenzoni deixou a chefia da Casa Civil e foi
substituído pelo general Walter Braga Netto. Onyx foi para o Ministério da
Cidadania, tomando o lugar de Osmar Terra.
 Em 19/02/2020, o general-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
(GSI), Augusto Heleno, defendeu que Jair Bolsonaro convocasse o povo às ruas
para afrontar o Congresso, em total desrespeito à divisão e autonomia dos
poderes prevista pela Constituição. Em 25/02/2020, a jornalista Vera
Magalhães revelou, por meio do blog BR Político, que Bolsonaro usou o celular
pessoal para convocar manifestantes para o ato marcado para o dia 15 de
março, organizado por ativistas conservadores pró-Bolsonaro e contra o
Congresso Nacional. Ministros do STF, lideranças políticas e da sociedade
apontaram que a atitude de Bolsonaro configurou crime de responsabilidade,
sendo passível, inclusive, de um processo de impeachment. O advogado
criminalista e conselheiro do Human Rights, Augusto de Arruda Botelho,
afirmou, em 26/02/2020, em sua conta do Twitter, que o presidente Bolsonaro
assumiu o crime de responsabilidade ao confirmar “que encaminhou o vídeo
convocando para uma manifestação que tem como uma das pautas o
fechamento do Congresso”.
 Em 22/02/2020, Bolsonaro declarou que decidiu “implodir” o Instituto de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e anunciou a demissão de toda a
diretoria do órgão.
 Em 28/02/2020, o jornalista Lauro Jardim revelou que um dos vídeos
compartilhados via WhatsApp por Bolsonaro, convocando apoiadores a
participarem de um ato anti-Congresso, foi narrado pelo coordenar-geral de
publicidade e propaganda da Embratur, uma autarquia federal, Silvio Santos
Nascimento. Ele foi nomeado para o cargo na gestão de Jair Bolsonaro.
 Em 03/03/2020, oito partidos de oposição - PT, PSB, PDT, Psol, PCdoB, Rede, PV
e Unidade Popular - assinaram um documento conjunto contra a agenda do
presidente Bolsonaro. Em nota, o grupo disse que a situação política,
econômica e social do país é cada dia mais grave e que o presidente afronta
sistematicamente a Constituição e a democracia.
 10/03/2020 - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rebateu a afirmação de
Bolsonaro sugerindo fraude nas eleições de 2018, confirmando a “absoluta
confiabilidade e segurança” do sistema eleitoral. “O Tribunal Superior Eleitoral
reafirma a absoluta confiabilidade e segurança do sistema eletrônico de
votação e, sobretudo, a sua auditabilidade, a permitir a apuração de eventuais
denúncias e suspeitas, sem que jamais tenha sido comprovado um caso de
fraude, ao longo de mais de 20 anos de sua utilização”, disse a nota.
 13/03/2020 - O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, voltou a empregar mais
um funcionário polêmico em seu gabinete. Depois de ser demitido pelo
governo Bolsonaro em razão do uso indevido de avião da FAB pelo número dois
da Casa Civil, Vicente Santini, Gustavo Chaves Lopes foi nomeado como Diretor
de Programa na secretaria-executiva do Ministério da Cidadania.
 15/03/2020 - De acordo com informações da coluna de Lauro Jardim, no Globo,
o general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo do presidente
Bolsonaro, passou a andar armado. A coluna informou que Santos Cruz tem
recebido ameaças depois que foi demitido do governo.
 17/03/2020 - Foi apresentado na Câmara dos Deputados o primeiro pedido de
impedimento de Bolsonaro. A peça, elaborada pelo deputado distrital Leandro
Grass (Rede), foi protocolada na secretaria geral da Mesa Diretora e elencou
uma série de crimes de responsabilidade que teriam sido cometidos por
Bolsonaro. Entre eles, estão o fato de Bolsonaro ter dito, sem apresentar
provas, que as eleições de 2018 foram fraudadas; convocar e apoiar os
protestos de 15 de março, em afronta à Constituição, por pedirem o
fechamento do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), além
de ter desrespeitado as recomendações de evitar aglomerações, já que é
suspeito de ter sido infectado pelo coronavírus; fazer constantes ataques à
imprensa, como naquele observado com o insulto à repórter Patrícia Campos
Mello; entre outros.
 18/03/2020 - Crimes contra a saúde pública e crimes de responsabilidade,
como fomentar atos pró-fechamento do Congresso Nacional, foram a gota
d’água para motivar intelectuais brasileiros, artistas, parlamentares e ativistas a
protocolarem um pedido de impeachment de Bolsonaro.
 19/03/2020 – O deputado federal Alexandre Frota protocolou o pedido de
impeachment de Jair Bolsonaro, pela prática de seis crimes: de
responsabilidade, pela convocação de manifestação contra o Congresso; contra
a segurança nacional, por incitação e chamamento a manifestação contra a
constituição; contra a administração pública, pela exclusão do jornal Folha de S.
Paulo de evento público; por descumprimento do decoro do cargo; contra a
administração pública, ao atacar as jornalistas Patrícia Campos e Vera
Magalhães; e contra a saúde pública, por ter cumprimentado manifestantes na
frente do Palácio do Planalto no domingo.
 09/04/2020 - Bolsonaro pediu à sua equipe jurídica para editar um decreto que
transformasse o gabinete de Michelle Bolsonaro em órgão oficial do governo
vinculado à Presidência da República, ou seja, com status de ministério.
 14/04/2020 - Bolsonaro contrariou o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e
sancionou uma mudança na lei que muda radicalmente os julgamentos do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o chamado "tribunal" da
Receita. O ministro havia recomendado o veto com o argumento de que a
alteração pode travar investigações e beneficiar investigados. O Carf é o órgão
que julga recursos de empresas e pessoas físicas que entram na mira da Receita
Federal. Com a mudança na lei, em caso de empate nos julgamentos do
conselho, a decisão será automaticamente favorável aos contribuintes. A
imprensa disse que a atitude de Bolsonaro pode beneficiar seu filho, o senador
Flávio Bolsonaro.
 14/04/2020 - O ministro chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, expandiu sua
influência para muito além das ações governamentais do combate à pandemia
de coronavírus e penetrou no superministério da Economia de Paulo Guedes.
Em resolução publicada no Diário Oficial, Braga Netto criou um grupo de
trabalho para coordenar ações de recuperação da economia, mostrando seu
crescente fortalecimento no governo e, sobretudo, o enfraquecimento de
Guedes.
 17/04/2020 – Sem apresentar nenhuma prova para suas teorias conspiratórias,
Bolsonaro voltou a dizer que recebeu um suposto dossiê com informações de
inteligência, mostrando uma conspiração de golpe contra ele por parte do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), do governador de São Paulo, João
Doria (PSDB) e de um setor do STF.
 18/04/2020 – De acordo com a Folha de S. Paulo, em seu levante contra o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), Bolsonaro recorreu às práticas da
velha política e está oferecendo cargos a líderes dos partidos do Centrão para
esvaziar o poder e desgastar Maia.
 18/04/2020 – De acordo com o pesquisador David Nemer, A hashtag
#ForaMaia, compartilhada pelas milícias virtuais bolsonaristas nas redes sociais,
contou com o apoio de robôs para promover o maior ataque já sofrido pelo
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O pesquisador, que é
professor de Estudos de Mídia da Universidade da Virginia, fez uma análise da
tag e constatou que pelo menos 11 bots e 41 contas fakes atuaram no ataque
massivo direcionado ao parlamentar que contou com pelo menos 1,5 milhão de
tuítes.
 21/04/2020 - Pressionado pelas altas taxas de fisiologia que se alastraram por
uma Brasília mergulhada no caos sanitário e político, Bolsonaro resolveu
aprofundar sua tática de provocações selvagens a tudo e a todos e decidiu
fechar acordo com um partido do Centrão, o PL, símbolo da velha política. Pelo
acerto discutido com o governo federal, o PL, de Valdemar Costa Neto, ficará
com a presidência do Banco do Nordeste e a secretaria de vigilância em saúde
no Ministério da Saúde. No mesmo dia, a deputada federal Joice Hasselmann,
ex-líder do governo na Câmara e atual comandante da bancada do PSL –
partido que elegeu Bolsonaro -, usou as redes sociais para criticar o toma-lá-dá-
cá promovido pelo presidente com o Centrão.
 22/04/2020 – O blog da Cidadania divulgou que o apoio a Bolsonaro rendeu
cargos a Roberto Jefferson e ao PTB no governo.

REFORMA PREVIDÊNCIA

A proposta inicial do governo representa um verdadeiro desmonte do nosso Sistema


de Proteção Social, com o objetivo de entregar a Previdência pública brasileira aos
banqueiros, aumentando a remuneração do capital especulativo e concentrando
riqueza nas mãos de quem já tem muito.
Os principais pontos do texto aprovado na Câmara são: aumento do tempo exigido
para se aposentar, criando idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens;
o tempo mínimo de contribuição na nova regra será de 15 anos para mulheres e de 20
anos para homens. Para homens que já estão no mercado de trabalho, o tempo
mínimo de contribuição foi reduzido para 15 anos; estabelece o valor da aposentadoria
a partir da média de todos os salários, em vez de permitir a exclusão das 20% menores
contribuições. Prevê ainda que o benefício sofrerá descontos, caso o trabalhador se
aposentar antes de completar 40 anos de contribuição; eleva as alíquotas de
contribuição para servidores públicos com salário acima do teto do INSS (hoje em R$
5.839) e estabelece regras de transição para os atuais assalariados; professores do
ensino básico, policiais federais, legislativos e agentes penitenciários e educativos
terão regras diferenciadas; as novas regras não valerão para os servidores estaduais e
dos municípios com regime próprio de Previdência; a aposentadoria por incapacidade
permanente, que era de 100% da média dos salários de contribuição para todos, passa
a ser de 60% mais 2% por ano de contribuição que exceder 20 anos; a pensão por
morte também foi reduzida, tanto para trabalhadores do setor privado quanto público.
O benefício será de 50% do valor mais 10% por dependente, até o limite de 100% para
cinco ou mais dependentes; limitação do acúmulo de benefícios, algo que não
acontece na regra em vigor (o beneficiário receberá 100% do benefício de maior valor,
mais um percentual da soma dos demais, sendo 80% para benefícios até um salário
mínimo, 60% entre um e dois salários mínimos, 40% entre dois e três, 20% entre três e
quatro e 10% para benefícios acima de quatro salários mínimos); o pagamento do
abono salarial fica restrito aos trabalhadores com renda até R$1.364,43 (na regra atual
é pago para quem recebe até dois salários mínimos); o salário-família e o auxílio
reclusão será pago a quem tiver renda até R$ 1.364,43.

Ficaram de fora do texto votado pela Câmara, em relação ao projeto inicial


encaminhado pelo governo: as alterações no Benefício de Prestação Continuada - BCP
(pago a idosos em extrema pobreza), ou seja, pessoas com deficiência e idosos em
situação de pobreza continuarão a receber um salário mínimo a partir dos 65 anos; a
aposentadoria rural (a idade mínima fica mantida em 55 anos para mulheres e 60 para
homens, e o tempo mínimo de contribuição também fica em 15 anos para homens e
mulheres); e a criação de um regime de capitalização (em que cada trabalhador
contribuiria para sua própria aposentadoria separadamente). Apesar de ter sido
excluído do texto da “reforma” da Previdência aprovada na Câmara e que está no
Senado, o modelo de capitalização da Previdência defendido pelo ministro Paulo
Guedes pode voltar em breve para o Congresso.

Após aprovação na Câmara, a reforma foi para o Senado, onde seguirá as etapas de
tramitação. Se for modificada no Senado, volta para análise na Câmara.

É importante destacar que a aprovação da reforma da Previdência na Câmara foi feita


por meio de uma compra escandalosa de votos por parte do governo, com a liberação
de verbas para emendas parlamentares.

Em 30 de setembro de 2019, as seis centrais formalmente reconhecidas


encaminharam nota ao Senado, pedindo a suspensão da tramitação da Proposta de
Emenda à Constituição da “reforma” da Previdência, até que seja investigada a análise
feita por professores da Unicamp mostrando que os números apresentados pelo
governo para justiçar a reforma estão errados e há indícios de falsificação”. Por conta
desta análise, a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados inclusive protocolou uma
denúncia no TCU (Tribunal de Contas da União) contra o Ministério da Economia no dia
01/10/2019. A legenda acusa a pasta de fraudes para justificar o projeto da reforma da
Previdência.

Apesar do apelo das centrais, no dia 01 de outubro de 2019, a Comissão de


Constituição e Justiça do Senado aprovou o texto-base da reforma da Previdência por
17 votos a favor e nove votos contra. Além disso, o plenário do Senado Federal
também aprovou o texto-base da reforma em primeiro turno. Dos 81 senadores da
Casa, 56 foram favoráveis às mudanças no sistema de aposentadoria e 19 foram
contrários. Para a aprovação, eram necessários 49 votos.

Na votação dos destaques, o plenário do Senado rejeitou a proposta do governo de


endurecer as regras do abono salarial através da reforma da Previdência. Com isso, o
benefício continuará sendo pago a quem ganha até dois salários mínimos. O Senado
Federal rejeitou todos os destaques restantes da reforma da Previdência em sessão
realizada no dia 02/10, encerrando o 1º turno de votações.

No dia 03/10/2019, os senadores iniciaram a etapa de discussões para a votação em 2º


turno.

No dia 22/10/2019, a reforma da previdência foi aprovada em votação de 2º turno no


Senado, por 60 votos a favor e 19, contra. A conclusão desta rodada de votações
encerra as aprovações necessárias no Congresso Nacional.

Em 29/10/2019, o jornalista Paulo Moreira Leite denunciou que o governo Bolsonaro


vem reduzindo o número de idosos que recebem o Benefício de Prestação Continuada.
Segundo ele, enquanto eleva o número de cancelamentos - foram 5600 no último ano,
o Ministério da Cidadania tem criado dificuldades para abrir novas vagas do programa.
No mesmo dia, militares e seus familiares fizeram um escândalo na Câmara,
indignados com a articulação do governo federal para derrubar uma emenda do PSOL
que garantiria reajuste para praças e militares de baixa patente no âmbito da reforma
da previdência.

No dia 04/11/2019, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do


Senado sobre a reforma da previdência, o professor da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) e matemático, Henrique Nogueira de Sá Earp, afirmou que o
Ministério da Economia apresentou dados falsos sobre a previdência e não teve a
devida transparência sobre os cálculos que embasaram a proposta, o que
comprometeu o debate no parlamento, na mídia e na sociedade, levando à aprovação
de uma reforma viciada desde a sua origem.
Em 06/11/2019, o Plenário do Senado aprovou, em primeiro turno, por 56 votos a 11,
a proposta de emenda à Constituição 133/2019, que incluiu estados e municípios na
reforma da Previdência.

A reforma da Previdência foi promulgada em 12 de novembro de 2019.

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado votou, em


03/12/2019, o relatório da reforma da Previdência dos militares. A reforma tem
vantagens em relação aos trabalhadores da iniciativa privada e a servidores públicos.
Eles receberão salário integral ao se aposentar, não terão idade mínima obrigatória e
vão pagar contribuição de 10,5% (iniciativa privada paga de 7,5% a 11,68% ao INSS). O
texto segue agora para o plenário Senado. Se aprovado sem alterações, segue para
sanção presidencial.

Em 17/12/2019, Bolsonaro sancionou a reforma da Previdência dos integrantes das


Forças Armadas, com diversos benefícios. O texto, que foi aprovado pelos senadores
no início de dezembro de 2019, também reestruturou a carreira dos militares. A
reforma tem vantagens em relação à reforma dos trabalhadores da iniciativa privada e
também dos servidores públicos. Os militares receberão salário integral ao se
aposentar e não terão idade mínima obrigatória. As regras também valerão para os
policiais e bombeiros.

Em 27/01/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que o plano de mídia entregue pela


Secom ao Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que Bolsonaro destinou verbas
publicitárias a apresentadores de televisão com base no seu apreço por eles. O maior
beneficiado foi o apresentador Ratinho, que sozinho recebeu R$ 915 mil para defender
a Reforma da Previdência por quatro vezes em seu programa, no SBT.

05/03/2020 - Quase quatro meses após a promulgação das novas regras da


Previdência, o governo ainda não editou um decreto regulamentando como o
trabalhador que ganha menos de um salário mínimo (R$ 1.045,00) poderá contribuir
ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Sem o decreto, estão atrasando os
pagamentos do auxílio-doença dos trabalhadores que entraram com pedido do seguro
após a reforma da Previdência, mesmo depois da perícia do INSS comprovar o direito
ao benefício.

18/02/2020 – O Jornal Nacional divulgou que, embora tenha anunciado, há mais de


um mês, pelo governo federal, a contratação de oito mil militares da reserva e
servidores aposentados para agilizar a análise de pedidos de benefícios que estavam
travados no INSS, as medidas ainda não saíram do papel. E, no final de janeiro, as
análises de benefícios pendentes já estavam na casa dos dois milhões.

11/03/3030 - O governo Bolsonaro sofreu derrotas em duas votações seguidas no


Congresso Nacional. Ao analisar veto presidencial ao Projeto de Lei do Senado (PLS)
55/1996, tanto o Senado como a Câmara aumentaram a faixa de acesso ao Benefício
de Prestação Continuada (BPC): a renda familiar per capita subiu de um quarto para
meio salário mínimo (R$ 522,50, pelo atual piso). O governo tentava reduzir o acesso
ao pagamento do BPC.

18/03/2020 - O plenário do Tribunal de Contas da União decidiu suspender, por 15


dias, a liminar do ministro do TCU Bruno Dantas que impedia o aumento do Benefício
de Prestação Continuada (BPC). A decisão do tribunal aconteceu após um acordo
construído entre oposição e governo no Congresso. O TCU pediu que em 10 dias o
Poder Executivo apontasse a fonte das receitas para bancar o aumento do número de
famílias que recebem o benefício. O Congresso ampliou de 1/4 de salário mínimo, para
meio salário mínimo o limite da renda familiar per capita para idosos e pessoas com
deficiência terem acesso ao benefício, o que traria um impacto anual de R$ 20 bilhões.
Deputados e senadores da oposição negociaram acordo com governistas sobre a
abrangência do Benefício de Prestação Continuada. A ideia acordada com a oposição é
que fossem criadas situações específicas para que as famílias com meio salário mínimo
pudessem receber o BPC, contendo assim o aumento de pessoas a receberem o
benefício e diminuindo o impacto previsto inicialmente. A decisão da liminar de Dantas
derrubada pelo TCU era amparada na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e em
entendimento do próprio do TCU de que o Legislativo teria que apontar de onde sairia
o dinheiro para bancar o impacto fiscal, de R$ 212 bilhões em dez anos. A ideia da
oposição era usar o pedido de calamidade pública do governo durante a crise com
coronavírus, que permitiria ampliar as despesas previstas no orçamento, para manter
pelo menos em parte o aumento do BPC.

PEC DA LIBERDADE ECONÔMICA (MINIRREFORMA TRABALHISTA)

A Medida Provisória (MP) nº 881 foi tão modificada na Câmara dos Deputados que ao
invés de MP da Liberdade Econômica, como foi inicialmente chamada, virou a MP
minirreforma trabalhista, com pelo menos quatro itens extremamente prejudiciais
para a classe trabalhadora.

Atualmente, 78 categorias profissionais estão autorizadas a trabalhar aos domingos,


entre elas comércio, hotéis, estabelecimentos de turismo, garçons, médicos e
jornalistas, e tirar uma folga em dias úteis, de segunda à sexta-feira. A MP estende
para todos os setores da economia esta regra de trabalho aos domingos. E mais,
autoriza a empresa a escalar o trabalhador nos finais de semana durante o mês inteiro,
dando folgas durante a semana e apenas uma folga de 24 horas em um domingo a
cada quatro semanas.

O pagamento em dobro do domingo trabalhado, também mudou. O trabalhador


ganha em dobro as horas trabalhadas no domingo se o patrão não quiser dar uma
folga a ele durante a semana. A jornada de trabalho continua sendo de 44 horas
semanais – a medida provisória não alterou esse ponto.

A MP muda as regras para a marcação do ponto. Atualmente, só empresas com


menos de dez empregados estavam liberadas de registrar o ponto dos empregados,
seja com um relógio de ponto (eletrônico) ou com uma folha de ponto. A MP criou o
chamado “ponto por exceção”, modalidade em que o trabalhador não precisa mais
registrar o ponto todos os dias. Só fará isso quando trabalhar além da sua jornada
normal, ou em dias fora de sua escala, por exemplo, para fins de recebimento de suas
horas extras. Os procuradores do trabalho alertam que, no mercado de trabalho
brasileiro, a realidade é outra e essas anotações das exceções terão de ser autorizadas
pelo empregador, que faz de tudo para sonegar o pagamento de horas extras e exigir
jornadas de trabalho muito além do permitido. Na nota técnica em que analisam a MP,
os procuradores dizem que esse sistema também priva a Fiscalização do Trabalho de
um instrumento para verificar se estão ocorrendo excessos de jornada, pois
inexistentes os registros de horários trabalhados, além de instrumentalizar a
possibilidade de pagamento “por fora” de parte da remuneração, em prejuízo tanto ao
empregado quanto à Previdência Social e à Receita Federal.

A MP 881 também muda normas relacionadas à saúde e a segurança no trabalho,


colocando em risco os trabalhadores e trabalhadoras. Se o texto que está tramitando
no Senado for aprovado, o Estado não poderá fiscalizar as empresas consideradas de
baixo risco se ninguém denunciar. Já as empresas de risco moderado, poderão ser
fiscalizadas se houver denúncia ou por amostragem. Em ambos, os fiscais terão de
fazer duas visitas na empresa antes de lavrar os autos de infração, exceto em
determinadas hipóteses. Atualmente, os auditores fiscais do trabalho podem fiscalizar
qualquer empresa, em especial as de setores cujas atividades oferecem mais riscos
para os trabalhadores. E, além das normas de saúde e segurança do trabalho,
fiscalizam o cumprimento das normas trabalhistas. Agora, este limite pode ser
ampliado, se o Senado aprovar a MP: empresas com até 20 empregados estão
desobrigadas de registrar o ponto.

Em 30 de setembro de 2019, Bolsonaro sancionou a lei da Liberdade Econômica, que


além de tirar mais direitos da classe trabalhadora, em seu artigo 7º, diz que os bens
dos patrões não poderão ser usados para pagar dívidas da firma, sejam trabalhistas ou
impostos. Ou seja, o próprio governo poderá ser afetado se a empresa fechar e não
pagar seus impostos, porque a lei irá dificultar a cobrança dos tributos por parte da
Receita Federal.

PRIVATIZAÇÕES
Ao criar a Secretaria de Privatizações, no início do seu governo, Bolsonaro deu o tom
das intenções de seu governo. A intenção é privatizar tudo que for possível, desde
empresas públicas até setores do transporte e segmentos estratégicos para a
economia. Estão sob ameaça a Eletrobras, os Correios, o Pré-Sal, aeroportos, ferrovias,
entre outros.
 No dia 10 de setembro de 2019, os funcionários dos Correios entraram em
greve por tempo indeterminado em todo o Brasil, como forma de resistência a
intenção de privatização pelo governo.
 Em 13 de setembro de 2019, a Petrobras anunciou nova venda de ativos em
refino e logística, demonstrando que o governo segue seu plano de privatização
e desmonte da empresa. Serão vendidas a Refinaria Gabriel Passos (Regap), a
Refinaria Isaac Sabbá (Reman), a Lubrificantes e Derivados de Petróleo do
Nordeste (Lubnor) e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX).
 Em 24 de setembro, o governo Bolsonaro deu início à privatização disfarçada
do Banco do Brasil. Foi realizada a assinatura de memorando de entendimento
com o suíço UBS, para formação de uma parceria das instituições na área de
banco de investimento e corretora de valores no Brasil e outros países da
América do Sul.
 Em palestra para empresários na Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de
Caxias do Sul no dia 27/09/2019, o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni
reforçou a intenção do governo Bolsonaro de privatizar uma série de estatais e
informou que 22 delas já estão em processo de privatização, embora não tenha
dito quais são especificamente essas empresas.
 Após cinco leilões realizados pelo governo Bolsonaro, multinacionais já são
donas de 75% das reservas do Pré-Sal, segundo a FUP – Federação Única dos
Petroleiros.
 Informações estratégicas para o país e dados sigilosos de milhões de brasileiros
e brasileiras passarão para as mãos da iniciativa privada se o governo Bolsonaro
levar adiante a proposta de desestatização do Serviço Federal de
Processamento de Dados (Serpro) – empresa pública de tecnologia formada
por quatro mil sistemas de informação, incluindo Cadastro de Pessoas Físicas
(CPFs), Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJs), operações de comércio
exterior, cadastro de veículos e declarações de imposto de renda, entre outros.
 Fechamento de todo o sistema Petrobras nos estados do Nordeste, como parte
do processo de privatização da empresa pelo governo Bolsonaro.
 O leilão de 36 blocos do petróleo brasileiro, realizado no início de outubro de
2019, confirmou a entrega do petróleo e gás natural brasileiro por parte do
governo Bolsonaro às grandes petroleiras internacionais. Ao todo, dez
empresas diferentes – sediadas na Alemanha, Reino Unido, França, Qatar,
Malásia, Estados Unidos, Noruega, Holanda, além da brasileira Petrobrás –
formularam as propostas vencedoras.
 O governo Bolsonaro continua atuando para entregar o petróleo brasileiro. Está
previsto para 06/11/2019 o Leilão do excedente da Cessão Onerosa das áreas
de Atapu, Sépia, Búzios e Itapu, na Bacia de Santos, que possuem entre 6,1
bilhões e 15,1 bilhões de barris de óleo equivalente (boe). Um potencial de
trilhões de reais vai ser vendido por migalhas, a serem rateadas e pulverizadas
nas mãos de estados e municípios, que não reverterão os recursos para
Educação e Saúde de suas respectivas populações.
 O governo Bolsonaro apresentou, no final de outubro de 2019, uma lei
delegada definindo um pacote de privatizações de uma série de empresas
estatais brasileiras.
 Em 28/10/2019, a imprensa divulgou a intenção dos funcionários dos Correios
de acionar a Justiça contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e Salim
Mattar, secretário de Desestatização, por usarem informações mentirosas
sobre a estatal, com o objetivo de manipular a opinião pública e justificar a
privatização da empresa. Paulo Guedes, por exemplo, tem dito que a empresa
dá prejuízo, quando, segundo os funcionários, a verdade é que a estatal teve
lucro de R$ 800 milhões nos dois últimos anos.
 Em 05/11/2019, Bolsonaro assinou o projeto de lei que autoriza a privatização
da Eletrobras e estabelece as regras para a medida. O modelo de privatização
prevê que novas ações sejam emitidas e vendidas no mercado. A União abriria
mão do controle da empresa, diminuindo sua participação em torno de 10%,
saindo dos atuais 60% para menos de 50%.
 De acordo com informações divulgadas pela agência Reuters em 12/11/2019,
depois que Bolsonaro autorizou a venda de parte da aviação comercial da
Embraer à norte-americana Boeing, a empresa teve prejuízo de 77,2 milhões de
dólares no terceiro trimestre.
 O leilão da cessão onerosa do pré-sal realizado nos dias 06 e 07/11/2019 foi um
fracasso para o governo Bolsonaro. No primeiro dia, a Petrobras arrematou
sozinha a Itapu, por R$ 1,7 bilhão. Na segunda rodada, foi vendida apenas uma
área das cinco disponíveis, sendo que Petrobras e chineses foram os únicos a
apresentar ofertas. Não houve ágio em nenhum dos casos, e das 14 empresas
habilitadas a participar do leilão, apenas sete compareceram.
 Em 07/11/2019, A Petrobras vendeu a Liquigás por R$ 3,7 bilhões para um
grupo formado por Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás Butano.
 Em 13/11/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro continua o
processo de preparação para a privatização do Banco do Brasil. A estrutura
banco vem sendo enxugada para, quando chegar a hora, a venda acontecer.
 Em 22/11/2019, a Petrobras iniciou a fase vinculante referente à primeira etapa
da venda de ativos de refino e logística associada no país, incluindo as refinarias
Rnest, Rlam, Repar e Refap.
 Em 13/12/2019, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse
que o governo pretende realizar leilões de 40 a 44 ativos de infraestrutura em
2020, incluindo projetos de concessão de portos, aeroportos, rodovias e
ferrovias.
 Em 17/12/2019, a Câmara concluiu a votação do marco legal do saneamento
básico. O projeto do governo Bolsonaro (PL 4.162/19), que altera a Lei 9.984,
de 2000, facilita a transferência de estatais do setor para agentes privados e
prorroga o prazo para o fim dos lixões no país. Segundo especialistas, a
privatização do saneamento pode levar à redução dos investimentos públicos e
privados, piorar a qualidade do serviço e gerar aumento de tarifas de água e
esgoto.
 Em 07/01/2020, o Estadão divulgou que o governo Bolsonaro fecharia a
contratação do banco de investimento estadunidense Morgan Stanley para dar
início ao processo de privatização da Caixa Econômica Federal (CEF), a partir de
seu braço de seguros, a Caixa Seguridade.
 Em 10/01/2020, uma grande mobilização de servidores tomou conta da Casa da
Moeda contra a precarização da empresa pública que está na mira do ministro
da Economia, Paulo Guedes, para futura privatização.
 Em 20/01/2020, o secretário-especial da Fazenda, Waldery Rodrigues
informou, em entrevista ao Valor Econômico, que o governo iria reduzir o valor
do bônus de assinatura ou diminuir o percentual de partilha do óleo com a
União exigido nos campos de Sépia e Atapu, no pré-sal. O objetivo era tornar os
dois campos mais atraentes para os investidores estrangeiros, pois eles não
receberam ofertas no leilão da cessão onerosa em 2019. O governo também
pretendia acabar com o direito de preferência concedido à Petrobras na
exploração do pré-sal.
 Em 30/01/2020, o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e
Mercados do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou que o governo
pretende privatizar pelo menos 120 empresas em 2020, quase o dobro das 67
ocorridas no ano passado. Caso os parlamentares autorizem a venda da
Eletrobras, que tem 210 subsidiárias, esse número poderá passar de 300. Além
da Eletrobras, a equipe econômica acredita que será possível privatizar pelo
menos 16 estatais até o início de 2022. Quatro delas, ainda em 2020: a Agência
Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), a Empresa
Gestora de Ativos (Emgea), a Casa da Moeda do Brasil (CMB) e a Equipamentos
Pesados (Nuclep). Já os Correios e a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC),
segundo ele, devem ser vendidos até dezembro de 2021 e janeiro de 2022,
respectivamente.
 Em 03/02/2020, funcionários da Casa da Moeda iniciaram uma greve de
advertência de 24 horas contra a privatização e alteração de benefícios
trabalhistas promovidos pela diretoria da instituição.
 Em 14/02/2020, a imprensa divulgou que Bolsonaro e Guedes estão analisando
a possibilidade de privatizar a administração de cidades inteiras, que passariam
a ser geridas por empresas. O modelo de gestão chamado charter cities
possibilita que as cidades sigam vinculadas ao Estado, mas uma empresa
privada seria responsável por “prover serviços governamentais” em troca de
uma taxa fixa paga pelo município. A proposta chegou a ser incluída na Medida
Provisória da Liberdade Econômica, em 2019, mas foi barrada pelo Congresso.

POLÍTICAS SOCIAIS
 Desde o início de seu governo, Bolsonaro vem promovendo cortes nos
programas sociais desenvolvidos pelos governos petistas. No início de
setembro de 2019, o presidente anunciou novos cortes nos recursos destinados
a diversos programas sociais, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e
Fies, na previsão orçamentária para 2020. O maior será no programa
habitacional, com previsão de somente R$ 2,7 bilhões para o próximo ano ante
os 4,6 bilhões de 2019. Criado há 10 anos, orçamento de Bolsonaro para o
Minha Casa Minha Vida é o menor da história.
 Nos primeiros meses do seu governo, Bolsonaro suspendeu o bombeamento de
águas do eixo Leste do Rio São Francisco. O corte vem impactando diretamente
na segurança hídrica da população do estado da Paraíba.
 Em maio de 2019, o Ministério da Economia impediu o repasse de 45 milhões
de dólares feito pela ONU para os Estados do Maranhão e Ceará. Os recursos
foram disponibilizados pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
das Nações Unidas (Ifad), mas a Comissão de Financiamento Externo do
Ministério da Economia (Cofiex) não os aprovou. Esse programa da ONU
atende 100 mil famílias, como as de pequenos agricultores e de comunidades
indígenas e quilombolas, que deixarão de receber os recursos destinados à
instalação de cisternas, por exemplo. Dos 45 milhões de dólares barrados pelo
Cofiex, 25 milhões iriam para o estado do Ceará e os outros 20 milhões para o
estado do Maranhão.
 O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ligado ao Ministério das
Minas e Energia, publicou, no final de agosto de 2019, resolução que extingue a
política de subsídios ao gás de cozinha (GLP), praticada pela Petrobras desde
2005. A medida foi criada pelo governo Lula, com o objetivo de beneficiar
famílias de renda mais baixa.
 Em setembro de 2019, o IPEA lançou, a pedido do governo Bolsonaro, um
estudo de reforma da assistência complementar para embasar uma proposta
de fundir quatro programas (o Bolsa Família, o Salário-Família, a dedução por
dependente para crianças no Imposto de Renda de Pessoa Física e o Abono
Salarial) em um único projeto. Como não pretende aumentar o orçamento para
assistência social, na prática, a proposta em estudo pelo governo Bolsonaro vai
prejudicar beneficiários destes programas.
 Os cortes promovidos pelo governo no Bolsa Família levaram o programa a
voltar a ter fila de espera.
 Em 25/10/2019, a imprensa divulgou que o programa Minha Casa, Minha Vida
corre o risco de ter suas obras paralisadas por conta dos atrasos nos
pagamentos devidos às empreiteiras responsáveis pela execução por parte do
governo Bolsonaro.
 Em 31/10, 2019, durante reunião com movimentos nacionais que lutam por
moradia no campo e nas cidades, o ministro do Desenvolvimento Regional,
Gustavo Canuto, anunciou que não haverá mais contratações para a faixa 1 do
programa Minha Casa Minha Vida. Com essa decisão, as famílias de baixa renda
das cidades médias e das regiões metropolitanas e capitais ficarão sem
nenhuma política habitacional.
 Em 13/11/2019, Bolsonaro publicou um vídeo em suas redes sociais,
parabenizando o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, pelas
obras de transposição do rio São Francisco, numa tentativa de se apropriar do
projeto encabeçado pelo ex-presidente Lula e os governos petistas.
 Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, em 18/11/2019, o secretário especial
da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, anunciou que o governo
Bolsonaro vai acabar com a desoneração da cesta básica, encarecendo os
alimentos que fazem parte da lista de benefícios.
 Em 20/11/2019, a Folha de S.Paulo divulgou que o orçamento do Bolsa Família
para este ano é insuficiente para que Bolsonaro cumpra a promessa de pagar
um 13º para os beneficiários, segundo análise de técnicos do Congresso.
 Em 24/11/2019, a Folha de S. Paulo divulgou que o governo Bolsonaro tem se
recusado a apresentar dados sobre o enxugamento do programa Bolsa Família
que o ministério da Cidadania vem promovendo desde outubro, quando
começou a barrar novas famílias de entrarem no programa.
 Em 11/12/2019, a Câmara dos Deputados aprovou, por 276 votos, o texto-base
do projeto que estabelece o marco legal do saneamento básico, abrindo as
portas para privatização da água e do saneamento.
 Em 30/12/2019, Bolsonaro rejeitou a agenda 2030 da Organização das Nações
Unidas (ONU), que estabelece metas para o desenvolvimento sustentável (mais
especificamente as metas de combate à fome e à pobreza), de seu Plano
Plurianual (PPA) 2020-2023.
 Em 07/01/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que, para conseguir pagar a 13ª
parcela aos beneficiários do Bolsa Família, o governo Bolsonaro usou parte da
verba que estava prevista para aposentadorias e pensões. O Ministério da
Economia confirmou o remanejamento dos recursos.
 Em 09/01/2020, a Rede Brasil Atual divulgou que, em um ano, o governo
Bolsonaro excluiu do programa Bolsa Família um milhão de famílias. A
cobertura, que chegou a 14,3 milhões de famílias no primeiro semestre de
2019, caiu para 13,5 milhões em setembro do mesmo ano.
 Em 19/01/2020, o portal Vermelho divulgou que os ataques do governo
Bolsonaro ao serviço público, com redução de mão-de-obra, agravaram a
situação da fila do INSS e, no início de 2020, dois milhões de pessoas
esperavam uma decisão do órgão sobre seus pedidos de aposentadoria. O
governo recrutou militares da reserva para reforçar o quadro de pessoal do
INSS, mas, em 20/01/2020, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da
União (TCU) ingressou com pedido de medida para suspender o recrutamento.
O argumento do MP-TCU foi de que a saída adotada pelo governo viola a
Constituição ao prever contratação de uma carreira específica e sem realização
de concurso público.
 Em 20/01/2020, o portal “O Joio e o Trigo” divulgou que o Programa Cisternas
enfrenta uma escassez de recursos no governo Bolsonaro e a perspectiva de
zerar o déficit de famílias sem água potável e garantir a universalização do
acesso à água no semiárido brasileiro está cada vez mais longe. O montante
previsto pelo governo Bolsonaro na Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2020 foi
de R$ 50,7 milhões, a destinação mais baixa desde a criação do programa.
 Em 31/01/2020, a Carta Capital divulgou um levantamento do governo de
Pernambuco, mostrando que a fila atual de famílias para receber o benefício do
Bolsa Família é sete vezes maior do que o número oficial apresentado pelo
governo Bolsonaro. Além disso, o levantamento demonstra que o governo tem
privilegiado as regiões Sul e Centro-Oeste.
 Em 10/02/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que o governo Bolsonaro travou o
Bolsa Família em cidades mais pobres e a fila de famílias está chegando em um
milhão. Todos os 200 municípios de renda mais baixa do país tiveram recuo na
cobertura do programa.
 Em 12/02/2020, o portal UOL divulgou que, no governo Bolsonaro, as cisternas
estão sendo construídas no semiárido no ritmo mais lento já registrado desde o
lançamento do programa federal em 2003. Em 2019, o programa atingiu seu
índice mais baixo: apenas 30 mil construções.
 Em 15/02/2020, a imprensa divulgou que além de ser responsável pelo retorno
da fila de espera no Bolsa Família, o governo Bolsonaro foi protagonista de uma
queda de 74,5% no número de reingressos ao programa social. Um
levantamento realizado pelo UOL mostrou que, de junho a dezembro de 2019,
não houve qualquer reinclusão. Dentre os motivos que fazem as famílias
retornarem ao programa, estão a perda de renda na família ou saída causada
por algum problema no cadastro. Em 2018, 1,08 milhão de pessoas retornaram
ao programa. No primeiro ano de governo Bolsonaro, este número foi de
apenas 276 mil.
 05/03/2020 - O governo Bolsonaro priorizou Sul e Sudeste na concessão de
novos benefícios do Bolsa Família, em detrimento da Região Nordeste, que
concentra 36,8% das famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza na
fila de espera do programa. Pelos dados fornecidos pelo Ministério da
Cidadania ao Congresso e obtidos pelo Estadão/Broadcast, o Nordeste recebeu
3% dos novos benefícios, enquanto Sul e Sudeste responderam por 75% das
novas concessões.
 09/03/2020 - A notícia de que apenas 3% das famílias incluídas no Bolsa Família
em 2020 eram do Nordeste gerou um pedido de explicações por parte do
Ministério Público Federal, direcionado ao Ministério da Cidadania, de Onyx
Lorenzoni. “Embora pareça inconcebível que o Governo Federal esteja
deliberadamente preterindo a Região Nordeste em um programa de
transferência de renda destinado a erradicar a pobreza, essa hipótese não pode
ser prontamente descartada”, afirmou ofício assinado pela Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e pela Procuradoria da Bahia.
 11/03/2020 - O governador Rui Costa, da Bahia, presidente do Consórcio do
Nordeste, anunciou que ele e o presidente do Consórcio do Norte fizeram uma
representação no Tribunal de Contas da União contra o governo federal,
porque Bolsonaro está descumprindo a lei e deixando de pagar o Bolsa Família
a populações que dependem do benefício para sobreviver.
 11/03/2020 – A BBC Brasil divulgou que uma portaria do Ministério da
Cidadania lançada no fim de 2019 resultou em cortes nas verbas federais
repassadas para os serviços de assistência social no país. A portaria nº 2362 foi
publicada no Diário Oficial em 23 de dezembro de 2019 — um dia antes da
véspera de Natal. Mas os efeitos da medida só foram sentidos no começo de
março. O impacto variou em cada município, mas oscilou de 30 a 40%. O corte
ocorreu num momento de enxugamento do principal programa social do país,
o Bolsa Família. Um dos serviços atingidos pela portaria nº 2362 foi o dos
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Estes são responsáveis
justamente por encaminhar as pessoas que têm direito a benefícios como o
Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
 19/03/2020 - O Ministério da Cidadania começou a pagar a folha do mês de
março aos beneficiários do programa Bolsa Família. Ao contrário da promessa
de ampliar o programa em meio à crise social gerada pela doença covid-19, o
governo federal fez um corte de 158.452 bolsas. O Nordeste voltou a ser a
região mais afetada. Dos 158,4 mil benefícios a menos em março, 96.861 (ou
61,1% do total) foram retirados justamente da região que responde por
metade dos benefícios totais do país.

