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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO


DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

A INSERÇÃO DO LÚDICO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL

FLÁVIA NAZÁRIO MACHADO

ORIENTADORA:

PROF ª. Ms. FABIANE MUNIZ DA SILVA

RIO DE JANEIRO
i
FEVEREIRO/2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

A INSERÇÃO DO LÚDICO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL

FLÁVIA NAZÁRIO MACHADO

Trabalho monográfico apresentado como requisito


parcial para obtenção do Grau de Especialista em
Psicopedagogia.

RIO DE JANEIRO
ii
FEVEREIRO/2003
Agradeço antes de tudo ao meu Deus Pai que tanto me
ilumina e fortifica minha mente e meu coração.
A minha amada família que me criou, educou com
muito amor e sempre me incentivou a cada vez mais
estudar, crescer ir em busca de uma meta na minha
vida.
Ao meu querido namorado e amigo Anselmo, tão
compreensivo e parceiro durante mues estudos.
A minha ex diretora que muito me ensinou e hoje
atualmente é uma querida amiga e futura sogra, Vera
Lúcia por toda atenção e ajuda dedicadas a mim.

iii
Eu dedico este trabalho aos meus queridos alunos,
inspiração e objetivo desafiador que me
conquistaram a cada dia, renovando a minha fé na
Educação.
A minha família que está muito orgulhosa.
Ao meu namorado que percebe o quanto eu amo
minha profissão.
E também a uma pessoa que trabalhou comigo
durante o ano da preparação do meu trabalho,
minha eterna coordenadora Viviane.

iv
“No jogo existe alguma coisa “em jogo” que
transcende as necessidade imediatas da vida e
confere um sentido à ação”.
(Huinziga, in Miranda)

v
RESUMO

A presente pesquisa refere-se à prática Lúdica na Educação Infantil no ato da


aprendizagem, onde os especialistas acreditam que a prática docente .deve estar inserida
dentro da Educação Lúdica para a criança da Educação Infantil, cabendo à escola o papel
de vincular seu conhecimento no processo educativo do aluno realizando um trabalho junto
ao aluno.

Serão apresentados no decorrer da pesquisa os fundamentos teóricos acerca do


jogo, sua inserção na Educação Infantil, na função pedagógica, indo mais além,
mostraremos que o Lúdico e bem mais do que uma proposta que vem se alindo em
compasso aos novos tempos e toda fundamentação biológica que relatará os interesses do
aluno de Educação Infantil.

Devemos portanto, aproveitar a oportunidade que temos para observarmos as


crianças brincando ou jogando, pois certamente, estão se desenvolvendo, aprendendo a
lidar com suas próprias emoções e com o mundo onde vivemos. Cada oportunidade dessas,
com certeza, é única e imediata.

vi
INTRODUÇÃO 01

CAPÍTULO I

Jogos: Uma Tradição em Questão 03

1.1. Jogos: Definições 04

1.2. Teorias Pedagógicas sobre a Inserção do Lúdico na Educação Infantil 07

1.3. A Função Pedagógica do Jogo 14

CAPÍTULO II

O Lúdico Integrado na Educação 26

2.1. Educar Ludicamente: Mais do que uma Proposta 27

2.2. O Lúdico em Compasso aos Tempos Modernos 31

2.3. A Teoria das Múltiplas Inteligências 37

CAPÍTULO III

Fundamentos Biológicos sobre o Interesse Lúdico Infantil 42

3.1. O Jogo na Hora Certa 43

3.2. Período Sensório Motor 44

3.3. Estágio Pré-Operacional 46

CONCLUSÃO 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 53

vii
INTRODUÇÃO

O presente trabalho realizado com crianças em idade escolar da Educação


Infantil, trata sobre a inserção do Lúdico durante o ensino das disciplinas pertinentes ao
conteúdo programático das classes de Educação Infantil.

Apresentamos como relevante questionamento, a importância e eficácia


daquelas atividades e ações educativas que são propostas à turma pelo seu valor próprio.

Portanto, vimos a necessidade existente para a criança a introdução do Lúdico


durante a aprendizagem para o desenvolvimento psico-social e motor do educando
deixando nítido todos os benefícios atribuídos à inserção do Lúdico no ensino pedagógico.

Tendo em vista o crescente número de escolas destinadas a Educação Infantil,


e a necessidade de a criança socializar-se cada vez mais cedo com o mundo que a cerca,
torna-se importante o esclarecimento no sentido de divulgar e difundir a eficácia dos
métodos e técnicas destinados a motivar através do Lúdico, formar integralmente o
educador conscientizado-o da relevância das brincadeiras e jogos em todos os momentos
da aprendizagem do aluno.

Através do Lúdico a criança pode e deve aprender a lidar com seis sentimentos,
além de tornar inexistente a posição do professor como “sujeito ativo” e o aluno como
“sujeito passivo”.

Fortificar-se-ão os elos educacionais através das igualdades que incentivam o


“professor mediador” e “aluno motivado” a trocarem experiências.

Temos como objetivo geral demonstrar a necessidade de introduzir o Lúdico na


aprendizagem das disciplinas pertinentes à Educação Infantil, tornando-o definido para o
professor e qual sua função pedagógica.

viii
Apresentamos como objetivos específicos a definição do Lúdico e qual sua
função pedagógica, averiguando que o desenvolvimento e a fundamentação biológica dos
jogos no desenvolvimento e formação da criança.

Temos como hipótese da pesquisa que a Educação Lúdica deve ser vinculada à
aprendizagem não só desde o começo, mas até o final da vida do ser humano.

Objetivando a pesquisa, observamos no decorrer deste processo crianças de


uma classe de Educação Infantil pertencentes à turma de Jardim II, com idade entre quatro
e cinco anos de um colégio tradicional religioso da cidade de Petrópolis com nível social
médio/alto.

ix
CAPÍTULO I
JOGOS: UMA TRADIÇÃO EM QUESTÃO

x
“Porque você pergunta sobre o significado do brincar?
Quando é o que penso e faço cada dia?
Brincar é fazer o que minha natureza deseja.
Trabalhar é fazer o que minhas aptidões conseguem”.
(Caroline Chester, in Friedmann 2001, 1915, 14 anos)

1.1. Jogos: Definições

O jogo tem se tornado objeto de estudo sob diversos prismas, dando lugar a
uma gama variada de definições.

Não existe uma teoria completa do jogo nem idéias admitidas universalmente,
mas inúmeras teorias são úteis para o estudo dos aspectos particulares dos jogos.

Preocuparemo-nos em oferecer em panorama amplo com vários estudos


existentes.

O paradoxo do jogo levou os teóricos nos últimos 150 anos a enfrentar


problemas quanto a sua definição, dando diferentes explicações, funcionamento no
processo educacional e desenvolvimento, vantagens e desvantagens deste processo.

Um exercício laboratorial, portanto, uma vivência natural, técnica e dinâmica


que exige relação saudável de interesses comuns entre pessoas, viabilizando alguma
aprendizagem, reflexão ou correlação com a prática do dia a dia.

Considerando a diversificação dos jogos, a polêmica em torno do tema, as


várias maneiras de concepção da sua função e forma de aplicação, bem como o resultado a
que se propõe, achamos fundamental alguns esclarecimentos sobre a utilização dos jogos.

Kirby in Militão 2000, afirma em seu livro – “150 Jogos de Treinamentos” que
o jogo seria uma forma de treinamento, uma atividade que se estrutura com um objetivo de
aprendizado, conteúdo ou processo diferente da consumação da atividade em si.

xi
O jogo pode diversificar as condições do processo, conforme a leitura das
necessidade do grupo. Todos devem estar envolvidos para o sucesso de um jogo.

Como geradores de aprendizado, viabilizam o ciclo com as vivências que


propiciam: ação, reflexão, teorização e planejamento (prática).

Em um jogo é possível a constatação de que a arte imita a vida. Durante a


atividade do jogo, as pessoas são elas mesmas, demonstram a maneira como reagem e
interagem em situações da vida real, podendo ser utilizado pelo facilitador em discussões
posteriores.

O jogo é pois um “quebra cabeça”, segundo Schwartzmann (1978), in


Friedmann, p. 20.

Conforme Saccone, in Militão, 2000.

1) Conjunto de peças que servem para jogar.


2) Passatempo recreativo sujeito a certas regras.
3) Estilo de jogar numa competição.
4) Competição ou série de competições caracterizada por exercícios e
disputas, com direito a prêmios.

A atividade real para aquele que brinca, não que prepara a criança para o
mundo, mas uma brincadeira com regras.

Ocorreram avanços na forma como ele é conceituado e na busca de resultados


nos métodos que levaram essas pesquisas à prática e as tornaram cientificamente
respeitadas.

xii
A atividade Lúdica é viva e real, caracterizando-se sempre por transformações,
uma atividade dinâmica, que transforma de um contexto para outro, de um grupo para
outro.

A palavra Lúdico, deriva do latim Ludus, que quer dizer jogo, e foi
paulatinamente sendo aplicada a alusão burlesca, já a língua francesa é neste particular
bastante pobre, que não conhece a expressão. A palavra jeu é também aplicada aos
instrumentos de música, que por sua vez deriva também do latim jocari, que quer dizer
gracejar, coquetear.

No hebreu, se conhece apenas como um termo para designar o ato de jogar,


dançar ou combater.

Nas línguas contemporâneas, os termos que designam a ação de jogar


enfraquecem-se gradativamente.

No alemão, spilen também perde o sentido de maneira gradativa, para passar a


designar algo que corresponde a uma ação pouco séria.

