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Bancos buscam estabelecer critérios para balizar a concessão de créditos, levando em conta a questão
socioambiental.
Fátima Lourenço - - 26/1/2011 - 21h12
Jason Antony/SXC
O setor bancário brasileiro começou o ano com mais um passo para
incorporação da sustentabilidade em suas atividades. A Federação Nacional
de Bancos (Febraban) finalizou no início deste mês o detalhamento dos
indicadores do Protocolo Verde, subscrito por 15 associados – depois de
assinado em um protocolo de intenções entre a entidade e o Ministério do
Meio Ambiente.
No Brasil, o Banco Real (incorporado ao Santander em 2007) está entre pioneiros na adoção de parâmetros de
sustentabilidade. "Para a concessão de crédito, ele já os pratica há nove anos", afirmou o superintendente de Risco
Socioambiental do banco, Christopher Wells. Essa análise inclui a avaliação anual de renovação de limite de crédito do
correntista pessoa jurídica.
Como resultado da integração com o Santander, o banco também passou a adotar esses parâmetros para a aceitação da
conta do cliente pessoa jurídica. São observados aspectos como presença de trabalho escravo e prática de
desmatamento, entre outros. "Procuramos ser o mais inclusivo possível", afirmou Wells.
Dessa forma, a área do superintendente-executivo de Negócios Sustentáveis do Santander, Altair Assumpção, pode
sugerir, por exemplo, que a reforma do hotel de um cliente seja feita de forma sustentável, com indicação de alguns
fornecedores.
Crédito – Em linhas gerais, o banco utiliza os Princípios do Equador (leia mais abaixo) na análise de projetos que
demandam recursos acima de US$ 10 milhões. E recorre aos padrões internos para analisar o cliente pessoa jurídica
com limite de crédito acima de R$ 1 milhão e que precise de uma licença ambiental (os setores de comércio e serviço
são excluídos). A avaliação socioambiental é uma dos itens do cálculo do custo do crédito, segundo Wells. "As empresas
que se destacam do ponto de vista socioambiental geralmente também são boas em outras áreas."
Sérgio Zacchi/Divulgação
Na Caixa Econômica Federal (CEF), as análises desse gênero feitas para
orientar a concessão de crédito resultaram na contratação de R$ 25,13 "As
bilhões entre 2008 a 2010, explicou a gerente nacional Mara Luiz Alvim empresas
que
Motta. São operações de clientes pessoa jurídica, com valores iguais ou se
superiores a R$ 10 milhões. destacam
do
De acordo com ela, a tendência da instituição é aprimorar os seus ponto
de
instrumentos internos para se adequar às mudanças na legislação. "Em
vista
2010, por exemplo, foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos", socioambiental
disse. também
são
A criação de linhas para a logística reversa está entre as prováveis novidades boas
em
na CEF, assim como o incentivo do uso de aquecedores solares residenciais. outras
Segundo Mara, ainda neste ano poderá ser lançada uma linha destinada a áreas",
buscar soluções para a questão dos resíduos da construção e demolição. falou Christopher Wells, do Santander Real.
A CEF já oferece o "crédito para ecoefiência", para aquisição de máquinas e equipamentos que melhorem a eficiência
energética ou reduzam o volume de insumos dos processos produtivos. E as condições são melhores que a linha
convencionais, com financiamento de até 100% (ante 80%), prazo de pagamento de dois a 54 meses (ante 36 meses) e
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Incentivo – A linha da CEF oferece a modalidade "convênio", por meio de entidades de classe do comercio, indústria ou
serviços. A Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras) é uma delas, com o seu projeto Garrafa
Sustentável.
Em Garça (SP), o proprietário dos refrigerantes São José, João Carlos dos Santos, aderiu à iniciativa e financiou 50% da
compra de garrafas retornáveis. Ele destacou o prazo de pagamento como um benefício ao pequeno empresário para
inserção da nova embalagem no mercado.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também observa critérios socioambientais em seus
financiamentos a clientes empresariais. De acordo com informações da assessoria de imprensa da instituição, os clientes
com esse perfil se beneficiam de taxas mais vantajosas, ao mesmo tempo em que o desacordo com tais princípios ou a
existência de risco socioambiental pode inviabilizar o apoio ao projeto.
Em 2006, uma revisão dos Princípios do Equador estreitou o limite mínimo de crédito sujeito às suas regras de US$ 50
milhões para US$ 10 milhões.
Oportunidades – "O que nós notamos nos bancos com os quais trabalhamos e interagimos é que há uma fase em que
eles olham para a sustentabilidade não só como gestão de riscos, mas como identificação de novas oportunidades, com
produtos específicos, oportunidades em novos mercados e visão de benefícios à saude financeira da instituição", afirmou
Martins. Para ele, "nessa fase, o processo já se tornou irreversível, porque o banco estará investindo em áreas muito
éticas e ganhando dinheiro fazendo o bem".
Martins afirmou que as principais instituições bancárias brasileiras estão na fase de perceber a questão com a visão de
oportunidades. "No mundo, a evolução dessa curva varia muito conforme a região", afirmou o especialista.
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