ECONOMIA
Apesar das promessas de recuperação econômica, os primeiros meses do governo
Bolsonaro aprofundam a recessão no país e o processo de desindustrialização (o Brasil
está praticamente fora da lista de 10 países mais industrializados do mundo).
 A indústria de máquinas e equipamentos no Brasil, termômetro da
industrialização e dos empregos industriais de qualidade, encolheu 30%.
 O Setor químico opera com 30% de ociosidade e construção civil trabalha em
um patamar 30% inferior ao de 2014.
 As dotações orçamentárias para 2020 não serão suficientes para garantir uma
oferta mínima de serviços à população.
 Em agosto de 2019, a Bolsa de Valores registrou a maior fuga de capital
estrangeiro do país em 23 anos.
 Apesar de Bolsonaro ter negado essa intenção durante a campanha eleitoral, o
governo propôs nova CPMF para taxar saques e depósitos. Pela proposta, cada
saque ou depósito em dinheiro seria taxado em 0,4%, enquanto pagamentos
em cartão de crédito e débito teriam alíquota de 0,2%.
 Como parte da estratégia de Bolsonaro para obter apoio do Senado à
candidatura de seu filho, Eduardo Bolsonaro, para a embaixada do Brasil nos
Estados Unidos, o presidente acertou com senadores a nomeação de novos
conselheiros do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
 Com uma agenda baseada no corte de direitos e investimentos, o governo Jair
Bolsonaro aumentou a desigualdade no País. De acordo com análise do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada em 18 de setembro de
2019, os rendimentos médios mensais das famílias mais ricas cresceram 1,52%
na comparação com o segundo trimestre de 2018. Para as mais pobres, houve
queda de 1,43%.
 O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) do governo Bolsonaro para 2020 destina
apenas 1,17% do PIB para a assegurar a prestação de serviços públicos e para
investimentos, comprometendo o desenvolvimento, o bem-estar e a geração
de empregos.
 Em agosto de 2019, numa tentativa de conter a alta do dólar e a desvalorização
do real, o governo Bolsonaro iniciou um processo de venda acelerada das
reservas internacionais na ordem de 389 bilhões de dólares feitas pelos
governos do PT.
 A Petrobras anunciou, em 18 de setembro de 2019, novo aumento nos preços
da gasolina e diesel. O preço médio da gasolina subiu 3,5% e o diesel teve alta
média de 4,2%.
 Sem um ministério para defender seus interesses, o esporte perde força no
governo Bolsonaro. Na proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020
enviada ao Congresso Nacional, está previsto um corte de 49% dos
investimentos no esporte.
 A dívida pública federal em títulos, que inclui os débitos do governo no Brasil e
no exterior, registrou aumento de 2,03% em agosto de 2019 e atingiu R$ 4,074
trilhões, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional. Foi a primeira vez
que a dívida ultrapassou a marca dos R$ 4 trilhões.
 O setor público brasileiro registrou um déficit primário de 13,448 bilhões de
reais em agosto de 2019, segundo o Banco Central divulgou em 30/09/2019,
com o rombo acumulado em 12 meses equivalente a 1,36% do Produto Interno
Bruto (PIB).
 De janeiro a setembro de 2019, as exportações brasileiras somaram US$
167,379 bilhões, uma queda de 6% em relação a igual período de 2018,
informou o Ministério da Economia, por meio da Secretaria de Comércio
Exterior, em 01/10/2019. Já as importações somaram US$ 133,589 bilhões nos
nove primeiros meses do ano. Também com base na média diária, houve recuo
de 1,8% em relação a 2018.
 Em 08/10/2019, o governo Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional um projeto
de lei de "liberalização cambial" que, na prática, inicia a dolarização da
economia brasileira. Contas bancárias, salários e preços poderão ser
dolarizados, enterrando de vez com a soberania nacional.
 Nos primeiros quatro dias de outubro de 2019, a Bovespa registrou a saída de
R$ 6,2 bilhões de capital estrangeiro do país.
 Em 21/10/2019, o governo Bolsonaro sinalizou que não irá ajudar a Odebrecht,
maior construtora do país, a reestruturar sua dívida e evitar a falência. Para o
governo, a recuperação da empresa é uma “questão de mercado” que cabe às
instituições financeiras resolver.
 Em 22/10/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro está estudando
implantar um corte unilateral nas alíquotas de importação sobre produtos
industrializados, reduzindo o imposto de 13,6% para 6,4%, em média, em até
quatro anos, o que vai prejudicar fortemente a indústria brasileira.
 Em 23/10/2019, Bolsonaro autorizou novo aumento do botijão de gás. Com o
reajuste, os consumidores residenciais e comerciais devem pagar pelo menos
3% a mais no botijão do gás.
 Em 24/10/2019, a imprensa divulgou que o ministro da Economia, Paulo
Guedes, está prestes a apresentar no Congresso uma PEC para mudar regras
fiscais e orçamentárias. Entre as medidas, está o fim dos patamares mínimos de
investimentos para a saúde e educação em estados e municípios. Atualmente,
a Constituição determina que estados devem destinar 12% da receita à saúde e
25% à educação. Municípios devem alocar 15% e 25%, respectivamente.
 O Banco Central informou, em 24/10/2019, que as perdas cambiais do Brasil
atingiram, em outubro, o maior nível desde 2015, momento mais agudo da
crise.
 Em 30/10/2019, o Tesouro Nacional divulgou que o governo central – formado
por Tesouro, Banco Central e Previdência Social – registrou um déficit primário
de 20,372 bilhões de reais em setembro de 2019.
 Em 05/11/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro elaborou uma
manobra contábil para baixar os gastos com saúde e com educação. O objetivo
é incluir todas as despesas com aposentadorias e pensões vinculadas às duas
áreas nos cálculos do mínimo constitucional. Esses gastos passarão a fazer
parte do valor mínimo que o governo é obrigado a gastar com saúde e
educação. Como consequência sobrará menos dinheiro para investimentos nas
duas áreas.
 Em 18/11/2019, o dólar fechou numa máxima recorde, acima de 4,20 reais na
venda, por conta da falta de expectativa de considerável ingresso de capital no
curto prazo e da frustração com a participação estrangeira no leilão do
excedente da cessão onerosa do pré-sal.
 Em 19/11/2019, a Petrobras reajustou o preço da gasolina em 2,8% em suas
refinarias.
 Em 25/11/2019, o dólar apresentou nova alta de 0,45% e fechou a R$ 4,215,
novo recorde nominal desde a criação do Plano Real. No dia 26/11/2019, o dólar
abriu em disparada, a R$4,25.
 Em 26/11/2019, a imprensa divulgou que, só em novembro, o preço da carne
bovina subiu cerca de 5,26%, ou seja, dez vezes mais do que em outubro,
segundo o Índice de Preços ao Produtor Amplo, da FGV. Em 28/11/2019, a
ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o consumidor brasileiro deve
se acostumar com o aumento no preço da carne nos últimos meses. A alta, que
desde janeiro, foi de 5% a 26%, dependendo do corte, foi puxada, sobretudo,
pelo aumento da demanda dos chineses. A elevação também puxou o aumento
no preço do frango, do peixe e da carne suína.
 Em 29/11/2019, o Ministério Público de Contas, que atua junto ao TCU, pediu à
corte que apure possíveis prejuízos ao país decorrentes de declarações de Paulo
Guedes, com reflexos na cotação do dólar. Em sua representação, o
subprocurador Lucas Rocha Furtado sustentou haver “fortes indícios” de que há
responsabilidade direta do ministro na recente “alta extraordinária” da moeda
americana.
 Em 30/11/2019, a Folha divulgou que MP do Contribuinte Legal, editada por
Bolsonaro em outubro/2019, dá poderes ao Executivo para celebrar acordos
com contribuintes em débito com o fisco, utilizando critérios elaborados pelo
próprio governo e sem aval do Congresso. Especialistas criticaram a MP, pois dá
excesso de poderes ao Executivo, que pode utilizar critérios arbitrários para
decidir quem terá esse benefício ou não.
 Em 04/12/2019, o jornal inglês Financial Times divulgou falhas nos dados
econômicos apresentados pelo governo Bolsonaro. De acordo com reportagem,
as estatísticas econômicas do governo têm falhas nos números sobre as
exportações, o que influencia na cotação da moeda e superfatura o cálculo do
PIB brasileiro.
 Em 06/12/2019, a imprensa divulgou que o aumento do preço da carne em cerca
de 8% em novembro de 2019 puxou a elevação da inflação, que acelerou a
0,51% em novembro, após ter fechado em 0,1% em outubro.
 Em 09/12/2019, a Revista Fórum divulgou que, pelo Whatsapp, um grupo de
caminhoneiros autônomos confirmou uma paralisação nacional a partir do dia
16/12/2019, que deve atingir cerca de 70% da categoria.
 Em 09/12/2019, o Estadão anunciou aumento de 1,83% do etanol hidratado em
18 estados e no Distrito Federal.
 Em 11/12/2019, o BNDES divulgou relatório elaborado pelos escritórios Cleary
Gottlieb Steen & Hamilton LLP e Levy & Salomão Advogados, que encomendou
para checar se houve prejuízo na operação em que aportou dinheiro na JBS, a
empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Segundo o texto, “a Equipe de
Investigação não encontrou durante sua análise nenhuma evidência direta de
corrupção em conexão com as operações”.
 Em 13/12/2019, o empresário Roberto Niwa Camilo, sócio da Markt Club (a
maior empresa do ramo) abriu uma reclamação do Tribunal de Contas da União
pela falta de transparência do ministério da Economia em um processo
licitatório aberto com o objetivo de criar um “Clube de Descontos” para
servidores federais.
 Em 08/01/2020, o G1 divulgou que a saída de dólares do Brasil em 2019 somou
US$ 44,7 bilhões e foi a maior em 38 anos.
 Em 10/01/2020, o Valor Econômico divulgou que o Banco Central vendeu US$
36,9 bilhões das reservas internacionais em 2019. Essas vendas se deram
principalmente em razão de intervenções cambiais realizadas pelo BC para
conter a alta do dólar em um ano em que o país teve a maior saída de divisas da
história recente. Com isso, as reservas cambiais, que haviam atingido o pico de
US$ 390,5 bilhões em junho de 2019, caíram para US$ 356,9 bilhões no fim do
ano.
 Em 11/01/2020, o Congresso Em Foco divulgou a Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), demonstrando que o índice de
endividamento em 2019 alcançou 65,6%, sendo este o maior percentual da
série histórica desde janeiro de 2010. Além disso, a inflação em 2019 bateu
4,31%, e o setor mais que mais contribuiu para este número foi o de
"alimentação e bebidas", que sozinho apresentou alta de 6,37% no ano, o que
gerou impacto de 1,57 ponto percentual no total.
 Em 16/01/2020, o dólar saltou 1,3% ante o real (4,185 reais na venda), na alta
mais intensa em mais de dois meses, com a moeda brasileira novamente
liderando as perdas globais nos mercados de câmbio.
 Em 21/01/2020, a jornalista Miriam Leitão afirmou que Paulo Guedes deu
declarações completamente equivocadas em Davos sobre o meio ambiente, ao
dizer que “o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza”. Segundo ela,
executivos e investidores pelo mundo estão debruçados sobre o tema,
buscando projetos sustentáveis para aplicar seus recursos, e uma afirmação tão
superficial e equivocada como essa fortalecia a ideia de que o Brasil está indo
na direção errada na questão ambiental.
 Em 27/01/2020, o Banco Central divulgou que as contas externas do Brasil
registraram um rombo de US$ 50,762 bilhões no ano de 2019, um aumento de
22% na comparação com o ano anterior, quando somou US$ 41,540 bilhões.
 Em 31/01/2020, o dólar fechou em alta e atingiu seu maior valor nominal da
história: avanço de 0,65%, com valor de R$ 4,2850. Na semana, a alta
acumulada foi de 2,42%.
 Em 04/02/2020, o IBGE divulgou dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM),
mostrando que as indústrias extrativas do país fecharam 2019 com uma queda
de 1,1%. Além das indústrias extrativas, tiveram quedas importantes os
segmentos de metalurgia (-2,9%), de celulose, papel e produtos de papel (-
3,9%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-
9,1%).
 Em 04/02/2020, a imprensa repercutiu a informação de que, no ano de 2019, o
governo Bolsonaro registrou pelo menos R$ 55 bilhões em despesas fora do
limite estabelecido pelo teto de gastos na Emenda Constitucional 95. O maior
volume de gastos fora do limite constitucional foi dos R$ 34,4 bilhões pagos à
Petrobras pelo acerto de contas da negociação com o Tesouro feita em 2010. A
transferência extraordinária a Estados e municípios decorrente do leilão do pré-
sal somou R$ 11,7 bilhões. Além disso, as capitalizações de estatais somaram R$
10,1 bilhões. A pedalada fiscal do governo, no entanto, foi chamada de “drible”
pela mídia nacional.
 Em 07/02/2020, o portal UOL divulgou que o dólar comercial bateu novo recorde
e, em casas de câmbio de São Paulo, por exemplo, o dólar em dinheiro vivo
chegou a custar R$ 4,50, já considerado o IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras).
 Em 07/02/2020, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender um
novo imposto sobre transações eletrônicas que teria as mesmas características
da extinta CPMF. O desejo do ministro é usar novas tributações como forma de
diminuir o valor que empresas pagam sobre os salários dos empregados. Para
isso, tem pressionado lideranças do Senado para que deem preferência às suas
propostas.
 Em 10/02/2020, a imprensa repercutiu a informação de que o governo
Bolsonaro está preparando o BNDES para servir de linha auxiliar para o projeto
privatista de Paulo Guedes, retomando a função que teve nos tempos do
governo tucano de FHC, como financiador de empresas e fundos de
investimentos transnacionais na compra de empresas públicas brasileiras. Nesse
sentido, o banco montou um cronograma que prevê ao menos cinco leilões, em
2020, para privatização da água nos Estados. Para isso, pretende abrir uma linha
de crédito para emprestar dinheiro para empresas privadas comprarem as
estatais.
 Em 11/02/2020, O dólar fechou em alta e renovou sua máxima histórica. A
moeda norte-americana subiu 0,10%, vendida a R$ 4,3269. Na máxima do dia,
chegou a R$ 4,3408, também um recorde nominal durante as negociações. Já o
dólar turismo - aquele vendido nas casas de câmbio - fechou esta terça cotado a
R$ 4,51, sem contar o IOF. Com esse imposto, ele já é vendido acima de R$ 4,75.
 Em 12/02/2020, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a alta do dólar,
fazendo uma declaração preconceituosa de que com a moeda custando “R$
1,80 permitia a doméstica ir à Disney”. A Federação Nacional das Trabalhadoras
Domésticas (FENATRAD) repudiou a declaração do ministro.
 Em 20/02/2020, o dólar subiu pela quarta vez consecutiva e bateu máxima
histórica nominal de fechamento pela terceira vez seguida. O câmbio terminou
o pregão com alta de 0,59% a R$ 4,3909 na compra e a R$ 4,3916 na venda. O
dólar futuro para março subiu 0,58% a R$ 4,3915.
 Em 21/02/2020, o Banco Central informou que as contas externas brasileiras
registraram em janeiro de 2020 um déficit de US$11,9 bilhões. Segundo o BC, o
resultado foi influenciado principalmente pela retração de US$ 3,6 bilhões no
saldo da balança comercial, em comparação com 2019. O saldo é a diferença
entre exportações e importações.
 Em 21/02/2020, o dólar comercial apresentou nova alta e chegou a ser cotado a
R$4,40 pela primeira vez na história.
 Em 27/02/2020, o dólar renovou mais uma vez sua máxima histórica, superando
4,48 reais pela primeira vez e subindo pela sétima sessão consecutiva.
 Em 26/02/2020, a Bolsa de Valores registrou a maior retirada de capital
estrangeiro desde o início da contabilização dos dados, em 1994. Os
investidores estrangeiros retiraram R$ 3,068 bilhões da bolsa.
 Em 02/03/2020, o dólar comercial emendou sua nona alta consecutiva, de
0,13%, e encerrou o dia a R$ 4,487 na venda. Em 03/03/2020, a cotação do dólar
operou em alta de 0,6%, a R$ 4,52, novo recorde nominal (sem contar a
inflação).
 Em 04/03/2020, após a divulgação do resultado do PIB 2019, que apresentou o
menor crescimento dos últimos três anos (1,1%), Bolsonaro recebeu os
jornalistas para a coletiva de imprensa no Palácio do Planalto ao lado de um
ator vestido de presidente, que distribuiu bananas aos repórteres presentes no
local, como estratégia para o ex-capitão se esquivar de perguntas sobre o
péssimo resultado econômico.
 03/03/2020 - O mercado reagiu mal ao Pibinho de 1,1% de 2019 anunciado e às
macaquices de Bolsonaro, que levou um humorista à coletiva sobre o tema, não
respondeu nenhuma pergunta e divertiu-se com o comediante Márvio Lúcio
dos Santos Lourenço, da TV Record, distribuindo bananas aos jornalistas. O
dólar seguiu subindo forte e, com a 11ª alta consecutiva, alcançou o valor de R$
4,54.
 05/03/2020 - O dólar voltou a subir e o valor da moeda americana de turismo já
foi negociada à R$5,05 em casas de Câmbio. O valor, nunca antes atingido, foi
referente aos cartões pré-pagos. Já o dólar comercial chegou a R$4,63, também
maior patamar da história do país (sem considerar a inflação).
 05/03/2020 – A Argentina, principal fornecedor de trigo ao Brasil, anunciou que
iria interromper a venda da commodity ao país, e o preço do pão francês deve
aumentar em 20%. A justificativa foi que a Argentina aumentou a venda de
trigo para outros mercados, como os países asiáticos.
 09/03/2020 - Segundo levantamento feito por Einar Rivero, da empresa de
informações financeiras Economatica, a B3, a bolsa de valores brasileira perdeu
mais de R$ 1 trilhão em valor de mercado em 2020 e quase R$ 432 bilhões
somente no pregão de hoje, quando foi afetada pelos temores em relação ao
coronavírus e pela guerra de preços de petróleo entre Arábia Saudita e Rússia.
 09/03/2020 - A Bolsa brasileira amanheceu em forte queda de mais de 10%,
índice mais alto desde maio de 2017, quando o golpista Michel Temer foi
acusado de corrupção pelo empresário Joesley Batista. Pela manhã, o dólar
atingiu a casa dos 4,79 reais, sem contar a inflação. Após despencar, a Bolsa
interrompeu as negociações por 30 minutos, com um mecanismo chamado de
“circuit breaker”. Em seguida, voltou a operar em queda, ultrapassando os 12%.
Para haver uma nova interrupção, seria preciso passar a faixa dos 15%. A
Petrobras liderou as perdas do Ibovespa e perdeu R$ 74,7 bilhões em valor de
mercado em apenas 30 minutos de negociação, passando de um valor de R$
307 bilhões para R$ 232 bilhões às 10h31, quando a bolsa acionou o “circuit
breaker”.
 11/03/2020 – Os receios em relação à pandemia do novo coronavírus afetaram
os mercados mundiais, e no Brasil, o dólar apresentou alta de 1,65%, fechando
em R$4,7215. Pela segunda vez na semana, a Bolsa de Valores de São Paulo
entrou em circuit breaker, mecanismo que para as negociações no mercado
financeiro. O mecanismo foi acionado por volta das 15h14, quando o índice
marcou 10,11%, aos 82.887 pontos.
 12/03/2020 - Em mais um dia de disparada do dólar, o Banco Central voltou a
recorrer às reservas para tentar conter o avanço da moeda estadunidense. O BC
fez um leilão de venda à vista de até US$ 2,5 bilhões. Segundo o UOL, vendeu
US$ 1,278 bilhão. Após não conseguir vender o total da oferta, o BC anunciou
novo leilão, de até US$ 1,25 bilhão em moeda à vista, vendendo apenas US$
332 milhões. Em seguida, fez outro leilão, de até US$ 1 bilhão, em que
nenhuma proposta foi aceita. Mesmo assim, o dólar fechou o pregão em alta de
1,38%, cotado a R$ 4,786, e bateu mais um recorde. O derretimento das bolsas
de valores mundo afora diante da pandemia de Coronavírus também teve efeito
imediato na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em 22 minutos de pregão
o índice da Bolsa paulista cedeu 11,65%, somando 75.247 pontos. Isso acionou
novamente o mecanismo de “circuit breaker” – a interrupção do pregão por 30
minutos quando a queda atinge 10%. Foi a terceira vez nesta semana que o
circuit breaker foi acionado.
 16/03/2020 - O dólar comercial fechou cotado a R$ 5,04. Foi a primeira vez que
preço da moeda americana encerrou o dia acima do patamar dos R$ 5. Nas
casas de câmbio, o valor registrado foi bem mais alto e chegou a ser vendido a
R$ 5,20. Além da disparada do dólar, houve queda da Bolsa brasileira. O
Ibovespa caiu quase 14% e, mais uma vez, o circuit breaker precisou ser ativado
para suspender os negócios. Com a queda, a bolsa fechou o dia em 71.168
pontos.
 18/03/2020 - A Bolsa de Valores teve mais uma grande queda e voltou a
paralisar as negociações para conter as perdas. Chamado de circuit breaker, o
mecanismo é acionado quando os resultados negativos ultrapassam 10%. A
primeira parada é de meia hora. Às 13h22, a queda batia na casa dos 10,26%. Já
o dólar atingia patamares históricos, negociado por R$ 5,19 no mesmo horário.
 24/03/2020 – O Globo divulgou que o Banco Central vendeu US$ 20 bilhões das
reservas internacionais entre 10 e 20 de março de 2020 — uma média,
portanto, de US$ 2 bilhões por dia, de acordo com o próprio Banco. O Brasil
ainda possui US$ 347 bilhões em reservas.
 31/03/2020 - Representantes de shoppings, de redes varejistas, de associações
comerciais e do setor de franquias afirmaram, em carta enviada ao BC (Banco
Central), que os bancos subiram as taxas de juros de empréstimos entre 50% e
70%. Segundo as entidades, a medida afeta principalmente os financiamentos
para manter os negócios (capital de giro) e para a antecipação de recebíveis.
 01/04/2020 - Após dois dias de leve recuperação, a Bolsa de Valores brasileira
voltou a cair quase 3%, puxada pelo pânico dos mercados globais em relação à
pandemia do novo coronavírus. O dólar superou os R$ 5,26 e voltou a fechar no
maior valor nominal desde a criação do Real.
 22/04/2020 – O programa Pró-Brasil, de investimentos públicos e em parceria
com o setor privado, foi lançado pelo governo Bolsonaro, mas, por enquanto,
não passou de um conjunto de sete slides num PowerPoint. A única coisa que
ficou visível sobre o programa é que provocou oposição entre a Casa Civil ao
superministério da Economia. No lançamento do programa, foi notável, na arte
de divulgação, a falta de representatividade da população brasileira. Na foto
utilizada, foram mostradas apenas crianças brancas, sob o slogan do governo
federal.

PACOTE ECONÔMICO

 Em 05/11/2019, Bolsonaro entregou o pacote de novas medidas econômicas ao


Congresso Nacional. Com o pacote, o governo prometeu destinar entre 400
bilhões e 500 bilhões de reais para estados e municípios em 15 anos. As
principais medidas são: a PEC do Pacto Federativo, com uma nova divisão de
recursos de Estados e municípios a partir de royalties do pré-sal; a PEC
Emergencial, para conter gastos obrigatórios; a PEC DDD, que significa
“desvincular, desindexar e desobrigar” gastos públicos no Orçamento; e a
Reforma Administrativa. O pacote autoriza governos a reduzirem jornadas e
salários de servidores. A proposta é que a diminuição das horas trabalhadas
seja de até 25%, por no máximo dois anos, e que a redução salarial seja
equivalente. A equipe econômica também sugere que, caso as despesas
correntes de estados e municípios superem 95% das receitas, sejam barrados
reajustes de salários, criação de cargos, novos concursos e aumento de auxílios.
 Com a PEC do Pacto Federativo, o governo também quer reduzir o número de
municípios pequenos sem autonomia financeira existentes no país. De acordo
com a proposta, municípios com menos de 5.000 habitantes e arrecadação
própria menor que 10% da receita total serão incorporados pelo município
vizinho.
 Entre as medidas sugeridas pela PEC Emergencial, a serem adotados pela
União, estados e municípios em situação de grave crise nas contas públicas, é a
proibição de reajuste do salário mínimo acima da inflação por dois anos.
Judiciário, Ministério Público, militares e diplomatas poderão ter promoção
mesmo em situação de emergência.
 Uma das propostas do pacote é a extinção de 248 fundos públicos, sendo um
deles o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que destina recursos para
programas como o seguro-desemprego e abono salarial.
 A PEC do pacto federativo, em um dos seus itens, desobriga os governos
(federal, estadual e municipal) de expandirem suas redes escolares em locais
de carência, representando o enterro da universalização do ensino público e
gratuito. Além disso, a PEC tenta acabar com o repasse de 75% dos royalties do
petróleo para a educação, e 25% para a saúde.

REFORMA ADMINISTRATIVA

 Em outubro de 2019, o governo Bolsonaro finalizou sua proposta de reforma


administrativa, que estabelece novas regras para contratação de servidores,
define salários iniciais mais próximos aos do setor privado, endurece as regras
para promoções, flexibiliza o processo de demissão de servidores e reduz o
número de carreiras. Entre as medidas estudadas, estão a redução dos salários
de entrada e a reestruturação da progressão para que o servidor só chegue ao
teto no final da carreira. Em relação à estabilidade, a proposta do governo é,
após período de dois anos, os servidores aprovados em concurso poderiam se
enquadrar em três categorias diferentes: sem estabilidade (podendo ser
demitidos sem justa causa), com estabilidade (para carreiras específicas,
sujeitas a pressões, como auditores) e por tempo determinado (em que não é
possível seguir carreira e há um limite máximo de tempo no cargo).
Atualmente, para demitir um servidor é preciso realizar um processo
administrativo disciplinar (PAD), segundo a lei nº 8.112. Tem que ficar
comprovado, entre outros casos, que houve crime contra a administração
pública, abandono do cargo, improbidade administrativa ou corrupção.
 Em 05/11/2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que servidor
público filiado a partido político não terá direito a estabilidade no emprego.
 Em 08/11/2019, o Estadão divulgou que juízes, procuradores e parlamentares
vão ficar, num primeiro momento, fora do alcance das medidas da reforma
administrativa.
 Em 25/11/2019, Bolsonaro decidiu enviar a reforma administrativa ao
Congresso somente em 2020.

Energia e Combustíveis

 Em 20/10/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro tem a intenção


de cobrar pela energia solar produzida em residências. A Aneel (Agência
Nacional de Energia elétrica) enviou para consulta pública uma medida que irá
taxar o valor da energia solar que o consumidor produz em suas residências a
partir de painéis solares.
 Em 01/01/2020, dados divulgados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (ANP) mostraram que o preço médio do etanol nos postos
subiu 11,5% em 2019, a maior alta desde 2015. Na última semana do ano, o
litro do combustível custava, em média, R$ 3,151. O etanol foi o combustível
com a maior alta do ano. Em segundo está o diesel, com aumento de 8,7%. Um
dos motivos para o índice foram os reajustes promovidos pela Petrobras no
preço de refinaria: o preço médio dos produtores subiu 16,3%. Já o preço da
gasolina subiu 4,8% entre a última semana de 2018 e a última de 2019, quando
custou, em média R$ 4,555 por litro. Aumento veio cerca de um mês depois da
Petrobras impor reajustes nos preços dos combustíveis de acordo com a subida
do dólar e com o mercado internacional.
 Em 06/01/2020, em consulta pública da Aneel, o Ministério da Economia deu
parecer favorável à redução dos benefícios para os consumidores que geram
sua própria energia solar. O órgão deu aval a maior taxação ao setor,
argumentando que as regras atuais sobrecarregam quem não usa painéis
solares.
 Em 10/01/2020, o Estadão divulgou que o Ministério de Minas e Energia
confirmou que estava em avaliação no governo Bolsonaro a concessão de
subsídio na conta de luz de templos religiosos.