A arte de educar ludicamente para Paulo Nunes de Almeida, que foi o


precursor da Educação Lúdica no Brasil, tem como significado de grande relevância, pois
encontra-se presente em todos os períodos da vida do ser humano.

Segundo ele, a mãe quando entretém seu filho, o educador ao relacionar-se


bem com sua turma, um pesquisador ao preparar com afinco seus projetos e pesquisas,
estão todos inseridos de alguma forma no contexto Lúdico.

Freud enfatiza o jogo como sendo um comportamento, que situa-se no umbral


dos mecanismos da ação simbólica.

xiii
Entende-se que educar ludicamente requer uma combinação integrada entre as
relações funcionais e a expressão de felicidade ao manifestar a integração com os
semelhantes.

Muitos são os fatores favoráveis que contribuem na educação quando esta se


alia ao lúdico.

A expressão lúdica é uma proposta contribuidora se bem aplicada e


compreendida, que garante a melhoria no ensino, qualifica o educador, forma criticamente
o educando, diminui a evasão escolar, aumentando o prazer de estudar redefinindo os
valores do educando.

1.2. Teorias Pedagógicas Sobre a Inserção do Lúdico na


Educação Infantil

Alguns colaboradores pioneiros, precursores, pesquisadores, filósofos e


educadores de grandes correntes teóricas e metodológicas sobre os jogos seguidos de breve
síntese que a serão mencionados, contribuíram para o reconhecimento merecido à
importância do lúdico no processo da Educação Infantil com suas teorias e definições
pedagógicas resultantes de suas incansáveis pesquisas.

Analisando-se a raiz dos jogos desde os primitivos, sabe-se que a dança, a caça,
a pesca, as lutas eram constituídas como jogos de sobrevivência, inerente ao ser humano.

Tais jogos que as crianças participavam eram de empreendimentos técnicos e


muitas vezes os jogos ultrapassavam o caráter restrito do divertimento e prazer natural.

Para os egípcios, romanos e maias, os jogos eram introduzidos na educação


como uma forma de mediar as gerações jovens com as mais velhas. Eles atribuíam ao jogo

xiv
a função de ensinas à geração jovem valores, conhecimentos e normas de padrões de vida
social, pertinentes à convivência da geração mais velha.

Huizinga que, após estudar a atividade humana specie ludi conclui que o jogo
como um fermento especial no desenvolvimento das diversas formas da cultura antiga.

“A civilização não nasce do jogo, mais sim se desenvolve no jogo e como


jogo.” (Huizinga, in Duarte, 1985).

A partir do século XVI, os humanistas percebiam e reconheciam o valor


educativo dos jogos e da educação lúdica.

“Todas as crianças devem estudar pelo menos no grau elementar, introduzindo


desde o início atrativos em forma de jogo.” (Platão, in Almeida, 2000).

Os jesuítas forma os primeiros a implantar a prática da educação lúdica em


seus estabelecimentos de ensino.

O jogo tinha um reconhecimento pelo seu valor próprio, com suas


considerações e a partir de então como meios educacionais tão estimáveis quanto os
estudos.

Tão forte era a importância do lúdico na educação que os jesuítas editaram em


latim regras de jogos recomendados como: dança, comédia, música, a serem aplicados
durante a aprendizagem nos colégios após serem transformados em práticas educativas
para aprendizagem da ortografia e gramática.

“Ensina-lhes a afeição à leitura e ao desenho, e até os jogos de cartas e fichas


servem para o ensino da geometria e aritmética.” (Rabelais, in Almeida, 2000)

xv
Para Vera Barros de Oliveira, in Oliveira, 2000, o lúdico tem uma significação
bastante especial para a psicologia do desenvolvimento e para a educação como sendo uma
condição de todo processo neuropsicológico saudável que se fortifica na primeira infância.

De acordo com Montaigne, in Almeida, 2000 (1533-1592), o lúdico partiria do


princípio de quer a criança precisava adquirir curiosidade por tudo que visse ao seu redor.

Comênio, in Almeida, 2000, (1592-1671), resumia o lúdico em três idéias


fundamentais que forma base da nova didática: a naturalidade, a intuição e a auto-
atividade.

Jean Jackes Rousseau, in Almeida, 2000, (1712-1778), admitia ser a educação


lúdica uma aquisição que se conquistava através da auto-atividade e afirmava:

“Não deis ao vosso aluno nenhuma espécie de lição verbal: só a da experiência


ele deve receber”.

Pestallozzi, in Almeida, 2000, (1782-1852), define o jogo como sendo um fator


decisivo e enriquecedor para o senso de responsabilidade fortificando as normas de
cooperação.

Froebel, in Almeida, 2000, (1782-1852), como discípulo de Pestalozzi, Froebel


fez uma relação do jogo à um estímulo para as crianças, uma arte incontestável, um
instrumento decisivo e um dos fatores primordiais para que se promova a educação
destinadas as crianças, afirmando que:

“A educação mais eficiente é aquele que proporciona atividade, auto-expressão


e participação social às crianças.”

O grande pensador norte-americano Dewey, in Almeida, 2000, (1859-1952),


refere-se ao jogo como parte do ambiente natural da criança, ao invés dela aprender com

xvi
lições que tenham uma remota e abstrata referência a alguma vida possível que haja de
localizar-se no possuir.

Para a educadora Maria Montessori, in Almeida, 2000, (1870-1952), que


encontrou em Froebel as idéias dos jogos pedagógicos, ela conclui os jogos como
“sensorias”, e diretamente ligados ao nome da criança para a educação individualizada.

Para o educador construtivista Jean Piaget, in Almeida, 2000, que questiona e


conclui os jogos como sendo bem mais que apenas entretenimento ou forma de desafogo,
são meios que enriquecem o desenvolvimento intelectual.

Sendo assim, os jogos tornam-se cada vez mais significativos para a construção
de seu intelecto e mediador entre aluno e conteúdo à medida que a criança se desenvolve.

A criança manipula materiais variados, reconstrói objetos, reinventa coisas


exigindo uma adaptação mais completa, tornando assim os jogos construções adaptadas.

De acordo com Kamii, in Almeida, 2000, os jogos devem trazer situações


interessantes e desafiadoras, permitindo que as crianças se auto-avaliem quanto ao seu
desempenho e participem ativamente do jogo o tempo todo.

Paulo Freire, in Almeida, 2000, defende e concorda que a educação lúdica é


um fator presente em todos os povos e contextos de inúmeros pesquisadores formando hoje
uma vasta rede de conhecimentos não só no campo da educação, da psicologia e das
demais áreas do conhecimento. A Educação Lúdica integra um profunda teoria e prática
atuante.

Schwartzman, in Friedman, 2001, sintetiza a evolução do jogo da seguinte


maneira:

xvii
No final do século XIX: Estudos evolucionistas e desenvolmentistas –
Evolução cultural e social, teve início o estudo à Educação Infantil. Stanley Hall, im
Friedman, 2001, foi o principal expoente e defensor da idéia de quando os estágios do jogo
infantil recapitulavam toda história biocultural do pensamento humano.

Entre final do século XIX e ínicio do século XX:

Disfunsionismo e particularismo do jogo – Enfatizou-se a preservação dos


“costumes infantis”. O jogo tinha uma idéia de característica universal de todas as culturas
devido à difusão constante ou unidade física do pensamento humano e ao conservadorismo
das crianças.

Esta corrente tem como seus principais representantes Neweell, Babcock,


Dorsey, Culin, Gomme, Roth, Best, Howoudmills, Sutton Smith, I. e P. Opie e Abrahams.

Nas décadas entre 30 e 50 foi a era do funcionalismo, o estudo da socialização


da criança o comportamneto do jogo infantil forma negligenciados, exceto pelas análises
do jogos dos adultos em várias sociedade. Considerações mais detalhadas do jogo infantil,
sendo dada ênfase ao caráter imitativo do jogo em relação às atividades adultas.

Na década de 60 e 70, Sutton-Smith, in Friedman, 2001, analisou os jogos em


seus diferentes contextos culturais, reconhecendo neles como os que geravam e
expressavam a personalidade e da cultura.

Winnicott, in Friedman, 2001, em sua tradição freudiana fazia uso de jogos ao


estudar os comportametos humanos.

A expressão de que, o jogo expressa mais nÃo gera padrões de personalidade


tem sido perpetuada por autores como Susan Isaacs, Ana Freud, Melanie Klein e Erick
Erickson, todos in Friedmann, 2001.

xviii
A partir da década de 70 em diante a definição operacional do jogo tem sido
dada ênfase especial ao uso de critérios ambientais observáveis e ou comportamentais.

“Como seria bom se voltassem os carrinhos de rolimã, as pernas de pau, os


telefones de lata, a amarelinha, o caracol”, Fanny Abramovich. O estranho que se mostra
às crianças, in Friedman, 2001.

Buscando uma maior compreensão em torno da noção do jogo, deve-se voltar o


enfoque para o jogo tradicional que faz parte do folclore, situando-o no contexto específico
da cultura infantil.

O folclore como forma de conhecimento científico, nasceu de uma necessidade


da filosofia positiva de Augusto Conte, do evolucionismo inglês de Darwine Spencer e de
uma necessidade histórica da burguesia propondo-se um problema pragmático: determinar
o conhecimento peculiar do povo, através dos elementos materiais e não materiais que
constituíram a sua cultura.

Luís da Câmara Cascudo, in Friedmann, 2001, define o folclore como sendo


uma cultura popular tornada normativa pela tradição.

O folclore infantil; é parte integrante da cultura folclórica, uma manifestação


da riqueza natural da criança em suas potencialidade físicas, corporais, motoras, sensorias,
intelectuais, emocionais e sociais.

