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História da África

Interrelacionar questões desenvolvidas pelo pan-africanismo (tema central: racismo) -


outros pontos como autonomia, autodeterminação, etc.
Momento que passa a ser percebida uma luta mais organizada pela independência
(racismo, colonialismo, imperialismo, etc).
Circunstâncias históricas e sociais que são desenvolvidas. O segundo ponto é o contexto
epistemológico (como vão sendo formadas as características de autores lidos).

Anos 60 - descolonização/africanização do pensamento.

Conferência de Berlim (84-85) - sistematização dos textos publicados ocorrem na segunda


metade do século XIX (?). Realidade da escravidão nos EUA e a triste realidade em nome
da inferioridade/punitivismo. O que poderia ser feito para a África se desenvolver por conta
própria e que pudesse propor um desenvolvimento que se garantiria como um todo.

Krummel - escolha da Libéria - semi-colônia sobretudo dos anos 60-70 dos EUA.

Não era um colonialismo europeu, portanto entra no imaginário das lideranças de forma
geral, como terra promissora (viver independente). modo de a África governar-se a si
mesma. Mito que antecede a História, porém, mas que serve como projeto futuro.

O que possibilitaria que isso ocorresse?

Ambiguidade dos autores:


- Krummel: clérigo católico formado nos EUA. Língua a ser fomentada na Libéria
deveria ser inglês e que deveria se alastrar pela África como um todo. Crença na
necessidade da língua inglesa a fim de alcançar o conhecimento da religião (do
divino) e para se preparar para a modernidade. Proposta ligada a um tempo linear
(africanos não-desenvolvidos deveriam se civilizar).
- Ideia de história ou não-história: africanos não têm História? Não foram sujeitos da
própria História. Só começou com o colonialismo?

Busca por uma proposta de descolonização da mente!

Sobre o filme “O crocodilo”

Tradição tem mais de uma acepção - não é apenas a tradição europeia, imutável, de
tempos distantes -, mas a que será trabalhada é a concepção de uma tradição que vai se
modificando (Seng…, Fanon, Memi…), tradição histórica que vai se modificando, mas que
apresenta uma raiz que a torna igual a si própria.

Epistemologia da tradição ocidental - presente quando colonizados a pensam (é mais geral


- haitiano, brasileiro, africano etc). São os binômios, esquemas binários, que não
possibilitam que haja intervalo entre eles: magia-religião, tradicional-moderno, campo-
cidade. Um existe no outro, enquanto parte do processo.
Leremos os textos sobre África e africanos (duas perspectivas) - sob a ótica de autores
africanos (e não europeus). Rompimento de uma visão única de História.
Discursos de poder e de formação da alteridade - conhecimento e poder aparecem
articulados, entrelaçados. Seremos todos iguais? Raça branca, raça negra… Mas é vista de
um modo pelos ocidentais, entretanto a formação de um discurso de formação de alteridade
(pelos africanos) colocará em xeque a ideia ocidental.

Chimamanda -
https://www.ted.com/talks/chimamanda_ngozi_adichie_the_danger_of_a_single_story/up-
next?language=pt

Africano como inferior? Boa parte da ideia está presente no colonialismo, mas vai se
sofisticando; como resgatar a dignidade? Como produzir a história.

Historicizar - ter a teoria, mas para ter noção mais efetiva se vai à empiria (questionar
o conceito) - o que possibilita a reformulação do conceito.

meet.google.com/eyw-uhws-nuv

Movimento reuniu vinte comunidades étnicas (magi magi), porém independentes (umas
espécie de união, mas unidades enquanto específicas). Coloca um problema à
antropologia: como vai ser enfrentado esse novo problema colocado pela História? Ver se é
um instrumental importante.

Reunião de vários projetos de futuro numa mesma temática: tanto histórica, teórica,
metodológica, epistemológica.