EDUCAÇÃO
A educação está sofrendo um verdadeiro desmonte no governo Bolsonaro. Os cortes
drásticos de recursos federais, na ordem de 5,8 bilhões, afetaram todos os níveis de
ensino (incluindo o ensino básico, cujo discurso inicial do governo era de que não
haveria cortes de verbas), as políticas sociais de acesso à educação, programas de
alfabetização, os programas de fomento à pesquisa e comprometeram a manutenção
de prédios, laboratórios, bibliotecas etc. (há universidades, por exemplo, anunciando o
encerramento do ano letivo, caso os cortes não sejam revertidos).
 Adoção de uma política ideológica, com censura e perseguição a professores,
estudantes e funcionários das instituições de ensino.
 Redução da autonomia das universidades e institutos federais, com a
nomeação de interventores e de reitores menos votados nas listas tríplices. Nos
primeiros 9 meses de governo, Bolsonaro desprezou, nas eleições para
reitorias, os candidatos mais votados, intervindo em, pelo menos, seis
universidades.
 Interferência ideológica no ENEM.
 Militarização das escolas. Em discurso, Bolsonaro defendeu impor o modelo de
escolas cívico-militares no ensino básico brasileiro.
 Reajuste do piso salarial do Magistério menor do que o do salário mínimo.
 Apresentação do Future-se, projeto que coloca a educação a reboque dos
interesses do mercado, pois prevê que as universidades e institutos federais
realizem obrigatoriamente a contratação de uma organização social para gerir
atividades como ensino, pesquisa e inovação, ou seja, transfere a gestão
acadêmica para o setor privado. O governo estuda, inclusive, aprovar o
programa no Congresso via Medida Provisória.
 Apresentação da proposta de ensino domiciliar, criticada por especialistas na
área por seu caráter elitista, isolacionista e por colocar na família a total
responsabilidade pela educação.
 Revisionismo histórico da ditadura civil-militar.
 Disputa ideológica interna no MEC entre seguidores de Olavo de Carvalho,
militares e técnicos, gerando trocas frequentes de profissionais no órgão.
 Bloqueio de recursos (no valor de R$ 348.471.498) destinados a produção,
aquisição e distribuição de livros e materiais didáticos e pedagógicos para
educação básica.
 Corte de R$ 94,4 milhões no PRONATEC, o que atinge diretamente as bolsas de
permanência dos estudantes.
 O sistema de avaliações no ensino básico teve cortado do seu orçamento cerca
de R$ 35 milhões.
 O MEC anunciou novo corte no orçamento da CAPES, órgão responsável por
manter a maior parte das bolsas de mestrado e doutorado do país. O
orçamento para 2020 prevê apenas R$ 2,2 bilhões para a instituição, quase
metade do valor previsto para 2019, R$ 4,3 bilhões. Em 2019, a instituição já
sofreu com o contingenciamento de recursos realizado pelo governo e precisou
congelar milhares de bolsas que deveriam ter sido ofertadas a novos
pesquisadores. O valor projetado para o orçamento de 2020 é insuficiente para
garantir as bolsas que já são ofertadas.
 Risco de interrupção das atividades do CNPq, pois os cortes do governo
inviabilizaram o pagamento das bolsas do programa em 2019.
 Bolsonaro determinou a censura a qualquer discussão sobre gênero nas escolas
públicas de ensino fundamental.
 Em 6 de setembro de 2019, Bolsonaro assinou medida provisória que criou uma
carteirinha estudantil digital. Considerada como uma retaliação aos protestos
contra os cortes de verbas na educação, que mobilizou estudantes do Brasil
inteiro, a chamada “ID Estudantil” valerá para alunos de qualquer modalidade
de ensino básico ou superior. Bolsonaro não esconde que o objetivo é esvaziar
o financiamento das organizações estudantis.
 O orçamento do Ministério da Educação (MEC) para 2020 estabelece uma
queda de 54% nos recursos destinados à infraestrutura da educação básica.
 Em setembro de 2019, o Ministério da Educação (MEC) anunciou a preparação
de uma cartilha de “boas práticas” para barrar manifestações políticas dentro
de universidades e outras instituições federais de ensino, mais uma vez,
cerceando a liberdade e a autonomia no ensino superior.
 O Ministério da Educação anunciou, em 20 de setembro de 2019, que planeja
retirar a necessidade de empresas juniores e universidades de passar por
licitações públicas para serem contratadas pelo Poder Público.
 Em entrevista para o Estadão no dia 23 de setembro de 2019, o ministro da
Educação, Abraham Weintraub, informou que vai exigir a contratação de
professores e técnicos sem concurso público para as universidades federais que
aderirem ao programa “Future-se”, abrindo brecha para aparelhar as
instituições e acabar com a estabilidade de docentes e pesquisadores.
 O ministro da Educação, Abraham Weintraub, enviou um ofício a todas as
escolas públicas do país, com orientações que, na verdade, são mais uma
tentativa de censura, uma vez que a lista inclui cuidados com o que o governo
chama de “doutrinação” e “exposição à propaganda político-partidária”.
 Na abertura do Fórum Nacional de Ensino Superior, em 26 de setembro de
2019, o ministro da Educação respondeu de forma grosseira a um
questionamento do presidente do Semesp (entidade que representa os donos
de faculdades particulares) sobre a política do governo para recuperar o
Financiamento Estudantil (Fies), afirmando que não fará nada pelas instituições
privadas neste sentido e que eles terão que se virar.
 O Ministério da Educação (MEC) anunciou que vai gastar, somente em 2020, R$
54 milhões para viabilizar o projeto piloto das escolas militares em 54
instituições de ensino. Cada unidade receberá R$ 1 milhão para arcar com
infraestrutura e pagamento de pessoal. Até o início de outubro de 2019, 15
estados e o Distrito Federal aderiram ao projeto.
 Especialistas denunciaram que o governo Bolsonaro tem promovido, desde o
seu início, um desmonte na política de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Exemplos disso são: a dissolução da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI); o fato de as estratégias e
princípios da EJA pouco aparecerem no desenho atual da Política Nacional de
Alfabetização; a extinção, em abril de 2019, da Comissão Nacional de
Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (CNAEJA), que reunia
representantes de movimentos sociais e da sociedade civil para assessorar a
política de EJA no MEC; entre outros.
 Em 09/10/2019, Bolsonaro vetou a lei que previa serviços de psicologia e de
serviço social nas escolas.
 Em 09/10/2019, o Ministério Público Federal ingressou com Ação Civil Pública
na Justiça para que o Ministério da Educação realize nova Consulta Pública
sobre o programa Future-se, obedecendo as regras próprias estabelecidas pela
legislação na área, porque o procedimento já realizado pelo ministério para
ouvir população descumpriu a lei.
 O governo Bolsonaro suspendeu os investimentos na ampliação das escolas de
tempo integral previstos para 2020. A informação foi repassada pelo Ministério
da Educação aos secretários estaduais de Educação em setembro de 2019.
 Em 17/10/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro estuda fundir a
Capes ao CNPq, e que, inclusive, há uma medida provisória pronta para
decretar a fusão das agências, aguardando apenas a assinatura do presidente.
 Em 22/10/2019, a imprensa divulgou que o ministro da Educação, Abraham
Weintraub, ameaçou a reitora da UnB, dizendo que deseja colocar a polícia
dentro do campus da universidade.
 Em 03/11/2019, data de realização do ENEM, a página oficial do Ministério da
Educação (MEC) no Twitter fez uma postagem com o horário errado de
abertura dos portões para a realização das provas. No mesmo dia, vazaram na
Internet fotos do caderno de questões da prova.
 Em 07/11/2019, o Estadão divulgou que o MEC vai aumentar a nota de
universidades particulares que oferecerem espaços ociosos ao governo para
estender a jornada de alunos do ensino básico.
 Em 15/11/2019, em uma série de tuítes no dia que marcou 130 anos da
proclamação da República, o ministro da Educação celebrou a monarquia
brasileira e comemorou o “primeiro golpe de estado no Brasil”.
 Em 22/11/2019, o ministro da Educação atacou a UNE, chamando-a de máfia e
anunciou o lançamento das novas carteirinhas estudantis digitais. Em mais uma
atitude grosseira, no dia 25/11/2019, o ministro mandou a UNE fazer
cachimbos para compensar as perdas com a carteirinha.
 O ministro da Educação exonerou dois coordenadores da equipe de
alfabetização do Ministério. O primeiro a ser exonerado, no dia 22/11/2019, foi
Renan de Almeida Sargiani, que ocupava o cargo de coordenador-geral de
Neurociência Cognitiva e Linguística em uma diretoria na Sealf (Secretaria de
Alfabetização). Em 26/11/2019, foi exonerada Josiane Toledo Ferreira Silva,
coordenadora-geral de Avaliação Pedagógica em diretoria da Sealf.
 Em 24/11/2019, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), órgão do Ministério da Educação, ignorou as próprias regras, para
aprovar um novo doutorado em uma universidade privada controlada por
empresário ligado ao ministro Abraham Weintraub.
 Em 27/11/2019, o Congresso derrubou o veto de Bolsonaro, e as escolas
públicas de educação básica continuarão tendo atendimento de psicólogos e
assistentes sociais.
 Em 27/11/2019, o governo Bolsonaro publicou um Decreto abrindo caminho
para a privatização de creches e estabelecimentos da rede pública de ensino
nos estados e municípios.
 Em 27/11/2019, a Capes alterou o nome da plataforma criada para professores
buscarem cursos de aperfeiçoamento profissional, retirando o nome do
educador Paulo Freire, que era homenageado.
 Em 29/11/2019, o ministro da Educação anunciou a saída do MEC das
discussões sobre educação do Mercosul.
 Em 04/12/2019, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou a criação de
uma comissão especial para analisar os projetos de lei que tratam sobre o
Escola sem Partido.
 Em 09/12/2019, o blogueiro bolsonarista ligado à rede de fake news do
governo, Allan dos Santos, anunciou que o canal público TV Escola,
administrado pelo Ministério da Educação, terá em sua programação episódios
da produtora “Brasil Paralelo”, que prega a versão de Olavo de Carvalho sobre
diversos temas políticos relacionados ao país.
 Em 10/12/2019, foi divulgado o relatório anual Free to Think, desenvolvido pela
rede internacional Scholars at Risk, que monitora a perseguição a acadêmicos e
a universidades em todo o mundo, e o Brasil ganhou destaque na publicação,
por conta da política adotada pelo atual governo de Bolsonaro.
 Em 11/12/2019, o ministro da Educação esteve presente na Câmara para
atender convocação para esclarecer as afirmações que fez recentemente de
que nas universidades públicas têm plantações de maconha. Weintraub fez
inúmeros ataques à esquerda, ao PT e ao comunismo, chorou, voltou a acusar
as universidades de terem plantações de maconha e afirmou que está no
Ministério da Educação para defender a classe média.
 Em 11/12/2019, o deputado federal Eduardo Bolsonaro defendeu um modelo
de escola por separação de gênero. Meninas em uma sala, meninos em outra.
Além disso, ele alegou que o modelo misto é defendido por feministas.
 Em 12/12/2019, Weintraub mandou retirar a exposição com vários painéis com
fotos, imagens e textos que contam a história da educação no Brasil e da
própria criação do ministério do túnel que liga o prédio principal do MEC ao seu
anexo. No mesmo dia, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro vai acabar
com a TV Escola, já que o ministro não vai renovar o contrato de gestão com a
Fundação Roquette Pinto. Em 13/12/2019, o ministro da Educação despejou a
TV Escola do prédio do MEC.
 Em 16/12/2019, Bolsonaro chamou o educador Paulo Freire, patrono da
educação brasileira, de energúmeno e afirmou que a TV Escola deseduca.
 Em 20/12/2019, a Rede Brasil Atual divulgou que Bolsonaro e seu ministro da
Educação, Abraham Weintraub, estão acabando com a participação do governo
federal na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Dos R$ 54,4 milhões destinados
ao programa em 2019, apenas R$ 1,5 milhão foi aplicado, valor que equivale a
2,8% do total.
 Em 21/12/2019, o governo federal anunciou o desejo de reduzir até pela
metade o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a partir de 2021. O
programa ajuda o acesso à universidade e chegou a oferecer 732 mil contratos
há cinco anos. Agora, com a medida do governo, pode cair para 54 mil em
2021, o que representa a metade dos contratos ofertados nos últimos anos.
Também foram aprovadas, no conselho gestor, mudanças que tornam mais
rígida a concessão de bolsas.
 Em 25/12/2019, a Folha de S. Paulo divulgou que o governo Bolsonaro editou
uma Medida Provisória alterando o formato de escolha de reitores de
instituições federais de ensino. O texto reduz a autonomia universitária ao
eliminar a possibilidade de consulta paritária à comunidade acadêmica.
 Em 27/12/2019, a emissora TV Escola anunciou ao menos 70 demissões
resultantes da ausência de renovação do contrato com o Ministério da
Educação. A emissora fechará devido à impossibilidade de funcionamento sem
a verba governamental.
 Em 27/12/2019, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias
Toffoli, mandou notificar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para
que apresentasse explicações sobre declarações ofensivas à União Nacional dos
Estudantes (UNE). A decisão atendeu a um pedido da própria UNE, que moveu
uma interpelação judicial contra Weintraub no STF após o ministro acusar a
entidade de ser uma “máfia”, durante fala que ocorreu no lançamento das
carteirinhas digitais pelo MEC.
 Em 28/12/2019, o Ministério da Educação (MEC) publicou novas regras para o
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) a partir de 2020. O número de vagas
vai diminuir para quase metade do atual. A pasta informou que as vagas
poderão passar de 100 mil em 2020 para 54 mil em 2021 e 2022. Além disso,
com a mudança das regras, o MEC vai poder cobrar na Justiça cerca de 584 mil
estudantes com prestações atrasadas há mais de um ano.
 Em 30/12/2019, o Censo Escolar realizado pelo Inep divulgou os seguintes
dados da educação em 2019: As matrículas no ensino médio em escolas
públicas no Brasil caíram em 2019 e tiveram o pior desempenho entre todas as
etapas do ensino básico em relação ao verificado em 2018. Foram 6.192.819
alunos matriculados no ensino médio. O número é 4,34% inferior ao registrado
em 2018. A queda nas matrículas também foi verificada no ensino fundamental
(etapa que vai do 1º ao 9º ano) e na educação de jovens e adultos (EJA).
 No final de 2019, quando a universidade já se encontrava em recesso, o
governo Bolsonaro lançou o Decreto 10185/19, extinguindo 27,5 mil cargos e
vedando concursos para 68 profissões.
 Em 03/01/2020, Bolsonaro afirmou que os livros didáticos precisariam mudar.
Para ele, os volumes têm “muita coisa escrita” e é preciso “suavizar”. Além
disso, a partir do momento em que forem feitos por sua gestão, em 2021, os
livros irão conter a bandeira do Brasil e o hino nacional.
 Em 09/01/2020, o ministro da Educação, Abraham Weintraub disse que iria
encaminhar ao Congresso, após o período de recesso, uma proposta de
Emenda Constitucional para reformulação do Fundeb (Fundo Nacional da
Educação Básica), com o intuito de que as discussões sobre o fundo
começassem do zero, apesar de os parlamentares estarem debatendo o tema
há meses.
 Em 16/01/2020, o Brasil 247 divulgou que o edital emergencial da Capes
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para financiar
pesquisas sobre as consequências do vazamento de óleo no litoral do Nordeste
estava com seu resultado atrasado há quase um mês por falta de dinheiro. A
Capes pertence ao Ministério da Educação. Pesquisadores estavam
abandonando o projeto, ou buscando outras instituições para arcar com os
gastos, porque o ministro da Educação atrasou o edital.
 Em 18/01/2020, um dia depois de dizer que o Enem 2019 foi o melhor de todos
os tempos, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, admitiu erros na
correção das provas. Ele revelou que alguns estudantes tiveram o gabarito
trocado e, por isso, receberam uma nota errada. No mesmo dia, o presidente
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep), Alexandre Lopes, admitiu que até 30 mil candidatos podiam ter sido
prejudicados pela falha na contabilização dos pontos da prova do Enem. No
entanto, os alunos prejudicados tiveram apenas 24 horas para reclamar ou
questionar suas notas.
 Em 20/01/2020, o Estadão divulgou que o número de pedidos para recorreção
da prova do Enem chegou a 60 mil, quantidade dez vezes maior do que havia
sido anunciado por Weintraub. No mesmo dia, a BBC News Brasil divulgou que,
além dos erros nas notas, os problemas da edição de 2019 da prova
começaram em 1º de abril, com o anúncio da falência da gráfica RR Donnelley,
responsável pela impressão do Enem desde 2009. Vinte dias depois, o governo
anunciou a contratação de uma nova gráfica às pressas, sem licitação. A
substituta foi a Valid Soluções S.A., que foi acusada pelo ministério da Educação
de ser responsável pelos erros nas notas. Além da contratação da gráfica sem
licitação e do erro nas correções, o Inep trocou quatro vezes de titular, e a
diretoria responsável pela prova ficou sem titular por meses. Somado a tudo
isso, o Enem 2019 também teve o vazamento de uma das páginas do primeiro
dia de provas.
 Em 22/01/2020, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou ao governo
Bolsonaro que fossem suspensas as inscrições do Sistema de Seleção Unificada
(Sisu). O pedido se baseou nas inúmeras irregularidades que ocorreram
durante a realização do Enem 2019.
 Em 23/01/2020, o governo Bolsonaro já respondia a nove ações judiciais por
conta dos erros nas notas do ENEM 2019.
 Em 24/01/2020, o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito
Guimarães Aguiar Neto, foi nomeado novo presidente da Capes. Evangélico, ele
defende o criacionismo em contraponto à teoria da evolução.
 Em 24/01/2020, o MPF ingressou na Justiça Federal para pedir a suspensão das
inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e a alteração dos calendários
do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e do Programa Universidade Para
Todos (Prouni). Em 22/01, o MPF havia solicitado que o MEC suspendesse as
inscrições do Sisu, em consequência dos inúmeros erros identificados nas
correções do Enem. No entanto, o governo federal ignorou.
 Em 24/01/2020, A Folha de S. Paulo divulgou uma portaria do Ministério da
Educação, publicada na virada do ano, na qual um artigo, em particular, limita o
número de participantes em congressos nacionais e internacionais, permitindo,
no máximo, dois representantes.
 Em 26/01/2020, O MPF (Ministério Público Federal) em Brasília disse ter
verificado redução no número de vagas reservadas a candidatos com
deficiência no Sisu, o que é irregular, e solicitou esclarecimentos ao ministro da
Educação, Abraham Weintraub.
 Em 28/01/2020, o MEC divulgou, por alguns minutos, a lista com os
selecionados no Sisu, no site do sistema, apesar da decisão judicial que
suspendeu a divulgação. Em nota, o ministério admitiu o erro.
 Em 29/01/2020, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) atender um recurso
do governo federal e liberar a divulgação dos dados do Sisu, a UNE denunciou
um novo erro do MEC no processo de inscrição do sistema. De acordo com a
entidade, os alunos não estavam conseguindo optar pela lista de espera do
sistema, que é liberada quando o estudante não consegue nota o suficiente
para passar na primeira chamada dos cursos.
 Em 29/01/2020, funcionários do MEC, de forma anônima, denunciaram que os
resultados do ENEM 2019 não eram seguros. Eles disseram que o Inep refez a
conferência dos desempenhos dos participantes, mas não recalculou a
proficiência dos itens usados nas provas do exame, o que não daria segurança
aos resultados.
 Em 06/02/2020, a imprensa repercutiu a notícia de que o ministro da Educação,
Abraham Weintraub, tirou do “túnel do tempo” que fica no prédio do MEC a
exposição com 40 painéis que contavam a história recente do ministério e
transformou o local num culto exclusivo à sua gestão.
 Em 07/02/2020, o portal UOL divulgou a informação de que o MEC travou a
nomeação de 19,5 mil servidores que seriam contratados por universidades e
institutos federais para alocação em postos que ficarão vagos em 2020. Tais
vagas já estavam previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2020.
 Em 11/02/2020, em depoimento à Comissão de Educação do Senado, Abraham
Weintraub voltou a afirmar que “nenhum aluno foi atingido” com erros do MEC
no Enem de 2019 e ainda culpou alunos, “militantes” e imprensa por espalhar
fake news sobre a prova nas redes sociais.
 Em 13/02/2020, a Carta Capital denunciou que a Universidade Nacional de
Brasília recebeu a notícia de que um “oficial de inteligência” da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) atuava como vigilante no campus da instituição.
Segundo reportagem, a chegada do agente à universidade aconteceu por meio
dos dados oferecidos no “programa de descontos” promovido pelo Ministério
da Economia, de Paulo Guedes. Não se sabe ao certo quando o agente foi
lotado na universidade, mas desde que Abraham Weintraub chegou ao
Ministério da Educação, a UnB tem sido alvo do governo.
 Em 13/02/2020, o portal G1 divulgou que o investimento do governo Bolsonaro
em creches e pré-escolas foi o mais baixo em 10 anos. Segundo a reportagem,
em 2019, foram repassados a prefeituras de todo o país R$ 307,8 milhões, o
que representa 33% de queda comparado a 2018.
 Em 17/02/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que os cortes de bolsas da Capes
para pós-graduação feitos pelo governo Bolsonaro em 2019 atingiram mais
cursos do Nordeste, de áreas como engenharia, educação e medicina.
 Em 18/02/2020, o Estadão divulgou que o Ministério da Educação determinou
que as universidades e institutos federais de todo o país não pagassem aos
professores horas extras, adicional noturno e aumento de salário, em mais uma
ação de desmonte dessas instituições.
 20/02/2020 - O decreto nº 20.252 reorganizou a estrutura do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), enfraquecendo programas
importantes para o desenvolvimento dos Movimentos Sem Terra e
Quilombolas. Na reestruturação, o governo extinguiu a Coordenação
responsável pela Educação do Campo. Assim, ficou inviabilizada a continuidade
do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, o Pronera, voltado
para a formação de estudantes do campo.
 Em 02/03/2020, o ministro da Educação usou suas redes sociais para afirmar
que o Ministério da Educação vai fazer uma “limpeza” nos livros didáticos.
 Em 02/03/2020, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e o
Grupo de Trabalho Educação em Direitos Humanos, do Ministério Público
Federal, encaminharam nota técnica ao Congresso Nacional, criticando a
Medida Provisória 914, encaminhada pelo governo Bolsonaro, que dispõe
sobre a escolha dos dirigentes das universidades federais, dos institutos
federais e do Colégio Pedro II. A MP ainda precisa ser votada pelo Congresso
para se tornar efetiva. A tradição que se mantinha para a nomeação de reitores
era de que o presidente sancionasse a indicação do primeiro colocado na lista
tríplice para um mandato de quatro anos. O documento era elaborado pelo
colegiado das instituições, compostos por professores, funcionários e
estudantes da instituição. Com a MP fica definido que o presidente possa
escolher qualquer um dos três nomes, não necessariamente o mais votado pela
comunidade acadêmica, o que pode alçar ao cargo um candidato que não
tenha amplo apoio e reconhecimento da comunidade acadêmica.
 06/03/2020 – Em edital para compra de livros, o MEC retirou a exigência de
que livros didáticos seguissem princípios democráticos.
 06/03/2020 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou os
materiais escolares que o ministério da Educação enviará para as escolas dos
municípios do Brasil. O ministro mostrou os kits e pediu para que as pessoas
pressionassem os prefeitos e governadores para se incluírem no programa. O
material, no entanto, foi fabricado e distribuído pela empresa Brink Mobil, que,
segundo a Polícia Federal, está envolvida em um esquema que desviou 134,2
milhões de reais em dinheiro público da saúde e da educação na Paraíba.
 07/03/2020 - O MEC e a Capes firmaram um protocolo de intenções que pode
beneficiar uma instituição americana de coaching religioso. O acordo facilitaria
a parceria da Florida Christian University com universidades brasileiras. A
parceria foi realizada mesmo sem a Florida Christian ter passado pelos
processos de cooperação internacional da Capes. Além disso, em 2016, a
Justiça Federal do Rio Grande do Norte considerou que a entidade ofereceu
irregularmente cursos de mestrado e doutorado via instituições privadas
brasileiras.
 09/03/2020 - O subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU),
Lucas Furtado, enviou uma representação aos ministros da Corte, alertando
para que os prefeitos do País não adquirissem o kit de material escolar criado
pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. O Ministério Público junto ao
TCU solicitou que a Corte apurasse indícios de irregularidades no edital do
Ministério da Educação que pretendia adquirir mais de três milhões de kits
escolares. Furtado recomendou que os prefeitos e demais entes públicos não
destinassem recursos para essa finalidade, uma vez que “estarão adquirindo
materiais a serem fornecidos por empresas acusadas de corrupção”.
 02/04/2020 - Capes admitiu erro que cortou 6.000 bolsas, após criar novo
modelo de concessão.
 08/04/2020 - A deputada e relatora do Fundeb, professora Dorinha (DEM), quis
aproveitar a política do isolamento social e as escolas fechadas para aprovar a
adoção do “homeschooling” no país, que é a controversa prática da educação
familiar, na qual as crianças são ensinadas pelos pais. A deputada tem o apoio
da ministra Damares Alves, uma entusiasta da ideia e com quem troca ideias.
 19/03/2020 - No auge da crise da pandemia do coronavírus, o governo se
aproveitou das atenções focadas no trabalho de prevenção e tentativa de
controle da doença, para continuar agindo e assaltando os direitos nos campos
da Educação e outras áreas. A comunidade acadêmica, notadamente as áreas
da pós-graduação, foi surpreendida com mais uma medida da CAPES, (leia-se
Abrahm Weintreiub), com um corte enérgico nas bolsas de pesquisa dos cursos
de mestrado e doutorado - por meio da Portaria 34/2020, de 09 de março, da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES). Esta
nova portaria, que alterou de forma significativa as regras de distribuição de
bolsas que haviam sido divulgadas recentemente (por meio das portarias
CAPES nº 18 e 20, de 20 de fevereiro de 2020 e no 21, de 26 de fevereiro de
2020), irá ocasionar uma severa perda de bolsas nos programas de pós-
graduação, independentemente da nota ou região a que se destinam. As
primeiras portarias, que já estabeleciam cortes de bolsas na maioria dos
programas, foram substituídas por uma ainda mais rígida.
 09/04/2020 - O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação
(MEC), Janio Macedo, pediu demissão. Após comunicar a decisão ao ministro, o
secretário informou a interlocutores que se afastaria por questões pessoais e
para se dedicar a projetos próprios. Macedo era um dos poucos quadros atuais
do MEC que recebia o apoio do setor educacional. Nos bastidores, o
comentário foi de que Macedo não suportou algumas medidas empreendidas
por Weintraub.
 14/04/2020 - A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo
Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra o ministro da
Educação, Abraham Weintraub, para investigar o crime de racismo que o
ministro cometeu ao publicar declarações intoleráveis e que desrespeitavam o
povo chinês em suas redes sociais. A manifestação da PGR aconteceu após
representação enviada pelo PSOL ao órgão, solicitando a instauração de
inquérito contra o ministro.
 17/04/2020 - Foi publicada no Diário Oficial da União a demissão do engenheiro
João Luiz Filgueiras de Azevedo da presidência do CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Ele foi substituído por Evaldo
Ferreira Vilela.
 20/04/2020 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, nomeou o servidor
Josué de Oliveira Moreira, filiado ao PSL desde 2018, como reitor do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). A
decisão evidenciou mais uma tentativa de emparelhamento político das
universidades públicas do país, já que Moreira não concorreu às eleições para o
cargo no fim de 2019.
 20/04/2020 - A diretora de Avaliação da Capes, Sônia Nair Báo, pediu demissão
do cargo por causa de desgastes com a presidência do órgão com as
intervenções do MEC. O cargo que era ocupado por ela é um dos mais
relevantes da Capes, responsável pela política de avaliação dos programas de
pós-graduação.
 21/04/2020 - O Novo diretor de Avaliação da CAPES, o professor de Biologia
Celular da UnB, Marcelo Hermes-Lima, professor da UnB, gravou vídeo onde
confessou seu amor ao presidente Bolsonaro. Hermes-Lima faz parte de um
grupo de professores universitários bolsonaristas que lançou, em julho de
2019, uma associação que pretende influenciar dentro das salas de aula.
Críticos da esquerda, os docentes defendem pautas conservadoras e organizam
eventos para divulgar o movimento Docentes Pela Liberdade (DPL).

SAÚDE
 Antes mesmo de assumir a presidência, Bolsonaro questionou a formação dos
médicos cubanos e impôs condições para a continuidade da atuação destes
profissionais no Programa Mais Médicos, levando o governo de Cuba a encerrar
a participação no programa e gerando uma crise na saúde pública que se
agrava a cada dia.
 Modificou a Política de Saúde Mental, privilegiando os interesses econômicos
da indústria farmacêutica e da indústria de produção de manicômios.
 O desmonte das políticas de saúde e a degradação do SUS foram criticados por
seis ex-ministros da pasta, que lançaram um manifesto questionando propostas
do atual governo, que incluem: as mudanças nas regras de lei de trânsito, como
a dispensa do uso de cadeirinhas para bebês, a alteração no limite de
velocidade nas estradas e ainda o número de pontos para ter a carteira de
habilitação cassada — sugestões que podem trazer um aumento dos acidentes
envolvendo veículos; as restrições de políticas voltadas para direitos sexuais e
reprodutivos; as mudanças no estatuto do desarmamento; a liberação sem
critério de agrotóxicos e pesticidas; a proposta para a redução do preço do
cigarro, que poderia fragilizar a política de prevenção contra o tabagismo; o
incentivo fiscal para indústria de refrigerantes, que poderá trazer um impacto
nos indicadores de obesidade do País; e a nova política de drogas, que dá
prioridade à abstinência e às comunidades terapêuticas.
 Outra mudança que gerou inúmeras críticas foi o rebaixamento do
Departamento de IST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde para
parte de um setor mais amplo chamado Departamento de Doenças de
Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Essa mudança é
considerada muito grave, pois o setor perde em autonomia para a execução de
políticas.
 O orçamento da saúde pública teve um corte da ordem de 50% no 1º semestre
de 2019.
 Mais de 3 milhões de brasileiros deixaram os planos de saúde particular e
foram para as filas do SUS.
 Um acordo de cooperação firmado em 2016 entre a Secretaria Municipal de
Saúde de São Paulo e o Ministério da Saúde, no âmbito do programa Mais
Médicos, permitiu à prefeitura suprir em parte a demanda por esses
profissionais nas regiões mais periféricas. No entanto, os contratos expiraram
no dia 15 de setembro de 2019 e não foram renovados pelo Ministério da
Saúde. Diante do risco de falta de atendimento, a justiça determinou, em 15 de
setembro, o Ministério da Saúde prorrogue por mais seis meses o contrato de
43 médicos que atuam no programa Mais Médicos na capital.
 Novo projeto que está sendo elaborado pelos planos de saúde facilita reajustes
das mensalidades por faixa etária, derruba os prazos máximos de espera e
enfraquece a Agência Nacional de Saúde Suplementar, passando suas
atribuições para um colegiado político, o Conselho de Saúde Suplementar.
Segundo especialistas, a proposta, que se baseia apenas nos ganhos financeiros
das empresas e não tem preocupação com os impactos negativos para os
usuários de planos de saúde, sufocará ainda mais o Sistema Único de Saúde
(SUS), que terá de prestar aos clientes das operadoras os serviços negados
pelos planos.
 Com o teto de gastos e a política de cortes do governo Bolsonaro, o orçamento
do SUS em 2020 poderá ficar mais de R$ 30 bilhões abaixo do mínimo
obrigatório.
 Apesar do país estar em pleno surto de sarampo, o governo Bolsonaro propôs
um corte orçamentário no Programa Nacional de Imunização, tirando cerca de
R$ 500 milhões para vacinas do SUS.
 Governo Bolsonaro reduziu o repasse de medicamentos para combate à
tuberculose por parte do Ministério da Saúde em quase 60%, e o tratamento
de crianças com a infecção foi reduzido em São Paulo.
 Em 04/10/2019, Jair Bolsonaro vetou integralmente o Projeto de Lei que criava
o Fundo Nacional de Pesquisas para Doenças Raras e Negligenciadas, voltado
para o desenvolvimento de medicamentos, vacinas e terapias destas
enfermidades, de autoria do atual vereador de São Paulo pelo PT, Eduardo
Suplicy.
 Desde a saída dos cubanos do programa Mais Médicos, três milhões de
brasileiros perderam assistência, segundo o Ministério da Saúde.
 Na reforma psiquiátrica, o governo Bolsonaro desmontou atendimento
humanizado e está focando os recursos destinados para a área em internações
no orçamento de 2020.
 Em 03/12/2019, a imprensa denunciou que Bolsonaro está manobrando para
reduzir recursos e atendimentos do SUS. Uma nova portaria que entra em vigor
em janeiro de 2020 vai alterar a política de saúde e ferir o princípio da
universalidade garantido pela Constituição, já que as verbas federais para a
saúde pública considerarão apenas o número de cadastrados e não o total da
população.
 Em 18/12/2019, Bolsonaro sancionou a lei que criou programa Médicos pelo
Brasil, substituto do Mais Médicos, que foi desmontado pelo atual governo.
 Em 23/12/2019, o governo Bolsonaro acabou com a distribuição de repelentes
para prevenir a contaminação por Zika Vírus em mulheres grávidas – com
consequente desenvolvimento de microcefalia em bebês – e outros grupos de
risco.
 Em 23/12/2019, a deputada do PT, Erika Kokay, denunciou que o governo
Bolsonaro decidiu extinguir 27.611 cargos efetivos do seu quadro de pessoal,
por meio de um decreto. O texto proíbe a realização de concurso público para
uma série de cargos de instituições públicas. O órgão mais impactado pela
medida é o Ministério da Saúde. Foram cortados 22.476 cargos, o que
representa cerca de 81% do total. Apenas para o Agente de Saúde Pública
foram extintos 10.661 cargos.
 Em 27/12/2019, Bolsonaro vetou projeto de lei que garantia sangue e remédios
a todos os pacientes do SUS.
 Em 04/02/2020, o Estadão divulgou que o governo Bolsonaro estava
trabalhando em um projeto para permitir a importação de medicamentos sem
registro sanitário concedido pelo Brasil para distribuição a pacientes do SUS. A
proposta tira poderes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
órgão técnico, e concentra a autorização no Ministério da Saúde,

CULTURA
 Além da extinção do ministério da Cultura, o governo Bolsonaro vem adotando
uma política de ataque ideológico e censura às expressões culturais e artísticas,
bem como de cortes de recursos para projetos e eventos culturais. A Petrobras,
por exemplo, cortou patrocínio de 13 projetos culturais. Com os cortes, corre-
se o risco de eventos como o Anima Mundi, maior festival latino-americano de
animação, e os tradicionais festivais de cinema de São Paulo e de Brasília não
acontecerem.
 A Agência Nacional do Cinema (Ancine) enfrenta paralisação nos editais, com o
Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) ameaçado e sem a estrutura do Ministério
da Cultura (MinC) para assegurar a resiliência. Bolsonaro afirmou, inclusive, que
se o governo não puder impor algum filtro nas produções audiovisuais
brasileiras, por meio da Ancine, a agência será extinguida.
 Recentemente, o secretário especial de Cultura deixou o cargo, por discordar
da publicação de uma portaria do Ministério da Cidadania que suspendeu, por
180 dias, o edital “Chamamento para TVs Públicas”. O edital foi suspenso por
conter seções que contemplam a “diversidade de gênero” e a “sexualidade”,
temas censurados por Bolsonaro, que é contra o fomento a séries com
conteúdo LGBT. Com a suspensão do edital, as produções, que haviam sido
selecionadas em fase preliminar, ficam sem seu futuro definido. No início de
outubro de 2019, a Justiça Federal decidiu derrubar a portaria que suspendeu o
andamento dos projetos, e a Ancine deverá retomar a produção de séries com
temáticas LGBT+.
 No ar desde 1923, a Rádio MEC AM do Rio de Janeiro foi extinta pelo governo
Jair Bolsonaro em julho de 2019. Com uma programação totalmente voltada
para a difusão da cultura brasileira, a emissora contemplava toda a diversidade
da música brasileira, de gêneros como o choro, a música regional, a música
instrumental e de concerto.
 O novo presidente da Ancine demitiu todos os superintendentes da agência,
não alinhados com as novas práticas do governo no setor cultural.
 A diretoria da Ancine, num evidente alinhamento à censura praticada pelo
governo Bolsonaro, vetou o pedido de reembolso de mais de um milhão feito
pela produtora do filme “Mariguella”. Os produtores do filme enviaram à
imprensa uma nota sobre o cancelamento da estreia, que estava prevista para
chegar aos cinemas no dia 20 de novembro de 2019, porque continuam
enfrentando a burocracia da Ancine na liberação de verbas, que já tinham sido
usadas na produção e precisam ser ressarcidas.
 O ministro da Cidadania, Osmar Terra, afirmou que o governo escolherá os
temas dos filmes que receberão recursos públicos, ou seja, reforçando a prática
da censura no setor cultural.
 A Cinemateca Brasileira está sofrendo intervenção do governo Bolsonaro,
sendo ocupada por militares e políticos alinhados ao governo, com o intuito de
“combater o marxismo cultural” na instituição.
 O filme “Chico: Artista Brasileiro”, de 2015, sobre o grande músico brasileiro,
foi censurado pela Embaixada brasileira em Montevideo. A Embaixada, uma
das patrocinadoras do Festival Cine de Brasil 2019, a ser realizada em outubro
de 2019, avisou aos produtores do evento que o filme, que narra a trajetória
musical de Chico Buarque nos últimos 50 anos, estava proibido de integrar a
mostra, em mais uma clara ação de censura contra a cultura brasileira por
parte do governo Bolsonaro.
 O Brasil Ensemble Berlin, coro especializado em música brasileira financiado
pelo governo da capital alemã, está sendo alvo de boicote da embaixada do
Brasil na Alemanha. Desde abril de 2019, a instituição não divulga mais
apresentações do grupo em sua página na Internet. Também apagou do site
todos os registros sobre o grupo, que oferece aulas regulares gratuitas de
técnica vocal e canto, tendo como base a música brasileira.
 O diretor teatral bolsonarista Roberto Alvim atacou, duramente, nas redes
sociais, em 22 de setembro de 2019, a atriz veterana Fernanda Montenegro, de
89 anos, que foi capa de edição histórica da revista Quatro Cinco Um,
especializada em literatura, com um chamado contra a censura.
 Os comandos de ao menos cinco superintendências do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foram ocupados por indicações políticas.
Em Goiás, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal e Pará, houve a substituição
de superintendentes de perfil técnico, o que preocupa o setor e os outros
servidores do órgão nos estados.
 A companhia teatral Aquela Cia publicou uma nota em seu perfil no Facebook,
em 01/10/2019, denunciando o cancelamento arbitrário de uma de suas peças
que seriam apresentadas em mostra no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
do Rio de Janeiro. O caso é mais um episódio de censura nas artes promovido
pelo governo. Além da peça que seria apresentada no CCBB, a Caixa Cultural do
Rio de Janeiro também cancelou o patrocínio a dois projetos que já tinham sido
aprovados em edital. Em comum, esses eventos abordariam assuntos que
desagradam bolsonaristas, incluindo temáticas LGBT e críticas à ditadura. Um
dos projetos censurados na Caixa Cultural foi a mostra da cineasta Dorothy
Arzner, que discutiria temas feministas e homossexualidade.
 Depois da Caixa Cultural anunciar o cancelamento de apresentações sem
explicações claras, funcionários da Caixa Econômica Federal revelaram, em
04/10/2019, que foi criado um esquema de censura prévia, que estabelece que
todos os espetáculos devem ser sancionados pela superintendência da estatal
em Brasília e pela Secretaria de Comunicação (Secom) do governo Bolsonaro.
 O Projeto de Revitalização da Rede Federal de Teatros do governo Bolsonaro,
criado por Roberto Alvim, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte,
pretende entregar o Teatro Glauce Rocha, no centro do Rio, à Companhia Jeová
Nissi, grupo de orientação evangélica fundado em 2000.
 Em 09/10/2019, o governo Bolsonaro alterou o nome de 11 usinas
termoelétricas que durante o governo do ex-presidente Lula haviam sido
batizadas com nomes de personalidades históricas e que defenderam o Brasil
em suas vidas.
 Em 04/10/2019, o ministro Osmar Terra, da Cidadania, exonerou 19 servidores
do Centro de Artes Cênicas da Funarte.
 Em 02/11/2019, mais um membro da diretoria colegiada da Ancine foi
exonerado e, das quatro vagas, apenas uma permaneceu ocupada, por Alex
Braga, diretor desde 2017.
 Em 04/11/2019, Bolsonaro exonerou o pianista Miguel Proença da presidência
da Funarte, e convidou para o cargo o diretor do Centro de Artes Cênicas, o
dramaturgo bolsonarista Roberto Alvim, que, em setembro, atacou a atriz
Fernanda Montenegro. No mesmo dia, durante audiência convocada pela Rede
Sustentabilidade com a ministra do STF Carmen Lúcia, contra o decreto
presidencial que mudou a estrutura do Conselho Superior de Cinema e o
transferiu para a Casa Civil, o ator Caio Blat denunciou a censura promovida
pelo governo na Cultura. Gregório Duvivier também fez um discurso
memorável, no qual comparou os censores a um “sujeito pudico que passa o
dia à procura de sacanagem”, e ironizou a gestão Bolsonaro: “Este governo é
uma espécie de manancial, é um pré-sal da estupidez”.
 Em 04/11/2019, o Ministério Público Federal entrou com uma denúncia na
Justiça contra o diretor-presidente da Ancine, Christian de Castro Oliveira, sob a
acusação de prática de falsidade ideológica, uso de documentos falsos e
estelionato.
 Em 04/11/2019, a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou
proposta que permite que eventos religiosos utilizem mecanismos de fomento
previstos na Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet.
 Em 06/11/2019, Bolsonaro exonerou o economista Ricardo Braga da Secretaria
Especial de Cultura, subpasta do Ministério da Cidadania, e um dos nomes
cotados para o cargo, segundo a imprensa, é o ex-deputado federal Marcos
Soares (DEM), filho do pastor Romildo Ribeiro Soares, o R.R. Soares, líder da
Igreja Internacional da Graça de Deus.
 Em 07/11/2019, Bolsonaro transferiu a Secretaria de Cultura para o Ministério
do Turismo. No dia 08/11/, Bolsonaro publicou, no Diário Oficial da União, a
mudança, para o mesmo ministério, da Biblioteca Nacional, Funarte, Casa de
Rui Barbosa, Fundação Cultural Palmares, Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional), Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) e Ancine.
 Em 12/11/2019, ex-ministros da Cultura, de todos os governos desde 1990,
encontraram-se no Rio de Janeiro, para refutar a forma como Bolsonaro tem
lidado com o setor e resistir aos retrocessos impostos pelo seu governo. No
mesmo dia, artistas brasileiros denunciaram a censura do governo Bolsonaro à
cultura em um evento em Paris, na França.
 Em 19/11/2019, o ex-diretor da Funarte, nomeado como Secretário Especial de
Cultura por Bolsonaro, Roberto Alvim, chocou delegações estrangeiras ao
proferir um discurso ultraconservador com ataques à classe artística nacional,
na reunião anual da Unesco, realizada em Paris, França.
 Em 27/11/2019, a Secretaria de Cultura do governo nomeou para presidir a
Fundação Palmares, entidade criada para defender e fomentar a cultura e
manifestações afro-brasileiras, Sérgio Nascimento Camargo, que mesmo sendo
negro, é abertamente racista e costumeiramente ataca personalidades e
questões que são importantes para o movimento negro. Em 04/12/2019, o juiz
Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará, acatou ação
popular e suspendeu a nomeação feita pelo ministro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni. Após a decisão, o governo também suspendeu a nomeação.
 Em 27/11/2019, Bolsonaro editou a MP 907/2019, que traz uma série de ações
voltadas para o setor do turismo. Entre as medidas, o texto isenta os hotéis do
pagamento de direitos autorais por músicas executadas em quartos de
estabelecimentos, o que foi criticado pela classe artística.
 Em 28/11/2019, o secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, escolheu o
seguidor de Olavo de Carvalho, Rafael Alves da Silva, que se apresenta como
Rafael Nogueira, como escolhido para substituir Helena Severo na presidência
da Biblioteca Nacional.
 Em 02/12/2019, o novo presidente da Funarte, Dante Mantovani, que é
maestro e discípulo de Olavo de Carvalho, disse, em seu canal do Youtube, que
os Beatles surgiram para implantar o comunismo e que o rock incentiva o sexo
e a indústria do aborto.
 Em 03/12/2019, a Ancine deixou de apoiar as produções nacionais, retirando
de seu site e de seus corredores os cartazes de filmes nacionais que estão em
exibição nos cinemas.
 Em 04/12/2019, a imprensa divulgou que o músico Chico Buarque receberá o
Prêmio Camões, mesmo sem a assinatura de Jair Bolsonaro, no dia 25 de abril
de 2020, em Lisboa, de acordo com o Ministério da Cultura de Portugal.
 Em 06/12/2019, o governo Bolsonaro decidiu, em resolução, que várias
profissões ligadas à produção cultural não poderão mais ser enquadradas como
MEI (Microempreendedor Individual), a partir de janeiro de 2020. No entanto,
após protestos, Bolsonaro recuou e informou que revogará a resolução.
 Em 09/12/2019, a Ancine vetou a exibição do filme brasileiro “A vida invisível”,
estrelado por Fernanda Montenegro. O filme seria exibido para servidores
como parte de um processo de capacitação que ocorre mensalmente.
 Em 10/12/2019, parlamentares do PSOL, PT, PDT e PCdoB denunciaram o
governo Bolsonaro à ONU por censura às artes e à cultura.
 Em 27/12/2019, Bolsonaro vetou integralmente o projeto de lei que prorrogava
até 2024 o Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade
de Exibição Cinematográfica (Recine) e a Lei do Audiovisual. Ambos têm o
objetivo de oferecer incentivos tributários às produções cinematográficas
brasileiras. O Recine também concede incentivos a empresas que operam em
aquisições do setor no mercado interno, como a expansão e modernização de
salas de cinema ou o investimento em obras nacionais independentes.
 03/01/2020, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com novo recurso no
Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) contra a suspensão da
nomeação do jornalista Sérgio Camargo para o posto de presidente da
Fundação Palmares.
 Em 08/01/2020, o governo Bolsonaro exonerou, da Casa de Rui Barbosa, o
diretor de pesquisa, Antonio Lopes, e quatro chefes do centro de pesquisa. São
eles, o cientista político Charles Gomes, a jornalista Jöelle Rouchou, a ensaísta
Flora Sussekind e o sociólogo e premiado escritor José Almino de Alencar, filho
de Miguel Arraes. O quinteto era uma espécie de alma da Casa de Rui, uma das
mais importantes instituições culturais do Brasil.
 Em 15/01/2020, Bolsonaro nomeou uma integrante da Opus Dei, Luana Rufino,
para o cargo de diretora interina da Ancine.
 Em 16/01/2020, Bolsonaro anunciou, junto ao secretário da Cultura, Roberto
Alvim, iniciativas ao fomento à cultura voltadas para conservadores, e afirmou
que haveria uma curadoria para escolha de projetos, o que, na verdade, trata-
se de censura prévia do governo.
 Em 16/01/2020, o secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, copiou uma
citação do ministro de propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, em
um vídeo para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, causando indignação
nacional. Após a repercussão negativa do episódio, em 17/01/2020, Alvim foi
demitido do cargo.
 Em 17/01/2020, Bolsonaro convidou a atriz de direita Regina Duarte para
substituir Roberto Alvim no posto de comando da Secretaria Especial de
Cultura. Em 20/01/2020, interlocutores afirmaram que Regina aceitou o
convite do presidente.
 Em 19/01/2020, The Intercept divulgou documento oficial, revelando que,
apesar da demissão de Alvim, ideais nazistas continuarão sendo pregados na
área cultural do governo Bolsonaro.
 Em 20/01/2020, integrante do Ministério Público Federal (MPF), a Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), divulgou um documento no qual pede
a anulação de todos os atos de Roberto Alvim no comando da Secretaria
Especial de Cultura do governo Bolsonaro. A representação também pediu que
Alvim fosse responsabilizado administrativa e criminalmente.
 Em 22/01/2020, bandas de rock foram proibidas em edital da Funarte para
distribuição de instrumentos de sopro, referente ao Prêmio de Apoio a Bandas
de Música 2020. Nenhum outro gênero musical foi vetado explicitamente.
 Em 24/01/2020, o manifesto do Festival de Cinema de Gotemburgo, na Suécia,
denunciou uma guerra cultural em curso no Brasil, com Bolsonaro como
protagonista e a indústria cinematográfica brasileira como a arena principal. O
documento também representou um ato de solidariedade aos cineastas
brasileiros e um tributo à cultura cinematográfica brasileira.
 Em 01/02/2020, a imprensa brasileira divulgou que a nova secretária de Cultura
do governo Bolsonaro, Regina Duarte, foi alvo de duras críticas de membros da
classe artística. Regina publicou nas redes sociais fotos dos atores que teriam
apoiado a ida dela para a secretaria, porém, os mesmos atores expostos
teceram duras críticas a esta exposição e pediram à Regina que retirasse suas
imagens do material produzido.
 Em 07/02/2020, artistas, intelectuais e políticos do Brasil e de diversos países
lançaram um manifesto contra o cerceamento de instituições culturais,
científicas e educacionais, além da imprensa, pelo governo Bolsonaro. No texto,
os manifestantes convocaram a comunidade internacional a se manifestar
publicamente contra a censura no país.
 Em 18/02/2020, o jornal O Globo fez um levantamento do financiamento da
produção de filmes e séries nacionais pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA)
e chegou a um número expressivo de projetos paralisados, entre 400 e 600,
desde que Bolsonaro assumiu o governo.
 Em 21/02/2020, Bolsonaro encaminhou para apreciação do Senado a indicação
de dois nomes ligados à igreja evangélica para diretoria da Ancine: Edilásio
Barra e Veronica Brendler. A diretoria é composta por quatro integrantes.
 Em 27/02/2020, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de
Camargo, sob o argumento de que precisa “montar uma nova equipe de
extrema-direita, retirou dos cargos “negros com reconhecida trajetória em
políticas públicas em prol da cultura afro-brasileira”.
 Em 04/03/2020, a atriz Regina Duarte assumiu oficialmente a Secretaria de
Cultura do governo Bolsonaro.
 08/03/2020 - Regina Duarte, nova Secretária Nacional da Cultura, reforçou em
entrevista ao Fantástico os planos para a sua gestão. Em resposta ao jornalista
Ernesto Paglia, a atriz disse que o governo era para todos, mas que as minorias
buscassem patrocínio na sociedade civil, já que o governo não iria usar dinheiro
público para produzir filmes para agradar minorias.
 09/03/2020 - O ministro-chefe da Casal Civil, general Walter Souza Braga Netto,
decidiu anular a nomeação de Maria do Carmo Brant de Carvalho para a
Secretaria da Diversidade Cultural, que integra a Secretaria Especial da Cultura,
agora comandada pela atriz Regina Duarte. A nomeação de Maria do Carmo foi
publicada pela manhã no Diário Oficial da União. No fim da tarde, porém, em
edição extra, constou que a portaria foi suspensa.
 10/03/2020 - Uma portaria publicada no Diário Oficial da União anunciou a
centralização de poder da Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério do
Turismo, nas mãos do presidente da instituição Sérgio Camargo, que afirmou
estar tirando “esquerdistas” do governo. A publicação extinguiu diversas
comissões e comitês administrativos de diversos braços da Fundação Palmares,
que tem como princípio o dever de preservar e promover as culturas negras
presentes no País. A portaria acabou com comitês técnicos, como os de
governança, dados abertos, gestão de logística sustentável e segurança da
informação, e também alterou membros do Memorial Quilombo dos Palmares,
sediado em Alagoas.
 01/04/2020 - O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, nomeou um ex-
assessor do vereador Carlos Bolsonaro para o cargo de diretor do Centro de
Programas Integrados (Cepin) da Funarte, com sede no Rio de Janeiro. Formado
em Direito, Luciano da Silva Barbosa Querido será responsável pela
preservação, registro e difusão do acervo da instituição. O Cepin inclui o Centro
de Documentação e Informação (Cedoc), a Coordenação de Difusão e Pesquisa
(Codip) e a Gerência de Edições da entidade.
 17/04/2020 - A blogueira de viagens Monique Aguiar foi nomeada por Marcelo
Álvaro Antônio, Ministro do Turismo, como superintendente do IPHAN do Rio
de Janeiro. De acordo com a nomeação, publicada no Diário Oficial da União,
Monique Aguiar será coordenadora da Coordenação Técnica da
Superintendência do instituto no Estado. Em 31/03/2020, Monique usou suas
redes sociais para atacar e ofender beneficiários do auxílio emergencial de 600
reais que o governo federal dará às pessoas mais vulneráveis: “libera logo,
Bolsonaro, os R$ 600 para calar a boca desses pobres de espírito que não
gostam de trabalhar”. Dias depois, ironizou dizendo que os críticos do
presidente teriam sumido, porque estariam “ocupados fazendo o cadastro para
receber o auxílio”.
 17/04/2020 – Em sua rede social, o presidente da Fundação Cultural Palmares,
Sérgio Camargo, afirmou que os projetos de rappers deveriam ser submetidos à
“rigorosa checagem” da vida pregressa dos artistas, para impedir que
“capachos da esquerda” e demais grupos fossem contemplados.