O processo de desenvolvimento dos elementos do folclore infantil muda


continuamente no tempo em função dos fatores do ambiente social. Pode-se falar em um
papel integrador do folclore infantil com modificações nas atitudes dos indivíduos.

O folclore infantil serve como veículo de transmissão de elementos culturais,


sua cultura infantil é constituída de elementos folclóricos aprendidos na rua derivados da
cultura do adulto e transferidos por aceitação permanecendo entre as crianças.

xix
Portanto, os jogos tradicionais infantis são uma forma especial da cultura
folclórica.

O jogo tradicional infantil é a produção espiritual do povo, acumulada através


de um longo período de tempo.

Os jogos tradicionais podem ser divididos em dois grupos:

• Estudos etnológicos (A Jyler; E. Gomme; F. M. Fournier; J. Bohme;


Djordjervic, etc); in Friedmann, 2001, segundo eles, os jogos tradicionais são
representações rudimentares de antigos costumes, cultos e rituais, a extensão,
reminiscência.

As crianças segundo este estudo seriam as portadoras e as transmissoras desses


jogos.

O trabalho mais importante sobre jogos tradicionais é o de I. e P. Opie, in


Friedamann, 2001, considerado uma tenD6encia no estudo dos jogos tradicionais e
brincadeiras em geral.

Conforme estes autores, o jogo é um organismo vive e sua pesquisa dirige-se


aos jogos tradicionais que vivem nas crianças todo dia e que constituem, junto com as
criações verbais, um folclore infantil separado, quanto integra a sua vida social.

• Estudos de caráter pedagógico e, segundo os mesmos referenciais


paulatinamente os desempenhando um papel de apoio, um instrumento, enquanto que, o
aluno o sujeito do processo educacional lúdico folclórico.

Teorias psicogenéticas do jogo também apoiam a idéia da possibilidade de


instrumentaliza-lo com fins pedagógicos estudando sua função em relação aos processos
psicológicos no desenvolvimento infantil.

xx
As duas filosofias implícitas da infância e do jogo seguem a mesma linha
conceitual e metodológica: consideram quanto a ordem histórica e social são elementos
constitutivos da infância e do jogo.

Sendo assim, o jogo tradicional infantil é aquele que se transmite de forma


expressiva de uma geração a outra, fora dar instituições oficiais, na rua, praças,
incorporado pelas crianças de forma espontânea, variando as regras de culturas, mudando a
forma e não o conteúdo do jogo tradicional. O conteúdo é constituído pelos interesses
lúdicos particulares ligados a tal ou qual objeto (bonecas, animais, máquinas). A forma é a
organização do jogo do ponto de vista dos materiais utilizados do espaço do número de
jogadores etc...

O jogo tradicional faz parte do patrimônio lúdico-cultural infantil traduzindo


valores, costumes, formas de pensamento e ensinamentos. Seu valor é inestimável e
constitui para cada indivíduo, cada grupo, cada geração, parte fundamental da sua história.

1.3. A Função Pedagógica do Jogo

A atividade lúdica abrange amplamente conceitos como: brincadeira, jogo e


brinquedo, tendo cada termo seu relevante significado dentro da aprendizagem.

Assim sendo, ocorre a transposição da atividade funcional para atividade pré-


lúdica que começa quando o indivíduo está na fase lactente.

O jogo começa na verdade quando a mãe presenteia com chupetas e brinquedos


que considera como entretenimento para acalmar e divertir a criança.

Seguidas vezes a atividade lúdica da criança é considerada com menosprezo


pelo adulto que contrapõe ao seu trabalho cotidiano. Não obstante, trata-se de um autêntico
comportamento infantil.

xxi
Escuta-se falar muito que os jogos não têm utilidades educativas, não tem
significação dentro das escolas. Estes pressupostos estão visivelmente integrados à prática
de uma pedagogia tradicional que exclui o lúdico de qualquer atividade educativa
podendo-se perceber claramente a falta de esclarecimento, conhecimento e compreensão
de seu sentido.

Alguns pais acham que a Educação Infantil não é necessária à formação de


seus filhos, servindo apenas como gastos de energia física.

Tal parecer é compartilhado por algumas escolas infantis com a intenção de


transparecer “serenidade” introduzem precocemente o lápis e o papel à criança.

Existem as que defendem as brincadeiras, pois assim aprende-se mais,


conforme a orientação de brincar. Dependendo do nível de desenvolvimento o professor
brinca sozinho, pois as crianças apenas cumpriram as determinações.

Encontram-se também escolas que consideram as brincadeiras úteis apenas


para que os conteúdos sejam transmitidos, cada noção nova é introduzida de maneira
lúdica, terminada a transmissão do conteúdo inicia-se o trabalho sério.

A criança se empenha durante o brincar da mesma forma que se esforça para


aprender, andar falar e comer tão intensamente se esquece de ir ao banheiro ou não escuta
quando alguém o chama.

O jogo é a oportunidade de desenvolvimento, do experimentar, do inventar, do


descobrir exercitando e conferindo suas habilidades, estimula a curiosidade, a iniciativa e a
autoconfiança, proporciona aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento
e da concentração da atenção.

Brincar é indispensável à saúde física, motora, emocional, afetiva, emocional,


moral da criança.

xxii
A atividade lúdica pode ser considerada sob dois aspectos: auto-expressão e
auto-realização.

A nível de auto-expressão, estão as atividades lúdicas de construção,


dramatização, música, artes plásticas entre outras.

A nível da auto-realização, o brinquedo organizado, ou seja, aquele que tem


uma proposta e requer determinado desempenho.

O jogo proporciona o aprender-fazendo e para ser melhor aproveitado é


conveniente que proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação
ativa da criança.

As situações-problemas contidas na manipulação de certos materiais, se


estiverem adequadas às necessidades do desenvolvimento da criança, fazem-na crescer
através da procura de soluções e alternativas.

A linguagem, forma de representação verbal, é básica no processo de


desenvolvimento. Piaget, in Friedmann, 2001, sustenta que a linguagem só aparece depois
do pensamento, e que ele depende sobretudo da coordenação de esquemas sensório-
motores.

A linguagem é uma forma de se comunicar e se expressar; um meio, portanto,


de interagir socialmente. Falar, ler e escrever são formas de o indivíduo ter acesso aos
conhecimentos construídos histórica e socialmente. Paralelamente, por meio da linguagem,
é possível desenvolver a memória, a imaginação e a criatividade e, muito especialmente,
passar do pensamento concreto ao pensamento mais abstrato. A linguagem é, portanto a
facilidade da linguagem, o jogo é o canal através do qual os pensamentos e sentimentos são
comunicados pela criança.

xxiii
O jogo está intimamente relacionado à representação simbólica e reflete e
facilita o desenvolvimento dessa representação.

À medida que a criança se desenvolve e interage com o meio e com o grupo,


sua identidade, sua auto-imagem positiva, sua personalidade são desenvolvidas. A
afetividade é uma constante no processo de construção do conhecimento e é ela que, na
verdade, irá influenciar o caminho da criança na escolha dos seus objetivos.

Amor, ódio, agressividade, medo, insegurança, tensão, alegria ou tristeza são


alguns dos afetos mais comuns, com os quais o educador deverá lidar para encaminhar a
criança no seu desenvolvimento.

A motivação é outro fator que influencia o desenvolvimento: se a motivação é


grande, a criança irá se esforçar para fazer coisas mais complexas. A criança afetivamente
perturbada sofrerá um bloqueio no desenvolvimento geral, pois os problemas afetivos
canalizarão suas energias.

O jogo espelha e melhora o progresso da criança na pré-escola, através da


afirmação do eu e na idade escolar, ajudando na tarefa de consolidação do eu. No jogo
pode ser comprovada a importância dos intercâmbios afetivos das crianças entre elas ou
com adultos significativos (os pais e professores), portanto, o jogo é uma “janela” da vida
emocional das crianças.

A oportunidade de a criança expressar seus afetos e emoções através do jogo só


é possível num ambiente e espaço que facilitem a expressão: é o adulto que deve criar esse
espaço.

Constata-se, em relação à psicomotricidade, a necessidade de a criança


expandir seus movimentos. O sujeito constrói, assim como o conhecimento, os
movimentos, construção esta que depende não somente de recursos biológicos e
psicológicos mas também das condições do meio ambiente no qual ela vive.

xxiv
A exploração do corpo e do espaço levam a criança a se desenvolver. Piaget
considera a ação psicomotora como a precursora do pensamento representativo e do
desenvolvimento cognitivo, e afirma que a interação da criança em ações motoras, visuais,
táteis e auditivas sobre os objetos do seu meio é essencial para o desenvolvimento integral.
A atividade sensório-motora é especialmente importante para o desenvolvimento de
conceitos espaciais e na habilidade de utilizar termos lingüísticos espaciais.

O jogo é um meio básico para promover o desenvolvimento físico-motor. O


equipamento utilizado e os espaços pensados para o jogo são fundamentais na motivação
de diferentes tipos de jogos motores.

A introdução de jogos estruturados para o estímulo ao desempenho físico-


motor foi tão importante quanto hoje em dia, em que o tempo para o jogo infantil se vê
comprometido por atividades sedentárias, como assistir televisão e brincar com jogos no
computador.

Para o desenvolvimento físico-motor o jogo tem papel fundamental, que deve


ser aproveitado num trabalho integrado com as outras áreas de desenvolvimento.

O desenvolvimento moral é igualmente um processo de construção que vem do


interior. As regras do exterior são adotadas como regras da criança, quando ela as constrói
de forma voluntária, sem pressões. A criança constrói sua própria regra moral quando
resolve “sacrificar certos benefícios imediatos em proveitos de uma relação recíproca de
confiança com o adulto ou com outras crianças” (Kamii). Essa relação de confiança e
respeito é o pano de fundo para o desenvolvimento da autonomia. É só a cooperação leva à
autonomia.

