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Diario do Comércio - Dcomercio.com.br - quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

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Sustentabilidade é caminho para o crédito

Bancos buscam estabelecer critérios para balizar a concessão de créditos, levando em conta a questão
socioambiental.
Fátima Lourenço - - 26/1/2011 - 21h12

Jason Antony/SXC
O setor bancário brasileiro começou o ano com mais um passo para
incorporação da sustentabilidade em suas atividades. A Federação Nacional
de Bancos (Febraban) finalizou no início deste mês o detalhamento dos
indicadores do Protocolo Verde, subscrito por 15 associados – depois de
assinado em um protocolo de intenções entre a entidade e o Ministério do
Meio Ambiente.

O documento estabelece formas de se criar linhas de financiamento e crédito


que melhorem o meio ambiente e a qualidade de vida da população, além de
ressaltar a necessidade de se levar em conta os impactos e custos
socioambientais na gestão de ativos e riscos na análise de projetos. Além
disso, o texto prevê a promoção interna do uso consciente dos recursos
naturais pelas instituições e o aproveitamento da pulverização do setor
para a difusão dos conceitos de sustentabilidade.

No Brasil, o Banco Real (incorporado ao Santander em 2007) está entre pioneiros na adoção de parâmetros de
sustentabilidade. "Para a concessão de crédito, ele já os pratica há nove anos", afirmou o superintendente de Risco
Socioambiental do banco, Christopher Wells. Essa análise inclui a avaliação anual de renovação de limite de crédito do
correntista pessoa jurídica.

Como resultado da integração com o Santander, o banco também passou a adotar esses parâmetros para a aceitação da
conta do cliente pessoa jurídica. São observados aspectos como presença de trabalho escravo e prática de
desmatamento, entre outros. "Procuramos ser o mais inclusivo possível", afirmou Wells.

Dessa forma, a área do superintendente-executivo de Negócios Sustentáveis do Santander, Altair Assumpção, pode
sugerir, por exemplo, que a reforma do hotel de um cliente seja feita de forma sustentável, com indicação de alguns
fornecedores.

Crédito – Em linhas gerais, o banco utiliza os Princípios do Equador (leia mais abaixo) na análise de projetos que
demandam recursos acima de US$ 10 milhões. E recorre aos padrões internos para analisar o cliente pessoa jurídica
com limite de crédito acima de R$ 1 milhão e que precise de uma licença ambiental (os setores de comércio e serviço
são excluídos). A avaliação socioambiental é uma dos itens do cálculo do custo do crédito, segundo Wells. "As empresas
que se destacam do ponto de vista socioambiental geralmente também são boas em outras áreas."

Sérgio Zacchi/Divulgação
Na Caixa Econômica Federal (CEF), as análises desse gênero feitas para
orientar a concessão de crédito resultaram na contratação de R$ 25,13 "As
bilhões entre 2008 a 2010, explicou a gerente nacional Mara Luiz Alvim empresas
que
Motta. São operações de clientes pessoa jurídica, com valores iguais ou se
superiores a R$ 10 milhões. destacam
do
De acordo com ela, a tendência da instituição é aprimorar os seus ponto
de
instrumentos internos para se adequar às mudanças na legislação. "Em
vista
2010, por exemplo, foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos", socioambiental
disse. também
são
A criação de linhas para a logística reversa está entre as prováveis novidades boas
em
na CEF, assim como o incentivo do uso de aquecedores solares residenciais. outras
Segundo Mara, ainda neste ano poderá ser lançada uma linha destinada a áreas",
buscar soluções para a questão dos resíduos da construção e demolição. falou Christopher Wells, do Santander Real.

A CEF já oferece o "crédito para ecoefiência", para aquisição de máquinas e equipamentos que melhorem a eficiência
energética ou reduzam o volume de insumos dos processos produtivos. E as condições são melhores que a linha
convencionais, com financiamento de até 100% (ante 80%), prazo de pagamento de dois a 54 meses (ante 36 meses) e

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carência de seis meses.

Incentivo – A linha da CEF oferece a modalidade "convênio", por meio de entidades de classe do comercio, indústria ou
serviços. A Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras) é uma delas, com o seu projeto Garrafa
Sustentável.

Em Garça (SP), o proprietário dos refrigerantes São José, João Carlos dos Santos, aderiu à iniciativa e financiou 50% da
compra de garrafas retornáveis. Ele destacou o prazo de pagamento como um benefício ao pequeno empresário para
inserção da nova embalagem no mercado.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também observa critérios socioambientais em seus
financiamentos a clientes empresariais. De acordo com informações da assessoria de imprensa da instituição, os clientes
com esse perfil se beneficiam de taxas mais vantajosas, ao mesmo tempo em que o desacordo com tais princípios ou a
existência de risco socioambiental pode inviabilizar o apoio ao projeto.

FT e Bird 'reciclam' prêmio


Divulgação
Adivisão entre países desenvolvidos e emergentes será abolida a partir de
"O2011 da premiação Financial Times Sustainable Banking Awards, que
processo
destaca as melhores práticas de sustentabilidade das instituições bancárias.

A iniciativa foi definida há duas semanas, segundo o especialista em
se
Sustentabilidade – Mercados Financeiros Globais da International Finance
tornou
Corporation (IFC), Miguel J. Martins. Braço financeiro do Banco Mundial
irreversível,
(Bird) para o setor privado, a instituição é parceira do jornal britânico
porque
o Financial Times na realização do prêmio.
banco
investe
emMartins mencionou a alteração na estrutura da premiação para ressaltar que
não é apenas sua a percepção de que as instituições bancárias brasileiras
áreas
muito
vivem um estágio avançado na adoção da sustentabilidade. Para a IFC, a
éticas
incorporação desses critérios deve considerar aspectos sociais, ambientais e
e
de governança corporativa.
ganha
dinheiro fazendo o bem", disse Miguel J. Martins,
da IFC. As normas para a concessão de crédito serviram como inspiração para a
criação, em 2003, dos Princípios do Equador – conjunto de critérios
socioambientais desenvolvidos e adotados voluntariamente por instituições financeiras internacionais e brasileiras em
operações de financiamento de projetos, a fim de compatibilizar investimentos e operações financeiras com a
sustentabilidade socioambiental. Entre seus 70 signatários estão Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal,
Itaú Unibanco e Santander Real.

Em 2006, uma revisão dos Princípios do Equador estreitou o limite mínimo de crédito sujeito às suas regras de US$ 50
milhões para US$ 10 milhões.

Oportunidades – "O que nós notamos nos bancos com os quais trabalhamos e interagimos é que há uma fase em que
eles olham para a sustentabilidade não só como gestão de riscos, mas como identificação de novas oportunidades, com
produtos específicos, oportunidades em novos mercados e visão de benefícios à saude financeira da instituição", afirmou
Martins. Para ele, "nessa fase, o processo já se tornou irreversível, porque o banco estará investindo em áreas muito
éticas e ganhando dinheiro fazendo o bem".

Martins afirmou que as principais instituições bancárias brasileiras estão na fase de perceber a questão com a visão de
oportunidades. "No mundo, a evolução dessa curva varia muito conforme a região", afirmou o especialista.

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