ESPORTE
 Em 03/02/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que o governo Bolsonaro fez uma
redução de 94% nos aportes financeiros ao Programa de Incorporação de
Atletas de Alto Rendimento às Forças Armadas Brasileiras (PAAR), que permite
que atletas olímpicos treinem em instalações militares com o objetivo de
melhorar o desempenho das equipes olímpicas e olímpicas militares. O
programa foi criado em 2008 pelo governo Lula.

MEIO AMBIENTE
O governo Bolsonaro já pode ser considerado o mais desastroso da história
ambiental brasileira. Logo que assumiu, o presidente cogitou extinguir o ministério
do Meio Ambiente. Apesar de não ter levado a ideia adiante, as políticas que vêm
sendo adotadas têm enfraquecido as políticas ambientais.
 A Agência Nacional das Águas foi para o ministério do Desenvolvimento
Regional, e o Serviço Florestal Brasileiro não só foi para o ministério da
Agricultura como passou a ser chefiado por um ruralista, que critica
abertamente o percentual de preservação de áreas verdes em propriedades
rurais.
 O ministério anunciou a revisão de todas as Unidades de Conservação do País,
prevendo a possibilidade de mudanças nos critérios técnicos e até extinção de
unidades.
 O filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro, apresentou um projeto de lei
defendendo o fim das reservas legais em propriedades rurais que, se aprovado,
pode levar ao desmatamento de 167 milhões de hectares (o equivalente a 30%
de toda a vegetação nativa do Brasil).
 O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis) foi enfraquecido, comprometendo a fiscalização contra o
desmatamento, pesca ilegal, entre outros. Para se ter uma ideia, as multas
aplicadas por desmatamento ilegal foram reduzidas ao menor nível em 11
anos. Em outra clara atitude de enfraquecimento da atuação do IBAMA,
Bolsonaro proibiu que o órgão realizasse a queima de veículos usados por
madeireiros para exploração ilegal, um procedimento previsto na legislação
ambiental
 Após o ministro Ricardo Salles desqualificar as ações do ICMBio (Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade) e ameaçar investigar seus fiscais, o
presidente do instituto pediu demissão. A crise desencadeada pela demissão
abriu caminho para a reformulação total do órgão, com a contratação de
policiais no lugar de especialistas em biodiversidade.
 O governo também está promovendo um desmantelamento da política
climática, classificada pelo ministro como tema não prioritário, apesar do
impacto que o aquecimento global vem causando no clima. Além de cortar 95%
da verba destinada para essa política, o ministro exonerou o coordenador
executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.
 Ao criticar o modelo de gestão do Fundo Amazônia (tem por finalidade captar
doações para investimentos não-reembolsáveis em ações de prevenção,
monitoramento e combate ao desmatamento, e de promoção da conservação
e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia), Ricardo Salles abriu
uma crise com os seus principais financiadores, entre eles, Noruega e
Alemanha, que respondem por 95% dos recursos destinados ao fundo.
 O desmonte da política ambiental brasileira, comprometendo a fiscalização e a
prevenção do desmatamento, levou o Tribunal de Contas da União a abrir um
processo investigativo, que incluiu, também, uma apuração sobre a intensa
liberação de agrotóxicos no País, bem como se as críticas do ministro ao Fundo
Amazônia são procedentes.
 No início de agosto de 2019, após o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais
(Inpe) divulgar dados que mostravam um aumento de 88% no desmatamento
da Amazônia no mês de junho em relação ao mesmo mês de 2018, Bolsonaro
contestou os dados e, após inúmeras críticas, demitiu o diretor do instituto,
Ricardo Galvão, demonstrando, mais uma vez, a sua aversão à ciência.
 As queimadas na Amazônia são a crise mais grave do governo na área
ambiental. Entre os dias 10 e 11 de agosto de 2019, em manifestação de apoio
aos discursos antiambientais de Bolsonaro, proprietários de terra realizaram o
“Dia do Fogo”, promovendo intensas queimadas na região Amazônica, cujos
efeitos catastróficos foram vistos e sentidos até mesmo em cidades da região
Sudeste do País. Ao invés de atuar de imediato para combater os incêndios
criminosos, Bolsonaro ampliou o problema, acusando, sem provas, ONGs que
atuam na região de serem responsáveis pelas queimadas. A crise ganhou
dimensão internacional quando o presidente francês, Emmanuel Macron,
chamou os incêndios na Amazônia de “crise internacional” e decidiu incluir o
tema na agenda do G7, e foi desrespeitosamente criticado por Bolsonaro. A
fala do presidente teve repercussão negativa no Brasil e no mundo, inclusive
com fortes pressões comerciais internacionais, que o levaram a fazer um
pronunciamento e autorizar a ida das Forças Armadas para fiscalizar e conter as
queimadas na região. Bolsonaro, no entanto, tem mantido o discurso que
minimiza a gravidade das queimadas, negou-se a receber 20 milhões de dólares
de ajudo do G7 e tem feito declarações contra o chefe de Estado francês,
fazendo com que a crise esteja longe de um fim.
 A paralisação da captação de recursos do Fundo Amazônia causada pelas
atitudes e declarações desastrosas de Jair Bolsonaro e seu ministro do Meio
Ambiente não será o único prejuízo para o país. O Fundo já havia doado cerca
de US$ 1,3 bilhão ao país antes da paralisação. Outras doações programadas
devem ficar definitivamente canceladas.
 Após editar um Decreto, em 28/08/2019, proibindo queimadas em todo o País
por 60 dias, Bolsonaro recuou na medida e liberou o “emprego de fogo” em
regiões fora da Amazônia Legal.
 Apesar da crise das queimadas na Amazônia, o governo Bolsonaro reduziu em
34% a verba para combater incêndios em 2020.
 Na contramão da defesa da Amazônia, o governo Bolsonaro nomeou como
novo superintendente do Ibama no Ceará, o coronel Ricardo Célio Chagas
Bezerra, dono de uma fazenda de exploração de madeira em Altamira, no
interior do Pará.
 Os municípios dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, que
dependem de mais arrecadação para ampliar e melhorar sua oferta de serviços,
poderiam ter arrecadado, entre 2017-2018, um total de R$ 1,5 bilhão com o
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). Em vez disso, receberam
apenas R$ 240 milhões. Segundo pesquisadores do Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon), que fizeram os cálculos, todas essas perdas
são causadas por ações de ruralistas. De olho na redução ou isenção do
imposto sobre propriedade rural, fazendeiros maquiam valor de suas terras,
interferem nas bases de cálculo ao pressionar governos e prefeituras e
defendem mudanças na legislação, tornando-as ainda mais amigáveis aos seus
interesses.
 Apesar da dimensão internacional que as queimadas na Amazônia ganharam,
outros biomas brasileiros continuam com focos de incêndio recorde no país. É o
caso do Pantanal, que entre janeiro e setembro de 2019, apresentou um
número de focos de incêndio 334% maior do que o registrado no mesmo
período de 2018.
 O Ministério do Meio Ambiente nomeou o advogado de infratores ambientais
Lucas Dantas de Souza como superintendente do Ibama em Santa Catarina, no
início de setembro de 2019.
 Apesar do discurso de proteção ao meio ambiente, representantes de
garimpeiros, que atuam em exploração ilegal em áreas da floresta nacional do
Crepori, no Pará, receberam um inédito respaldo do Governo Federal, ao se
reunir com várias autoridades do primeiro escalão do Planalto (entre elas,
estavam o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, do Gabinete de Segurança
Institucional, Augusto Heleno, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles) no dia 16 de
setembro de 2019. O grupo conseguiu o encontro em Brasília, após bloquear
trecho paraense da rodovia BR-163, em protesto contra a atuação de fiscais do
IBAMA, do ICMbio e agentes da Força Nacional. A ação dos fiscais, feita antes
do bloqueio, terminou com a queima de retroescavadeiras e maquinários
usados pelos invasores, uma prerrogativa legal que os agentes de fiscalização
possuem. Os garimpeiros pressionaram Salles para rever essa lei e punir os
servidores.
 The Intercept Brasil revelou, em 20 de setembro de 2019, o plano de Bolsonaro
para exploração selvagem da Amazônia, que inclui destruir a floresta para
explorar riquezas, extrair minério, facilitar a intervenção de megacorporações,
fazer grandes obras, ocupar terrenos cultiváveis e atrair novos habitantes. O
projeto, chamado Barão de Rio Branco, existe desde fevereiro e vem sendo
apresentado pelo governo em reuniões fechadas para autoridades e
empresários.
 O Vaticano divulgou, no dia 20 de setembro, vídeo no qual confrontou o
governo Bolsonaro e desmentiu uma das fake news que o bolsonarismo tem
divulgado para atacar o Sínodo da Amazônia, que ser reunirá de 6 e 27 de
outubro em Roma. No vídeo, o diretor editorial do Dicastério para a
Comunicação Vaticano, Andrea Tornielli, respondeu à falsa acusação de que o
Papa Francisco e os bispos pretenderiam "desmembrar territórios da Amazônia
e declará-los independentes".
 Como reflexo da política ambiental de incentivo ao desmatamento, promovida
pelo governo Bolsonaro, o discurso do presidente do Brasil na Cúpula do Clima
da ONU, que aconteceu em 23 de setembro de 2019, foi vetado pela
Organização. A ONU convidou, no lugar de Bolsonaro, o governador de
Pernambuco, Paulo Câmara, para dar uma palestra na cúpula.
 Em palestra realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 24 de
setembro de 2019, o ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) Ricardo Galvão denunciou que, somente em janeiro, o Inpe fez 1.300
alertas de desmatamento e, em julho, foram 1.800 alertas, e nada foi feito pelo
Ibama.
 The Intercept Brasil denunciou a agenda secreta do ministro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles no exterior, no final de setembro e início de outubro
de 2019. Ao invés de defender as questões ambientais, Salles fez encontros
com empresas que produzem agrotóxicos (Bayer e Basf) e mineradoras.
 Em documento oficial, servidor do IBAMA informou que os reforços que o
governo Bolsonaro enviou para conter os incêndios na Amazônia se recusaram
a cooperar em ao menos três operações, pois elas poderiam resultar em
destruição de maquinários de garimpeiros ou madeireiros ilegais, evidenciando
o alinhamento do governo com desmatadores.
 Advogados e ativistas internacionais anunciaram que querem levar Bolsonaro a
julgamento na Corte de Haia por ecocídio, que representa a destruição
intencional e indiscriminada do meio ambiente.
 Em 30 de setembro de 2019, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Og
Fernandes negou pedido de liminar da deputada federal Fernanda Melchionna
(PSOL) para ter amplo acesso a dados do Ministério da Ciência sobre a
Amazônia. A deputada buscou o Judiciário afirmando que o ministro da Ciência,
Marcos Pontes, estaria restringindo o acesso aos dados do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) e demais órgãos de fiscalização da Amazônia.
 Bolsonaro declarou, em 01 de outubro de 2019, em frente ao Palácio do
Planalto, a garimpeiros da região de Serra Pelada, no estado do Pará, que “o
interesse na Amazônia não é no índio, nem na porra da árvore, é no minério”,
mais uma vez, evidenciando o alinhamento de seu governo com desmatadores.
 No fim de julho de 2019, o IBAMA se tornou réu em uma ação civil pública
impetrada pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal de Tabatinga, no
Amazonas, por se omitir na aplicação da lei que autoriza fiscais do órgão a
destruir balsas, dragas ou qualquer equipamento apreendido do garimpo ilegal
na região. Esta é mais uma demonstração da resistência do governo Bolsonaro
em atuar no combate ao garimpo ilegal e ao desmatamento na Amazônia.
 Em meio à contaminação do oceano com petróleo cru que atingiu quatro de
cada dez cidades do litoral nordestino, Carlos Minc, ex-ministro do Meio
Ambiente, denunciou que o vazamento observado desde o começo de
setembro poderia ter sido melhor controlado se o governo Bolsonaro tivesse
colocado em prática o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de
Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional, previsto no decreto
número 8.127, de dezembro de 2013.
 Segundo o INPE (11/10/2019), o desmatamento na Amazônia está aumentando
e foi 96% maior em setembro de 2019, se comparado com setembro de 2018.
 Somente em 11/10/2019, 41 dias após o início dos vazamentos de óleo no
litoral do Nordeste, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acionou o
Plano Nacional de Contingência (PNC) para lidar com situações do gênero.
 No dia 14/10/2019, deputados federais de oposição denunciaram, no Sínodo
para a Amazônia, em Roma, na Itália, os ataques do governo Bolsonaro à
floresta e os povos tradicionais da região amazônica. Um documento contendo
resultados de diligências e investigações sobre os ataques do Estado brasileiro
foi entregue no evento aos representantes do Vaticano.
 Sobre o desastre ambiental referente aos vazamentos de óleo no litoral do
Nordeste, a Marinha confirmou, em 17/10/2019, que recolheu um barril cheio
de óleo com o logotipo da petrolífera transnacional Shell nas proximidades da
Ponta de Tabatinga, no Rio Grande do Norte.
 Em 18/10/2019, o Ministério Público Federal (MPF) moveu uma ação pedindo
que a Justiça obrigasse o governo Bolsonaro a acionar em 24 horas o Plano
Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob
Jurisdição Nacional, para conter o derramamento de óleo no litoral do
Nordeste.
 Em 19/10/2019, a imprensa divulgou que Bolsonaro assinou, no início de abril
de 2019, um decreto extinguindo vários conselhos da administração federal,
encerrando as atividades de dois comitês que faziam parte do Plano Nacional
de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC), o que
contribui, portanto, para o agravamento da crise gerada pelo vazamento de
óleo no litoral do Nordeste.
 Em 21/10/2019, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, entrou em um
embate com a ONG Greenpeace pelas redes sociais sobre o vazamento de óleo
que atinge o litoral do Nordeste, chegando a acusar a organização pelo crime
ambiental. Para agravar o embate, no dia 25/10/2019, Bolsonaro endossou as
acusações de seu ministro e culpou o Greenpeace pelo vazamento de óleo que
atinge as praias do Nordeste. Bolsonaro ainda os chamou de “terroristas”. A
ONG anunciou, em 24/10/2019, que vai acionar a justiça contra o ministro do
Meio Ambiente.
 Em 22/10/2019, a imprensa divulgou que as investigações das polícias Civil e
Federal concluíram que fazendeiros e empresários de Novo Progresso/Pará
foram responsáveis pelo “Dia do Fogo”, que gerou as grandes queimadas na
Amazônia, nos dias 10 e 11 de agosto de 2019.
 A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos
Deputados aprovou, em 23/10/2019, um relatório que permite a instauração
de um grupo parlamentar para investigar a atuação do ministro Ricardo Salles
em relação às queimadas na Amazônia.
 A crise ambiental causada pelo vazamento de óleo no litoral do Nordeste
começou a prejudicar pescadores, que não estão conseguindo comercializar
peixes por conta do risco de contaminação. Além disso, vários cidadãos que
têm auxiliado como voluntários na limpeza das praias apresentaram
intoxicação após contato com o óleo, evidenciando que a condução equivocada
do governo Bolsonaro no trabalho de contenção pode, também, causar
problemas sérios de saúde pública.
 De acordo com informe de 23/10/2019 de várias organizações, incluindo o
Fundo Mundial para a Natureza (WWF), os botos da Amazônia estão
contaminados por mercúrio como possível consequência do uso deste metal
em atividades de mineração na região.
 Em 25/10/2019, a imprensa divulgou que o Ministério do Meio Ambiente
cometeu uma série de violações no tratamento que deu ao problema das
manchas de petróleo nas praias nordestinas, segundo o documento formulado
pelo governo em 2018, o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de
Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional (PNC). Desde o início da
chegada das manchas ao litoral nordestino, em 30/08/2019, 14 unidades de
conservação federais foram atingidas pelo óleo. Entre as regiões afetadas estão
parques nacionais, áreas de proteção ambiental, reservas extrativistas, reservas
biológicas e áreas de interesse ecológico.
 Ignorando os protocolos e especialistas, o governo Bolsonaro disse, em
25/10/2019, que a limpeza do óleo é suficiente para liberar praias do Nordeste
para o turismo.
 Em 29/10/2019, os vazamentos de óleo já tinham atingido 238 praias e 89
cidades, em consequência da demora do governo Bolsonaro em agir para
contenção do desastre. Os efeitos negativos são variados, como, por exemplo:
comprometimento da produção de ostras na cidade de Porto de Pedras, na
faixa litorânea norte de Alagoas; chegada do óleo em Abrolhos, que é berço de
várias espécies marinhas; prejuízo para pescadores, que estão com peixes,
camarões e mariscos estocados e não encontram compradores, pois os
potenciais consumidores temem a contaminação; prejuízos ao setor de turismo
na região Nordeste; e chegada do óleo na foz do Rio São Francisco, no
município de Piaçabuçu, litoral extremo sul de Alagoas, e em praias da região
Sudeste.
 Com a aproximação de manchas de óleo no litoral Sudeste, uma ONG de
Peruíbe/SP acionou o Ministério Público Estadual para cobrar das autoridades a
implantação de medidas emergenciais de prevenção no início de novembro de
2019. Por meio do Consórcio do Nordeste, os governadores dos estados
nordestinos afetados pelos vazamentos emitiram uma nota, em 30/10/2019,
para que o governo federal mobilizasse recursos financeiros, políticos e
científicos para a imediata retirada do óleo das praias e para barrar a chegada
de novas manchas no litoral. Diante do descaso do governo Bolsonaro com o
desastre, no início de novembro de 2019, o governo de Pernambuco lançou um
edital de R$ 2,5 milhões para convocar pesquisadores de 12 áreas, para dar
respostas sobre os impactos desse desastre.
 Ao invés de atuar no sentido de minimizar os impactos do desastre do
vazamento de óleo, o governo Bolsonaro tem agravado a situação, com
medidas de censura, ou com a negação dos impactos do desastre. Bolsonaro
impôs censura a funcionários dos órgãos federais de pesquisa – como o INPE,
por exemplo –, ameaçando de exoneração quem falar sobre o desastre ou
contestar as informações do governo. Além disso, em 30/10/2019, a pedido do
secretário da Pesca – que recentemente fez um vídeo absurdo, dizendo que os
peixes são inteligentes e fogem do óleo e que, portanto, as pessoas não
precisam se preocupar com o risco de contaminação ao consumir pescados –, o
presidente do ICMBio, Homero de Giorge Cerqueira, alterou o plano de
proteção de manguezais, o que pode fazer com que essas áreas fiquem ainda
mais fragilizadas. Por fim, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em
audiência pública na Câmara dos Deputados no dia 06/11/2019, não deu
explicações para a falta de iniciativa do governo, nem assumiu a
responsabilidade pelos impactos negativos do desastre, e ainda culpou as
administrações do PT pela “fragilização de órgãos ambientais” no Brasil e pelas
dificuldades de resposta do Estado em situações de crise.
 O Repórter Brasil denunciou, em 29/10/2019, que mesmo após o “Dia do Fogo”
na Amazônia, madeireiros continuam atuando na região de Novo Progresso/PA,
extraindo madeira ilegalmente e ameaçando e assassinando lideranças locais
que protegem a floresta. Em 30/10/2019, Bolsonaro afirmou, em evento a
investidores na Arábia Saudita, que "potencializou" as queimadas na Amazônia
brasileira ocorridas nos últimos meses por discordar da política ambiental de
governos anteriores. Com essa postura do governo e a atuação ilegal de
madeireiros na região, dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD)
mostraram, em 06/11/2019, que a Amazônia perdeu 802 km² de floresta em
setembro, um aumento de 80% em relação a setembro de 2018, e o estado
mais atingido foi o Pará.
 Entre os dias 17 e 18/10/2019, o governo enviou ao Congresso a MP 900/2019,
que trata da conversão de multas ambientais. Em linhas gerais, a MP autoriza o
governo a criar um “fundo privado” para operar o dinheiro das multas e dá
autonomia total ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para definir
como serão usados esses recursos, que podem chegar a 15 bilhões. O valor é
25 vezes maior do que o orçamento de 2020 para a todo o Ministério.
 Em 29/10/2019, o ministro do STF Edson Fachin determinou o arquivamento do
pedido de impeachment de Ricardo Salles, protocolado por senadores de
oposição em 22/08/2019. No mesmo dia, os parlamentares informaram que
vão apelar para o plenário do STF, após essa decisão.
 Em 31/10/2019, Ricardo Salles teve a sua filiação suspensa pelo Conselho de
Ética do partido Novo. A decisão foi tomada no processo que avalia a expulsão
do ministro, solicitada pelo deputado estadual do Novo, Chicão Bulhões.
 Em 04/11/2019, a imprensa divulgou a gravidade das queimadas que atingem o
Pantanal do Mato Grosso, já provocou a destruição de uma área equivalente ao
tamanho da cidade do Rio de Janeiro, segundo informações do Inpe.
 Em 05/11/2019, Bolsonaro voltou a prometer a garimpeiros que vai atuar para
impedir a destruição de máquinas apreendidas durante ações de fiscalização
ambiental e insinuou que poderá agir contra o responsável pelo setor no Pará.
 Em 06/11/2019, Bolsonaro revogou o decreto que protegia, há dez anos, a
Amazônia e o entorno do Pantanal da expansão da cana-de-açúcar, em medida
que busca atender a demandas industriais do setor, ou seja, beneficiar
usineiros.
 Em 08/11/2019, o ICMBio substituiu o biólogo marinho Iran Normande da
chefia da Costa dos Corais e nomeou o Policial Militar Wenderson Guilherme.
 Em 11/11/2019, o Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (Mapa)
emitiu nota, defendendo que o pescado de áreas atingidas por óleo no
Nordeste estava apto para consumo. Contrariando o governo, especialistas que
participaram do painel “UPE de olho no petróleo”, na Universidade de
Pernambuco, recomendaram que a população evite pescado e frutos do mar
pelos próximos meses.
 Em 15/11/2019, a revista Época divulgou que o ministro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni, promoveu uma reunião em seu gabinete com lideranças do interior
do Pará, entre elas um empresário acusado de compra de ouro ilegal e réu por
uso de cianeto na Amazônia, além de invasor de terra dos índios ianomâmi.
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, e o general Augusto Heleno, do
Gabinete de Segurança Institucional, também estavam no encontro, que
contou, ainda, com a presença de 15 representantes de garimpeiros.
 Em 18/11/2019, Bolsonaro foi denunciado por “crime de lesa-pátria” no
Ministério Público Federal no Amazonas, por conta da revogação de um
decreto que protegia os biomas Amazônia e Pantanal da expansão de cana-de-
açúcar.
 Em 18/11/2019, o INPE divulgou a informação de que, entre 1º de agosto de
2018 e 31 de julho de 2019, o desmatamento na Amazônia cresceu 29,5% em
relação ao período anterior, o que corresponde a 9.762 quilômetros quadrados
de área desmatada, o maior saldo dos últimos 11 anos. Os pesquisadores de
instituições federais brasileiras, no entanto, decidiram não assinar o estudo por
medo de represálias do governo Bolsonaro.
 Em 18/11/2019, a imprensa divulgou que o vazamento de óleo já afetou 643
localidades na região Nordeste, entre praias, mangues, rios e ilhas.
 Em 19/11/2019, a imprensa divulgou que o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit) decidiu contratar um projeto executivo de
engenharia para asfaltar a BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM),
mesmo não possuindo a licença ambiental prévia que comprova a viabilidade
do empreendimento.
 Em 19/11/2019, o Estadão divulgou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, atrasou em cinco meses a publicação das metas institucionais que
devem ser atingidas todos os anos pelos servidores do Ibama, com impacto
direto na remuneração de cada um dos funcionários do órgão.
 Em 22/11/2019, documento assinado pelo presidente do Ibama, Eduardo Bim,
flexibilizou as normas de fiscalização e multa a compradores da madeira ilegal
que tenha sido comercializada com base em documentos de origem florestal
(DOFs) fraudados.
 Em 22/11/2019, a Justiça de São Paulo autorizou a quebra dos sigilos bancário e
fiscal de Ricardo Salles.
 Em 23/11/2019, a imprensa divulgou que Bolsonaro quer liberar exportação “in
natura” de madeira da Amazônia.
 Em 23/11/2019, os vazamentos de óleo que atingiram o Nordeste chegaram ao
Rio de Janeiro. No dia 25/11, o movimento socioambientalista Baía Viva
ingressou com ação para pedir o afastamento do ministro Ricardo Salles, e a
decretação de estado de emergência em saúde pública devido à chegada do
óleo no Estado.
 Em 26/11/2019, o Ministério Público de São Paulo pediu a condenação em
segunda instância do ministro Ricardo Salles, por fraudar um plano ambiental
no período em que foi secretário do ex-governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), para beneficiar a Fiesp, presidida por Paulo Skaf.
 Em 26/11/2019, ambientalistas se manifestaram sobre a operação Fogo do
Sairé, que investiga a origem dos incêndios que atingiram a região de Alter do
Chão, em setembro de 2019. A polícia civil do Pará prendeu quatro brigadistas
da Brigada de Alter e apreendeu computadores e documentos da ONG Saúde e
Alegria, que atua na região, alegando envolvimento destes grupos com as
queimadas. É importante destacar que, na investigação federal, são grileiros, e
não brigadistas, os suspeitos de envolvimento nas queimadas. Apesar disso,
tanto o ministro do Meio Ambiente quanto Bolsonaro se anteciparam em
acusar os brigadistas e a ONG de envolvimento criminoso nos incêndios
publicamente.
 Em 28/11/2019, o juiz Alexandre Rizzi determinou a soltura dos quatro
brigadistas que foram presos injustamente em investigação sobre incêndios
florestais na APA Alter do Chão, em Santarém, Pará. No mesmo dia, o governo
do Pará decidiu trocar o delegado responsável pelo inquérito que acabou com a
prisão dos quatro ambientalistas e determinou que a investigação agora será
conduzida pelo diretor da Delegacia Especializada em Meio Ambiente, Waldir
Freire. Apesar disso, Bolsonaro voltou a dizer que as ONGs têm
responsabilidade por parte dos incêndios e pediu que seus seguidores deixem
de contribuir financeiramente com as organizações não-governamentais que
trabalham na preservação da floresta amazônica.
 Em 28/11/2019, os deputados Célio Studart (PV) e Rodrigo Agostinho (PSB)
ingressaram com uma notícia crime contra o ministro Ricardo Salles na
Procuradoria-Geral da República e pediram o seu impeachment.
 Em 28/11/2019, além de culpar brigadistas pelos incêndios na Amazônia,
Bolsonaro apontou o ator Leonardo DiCaprio como um dos responsáveis pelas
queimadas, ao financiar ONGs que atuam na região.
 Em 29/11/2019, o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA) montado
pelo governo Bolsonaro para combater o avanço do óleo pelo litoral brasileiro
decidiu “reestruturar” suas ações por não enxergar mais risco de aumento das
manchas. Entretanto, o governo não apresentou nenhum dado para justificar a
mudança.
 Em 29/11/2019, a imprensa divulgou que o juiz responsável por prender
brigadistas em Alter do Chão é de família de madeireiros da região e já criticou
a atuação de ONGs no local.
 Após uma sequência de escândalos ambientais, foi com desconfiança que o
Brasil foi recebido na COP-25, Convenção Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima, que começou em 02/12/2019, em Madri, na Espanha, e vai
até 13 de dezembro.
 Em 02/12/2019, em documento encaminhado pelo PSOL à alta comissária da
ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e outros seis relatores
representantes de outros órgãos da ONU, o governo brasileiro foi denunciado
pelo desmatamento e falta de política ambientais.
 Em 02/12/2019, a justiça acatou denúncia do Ministério Público de São Paulo, e
o ministro Ricardo Salles se tornou réu em ação penal por crime contra o
ordenamento urbano e patrimônio cultural. Na época em que era secretário do
Meio Ambiente de São Paulo, na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), em agosto
de 2017, Salles mandou retirar busto de Carlos Lamarca do Parque Estadual do
Rio Turvo, em Cajati (SP), e ordenou a retirada de painéis de uma exposição
sobre a passagem do guerrilheiro pela região.
 Em 03/12/2019, Bolsonaro publicou um decreto acrescentando três pontos
turísticos brasileiros no Programa de Parcerias de Investimento (PPI). Desta
forma, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no Maranhão, o Parque
Nacional de Jericoacoara, no Ceará, e o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná,
onde estão as cataratas do Iguaçu, foram encaminhados para o processo de
privatização.
 Em 04/12/2019, a Folha de S.Paulo divulgou uma reunião realizada entre o
ministro do Meio Ambiente e cinco infratores ambientais em 06/11/2019 para
discutir o futuro da Reserva Extrativista Chico Mendes. Na ocasião, os
infratores reclamaram da truculência dos agentes do ICMBio, e o ministro
atendeu suas demandas, suspendendo a fiscalização dentro da reserva.
 Em 06/12/2019, a Rede Brasil Atual denunciou que o ministro Ricardo Salles
está destruindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos ao incentivar
incineradores e prejudicar o sustento dos catadores de materiais recicláveis.
 Em 06/12/2019, o ministro Ricardo Salles foi desmentido pela Embaixada da
Alemanha. Salles havia afirmado que o governo alemão tinha concordado com
os termos da minuta elaborada pelo ministério a respeito do novo formato do
Fundo Amazônia.
 Em 07/12/2019, o Repórter Brasil denunciou que a região da Amazônia mais
atingida pelos incêndios de setembro de 2019, em Alter do Chão/PA, tem sido
alvo da ação de grileiros e de um policial, que roubaram terras e estão
vendendo lotes por até R$100 mil reais.
 Em sua primeira participação na Conferência da ONU sobre as Mudanças
Climáticas (COP-25), em Madri/Espanha, em 09/12/2019, o ministro Ricardo
Salles afirmou que os países ricos devem financiar os gastos de medidas para os
mais pobres diminuírem as emissões de gases de efeito estufa e recusou as
homenagens aos indígenas assassinados no Maranhão. Em 11/12/2019, o
governo brasileiro ganhou o segundo prêmio “Fóssil do Dia” na COP-25, por
legitimar a grilagem de terras e anistiar o desmatamento no país. Em
13/12/2019, o Brasil recebeu o prêmio “fóssil colossal” ou “fóssil do ano” da
Climate Action Network (CAN), rede que reúne mais de 1.300 organizações da
sociedade civil, por ações consideradas retrocessos ambientais.
 Em 10/12/2019, Bolsonaro insultou a jovem ativista ambiental Greta Thunberg,
chamando-a de pirralha, porque ela deu destaque para o assassinato de
indígenas no Maranhão.
 Em 13/12/2019, dados do sistema de Detecção em Tempo Real (Deter), do
Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstraram que o desmatamento na
Amazônia atingiu o maior nível para o mês de novembro da série história, que
começou em 2015. Em comparação com o mesmo período de 2018, o aumento
foi de 103,7%.
 Em 14/12/2019, o Estadão divulgou que estudos realizados pelo Inpe apontam
que a origem do derramamento de petróleo no litoral brasileiro estaria a
milhares de quilômetros da costa do País. As avaliações indicaram que o óleo
teria se deslocado da região sul do mar da África, em abril, até chegar à costa
brasileira, em setembro.
 Em 17/12/2019, o ministro do Meio Ambiente defendeu a medida provisória da
regularização fundiária, assinada por Bolsonaro, em evento organizado pela
Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Salles afirmou que a MP dará
segurança jurídica para a regularização fundiária no país. Ambientalistas, por
outro lado, afirmam que a medida incentiva a ocupação desordenada e o
desmatamento da Amazônia.
 Em 18/12/2019, a nova direção da Comissão Europeia afirmou “abominar” as
políticas ambientais de Jair Bolsonaro. A declaração foi feita diante do
Parlamento Europeu, numa reunião convocada pela bancada verde do
Legislativo como forma de retaliação contra o posicionamento do Brasil na
cúpula do Clima, em Madri.
 Em 18/12/2019, três meses e meio após o início dos vazamentos de óleo no
Nordeste, as investigações sobre a origem do óleo que contaminou praias não
avançaram. Ao contrário, as hipóteses levantadas até o momento por
autoridades e especialistas que apuram o caso foram refutadas e não há novos
suspeitos. Até agora, 966 localidades de 129 municípios foram afetadas por
vestígios do óleo. Ao todo, mais de 5 mil toneladas de resíduos foram
recolhidas nos litorais de 11 estados Nordeste e Sudeste.
 Em 27/12/2019, chefes estaduais de fiscalização da Divisão Técnico-Ambiental
do Ibama (Ditec) assinaram um requerimento, alertando para o risco de
possíveis prejuízos na atuação do órgão, em 2020, devido à redução no
orçamento enviado ao Congresso, que estabelece um corte de 31% na verba do
instituto para o próximo ano.
 Em 28/12/2019, a pedido de uma empresa do setor de energia, o presidente do
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Eduardo Fortunato Bim, liberou o desmatamento de uma área da Mata
Atlântica no Paraná, ignorando dois pareceres contrários de técnicos do órgão.
 Em 10/01/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que o ministro Ricardo Salles
exonerou Marisa Zerbetto, responsável pelo controle de agrotóxicos do Ibama.
 Em 16/01/2020, a Carta Capital divulgou que, desde que Bolsonaro publicou o
decreto nº 9.760, que passou a exigir a realização de uma “audiência de
conciliação” em todos os processos administrativos por infrações das leis
ambientais, em 11/04/2019, nenhuma multa ambiental foi aplicada no Brasil.
 Em 23/01/2020, no discursou durante o tradicional jantar realizado no quarto
dia do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o megainvestidor e
filantropo George Soros declarou que Bolsonaro falhou em proteger a Floresta
Amazônica da destruição para abrir a floresta para a criação de gado. Soros
também lembrou que o capitão rejeitou qualquer compromisso razoável na
Conferência de Madrid sobre o Clima, dando mais um golpe para a proteção do
meio ambiente e ainda o acusou de ser autoritário como Trump e potencial
ditador.
 Em 29/01/2020, a Folha de S. Paulo informou que o governo Bolsonaro reduziu
os recursos federais para prevenção de desastres naturais ao menor patamar
em 11 anos. A verba para ações de prevenção de desastres naturais em 2019
foi de R$ 306,2 milhões, valor bastante inferior ao de anos anteriores. Em 2012,
por exemplo, o montante equivalia a R$ 4,2 bilhões em valores corrigidos pela
inflação.
 Em 05/02/2020, o ICMbio divulgou uma portaria que autorizou a pesca
esportiva em áreas de conservação ambiental. Agora, os entusiastas da prática
poderão pescar em todos os biomas brasileiros, incluindo a Amazônia.
 Em 06/02/2020, o governo Bolsonaro publicou um decreto tirando todos os
membros da sociedade civil da participação no Fundo Nacional do Meio
Ambiente, que passou, assim, a ser administrado apenas por membros do
governo.
 Em 11/02/2020, a imprensa repercutiu a informação de que Bolsonaro não
convidou a embaixada da França para a cerimônia de criação do Conselho da
Amazônia. O ex-capitão assinou o decreto que transfere o conselho do
Ministério do Meio Ambiente para a Vice-Presidência e disse que o governo vai
dar “a devida resposta” aos que criticam sua gestão da floresta.
 Em 12/02/2020, o Papa Francisco apresentou seu texto sobre o Sínodo da
Amazônia e, sem dizer o nome de Bolsonaro, classificou como "injustiça e
crime" o desmonte da agenda ambiental, como a exploração mineral de terras
indígenas e a legalização do garimpo.
 Em 19/02/2020, o conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do
governo federal incluiu 22 novos projetos na lista de empreendimentos a
serem concedidos à iniciativa privada nos próximos anos. Entre eles está a
exploração de recursos de três florestas – Humaitá, Iquiri e Castanho – todas no
Amazonas.
 Em 26/02/2020, o ministério do Meio Ambiente demitiu duas autoridades de
alto escalão que atuavam no combate às mudanças climáticas, deixando os
postos vagos num momento em que o Brasil está sob os holofotes
internacionais por conta dos gases de efeito estufa liberados pela devastação
da Amazônia.
 Em 02/03/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que a diplomacia brasileira estaria
trabalhando para frear o progresso das negociações de um novo acordo global
pela conservação da biodiversidade, segundo disseram diplomatas de diversas
nacionalidades que participaram de reunião da ONU sobre o tema no final de
fevereiro de 2020. Os países têm até outubro – quando acontece a COP-15 da
biodiversidade, na China – para chegar a um novo plano global, já que o atual,
assinado em 2011, termina este ano. Os objetivos são conservar áreas
protegidas, evitar extinção de espécies e promover o uso sustentável dos
recursos naturais, com apoio financeiro aos detentores de grandes reservas
ambientais. O primeiro rascunho do documento apareceu na última semana de
fevereiro, na negociação que foi até 29/02/2020, com diplomatas de 140 países
reunidos em Roma. O Brasil não pareceu estar interessado em um acordo
global, segundo negociadores. O país teria se recusado a discutir questões
técnicas e optado por trazer discussões que não estavam em negociação,
usando linguagem agressiva e propostas absurdas – que chegaram a ser
respondidas com risadas.
 Em 04/03/2020, a imprensa brasileira repercutiu a informação de que o
governo Bolsonaro decidiu liberar a entrada de cruzeiros marítimos em
Fernando de Noronha, um dos ecossistemas mais sensíveis de biodiversidade
do país e hoje administrado com forte rigor ambiental. Além de abrir o
arquipélago para receber os navios de grande porte, o governo também
pretende instalar novos "recifes artificiais" na área, com naufrágio de
embarcações em determinados locais para atrações de mergulho.
 05/03/2020 – De acordo com a Reuters, o Brasil exportou durante 2019
milhares de carregamentos de madeira a partir de um porto na Amazônia sem
autorização do Ibama, aumentando o risco de o material ter origem em terras
desmatadas ilegalmente
 11/03/3030 - As manchas de óleo que, no final de agosto de 2019, atingiram o
litoral do Nordeste, voltaram a aparecer na praia de Itacimirim, em Camaçari,
litoral norte da Bahia, que faz parte da região metropolitana de Salvador. De
acordo com o grupo Guardiões do Litoral, pelo menos oito toneladas de óleo já
foram recolhidas no local desde o início do mês.
 02/04/2020 - Presidentes de oito partidos assinaram uma nota conjunta
afirmando que "não se pode admitir a votação da MP da Grilagem e do
Desmatamento (MP 910/2019) em meio à crise do covid-19". O documento foi
divulgado pelos representantes da Rede, PSB, PV, PSol, PDT, PT, PCdoB e PCB.
 07/04/2020 - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, demitiu um analista
sênior que era contrário à exportação não autorizada de madeira. André
Sócrates de Almeida Teixeira, coordenador-geral de monitoramento de
Biodiversidade e Comércio Exterior, foi demitido um mês depois de virem à
tona denúncias de exportação de madeira da Amazônia sem autorização do
Ibama.
 13/04/2020 - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, demitiu o diretor de
Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Alves Borges de Azevedo. A demissão
aconteceu após o programa Fantástico, da TV Globo, exibir uma reportagem
sobre uma operação de combate ao garimpo ilegal em terras indígenas que foi
coordenada pelo órgão ambiental, especificamente pela diretoria de Olivaldi.
 13/04/2020 – Segundo o Inpe, os alertas de desmatamento na Amazônia
bateram recorde histórico no primeiro trimestre de 2020, se comparado ao
mesmo período, nos últimos quatro anos. Nos meses de janeiro, fevereiro e
março de 2020 foram emitidos alertas para 796,08 km² da floresta, aumento de
51,45% em relação ao mesmo período de 2019.
 13/04/2020 – O portal Open Democracy divulgou que o governo Bolsonaro
quer abrir uma estrada cortando a maior área de floresta tropical protegida do
mundo, um território maior que o Reino Unido. Esse plano existe desde a
ditadura militar, que governou o Brasil entre 1964 e 1985, e foi tirado da gaveta
por Bolsonaro. A ideia é estender a rodovia BR 163 por cerca mil quilômetros
sobre a Calha Norte, uma vasta área de floresta localizada entre o Rio
Amazonas e a fronteira com o Suriname. Atualmente, essa estrada já liga as
regiões produtoras de soja ao sul do Brasil com os portos fluviais de Miritituba
e Santarém. O plano se chama Barão do Rio Branco, em homenagem ao
diplomata que no fim do século XIX se tornou um herói nacional ao negociar
com sucesso as fronteiras brasileiras com países vizinhos. Mas tanto na década
de 1970, quando foi concebida, quanto em 2019, ano em que Bolsonaro
chegou ao poder, a ideia carece de racionalidade econômica. Por outro lado, a
estrada deve acarretar desastres sociais e ambientais.
 18/04/2020 – De acordo com o colunista do UOL, Rubens Valente, o Conselho
Nacional da Amazônia passará a funcionar na Vice-Presidência da República do
governo Bolsonaro, sem a participação de representantes do Ibama e da Funai,
dois órgãos com atuação direta na proteção do meio ambiente e das
populações tradicionais da Amazônia. Terão assento no conselho 15 coronéis,
sendo 12 do Exército e três da Aeronáutica, um general, dois majores-
brigadeiros e um brigadeiro, além do próprio presidente do órgão, o general da
reserva Hamilton Mourão (PRTB), vice-presidente da República.
AGRICULTURA, PECUÁRIA E PRODUÇÃO LEITEIRA