Nessa linha de pensamento. Piaget constata que a forma mais interessante para
promover a cooperação, fator essencial do progresso intelectual, é o trabalho em grupo.

xxv
Os jogos em grupo, aqueles nos quais as crianças brincam juntas segundo
regras convencionais, regras arbitrárias que são fixadas por convenções e consenso, são
particularmente interessantes.

Os jogos constituem sistemas complexos de regras, as regras morais foram


recebidas pelas gerações anteriores de adultos, enquanto os jogos sociais comportam regras
elaboradas pelas crianças. Na transmissão das regras do jogo de bolinhas, por exemplo, são
os mais velhos os que passam primeiro às crianças a forma de brincar. Já nas instituições
lúdicas há realidades espontâneas e ricos ensinamentos.

No jogo ocorre a união da cooperação e da autonomia:

• A consciência da regra;
• A consciência da razão de ser das leis.

Todas as áreas de desenvolvimento forma analisadas de forma independente,


para melhor caracterizá-las. Porém, no ser humano, elas estão integradas, não sendo
possível isolá-las umas das outras.

Com a perspectiva geral do desenvolvimento e da função do jogo, para que ele


possa acontecer, explicitarei a seguir uma metodologia alternativa para a utilização do jogo
como um meio educacional.

Analisando o pensamento de Alain, Georges Syndners (in Almeida, 2000) um


dos pioneiros da educação progressista, concluiu que no memento do esforço onde a
criança aprende ao invés de apenas repetir e copiar, ela compreende.

Neste momento culmina a tensão e motivação do compreender e aprender,


mais tarde esta criança ficar-vos-á reconhecida por ser criadora e construtora de suas idéias
e seu conhecimento.

xxvi
Trata-se de um mergulho total e profundo durante o precioso momento lúdico
na verdadeira essência proposta e mesmo se não lá chegar a não ser com auxílio externo.

A criança gosta do difícil, das vitórias sacrificadas e penosas, mesmo quando


se deixa envolver pelo fácil ou engraçado, podendo-se acreditar na seriedade de uma
criança aspirando grandeza em um anseio quando o adulto tem a certeza de poder manter.

A necessidade de se conduzir uma criança a busca, ao domínio de um


conhecimento mais abstrato, mesclando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com
uma boa dose de brincadeira com a certeza de transformarmos o aprendizado em um jogo
muito bem sucedido e de que neste momento lúdico a criança envolve-se sem se dar conta.

A transformação do jogo em um apoio durante a aprendizagem é modificar o


próprio comportamento para lúdico e confirma-lo na escola, sabendo diferenciar
claramente o jogo do trabalho, onde existem dois comportamentos diferentes com relações
bem estreitas.

“O jogo prepara o contato com existência não


humana... Só se domina a natureza pela obediência do
espírito, de início, e depois a própria natureza se o
jogo fica muito distante da vida real, cabe ao trabalho
escolar para ser proveitoso e, é diferente do trabalho
real. Ele habitua ao esforço, mas não ao esforço
penoso do trabalhador sustentando o peso do arado,
pela terra que agarra aos seus pés”.(
Paulo Nunes de Almeida, in Almeida, 2000).

J. Chateaux, in Duarte, 1985, em uma de suas obras, estudou a continuidade do


comportamento lúdico da criança que permeia entre ficção e realidade do trabalho.

Assim sendo, basear a educação e a aprendizagem unicamente no jogo, tornaria


o processo com deficiências, formando um cidadão para viver em outra realidade em um
mundo ilusório.

xxvii
Entretanto, uma educação voltada somente para o trabalho, no sentido restrito
apenas destinado a produção de resultados, criaria-se um ser formal e técnico, destruído,
sem vida própria e dentro de si a satisfação do próprio viver.

“A criança tem uma vida própria: a sua vida. Essa vida, ela tem o direito de
vive-la e vive-la feliz”. (Claparede, in Almeida, 2000)

O trabalho escolar deve ser mais que um jogo e menos que um trabalho, deve
equilibrar-se com o esforço e o prazer, intuição com diversão, vida e educação. Tornando-
se portanto a educação lúdica uma alternativa bem indicada.

Para o pesquisador Paulo Nunes de Almeida, in Almeida, 2000, o que acontece


com grande freqüência nos dias de hoje e em qualquer classe social, é que a criança
raramente encontra no meio familiar uma convivência de alegria, participação e
comunicação.

Para tal fato, não deve-se sobrepor a responsabilidade nos pais, que
assoberbam-se com suas responsabilidades e preocupações profissionais do dia a dia,
deixando o convívio em família debilitado, impedindo os pais de educarem, de estar com
seus filhos, de educa-los e compartilhar momentos felizes e sadios.

“Os pais são os primeiros educadores, mas não


educadores por profissão. Trazem uma mensagem que
vem da raiz mais profunda da natureza. A ele deu o
Criador o dever e o direito de educar, dever e direito
que precedem o de qualquer outro – Estado, Escola ou
Sociedade. É deles que a escola recebe o encargo por
delegação. Dessa delegação, em termos de vida
humana, nenhum pai pode furtar-se. Ele escolhe a
escola, mas não pode esquivar-se à escolha de uma
escola, pois a família não tem condições, hoje, para
realizar sozinha tudo que se engloba na formação do
homem”.
(in Rodriguez, 1973)

xxviii
Konrad Lorenzs, in Almeida, 2000, afirma que a sociedade parece ter se
cegado para os valores reais na vida familiar e a possibilidade de se refletir sobre os afetos
e sentimentos mais profundos.

Observa-se que a conseqüência desta corrida desenfreada da vida cotidiana é o


aparecimento de um sistema de produção descomprometido e sem nenhuma iniciativa para
relacionar-se, expondo razões exteriores como se fossem seus motivos internos de ação,
ocorrendo por muitas vezes a exploração e estratificação do próprio homem, pai e mãe que
trabalham para o sustento da família, ao passo que, o sistema de produção se um utensílio e
uma extensão das funções filosóficas, torna o homem uma extensão de si mesmo.

O desenvolvimento da criança se dão também em outras instâncias de seu dia a


dia, forra da escola, em contato com outras crianças e outros adultos e, sobretudo de forma
direta com os meios de comunicação.

A televisão, a publicidade, a propaganda e toda média eletrônica influência


muito na mente infantil ocupando um grande intervalo de tempo que deixa de ser dedicado
à atividade lúdica, ela é fonte de informações e um estimulo rico que a criança processa.

Por um lado a televisão tira o tempo do jogo que é um fator negativo, por
outro, ela fornece conteúdo que a criança assimila e que se espelham em seu jogo,
modificando e enriquecendo sua temática.

A criança, o jovem e até o adulto, são bombardeados por um falso jogo que
vem prometer alegrias, descanso, prazer, enfim, tudo que estiver associado à idéia de
consumo, cujo objetivo verdadeiro é a alienação.

Percebe-se a existência de uma grande explosão de modismos pedagógicos,


intitulados como jogos. Entre ele estão: programas de computador dos mais variados tipos
como guerra, violência destruição, sites de pornografia, prostituição e tráfico de drogas,
modismos musicais invadem as academias com intuito de praticar esportes que vão

xxix
desviando o indivíduo, deseducam e não educam, doutrinando a ditadura do consumismo,
camuflando problemas que o subjugam.

A criança torna-se a grande vítima deste processo, que sem saber distinguir o
que há por de trás das boas intenções, sorri mediante tais inversões de valores.

Baseando-se na relação da criança com o brinquedo a postura a ser adotada


pelo responsável mediante o que é imposto pelos meios de comunicação e pela própria
sociedade com seus modismos deve ser criteriosa no sentido de não proibir, mas prevenir,
dialogar sobre os dois caminhos: o pernicioso que desvia, deseduca, desestimula e o
educativo que conduz ao crescimento interior que forma valores.

O desenvolvimento e o aprendizado da criança se dão também em outras


instâncias de seu dia a dia, fora da escola, em contato com outras crianças e outros adultos
e, sobretudo, de forma direta com os meios de comunicação. A televisão, a publicidade, a
propaganda e toda mídia eletrônica tem influência profunda na mente infantil.

Embora a televisão ocupe um intervalo de tempo significativo, que deixa de ser


dedicado à atividade lúdica, ela é uma fonte de informações e um estímulo sumamente rico
que a criança processa. Se a televisão terá tempo do jogo, o que é um fator negativo, ela
desperta a criança para questões novas, e o que é bastante importante, fornece conteúdos
que a criança assimila e que se espelha em seu jogo, modificando e enriquecendo sua
temática.

E na “dosagem” do aproveitamento que a criança faz do seu tempo que deve


entrar o papel do adulto, enfatizando o resgate do tempo do brincar no dia a dia infantil.

Snydners, in Almeida, 2000, acredita que o brinquedo ao qual a sociedade


oferece a uma criança e das intenções de um adulto para com um objeto qualquer de
consumo propõe os sentimentos de posse e consumo apenas.

xxx
Sendo assim, o sentido lúdico deste brinquedo ou objeto é o de satisfazer uma
necessidade imediata da criança, que tão logo será preenchida e levará o indivíduo a ir a
busca de outro objeto que venha satisfazer uma nova necessidade.

Através da roupagem que envolve o brinquedo, a criança desinteressa-se de


jogar, de explorar o que não foi criado, tornando seu valor um mero objeto de consumo que
ao se preencher uma certa carência, descarta-se o tal brinquedo e recomeça uma nova
busca atrás de outro brinquedo.

