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o conforto das ruínas

gabriela lourenzato
1 EXT. - RUA - BOTECO - FIM DE TARDE 1

Boteco de esquina. Rua de terra com casas de tijolo aparente.


Pessoas bebem cerveja em mesas de plástico. ENTREVISTADA 1
(53) depõe em entrevista documental. Ela veste um avental e
uma touca de cozinha, está maquiada.

ENTREVISTADA 1
Ah, ela é muito bonita. Andava por aí
e sempre ajudava nois tudo. Sempre
presente. Sapatona, mas é boa gente,
sabe? Sempre vinha gente importante
procurando por ela, mas ela queria era
saber de nois.

No meio do depoimento MADU (7), menina de cabelos cacheados,


negra, observa entrevistada de perto. Madu cutuca a manga da
entrevistada. Entrevistada olha para baixo, tenta entender.
Madu tropeça em entrevistada que tropeça em microfone. Madu
sai apressada.

ENTREVISTADA 1 (CONT'D)
Oh menina, olha por onde anda.

2 EXT. - FORRÓ - OCUPAÇÃO - NOITE 2

Rua larga de terra rodeada por casas de madeira e de tijolo


aparente. Pessoas dançam ao som de forró. Um carro comporta
um paredão de som. O tempo está nublado.

Pessoas se organizam ao redor da caixa de som. Banda


Balakobako toca uma de suas músicas.

Madu caminha por entre pessoas, olha para cima e procura por
ELA. Madu puxa a manga de uma mulher. Olha nos olhos, segue.
Som de cavalaria distante se mistura com música e palmas.
Madu puxa manga de outra mulher. Olha nos olhos, segue.
Caminha por entre pessoas.

Som de cavalaria se intensifica. Pessoas percebem. Olham para


o céu. Se olham preocupadas. Garoa. MENINA (7) mais baixa do
que o comum, sai do meio das pessoas. Pessoas se agitam.

MENINA
Você tá sozinha?

MADU
Não, tô aqui procurando ELA.

MENINA
Você é muito pequena pra tá aqui
sozinha.

MADU
Você também é.

(CONTINUED)

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2.
CONTINUED:

Menina olha pra baixo e analisa seu próprio tamanho.

MENINA
Nem é, sou grande já. Vem cá, vai
chover forte agora. Vai ficar perigoso
aqui.

Bomba de fumaça laranja atinge pessoas. Pessoas paralisam.


Trovão se estende até a próxima cena.

MENINA (CONT'D)
você tá ouvindo?

3 INT. - CASA DE MENINA - OCUPAÇÃO - NOITE 3

Casa de madeira com remendos de pregos. Não chove, apenas


trovoa. No cômodo simples, tem uma pia, um fogão e uma
geladeira velha. Madu abre mapa numa pequena mesa de madeira.
Menina procura por algo em gavetas, nos armários e ao redor
da pia.

MADU
Tô ouvindo... tô com medo.

MENINA
É, acho que é nessa chuva que as
pessoas somem tudo.

MADU
Mas eu já tomei um monte de chuva e
nunca sumi.

MENINA
(concorda)
É, nem eu...

MADU
Achou?

Menina aponta para debaixo do armário.

MENINA
Ele tava bem aqui.

MADU
Deixa, depois eu arrumo um pra mim.

MENINA
Mas esse era diferente dos outros. Eu
preciso achar.

MADU
Onde você conseguiu?

MENINA
Eu nem era grande ainda, ELA que me
(MORE)
(CONTINUED)

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3.
CONTINUED:
MENINA (CONT'D)
disse onde ele tava.

MADU
Você ainda lembra onde?

4 EXT. - RUA - OCUPAÇÃO - MANHÃ 4

Rua estreita de terra, cercada por casas de madeira. Leve


fumaça verde e amarela deixam o lugar com aspecto nebuloso.
Madu e Menina cobrem o nariz com gola de camiseta. Caminham
pela rua.

MADU
Me aponta onde é.

MENINA
É perigoso.

MADU
Eu consigo sozinha, eu preciso achar
ELA logo.