 Desde o início do governo Bolsonaro, o Ministério da Agricultura já liberou 474


agrotóxicos, um recorde na autorização deste tipo de substância no país.
Lembrando que 30% dos ingredientes de agrotóxicos liberados neste ano são
barrados na União Europeia, podendo, portanto, influenciar o comércio do
Brasil com os países europeus.
 Em 01 de outubro de 2019, o ministério fez 33 pedidos de registro de novos
agrotóxicos, quantidade que, se aprovada, levará a um total de 353 produtos
liberados pelo governo desde o começo de 2019.
 Embora afirme, com frequência, que o Brasil está quebrado, Bolsonaro deseja
renegociar a dívida bilionária do agronegócio com o Fundo de Assistência do
Trabalhador Rural (Funrural). O calote é avaliado em R$ 11 bilhões, e Bolsonaro
planeja anistiar os ruralistas já em 2020.
 Por forte pressão de ruralistas, Bolsonaro demitiu todo o comando do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em 30 de setembro de
2019.
 Em 09/10/2019, o secretário especial de Assuntos Fundiários do governo
Bolsonaro, Luiz Antônio Nabhan Garcia, informou que o governo prepara uma
Medida Provisória que permitirá a regularização fundiária – ou seja, a entrega
de títulos de propriedade de terras rurais – através da “autodeclaração”. A
oposição criticou a proposta, porque esta representa uma abertura para a
legalização automática de terras griladas, além do fato de que ela promoverá o
aumento do desmatamento.
 No dia 17/10/2019, o governo Bolsonaro exonerou o general João Carlos de
Jesus Corrêa da presidência do INCRA e nomeou o pecuarista Geraldo José da
Câmara Ferreira de Melo Filho, sócio do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni.
 As Normativas 76 e 77, publicadas em novembro de 2018 pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão causando polêmica entre
os pequenos e médios produtores de leite do Brasil. Em vigor desde maio de
2019 e com o prazo de carência para adaptação terminando em 30/10/2019, a
nova legislação alterou regras para a produção de leite, especificando padrões
de qualidade e identidade do produto cru refrigerado, do pasteurizado e do
tipo A, além de alterações na forma de produzir, coletar e armazenar o
produto. Produtores e entidades representativas do setor criticaram as
mudanças que, segundo eles, vão excluir milhares de pequenos e médios
produtores que moram em regiões distantes dos laticínios, devido ao tempo
necessário para transportar o produto, além de não terem condições de
investir em novos equipamentos de refrigeração.
 Em 04/11/2019, a imprensa divulgou que, apesar das garantias de Donald
Trump a Bolsonaro, os Estados Unidos mantiveram o veto à compra de carne
bovina do Brasil, alegando que a proibição foi tomada por questões técnicas.
 Em 02/11/2019, o Repórter Brasil divulgou que a Anvisa não só deu licença para
a renovação da comercialização do Glifosato (agrotóxico) como também o
tornou menos perigoso aos olhos dos brasileiros, ao reclassificar a sua
toxidade. Antes, 24 produtos à base do herbicida eram considerados
“Extremamente Tóxicos”. Após a reclassificação, não há nenhum produto
enquadrado na categoria máxima de toxicidade.
 Em 20/11/2019, a imprensa divulgou que a ministra da Agricultura, Tereza
Cristina foi aos EUA, onde se reuniu com o secretário do Departamento de
Agricultura norte-americano, Sonny Perdue, mas não conseguiu a reabertura
para mercado de carne brasileira.
 Em 23/11/2019, a Folha denunciou que Bolsonaro mantém 66 projetos de
reforma agrária paralisados.
 Em 25/11/2019, Bolsonaro informou sobre o envio ao Congresso de um projeto
de lei que autoriza o emprego da chamada GLO (Garantia da Lei e da Ordem)
para reintegração de posse em propriedades rurais. Atualmente, é papel dos
governos estaduais acionarem forças de segurança locais para fazer cumprir
decisões judiciais de reintegração de posse.
 Em 27/11/2019, o governo Bolsonaro liberou mais dois agrotóxicos inéditos e 55
genéricos.
 Em 05/12/2019, Bolsonaro instituiu o dia 4 de outubro como Dia Nacional do
Rodeio a partir de 2020. A data é a mesma em que se celebra o Dia Mundial dos
Animais, por conta do dia de São Francisco de Assis, santo padroeiro dos
animais.
 Em 10/12/2019, o governo Bolsonaro editou uma Medida Provisória para
legalizar 300 mil posses rurais, sendo 86% na Amazônia.
 Em 04/02/2020, a Rede Brasil Atual divulgou que o Ministério Público Federal
considerou a Medida Provisória (MP) 910, de autoria do governo Bolsonaro,
que pretende facilitar a concessão de títulos de propriedades rurais a ocupantes
de terras públicas da União como inconstitucional. Se aprovada, a MP
representa o estímulo à grilagem de terras públicas, perda de receitas,
ampliação de conflitos no campo, desmatamento e severos impactos nas
políticas de reforma agrária no país.
 Em 26/02/2020, Bolsonaro deu o maior golpe no processo de reforma agrária em
curso no Brasil desde a criação do Estatuto da Terra, em 1964. Publicou o
decreto nº 20.252, enxugando significativamente a estrutura do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O ato extinguiu o Programa
Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), o programa Terra Sol e
outros programas que davam incentivos aos assentados, quilombolas e
comunidades extrativistas.
 Em 03/03/2020, Bolsonaro nomeou ruralistas para ocupar cadeiras do Conselho
de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Alvo de um “choque de gestão”, após críticas sobre privatização, a principal
estatal de pesquisa agropecuária brasileira está passando por um processo de
desmonte chamado por Bolsonaro de “repontecialização”. A estratégia inclui
desde um Plano de Desligamento Incentivado (PDI), que já teve adesão de 1,3
mil funcionários, passa pela terceirização de algumas atividades-meio e chega à
venda de imóveis e ao fechamento de centros de pesquisa.
 17/03/2020 – O Repórter Brasil divulgou que, em 2019, o número de
aposentadorias de trabalhadores rurais negadas pelo INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social) subiu 31% em relação a 2018. Foram 261 mil vetos no ano
passado, ante 199 mil em 2018.
 01/04/2020 - O ministro do STF, Ricardo Lewandowski, suspendeu, em caráter
liminar, a portaria do Ministério da Agricultura que determinou a liberação
automática de novos agrotóxicos no país, caso o governo demorasse mais de 60
dias para concluir os estudos sobre o produto. A decisão foi tomada após uma
ação do PSOL na corte contra a decisão do governo de liberar agrotóxicos
indiscriminadamente no país.
 19/04/2020 - A ministra da Agricultura, Tereza Cristina virou alvo de uma
escalada de ataques na Internet, que têm origem no Gabinete do Ódio, porque
defendeu o incremento de negócios do Brasil com a China.

DIREITOS HUMANOS
 A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM)
apresentou o relatório “Direitos Humanos no Brasil em 2019”, na 42ª Sessão do
Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, em
Genebra, na Suíça. O documento apontou, de forma detalhada, em 26 itens,
uma série de números e exemplos que demonstram a falta de compromisso do
governo Bolsonaro com os direitos humanos, além de não cumprir orientações
de organismos internacionais.
 Em setembro de 2019, o Human Rights Watch, organização internacional não-
governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos,
apresentou um relatório afirmando que os assassinatos de moradores de
assentamentos locais na Amazônia, com fins de extrativismo ilegal,
aumentaram, no governo Bolsonaro.
 No início de setembro, durante a Cúpula de Demografia da ONU, a ministra das
Mulheres, Família e Direitos Humanos de Bolsonaro, Damares Alves, fez um
discurso absurdo, convocando uma aliança internacional para “resgatar os
valores tradicionais” e tratar homossexuais, feministas e imigrantes como
“ameaças” à família branca e cristã.
 A ministra Damares Alves foi alvo de denúncia formalizada em 12 de setembro
de 2019 na ONU. A representação relata “a intervenção e a censura” ao
Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão de monitoramento e
fiscalização de políticas públicas de direitos humanos no Brasil. A queixa formal
acusou Damares de impedir publicações de recomendações, decisões e
resoluções do Conselho no site do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos.
 O governo Bolsonaro votou na ONU ao lado de regimes autoritários em um
debate sobre garantias a defensores de direitos humanos de fazer denúncias
em órgãos internacionais realizado em setembro de 2019. Felizmente, todas as
emendas foram derrubadas por uma ampla maioria de votos contrários, com a
Europa e grande parte da América Latina rejeitando as propostas do bloco
autoritário.
 Defensor da ditadura, o procurador Ailton Benedito recebeu o convite do novo
procurador-geral da República, Augusto Aras, para assumir a Secretaria de
Direitos Humanos do Ministério Público Federal (MPF).
 Em ação civil pública, o Ministério Público Federal acusou o presidente
Bolsonaro de cometer “desvio de finalidade” ao destituir e nomear, no final de
julho de 2019, quatro membros da comissão do governo federal responsável
por reconhecer crimes do Estado e localizar corpos de militantes de esquerda
desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985). O MPF afirmou que o
decreto da substituição teve “vícios insanáveis”, como “motivação deficiente e
inobservância do procedimento exigido para o ato”.
 Em 08/10/2019, o Ministério Público Federal (MPF) divulgou a informação de
que a força-tarefa autorizada pelo Ministério da Justiça (MJ) nos presídios do
Pará praticou atos generalizados de tortura contra homens e mulheres. Entre
os relatos ouvidos pelos procuradores estão episódios de violência física, que
incluem perfuração com pregos e penetração anal forçada. Tanto Bolsonaro
quanto Sérgio Moro tentaram minimizar as denúncias.
 Organizações da sociedade civil brasileira divulgaram, em 08/10/2019, uma
nota manifestando contrariedade com a candidatura brasileira ao Conselho de
Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (CDH/ONU). O manifesto
é assinado por mais de 190 entidades brasileiras e apoiado por mais de 40
organizações de outros países e de atuação internacional.
 O presidente da Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth, veio ao Brasil, para
uma agenda entre os dias 14 e 17 de outubro de 2019 com membros do
Legislativo e do Judiciário brasileiros, para demonstrar a preocupação de uma
das maiores organizações não governamentais (ONGs) do mundo, com os
ataques feitos pelo governo Bolsonaro aos direitos humanos no Brasil.
 Uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público
Federal (MPF) no Pará detalhou casos de tortura em presídios no estado
controlados pela força-tarefa de intervenção federal, autorizada pelo ministro
da Justiça, Sergio Moro. Em 11/10/2019, o Mecanismo Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura (MNPCT), órgão vinculado ao Ministério da Mulher, Família
e Direitos Humanos, também apontou indícios de tortura na atuação de
agentes de forças-tarefas de intervenção federal em presídios no Ceará.
 Em 24/10/2019, a Coalizão Negra por Direitos denunciou os retrocessos e
negligenciamento do governo Bolsonaro, na Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), em São
Paulo. A população negra, que já sofre com diversas violações de direitos
históricos, se vê ainda mais desassistida com as políticas ultraliberais de Jair
Bolsonaro.
 Em 19/11/2019, a ministra Damares Alves (Direitos Humanos) anunciou a
criação de um canal no governo federal para que os alunos possam denunciar
professores que, durante as aulas, atentem “contra a moral, a religião e a ética
da família”.
 Em 21/11/2019, o governo anunciou que deve transferir para Brasília as mais de
mil ossadas da vala de Perus, onde foram enterradas clandestinamente várias
vítimas da ditadura civil-militar. Atualmente, o material está em laboratórios da
Universidade Federal de São Paulo.
 No final de novembro de 2019, foi apresentado ao Congresso, pelo atual
ministro da economia, Paulo Guedes, o Projeto de Lei 6159/2019, que atropela
convenção da ONU que trata de inclusão de pessoas com deficiência. Propõe
diminuir cotas, retira benefícios de incapacitados, sugere cortes de auxílio-
inclusão – e amplia precariedade histórica no mercado de trabalho.
 Em 02/12/2019, o procurador-geral da República, Augusto Aras, atendeu ao
pedido da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares
Alves, para impedir que a subprocuradora Deborah Duprat, crítica do governo
Bolsonaro, assumisse o controle do Conselho Nacional dos Direitos Humanos
(CNDH) em 2020. Em 04/12/2019, Aras informou que ele mesmo ocupará o lugar
da subprocuradora.
 Em 10/12/2019, o jornalista Ricardo Kotscho informou que o governo Bolsonaro
já foi alvo de 37 denúncias à ONU relacionadas a ações que violam os direitos
humanos em 2019.
 Em 16/12/2019, o Sub-Comitê das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura
condenou as políticas do governo Bolsonaro no que se refere ao combate à
tortura. É a primeira vez que a ONU faz uma constatação formal de violação de
tratados internacionais pelo Brasil.
 Em 14/01/2020, a organização Frontline Defenders, que compila denúncias
globais dos ataques contra ativistas, divulgou seu relatório anual, colocando o
Brasil na 4ª posição dos países mais violentos para quem atua junto à sociedade
civil, porque ao menos 23 ativistas brasileiros pelos direitos humanos foram
assassinados em 2019.
 Em 14/01/2020, a ONG Human Rights Watch (HRW) divulgou seu relatório anual
sobre os direitos humanos no mundo. Na publicação, o governo Bolsonaro
sofreu diversas críticas devido à política ambiental permissiva com o
desmatamento e com a morte de indígenas, aos ataques à imprensa e aos
direitos LGBTs. O indulto a policiais condenados também foi destacado como
ponto negativo.
 Em 31/01/2020, as defensorias públicas da União e de São Paulo informaram que
o programa de abstinência sexual que a ministra da Mulher, Família e Direitos
Humanos, Damares Alves, e o Ministério da Saúde pretendiam colocar em
prática no início de fevereiro para reduzir a gravidez na adolescência não tem
suporte científico e, por isso, não deveria ser levado adiante. A recomendação
das defensorias foi que os ministérios não veiculassem a campanha, pois, além
da falta de comprovação científica, a ineficácia desse tipo de iniciativa já foi
refutada por pesquisas nacionais e internacionais.
 Em 19/02/2020, a imprensa brasileira repercutiu a notícia de que a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos
Estados Americanos (OEA), convocará, em março, o governo Bolsonaro para
uma audiência sobre a escalada de violações à liberdade de expressão no País.
Insulto do presidente à repórter Patricia Campos Mello durante coletiva à
imprensa, em 18/02/2020, manchou a imagem de Bolsonaro no exterior.
 04/03/2020 - A tentativa de criminalização do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) promovida pelo governo Bolsonaro foi tema de um
debate da reunião anual do Conselho de Direitos Humanos da Organização das
Nações Unidas (ONU). O encontro ocorreu no Palácio das Nações Unidas, em
Genebra, na Suíça.
 10/03/2020 - A sociedade civil denunciou que foi desrespeitada no segundo dia
da reunião ordinária do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
(CNPCT). Em desrespeito aos procedimentos regimentais do CNPCT e sem ter
ocorrido a abertura formal da reunião, a ministra da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos, Damares Regina Alves, em primeira e única aparição na
reunião do Comitê do qual é presidente, iniciou a reunião sem quórum
adequado e, sem respeitar a pauta votada no dia anterior. A ministra, então,
iniciou a votação do Edital de seleção dos peritos do Mecanismo, com o
objetivo de destruir a atividade, tirando a remuneração, baseada num decreto
ilegal, cujo o veto já foi decidido pelo Judiciário.

MULHERES
O governo Bolsonaro tem promovido retrocessos e prejuízos a curto e longo prazo
para o povo, em especial para as mulheres, que são as mais afetadas por essa série de
desmontes.
 A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que ganhou status de
Ministério no primeiro ano do governo Lula, foi completamente desmontada e
em seu lugar foi criado o ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos,
chefiado por Damares Alves, que já mostrou diversas vezes não compreender
as reais necessidades de políticas específicas para mulheres.
 A proposta de Bolsonaro para a previdência, sem dúvidas, irá prejudicar mais as
mulheres. De acordo com o texto, elas passariam a se aposentar com 62 anos
no regime geral e não mais com 60, como atualmente, e apesar de ter voltado
atrás e mantido o tempo de contribuição de 15 anos, não excluiu a
possibilidade de o tempo de contribuição ser aumentado por lei ordinária.
 A flexibilização da posse de armas, defendida desde a campanha por Bolsonaro,
certamente contribui para mais casos de violência doméstica e mortes de
mulheres no Brasil.
 A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do atual governo, Damares
Alves, declarou que não vai dar continuidade ao programa Casa da Mulher
Brasileira. A Casa da Mulher Brasileira foi criada em 2013 pela Presidenta Dilma
Rousseff, com o objetivo aumentar e integrar políticas públicas a mulheres em
situação de violência.
 Damares Alves declarou ser defensora da aprovação do estatuto do nascituro.
O projeto prevê uma “bolsa estupro”, que além de restringir os direitos da
mulher em relação ao aborto, também determina que uma pensão seja paga
em casos de gravidez decorrente de estupro.
 Em 16/08/2019, A Pública revelou que, nos primeiros sete meses de governo,
mesmo com R$ 13,6 milhões reservados no orçamento deste ano, o Ministério
da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) não gastou nenhum
centavo com a construção da Casa da Mulher Brasileira, uma das principais
iniciativas do governo federal para o enfrentamento da violência contra a
mulher no Brasil.
 Em 10/10/2019, Bolsonaro vetou integralmente uma proposta que obrigava os
profissionais de saúde a registrar no prontuário médico da paciente e
comunicar à polícia indícios de violência contra a mulher. A proposição alterava
a Lei Maria da Penha, com o objetivo de constituir objeto de notificação
compulsória, em todo o território nacional, os casos em que houvesse indícios
ou confirmação de violência contra a mulher atendida em serviços de saúde
públicos e privados.
 Em 17/10/2019, a imprensa divulgou que Admar Gonzaga Neto, advogado de
Bolsonaro na briga contra o PSL, tornou-se réu por lesão corporal contra sua
ex-mulher.
 Pesquisa da Rede de Observatórios divulgada em 21/11/2019, apontou que o
número de feminicídios aumentou 13% em 2019 em relação a 2018.
 Em 29/01/2020, Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos do governo Bolsonaro, foi alvo de protestos durante a realização da
XIV Conferência Regional sobre Mulheres da América Latina e do Caribe,
realizada em Santiago, no Chile. Ao ser anunciada para discursar, quando ia
começar a falar, um grupo de mulheres que participava do evento deu as
costas à ministra de Bolsonaro. No discurso, Damares afirmou que o Brasil é o
melhor lugar para se nascer mulher, contrariando os dados de agressão às
mulheres e de feminicídios no país.
 Em 04/02/2020, o Estadão divulgou que o principal programa do governo
federal de combate à violência contra a mulher ficou sem recursos em 2019. A
"Casa da Mulher Brasileira" tinha como objetivo inicial construir ao menos uma
unidade de atendimento integrado, por estado, para aquelas que sofrem com
agressões físicas e psicológicas. Lançado na gestão de Dilma Rousseff (PT), em
2015, o programa apoia mulheres que sejam alvo de violência causada por
desconhecidos, companheiros ou familiares. Até agora, no entanto, apenas
cinco unidades estão funcionando.
 Em 02/03/2020, a BBC Brasil fez uma reportagem denunciando que, com o
surto de doenças relacionadas ao Aedis Egypt, como o zika vírus, há alguns
anos, afetou a gestação de muitas mulheres brasileiras, que, no governo
Bolsonaro, estão cuidando de crianças com microcefalia com muita dificuldade
financeira, pois estão sem assistência do INSS.
 03/03/2020 - Em relatório enviado ao Conselho de Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil foi enquadrado como um país
onde a religião é usada para justificar a restrição ao acesso à educação sexual
por meninas e mulheres. O relatório também citou que direitos reprodutivos e
acesso à saúde sexual estão igualmente restritos no país.
 05/03/2020 – O Monitor da Violência, do portal G1, apontou que o número de
mulheres assassinadas por crime de gênero em 2019 aumentou 7,3% em
relação a 2018, o que totaliza em 1314 casos de feminicídios no Brasil no ano
passado.
 07/03/2020 - Em mais uma de suas “piadas” postada nas redes sociais, o
ministro da Educação, Abraham Weintraub, insultou mulheres ao falar de
distribuição gratuita de absorventes e menstruação. A publicação foi feita
justamente na véspera do Dia Internacional da Mulher.
 08/03/2020 - Milhares de mulheres, espalhadas por todo o Brasil, saíram às
ruas por igualdade de direitos e contra a violência. Os atos aconteceram em
diversas cidades do país desde o início da manhã. Os principais temas foram o
fim da violência contra a mulher, fora Bolsonaro e direitos iguais. O assassinato
da vereadora Marielle Franco, que completa dois anos no dia 14 de março,
também foi relembrado em diversas manifestações.
 10/03/2020 - Depois de registrar queda por sete anos seguidos, a diferença
salarial por gênero voltou a subir em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.
Segundo reportagem de Mariana Tokarnia, da Agência Brasil, a distância
salarial subiu de 44,7% para 47,24%, contrariando uma tendência de redução
que vem desde 2011 – quando os números apontavam uma disparidade de
63,98%. A diferença subiu 2,54 pontos percentuais – ou 5,6% de aumento.

CRIANÇAS E ADOLESCENTES
 A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, a
secretária nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Petrúcia de Melo
Andrade, e a coordenadora-geral de Fortalecimento de Garantia de Direitos,
Alinne Duarte orientaram Conselhos Tutelares de todo o país a desrespeitar as
leis ao determinar que os órgãos não registrassem casos de educação em casa
– homeschooling – como abandono escolar.
 Bolsonaro, liquidou o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (Conanda). O decreto 10.003/2019, publicado em 05/09/2019, no
Diário Oficial da União (DOU), cassou o mandato de todos os conselheiros
eleitos e empossados em março e mudou o funcionamento do órgão, definindo
que os membros do conselho serão escolhidos por processo seletivo e não
eleição. O presidente também reduziu a participação da sociedade civil de 14
para nove conselheiros, deixando o governo federal com maioria absoluta no
colegiado – com 13 membros.
 O relatório ‘Síntese de Indicadores Sociais – Uma Análise das Condições de Vida
da População Brasileira 2018’, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), apresentou dados assustadores relacionados às crianças
brasileiras. O estudo mostra que 18,2 milhões de crianças de 0 a 14 anos vivem
em situação de pobreza no país. Isso representa 43,4% de todas as crianças
nessa faixa etária, ou 1 em cada 2,3 crianças.
 Em 09/12/2019, duas candidatas progressistas eleitas para o Conselho Tutelar
de Curitiba nas eleições de 6 de outubro tiveram seu mandato cassado pelo
Ministério Público após a divulgação de um vídeo feito pelas duas para amigos
com menções ao ex-presidente Lula e ironias ao ex-juiz federal Sérgio Moro,
que comandava a 13ª Vara Federal da capital paranaense.
 Em 19/12/2019, o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, suspendeu o decreto
de Bolsonaro que esvaziava Conselho da Criança e do Adolescente.

LGBTs
Logo no discurso de posse como presidente, Jair Bolsonaro fez questão de enfatizar
que a sua principal proposta de governo seria o enfrentamento à ideologia de gênero e
dizendo que o politicamente correto deixaria de existir. Desde então, não parou mais
de atacar as minorias, incluindo lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Entre
os retrocessos, estão:
 Desmonte do Conselho Nacional LGBT.
 A retirada da população LGBT da política de Direitos Humanos.
 A decisão do Ministério da Educação de acabar com a discussão de diversidade,
identidade de gênero e orientação sexual em salas de aula.
 Aumento do temor da população LGBT em relação à violência, por conta dos
discursos do presidente legitimando a homofobia.
 Em 07/01/2020, ao falar sobre educação, Bolsonaro voltou a atacar a
comunidade LGBT, afirmando, ao lado do ministro da Educação, Abraham
Weintraub, que os pais querem que o filho seja “homem” e a filha, “mulher”.

POVOS TRADICIONAIS
 Na campanha eleitoral, Bolsonaro já prometia que não iria demarcar “um
centímetro quadrado a mais” de terras indígenas. As promessas começaram a
ser cumpridas no dia 1º de janeiro. Com a edição da MP nº 870/2019, que
estabeleceu a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos
ministérios, Bolsonaro transferiu a Fundação Nacional do Índio (Funai), criada
em 1967, do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher Família e
Direitos Humanos. Além disso, tirou da Funai a competência para identificar,
delimitar, demarcar e registrar as terras tradicionalmente ocupadas por
indígenas e passou para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). No entanto, os ministros do STF decidiram suspender o trecho da
medida provisória que transferia essa responsabilidade ao Mapa.
 A ministra da Agricultura escolhida por Bolsonaro é Tereza Cristina Corrêa da
Costa Dias, ex-líder da bancada ruralista, que aceitou uma doação de campanha
de um fazendeiro que havia sido acusado de ordenar o assassinato de um líder
indígena.
 O funcionário encarregado das questões fundiárias do atual governo é Nabhan
Garcia, ex-presidente da União Democrática Ruralista, que lutou contra as
demarcações do território indígena durante décadas.
 Bolsonaro mudou o procedimento de licenciamento ambiental para facilitar a
construção em terras indígenas. Anunciaram-se vários megaprojetos de
infraestrutura, incluindo uma barragem no rio Trombetas, uma ponte sobre o
rio Amazonas e uma extensão da estrada de 500 quilômetros que atravessará a
floresta tropical do rio Amazonas até a fronteira com o Suriname.
 Bolsonaro declarou, inúmeras vezes, ser favorável à legalização do garimpo e
de outras atividades econômicas e exploratórias em terras indígenas.
 Vários territórios indígenas estão atualmente sob ataque. Nessa guerra de
fronteiras, os madeireiros, garimpeiros, petroleiros e pecuaristas consideram,
com razão, que o presidente está do lado deles. As invasões de terras indígenas
cresceram 150% desde que Bolsonaro foi eleito.
 O Brasil é o país mais letal do mundo para os defensores do meio ambiente,
mas a violência exercida contra os indígenas não pode ser explicada
simplesmente como uma batalha por recursos: em muitos casos, é sem dúvida
um crime de ódio. Na noite da vitória eleitoral de Bolsonaro, por exemplo, um
centro de saúde e uma escola foram atacados com bombas incendiárias na
terra indígena Pankararu, no Nordeste do País.
 Organizações internacionais de defesa dos povos indígenas têm recebido
dezenas de relatórios de todo o Brasil sobre o que parece ser uma guerra
aberta contra as comunidades indígenas.
 Em meio à crise das queimadas na Amazônia, Bolsonaro se reuniu com
governadores da Amazônia Legal e voltou a atacar as comunidades indígenas,
afirmando que a demarcação de suas terras tem prejudicado o
desenvolvimento da região. Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do
Brasil (APIB) repudiou a fala do presidente e afirmou que Bolsonaro tem
incitado criminosamente as invasões ilegais de terras indígenas por parte de
madeireiros, garimpeiros e grileiros.
 Na tentativa de impedir a demarcação de terras indígenas em São Paulo, os
ruralistas têm contado com o apoio do irmão do presidente, Renato Bolsonaro,
que tem feito conversas com políticos e empresários de Miracatu, cidade do
interior de São Paulo que fica no Vale do Ribeira.
 Após o discurso de Bolsonaro na ONU em 24 de setembro de 2019 – no qual
acusou índios de provocarem incêndios na Amazônia, afirmou que as riquezas
do subsolo de terras indígenas precisam ser exploradas e atacou o cacique
Raoni –, lideranças indígenas brasileiras resolveram acionar tribunais
internacionais, com medo de se tornarem ainda mais constantes os ataques às
suas terras.
 Em 03/10/2019, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, informou
que, até o final do mês, o governo Bolsonaro vai apresentar ao Congresso um
projeto que autoriza garimpo em terras indígenas.
 O presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, demitiu, em
04/10/2019, o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da
Diretoria de Proteção Territorial da Fundação, Bruno Pereira, que era um dos
principais especialistas do órgão e vinha liderando, nos últimos anos, todas as
iniciativas de proteção aos povos isolados.
 No início de outubro de 2019, lideranças indígenas anunciaram que irão
percorrer 12 países da Europa para denunciar os ataques e violações do
governo Bolsonaro contra o meio ambiente e aos direitos e territórios destas
populações.
 No início de outubro de 2019, um posto de fiscalização da Fundação Nacional
do Índio (Funai) dentro da terra Karipuna, em Rondônia, foi destruído e virou
símbolo da ação de madeireiros e grileiros. O território indígena onde o imóvel
foi atacado é o mais ameaçado por queimadas no Brasil.
 O projeto do governo Bolsonaro de ampliar a mineração ameaça 30% das terras
indígenas do Brasil. O Secretário do Ministério de Minas e Energia afirmou, em
21/10/2019, que o projeto de lei nesse sentido deve ser enviado ao Congresso
ainda em outubro de 2019. As áreas cobiçadas por empresas atingem 160
etnias indígenas. Em 07/11/2019, o ministro de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, informou que o governo enviará a proposta de mineração em
terras indígenas ainda em novembro.
 Em 28/10/2019, o The Intercept Brasil denunciou a pressão que a Embratur
exerceu sobre a Funai, para que o órgão acabasse com o processo de
demarcação de uma área que fica no sul da Bahia, pertencente ao povo
Tupinambá de Olivença, para permitir a construção de um hotel de luxo no
local.
 Em 28/10/2019 a Carta Capital divulgou que o procurador-geral da República,
Augusto Aras, protocolou no STF um pedido para extinguir uma ação civil que
previa indenização a indígenas guaranis atingidos pela construção da
hidrelétrica Itaipu durante o período da ditadura (1964-1985). A ação foi aberta
por sua antecessora, Raquel Dodge, que acompanhou uma investigação que
durou três anos e envolveu procuradores, antropólogos e indígenas.
 Em 01/11/2019, duas pessoas da tribo Guajajara foram mortas no interior da
Terra Indígena Araribóia, no município de Bom Jesus das Selvas, Maranhão. Um
dos indígenas e Guardião da Floresta era Paulo Paulino Guajajara. A Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) denunciou que o crime foi cometido por
madeireiros, o que foi confirmado por Laércio Guajajara, sobrevivente do
atentado. Em 03/11/2019, sites de notícias franceses deram destaque ao
assassinato e denunciaram que esse tipo de crime vem se multiplicando desde
que Bolsonaro foi eleito.
 Em 04/11/2019, pistoleiros de fazendeiros feriram indígenas Guarani Kaiowá
com balas de borracha na região de Dourados, Mato Grosso do Sul.
 Em 06/11/2019, servidores das Frentes de Proteção Etnoambiental,
responsáveis pela proteção de indígenas isolados, manifestaram-se, por carta,
contra o desmonte de políticas públicas e aumento da violência contra quem
atua na área, bem como se disseram preocupados com as medidas que vêm
sendo adotadas na Funai.
 Em audiência pública na Comissão de Integração Nacional da Câmara no dia
06/11/2019, o general Augusto Heleno afirmou que a maioria dos laudos
antropológicos da Funai para demarcação de terras indígenas são fraudulentos,
embora não tivesse nenhuma prova para comprovar tal afirmação.
 Em 19/11/2019, A Pública denunciou que a Funai substituiu antropólogos
qualificados por profissionais “de confiança” sem a necessária capacitação, para
demarcar terras indígenas.
 Em 27/11/2019, Bolsonaro foi denunciado no Tribunal Penal Internacional (TPI)
por “crimes contra a humanidade” e “incitação ao genocídio de povos
indígenas” do Brasil. A representação foi feita pela Comissão Arns e pelo
Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos.
 Em 27/11/2019, índios Yanomami denunciaram, em carta aberta, o risco de
massacre indígena em reserva no Amazonas e em Roraima, além de pedirem a
saída de garimpeiros da terra e alertar para os impactos do garimpo ilegal na
região.
 Em 28/11/2019, levantamento do sistema de monitoramento PRODES, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontou que o desmatamento
na Amazônia cresceu 29,5% entre agosto de 2018 e julho de 2019. No mesmo
período, as terras indígenas perderam 423,3 km² de área de floresta - um
aumento de 74%.
 Em 07/12/2019, dois índios da etnia Guajajara foram assassinados em um ataque
a tiros no Maranhão e outros dois indígenas foram feridos. No dia 09/12/2019,
outros dois indígenas foram atropelados na região e um deles morreu. Segundo
dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de lideranças indígenas
mortas em conflitos no campo em 2019 foi o maior em 10 anos.
 Em 13/12/2019, indígenas Guajajara denunciaram a morte de mais dois jovens
da Terra Indígena Arariboia a facadas no Maranhão.
 Em 19/12/2019, Bolsonaro defendeu que a produção pecuária deveria ser
permitida em terras indígenas para diminuir o valor da carne.
 Em 11/01/2020, o governo Bolsonaro anunciou que está avançando nos planos
de permitir a mineração em terras indígenas, informando diplomatas europeus
sobre propostas que atraíram críticas de defensores dos índios no Brasil e no
exterior. O projeto que autoriza exploração de terras indígenas foi finalizado e
segue para o Congresso. O documento autoriza mineração, pecuária,
construção de hidrelétricas, prospecção de petróleo e gás, agricultura, e até
turismo nas áreas demarcadas. De acordo com o texto, indígenas deverão ser
consultados sobre o projeto, mas não terão poder de veto.
 Nos 13 primeiros dias de 2020, indígenas e quilombolas foram vítimas de
assassinatos e ataques que deram continuidade à escalada de violência que
atingiu os povos tradicionais e originários em 2019. O número de lideranças
indígenas mortas em conflitos no campo, por exemplo, foi o maior em pelo
menos 11 anos. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) registraram sete
mortes em 2019, contra duas mortes em 2018.
 Em 31/01/2020, a imprensa brasileira noticiou a intenção da Funai de nomear
Ricardo Lopes Dias para a Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente
Contato (CGIIRC). Lopes foi membro da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB),
conhecida pelo trabalho de evangelização de indígenas. A indicação de Dias
alarmou indigenistas, que encaram o nome como um risco à política
consolidada de não contato com essas populações e o respeito ao isolamento
voluntário desses povos. Em 05/02/2020, ignorando as críticas, o governo
confirmou a nomeação do ex-missionário evangélico para o cargo.
 Em 03/02/2020, o Ministério Público Federal (MPF) publicou uma nota
condenando a interrupção na distribuição de cestas básicas por parte da Funai
e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a indígenas que vivem em
terras ainda não demarcadas no Mato Grosso do Sul. A instituição recomendou
o pronto restabelecimento da distribuição.
 Em 05/02/2020, Bolsonaro assinou um projeto para regulamentar a mineração e
a geração de energia elétrica em terras indígenas. O texto ainda deve ser
analisado pelo Congresso.
 Em 26/02/2020, o professor do Departamento de Geografia e do Programa de
Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (USP),
Wagner Ribeiro, alertou que o Projeto de Lei (PL) 191/2020, de autoria do
governo Bolsonaro, prejudicará a biodiversidade e a sociodiversidade brasileira
e colocará em risco a segurança alimentar, pois, além de, em linhas gerais,
tratar da regulamentação de mineração e da construção de hidrelétricas em
terras indígenas, também busca liberar o cultivo de Organismos Geneticamente
Modificados (OGMs) nos territórios dos povos tradicionais.
 Em 02/02/2020, a imprensa brasileira repercutiu a informação de que a
mortalidade de bebês indígenas voltou a subir em 2019, depois da saída de
médicos cubanos que atuavam pelo programa Mais Médicos, e retornou aos
patamares anteriores à iniciativa. Dados do Ministério da Saúde mostraram
que, entre janeiro e setembro de 2019, último mês com estatísticas disponíveis,
morreram 530 bebês indígenas com até um ano de idade, alta de 12% em
relação ao mesmo período de 2018.
 29/02/2020 – A Folha de S. Paulo divulgou que centenas de garimpeiros estão
atuando ilegalmente na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, desde
dezembro de 2019. A invasão ocorreu na área que fica no município de
Normandia, na fronteira com a Guiana. Os invasores utilizam grande estrutura
de maquinaria, com escavadeiras e moinhos trituradores. Segundo as lideranças
indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), a ação está ligada à promessa
de Bolsonaro, de liberar o garimpo nas terras dos povos originários.
 Em 03/03/2020, o Brasil foi denunciado no Conselho de Direitos Humanos da
ONU pelo “desmonte das políticas ambientais e indigenistas e pelo risco
elevado de genocídio de povos indígenas isolados” no governo Bolsonaro. A
denúncia, feita durante audiência em Genebra, foi apresentada pelo Instituto
Socioambiental, pela Conectas Direitos Humanos e Comissão Arns.
 27/03/2020 – O ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o
general reformado Augusto Heleno, assinou uma resolução para remover de
suas casas e terrenos centenas de famílias quilombolas da ilha de Alcântara, no
Maranhão. Em 01/04/2020, a DPU (Defensoria Pública da União) recomendou a
Heleno que revogasse os trechos da sua resolução, que confirmou que o
governo Bolsonaro estava determinado a fazer a remoção das famílias, o que
contraria inúmeras entrevistas e informações oficiais repassadas por ministros à
imprensa e ao Congresso Nacional nos últimos meses.
 31/03/2020 - Uma liderança indígena da etnia Guajajara foi assassinada a tiros no
Maranhão, segundo confirmou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Zezico Rodrigues Guajajara era um dos líderes da Terra Indígena Araribóia,
diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuru e professor há 23 anos.
Seu corpo foi encontrado na estrada da Matinha, próximo à sua aldeia, Zutiwa,
no município de Arame.
 09/04/2020 - Segundo um boletim produzido pelo Instituto Socioambiental (ISA),
que monitora a atividade na Terra Indígena Yanomami, em Roraima e no
Amazonas, houve um aumento de 3% na área degradada por garimpeiros no
território em março em comparação com fevereiro de 2020.
 17/04/2020 – Pela manhã, em frente ao Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou a
afirmar que é a favor da liberação do garimpo em terras indígenas.