Freinet, in Almeida, 2000, observa como sendo de grande importância a


compreensão que o conteúdo de um brinquedo não é um fator determinante para uma
brincadeira e sim, ao brincar, ao jogar se revela o conteúdo de um brinquedo.

Mediante tal observação, percebe-se a importância de que a criança associe em


suas construções de materiais heterogêneos como: madeira, papel, pedra, areia, tinta,
sucatas.

Assim, a criança estará tendo como símbolo o seu brinquedo que ela própria
construiu e relacionará o pensamento: ação, tornando possível o uso de sua oralidade,
pensamento e imaginação.

O brinquedo tem uma conotação política, pois a sociedade oferece para a


criança hoje, aquilo que ela desejará amanhã, como é o caso dos video-games que
invadiram o mercado e conseqüentemente as casas das crianças, jovens e adultos nestas
duas últimas duas décadas, são alvo de preocupação com relação aos conteúdos violentos
dos video-games, televisão, histórias em quadrinhos e filmes, devido às suas filosofias,
falta de didática e de valores.

As imagens visuais dinâmicas com efeitos sonoros e a contagem automática de


pontos tornam-se características que explicam a grande aceitação dos jogos eletrônicos.

xxxi
De contra partida a tudo isto, existem dados que confirmam o aumento da
violência e comportamento agressivo, em crianças, jovens e adultos que utilizam estas
brincadeiras.

Outro fator determinante para o comportamento, segundo um estudo sobre a


atividade lúdica no plano de todos os comportamentos agressivos como sendo o fator que
possibilita a situação de dependência em que se encontra vivendo um indivíduo inserido, o
ambiente familiar.

Concluindo, torna-se necessário definir uma filosofia, uma prática diferente em


relação aos brinquedos, não só os voltados ao público infantil, mas também aos
adolescentes, redefinindo uma nova prática para que os que cercam estas crianças e jovens,
recuperem o verdadeiro sentido dos jogos e eduquem as crianças para isto.

A classificação realizada não é definitiva ou fechada.

Outros autores significativos na área do jogo poderiam ter sido apontados.

O objetivo foi oferecer um amplo panorama sobre os principais expoentes


dentro da Educação, sintetizando de forma que os enfoques e concepções acerca do objeto
em questão, o jogo, seja discutido.

xxxii
CAPÍTULO II
O LÚDICO INTEGRADO NA EDUCAÇÃO

xxxiii
“É preciso organizar o jogo de tal forma que, sem destruir ou sem desvirtuar
seu caráter lúdico, contribua para formas qualidades do trabalhador e do cidadão do
futuro”. (G. Snynders, in Almeida, 2000)

2.1. Educar Ludicamente: Mais do que uma Proposta.

O ambiente onde vivemos, muito mais do que um meio meramente físico,


possui características específicas relativas à história de vida de cada em de nós.

Cria-se um vínculo pessoal e duradouro com as pessoas e objetos que nos


cercam. Eles passam a fazer parte, de certa forma, de nós mesmos, de nossa memória, de
nosso eu.

Com os vínculos criados e laços fortalecidos, afirma-se e define-se como


pessoa e faz-se sentir segurança e profunda satisfação de pertencer realmente a um grupo.

Neste contínuo enredar do pessoal com social, o jogo tem um papel


fundamental, já que contribui decisivamente na construção da autonomia e da vivência
autêntica e aprender a tecer os fios que nos ligam aos outros de forma saudável, duradoura,
mantendo a flexibilidade de ambos os lados não é uma tarefa meramente simples.

Bem no início da vida, tendemos a ser mais conservadores, mas rotineiros,


parecendo que antes de entrarmos ou depois de sairmos da extensa fase da vida onde nos
preparamos para realizarmos “coisas” e efetivá-las, temos mais necessidade de
(re)encontrar situações já vividas, do que inová-las.

xxxiv
Há um momento cíclico onde uma imaginária curva ondulatória que desce e
sobe, caracterizada inclusive por esquemas lúdicos prepara para vida e mais tarde de forma
gentil e doce desabitua-se da atividade continuada que desenvolveu por longo tempo.

O ser humano em todas as fazes da vida está sempre descobrindo e aprendendo


coisas novas, por meio do contato com seus semelhantes e do domínio sobre o meio em
que vive.

O ser humano nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se de todos os


conhecimentos, desde os mais simples (alimentar-se) até os mais complexos (solucionar e
até criar problemas), isto garante a sobrevivência e integração na sociedade como ser
participativo, crítico e criativo.

A esse ato de busca, troca interação, apropriação dá-se o nome de Educação.


Esta não existe por si, é uma ação conjunta entre pessoas que cooperam, comunicam-se e
comungam do mesmo saber.

Educar ludicamente não é um ato ingênuo, indefinido, imprevisível, mas um


ato histórico que leva tempo cultural que envolve valores, social que requer alto grau de
bom relacionamento com os educandos, psicológicos que envolve inteligência, afetivo e
existencial que baseia-se no concreto.

Portanto a ação educativa lúdica é inerente à criança, no adolescente, no jovem


e no adulto, aparecendo de forma transacional em direção a algum conhecimento, que se
redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações com o
pensamento coletivo.

Aos educadores, cabe garantir a educação do aluno. Esta consciência precisa


fortalecer o preestabelecido traçando caminhos transformadores.

xxxv
Define-se equivocadamente a educação lúdica como uma concepção ingênua
de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial.

Educando-se ludicamente desde a Educação Infantil a criança estará operando


inúmeras funções cognitivas e sociais, ou seja, a Educação Lúdica é a combinação entre
integrar e mobilizar as relações funcionais ao prazer de interiorizar o conhecimento e a
expressão de satisfação manifestada com os semelhantes ao interagirem.

A Educação Lúdica é bem mais do que uma proposta sendo assim , é uma
contribuição, se bem aplicada e compreendida qualificará o ensino e a formação crítica do
educando, quer para garantir mais satisfatoriamente a permanência do aluno na escola
diminuindo a evasão escolar, quer seja para redefinir valores e melhorar o relacionamento
e ajustamento das pessoas na sociedade e o direito de cidadania.

A Educação Lúdica, além de influenciar considerável e decisivamente na


formação não só da criança como também do adolescente, possibilita um crescimento
sadio, enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática
democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento.

Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a


interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do
meio.

Uma escola lúdica é real e integra-se perfeitamente em nosso contexto social,


tem a sua finalidade educacional não diferenciada das escolas sejam elas mais modernas no
que se refere à formação de alunos críticos, criativos, conscientes, transformadores, ou à
formação acadêmica quanto ao domínio do conhecimento historicamente acumulado,
diferenciam-se quanto a formação do papel de estudante: alunos aptos a buscar por si
mesmos os conhecimentos e a construí-los prazerosamente, capazes de vivenciar atitudes
de vida coletiva, solidária e de participação democrática.

xxxvi
A escola não é um modo de formação entre os outros, ela é concebida no
conjunto como o primeiro, e finalmente, como único. Seus horários ocupam todo o dia das
crianças, seus programas adiantam o conhecimento inteiro em detrimento da experiência,
registro ao ensino profissional, sua disciplina define um saber-ser-criança feito de
passividade, de obediência cega, numa pedagogia de intimidação.

O jogo é uma oportunidade de desenvolvimento onde a criança experimenta,


descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades.

Estimulador da curiosidade o jogo incentiva a autoconfiança e o controle.

Uma arte que contribuirá naturalmente na fase adulta para o equilíbrio do


adulto.

“Os brinquedos são intermediários entre realidade da vida que a criança não
pode abarcar e a sua natural fragilidade”. (Seguin, in Cunha, 1988)

Através da experimentação, a criança aprende a controlar seus movimentos e


estabelecer ordem em seu mundo. O jogo é um convite ao brincar, proporciona motivação
e desafio.

A formação do aluno é um fator decisivo na vida de um estudante. É através de


sua formação que este aluno exercendo sua cidadania terá suas obrigações sociais, direitos
que deverá saber lutar por eles e também seus deveres aos quais deverá cumpri-los
corretamente.

A sensibilidade lúdica pode vir a desempenhar um papel fundamental, tanto no


início como até no fim da vida, na constituição prazerosa e funcional de um ambiente onde
a pessoa se sinta “em casa”, interagindo com maior espontaneidade e soltura.

xxxvii
Quer seja em modalidades corporais, agilizando esquemas sensoriomotores ou
em formas mais elaboradas, simbólicas, combinadas em diferentes dosagens à utilização de
regras, simplícitas ou explícitas, o brincar constitui decisivamente para o bem-estar físico,
mental, cognitivo, social, criativo de forma a facilitar a aprendizagem.

Como prova da importância de que se revestem as atividades lúdicas com fim


de otimizar o desenvolvimento dos pequenos, os estudos e experiências educacionais sobre
o tema, evidenciam resultados claramente satisfatórios quando aquelas são apropriadas aos
níveis do processo evolutivo da criança, a seu ritmo e a outras características de cada uma,
individualmente.

Umas crianças crescem mais aceleradamente do que outras, e ainda, outras


mais, mostram-se mais ativas ou mais calmas, sendo até seletivas nos seus brinquedos e
brincadeiras desde os primeiros meses de vida.

Deduz-se, portanto, que não é suficiente prodigalizar-lhes cuidados, ela precisa


de algo mais que a estimule para torna-se comunicativa, independente e alegre, o que
provém, em qualquer parte, das atividades lúdicas originadas por ela própria ou
proporcionadas pelas pessoas que a atendem.