MENINA
Se não fosse eu ontem, você já tinha
sumido também.

Silêncio.

MENINA (CONT'D)
Desculpa.

Madu empurra Menina de brincadeira. Menina retruca. Riem.

MENINA (CONT'D)
Agora posso ir também?

MADU
Não. E se ELA aparece aqui? Pelo menos
você vai saber o que fazer.

5 EXT. - CIDADE - RUA - DIA 5

Rua movimentada com grande fluxo de comércios. Entrevistado 2


(65) dá depoimento a uma entrevista documental. Ele ajeita
seu boné mastigando. Segura em uma das mãos um cigarro quase
no fim.

ENTREVISTADO 2
Posso ir? Tá bom.

Termina de fumar seu cigarro. Dá uma tossida para limpar a


garganta. Fica sério.

ENTREVISTADO 2 (CONT'D)
A última vez que vi isso acontecendo
(MORE)

(CONTINUED)

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4.
CONTINUED:
ENTREVISTADO 2 (CONT'D)
foi há 40 anos.

6 EXT. - ROÇA - DIA 6

Terreno seco e extenso, abriga pouca vegetação. Pessoas


enfileiradas lavram terra. Pessoas com enxadas na mão estão
ao lado de pessoas enterradas até o tornozelo. Pessoas
enterradas estão em terra batida e intocada.

Leve ventania levanta terra que se espalha pelo ar por causa


do movimento de pessoas cavando com enxadas.

Madu e Menina caminham por entre as plantações. Menina pára e


desenterra uma caixinha de música e uma tira de pano
vermelho. Menina gira uma vez alavanca da caixinha de música.

MENINA
Eu vou ficar aqui te esperando. Fica
com isso, usa se você se perder no
meio da poeira.

Estende as mão com tira vermelha em direção de Madu. Madu


pega pedaço de pano.

MADU
Mas como é que eu vou te achar de novo
se eu me perder?

MENINA
Me escuta.

Menina toca caixinha. Madu se venda.

7 EXT. - ROÇA DESCAMPADA - DIA 7

Terreno extenso de terra seca e nenhuma vegetação. Há algumas


pessoas lavrando terra em volta de MULHER (65). Ela tem os
pés enterrados e segura enxada nas mãos.

Mulher está suada e suja de terra. Finas raízes apodrecidas


estão enroladas em suas pernas. Mulher olha para o horizonte,
como se esperasse alguém. Madu se aproxima, de olhos
vendados. Música de caixinha fica cada vez mais remota.

MADU
Eu vim aqui saber onde ela tá.

MULHER
Você veio até aqui, garotinha,
procurar respostas que não é essa
gente que tem.

MADU
Eu queria ver seus pés, você já deve
ter andado por aqui inteiro, eles
(MORE)

(CONTINUED)

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5.
CONTINUED:
MADU (CONT'D)
devem saber onde ela tá.

MULHER
Eles só esperam, não andam mais.

MADU
Me disseram que você tem algo que pode
me ajudar.

MULHER
Eu não tenho mais nada. Só essa terra
seca que me acompanha e minha enxada.
De resto me lavraram tudo.

MADU
E se a chuva chega e eu não encontro
ELA?

MULHER
Essa terra é boa. Ela só se abre pra
quem espera, então fica. A gente
espera ela chegar aqui juntas.

Mulher segura Madu.

MULHER (CONT'D)
Já faz tempo que eu to esperando aqui
sozinha. Fica, vai.

MADU
ELA tá em algum lugar, não posso
deixar ELA.

Trovão. Mulher muda de expressão. Fica aterrorizada. Enxada


dá lugar a guarda-chuva. Ela entrega a Madu.

MULHER
Eu não posso sair daqui, mas pega esse
presente então, ele vai te ajudar. Só
toma cuidado com ele, ele pode te
levar para lugares perigosos.

Desesperada, Mulher começa a chorar.

MULHER (CONT'D)
Eu preciso esperar aqui, mas eu deixei
umas roupas no varal.