PACOTE ANTICRIME
A proposta promove alterações em 14 leis, que vão desde o Código Penal e o Código
Processual Penal até legislações pouco conhecidas, como a 12.037/2009 (que trata da
identificação de criminosos pelo Estado) e a 13.608/2018 (que regula o recebimento
de denúncias e o oferecimento de recompensas).
Um dos pontos mais polêmicos do texto é uma mudança no artigo 23 do Código Penal,
que trata do chamado excludente de ilicitude. O ministro mantém o entendimento da
lei que o autor “responderá pelo excesso doloso ou culposo” durante uma reação, mas
que o juiz poderá reduzir a pena pela metade ou não a aplicar se o excesso “decorrer
de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. A proposta foi muito criticada, pois
legitima as mortes praticadas pela polícia.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública questionou o fato de o pacote ter sido
elaborado sem consulta a órgãos como o Conselho Nacional de Segurança Pública e
Defesa Social e do Conselho Nacional de Políticas Penitenciárias. Juristas, políticos e
acadêmicos classificam o projeto como grotesco. A prisão do réu após condenação em
segunda instância, antes do trânsito em julgado, afronta a Constituição.
Quase ninguém viu, mas em determinado ponto ele dá autonomia à Polícia Federal e
ao Ministério Público para firmar acordos internacionais diretamente, sem o crivo do
Congresso Nacional ou do Presidente da República.
Outro trecho do plano que passou despercebido obriga os presos a fornecerem
material genético quando solicitado pelas autoridades públicas, caso contrário
perderão direitos como a progressão de regime.
Em 03 de outubro de 2019, o governo Bolsonaro lançou uma campanha publicitária do
pacote anticrime, cujo custo foi de cerca de 10 milhões de reais, com o intuito de
espalhar a ideia de insegurança e medo na população, de modo a justificar a defesa do
pacote. No dia 09/10/2019, o Tribunal de Contas da União (TCU) acatou pedido da
oposição e mandou suspender em definitivo campanha publicitária do pacote
anticrime.
Em 03/11/2019, o ministro Sergio Moro começou a divulgar uma série de outdoors em
defesa do projeto Anticrime, alegando que se trata de propaganda espontânea de
apoiadores. Em 04/11/2019, o coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia
decidiu ingressar com ação judicial para apurar o financiamento dos outdoors em
defesa do pacote anticrime, que já teve a divulgação de seus vídeos institucionais
barrados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Apesar disso, Moro continuou a
divulgação dos outdoors com a campanha clandestina de apoio ao pacote anticrime.
Em 14/11/2019, o então ministro divulgou uma nova série de outdoors com apoio ao
seu pacote.
Em 06/11/2019, Bolsonaro pediu que o Ministério da Defesa fizesse um estudo sobre a
possibilidade de estender o chamado excludente de ilicitude a militares das Forças
Armadas que participem de missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Em 21/11/2019, Bolsonaro anunciou o envio, ao Congresso Nacional, um projeto de lei
com regras para isentar militares e integrantes de forças de segurança de eventuais
punições em operações de Garantia da Lei e da Ordem, por meio do chamado
excludente de ilicitude.

Em 04/12/2019, por 408 votos a favor, nove contra e duas abstenções, a Câmara dos
Deputados aprovou o projeto de lei do pacote anticrime (PL 10372/18) com as
modificações feitas no Grupo de Trabalho que analisou o texto. A aprovação
representou uma vitória da oposição, já que o texto foi aprovado sem pontos
defendidos por Moro, como o excludente de ilicitude.

Em 15/12/2019, Bolsonaro disse que vai vetar do pacote anticrime aprovado pelo
Congresso o trecho que aumenta a pena para crimes contra a honra (injúria, calúnia e
difamação) cometidos na internet.

CONDENAÇÃO APÓS SEGUNDA INSTÂNCIA


 Em 08/11/2019, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara,
deputado Felipe Francischini, marcou a votação da PEC que autoriza a prisão
após a condenação em segunda instância para o dia 11/11/2019. O Ministro da
Justiça Sergio Moro pressiona o Congresso a votar a PEC e, portanto, subverter
uma cláusula pétrea da Constituição, com o intuito de ter Lula preso
novamente. Para modificar uma cláusula pétrea é necessária uma nova
Constituição. Bolsonaro também é entusiasta da mudança.
 Em 11/11/2019, deputados lavajatistas anteciparam sua ida à Brasília para
acelerar na Câmara a tramitação da PEC. No mesmo dia, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM), disse que a discussão sobre a prisão após
condenação em segunda instância “não é a única urgência do Brasil” e
defendeu cautela na análise do assunto pelo Congresso.
 Em 12/11/2019, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, deixou clara sua
resistência em pautar a PEC da prisão em segunda instância e afirmou que, se
de fato for uma prioridade, que os congressistas deviam renunciar para que
uma nova Constituinte fosse convocada. No mesmo dia, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia, descartou a realização de uma Constituinte para
modificar a Constituição de 1988 e permitir a prisão após condenação em
segunda instância. Devido à resistência, deputados favoráveis à medida
resolveram criar uma outra PEC que agradasse alguns opositores.
 Em 19/11/2019, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados
decidiu adiar a votação da PEC da segunda instância.
 Em 20/11/2019, a PEC da prisão em 2ª instância foi aprovada na CCJ da Câmara
dos Deputados. Foram 62 votos no total, sendo 50 favoráveis e 12 críticos.
 Em 21/11/2019, a imprensa divulgou que um grupo de senadores está se
movimentando para segurar o projeto de lei que seria votado no Senado para
acompanhar a discussão da Câmara antes de deliberar sobre o assunto. A ideia,
contudo, empurra a decisão final sobre a prisão em segunda instância para o
próximo ano e, por isso, está sendo contestada pelos aliados de Moro.
 Em 26/11/2019, líderes do Congresso fecharam acordo para que a discussão
sobre prisão após segunda instância seja centralizada na Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) que tramita na Câmara. Assim, o projeto de lei que trata do
mesmo tema no Senado foi engavetado.
 Em 04/12/2019, a Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado, Simone Tebet (MDB), atendeu ao apelo dos parlamentares que tentam
votar o projeto de lei da prisão em segunda instância ainda neste ano e
anunciou que o projeto será o primeiro item da pauta de votações da próxima
sessão da CCJ, prevista para 10/12/2019.
 Em 10/12/2019, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o
projeto de lei que possibilita a retomada da prisão em segunda instância, com
22 votos favoráveis e apenas um contra.

FLEXIBILIZAÇÃO DA POSSE DE ARMAS


 Logo que assumiu, Bolsonaro assinou um decreto flexibilizando a posse de
armas no País. A medida foi condenada por especialistas em segurança pública,
uma vez que estudos e estatísticas apontam que o aumento na circulação de
armas de fogo está diretamente ligado ao crescimento no índice de homicídios.
Sem contar que a iniciativa atende a interesses da indústria armamentista e da
bancada da bala, além de eximir o governo federal da responsabilidade pela
segurança pública. Por pressão da Câmara Federal, Bolsonaro revogou o
decreto de armas, mas já encaminhou outros projetos com o mesmo tema para
o Congresso.
 Bolsonaro sancionou, no dia 17 de setembro de 2019, lei que ampliou a posse
de armas em propriedades rurais. Segundo o professor do Departamento de
Ciência Política da Unicamp, Wagner Romão, a iniciativa vai colaborar para o
aumento da violência no campo, pois a medida atende apenas aos interesses
da bancada ruralista no Congresso Nacional e o campo conservador que apoia
o governo.
 Um novo projeto que flexibiliza o porte de armas de fogo pode ser votado no
mês de outubro de 2019 na Câmara dos Deputados. Além de diminuir de 25
para 21 anos a permissão do porte, o texto flexibiliza a possibilidade de porte
de armas para caçadores, atiradores e colecionadores.
 Uma nova portaria do Exército sobre o comércio de armamentos, divulgada em
26/10/2019, facilitou a compra de armas e munições de uso permitido para
polícias estaduais e corpo de bombeiros. Antes da portaria, eram necessárias
autorizações prévias do Exército para aquisição das armas. Agora, essas
autorizações foram dispensadas.
 Em 29/10/2019, o vice-presidente, Hamilton Mourão, comentou a marca de um
milhão de armas registradas no País, após os decretos de Bolsonaro que
alteram as regras para posse e porte de arma de fogo, afirmando que ainda é
preciso liberar mais armas para haver equilíbrio com o número de habitantes
do país.
 Em 06/11/2019, o projeto de lei conhecido como PL das Armas foi aprovado na
Câmara, após sofrer desidratação pela oposição. Por meio de um amplo
acordo, foi votado apenas o porte de armas para atiradores, caçadores e
colecionadores de armas (CACs).
 Em 25/11/2019, Bolsonaro afirmou que enviará ao Congresso um projeto de lei
para garantir que um morador armado possa reagir (e matar) quem tentar
invadir sua residência. A medida valeria tanto para residências rurais quanto
urbanas.
 Em 04/12/2019, um relatório obtido pelo Intercept, feito com base em dados
de importação de armamentos do Ministério da Economia, Comércio Exterior e
Serviços, mostrou que o número de armas importadas aumentou 1.473% em
2019 em comparação com 2016. Naquele ano, 2.390 armas foram importadas.
Só em 2019 o número subiu para 37.589.
 Em 29/12/2019, Bolsonaro usou sua conta no Twitter para dizer que precisa da
ajuda do Congresso para ampliar o direito à posse e ao porte de armas no
Brasil. O presidente ainda comemorou o aumento de 50% nos registros de
armas de fogo em 2019 em comparação com 2018.
 17/04/2020 - Bolsonaro anunciou, via Twitter, que determinou a revogação de
três portarias do Comando Logístico (Colog) do Exército que determinava maior
controle sobre importação, rastreamento e identificação de armas de fogo.

SEGURANÇA PÚBLICA

 Em 30/01/2020, o ministro da Justiça, Sergio Moro, divulgou a lista de


criminosos mais procurados do país, excluindo o ex-capitão do Bope, líder do
Escritório do Crime, braço da milícia de Rio das Pedras responsável pelo
assassinato de inimigos, foragido há mais de um ano da Polícia e homenageado
por Flávio Bolsonaro em sessão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj), Adriano da Nóbrega. O miliciano teve mãe e irmã empregadas no
gabinete de Flávio Bolsonaro por indicação de Fabrício Queiroz e também foi
citado na investigação que apura a prática de “rachadinha” no antigo gabinete
do filho do presidente. Além da condecoração recebida por indicação de Flávio,
Adriano foi defendido por Bolsonaro em discurso na Câmara dos Deputados,
em 2005, quando foi condenado por um homicídio.
 Em 09/02/2020, o ex-capitão Adriano da Nóbrega, acusado de comandar a mais
antiga milícia do Rio de Janeiro foi localizado e morto na Bahia. De acordo com
a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, Adriano teria efetuado disparos
com uma arma ao ser encontrado e, na troca de tiros, teria sido ferido. Foram
encontradas com ele uma pistola austríaca calibre 9mm e outras três armas.
Participaram da operação equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais
(Bope), da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe)
Litoral Norte e da Superintendência de Inteligência (SI) da Secretaria da
Segurança Pública.
 04/03/2020 - Portando passaporte frio, o embaixador do Turismo do governo
Bolsonaro, Ronaldinho Gaúcho foi preso em Assunção (Paraguai).
 09/03/2020 - A Justiça paraguaia negou pela segunda vez um pedido para que
Ronaldinho Gaúcho e o irmão passassem e cumprir prisão preventiva em
regime domiciliar. Os advogados apresentaram um imóvel de um terceiro no
valor de US$ 800 mil como garantia para que o juiz Gustavo Amarilla aceitasse a
prisão domiciliar, mas ele considerou insuficiente. Ambos estão detidos desde a
noite de sexta-feira (06/03) na penitenciária Agrupação Especializada da Polícia
Nacional, em Assunção, suspeitos de utilização de passaportes falsos para
entrar no país e lá devem permanecer.
 10/03/2020 - Em entrevista ao canal C9N, o ministro do Interior do Paraguai,
Euclides Acevedo, disse que Sergio Moro, ministro da Justiça do governo
Bolsonaro especulou, durante telefonema, se o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho,
e o irmão, Assis, poderiam ser libertados.
 12/03/2020 - Os celulares de Adriano da Nóbrega, ex-PM ligado a Flávio
Bolsonaro, chegaram ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), da Polícia
Civil do Rio, onde serão periciados. Ao todo, 13 aparelhos foram apreendidos
no dia da operação em que o ex-capitão do Bope foi morto, no início de
fevereiro, no município de Esplanada, na Bahia.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A postura submissa e entreguista do governo de Jair Bolsonaro em relação aos EUA
está acabando com a política externa ativa e altiva dos governos petistas, bem como
destruindo a imagem do Brasil no mundo. Além disso, suas declarações descabidas e,
em alguns casos desrespeitosas, causaram reações negativas em vários países. Os
entraves prejudicam relações econômicas, ameaçam acordos multilaterais e já levaram
o país a perder recursos milionários do Fundo da Amazônia. Os principais retrocessos e
crises diplomáticas causados pela falta de habilidade do governo na política externa
são:
 Como já foi mencionado, antes mesmo de assumir o cargo, Bolsonaro chamou
os cubanos de cascavéis, terroristas e criticou o Mais Médicos. Sem provas,
afirmou que os profissionais cubanos vieram ao Brasil pelo programa para
formar “núcleos de guerrilha do PT”. Ao fazer essas declarações sem qualquer
justificativa plausível, Bolsonaro acabou por instaurar uma das mais graves
crises do seu governo ao deixar milhões de brasileiros sem direito à saúde.
 Após visita aos EUA, o presidente liberou a isenção unilateral do visto para
norte-americanos, cedeu a Base de Alcântara para lançamentos aeroespaciais
estadunidenses, bem como deu apoio incondicional a Trump no caso da
Venezuela.
 O Mercosul e as relações com os países da América Latina perderam a
relevância que tiveram nos últimos anos.
 As críticas de Bolsonaro à China também geraram uma crise com o país.
 Ao prometer transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para
Jerusalém, Bolsonaro criou outra crise comercial. Em retaliação, a Arábia
Saudita, maior importadora de carne de frango do Brasil, riscou cinco
frigoríficos da lista dos exportadores brasileiros para o país árabe. A
transferência de embaixada não chegou a ser concretizada, mas, em abril, Jair
voltou a tocar no assunto e anunciar que abriria um escritório comercial em
Jerusalém, o que causou ainda mais reações negativas na região. A insistência
de Jair Bolsonaro em reconhecer Jerusalém como capital de Israel mexe em
uma ferida antiga, do conflito com os palestinos que afeta a região desde o
início do século XX e até hoje não tem solução.
 O presidente liberou as chefias do Itamaraty para nomeações políticas,
quebrando uma tradição secular da diplomacia profissional brasileira.
 O desrespeito de Bolsonaro com aqueles que pensam diferente tem dificultado
as relações do Brasil com países vizinhos, como é o caso da Argentina. Com a
vitória de Alberto Fernández e Cristina Kirchner nas prévias eleitorais, Jair
atacou a chapa que chegou a chamar de “bandidos de esquerda”. Em resposta,
Fernandéz chamou Jair de “racista, misógino e violento”. Caso a vitória da
dupla se confirme nas eleições, em outubro, o impasse pode trazer
consequências negativas para o Mercosul.
 A política ambiental de Bolsonaro levou o governo da Alemanha a anunciar a
suspensão de R$155 milhões do Fundo da Amazônia. De forma desrespeitosa,
ele respondeu que a chanceler alemã Angela Merkel deveria pegar a “grana” e
reflorestar seu próprio país. Por sua postura, Bolsonaro foi ridicularizado em
um programa humorístico da TV estatal alemã, chamado de “o boçal de
Ipanema”.
 A questão do Fundo da Amazônia gerou desavenças também com a Noruega
que, depois da Alemanha, anunciou a suspensão de R$133 milhões em
repasses ao programa. Em resposta, Bolsonaro publicou o vídeo de uma
suposta “matança a baleias” e disse que o país “não tem nada a oferecer para
nós”. O vídeo, no entanto, era de um evento da Dinamarca.
 O vídeo que Bolsonaro divulgou para atacar a Noruega causou reações
negativas na Dinamarca. Um dos principais jornais do país, o Berlingske, acusou
Jair de disseminar fake news por estar furioso com o fim dos repasses para o
Fundo da Amazônia.
 A lista de países que reagiu ao desastre ambiental da gestão Bolsonaro também
inclui a Finlândia. Lá, o ministro das Finanças Mika Lintila afirmou que, tanto o
país como a União Europeia, deveriam “rever com urgência a possibilidade de
proibir as importações brasileiras de carne bovina”. O caso mostra como o
desgoverno de Jair Bolsonaro ameaça as relações comerciais do Brasil.
 Diante da destruição que as queimadas criminosas vêm provocando na floresta
amazônica, o presidente da França, Emmanuel Macron, convocou uma reunião
do G7 para discutir as políticas ambientais do Brasil. No dia seguinte, o
gabinete do presidente francês acusou Jair de mentir sobre a pauta ambiental
na reunião do G20, realizada em junho, no Japão. Bolsonaro, por sua vez, fez
uma série de declarações desrespeitosas sobre Macron, até mesmo sobre sua
esposa, o que agravou as relações diplomáticas com o país. Bolsonaro já havia
criado constrangimento com a França, ao faltar a um encontro com o ministro
das Relações Exteriores Jean-Yves Le Drian e transmitir um vídeo ao vivo
cortando o cabelo no mesmo horário da reunião.
 Mais de 18 marcas internacionais, como Kipling, Vans e Timberland, cancelaram
a compra de couro brasileiro por conta das notícias que relacionavam as
queimadas na Amazônia ao agronegócio e à irresponsabilidade ambiental do
governo Bolsonaro.
 Em mais um ato de servilismo aos Estados Unidos, o governo Bolsonaro definiu
a ampliação da importação de etanol norte-americano com tarifa zero, sem
contrapartida para o Brasil.
 O gigante sueco da moda H&M anunciou, no início de setembro de 2019, que
suspenderá imediatamente a compra de couro do Brasil “devido à conexão dos
graves incêndios da Amazônia com a produção pecuarista”. A empresa sueca é
a segunda maior varejista de moda do mundo.
 Isolado da comunidade internacional, com raiva do mundo pelas reações
negativas ao seu comportamento de tirano defensor de torturas e assassinatos
e conduta irresponsável ao não proteger a Floresta Amazônica, Jair Bolsonaro
deu calote bilionário na ONU - Organização das Nações Unidas em 2019. O
governo acumula um atraso inédito com a organização, somando US$ 433,5
milhões, mais de R$ 1,7 bilhão. Além de prejudicar a imagem do País no
exterior, o calote compromete a candidatura do Brasil a uma vaga no Conselho
de Direitos Humanos da ONU.
 Após a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, fazer
um duro questionamento ao governo Bolsonaro, afirmando que o espaço
democrático no Brasil está encolhendo, o presidente brasileiro criou uma nova
crise, agora com o Chile, ao atacar a memória do pai da ex-presidente chilena,
torturado e morto pela ditadura Pinochet. Forças políticas de esquerda, centro
e direita chilenas criticaram veementemente a atitude de Bolsonaro.
Ampliando a crise diplomática, o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma
nota endossando os ataques de Bolsonaro e acusando Michelle Bachelet de
mentir.
 Agravando a crise diplomática com a França, o ministro da Economia Paulo
Guedes reforçou os ataques de Bolsonaro à primeira-dama francesa, afirmando
que “ela é feia mesmo”. Após mais esse episódio de ofensas, a filha de Brigitte
Macron lançou uma campanha contra a misoginia.
 O Itamaraty decretou censura no acesso a documentos oficiais que expliquem o
motivo pelo qual o governo brasileiro passou a rejeitar, na ONU, o termo
"igualdade de gênero" ou "educação sexual" em resoluções e textos oficiais -
até 2024.
 Em meio à crise diplomática internacional gerada pelo governo Bolsonaro por
conta das queimadas criminosas na Amazônia, os nove governadores do
Nordeste decidiram ir à Europa, na segunda quinzena de novembro de 2019,
para reivindicar recursos recusados por Bolsonaro para o combate ao
desmatamento e buscar investimentos estrangeiros.
 Em discurso proferido na Fundação Heritage, em Washington, nos Estados
Unidos, em 11 de setembro de 2019, o chanceler do Brasil, Ernesto Araújo,
negou o aquecimento global e sugeriu a existência de um complô marxista no
planeta, que pegou mal até para os conservadores presentes no evento. A
postura negacionista e conspiratória do chanceler traz prejuízos reais ao Brasil
no que tange aos investimentos estrangeiros no país, pois abala a confiança em
relação ao futuro econômico do Brasil.
 O alinhamento econômico do governo Bolsonaro com os EUA e Israel está
trazendo prejuízos no comércio brasileiro em 2019. De janeiro e agosto, a
balança comercial brasileira teve saldo negativo de 352 milhões de dólares e de
519 milhões de dólares, respectivamente, com Estados Unidos e Israel. No total
das transações com os dois, o Brasil perdeu 871 milhões de dólares (cerca de
R$ 3,5 bilhões).
 Por conta da falta de compromisso do governo Bolsonaro com a preservação da
Amazônia, o Parlamento da Áustria decidiu no dia 17 de setembro de 2019,
opor-se à entrada em vigor do acordo de livre comércio entre União Europeia e
Mercosul.
 Um grupo de 230 investidores internacionais divulgou, no dia 18 de setembro
de 2019, um manifesto afirmando que acompanha com “grande preocupação”
o que chamou de “crescente crise do desmatamento e dos incêndios florestais”
no Brasil. No início de setembro, o mercado financeiro já anunciou o que
chamou de “risco Bolsonaro”, afirmando que as declarações públicas do
presidente, especialmente seu posicionamento beligerante em relação a temas
mundiais como a questão ambiental, tem afugentado os investidores.
 Em mais um vexame diplomático, no dia 22 de setembro de 2019, o filho do
presidente, deputado Eduardo Bolsonaro, chamou a ex-presidente do Chile,
Michele Bachelet de ladra e a mandou devolver o dinheiro roubado do Brasil.
 A imagem e o respeito do Brasil no exterior pioraram consideravelmente após o
discurso de Bolsonaro, em 24 de setembro de 2019, na Assembleia Geral da
ONU em Nova York, nos Estados Unidos. Desde que chegou na cidade,
Bolsonaro foi alvo de protestos por conta de sua política ambiental destrutiva,
mas isso não sensibilizou o presidente, que fez um discurso arrogante,
negacionista, repleto de informações falsas e ataques a França, Cuba,
Venezuela, aos governos petistas e à mídia. A repercussão do discurso no Brasil
e no exterior foi extremamente negativa. No dia seguinte ao discurso, 16
deputados do Partido Democrata, dos Estados Unidos, apresentaram uma
resolução na Câmara dos Representantes para dificultar os laços entre o
governo brasileiro e estadunidense.
 A ministra francesa do Meio Ambiente, Elisabeth Borne, confirmou, em
08/10/2019, que a França não assinará o Acordo EU-Mercosul sobre questões
agrícolas, por conta da política ambiental do governo Bolsonaro, que
desrespeita a floresta Amazônica e o Tratado de Paris.
 Em 08/10/2019, o chanceler Ernesto Araújo, anunciou a aproximação do
governo Bolsonaro com a Hungria, também comandada pela extrema-direita.
 Segundo maior devedor da ONU, acumulando pagamentos atrasados no valor
de US$ 433,5 milhões para todas as áreas da entidade, o governo do Brasil
recebeu carta de cobrança do secretário-geral da entidade, António Guterrez.
 Em julho de 2019, Jair Bolsonaro concedeu, por meio do Itamaraty, passaporte
diplomático para parentes de suspeito da morte de Marielle Franco. João Vitor
Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, são filho e esposa do
deputado federal Chiquinho Brazão, que também possui o documento. O
deputado é irmão de Domingos Inácio Brazão, conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) acusado de obstruir as
investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e suspeito de
ser um dos mandantes do crime.
 Em 10/10/2019, o governo dos EUA se recusou a endossar a tentativa do Brasil
de ingressar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), apesar das concessões unilaterais feitas pelo governo Bolsonaro aos
EUA, ou seja, mais um vexame internacional da desastrosa política externa
ideológica e entreguista de Bolsonaro.
 Após retornar de viagem para Alemanha, no início de outubro de 2019, a
ministra da Agricultura, Tereza Cristina, encontrou-se com Bolsonaro para
relatar a péssima imagem do Brasil no exterior, como consequência, sobretudo,
da questão das queimadas na Amazônia.
 Em 21/10/2019, empresários da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da
Coalização Empresarial Brasileira (CEB) declararam que Bolsonaro é um
obstáculo para as negociações com o Mercosul, por sua falta de transparência.
 Em 22/10/2019, o diplomata Audo Araújo Faleiro foi exonerado pelo ministro
das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, do cargo de chefe da divisão que cuida
da Europa Ocidental, por ter trabalhado em administrações petistas.
 Em 24/10/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro vai isentar
chineses de visto para entrar no país e que, em princípio, não haverá
reciprocidade na medida.
 Em 25/10/2019, Bolsonaro afirmou que as manifestações no Chile foram “atos
terroristas”, mais uma vez, criando desconforto diplomático com o país.
 Após Bolsonaro considerar a saída do Brasil do Mercosul, os ministérios da
Economia e de Relações Exteriores do governo Bolsonaro estão avaliando os
impactos para o país, que incluem perdas bilionárias decorrentes do fim das
exportações brasileiras com tarifas diferenciadas aos países do bloco e as
perdas para cidadãos.
 O Ministério das Relações Exteriores divulgou, em 25/10/2019, um informe no
qual afirmou não reconhecer "neste momento" a reeleição do presidente Evo
Morales para seu quarto mandato.
 Como retaliação, Bolsonaro indicou o ex-porta-voz de Lula, o diplomata
Marcelo Baumbach, para Embaixada do Haiti, em 26/10/2019.
 Em 28/10/2019, Bolsonaro afirmou, em entrevista, que não iria cumprimentar
o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, quebrando uma tradição
diplomática entre os países vizinhos. Além disso, Bolsonaro fez críticas a
Fernández, sobre a sua defesa à liberdade do ex-presidente Lula. Em nova
afronta, no dia 02/11/2019, Bolsonaro informou que não vai nem enviará
nenhum representante do Brasil para a posse do candidato vitorioso. Eduardo
Bolsonaro também fez críticas ao presidente eleito, ao seu filho – que atua
como Drag Queen e é ativista LGBT+ – e aprovou, em 06/11/2019, na Comissão
de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, que preside, um requerimento
pedindo o repúdio ao presidente eleito na Argentina, por desrespeito ao
sistema judiciário brasileiro, ao defender Lula. O chanceler do atual governo
argentino, Jorge Faurie, condenou as críticas da família Bolsonaro à vitória de
Fernández, em carta enviada ao embaixador brasileiro em Buenos Aires em
31/10/2019.
 Após Bolsonaro dizer, em entrevista ao Estadão no dia 29/10/2019, que
esperava que o candidato do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, tivesse sucesso
no segundo turno das eleições no Uruguai, em 31/10/2019, Pou criticou as
declarações do presidente brasileiro, que, segundo ele, não deveria opinar
sobre processos eleitorais de outros países (já que teria que se dar bem com
qualquer que fosse o eleito) e pediu que ele não o apoiasse. No mesmo dia, o
Ministério de Relações Exteriores do Uruguai convocou o embaixador do Brasil
no país para dar explicações sobre essas declarações feitas por Bolsonaro a
respeito do processo eleitoral uruguaio.
 Rompendo a tradição, no início de novembro de 2019, o Brasil votou na
Assembleia Geral da ONU, pela primeira vez em 27 anos, a favor do embargo
econômico, comercial e financeiro a Cuba, que começou em 1962, promovido
pelo governo norte-americano. Além do governo brasileiro, somente os EUA e
Israel defenderam o embargo.
 O jornalista Jamil Chade informou, em 08/11/2019, que o Itamaraty tem
enviado diplomatas para universidades no exterior para fazer propaganda dos
planos do governo Bolsonaro e questionar acadêmicos e convidados destas
instituições em debates que tratem do atual governo brasileiro.
 Os empresários Mario Ye Sui Yong e Thomas Law foram incluídos como
intérpretes na comitiva do presidente Bolsonaro na viagem à China no final de
outubro de 2019. Yong é apontado como líder de um grupo que comercializa
produtos na Feira do Paraguai, em Brasília, e no centro de SP. Thomas é filho de
Law Kin Chong, que já foi preso por suborno e acusação de contrabando.
 Em 10/11/2019, o jornal boliviano El Periódico revelou áudios mostrando a
articulação do governo Bolsonaro com a oposição direitista boliviana para a
derrubada do governo de Evo Morales. No mesmo dia, Bolsonaro comemorou
o golpe em seu Twitter.
 A subserviência do governo brasileiro em relação aos Estados Unidos causou
mal-estar na cúpula dos BRICS. Nas negociações para formular a declaração
oficial da cúpula, nos dias 13 e 14/11/2019, o Itamaraty atuou para convencer
os membros do grupo a retirar do documento trechos que contrariavam
interesses norte-americanos no Oriente Médio.
 Em 13/11/2019, a embaixada da Venezuela em Brasília foi invadida por
apoiadores de Juan Guaidó, que se autointitulou presidente venezuelano. O
deputado federal Eduardo Bolsonaro foi às redes sociais para apoiar a invasão.
A ONU emitiu um alerta ao governo brasileiro, afirmando que todos os países
têm a responsabilidade de proteger embaixadas estrangeiras em seus
territórios. Ainda durante a invasão, a imprensa divulgou que o governo
Bolsonaro participou ativamente da ação e que o diplomata Maurício Correa
estava no prédio da embaixada na qualidade de representante oficial do
governo. O senador Telmário Mota (PROS), presidente da subcomissão de
Relações Exteriores do Senado que trata da crise venezuelana, corroborou a
informação divulgada pela imprensa, dizendo que o Itamaraty estava
controlando quem entrava e saía da Embaixada. Apesar das denúncias, o
governo emitiu nota negando que participou ou incentivou a invasão. Também
foi divulgado pela imprensa que um dos veículos usados na invasão pertencia à
presidente do Rotary Club de Brasília, Maria do Carmo Zinato. Policiais Militares
que estavam dentro da embaixada afirmaram a pessoas no interior do prédio
que não tinham orientação do governo Bolsonaro sobre o que fazer diante da
invasão. Apesar de negar que tivesse conhecimento da ação, auxiliares de
Bolsonaro foram informados por volta das 6 horas da manhã de que partidários
Guaidó haviam invadido a Embaixada da Venezuela. Em seu Twitter, o
chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, culpou o governo brasileiro pela
invasão e o responsabilizou pela segurança da equipe e das instalações da
Embaixada, além de exigir respeito pela Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas”.
 Em 12/11/2019, deputados de oposição apresentaram um requerimento
exigindo que o Itamaraty explicasse se teve algum papel nos acontecimentos
que levaram à queda do presidente da Bolívia, Evo Morales, e pedindo que
todos os telegramas internos do Itamaraty envolvendo a análise da situação no
país vizinho em 2019 fossem entregues. No mesmo dia, o Itamaraty divulgou
comunidade, afirmando que a permanência de Evo Morales no poder seria uma
ameaça à “ordem democrática” na Bolívia, ou seja, apoiando o golpe de Estado
naquele país, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou
que o Brasil reconhecia a senadora Jeanine Añez como a presidenta da Bolívia.
Em 14/11/2019, o líder do movimento que derrubou Evo Morales, Luis
Fernando Camacho, afirmou que o governo brasileiro tinha conhecimento de
tudo que estava sendo feito pelos golpistas na Bolívia.
 Em 13/11/2019, a imprensa divulgou os resultados dos acordos comerciais
entre o governo Bolsonaro e a China, ressaltando que a exportação de
produtos brasileiros para os chineses caiu 9,9% em 2019 em comparação com
2018 e a importação manteve-se quase estável, com crescimento de 0,73%. Na
Cúpula dos BRICS, os dois países firmaram um tímido acordo comercial que
nem sequer foi detalhado nos discursos oficiais.
 Em 13/11/2019, o jornalista Vicente Nunes, do Correio Brasiliense, denunciou
em seu Twitter que o governo Bolsonaro, especialmente o Itamaraty,
desprezou a atividade de jornalistas durante a cobertura da cúpula dos BRICS.
 Em 15/11/2019, o jornalista Jamil Chade informou que o Brasil foi um dos 11
países que votaram contra uma resolução da ONU que pedia investigações
sobre possíveis abusos de direitos humanos por parte de Israel contra o povo
palestino. A resolução foi aprovada com 82 países dando seu apoio.
 Em 21/11/2019, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, denunciou que a
invasão da embaixada da Venezuela em Brasília foi executada sob comando de
Jair Bolsonaro.
 Em 21/11/2019, a ONU cobrou a dívida de US$415,8 milhões do Brasil com a
entidade. O país está a um mês de perder o direito de voto na Assembleia Geral
das Nações Unidas por ser mau pagador. Para não perder espaço na ONU, o
Brasil deve, pelo menos, efetuar o pagamento mínimo da fatura, de 126
milhões de dólares até início de janeiro de 2020.
 Em 26/11/2019, candidatos à carreira diplomática denunciaram que o concurso
do Ministério de Relações Exteriores para carreira favoreceu alunos na seleção.
Eles alegaram que as provas da segunda fase divulgaram em suas folhas de
resposta número de inscrição de todos os candidatos, assim como os locais de
prova. Isso permitiu que a banca avaliadora tivesse acesso à identidade de cada
participante, comprometendo a isonomia do processo.
 Em 27/11/2019, o Brasil 247 divulgou que o governo Bolsonaro mantém
entendimentos com o governo de extrema-direita de Viktor Orban da Hungria,
um dos mais reacionários da Europa, visando financiar grupos fundamentalistas
cristãos no Oriente Médio.
 Em 28/11/2019, durante discurso em conferência internacional organizada pelo
governo Viktor Orban, na Hungria, o secretário de Assuntos de Soberania
Nacional e Cidadania do governo Bolsonaro, embaixador Fabio Mendes
Marzano, falou sobre como Bolsonaro colocando a religião no processo de
formulação de políticas públicas, ou seja, contrariando o que diz a Constituição.
 Em 02/12/2019, o presidente dos EUA, Donald Trump acusou o Brasil de
desvalorizar real e anunciou tarifa sobre aço e alumínio brasileiros.
 Em 05/12/2019, Bolsonaro decidiu indicar o diretor de marketing de uma
empresa de defesa israelense no Brasil e coronel da reserva Paulo Jorge de
Nápolis para ser o próximo embaixador do país em Israel.
 Em 08/12/2019, Bolsonaro cancelou a ida do ministro da Cidadania, Osmar Terra,
à posse do presidente eleito na Argentina, Alberto Fernández, no dia
10/12/2019. Em 09/12, o presidente recuou e decidiu enviar o vice-presidente
Hamilton Mourão para a posse.
 Em 10/12/2019, a imprensa divulgou mais uma manobra do presidente norte-
americano Donald Trump na Organização Mundial do Comércio que vai
prejudicar as exportações brasileiras. A manutenção de um veto pelo governo
Trump vai paralisar as funções do órgão de apelação da OMC, e disputas
comerciais já não terão um tribunal, abrindo uma era de “lei da selva” no
cenário internacional.
 Em 16/12/2019, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que comanda
diplomacia ideológica do governo de seu pai, inaugurou escritório comercial do
governo brasileiro em Jerusalém e prometeu, mais uma vez, a mudança da
embaixada para o local.
 Em 17/12/2019, Bolsonaro usou sua conta no Twitter para expor e atacar as
medidas já adotadas pelo presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández,
sugerindo que os rumos do novo governo argentino influenciarão
negativamente na região Sul do Brasil.
 Em 18/12/2019, o chanceler Ernesto Araújo distribuiu, por meio do clipping do
Itamaraty, um artigo intitulado “Para além do horizonte comunista”, alertando
para a volta de uma suposta ameaça comunista nos países da América Latina.
 Em 29/12/2019, em um duro comunicado divulgado nas redes sociais pelo
chanceler Jorge Arreaza, o Ministério de Relações Exteriores da Venezuela
rechaçou e denunciou perante a comunidade internacional a decisão do
governo Bolsonaro de dar status de refugiados a cinco “terroristas”, dissidentes
das forças armadas venezuelanas, que confessaram participação no assalto ao
Batalhão de infantaria de Selva de Gran Sabana, quando roubaram 120 fuzis e 9
lança-foguetes, deixando um militar morto.
 Em 03/01/2020, Bolsonaro disse que se o Irã retaliasse o ataque que sofreu dos
Estados Unidos seria “uma operação quase suicida”. A fala foi feita em
entrevista ao apresentador do programa Brasil Urgente, da Band, José Datena,
demonstrando que a posição do seu governo é, mais uma vez, em favor dos
EUA. No mesmo dia, o Itamaraty se manifestou, por nota, oficialmente a favor
dos EUA no ataque ao Irã. O alinhamento do governo Bolsonaro aos EUA não só
violou a Constituição brasileira, que, no artigo 4º, afirma que um dos princípios
das relações internacionais da República Federativa do Brasil é a "solução
pacífica dos conflitos", como também expôs brasileiras e brasileiros a riscos.
 Em 06/01/2020, para bajular o presidente dos EUA, Bolsonaro afirmou que o
iraniano Qassem Soleimani, assassinado por forças norte-americanas, não era
general, colocando, mais uma vez, a relação do país com os iranianos em risco,
já que o Brasil tem superávit de 2.4 bi no comércio com o Irã, que também é o
maior importador de milho brasileiro.
 Em 15/01/2020, o governo Bolsonaro decidiu retirar o Brasil da Comunidade de
Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Fontes disseram que a medida
foi adotada, entre outros motivos, à presença de “ditaduras” no bloco.
 Em 19/01/2020, produtores rurais indianos lançaram uma campanha contra a
presença do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, nas comemorações do Dia da
República da Índia, que aconteceram em 26 de janeiro de 2020.
 Em 10/02/2020, os Estados Unidos anunciaram que o Brasil foi retirado da lista
de países em desenvolvimento. Em nota divulgada pelo Departamento de
Comércio, mais 18 países como África do Sul, Índia e Colômbia também foram
retirados dessa lista. Segundo a nota, o objetivo do governo Trump é reduzir o
número dos países em desenvolvimento que poderiam receber tratamento
especial sem serem afetados por barreiras contra seus produtos. De acordo
com o especialista em relações internacionais, Marcelo Zero, essa medida dos
EUA causará prejuízo de US$ 4,45 bilhões às exportações brasileiras.
 Em 14/02/2020, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que o
governo Bolsonaro abriga “grupos terroristas” que preparam ataques contra o
território venezuelano. O presidente se referiu aos ex-militares que
participaram de um assalto a um quartel venezuelano localizado no distrito de
Luepa, município Gran Sabana, no estado de Bolívar, em dezembro de 2019. Na
ocasião, foram roubados mais de 100 fuzis e dois mísseis. Quase todo o
armamento foi recuperado pelas forças de segurança venezuelanas. No
entanto, alguns fuzis continuam em poder de cinco militares desertores que
receberam asilo do governo brasileiro.
 05/03/2020 - O governo Bolsonaro comunicou o presidente venezuelano, Nicolás
Maduro, que todos os diplomatas da Venezuela no Brasil deverão deixar o país.
Trata-se do principal gesto diplomático contra Maduro, desde que Bolsonaro
reconheceu, no início do ano passado, o líder opositor Juan Guaidó como
presidente encarregado do país.
 07/03/2020 – Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, onde terá agenda com o
presidente norte-americano, Donald Trump, e com dois senadores
republicanos, Rick Scott e Marco Rubio, que defendem que os EUA adotem uma
ação militar contra a Venezuela, são céticos em relação às mudanças climáticas
e críticos à presença da China na América Latina.
 11/03/2020 - De acordo com a repórter Ingrid Soares, numa longa matéria a
respeito da viagem presidencial encerrada no dia 10/03, Bolsonaro anunciou a
realização de acordos “reservados” nas áreas econômicas e de desenvolvimento
de material militar com os Estados Unidos.
 11/03/2020 - O governo brasileiro usou seu direito de resposta na ONU para
criticar abertamente mais de 80 entidades e ONGs que, um dia antes, tinham
denunciado a situação dos direitos humanos no Brasil. O governo também se
recusou a admitir as violações cometidas pelo presidente Bolsonaro no que se
refere aos ataques à imprensa, insistindo que existe "liberdade de expressão"
no país.
 01/04/2020 – O governo brasileiro, após tomar conhecimento da proposta de
uma Moldura Institucional para a Transição Democrática na Venezuela,
apresentada em 31/03/2020, pelo governo dos Estados Unidos da América,
expressou seu apoio à guerra norte-americana contra o país latino-americano.
 16/04/2020 - A Embaixada do Brasil na Venezuela fechou suas portas. O
Consulado-Geral em Caracas e os três vice-consulados em território
venezuelano encerraram atividades no último 27 de março. A meta de
Bolsonaro é isolar politicamente o governo de Nicolás Maduro, já que seu
governo reconhece apenas o político opositor Juan Guaidó como presidente.