2.2. O Lúdico em Compasso aos Tempos Modernos

Hoje em dia com o ingresso da mulher no mercado de trabalho e o conseqüente


aumento de participação efetiva das instituições na educação infantil no desenvolvimento
da criança, é importante que se reflita cuidadosamente sobre a necessidade de se organizar
um ambiente propício, que respeite as necessidades básicas da criança como indivíduo
ativo e social.

xxxviii
Convivendo com a tecnologia que avança sem parar e que trabalha com a
realidade virtual, com o conhecimento por simulação, cedendo espaço à fantasia cheia de
imaginação e criatividade do professor, é importante que se acompanhe e reflita melhor
sobre a importância da brincadeira simbólica na vivência e compreensão da criança do que
é realidade e do que é faz-de-conta.

De fato, ilimitar o campo psicológico às diversas possibilidades de ação no


“meio” e seguir explorando, combinando, descobrindo e inventando, mantendo-se aberto a
sonhos, desejos e fantasias e outras nem distintas, é não conseguir distinguir a realidade da
fantasia, o real do virtual.

O brincar de faz-de-conta é extremamente rico dentro do ambiente educacional


quanto a suas vertentes:

• Possibilita a agiliza continuamente a integração e adequação dos desejos,


sonhos e fantasias à realidade, mantendo aberto e fluente o acesso a
mecanismos e conteúdos dos menos conscientes;
• Favorece a separação saudável de realidade e fantasia;
• Integra o passado ao presente, através das lembranças, que carregam
consigo os desejos e sonhos, construindo a memória.

Em suma, separa e integra os dois campos, de forma dinâmica e criativa.

Através da observação do desempenho das crianças com seus brinquedos


podemos avaliar o nível de seu desenvolvimento motor e cognitivo.

Dentro da atmosfera lúdica, manifestam suas potencialidades e ao observá-las,


poderemos enriquecer sua aprendizagem, favorecendo, através dos jogos, elementos
nutrientes para seu desenvolvimento.

xxxix
Devemos aproveitar esses momentos utilizando palavras adequadas, escutar as
próprias palavras para verificar se estamos falando claramente e procurar responder por
observações, perguntas ou ações.

Não colocar informações novas em excesso para que a criança possa aprender
o que ouve; adaptar as fases ao nível da compreensão da criança, mas sem infantilizá-las.

Se falamos com as crianças normalmente, pausadamente, e sem usar


diminutivos, afinal nenhum de nós diz:

“- Bondiazinho, meu coleguinha de trabalhinho!”, não há razão para ao nos


dirigirmos às crianças e dizermos: “- Agorinha o nenezinho queridinho vai tomar o
lanchinho todinho para ficar bem fortinho!”, não estaremos auxiliando-as a perceberem
corretamente o sentido das palavras, sua pronúncia, e não contribuindo dessa maneira para
o desenvolvimento e qualidade de sua fala.

Pouco a pouco, as crianças vão ampliando o seu vocabulário e vão fazendo


construções mais complexas.

O adulto que interage pode espertar a atenção e a compreensão da criança,


enriquecendo seu brincar. É imprescindível que antes de mais nada se observe como ela
está brincando para respeitá-la em sua iniciativa, preferências, ritmo de ação e regras de
jogo.

Não se deve interromper a concentração de uma criança que brinca, o momento


em que ela está completamente absorvida pelo brinquedo é um momento mágico e
precioso, em que está sendo exercitada uma capacidade da maior importância da qual
depende sua eficiência quando adulto, quanto é a capacidade de observar e manter a
atenção concentrada.

xl
A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a exploração não
seja a que se esperava, é preciso que o adulto seja prudente ao intervir não interrompendo a
linha de pensamento da criança, não comprometendo a simbolização que estava fazendo.

Para preservar a ludicidade o adulto pode limitar-se a sugerir, estimular sem


impor determinada forma de agir. Que a criança aprenda a utilizar o jogo descobrindo e
compreendendo, não por imitação.

Por ser importante que as atividades envolvam operações do pensamento, que


solicitem a imaginação, a criatividade, e que possibilitem a descoberta, é necessária a
participação eventual do adulto.

A criança precisa de alguém que a escute e que a motive a falar, a pensar e a


inventar, precisa tanto de atividades grupais que a levem a sociabilizar-se quanto de
atividades individualizadas que possibilitem o atendimento às suas necessidades pessoais.

O ato de jogar, exercita capacidades indispensáveis a qualquer adulto


profissionalmente bem sucedido.

Se a criança brinca, acostuma-se a ter seu tempo livre criativamente utilizado.


Este hábito, se bem cultivado além de trazer satisfação, irá se transformando, com a
maturidade, em atitudes de predisposição para os estudos.

O importante é que seja preservada a gratuidade e o prazer; o gosto de fazer as


coisas por elas mesmas e não somente pelos resultados que possam ser alcançadas.

Permanecendo o prazer e o hábito de ocupar-se criativamente, a escolha


profissional certamente será mais prazerosa e fácil, o trabalho e o lazer ficarão tão
próximos que o único fator que os distinguirá será a obrigatoriedade.

xli
Quando a educação pela inteligência for uma realidade, não haverá mais razão
para se conceituar opostamente lazer-trabalho, pois sendo o prazer e a criatividade
preservados, a ludicidade estará igualmente presente.

Prazer e alegria devem estar associados ao lúdico, os primeiros pilares da ponte


entre jogo e educação escolar estão alicerçados na natureza das experiências primeiras em
sala de aula, na intenção de problematizar o exposto.

O brincar é, incontestavelmente uma fonte inesgotável de prazer e alegria, o


jogo e a brincadeira sempre estiveram presentes na vida do homem, dos mais remotos
tempos até os dias de hoje, nas suas mais variadas manifestações (bélicas, religiosas,
filosóficas, educacionais).

Por meio do jogo, desde os primórdios, o homem sempre buscou o


autoconhecimento e o de seu círculo. Do nascimento até a morte, convivemos com o
elemento lúdico.

Essencialmente a atividade lúdica representa na vida dos seres humanos um


laboratório onde ocorrem ao longo de sua vivência experiências inteligentes e reflexivas. A
experi6encia produz conhecimento, possibilita-nos tornar concretos os conhecimentos
adquiridos.

Bacon e Locke, in Miranda, 2001, já haviam formulado esse princípio há quase


três séculos.

Sendo assim, a educação processa-se pois por meio do permanente ato de


reorganizar e reconstruir nossas experiências.

Devemos desta forma atribuir uma valor suficiente ao lúdico, que consiste em
experimentar com prazer e alegria.

xlii
Piaget, in Miranda, 2001, demonstrou que as atividades lúdicas sensibilizam,
socializam e conscientizam.

Portanto, o aspecto pedagógico pode seguir abrigado no processo das


atividades lúdicas, vez que abrindo tantos horizontes a imaginação torna-se-á possível a
associação e absorção da dimensão cognitiva do processo educativo.

Refletindo-se sobre as vivências, quando estabelece-se uma conexão entre os


diversos acontecimentos dos quais fazemos parte, é nos exigido a mediação criativa. A
imaginação e o sonho precedem a construção da forma.

Sempre que existem perguntas onde as respostas são alcançadas, houve


aprendizado; se aprender é necessário à vida, criar também o é. “O homem só é
verdadeiramente feliz quando cria”. (Fromm, in Maranhão)

Ao dar forma, cria-se, e no jogo por imitar a vida, pode ser uma recriação do
macro em escala micro. Recria-se assim cada um ao seu modo.

A importância do criar e recriar, para a criança está no favorecimento da


elaboração de suas próprias interrogações ante os seus limites.

O jogar não só estimula a criatividade como também o raciocínio, o aluno que


participa e joga está envolvido e sempre tem o que expressar e expor frente ao que os
outros pensam, mesmo que entre adultos.

Na infância, tudo gira em torno do lúdico, tornando-o o epicentro da evolução


da criança, sendo assim, a educação escolar tem a intervenção do adulto, já pleno de
conceitos e preconceitos. Se, dentre as representações contextuais de mundo adulto não
houve espaço para a ludicidade, terá sido rompido algum elo das alianças lúdico-
educativas.

xliii
O jogo infantil surge como um meio de encadeamento de dimensões (criativa e
cognitiva), que trabalhando conjuntamente proporcionará um desenvolvimento integrado
das potencialidades das crianças e das habilidades que interagem com o processo
educativo.

O que a criança aprende, aprende mais efetivamente por meio do jogo. Em


situação de jogo a criança é tomada de envolvimento por todas as suas potencialidades, e
por isso, está em jogo o exercício das capacidades de cognição, criatividade, motivação,
afeição e socialização.

2.3. A Teoria das Múltiplas Inteligências

A palavra inteligência tem sua origem na junção de duas palavras de origem


latina: “intus”, que significa entre e “legere” que significa escolher, ficando assim
“escolher entre”.

A inteligência é um potencial biopsicológico do ser humano, é a capacidade


pela qual compreende-se e conhece-se as coisas por meio de uma seleção.

Na medida em que representa um potencial biológico, está ligada à quase


infindável poeira de neurônios do cérebro humano e suas múltiplas sinapses.

Indiscutivelmente, os fatores genéticos estabelecem algum tipo de limite para a


expansão da inteligência e, segundo muitos pesquisadores, mas da metade de tudo quanto
podemos aumentar em nossa inteligência deve-se à nossa carga hereditária.

Segundo a educadora Diva, in Maranhão para educar de forma lúdica temos


que entender o universo da criança e compreender o mecanismo do conhecimento, e em se
tratando das inteligências múltiplas é de real importância para a criança aplicarmos o jogo
certo à criança certa.

xliv
Concordamos com a educadora, que enfatiza a atividade lúdica como uma
contribuição no processo de aprendizagem e não ser, seria apenas um ato sem finalidade
pedagógica, um passatempo.