MADU
Você tá esperando alguém. Você conhece
ELA também?

MULHER
Por favor, quando você chegar na
cidade, tira minhas roupas do varal.

(CONTINUED)

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6.
CONTINUED:

Mulher vira Madu em direção a estrada.

MULHER (CONT'D)
Corre, menina. A gente não tem muito
tempo. Essa chuva não perdoa.

Madu entra em direção a poeira.

8 EXT. - ROÇA - DIA 8

Madu se venda. A música de caixinha começa a ficar mais


evidente, mas circula por Madu. Ela perde a referência de
direção. Abre o guarda-chuva. Entra debaixo dele.

9 EXT. - DEPOIMENTO - CIDADE - - DIA 9

Avenida movimentada e larga. ENTREVISTADO 3(45) branco e


engravatado, ajeita sua roupa, apressado, em entrevista
documental e informal.

ENTREVISTADO 3
Eu não acho legal ficar falando dessas
coisas, dá má sorte. Mas acho que tudo
tá acontecendo como devia, o brasil tá
melhorando. Não desejo nada de mal pra
ela, não, não me leve a mal. Mas as
pessoas morrem a todo segundo. Uma a
mais ou uma a menos.... Eu vejo como
um sacrifício, tá me entendendo? O
brasil tá melhorando, isso que
importa.

10 INT. - IGREJA - DIA 10

Igreja pequena daquelas de esquina. Possui cadeiras de


plásticos enfileiradas, todas voltadas para uma pequeno
palco. Uma goteira enche o balde no canto do palco e dá ritmo
ao culto. PASTOR (55), um homem branco, segura em uma das
mãos a cabeça de FIEL (19), uma mulher negra. Na outra mão,
Pastor segura uma lâmpada tubular.

Fiel está ajoelhada e de olhos fechados. Pessoas estão com


mãos estendidas em direção aos dois. Som da caixinha de
música vem do palco, baixo.

Madu sai debaixo de seu guarda-chuva, situado no fundo da


igreja. Ela caminha em direção ao palco, sem repetir nenhuma
palavra. Segue som da caixinha.

PASTOR
senhor jesus.

PESSOAS
(coro) senhor jesus!

(CONTINUED)

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7.
CONTINUED:

PASTOR
todo espírito, toda besta, solta ela
agora.

PESSOAS
(coro) solta ela agora!

PASTOR
sai dela agora.

PESSOAS
(coro) sai dela agora!

Todos estendem a mão em louvor. Pastor sussurra.

PASTOR
Glória a deus, vamos tirar o espírito
do corpo dela, o espírito promíscuo e
pervertido. O espírito que usa o corpo
dessa mulher pra efetuar pecados.

Começa a gritar. Pega a cabeça de Fiel e faz movimento de


puxar o espírito para fora. Madu se aproxima do balde, som
sai de lá de dentro.

PASTOR (CONT'D)
Se renda a mim, satanás. Sai desse
corpo em nome de jesus. Em nome de
jesus, o desejo no coração dela, a
perversão, em nome de jesus vai sair
agora, satanás. Eu profetizo a
libertação, a gente trouxe ela até a
igreja e agora ela vai aceitar a
palavra. Sai.

PESSOAS
(coro) Sai

Madu avista caixinha de dentro do balde e chuta ele,


derramando toda sua água. Todos param. Silêncio. Água escorre
até os joelhos de Fiel. Pastor olha para Madu por um
instante, continua.

PASTOR
que a luz seja a redenção de todos os
pecadores.

Madu pega a caixinha de som. Pastor pega a lâmpada e levanta


em direção a cabeça de Fiel.

PASTOR (CONT'D)
amém.

Pastor quebra lâmpada na cabeça de Fiel.

(CONTINUED)

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8.
CONTINUED:

PESSOAS (O.S.)
amém.

11 EXT. - CIDADE - RUA - DIA 11

Uma longa mesa com um banquete se encontra no meio da rua. No


fim da rua, uma bifurcação se estende. As pessoas sentadas em
volta da mesa são as mesmas da igreja. PASTOR segura um
cutelo. Corta a cabeça de um veado.

