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The GoodWork™ Project

Neste parte do nosso trabalho vamos abordar o projecto GoodWork™. Porquê abordar este
projecto? É uma questão que parece-nos pertinente, mas para a qual temos como resposta a
expressão: Bom Trabalho (GoodWork) – acontece quando a excelência e a ética se encontram. São
estes os dois pilares fundamentais deste projecto.
Este projecto teve inicio em 1995, em que três equipas de investigadores lideradas respectivamente
por Howard Gardner (da Universidade de Harvard), Mihaly Csikszentmihalyi (da Universidade
Graduada de Claremont) e William Damon (da Universidade de Stanford), efectuavam
investigações sobre como acontece o Bom Trabalho em profissionais de vários domínios e
simultaneamente considerados unanimemente de elevado desempenho. A expressão Bom Trabalho
remete-nos para um duplo significado da expressão, ou seja: (1) trabalho que deve ser efectuado
com elevada qualidade/excelência e (2) trabalho que deve ter no seu âmago a responsabilidade
social (dimensão ética).
A metodologia privilegiada por estas equipas de investigadores, foram as (intensivas e extensas)
entrevistas face a face, em vários domínios do saber e da práxis humana, desde o jornalismo,
genética, negócios, musica, teatro, filantropia e educação. Estudos piloto foram levados a cabo na
área da medicina e no rapidamente emergente domínio do enquadramento legal no mundo
cibernético.
Como o tema base do nosso trabalho é a ética no geral e a deontologia (como ética aplicada na
práxis profissional?) em especifico, vamo em primeiro lugar debruçar-nos sobre o que este projecto
(GoodWork™) tem como concepção de responsabilidade ética profissional.
Seguindo um alinhamento proposto por Howard Gardner (fonte 2), este autor refere que desde
sempre os avanços da ciência chocaram com o sistema de crenças em vigor na altura, ou porque
colocavam em causa a dogmas religiosos ou porque colocavam em causa os costumes. Apesar de a
ciência ser moralmente neutra, esta, muitas vezes, não consegue antecipar os danos causados pelos
avanços que advoga, veja-se como exemplos a descoberta da teoria atómica (papel importante para
Einstein) e a fabricação/uso de armas nucleares (Hiroshima e Nagasaki) ou a ocorrência de
acidentes nucleares (Chernobyl). É curioso que o próprio Einstein acabou por se tornar um sério
defensor do desarmamento nuclear, muito provavelmente por ter consciência do horror que resultou
da aplicação militar dos seus estudos. Outros avanços na ciência trouxeram benefícios claros para a
humanidade, veja-se por exemplo na biologia o desenvolvimento dos antibióticos e o impacto na
saúde publica,. Contudo nos nossos dias assiste-se a emergência de estirpes de micróbios que
revelam-se imunes a esses antibióticos. Esta fenómeno ocorre por exclusiva responsabilidade da
aplicação indevida dos antibióticos. Em contexto educacional a aplicação de certos paradigmas
educativos, mesmo quando parecem neutros, pode levar (e leva) á exclusão daqueles que não
podem ser normalizados e que estão para lá do desvio padrão (pela negativa).
O que escrevemos até ao momento, revela que as nossas acções apesar de aparentemente neutras
tem impactos que por vezes não são visíveis no imediato. Isto acontece porque: por vezes não são
tidas todas as variáveis que possam estar envolvidas, existem vários factores que concorrem para
isto, sejam pressões financeiras, económicas e politicas.
O aspectos que referimos até ao momento obrigam a considerar a impõsição de uma nova conduta
por parte dos profissionais, uma conduta que tenha em consideração o facto de os profissionais
serem eles mesmos membros da sociedade, e que tudo o que fazem tem repercussão social, logo
acabará por de alguma forma os atingir com o produto das suas acções.
Concretizando o que referimos, para os profissionais que estão implicados em processos
educativos,as pressões do mercado, que parece ter-se institucionalizado como o paradigma
dominante, tem como consequência que os decisores políticos atribuam à educação uma função de
alavancagem social que é congruente com o paradigma dominante. Neste cenário os decisores
políticos apressam-se em mostrar quadros e rankings escolares para que os pais possam “escolher” a
melhor escola. Em que o ensino de artes só tem sentido se contribuir para o aprimoramento das
competências úteis num paradigma onde a competição é regra, em detrimento do seu valor
intrínseco. Neste contexto é uma raridade que os professores enalteçam a aprendizagem por si
mesma, sem interesse comercial, em detrimento de uma aprendizagem para a função/profissão.
Quando uma sociedade delega num corpo profissional, a função e responsabilidade de educar os
seus cidadãos, estes devem ter a noção da responsabilidade de devolver á sociedade a melhor práxis
educativa disponível. Pelo simples facto de esses profissionais fazerem parte da sociedade. A
necessidade de trabalharem bem com pradrões de excelencia elevados e simultaneamente serem
socialmente responsaveis (GoodWork) vai ao encontro dos pilares centrais do projecto (excelência e
ética)
Acções de excelência que potenciam a dimensão ética

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