Inicialmente os franceses começaram a fazer testes em crianças com idade


escolar, com este resultado testado em algumas crianças iriam para a escola que os
próprios franceses construiriam, presa à estreitos limites de um discutível teste inteligência
e amarrado à uma escola tradicionalista.

A questão do teste foi pensada em seus aspectos mensuráveis, e surgiu o teste


de Q.I. (quociente de inteligência). O teste de Q.I. rotularia a criança eternamente e foi
questionada a visão unidimensional da inteligência através de seu quociente de
inteligência, pois a inteligência dependeria de fatores motivacionais, além de ser composta
por várias dimensões e depender de um fator centralizador: a existência de uma
combinação diferenciada de pessoa para pessoa, das combinações e dimensões haveria
vários perfis cognitivos e finalmente a inteligência não se mediria com papel, lápis, através
de uma visão simplista.

A teoria das inteligências múltiplas foi concebida por Howard Gardner e uma
equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard.

Gardner, in Maranhão, assume a posição de que há evidências da existência de


diversas competências intelectuais humanas, as quais chamam genericamente
“inteligências”.

A idéia central é a de que as manifestações da inteligência são múltiplas e


compõem um amplo espectro de competências que inclui até o presente momento oito
inteligências mais estudadas: lingüística, musical, lógico-matemática, espacial, corporal-
cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista.

xlv
A inteligência lingüística envolve sensibilidade aos sons, significados de
palavras e uma especial percepção das diferentes funções da linguagem.

Deriva da capacidade de pensar com palavras e usar a linguagem para


expressar e avaliar significados complexos.

Já a inteligência musical está ligada à percepção formal dos sons e à música como
forma de compreensão do mundo. Quem a possui, vê o som e percebe em nuanças intensas e
direcionais. “No musical nos tornamos, nós mesmos, beleza” (Rudolf Steiner, in Smole)

A inteligência lógico-matemática está associada à competência em desenvolver


raciocínio dedutivo, em construir cadeias casuais e lidar com números e outros símbolos
matemáticos, expressando-se no engenheiro, o físico, grandes matemáticos. Expressa pela
capacidade de construir mensagens por meio de símbolos geométricos e números em lugar
de palavras e se mostra insinuante no gosto particular em resolver problemas lógicos como
os que se apresentam no tangram ou xadrez. “Para um sujeito imóvel não há espaço nem
geometria”. (Henri Piocaré, in Smole)

A dimensão ou inteligência espacial, está associada ao sentido da visão, à


tendência de perceber as muitas formas dos objetos. Percebe-se na habilidade para
manipular formas e objetos mentalmente, criando tensão, equilíbrio e composição.

A inteligência cinestésico corporal, manifesta-se na linguagem gestual e


mímica, apresentando-se nitidamente no artista e no atleta que não necessita, elaborar
cadeias de raciocínio para a execução de seus movimentos. Através da habilidade motora
fina e grossa em esportes, artes cênicas ou plásticas. “No plástico-pictórico contemplamos
a beleza, vivência-mola”. (Rudolf Steiner, in Smole)

A inteligência interpessoal, revela-se no poder do bom relacionamento com os


outros e na sensibilidade para a identificação de suas intenções, motivações e
circunstâncias que os tornam diferentes e todos os outros seres humanos e explica a
empatia de algumas pessoas e é característica de líderes.

xlvi
“Ninguém constrói nenhum conhecimento sozinho, sem contato com o próprio
objeto de conhecimento e a possibilidade de discussão com o outro” (Yves Chevallard, in
Smole)

A inteligência intrapessoal pode ser sentida por todos quantos vivem bem
consigo mesmos e mostram forte auto estima, sentem-se envolvidos pela presença de um
educador de si mesmo, administram seus sentimentos, emoções e projetos com o alto astral
de quem percebe suas limitações, não fortalece sentimentos de culpa ou complexo de
inferioridade, não gostam de errar e tiram proveito quando erram e dos momentos de
solidão.

A inteligência naturalista, é consistente em observar padrões na natureza,


identificando e classificando objetos, compreendendo sistemas naturais criados pelo
homem.

Gardner afirma que sua teoria está baseada em uma visão pluralista da mente,
que reconhece facetas diferentes e separadas da cognição, reconhecendo que as pessoas
têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes.

Sua teoria pluraliza o conceito tradicional, uma inteligência implica na


capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num
determinado ambiente ou comunidade cultural. A capacidade de resolver problemas
permite à pessoa abordar uma situação em que um objeto deve ser atingido e localizar a
rota adequada para esse produto.

As insatisfações com o conceito de Q.I. e com visões unitárias da inteligência


foram abordadas por outros pesquisadores antes de Gardner, L. L. Thurstone e L. P.
Guilford, in Smole.

O debate sobre a Teoria das Inteligências Múltiplas é recente entre nós e, por
estar se iniciando apresenta-se sujeito a críticas e questionamentos.

xlvii
“Então torna-se necessário dizer, de uma vez por
todas, que não há e jamais haverá uma lista única,
irrefutável e universalmente aceita de intelig6encias
humanas. Jamais haverá um rol mestre de três, sete ou
trezentas inteligências que possam ser endossadas por
todos os investigadores”
(Gardner, in Smole)

Uma visão pluralista da inteligência humana leva-nos a repensar paradigmas


norteadores educacionais no século.

Concordamos com a educadora Diva Maranhão ao citar sobre a importância


que nós educadores estejamos conscientes sobre a importância de criarmos “ambientes
inteligentes” e reconhecer a inteligência em nossos sistemas mente/corpo.

Quanto maior a aproximação entre o lúdico e as habilidades experimentadas e


vivenciadas pela criança, menor será a fantasia, pois o brincar passará a refletir mais e os
pormenores do cotidiano vivido por ela.

Os jogos condizem a ações lúdicas e se aproximam dos detalhes próprios do


cotidiano. As construções realizadas com brinquedos assemelham-se aos objetos reais.

Conhecer as competências intelectuais dos alunos capacita ao educador


estimular cada vez mais os progressos das crianças, sem impor temas ou modelos.

As situações lúdicas são momentos no decorrer dos quais o essencial é o


dialogo com as crianças e que esteja fundamentado num conhecimento teórico sobre o
processo do desenvolvimento infantil, entrando no ponto de vista das crianças, saber o que
pensam a respeito do que estão procurando produzir.

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CAPÍTULO III
FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS SOBRE O
INTERESSE LÚDICO INFANTIL

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“A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o
primeiro dia de vida da criança”. (Vygotsky, 1991, in Maranhão).

3.1. O Jogo na Hora Certa

O desenvolvimento infantil segue princípios básicos que devem ser conhecidos


pelos educadores que planejarão atividades com crianças no seu processo educacional.
Estes princípios são universais e ocorrem em crianças em todas as faixas econômicas e
culturais. Os princípios são os seguintes:

1. O desenvolvimento segue em direção cefalocaudal, ou seja, as primeiras


aquisições da criança iniciam-se na região da cabeça e continuam em direção
aos pés.

2. O desenvolvimento segue uma direção próximo-distral, da região central


para as extremidades. No desenvolvimento motor, as primeiras aquisições
envolvem a região do tronco, caminhando para os braços, mãos e finalmente os
dedos.

3. O desenvolvimento provoca a aquisição a principio de comportamentos


mais gerais, passando posteriormente a comportamentos mais específicos e
diferenciados.

4. O desenvolvimento implica uma evolução, passando de comportamentos


simples e operações coordenadas com o intuito de atingir uma meta.

5. O desenvolvimento ocorre numa seqüência de estágios. Alguns autores,


entre os quais Piaget, in Cunha, definiam o conceito de estágio como sendo
períodos nos quais a função e a ênfase de determinados comportamentos ou
atitudes diferem dos outros no estágio sensoriomotor a ênfase recai. Há

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determinadas aquisições que são fundamentais naquele estágio, caracterizando-
se o chamado “período critico” para o desenvolvimento daquela função. Os
estágios seguem uma seqüência que é sempre a mesma, sendo porém variável o
ritmo com que cada criança supera um determinado estágio.

6. Um determinado estágio é produto dos seus antecedentes e será um


preparo para o estágio subseqüente.

É importante frisar que o desenvolvimento é um processo cumulativo que


agrega todas as experiências vividas pelo individuo. As primeiras experiências são as que
mais influenciam os comportamentos posteriores.

3.2. Período Sensório Motor

Piaget, in Maranhão, aponta os jogos de exercícios como sendo essencialmente


uma característica da fase, sendo quase que específicos nos dois primeiros anos de vida.

Este estágio abrange desde os comportamentos reflexos dos primeiros meses de


vida do nenê até o início das representações mentais ou imagens que são os primeiros
esboços do pensamento infantil. Nesta época a criança adquire as informações basicamente
através dos órgãos do sentido e as suas respostas se caracterizam por ações motoras que
vão se aperfeiçoando com a maturação.

As aquisições mais importantes deste período são área motora, onde a criança
passará de uma quase imobilidade para a marcha bípede, com razoável equilíbrio. No
início, seus movimentos são globais e generalizados, envolvendo o corpo todo.
Gradualmente vão se tornando mais específicos, envolvendo apenas uma parte do corpo,
ocorrendo a dissociação de movimentos. O alcance que a possibilidade de movimentação
traz para a criança é grande, pois o mundo se abre para ela e a exploração e manipulação se
ampliam bastante.