TURISMO
 O presidente esforça-se particularmente para atrapalhar o turismo, caso de
suas declarações contra visitantes LGBTs, responsáveis por movimentar bilhões
de dólares no setor. “O Brasil não pode ser um país do mundo gay, do turismo
gay. Temos famílias”, declarou em abril de 2019. Na mesma oportunidade,
Bolsonaro ofertou: “Se quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à
vontade”.
 O presidente convidou o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho para ser Embaixador
do Turismo no Brasil, mesmo sabendo que o jogador está impedido de
promover o País no exterior, já que, por se recusar a pagar uma multa de 9,5
milhões de reais determinada pela Justiça gaúcha, o ex-jogador teve o
passaporte confiscado e não pode atravessar as fronteiras.
 Nomeado "embaixador do turismo internacional" pela Embratur, o professor
de jiu-jitsu e empresário Renzo Gracie publicou ataques ao presidente francês
Emmanuel Macron e à sua esposa, Brigitte, por conta do posicionamento de
Macron em relação às queimadas na Amazônia.
 Como efeito dos retrocessos do governo Bolsonaro que são conhecidos no
mundo inteiro – com destaque para a forte repercussão internacional negativa
dos incêndios na Amazônia –, no primeiro semestre de 2019, segundo a
Organização Mundial do Turismo, os viajantes internacionais fugiram do Brasil.
A queda no número de visitantes foi de 5% em relação ao mesmo período de
2018.
 Segundo reportagem do The Intercept Brasil de 16/10/2019, Bolsonaro está
colocando em marcha um plano imenso para transformar áreas públicas,
praias, cachoeiras, lagoas e zonas de preservação ambiental em
empreendimentos turísticos privados. Um documento ao qual o site teve
acesso traz uma planilha produzida pelo governo no primeiro semestre de 2019
que lista 222 propriedades da União espalhadas por 17 estados e Distrito
Federal, que o governo quer passar para a iniciativa privada explorar.
 O governo Bolsonaro, com seus ataques às instituições, à democracia e descaso
com o meio ambiente fizeram com que o turismo brasileiro fosse prejudicado.
De acordo com reportagem da Revista Piauí, a venda de pacotes turísticos para
europeus virem ao Brasil foi muito ruim em 2019 e, para 2020, é praticamente
zero.
 A população e os comerciantes que vivem nas praias turísticas de Pernambuco
estão preocupados que a crise ambiental causada pelo vazamento de óleo no
litoral do Nordeste afete o turismo na região e gere desemprego.
 Em 25/11/2019, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi notificado
pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais no processo em que é acusado de
ameaça de morte pela deputada do PSL de Minas, Alê Silva.
 Em 27/11/2019, Bolsonaro extinguiu a Embratur (Instituto Brasileiro de
Turismo) em seu formato de autarquia e instituiu, em seu lugar, através de
Medida Provisória, uma agência de mesmo nome, a Embratur – Agência
Brasileira de Promoção Internacional do Turismo. A verba destinada
principalmente ao Sebrae, que hoje é paga pelas empresas que contribuem
para o Sesi e Senai, será direcionada à Embratur.

TRÂNSITO
 O desligamento de radares de velocidade em rodovias federais, determinado
pelo governo Bolsonaro, vem causando aumento de acidentes de trânsito nas
estradas, segundo levantamento feito pelo SOS Estradas com base em dados da
Polícia Rodoviária Federal.
 Em 25/11/2019, reportagem do Bom Dia Brasil mostrou que depois de quatro
anos em queda, com a quantidade de acidentes caindo 60% entre 2014 e 2018
nas rodovias federais, em 2019, o número voltou a subir em 8%, após o
governo Bolsonaro suspender o uso de radares móveis.
 Em 09/12/2019, o Jornal Nacional divulgou que o governo Bolsonaro voltou a
liberar bebida alcóolica em pontos de descanso de caminhoneiros.
 Em 11/12/2019, o juiz Marcelo Monteiro, da Justiça Federal em Brasília,
atendeu a um pedido do Ministério Público Federal e derrubou a determinação
de Bolsonaro que, em agosto de 2019, suspendeu a utilização dos radares
móveis nas rodovias federais do país. No dia 12/12/2019, Bolsonaro
determinou que a Advocacia-Geral da União recorresse da decisão.
 Em 20/12/2019, por 6 votos a 3, os ministros do STF seguiram entendimento do
relator, Edson Fachin, e suspenderam a Medida Provisória 904/2019, assinada
por Bolsonaro, que extinguia o pagamento do Seguro de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT). Para o relator,
o DPVAT, contribuição obrigatória para cobrir gastos de acidentes provocados
por veículos, tem uma função social.
CORRUPÇÃO
Embora tenha usado o combate à corrupção como bandeira de campanha, Bolsonaro
não se mostra realmente disposto a acabar com a corrupção em seu governo. Alguns
fatos comprovam tal afirmação:
 Nomeou investigados para ocupar ministérios e cargos.
 Assinou um decreto limitando a atuação do Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf), órgão que apontou movimentações financeiras suspeitas de
mais de 1,2 milhão feitas por Fabrício Queiroz, ex-motorista do seu filho, o
senador Flávio Bolsonaro. A investigação do Ministério Público do Rio de
Janeiro mostra que o senador Flávio Bolsonaro possuía uma “organização
criminosa” dentro de seu gabinete, já que fazia uma “clara divisão de tarefas”
para desviar recursos públicos. Os promotores do caso ainda afirmaram que o
ex-assessor de Flavio, Fabrício Queiroz tentou assumir a responsabilidade
sozinho “para desviar o foco” do senador do PSL. No dia 30 de setembro, o
ministro do STF, Gilmar Mendes, acatou o pedido de Flávio Bolsonaro e
suspendeu as investigações que estavam sendo feitas pelo Ministério Público
do Rio e a tramitação no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) de recursos
relacionados ao caso, até o julgamento do tema pelo Supremo.
 Envolvimento direto com desvio de recursos públicos, com as milícias e com
candidaturas laranja do seu partido, o PSL.
 Interferência direta na troca de comando na Polícia Federal no Rio, bem como
na Receita Federal do mesmo estado, para proteger o filho Flávio e as milícias
cariocas, com quem tem fortes ligações. Há, também, rumores de que a
interferência de Bolsonaro na PF tenha sido motivada por um inquérito contra
o deputado federal do PSL, Hélio Lopes, o Hélio Negão, frequentemente visto
ao lado do presidente.
 Em meio à interferência de Bolsonaro no comando da PF, o ministro da Justiça
Sergio Moro determinou a “imediata apuração dos fatos no âmbito
administrativo e criminal, com a identificação dos responsáveis” por suposta
fraude na investigação que teria entre os alvos o aliado de Bolsonaro e possível
candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, o deputado Hélio Negão (PSL-RJ).
Ação de Moro evidencia que a PF está se tornando uma espécie de polícia
política do atual governo.
 Um inquérito sigiloso sobre as transações imobiliárias suspeitas do senador
Flávio Bolsonaro está parado há cerca de seis meses na Justiça, demonstrando
a interferência do governo nas investigações.
 A esposa de Bolsonaro, Michele, foi apontada como gestora do caixa 2 da
família, resultante de desvios dos gabinetes parlamentares.
 Após a instauração da CPI das Fake News na Câmara dos Deputados, o PSL
entrou com mandado de Segurança no STF para tentar impedir a apuração
desta indústria de mentiras que favoreceu a eleição de Jair Bolsonaro, bem
como tem lhe dado sustentação, além de destruir reputações de lideranças e
partidos que fazem oposição ao governo. Segundo o presidente da CPI, senador
Angelo Coronel (PSD), o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, será
convocado para esclarecimentos, já que foi responsável pela campanha
eleitoral do seu pai nas redes sociais.
 Desde que começaram as movimentações para a criação da CPI da Lava Toga
no Senado – com o intuito de investigar a atuação de tribunais superiores e o
que chamam de “ativismo judicial”, expressão que se refere a uma
interferência do Judiciário nos demais Poderes –, os filhos do presidente,
deputado Eduardo Bolsonaro e senador Flávio Bolsonaro, têm atuado no
sentido de inviabilizá-la, pressionando, inclusive, aliados do governo e políticos
do PSL para que não assinem o requerimento de criação da Comissão.
 A revisão de termos do tratado da Usina Hidrelétrica de Itaipu entre Paraguai e
Brasil é outro escândalo envolvendo o presidente Bolsonaro. Como parte das
tratativas iniciadas em março, o presidente paraguaio, Abdo Benítez, assinou às
escuras um acordo que praticamente cede a soberania energética do Paraguai
ao Brasil. O novo acordo secreto estabeleceu que o Brasil pagaria menos pela
energia excedente paraguaia, impondo ao país vizinho um prejuízo calculado
em 200 milhões de dólares. Quando o acerto por baixo dos panos veio à tona,
cinco integrantes do governo vizinho foram obrigados a renunciar, entre eles o
ministro das Relações Exteriores e o presidente paraguaio de Itaipu. Sob o risco
crescente de um impeachment, o Paraguai sustou o acerto em 1º de agosto de
2019, e o Brasil aceitou o recuo prontamente, no dia seguinte, sob o mais
profundo silêncio das autoridades. Bolsonaro esperava abafar o caso
rapidamente, mas não será tão fácil. Em 13 de setembro de 2019, a Câmara dos
Deputados aprovou as convocações do chanceler Ernesto Araújo e do ministro
de Minas e Energia, o almirante Bento Costa Lima Leite, para prestarem
esclarecimentos. Também foi convidado o general Silva e Luna, presidente da
porção brasileira de Itaipu. A oposição tenta conseguir documentos para
justificar a abertura de uma CPI. Do lado paraguaio, também há uma
investigação, ouvindo todos os envolvidos no caso. Em desdobramento do
caso, Pedro Ferreira, ex-presidente da Ande (a estatal de energia do Paraguai)
que é engenheiro, disse, em depoimento à CPI criada para investigar a venda
de energia de Itaipu, que o empresário Alexandre Giordano, suplente do
senador Major Olímpio do PSL, citou o nome da família Bolsonaro em uma
reunião entre representantes da Léros e da estatal.
 Em meio à criação da CPI das Fake News, o cantor Lobão afirmou, em entrevista
ao Catraca Livre, do jornalista Gilberto Dimenstein, que o blogueiro que
comanda milícia virtual bolsonarista, Allan dos Santos, está morando em uma
mansão no lago sul de Brasília, bancada pelo deputado federal Eduardo
Bolsonaro.
 Apesar da abertura da CPI das Fake News, reportagem do portal UOL de 19 de
setembro de 2019 informou que a rede de desinformação que espalhou
notícias falsas e deturpadas pró-Bolsonaro pelo aplicativo WhatsApp durante as
eleições de 2018, com o uso de robôs e disparo em massa de mensagens,
continua pelo menos parcialmente ativa. Dados obtidos pela reportagem
apontam que 80% das contas no aplicativo de mensagens ainda estão em
funcionamento.
 Uma produtora de Petrolina/PE, que só existe no papel, recebeu 240 mil reais
da campanha de Bolsonaro em 2018.
 No final de setembro, a Folha de S. Paulo denunciou que o Diretório Nacional
do PSL, partido de Bolsonaro, contratou 64 policiais civis e militares ativos para
atuar em serviços de segurança privada durante a campanha eleitoral, prática
vedada pela legislação. O partido gastou mais de R$ 50 mil nestes serviços.
 Bolsonaro montou um núcleo na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), com
o objetivo de que o grupo o alerte sobre eventuais investigações contra aliados
e familiares na Polícia e na Receita Federal.
 A Polícia Federal indiciou o ministro do Turismo do governo Bolsonaro, Marcelo
Álvaro Antônio, no inquérito sobre uso de candidaturas-laranja pelo PSL em
Minas Gerais. De acordo com revelação da Folha de S. Paulo em 06/10/2019,
em depoimento à PF, o ex-assessor do ministro, Haissander Souza, afirmou que
o dinheiro do esquema de candidaturas-laranja do PSL em Minas abasteceu,
por meio de caixa dois, as campanhas de Jair Bolsonaro e do ministro do
Turismo. Planilhas apreendidas pela PF sugerem o mesmo.
 A Folha de S. Paulo divulgou em 08/10/2019, que o WhatsApp admitiu pela
primeira vez que a eleição brasileira de 2018 teve uso de envios maciços de
mensagens, com sistemas automatizados contratados de empresas,
beneficiando a candidatura de Jair Bolsonaro.
 O procurador de Justiça de São Paulo, Ricardo Dias Leme, apresentou, em
08/10/2019, parecer favorável à quebra de sigilo bancário e fiscal do ministro
do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em inquérito civil que apura possível
enriquecimento ilícito do atual ministro entre 2012 e 2018.
 No início de outubro de 2019, o Ministério Público Eleitoral pediu que a Justiça
determine a abertura de um segundo inquérito contra o ministro do turismo,
Marcelo Álvaro Antônio (PSL), por suposto uso de caixa dois na eleição de 2018,
relatado por novas testemunhas que participaram da campanha do atual
ministro para deputado federal, em Conselheiro Lafaiete, na Região Central de
Minas Gerais.
 Na esteira da CPI das Fake News, o ministro do STF, Alexandre de Moraes,
ordenou, em 14/10/2019, dentro do chamado "inquérito das fake news", que a
Polícia Federal investigue a relação entre uma rede de mensagens de
WhatsApp favoráveis a Bolsonaro e os ataques sofridos pelos ministros da
Corte na internet.
 Em 15/10/2019, o assessor especial de Bolsonaro para Assuntos Internacionais,
Filipe Martins, foi convocado a depor na CPI das Fake News, por seu suposto
envolvimento na fábrica de mentiras instaurada pela campanha de Bolsonaro
desde as eleições de 2018.
 Em entrevista ao programa Roda Viva, no dia 21/10/2019, a deputada federal
do PSL, Joice Hasselmann, disse que assessores de Bolsonaro e de seus filhos
atuam nas redes sociais com perfis falsos para destruir reputações e difundir
fake news.
 Em 22/10/2019, foi formalizada a convocação para que o vereador Carlos
Bolsonaro dê explicações na CPI das Fake News sobre as mensagens enviadas
durante a campanha presidencial de seu pai, já que ele era responsável pela
comunicação de campanha de Bolsonaro nas eleições.
 Em 23/10/2019, a CPI das Fake News aprovou 67 requerimentos de convite e
convocação, que inclui nomes ligados à oposição e ao governo, como a
deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann; o suplente do senador
Flávio Bolsonaro (PSL), Paulo Marinho; a ex-líder do governo no Congresso,
Joice Hasselmann (PSL); e o ex-líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir.
 Em áudio vazado pelo jornal O Globo, em 24/10/2019, o ex-assessor do senador
Flávio Bolsonaro (PSL) reapareceu negociando cargos no legislativo. No
material divulgado, Queiroz afirmava que deputados e senadores fazem fila na
frente do gabinete do senador Flávio Bolsonaro, o que facilitaria nomeações
sem vinculação ao filho do presidente. Em outro áudio, divulgado em
27/10/2019 pela Folha de S. Paulo, Queiroz disse ter a intenção de assumir o
PSL do Rio de Janeiro, de blindar Bolsonaro e de que teme as investigações do
Ministério Público, em relação ao processo que responde, junto com Flávio
Bolsonaro, sobre as movimentações suspeitas no Coaf. Em 28/10/2019,
Bolsonaro admitiu, em entrevista concedida a jornalistas em Abu Dhabi, que
conversava com Queiroz sobre demissão de funcionários dos gabinetes dos
filhos “até estourar o problema”, e que considerava tal relação com Queiroz
algo “normal”. Neste mesmo dia, em novo áudio divulgado pela colunista
Constança Rezende do UOL, Queiroz aparece xingando promotores do
Ministério Público do Rio e dizendo que a investigação sobre o seu caso “até
demorou”. Em 30/10/2019, durante depoimento na CPI das Fake News, o
deputado do PSDB, Alexandre Frota, afirmou que Bolsonaro mandou que ele
calasse a "matraca" quanto ao caso Queiroz. Já em 03/11/2019, o jornalista
Lauro Jardim divulgou em sua coluna que, em janeiro de 2019, um mês depois
que o caso do assessor de Flávio Bolsonaro estourou, Jair Bolsonaro mandou
um emissário instruir Queiroz a jogar o aparelho de celular fora e adquirir uma
nova linha.
 A bancada do PSol na Câmara dos Deputados apresentou, em 23/10/2019, uma
representação à Procuradoria-Geral da República para investigar a família
Bolsonaro pelo uso de milícia digitais.
 O Tribunal Superior Eleitoral revelou em 23/10/2019, em nota, que a
Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral recebeu informações sobre quatro
empresas que teriam sido contratadas durante a campanha eleitoral de 2018
para disparar mensagens em massa pelo WhatsApp em favor da candidatura de
Jair Bolsonaro.
 Em 25/10/2019, a imprensa divulgou que o governo Bolsonaro está avaliando
recorrer ao Judiciário para que seis assessores convocados pela CPI das Fake
News tenham o direito de ficar em silêncio. A lista dos que foram chamados
inclui pessoas ligadas ao filho do presidente, vereador Carlos Bolsonaro, que
trabalharam na comunicação da campanha de 2018 e atualmente ocupam
cargos no Palácio do Planalto, como integrantes do chamado "gabinete do
ódio".
 Em 29/10/2019, um estudo da Refinaria de Dados revelou que a milícia digital
que influenciou a campanha eleitoral em prol de Bolsonaro, por meio do uso de
robôs, continua ativa.
 Em 30/10/2019, durante sua fala na CPI das Fake News, o deputado federal
Alexandre Frota (PSDB) citou reunião de que participou nas eleições de 2018,
em que Bolsonaro pediu a empresários que impulsionassem as fake news
disparadas por pessoas da campanha bolsonarista. Frota contou ter ouvido os
nomes dos empresários Otávio Mayer e Letícia Catel, além de Vitor Meta, que
ficou responsável por conseguir os patrocínios. Frota também confirmou a
informação de que teriam funcionários dentro do gabinete do presidente – e
recebendo dinheiro público – voltados para a função de disparar notícias falsas
nas redes.
 Em 02/11/2019, foi divulgada uma pesquisa acadêmica realizada na
universidade de Swansea, no Reino Unido, que comprovou que o
compartilhamento de notícias falsas por redes sociais foi favorável à eleição de
Bolsonaro. No mesmo dia, o deputado Alexandre Frota revelou os nomes dos
chefes da milícia digital bolsonarista (Tércio Tomaz, José Matheus Sales Gomes
e Mateus Matos Diniz) e disse que eles estão dentro do governo, ao lado da
sala do Bolsonaro, morando lá e com apoio do Filipe G. Martins, assessor
especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais.
 Em 03/11/2019, as três principais candidatas do PSL de Pernambuco suspeitas
de serem laranjas negaram, em depoimento, terem participado de
irregularidades e disseram que o material de campanha feito para elas com
dinheiro público ajudou a impulsionar a candidatura de Bolsonaro. Em
04/11/2019, em depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro Gustavo Bebianno
afirmou que o então candidato Bolsonaro chancelou, em 2018, um acordo para
repassar 30% do fundo eleitoral do PSL (cerca de R$ 2,7 milhões) para o
diretório do partido em Pernambuco.
 Em 05/11/2019, o blogueiro conhecido como um dos líderes de um esquema
de divulgação de mentiras e ataques a adversários do presidente Bolsonaro,
Allan dos Santos, depôs na CPI das Fake News e mentiu para os deputados que
o estavam questionando no momento de sua fala. O seu blog, Terça Livre, foi
flagrado espalhando notícias falsas por diversas empresas de checagem.
Durante seu depoimento e orientado pela sua advogada, Allan se recursou a
disponibilizar seus dados bancários, fiscais e telefônicos.
 Em 08/11/2019, Bolsonaro admitiu que não estaria na presidência agora se o
atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, não tivesse
condenado e prendido o ex-presidente Lula pela operação Lava Jato.
 Em 12/11/2019, o ex-ministro Gustavo Bebianno informou que Eduardo
Bolsonaro está articulando nos bastidores da CPI das Fake News para que ele
não seja convocado para depor.
 Em 14/11/2019, a imprensa divulgou que Carlos Bolsonaro, por orientação de
seus advogados, apagou suas redes sociais antes do depoimento que deve
prestar à CPI das Fake News.
 Em 16/11/2019, o deputado Alexandre Frota divulgou um áudio do pastor Silas
Malafaia, contando que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, teria
procurado o ex-senador Magno Malta a mando de Bolsonaro e oferecido para
ele o cargo de presidente do Conselho do Sesi, com um salário de R$ 60 mil.
 Em 22/11/2019, o jornal O Globo divulgou que o Ministério Público do Rio abriu
novo procedimento específico para investigar as denúncias de uso de
funcionários fantasmas e a eventual prática de “rachadinha”, como é conhecida
a devolução de salários, no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj).
 Em 25/11/2019, o ministro do STF, Alexandre de Moraes barrou o envio de um
inquérito com a investigação da Corte sobre Fake News à CPI que trata do tema
no Congresso.
 Em 29/11/2019, o ministro do STF, Gilmar Mendes, derrubou a liminar de Dias
Toffoli que paralisava as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro.
 Em 04/11/2019, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL), ex-líder do
governo no Congresso, depôs na CPMI das Fake News e, durante sua fala,
apresentou um Power Point detalhando o funcionamento do Gabinete do Ódio
e seus integrantes. Segundo Joice, o vereador Carlos Bolsonaro coordena o
chamado “Gabinete do Ódio”, formado por Filipe Martins, Tercio Arnaud, José
Matheus e Mateus Diniz, e a equipe recebe cerca de R$ 491 mil de dinheiro
público para produzir notícias falsas e memes com o objetivo de atacar ex-
aliados e desafetos. Em seu dossiê, Joice também implicou o deputado federal
Eduardo Bolsonaro na coordenação das milícias virtuais bolsonaristas, bem
como afirmou que Bolsonaro tem pelo menos 1,4 milhão de robôs como
seguidores, o que representa mais de um terço dos 5,4 milhões de seguidores
do presidente. Além disso, a parlamentar informou que dez parlamentares do
grupo bolsonarista do PSL estão envolvidos na milícia digital comandada pelo
vereador Carlos Bolsonaro e pelo deputado Eduardo Bolsonaro: as deputadas
federais Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF), Chris Tonietto (PSL-RJ),
Caroline De Toni (PSL-SC); os deputados federais Filipe Barros (PSL-PR) e Daniel
Silveira (PSL-RJ); a deputada estadual Ana Campagnolo (PSL-SC); os deputados
estaduais Gil Diniz (PSL-SP) e Douglas Garcia (PSL-SP).
 Em 06/12/2019, a Folha de S.Paulo divulgou que Bolsonaro escondeu um
comitê de campanha de 3.500 m², em Belo Horizonte/MG, em sua prestação de
contas à Justiça Eleitoral.
 Em 06/12/2019, O PSOL solicitou a apreensão dos computadores do que ficou
conhecido como “Gabinete do Ódio”.
 Em 10/12/2019, o empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio
Bolsonaro, prestou depoimento à CPI das Fake News e informou que Queiroz
foi à sua casa três vezes acompanhando o filho de Bolsonaro durante a
campanha eleitoral de 2018.
 Em 13/12/2019, o hacker da Lava Jato, Walter Delgatti Neto, deu entrevista à
Veja e afirmou que também colheu provas de ações para impulsionar
mensagens de WhatsApp em favor de Bolsonaro durante a campanha
presidencial. O hacker acessou o Telegram dos filhos do presidente, Carlos e
Eduardo Bolsonaro.
 Em 18/12/2019, o Ministério Público do Rio de Janeiro realizou mandados de
busca e apreensão em endereços de ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ), filho mais velho do presidente Bolsonaro. Foram alvo das buscas os
endereços de Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança de Flávio, seus familiares
e ainda parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, mãe de Flávio e ex-esposa de
Jair Bolsonaro. As medidas cautelares foram pedidas na investigação sobre
lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público no âmbito do antigo gabinete
do senador quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
 Em 18/12/2019, a revista Crusoé divulgou relatório do Ministério Público que
revela detalhes de esquema de lavagem de dinheiro de Flávio Bolsonaro.
Segundo o relatório, Flávio Bolsonaro e sua esposa compraram dois
apartamentos em Copacabana para lavar dinheiro arrecadado por meio da
"rachadinha" e os venderam por um valor 300% maior. Investigado por assediar
moradores de Copacabana, no Rio de Janeiro, com “serviços de segurança
privada”, o policial militar Diego de Sodré de Castro Ambrósio também
apareceu no relatório do MP-RJ sobre esquema de rachadinhas do gabinete do
senador. Ambrósio quitou boletos bancários em nome da esposa de Flávio, fez
transferências bancárias para assessores do então deputado estadual e
repassou receitas para uma loja na qual o parlamentar é sócio. No mesmo dia,
a revista Crusoé divulgou que parentes da ex-mulher de Bolsonaro sacaram R$4
milhões em salários da Alerj. Ainda no relatório, o MP afirmou que o chefe da
milícia Escritório do Crime e principal suspeito do assassinato da vereadora
Marielle Franco, o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, ficava com parte dos
valores arrecadados na "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro à época
em que ele era deputado estadual. Segundo o MP, Flávio Bolsonaro lavou R$
2,3 milhões com imóveis e loja Kopenhagen.
 Em 20/12/2019, Flávio Bolsonaro afirmou que não fazia lavagem de dinheiro
em sua loja da franquia Kopenhagen, dizendo que a franqueadora faz auditoria
em suas lojas. No entanto, a Kopenhagen informou que não faz auditoria
financeira das suas mais de 400 franquias no Brasil, entre elas a Bolsotini
Chocolates e Café, LTDA, de Flávio Bolsonaro.
 Em 22/12/2019, o MP-RJ quebrou o sigilo fiscal de Michele Bolsonaro, na
investigação do cheque de R$24 mil de Fabrício Queiroz para a esposa do
presidente.
 Em 05/01/2020, Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-esposa de Jair
Bolsonaro, foi convocada pelo MP-RJ para prestar depoimento, na investigação
do esquema de rachadinhas no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-
RJ).
 Em 09/01/2020, a força-tarefa do Ministério Público Federal na operação
Greenfield apresentou denúncia à Justiça contra Esteves Colnago, um assessor
do ministro da Economia, Paulo Guedes, e outras 28 pessoas responsáveis pela
gestão dos fundos de pensão Petros, Funcef, Previ e Valia, com pedido recorde
de reparação pelos prejuízos causados. Os procuradores acusaram os
envolvidos de gestão temerária na aprovação de investimento do Fundo de
Investimentos e Participações (FIP) Sondas —veículo de investimentos da
empresa Sete Brasil Participações. Eles cobraram, além da condenação dos
denunciados, uma reparação econômica e moral das vítimas de 16 bilhões de
reais, o triplo do montante causado em prejuízo aos fundos, cerca de 5,5
bilhões de reais.
 Em 13/01/2020, a revista Época divulgou que foi por ordem de Bolsonaro que
Fabrício Queiroz faltou a um depoimento do Ministério Público do Rio de
Janeiro, antes do final das eleições de 2018.
 Em 15/01/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que o chefe da Secom (Secretaria
de Comunicação Social da Presidência da República), Fabio Wajngarten,
recebeu, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras de
TV e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios
e estatais do governo Bolsonaro. A Secom é a responsável pela distribuição da
verba de propaganda do Planalto e também por ditar as regras para as contas
dos demais órgãos federais. Em 2019, gastou R$ 197 milhões em campanhas.
No mesmo dia, ao ser questionado por jornalistas sobre a suspeita de
corrupção na Secom, Bolsonaro encerrou a coletiva de imprensa.
 Em 16/01/2020, o portal UOL divulgou que a CPI mista das Fake News no
Congresso identificou uma lista com as linhas telefônicas de WhatsApp
responsáveis pelas maiores quantidades de disparo de mensagens em massa
pró-Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. O levantamento foi feito
a partir de documentos que a empresa remeteu à comissão de inquérito em
novembro passado.
 Em áudio divulgado na noite de 17/01/2020, no Twitter, pela deputada federal
Sâmia Bomfim (PSOL-SP), a parlamentar bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP),
revelou que o governo Bolsonaro comprou votos para aprovação da Reforma
da Previdência.
 Em 23/01/2020, a ONG Transparência Internacional divulgou seu relatório
anual, no qual denunciou que o Brasil é vítima de “ingerência” e interferência,
por parte do presidente Bolsonaro, nos órgãos anticorrupção.
 Em 24/01/2020, o Congresso Em Foco divulgou que o número dois da
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Samy
Liberman, estava com os bens bloqueados por ser acusado pela Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional de participar de um esquema de fraudes e crimes
tributários.
 Em 25/01/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que Flávio Bolsonaro lavou até R$
1,6 milhão em loja de chocolate, segundo o Ministério Público. A promotoria
afirmou que a franquia recebia depósitos desproporcionais que coincidiam com
datas de recolhimentos feitos por Queiroz.
 Em 03/02/2020, a Polícia Federal, sob o comando de Sergio Moro, finalizou um
relatório que deve livrar o senador Flávio Bolsonaro de ao menos dois de uma
série de processos que ele é alvo. O documento diz que não há indícios de que
Flávio tenha cometido os crimes de lavagem de dinheiro e de falsidade
ideológica na investigação eleitoral que trata das negociações de imóveis e da
sua declaração de bens na eleição de 2018.
 Em 04/02/2020, a Folha de S. Paulo divulgou que o dono da agência de
publicidade FW Comunicação, Fábio Wajngarten, ao assumir como secretário
de Comunicação da Presidência, omitiu da Comissão de Ética Pública
informações sobre as atividades de sua empresa e os contratos mantidos por
ela com TVs, como Record, SBT e Band, e agências de propaganda. Todos esses
clientes de Wajngarten também recebem dinheiro da própria secretaria de
Comunicação, além de ministérios e de estatais do governo Bolsonaro.
 Em 04/02/2020, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o chefe da
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Fabio
Wajngarten. O objetivo da investigação é apurar as suspeitas dos crimes de
peculato, corrupção passiva e advocacia administrativa, denunciadas pela Folha
de S. Paulo.
 Em 22/02/2020, a revista Isto É publicou reportagem denunciando que
Valdenice de Oliveira Meliga, irmã dos milicianos Alan e Alex Rodrigues
Oliveira, presos na operação “Quarto Elemento” do Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Ministério Público do Rio de
Janeiro, assinou cheques de despesas da campanha em nome do então
deputado estadual e atual senador, Flávio Bolsonaro (PSL).
 Em 04/03/2020, a defesa do senador Flávio Bolsonaro ingressou, de uma só
vez, com dois pedidos visando paralisar as investigações sobre os crimes de
lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato que correm contra o
parlamentar, no caso das "rachadinhas" da Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro (Alerj).
 04/03/2020 - Em depoimento na CPMI das Fake News, o dono da empresa
AM4, Marcos Aurélio Carvalho, afirmou que o depoimento do ex-funcionário
da Yacows, Hans River, “foi muito confuso”. A AM4 foi uma das contratadas
pela campanha de Bolsonaro para o marketing digital do então candidato. “O
tal do Hans River foi muito confuso. Vai ter que ser processado por falso
testemunho”, disse o empresário, que afirmou que reportagem da jornalista
Patricia Campos Mello, da Folha, sobre disparos em massa estava correta.
 04/03/2020 – Informações enviadas pelo Facebook à CPI das Fake News,
mostraram que uma das páginas utilizadas para ataques virtuais e para
estimular o ódio contra supostos adversários de Bolsonaro foi criada a partir de
um computador localizado na Câmara dos Deputados. A página, chamada
Bolsofeios, também foi registrada em um telefone utilizado pelo secretário
parlamentar do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), Eduardo Guimarães. A
conta de ataques virtuais Bolsofeios no Instagram saiu do ar, após a publicação
de reportagem do UOL que revelou uma quebra de sigilo com vínculos do perfil
com o gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
 09/03/2020 - Um homem foi preso em flagrante após invadir a fazenda do
senador Angelo Coronel (PSD), presidente da CPMI das Fake News, em Coração
de Maria, quebrar todos os móveis da casa e anunciar que queria matar o
senador pela Bahia.
 11/03/2020 – Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o PSL
substituiu parlamentares ligados a Bolsonaro por outros que são críticos ao
governo na CPMI das Fake News, o que pode destravar a pauta do colegiado,
que deve quebrar o sigilo de Allan dos Santos e de empresas.
 11/03/2020 - Um grupo de empresários que apoia Bolsonaro tem gasto cerca
de R$ 5 milhões por mês com robôs — programas de computador que podem
ser usados para fazer postagens automáticas nas redes — e produção de
material destinado a insultar e constranger supostos opositores do governo no
Judiciário, no Congresso, na mídia e no mundo artístico. Essa foi a informação
identificada pelo inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal para
investigar fake news com ataques contra ministros da Corte nas redes sociais.
Segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, as
investigações estavam adiantadas e atingiam até mesmo sócios de empresas
do setor de comércio e serviços, todos bolsonaristas.
 17/04/2020 - O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
negou um habeas corpus pedido em março pela defesa do senador Flávio
Bolsonaro. O recurso do filho do presidente tentava paralisar as investigações
sobre peculato e lavagem de dinheiro em seus tempos de deputado estadual
no Rio de Janeiro. Segundo O Globo, o senador argumentou que ocorreu
quebra de sigilo fiscal e bancário na comunicação feita pelo Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre suas movimentações atípicas.
 18/04/2020 – Em entrevista para o Congresso Em Foco, a relatora da CPI mista
das Fake News, deputada Lídice da Mata (PSB) disse que vê as digitais de
Bolsonaro na disseminação de ataques e notícias falsas contra adversários
políticos nas redes sociais. Para a deputada, Bolsonaro “pula de galho em
galho” em busca de um novo inimigo para manter a “adrenalina” de seu “grupo
de cachorros loucos”. “É assim que funciona o processo de construção de fake
news no Brasil”, disse Lídice.
 20/04/2020 - O deputado Eduardo Bolsonaro pediu ao STF para impedir a
prorrogação da CPMI das Fake News no Congresso Nacional.
 20/04/2020 - O ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
negou o recurso do senador Flávio Bolsonaro para arquivar o inquérito que
corre contra ele na Justiça. Fischer destacou que a investigação contra senador
se dá “no amparo de fortes indícios de materialidade e autoria de crimes”.

GUERRA COM O PSL


 A briga entre Bolsonaro e seu partido, o PSL, cuja razão central é a disputa de
recursos do fundo partidário, está gerando mais uma crise política no país.
Além da troca de acusações, Bolsonaro acionou advogados para ter acesso às
contas de campanha do partido, que, como resposta, contratará uma auditoria
externa para averiguar as contas de campanha do próprio Bolsonaro. Por trás
desta troca de ameaças, estão as suspeitas de uso de caixa 2 e de candidaturas-
laranja nas eleições de 2018. Ainda como consequência desta queda de braço,
no dia 15 de outubro de 2019, a Polícia Federal deflagrou uma operação que
teve como alvo o presidente do PSL, Luciano Bivar.
 No dia 15/10/2019, a deputada federal Dra. Soraya Manato, do PSL (partido de
Bolsonaro), admitiu, durante sessão realizada no plenário da Câmara, que o
partido fez uso de candidatos laranjas nas eleições de 2018.
 Em 16/10/2019, o presidente do PSL, Luciano Bivar, divulgou em um grupo de
parlamentares um relatório de gastos do partido com a advogada Karina Kufa,
que representa Bolsonaro, acirrando a crise entre o partido e o presidente.
Além de receber R$ 40 mil por mês, a jurista firmou contrato de R$ 200 mil
para apresentar ações diretas de inconstitucionalidade no STF (Supremo
Tribunal Federal). No mesmo dia, a imprensa divulgou que Bolsonaro estava
ligando para deputados e oferecendo vantagens em troca do apoio destes ao
seu filho, Eduardo Bolsonaro, como novo líder do PSL na Câmara, no lugar do
delegado Waldir. Em 17/10/2019, a ala bolsonarista do partido foi derrotada, e
o delegado Waldir permaneceu como líder do PSL na Câmara. Ainda no dia 17,
Bolsonaro destituiu a deputada federal Joice Hasselmann da liderança do
governo no Congresso, por ter assinado a lista em apoio à permanência do
delegado Waldir na liderança do partido na Câmara. Também no dia 17, o
presidente do PSL destituiu os filhos de Bolsonaro – Flávio e Eduardo – das
presidências regionais do partido no Rio e em São Paulo, respectivamente. Em
18/10/2019, o deputado delegado Waldir denunciou que Bolsonaro estava
comprando deputados em troca de apoio para o filho Eduardo.
 Ainda na esteira da crise entre Bolsonaro e o PSL, a imprensa divulgou, em
21/10/2019, que a campanha de Bolsonaro em 2018 contratou empresa de
assessor da família com dinheiro do partido e omitiu a informação do TSE.
 Em 30/10/2019, a Justiça do Distrito Federal retirou a liminar que travava os
processos de expulsão de deputados bolsonaristas do PSL, e o partido ficou
liberado para dar continuidade às ações disciplinares contra Eduardo Bolsonaro
e mais 18 deputados. No mesmo dia, Bolsonaro entrou com uma
representação na PGR para que o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar,
fosse destituído do cargo e o fundo partidário da sigla fosse bloqueado.
 Em 05/11/2019, deputados bivaristas do PSL começaram a defender a quebra
do sigilo do cartão corporativo de Bolsonaro, argumentando falta isonomia ao
presidente, que exigia devassa nas contas do partido, mas mantinha em
segredo o detalhamento de seus gastos com alimentação e transporte.
 Em 11/11/2019, Bolsonaro realizou uma reunião com deputados do PSL e
comunicou sua decisão de sair do partido e criar um novo, chamado Aliança
pelo Brasil. A intenção de Bolsonaro é usar os grupos de WhatsApp que foram
criados durante a campanha eleitoral (para propagar fake news) para mobilizar
apoiadores e captar 500 mil assinaturas necessárias para registro da legenda
entre 3 e 4 meses, a tempo de lançar candidatos nas eleições municipais de
2020.
 Em 12/11/2019, Bolsonaro editou uma medida provisória que extinguiu os
seguros obrigatórios DPVAT e DPEM a partir de 2020, e a medida atingirá os
negócios do presidente do PSL, deputado Luciano Bivar, principal desafeto dele
no PSL.
 Em 13/11/2019, a direção do PSL emitiu uma nota sobre a saída de Bolsonaro
do partido para criar a Aliança Pelo Brasil, reafirmando que não abre mão dos
mandatos dos deputados federais e que “não cederá a nenhum tipo de
achaque ou desvirtuamento da legalidade ou da moralidade por quem quer
que seja”.
 Em mais um racha interno, o PSL trocará todos os deputados bolsonaristas que
integram a CPI das Fake News, e Eduardo Bolsonaro está entre os parlamentares
que serão substituídos.
 Em 26/11/2019, a Folha de S.Paulo divulgou que uma análise de centenas de
notas fiscais que integraram a prestação de contas eleitorais do PSL mostrou
que a campanha de Bolsonaro em 2018 foi mais cara do que a declarada à
Justiça Eleitoral, além de ter sido financiada em parte por dinheiro público. Os
documentos revelaram que ao menos R$ 420 mil foram usados para a
confecção de 10,8 milhões de santinhos, adesivos, panfletos e outros materiais
para a campanha de Bolsonaro isoladamente ou em conjunto com outros
candidatos do PSL.
 Em 29/11/2019, poucos dias após Bolsonaro deixar o PSL, a Polícia Federal,
comandada pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, indiciou o presidente
nacional do partido, Luciano Bivar, e três candidatas que teriam concorrido
como laranjas nas eleições de 2018. No mesmo dia, a defesa de Bivar e das
candidatas que foram acusadas de terem atuado como laranjas se manifestou
sobre o indiciamento, afirmando que se teve algum beneficiado foi Bolsonaro,
já que o material impresso com o recurso tinha a imagem dele e não de Bivar.
 Em 03/12/2019, o PSL decidiu punir o deputado Eduardo Bolsonaro com a
suspensão de um ano sem exercer atividades partidárias.
 Em 04/03/2020, a Executiva Nacional do PSL terminou o processo aberto contra
deputados bolsonaristas e decidiu afastar das funções 12 deputados da
legenda. Outros cinco, apesar de condenados pelo partido, não foram punidos
por estarem sob proteção de uma decisão liminar da 1ª Vara Cível de Brasília.
Com a suspensão das atividades partidárias dos deputados, um grupo do PSL
articulou a derrubada de Eduardo Bolsonaro da liderança do partido e a
indicação de Joice Hasselmann para o cargo.