Na mesa, copos com um líquido vermelho e carne crua. Pessoas


se deleitam e sorriem, balançam mãos sujas de sangue. No
centro da mesa, encontra-se veado sem cabeça.

Madu circula a mesa e toca caixinha de música. Figuras agem


com naturalidade e felicidade, oferecem carne para ela.

MADU
Você viu onde ELA tá?

Um clima ruim toma a mesa. Todos fazem silêncio. Pastor,


indignado, se vira para Madu.

PASTOR
A gente te dá comida, te convida nessa
festa abençoada e você ainda quer
falar dessa mulher?

Pessoas cochicham.

PESSOAS
Você tá vendo em quem ela tá falando?
Mas que absurdo. Mas ELA não era
mulher de bandido? Não, era sapatão
aquela lá. Mas não pode ser. Não foi
aquela mulher que levaram embora?
Tinha mesmo era que se mandar daqui,
só trazia pecado pras pessoas. Acho
que era encapetada aquela mulher.

MADU
Mas a chuva já vai chegar. Vocês tem
que sair daqui.

PASTOR
A gente orou pra essa chuva acontecer.
Vai abençoar os pecadores.

Menina aparece em bifurcação e chama a atenção de Madu.


Menina tira a venda. Ela balança os braços.

MENINA
Hey, te achei. Sai daí, vem pra cá.
Corre.

Madu vai correndo em direção a menina, segura sua mão e elas

(CONTINUED)

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9.
CONTINUED:

correm pela rua. Um raio estremece a cidade. Pessoas batem


palma e glorificam de pé.

MENINA (CONT'D)
Eu te disse que você precisava de mim.

MADU
Você me ajuda a achar ela? Preciso
recolher umas roupas antes.

MENINA
Eu também tô procurando alguém.

12 EXT. - CIDADE - LAJE - SOL - DIA 12

Varais estão espalhados por toda a extensão da laje. O céu se


estende e há um tanque com um enorme vazamento ao fundo.
Muitas poças grandes se formam em baixo dos varais. Madu pula
entre elas, com muito cuidado.

MENINA
Essa não tem problema, não. Olha.

Menina pula em poça e se encharca. Madu e Menina saem


correndo por entre as poças. Madu começa a rir. As duas
brincam de pega-pega. Menina pega mangueira e molha Madu.
Madu e Menina jogam água uma na outra.

13 INT. - CIDADE - CASA DE MULHER - DIA 13

Há um cômodo vazio e pequeno, com acabamento precário e


janelas grandes que deixam bastante sol entrar. O cômodo tem
muitos varais e não há nenhuma roupa pendurada. Pregadores
estão jogados pelo chão e pilhas de roupas se concentram no
canto do cômodo.

Madu e Menina estão deitadas e sol atinge as duas, que estão


molhadas.

MADU
Como é que você sabe de todas essas
coisas?

MENINA
Minha mãe me contou da história que
tudo isso aconteceu a primeira vez.

MADU
Mas como você sabe que é a mesma
coisa?

MENINA
ELA me contou.

MADU
Ela?

(CONTINUED)

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10.
CONTINUED:

Menina assente com a cabeça. Silêncio.

MENINA
Antes, as pessoas só sumiam, de corpo
e tudo, pra sempre. Ninguém mais
achou. Hoje em dia, tem gente que quer
que tudo volte.

MADU
Eu sinto a falta dela. Será que eles
não sentem a falta de quem some?

MENINA
Nunca vi ninguém sumindo de quem pede
pra gente sumir.

MADU
Achei que a chuva era pra todo mundo.

MENINA
Mas é. Chega pra todo mundo, mas só
pega alguns.

MADU
Onde tá sua mãe?

MENINA
Foi quando tudo começou a ficar desse
jeito....

MADU
Mas é normal as pessoas sumirem assim?

MENINA
Ah, acho que é. Já vi que quando você
gosta muito de alguém, você some.

MADU
Tipo eu e você?