Imperialismo e cultura (Edward Said)

“Territórios sobrepostos, histórias entrelaçadas” - hipótese desenvolvida no texto de Said.


Será visto tanto os impérios quanto as colônias.

Burocracia colonial, racismo e terror (exercício físico da força)

Colonialismo remete a estes três fatores. Os africanos insurgentes eram calados,


silenciados, oprimidos por meio da violência.
Arendt - já estavam presentes no imperialismo capitalista ocidental (especialmente sobre a
África).

Aimé Césaire - “Discurso sobre o colonialismo”

Resistências transnacionais

Quando pensamos sobre este tema, é necessário levar em conta a transnacionalidade.


Ao remontar a um processo de educação formal (3º grau), direcionam-se sempre aos outros
países, com uma itinerância de pessoas/textos, acerca da ideia de raça.

Aula 1 - 23/9
Tema - Olhares africanos sobre a idéia de África (duas aulas)
- HOUNTONDJI, Paulin J. “Conhecimento de África, conhecimento de Africanos:
Duas perspectivas sobre os Estudos Africanos”. In Revista Crítica de Ciências
Sociais. Tradução de Inês Martins Ferreira. Centro de Estudos Sociais.
Laboratório Associado da Universidade de Coimbra, Março 2008, p149-160.
(https://rccs.revues.org/699)
- MUDIMBE, V.Y. “Introdução” e “Discurso de Poder e o Conhecimento da
Alteridade”. In MUDIMBE, V.Y. A invenção da África – Gnose, Filosofia e a
Ordem do Conhecimento. Trad. Ana Medeiros. Lisboa: Edições Pedago, 2013,
p.9-41.

Hountondji - década de 1960. Em 60, é o ano em que 17 países africanos tornam-se


independentes (cultural, social, econômica, etc). Aquilo que vem à tona é uma preocupação
em estar sempre pensando em termos de uma descolonização da mente/africanizar a
cultura. Busca constante pela produção de conhecimentos africanos.

O que são estudos africanos?

Por onde caminhará? Trabalha uma expressão que diz respeito aos africanistas: estudos
africanos.

História da África (História Geral da África) - História como grande ciência geral, que inclui a
relação existente entre a História e diversas áreas (sociologia, antropologia, etc). É uma
proposta que caminha a uma contestação da expressão estudos africanos, fortemente
difundida entre colonialistas. É porta de entrada de uma crítica aos estudos africanos,
retomando as características que envolvem o colonial.

Hountondji não está se referindo a um conjunto de disciplinas, mas um leque de disciplinas


em que o tema é África (linguística africana, antropologia africana, filosofia africana, etc).
Será um desafio grande a questão da filosofia africana (tanto em Hountondji quanto em
Mudimbe). Se nos referimos a um conjunto de disciplinas, buscamos retraçar o trajeto de
descobrimentos: o objeto de estudos é África, mas haverá uma orientação diferente (forma
possível de concepção de estudos africanos diversa da que estava presente nos
colonizadores).

O que se buscará são novas ambições, novas orientações, feitas por africanos em África.
Como descobre questões que o desafia e o deixa inquieto, buscará redefinir esta
expressão. Há uma unidade ou um paralelismo nas disciplinas? São interdependentes ou
se sobrepõem umas a outras? No entanto, realmente dialogarão entre si.

O pressuposto é que as disciplinas estão interrelacionadas.


Há uma complementaridade (ex: História e Sociologia). O que faz com que se relacionem?
Ambas dizem respeito ao passado, guardando relação com os respectivos passados. A
sincronia (ângulos diferentes, mesmo espaço, mesmo tempo) remete à diacronia
(processos - tempo linear enquanto trabalhado pelo colonialismo; e.g., da colonialidade à
civilização), e vice-versa.
Em que medida os estudos africanos são realmente africanos? Se um estudo seja feito por
africanos e parta da necessidade dos africanos e dos intelectuais africanos, ou se apenas
envolvem o tema.