TRANSPARÊNCIA
A transparência não tem sido a prática adotada desde o início do governo.
 Além de tornar dados de interesse público sigilosos e agendas ministeriais,
Bolsonaro decretou sigilo sobre o registro de visitantes que entram e saem do
Palácio da Alvorada e do Jaburu, bem como dos gastos com cartões
corporativos.
 O Governo Federal impôs um sigilo de 25 anos sobre os custos do automóvel
que transportou Bolsonaro em Nova York, quando ele esteve na abertura da
Assembleia Geral das Nações Unidas no final de setembro de 2019.
 Em 07/11/2019, o STF derrubou o sigilo de alguns gastos do presidente
Bolsonaro, inclusive o dos cartões corporativos. No entanto, o governo
manteve o sigilo dos gastos com o cartão corporativo, desobedecendo a
decisão.
 Em 22/11/2019, foi divulgado pelo Congresso Em Foco que o Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), órgão comandado
pelo general da reserva Augusto Heleno, já negou 41% de todas as solicitações
de acesso à informação em 2019. O ministério aceitou apenas 33% dos pedidos
feitos desde o início do ano.
 Em 30/12/2019, a Revista Fórum divulgou que os gastos de Bolsonaro com
cartão corporativo em 2019 foram de R$14,9 milhões, o que equivale a
R$1.708,00 por hora. Bolsonaro manteve esses gastos sob sigilo, apesar de
decisão do STF de que os valores fossem revelados.
 Em 30/12/2019, o Estadão divulgou que a Presidência da República gastou R$ 8
milhões em quase um ano do governo Bolsonaro. A Secretaria de
Administração, responsável pelas despesas do presidente e seus servidores no
Planalto, não divulga as notas fiscais que detalhariam como e de que forma os
valores foram gastos, impedindo o seu detalhamento.
 Em 06/01/2020, o Estadão divulgou que Bolsonaro liberou um valor recorde de
emendas parlamentares em 2019. Ele desembolsou R$ 5,7 bilhões, valor acima
dos R$ 5,29 bilhões que haviam sido pagos por Michel Temer em 2018 (o
montante mais alto até então, já considerada a inflação do período). A conta
mostrou que, apesar da relação conturbada com o Congresso e das críticas ao
“toma lá, dá cá”, o governo não deixou de atender a demandas de deputados e
senadores para investir recursos em suas bases eleitorais, em troca de votações
favoráveis ao governo.
 Em 06/02/2020, a Agência Pública divulgou um levantamento, apontando que,
em 2019, aumentaram as negativas do governo Bolsonaro a pedidos de
informação feitos por cidadãos com a justificativa de fishing expedition —
termo pejorativo em inglês que descreve uma pesquisa ampla por informações
em busca de algum fato que possa incriminar uma pessoa ou instituição.
Apenas em 2019, foram 45 pedidos de informação negados, utilizando
expressamente essa justificativa.
 Em 02/03/2020, o El País Brasil informou que o Ministério da Cidadania do
governo Bolsonaro ignorou o que determina a Lei de Acesso à Informação (LAI)
e não respondeu a um pedido realizado pelo portal referente ao programa
Bolsa Família. Em 29/01/2020, o El País questionou, via LAI, qual era o número
de famílias aptas a receber o Bolsa Família no mês de dezembro de 2019, mas
que ainda não haviam sido contempladas. Passado o primeiro prazo para
reposta, o órgão afirmou necessitar de mais tempo, devido à “complexidade
para obter informação”, prorrogando para o dia 28 de fevereiro a nova data
para resposta. Mas, ao atingir novamente o prazo, o Sistema de Acesso à
Informação informou que o pedido “ainda não teve resposta registrada no
sistema”, sem nenhuma justificativa para a ausência de resposta.

COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E INTELIGÊNCIA


 Em abril de 2019, Bolsonaro formalizou a união da TV Brasil, da rede Empresa
Brasil de Comunicação (EBC), principal TV pública do país, com a NBR, uma TV
Estatal, que tem como objetivo informar as ações do Governo Federal. A
medida foi considerada um aparelhamento da emissora pelo Fórum Nacional
pela Democratização da Comunicação (FNDC). Além disso, desde o início de seu
governo, profissionais da EBC têm relatado sofrer com a censura. Um exemplo
foi a censura às matérias que tratavam dos 55 anos do golpe de 1964.
 Um levantamento feito pelo portal UOL em abril de 2019 mostrou que os
gastos com publicidade feitos pelo governo Bolsonaro no primeiro trimestre
cresceram 63% em relação ao mesmo período do ano anterior e chegaram a
75,5 milhões de reais. Além disso, Bolsonaro tornou a Record, mídia do bispo
Edir Macedo, a maior recebedora do bolo publicitário. A emissora da Igreja
Universal do Reino de Deus ficou com 10,3 milhões de reais. Em segundo veio o
SBT, com 7,3 milhões de reais. Em terceiro a Globo, com 7,07 milhões. Até
então a Globo era quem recebia a maior verba por ser a maior empresa de
comunicação do Brasil.
 Bolsonaro assinou uma MP que legaliza a divulgação de editais apenas em
Diário Oficial e sites oficiais do governo. O presidente da Associação Nacional
de Jornais, Marcelo Rech, afirmou que a medida fere o princípio de publicidade
de atos públicos. A decisão vale para União, estados e municípios.
 A propaganda da Presidência foi a área mais favorecida no remanejamento de
R$ 171,3 milhões do governo federal em setembro de 2019. A comunicação do
Planalto recebeu R$ 126,3 milhões, 74% desse repasse. O grosso do dinheiro foi
tirado do Ministério da Cidadania — mais de R$ 100 milhões. Entre as áreas
afetadas, estão "promoção e fomento à cultura brasileira", "aquisição e
distribuição de alimentos na agricultura familiar" e "apoio a tecnologias sociais
de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos na zona
rural". Em meio ao cenário caótico na Amazônia, com desmatamento e
incêndios batendo recorde, o Ministério do Meio Ambiente segue com R$ 195
milhões bloqueados, sendo que só a verba remanejada para a comunicação
cobriria 65% desse valor.
 Uma imagem da vereadora Marielle Franco foi censurada do programa
“Antenize”, da TV Brasil, canal da EBC, em outubro de 2019. Em seguida,
Vancarlos Alves, diretor de programação da EBC, foi demitido, demonstrando
que a prática da censura do governo Bolsonaro está se alastrando nos setores
culturais, artísticos, educacionais e comunicacionais.
 Segundo reportagem do The Intercept Brasil de 15/10/2019, o governo
Bolsonaro instalou uma estrutura de vigilância de cidadãos brasileiros jamais
vista. Por meio dos Decretos 10.046 e 10.047, aprovados no apagar das luzes,
Bolsonaro criou uma ferramenta de vigilância estatal gigantesca, que
transcende dados como CPF, filiação, data de nascimento. Ela inclui também
todas as informações laborais e biométricas.
 Em 17/10/2019, o filho de Bolsonaro, vereador Carlos Bolsonaro, assumiu que
escreve no Twitter do pai, após ter que apagar uma postagem em que
defendia, em nome do presidente, a aprovação da prisão em segunda instância
no julgamento iniciado pelo STF.
 Em 22/10/2019, a imprensa divulgou que Bolsonaro pediu monitoramento por
parte das Forças Armadas e de órgãos do governo para evitar protestos
semelhantes aos que estão acontecendo no Chile.
 O governo Bolsonaro recrutou um agente secreto para lidar com movimentos
sociais nacionais e estrangeiros. A nomeação do espião aconteceu no mesmo
dia em que o Greenpeace realizou um protesto na frente do Planalto devido ao
derramamento de óleo no litoral Nordeste do Brasil (23/10/2019). O araponga
foi empregado como assessor no Departamento de Relações com Organizações
Internacionais e Organizações da Sociedade Civil, uma repartição da Secretaria
de Governo da Presidência.
 Em 28/10/2019, Bolsonaro ameaçou cassar concessão da Globo por “jogar
pesado” contra ele.
 Em 31/10/2019, Bolsonaro ordenou o cancelamento de todas as assinaturas do
jornal Folha de S.Paulo nos órgãos do governo federal e ameaçou seus
anunciantes.
 Em 12/11/2019, a Folha divulgou que um Relatório do Tribunal de Contas da
União (TCU) apontou que o governo Bolsonaro destinou mais verbas
publicitárias para Record e SBT —emissoras que não são líderes de audiência –
do que para a Globo, que é a líder de audiência, demonstrando que a lógica da
distribuição é o alinhamento ou não ao governo.
 Em 26/11/2019, jornalistas da EBC enviaram uma carta à cúpula da emissora
estatal, denunciando a censura na cobertura das investigações do assassinato
de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
 Em 28/11/2019, Bolsonaro excluiu a Folha de S.Paulo de um edital para renovar
assinaturas de jornais e revistas da administração federal. Em 29/11/2019,
afirmou que não irá mais comprar produtos de empresas que anunciarem no
jornal e recomendou que a população deixe de comprá-lo. No mesmo dia, a
Folha fez um editorial histórico chamado “Fantasia de imperador”, em que
considerou que Bolsonaro “combina leviandade e autoritarismo” e não
entende os “limites que a República impõe ao exercício da Presidência”. Em
06/12/2019, por medo de impeachment, Bolsonaro voltou atrás e revogou o
edital que excluía a Folha da licitação.
 A medida provisória que desobrigava as empresas de capital aberto a
publicarem seus balanços em jornais perdeu a validade em 03/12/2019, sem
nem entrar na pauta da Câmara dos Deputados.
 Em 20/12/2019, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
divulgou uma nota de repúdio ao comportamento destemperado de Bolsonaro.
Extremamente irritado com as acusações de corrupção no clã, o presidente
incitou apoiadores e agrediu jornalistas, durante a parada diária que faz pela
manhã na saída do Palácio da Alvorada.
 Em 20/12/2019, após Bolsonaro declarar a suspeita de que uma pessoa
próxima estaria envolvida no episódio da facada de Adélio Bispo, o ex-ministro
Gustavo Bebianno afirmou, no programa 3 em 1 da Rádio Jovem Pan, que um
aliado do presidente tentou sequestrar o jornalista Lauro Jardim, do O Globo, e
fez ameaças a outros profissionais do grupo.
 Em 21/12/2019, o Estadão dedicou um editorial ao desequilíbrio psicológico de
Bolsonaro, que atacou um jornalista na coletiva, dizendo que ele tinha “uma
cara de homossexual terrível”.
 Em 08/01/2020, a Revista Fórum divulgou que uma reportagem do programa
“Fique ligado”, da TV Brasil, que foi ao ar em 06/01/2020, sobre a exposição “O
Pasquim 50 anos”, em cartaz no Sesc de São Paulo, sofreu censura. Trecho que
mencionava a prisão de jornalistas do semanário durante a ditadura militar foi
cortado.
 Em 16/01/2020, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou um
levantamento, apontando que os ataques a jornalistas e a veículos de imprensa
cresceram 54,07% em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.
 Em 03/02/2020, a Secom usou uma conta virtual oficial para atacar a cineasta
Petra Costa, indicada ao Oscar de melhor documentário por “Democracia em
Vertigem”, com visão crítica ao impeachment de Dilma Rousseff. Em postagem
no Twitter, a secretaria chamou Costa de “militante anti-Brasil”. Segundo a
advogada e especialista em direito administrativo, Mônica Sapucaia, os tuítes
da Secom feriram a Constituição.
 Em 03/03/2020, foi publicada uma Medida Provisória assinada por Bolsonaro
que recriou os sorteios de prêmios nas TVs abertas, beneficiando diretamente
as emissoras de Silvio Santos, Edir Macedo e Marcelo de Carvalho. A iniciativa
foi proibida no final dos anos 1990, por ser considerada nociva aos
consumidores.
 Em 03/03/2020, a Controladoria-Geral da União (CGU) impediu a divulgação de
relatórios de monitoramento de redes sociais realizados pelo governo
Bolsonaro em 2019. A CGU contrariou opinião técnica de uma auditora-fiscal
que deu parecer positivo para a liberação dos documentos, alegando que a
Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) falhou ao expor os motivos
para evitar a divulgação dos relatórios. O Palácio do Planalto havia colocado os
documentos sob sigilo, argumentando que a liberação violaria a lei de direitos
autorais, justificativa não acatada por especialistas em Lei de Acesso à
Informação. O governo Bolsonaro monitora os usuários de quatro redes sociais:
Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.
 Em 03/03/2020, apoiadores do governo Bolsonaro voltaram a usar a tática de
disseminar notícias falsas e factoides para mobilizar o núcleo duro de seus
seguidores contra o Congresso Nacional, com a ajuda dos grupos de Whatsapp,
páginas em redes sociais e blogs de extrema-direita. Com o aval de Bolsonaro,
que disseminou um vídeo sobre o tema, o Legislativo entrou na mira dos atos
convocados para o dia 15 de março, cujas pautas incluem até o fechamento da
Casas parlamentares via intervenção militar.
 07/03/2020 - O Palácio do Planalto excluiu o jornal Folha de S.Paulo da
cobertura do jantar entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump. O
encontro aconteceu na Flórida, nos Estados Unidos.
 13/04/2020 - O relator da Organização dos Estados Americanos (OEA) para
liberdade de expressão, Edison Lanza, criticou a transmissão de uma live de Jair
Bolsonaro com líderes religiosos pela TV Brasil. Para Lanza, a emissora se
transformou em um “espaço para proselitismo político e religioso”.
 16/04/2020 – O portal UOL divulgou que Bolsonaro levou, no fim de março, um
de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), para despachar de
dentro do Palácio do Planalto. Visto pelo pai como um bom "estrategista" na
comunicação, Carlos virou uma espécie de conselheiro para essa área e
também voltou a liderar ofensivas nas redes sociais. Há duas semanas, o
presidente vem colocando em prática uma das orientações que recebeu:
ignorar a imprensa na portaria do Palácio da Alvorada. Carlos também
preencheu lacuna deixada pelo chefe da Secom (Secretaria Especial de
Comunicação), Fábio Wajngarten, que teve de ficar em quarentena depois que
exames apontaram que ele havia se contaminado com o novo coronavírus. Na
prática, Carlos tornou-se uma espécie de "ministro da comunicação".
EXALTAÇÃO A DITADURAS E PRÁTICAS AUTORITÁRIAS
Frequentemente, Bolsonaro discursa em defesa de ditaduras latino-americanas,
sobretudo a brasileira, e exalta ditadores e torturadores sanguinários, como Carlos
Alberto Brilhante Ustra, torturador brasileiro, Augusto Pinochet, ditador chileno,
Alfredo Stroessner, ditador paraguaio, entre outros.
 A ministra Damares Alves anunciou, em março de 2019, uma auditoria nas
reparações a anistiados e tem usado os mais de 1.300 pedidos de indenizações
negados como propaganda de boa gestão de recursos. Os pedidos de militantes
que integraram ações opositoras estão sendo negados, sob o argumento de
que estes participavam de "organizações terroristas".
 Bolsonaro atacou a memória do pai do atual presidente da OAB, morto sob
tortura durante a ditadura brasileira, bem como gerou uma crise com o Chile,
ao atacar a memória do pai da ex-presidenta chilena, Michele Bachelet.
 No governo Bolsonaro, a Comissão de Anistia mudou critérios e vítimas da
ditadura passaram a ser consideradas como terroristas.
 O filho do presidente, Carlos Bolsonaro, gerou uma crise interna ao afirmar que
as transformações que o Brasil precisa não acontecerão numa democracia,
numa clara defesa da ditadura. Bolsonaro, por sua vez, corroborou a afirmação
do filho, dizendo que ele tem razão, novamente, exaltando regimes ditatoriais.
 O governo de Jair Bolsonaro se recusou a reconhecer na ONU a existência de
um golpe de estado em 1964 no Brasil, durante audiência no dia 11 de
setembro de 2019 no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, onde
a OAB (Organização dos Advogados do Brasil) e o IVH (Instituto Vladimir
Herzog) cobra que se faça um monitoramento do comportamento do governo
federal de realizar um desmonte dos instrumentos de Justiça, Verdade e
Memória no país. Em seu discurso, o relator da ONU para o Direito à Verdade,
Fabian Salvioli, não citou diretamente Bolsonaro, mas lhe passou um claro
recado: "É um insulto dizer que vítimas estão em busca de dinheiro". O relator
ainda acrescentou que a reparação pelos abusos "é um direito". Num evento
realizado pela OAB, relatores internacionais e entidades, no dia 10/09/2019, o
Itamaraty também evitou usar o termo "regime militar" e insistiu em falar de
"eventos entre 1964 e 1985".
 Na Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos tem vasculhado redes sociais de
servidores e familiares para investigar preferências políticas, numa clara
postura ditatorial.
 Bolsonaro recomendou a um grupo de estudantes que visitava o Palácio da
Alvorada, em 30 de setembro de 2019, que indicassem o livro “A Verdade
Sufocada – A História que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, do
coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, para uma professora “de esquerda”.
 Em 16/10/2019, o guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, defendeu, em suas
redes sociais, a ditadura e um novo AI-5, mobilizando uma campanha por parte
de bolsonaristas.
 Em 22/10/2019, Bolsonaro, que estava em Tóquio/Japão, voltou a exaltar a
ditadura Pinochet, ao falar da crise e dos protestos que ocorrem no Chile.
 Em 29/10/2019, Eduardo Bolsonaro insinuou, em discurso no Plenário da
Câmara dos Deputados, que se ocorrerem no Brasil protestos como o do Chile,
a ditadura voltará ao país. Em 30/10/2019, o general Augusto Heleno reforçou,
por meio do Twitter, as ameaças de Eduardo de que uma nova ditadura pode
ser implantada no Brasil. Em entrevista ao canal de Youtube da jornalista Leda
Nagle, em 31/10/2019, Eduardo voltou a fazer ameaças, dizendo que um novo
AI-5 poderá ser instaurado se a onda de protestos de outros países chegar ao
Brasil. No mesmo dia, o presidente Bolsonaro afirmou que a reportagem da
Globo sobre seu suposto envolvimento no assassinato da vereadora Marielle
Franco era um “plano para incriminar o presidente e desestabilizar o Brasil”
que poderia ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Ainda no dia
31/10/2019, o PSOL anunciou que entraria com pedido de cassação do
mandato de Eduardo no Conselho de Ética da Câmara e denúncia contra ele no
STF, bem como os presidentes da Câmara e do Senado emitiram uma nota
repudiando as declarações de Eduardo. A representação contra o filho de
Bolsonaro na Comissão de Ética foi protocolada em 05/11/2019. Diante da
ameaça de perder o mandato parlamentar, em 06/11/2019, Eduardo Bolsonaro
se negou a pedir desculpas na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa
Nacional sobre as declarações de retorno do AI-5 e ainda chamou deputados
para um debate sobre a ditadura militar.
 Em 01/11/2019, a revista Fórum divulgou que a assessoria do ministro das
Relações Exteriores, Ernesto Araújo, enviou a diplomatas o livro “A Verdade
Sufocada”, do ex-chefe do DOI-CODI, Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado
por tortura na ditadura militar, com o intuito de embasar uma apresentação
para países estrangeiros.
 Em 03/11/2019, a associação que reúne servidores de várias carreiras do
Ministério do Meio Ambiente (Ascema Nacional) denunciou Bolsonaro por ter
ameaçado enviar funcionários da área para a “ponta de praia”, gíria da ditadura
militar usada para se referir a lugares de execução. A entidade prometeu,
ainda, denunciar o presidente em fóruns internacionais de direitos humanos.
 Em 07/11/2019, Bolsonaro recebeu, pela segunda vez, no Palácio do Planalto, a
viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar condenado por
sequestro e tortura durante a ditadura.
 Em 14/11/2019, durante sua live semanal, Bolsonaro negou que tenha existido
ditadura militar no Brasil ao comentar sobre as provas do ENEM de 2019.
 Em 16/11/2019, o jornalista Fábio Pannunzio divulgou parte da entrevista que
fez com Gustavo Bebianno, na qual o ex-ministro declarou que Bolsonaro
representa uma ameaça ao Brasil e que ele pode tentar um golpe para se
manter no poder.
 Em 25/11/2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que não é
possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de uma possível
radicalização dos protestos de rua no Brasil. Por conta dessa fala, o senador
Fabiano Contarato (Rede) fez uma representação contra o ministro na
Comissão de Ética da presidência da República.
 Em 26/11/2019, foram instaurados três processos contra o deputado federal
Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra
do decoro parlamentar, que podem render até a cassação do seu mandato. As
representações foram apresentadas pela oposição e pelo próprio PSL por conta
da fala de Eduardo sobre o AI-5 e das acusações trocadas com a ex-líder do
governo no Congresso, Joice Hasselmann.
 Em 05/12/2019, a imprensa divulgou que a TV Brasil censurou o clipe com a
canção “O real resiste”, de Arnaldo Antunes, que fala e mostra cenas de
violência policial e disseminação de preconceitos no Brasil.
 Em 09/12/2019, durante um almoço comemorativo da promoção de novos
oficiais das Forças Armadas, Bolsonaro voltou a exaltar ditadores e afirmou que
espera, no futuro, que os militares estejam à frente do Brasil.
 Em 13/12/2019, o vice-presidente Hamilton Mourão minimizou o efeito do AI-5
durante a ditadura.
 Em 22/01/2020, o Brasil caiu no ranking que avalia o desempenho democrático
dos governos. A classificação de 2019 foi publicada pela The Economist
Intelligence Unit, um braço da revista The Economist. No total, o Brasil somou
apenas 6,8 pontos, numa escala de zero à dez, abaixo do que registrou em
2018. Com isso, o país passou a ocupar 52a posição, praticamente ao lado da
Tunísia. Com essa pontuação, o Brasil foi classificado como "democracias
falhas" ou "democracias imperfeitas". A definição se refere a locais onde
existem eleições livres e justas e onde as liberdades básicas são respeitadas.
Mas existem fragilidades significativas na gestão do governo, uma cultura
política insuficiente e uma participação popular reduzida no destino das
políticas adotadas.
 Em 19/02/2020, o astrólogo e guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, foi às
redes sociais para, mais uma vez, pedir um golpe militar no país. Olavo
defendeu a “união do Presidente com o Povo e as Forças Armadas” para evitar
a dominação de “grupos criminosos”, sem especificar quais eram.
 30/03/2020 - Por meio de um comunicado, o ministro da Defesa, Fernando
Azevedo e Silva, disse que a data de implantação da ditadura representava “um
marco para a democracia brasileira”.
 31/03/2020 - Instigado por um apoiador a falar sobre o 31 de março, data do
golpe que implantou a ditadura militar no Brasil em 1964, Bolsonaro
comemorou, dizendo que “hoje é o dia da liberdade”. Pelas redes sociais, o
vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), exaltou a ditadura que se
alastrou no país e que perseguiu, torturou e matou minorias e opositores.
 04/04/2020 - O Instituto Vladmir Herzog, OAB, Comissão Arns e diversas
entidades de direitos humanos pediram que um relator da ONU realizasse uma
missão ao Brasil para avaliar o comportamento do presidente Bolsonaro e da
cúpula militar de insistir, pelo segundo ano consecutivo, na comemoração do
Golpe Militar. O "ato negacionista" do estado seria, para o grupo, uma violação
das obrigações do país e uma tentativa de rescrever a história.

ATAQUES A INSTITUIÇÕES, EMPRESAS, PARTIDOS E LIDERANÇAS POLÍTICAS

 Em 28/10/2019, Bolsonaro publicou, em seu Twitter, o trecho de um vídeo,


sugerindo que é um leão atacado por hienas do PT, da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Supremo
Tribunal Federal (STF). Também apareceram como hienas o feminismo, a
Globo, o Movimento Brasil Livre, a lei Rouanet, a força sindical, o isentão, o
PCdoB, o PSDB, a Força Sindical, o PDT, a Folha de São Paulo, a revisa Veja, a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Estadão, o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Psol e a Central Única dos
Trabalhadores (CUT). Horas depois, devido à repercussão negativa, Bolsonaro
apagou o vídeo e pediu desculpas, apesar de alegar não ter sido ele a publicá-
lo. Como resultado dessa campanha difamatória contra os ministros do STF, em
30/10/2019, ao sair de um evento em São Paulo, o ministro Dias Toffoli teve
seu carro cercado por manifestantes vestidos de verde e amarelo, que bateram
na lataria e estenderam uma faixa em frente ao veículo que dizia “Hienas do
STF”.
 Em 01/11/2019, a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) divulgou que,
desde o início de seu governo, Bolsonaro já acumula 99 ataques a jornalistas e
a empresas/veículos de comunicação. O mapeamento realizado pela Fenaj
listou todas as declarações de Bolsonaro que podem ser consideradas como um
ataque à imprensa.
 Num claro movimento de perseguição ao PT, em 05/11/2019, a Polícia Federal
controlada pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, deflagrou uma operação para
apurar repasse de R$ 40 milhões para políticos do MDB e solicitou a prisão,
dentre outros políticos, da ex-presidenta Dilma Rousseff. A prisão só não
ocorreu porque o ministro do STF, Edson Fachin, não autorizou. O delegado
que solicitou as prisões, Bernado Guidali Amaral, é aliado de Moro.
 09/03/2020 - A repórter da Folha de São Paulo Patrícia Campos Mello
apresentou à Justiça uma ação com pedido de indenização por danos morais
contra Bolsonaro. O motivo foi o ataque a ela com ofensa de cunho sexual e a
reprodução do insulto em rede social do próprio presidente. Também em
decorrência de ataques de conotação sexual, os advogados de Patrícia
iniciaram processos cíveis contra Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário
de uma agência de disparos de mensagens em massa, e Allan dos Santos,
apresentador do canal bolsonarista online Terça Livre, um dos veículos que
integram o chamado gabinete do ódio.
CASO MARIELLE FRANCO

 Em 29/10/2019, o Jornal Nacional divulgou reportagem informando que um


dos envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco esteve no
condomínio de Bolsonaro no dia do homicídio e se registrou na portaria como
visitante do presidente, embora tenha ido realmente para a casa do policial
militar e miliciano Ronnie Lessa, apontado como o autor dos disparos que
mataram a vereadora. Segundo a reportagem, Élcio Queiroz, ex-policial militar,
teria afirmado ao porteiro que ia para a casa de Bolsonaro, mas se dirigiu a casa
de Ronnie Lessa, que fica no mesmo condomínio. No depoimento, o porteiro
afirmou que o “Seu Jair” autorizou a entrada de Élcio. O funcionário ainda
informou que percebeu que Élcio não foi para o destino informado e voltou a
ligar para a residência de Bolsonaro. Mais uma vez, “Seu Jair” confirmou que
sabia para onde Élcio ia.
 Após a reportagem, durante a madrugada, Bolsonaro fez uma live nas redes
sociais completamente exaltado com a Globo, negando envolvimento com o
caso, atacando a emissora e ameaçando não renovar a sua concessão. No dia
seguinte (30/10/2019), Bolsonaro anunciou que acionou o ministro da Justiça,
Sergio Moro, para tomar novo depoimento do porteiro que envolveu seu nome
no caso.
 Em 30/10/2019, a Folha de S. Paulo informou que os investigadores da Polícia
Civil do Rio de Janeiro estariam recuperando os arquivos de áudio da guarita do
condomínio para saber com quem o porteiro conversou na casa de Bolsonaro
para liberar a entrada do envolvido no assassinato da vereadora no
condomínio. A polícia quer saber para que número o porteiro telefonou na
ocasião, pois, atualmente, é comum os funcionários de guarita ligarem direto
para os celulares dos morados, por conta da redução do uso de telefones fixos.
 Em 30/10/2019, o vereador e filho do presidente, Carlos Bolsonaro, acessou, de
maneira ilegal, os registros de interfone do condomínio, na tentativa de
demonstrar que o assassino não teria pedido para ir à casa de Bolsonaro.
Embora tenha tentado afastar suspeitas que recaem sobre o pai, Carlos acabou
mostrando em vídeo uma ligação feita da portaria para a casa 58, onde mora
Bolsonaro.
 Em 30/10/2019, o Procurador-Geral da República Augusto Aras negou a
existência de qualquer vínculo entre Bolsonaro e o assassinato de Marielle. Ele
afirmou que já havia recebido uma notificação sobre a citação de Bolsonaro nas
investigações, mas não viu elementos suficientes e mandou arquivar a
notificação.
 Em 30/10/2019, deputados da oposição decidiram apresentar um pedido de
convocação do ministro da Justiça, Sergio Moro, para que ele prestasse
esclarecimentos sobre a solicitação que fez à Procuradoria-geral da República,
no caso da citação de Bolsonaro (PSL) na investigação sobre o assassinato de
Marielle, sem ser advogado do presidente e utilizando-se da condição de
ministro. O grupo de deputados informou, ainda, o desejo de que o porteiro
depoente fosse enquadrado no Programa de Proteção à Testemunha.
 Em 30/10/2019, o advogado-geral da União, André Mendonça, determinou a
abertura de procedimento para apurar a participação de algum agente público
no vazamento de informações sobre as investigações da morte de Marielle.
 Em 30/10/2019, a Revista Fórum divulgou que o governo federal usou o perfil
oficial da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) no Twitter para
defender Bolsonaro da reportagem do Jornal Nacional, que apontou um
suposto envolvimento da família do presidente no assassinato de Marielle. A
Secom é responsável pela comunicação do Governo Federal e, portanto, não
pode ser encarregada de fazer a defesa pessoal do presidente.
 Em 30/10/2019, o Ministério Público do Rio de Janeiro fez uma coletiva de
imprensa e sustentou a comprovação de que o porteiro do Condomínio errou
ao ligar Bolsonaro a um acusado de assassinato da vereadora. Entretanto,
reportagem do UOL, no mesmo dia, destacou que a perícia feita pelo MP
apresentava lacunas e não excluía a possibilidade de que áudios do sistema de
interfone tenham sido excluídos antes de chegarem à Polícia Civil.
 Em 31/10/2019, o MPRJ informou que precisa de autorização do STF para
realizar a perícia no sistema de áudios da portaria do condomínio, que
supostamente desmentem o depoimento do porteiro que mencionou
Bolsonaro.
 Em 31/10/2019, o jornalista Luís Nassif informou que não há interfone no
condomínio Vivendas da Barra, onde mora Bolsonaro e, portanto, não teria
como o porteiro interfonar para a sua casa. Daí se deduziu que o porteiro
telefonou para algum celular para autorizar a entrada do assassino.
 Em 31/10/2019, o jornalista do The Intercept Brasil, Leandro Demori, divulgou
em seu Twitter que Carmen Eliza Bastos de Carvalho, uma das promotoras do
Ministério Público do Rio de Janeiro que atua no caso Marielle, é bolsonarista,
o que pode interferir no processo de investigação.
 Em 01/11/2019, a imprensa divulgou que Elaine Lessa, esposa do ex-policial
Ronnie Lessa, acusado de ter disparado os tiros contra Marielle, enviou, no dia
22/01/2019, uma foto da planilha escrita à mão pelo porteiro do condomínio,
mostrando que o ex-militar Elcio Queiroz teve acesso ao local por permissão do
“Seu Jair”, da casa 58 – de propriedade de Bolsonaro.
 Em 02/11/2019, Bolsonaro admitiu que pegou a gravação das ligações da
portaria do condomínio onde tem uma casa e justificou que o fez para que o
material não fosse adulterado. A confissão de Bolsonaro de que cometeu o
crime de obstrução de justiça levou senadores da oposição a anunciarem uma
representação contra o presidente.
 Em 02/11/2019, reportagem do UOL divulgou que o Sindicato dos Peritos
Oficiais do Rio de Janeiro apontou problemas no laudo do Ministério Público do
estado que contradisse versão do porteiro do condomínio de Bolsonaro.
 Em 03/11/2019, a Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol Brasil)
e outras entidades da categoria divulgaram nota, rebatendo as declarações de
Bolsonaro, que acusou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de
manipular as apurações para envolver o seu nome e disse que o delegado do
caso era amigo do governador.
 Em 04/11/2019, Bolsonaro voltou atrás e negou que tenha pegado e feito
backup dos atendimentos da portaria do seu condomínio. No mesmo dia, o
Instituto Anjos da Liberdade apresentou um pedido de impeachment de
Bolsonaro, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, justificando que o
presidente cometeu crimes de responsabilidade ao pegar as gravações da
portaria e ordenar que o ministro da Justiça atuasse para protegê-lo. Ainda no
dia 04, a Rede informou que entraria com representação contra Carlos
Bolsonaro por adulteração do local de prova.
 Em 04/11/2019, a Secom voltou a usar suas redes sociais para divulgar uma
nota em defesa de Bolsonaro e atacar a Rede Globo, após carta de Ali Kamel à
redação ser divulgada.
 Em sua coluna do dia 04/11/2019, o jornalista Lauro Jardim informou que o
porteiro que prestou os dois depoimentos em outubro e disse ter ouvido a
autorização do “seu Jair” para que Élcio Queiroz entrasse no condomínio não
era o mesmo do áudio divulgado por Carlos Bolsonaro, dizendo que o assassino
pediu para ir à casa de Ronie Lessa.
 Em 05/11/2019, movimentos sociais, partidos e sindicatos foram às ruas para
protestar contra a defesa do Ato Institucional 5 (AI-5) feita pelo deputado
Eduardo Bolsonaro e cobrar esclarecimentos sobre o envolvimento da família
Bolsonaro no assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista
Anderson Gomes.
 Em 05/11/2019, deputados da oposição apresentaram uma notícia-crime
contra Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o vereador Carlos
Bolsonaro, por conta das declarações dadas acerca dos áudios da portaria do
condomínio.
 Em 06/11/2019, a pedido do MPF, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar
se o porteiro que prestou depoimento na investigação do assassinato de
Marielle mentiu ao citar Bolsonaro. Entretanto, o jornalista Lauro Jardim
informou que o procurador Douglas Araújo, do Ministério Público do Rio de
Janeiro, encarregado da investigação, é bolsonarista, o que pode ser
comprometedor.
 Em 08/11/2019, a revista Veja divulgou que o porteiro que implicou Bolsonaro
no caso Marielle não retornou ao trabalho e vive acuado. No mesmo dia em
que a revista divulgou todas as informações sobre o porteiro, dois agentes da
Polícia Civil foram até sua casa em uma viatura descaracterizada,
permaneceram lá por dez minutos e deixaram o local, pois o porteiro não se
encontrava. Ainda em 08/11, a Anistia Internacional cobrou do Estado
brasileiro que integrasse o porteiro no Programa de Proteção à Testemunha e
que garantisse a proteção da sua vida e de sua integridade física.
 Em 09/11/2019, a revista Piauí divulgou que um perito afirmou que Carlos
Bolsonaro editou os áudios da portaria do condomínio.
 Em 10/11/2019, a imprensa divulgou que o inquérito da Polícia Federal revelou
que o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiou a Polícia Civil do Rio de Janeiro,
teria recebido R$ 400 mil de milicianos para proteger os reais culpados do
assassinato de Marielle. No mesmo dia, reportagem de Marina Lang, no site
The Intercept, revelou que as investigações da polícia ignoraram um segundo
carro Cobalt, de cor prata, com as mesmas placas clonadas, que circulava a
cerca de 50 quilômetros do local do assassinato.
 Em 11/11/2019, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) ingressou com uma
notícia-crime, por obstrução de justiça por parte do presidente e Carlos
Bolsonaro, ao pegarem os áudios da portaria do condomínio.
 Em 13/11/2019, a imprensa divulgou que duas passagens foram emitidas pelo
gabinete do então deputado Jair Bolsonaro, partindo de Brasília com destino ao
Rio de Janeiro no dia 14 de março de 2018, data do assassinato de Marielle. No
mesmo dia, um tuíte da jornalista Thais Bilenky, datado de 14 de março de
2018, foi revelado pelo advogado Eduardo Goldenberg, e dizia que na data do
assassinato de Marielle, Bolsonaro teve “intoxicação alimentar” e voltou mais
cedo para o Rio, creditando as informações à assessoria do então deputado.
Essa informação contraria o álibi de Bolsonaro de que estava em Brasília no dia
do assassinato. Ainda no dia 13/11, a imprensa ressaltou que Carlos Bolsonaro
também se contradisse quando alegou em seu Twitter que não estava em casa
na tarde do dia do crime. Primeiro afirmou que estava na Câmara do Rio e
depois falou que estava em casa às 17h58.
 Em 14/11/2019, o Painel da Folha divulgou que Bolsonaro sabia
antecipadamente de que se tornaria público o envolvimento de seu nome nas
investigações do assassinato de Marielle e que 15 dias antes do Jornal Nacional
denunciar a relação, ele já estava colecionando provas para se defender, como
os comprovantes de presença na sessão da Câmara dos Deputados na data da
morte de Marielle e os certificados de registros biométricos para a data de 14
de março, quando Marielle foi assassinada (a vereadora foi morta às 21h30, e o
último registro biométrico de Bolsonaro é às 21h).
 Em 15/11/2019, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) ingressou com uma
notícia-crime no STF contra Bolsonaro por obstrução às investigações do
atentado que resultou na morte da vereadora Marielle e de seu motorista
Anderson Gomes.
 Em 19/11/2019, o porteiro que diz ter liberado, com a permissão de “seu Jair”, a
entrada de Élcio Queiroz, acusado do assassinato de Marielle Franco e
Anderson Gomes, no condomínio Vivendas da Barra horas antes do assassinato
da vereadora e do motorista foi ouvido pela Polícia Federal no Rio. Ameaçado
de prisão pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, o porteiro mudou a versão de
seus dois depoimentos anteriores.
 Em 20/11/2019, a imprensa divulgou que a Polícia Civil do Rio de Janeiro está
investigando se houve participação do vereador Carlos Bolsonaro no assassinato
de Marielle.
 Em 21/11/2019, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro,
demonstrou, novamente, que atua como advogado de defesa de Bolsonaro,
pois afirmou que há indícios de fraude no inquérito que investiga a morte de
Marielle e defendeu a federalização do caso.
 Em 21/11/2019, o governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou que vai acionar
Bolsonaro no STF devido às afirmações do presidente de que Witzel manipulou
as investigações da Polícia Civil sobre o assassinato da vereadora Marielle
Franco.
 Em 22/11/2019, o advogado Eduardo Goldenberg deu uma pista sobre a
“bomba” que promete sacudir Brasília em breve. O assunto parece envolver a
presença de uma terceira pessoa no carro usado para assassinar Marielle.
 Em 26/11/2019, o STF acolheu o pedido da ABI para que Bolsonaro seja
investigado por possível obstrução de Justiça no caso da portaria do
condomínio em que mora, e deu 15 dias para que a PGR se manifeste sobre a
questão.
 Em 27/11/2019, o procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu a
federalização do caso Marielle, com o intuito de afastar as suspeitas de
envolvimento do clã Bolsonaro sobre o assassinato da vereadora.
 Após ter seu nome envolvido no assassinato de Marielle e na CPI das Fake
News, investigadores do Rio de Janeiro receberam a informação, em
29/11/2019, de que o vereador Carlos Bolsonaro se desfez de seu computador.
 Em 04/11/2019, veio à público pela imprensa que a Polícia Civil do Rio de Janeiro
ofereceu, no dia 5 de novembro, acordo de delação premiada aos dois
principais suspeitos da morte de Marielle Franco e de seu motorista, os ex-
policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. A tática tinha como intuito
fazer com que a dupla apontasse o nome de um possível mandante do crime.
Em troca, teriam benefícios como uma eventual redução de pena. Lessa e
Queiroz, no entanto, recusaram o acordo e voltaram a dizer que não têm
participação nos homicídios.
 Em 17/12/2019, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, arquivou dois pedidos
de investigação contra Jair Bolsonaro e o filho, o vereador Carlos Bolsonaro
(PSC-RJ) no caso do assassinato de Marielle Franco. As ações, protocoladas pelo
PT e pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), apontavam obstrução de
Justiça dos dois no caso da morte da vereadora e do motorista Anderson
Gomes.
 Em 11/02/2020, laudo da Polícia Civil, assinado por seis peritos, concluiu que a
voz que liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas
da Barra, no dia em que Marielle Franco foi assassinada, não é a do mesmo
porteiro que afirmou em depoimento à polícia que o miliciano desejava ir à
casa de Bolsonaro. De acordo com o documento, a voz é do policial reformado
Ronnie Lessa. Tanto Lessa quanto Élcio de Queiroz estão presos sob acusação de
terem cometido o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes no
dia 14 de março de 2018. O Ministério Público do Rio já havia feito uma análise
da gravação e também afirmava, antes mesmo da perícia, que a autorização
para a entrada de Élcio no condomínio Vivendas da Barra fora dada por Lessa, e
não por Bolsonaro.

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