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As impressões sensoriais que inicialmente são vagas e instáveis passam a ter
maior estabilidade a partir dos ritmos, inicialmente biológicos e depois sociais, vividos
pela criança. As impressões passam a ser internalizadas e coordenadas entre si, tendo
importância como fundamentos da ação da criança. Estas primeiras possibilidades de
organização levam a uma aquisição fundamental deste estágio que á a aquisição de
permanência do objeto, ou seja, a noção da existência do objeto independentemente do fato
de estar sendo visto pela criança. No início, a criança, só reage ao objeto quando este
estiver ao alcance de sua visão.

Em termos afetivo-emocionais a criança adquire neste período o sentimento de


confiança básica. No início de vida, a criança é totalmente dependente da figura materna
para satisfação de suas necessidades, e se não houver esta possibilidade a criança não
sobreviverá. A satisfação inicialmente biológica, depois afetiva, o alívio das tensões
internas, a presença constante de uma figura carinhosa, a interação afetiva entre mãe e
criança são os fundamentos iniciais para a percepção do mundo pela criança. A mãe
simboliza o mundo, e se esta relação é boa, a criança percebe o mundo como bom; a partir
disto, vai ocorrendo uma gradual separação, e a criança passa a explorar o seu meio com
maior segurança.

As emoções da criança neste período são bastante manifestas e imediatas e


estão ligadas à frustração de suas necessidades básicas, as quais precisam ser atendidas
imediatamente. Com a aquisição do sentimento de segurança básica, a criança pode então
aprender que em certas situações precisa esperar, sem que isto signifique uma catástrofe.

As relações sociais da criança são inicialmente familiares e ainda não há uma


participação grupal. Necessita chamar a atenção sobre si e tem dificuldade de compartilhar
a atenção. A princípio, seu interesse maior é na manipulação do corpo; gradualmente, os
objetos e brinquedos são incorporados a sua experimentação.

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3.3. Estágio Pré-Operacional

Quando a criança assimila as suas experiências e, a partir delas, passa a


entender o mundo que a cerca e vai se adaptando a ele. Agora, esta visão egocêntrica
iniciada no estágio sensório-motor vai continuar com ela até iniciar o momento das
operações concretas. Note-se que é com essa percepção fechada em si que a criança
ingressa na fase pré-operacional. Em principio sua relação com o mundo permanece a
mesma, somente com o inicio da linguagem é que a criança vai redimensionar e
reestruturando os já existentes.

Neste momento, a criança começa a usar os processos de imitação, e a


brincadeira para a ter o sentido de assimilar o que ela percebe no seu ambiente. Ela irá
reproduzir o seu meio. Inicialmente a criança imita o que vê, posteriormente ela já
consegue fazer uma cópia do que não vê, ou seja, representa o que já viu. Essa
representação é o início do pensamento.

Nesta fase, a brincadeira de faz-de-conta, é extremamente importante pois


possibilita o entendimento do mundo que a cerca. Ela brinca de casinha, de comidinha, de
carrinho, mesmo sem estar manipulando os objetos relativos a cada uma. Ela representa;
afinal, já possui uma imagem mental interiorizada daquilo que está representando. Então aí
é capaz de pegar várias caixinhas de fósforo e brincar imaginado serem carros que estão na
rua; e até de colocar sua boneca que proteja andar numa suposta calçada.

A imitação que dá origem à imagem mental, através de cenas já interiorizadas,


chamamos de jogos simbólicos. Por intermédio dos jogos simbólicos, a criança irá adquirir
a linguagem convencional. Aprenderá a nomear os objetos de acordo com seu conceitual
cultural. Assim, por meio das brincadeiras e dos jogos simbólicos, a linguagem vai se
estruturando. A criança começará a trabalhar com suas imagens mentais e estas, segundo
Piaget, in Maranhão, são os primeiros elementos de articulação entre ação e pensamento.

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Neste estágio de desenvolvimento, a brincadeira assume caráter importante
para aquisição do código de linguagem e para a organização do pensamento. É necessário
fornecer vários estímulos para que a criança possa relacionar os objetos que a cercam com
seus nomes propriamente ditos e criar sua imagens mentais. É preciso que ela conheça, por
exemplo, a bicicleta, que reconheça e relacione o nome atribuído e este objeto, para que
posteriormente ela poder atribuir este nome à figura de uma bicicleta, e ao ouvir a palavra
bicicleta possa formar a imagem mental.

A capacidade de trabalhar com símbolos é denominada função semiótica.


Através de brincadeiras, de jogos, a criança desenvolverá essa função naturalmente. Nesta
fase, a aquisição de linguagem é o mais importante sistema de símbolos adquiridos pela
criança.

Outra função do brincar no desenvolvimento mental da criança está relacionada


com a reversibilidade. É muito difícil para a criança pensar do final para o começo, ou seja,
como retornar ao início de uma tarefa.

Entendemos aqui importância do simples jogo quebra-cabeça , em que,


inocentemente, a figura está inteira e você a divide em várias parte para que a criança torne
a montá-la.

Neste momento lúdico, a criança estará vivenciando dois conceitos: a


reversibilidade e da conservação. Ela poderá experimentar que, reunindo as peças,
retornará ao inicio de quando a figura estava inteira e ao mesmo tempo poderá comprovar
que mesmo tendo “picado” a figura inicial ou a folha de papel em vários pedaços, ao reuni-
los terá de novo a mesma folha, com igual tamanho.

Precisamos entender a forma de pensamento da criança para podermos


proporcionar a ela os momentos lúdicos necessários, as brincadeiras que elas ajudarão a
crescer e nos auxiliarão a compreendê-las melhor. Por exemplo, dizemos que as crianças,
ainda neste estágios, permanecem egocêntricas, mas devemos entender que este

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egocentrismo como a criança percebendo o mundo segundo a sua percepção, ou seja, ela
entende o mundo por meio do ponto de vista. Ela não é egoísta.

Nesta fase do desenvolvimento, quando uma criança de quatro anos brinca com
outra de dois anos, ela usa a linguagem mais simplificadamente, procurando se fazer
entender pela outra criança. Mas ela ainda não consegue acreditar que sua mão direita é do
mesmo lado que a da colega; para isso é importante que ela brinque com o espelho e possa
vivenciar essa visão diferente dela mesma, para transferir este esquema para o mundo que
a cerca. Ao mesmo tempo, ainda neste estágio, ela já entendeu que precisava virar para a
outra pessoa o objeto que ela está segurando em suas mãos, para que a pessoa consiga vê-
lo como ela o vê.

Neste momento inicia-se normalmente a Educação Infantil e é preciso que se


dê a devida importância a esta fase, pois não podemos aceitar que em função de qualmquer
outro aspecto se retire da criança o Direito de Brincar. Através da brincadeira ela irá
crescer, aceitar e conhecer o mundo.

Realizar atividades que proporcionem bases para a linguagem e ensinar


conceitos é extremamente importante nesta fase. Passear com a criança, levá-la ao
zoológico, jardins, teatros e concertos. Presenteá-la com oportunidades para que possa
provar diferentes gostos, sentir diferentes odores. Tudo tem jeito de novo e, brincando, ela
irá adquirindo condições de ver o mundo do ponto de vista de outras pessoas. As
brincadeiras aparentemente simples são verdadeiras fontes de estímulo para cérebro das
crianças.

É interessante notarmos que nesta fase, as crianças gostam de estar com outras
crianças, mas não conseguem abrir mão das suas coisas e acham que tudo precisa girar em
torno delas. Neste momento, os jogos de regras não funcionam, embora elas precisem e
gostem de cumprir ordens e devem mesmo auxiliar os adultos em pequenas tarefas.

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Na fase dos quatro a sete anos, aproximadamente, os jogos assumem um papel
definitivo; passam a ter mais seriedade, ficando muito importantes na vida das crianças.
Elas passam a gostar de participar de brincadeiras com o próprio corpo, movimentando-se.

Desta forma, elas desenvolvem cada vez mais os músculos, correndo,


brincando, pulando. Os músculos responsáveis pela coordenação motora fina, aquela
responsável pelos movimentos da escrita, serão desenvolvidos através das brincadeiras,
onde se faça necessário rasgar, picar papel, costurar, amassar, etc

A educação infantil tem demonstrado ser uma excelente fonte de


desenvolvimento cognitivo para as nossas crianças.

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CONCLUSÃO

Com a realização da presente pesquisa pode se concluir que os estudos


voltados à pratica lúdica alem de formar educacionalmente o cidadão, contribuem para sua
formação do senso critica, pois o direito ao brincar aparece pela primeira vez como um
direito fundamental exatamente no que está sendo de certa forma violado.

Assumimos que nem sempre o meio social em que vive contribui


positivamente para a formação integral do nosso individuo, e no ambiente educacional
muitas vezes que a criança encontra condições onde pode aprender a conviver melhor e
naturalmente com as suas diferenças individuais.

O ingresso na escola já é uma transformação total na vida da criança,


proporcioná-la condições naturais lúdicas é no mínimo o que a escola deve fazer.

Se cada um cumprir o papel que lhe cabe e sobretudo se a escola desempenhar


o seu verdadeiro papel de centro processador do ensino a educação recobrará o seu valor o
ocupará o merecido destaque como fator decisivo no desenvolvimento individual e social
de seus alunos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Loyola, 2000.

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SMOLE, Kátia Cristina Stocco. A matemática na educação infantil – a teoria das múltiplas
inteligências na prática escolar, São Paulo: Editora Artes médicas, 1990.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia

A Inserção do Lúdico na Educação Infantil.

Data da Entrega: ___________________________

Avaliado por: Fabiane Muniz da Silva Grau: ________________

Rio de Janeiro, ____ de ______________ de _______

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Coordenação do Curso

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