Antropologia - ao atribuir características raciais com teor intelectual (nos anos 1960, a
questão da consciência ainda não estava desenvolvida).

Só os analistas externos que poderiam traçar sistemáticas da própria sabedoria dos


africanos. Deixava Hountondji abismado especificamente porque, por volta de 1945
(Congresso Africano, Kurmann intelectual que estará em frente ao processo de
independência de Gana e de noções de pan-africanismo específicas); nos últimos anos da
década de 1940, foi muito utilizado o livro de Plácido Temples (belga, com atuação
importante no Congo belga). Depois de toda a observação dos nativos, marcará que a
ontologia se penetrará e haverá domínio do primitivo.

Por filosofia, haverá um primado na formação de conhecimento em diversas disciplinas com


maior grau de abstração.

Obs: Kagami leva a obra de Temple para investigar o quanto existiria essa filosofia africana.

Há, portanto, uma ontologia própria dos nativos, que confirmará pensamentos dos próprios
elementos que produzem a negritude.

Estudo feito por Temples seria etnofilosofia? Há uma crítica feita ao autor belga por conta
da contaminação do sistema classificatório/hierarquizante da escala ocidental. Esses
acadêmicos desenvolvem etnofilosofia. Não é disciplina que parte da noção de que o sujeito
de conhecimento é o africano. Seria, no caso, uma filosofia feita por africanos.

Parte-se do pressuposto da contradição da filosofia ocidental, pois se considerava a mais


auto-consciente de todas as disciplinas ocidentais. Presumia que as demais não possuíam
consciência de si mesma.

Textos africanos escritos por africanos? Há uma implicação direta: africanista (estudiosos
que partem dos pressupostos ocidentais das várias áreas; o saber/conhecimento é
basicamente produzido por ocidentais) x africanos.

Tradição, mito e oralidade (contraposição aos trabalhos escritos) - seriam uma medida de
inferioridade, aos olhos de Hountondji. Há uma contraposição ao ocidental (branco, homem,
letrado).

Autores africanos que reconhecerão os estudos como filosóficos!

Se a oralidade não muda, logo há prevalência dos ocidentais.

Qual a contribuição que o ocidente traz? Conhecimento à cultura, língua, etc. Hountondji
não recusa totalmente o ocidente. Como pensar a autenticidade? Não há uma tradição
autêntica e que permanece igual no decorrer do tempo. É plural por não estar enclausurada
em si mesma.
Retoma Ousmane Oumar Kane, intelectual do Islã, põe em causa o direito de narrar, o que
narrar e como narrar (dos africanos).

Obs: epistemologias do Sul (Boaventura de Sousa Santos) - logo há mais de uma


epistemologia.

Atuação na área da autocrítica das Ciências Sociais. Não é movimento feito apenas por
Hountondji.

Epistemologia pode unir (mas não necessariamente tomar de modo interrelacionado as


diferentes práticas discursivas, além de uma consequente formalização). Epistème é o
conjunto de relações que podem ser descobertas para uma determinada época (são
caracteres essenciais), que abrirão um campo de conhecimento que não poderá ser
fechado e percorre caminho indefinido de relações (Foucault).

Bildung - autonomia e autodeterminação.


Reflexibilidade - traços básicos do conceito são traços sempre possíveis de serem
revertidos. Opõem-se ao imútavel.

Bases epistemológicaS do saber (retomada de Edward Said) como crítica ao africanismo.


Conjunto de conhecimentos produzidos por africanos, mas submetidos a uma epistème fixa,
imutável, universal.

Local, regional e nacional, continental, até o transcontinental.


Ex: Libéria - conhecimento local (Libéria como ponto difusor de governo feito por africanos,
para africanos, e que pode se regionalizar).

Entradas diferentes - gnose africana ou estudos africanos. Questionamentos de inúmeros


pontos àqueles que trabalham com África (dinamismo cultural, historicidade, etc).

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