MENINA
Não quero que você suma também.

Silêncio. As duas se olham profundamente.

MADU
Antes de sumir, ela me falou de um
lugar.... um lugar que todo mundo vai
pra lutar. Eu não consigo mais lembrar
onde.

MENINA
Minha mãe sempre me levava lá. Segura
minha mão.

Elas dão aos mãos e começam a rodopiar pelo cômodo.

(CONTINUED)

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11.
CONTINUED:

14 EXT. - DEPOIMENTO - OCUPAÇÃO - DIA 14

Rua de terra e casas de madeira. ENTREVISTADO 4 (30) dá seu


depoimento em uma entrevista documental.

ENTREVISTADO 4
Tão tentando tirar a gente daqui faz
um tempo. Ela tava sempre aqui
resistindo com a gente, discutindo com
os coxa. Deve ser por isso que devem
ter levado ela.

15 EXT. - TRILHOS - DIA 15

Madu e Menina rodopiam. Trilhos de trem abandonado está


situado em um ambiente bucólico e enevoado. Madu caminha por
entre trilhos de mãos dadas com Menina.

Enfileiradas, pessoas estão com olhares paralisados,


carregando painéis com números que aumentam gradativamente.
Há um jovem com pescoço amarrado em uma corda dentro de um
guarda-roupa velho, ele faz espacate nas extensões dos
trilhos.

Logo em seguida, uma jovem está dentro de mala aberta,


contorcida. Outro jovem, com as mãos algemadas e cabeça baixa
segura com os dentes uma flauta. Outra jovem aparece usando
apenas uma camiseta, ela está no chão, estática, com as duas
mãos nas genitálias.

Um jovem aparece deitado de bruços em uma cadeira. Ele está


nu.Uma jovem trans está deitada nos trilhos e embaixo dela há
uma cruz. Ela está com as mão pregadas. Objetos se intercalam
com a imagem. A bandeira do Brasil, cruz, uma mangueira, uma
corda, lâmpadas, cassetetes, rosas

Madu e Menina observam atentamente os rostos das pessoas, se


olham e continuam seguindo. Há uma caixa de sapato em uma das
extensões do trilho. Madu abre a caixa. Há várias fotografias
de rostos, em preto e branco de tamanho 3x4.

Madu pega caixa em seus braços. Fumaça aumenta à frente e


elas caminham em direção a ela.

16 EXT. - ESTRADA DE TERRA - DIA 16

Madu e Menina enterram fotografias 3x4.

17 EXT. - RIO - FIM DE TARDE 17

Rio cercado por muita mata ao redor. Menina está dentro do


rio, com água até as canelas. Madu se aproxima devagar, com
passos leves. Começa a garoar. Madu larga guarda-chuva. As
duas caminham naturalmente para dentro do rio.

(CONTINUED)

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12.
CONTINUED:

MADU
Não dá mais tempo, né?

MENINA
Não...

MADU
Era aqui.

MENINA
Espero que um dia tudo isso acabe.

MADU
Espero que um dia alguém me fale o que
aconteceu com ela...

Longa pausa.

MADU (CONT'D)
ELA sempre me disse que gostava de
orquídeas.

MENINA
Eu queria ter conhecido ELA melhor.

MADU
Eu também...

MENINA
Vem cá, vem comigo. A gente começa
aqui, eu disse que esse lugar era
diferente. Dizem que é nessa água que
todo mundo fica forte.

MADU
Eu tô com medo.

MENINA
Eu também tô. Mas não tem medo nada,
segura aqui, a gente vai juntas.

Madu e Menina dão as mãos e mergulham no rio e emergem.

18 IMAGENS DE ARQUIVO 18

Imagens de arquivo de lgbtq+ em manifestações e carnaval.


Imagens de manifestações com pessoas que gritam "ninguém
solta a mão de ninguém". Imagens de arquivo pessoais da
equipe que dizem respeito a afeto.

Imagens de arquivo de manifestações contra o Bolsonaro.


Imagens de Marielle Franco. Manifestações de resistência.

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