Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A história da educação excludente tem início com a chegada dos primeiros padres
jesuítas em nosso país, guiados pelo pároco Manuel da Nóbrega, no ano de 1549.
Esses fiéis vieram de Portugal, expedidos pela Companhia de Jesus – também
conhecida como Sociedade de Jesus, instituída por Santo Inácio de Loiola em 1540
para, a princípio, catequizar e instruir nossos índios. No entanto, com o passar do
tempo, esses mesmos padres se dedicaram a educar apenas os filhos dos colonos
e os novos sacerdotes.
como reduções, visto que os nativos eram “reduzidos” à Igreja e à sociedade civil –
o negro continuava a ser vendido como mera mercadoria ou coisa sem alma.
Essa reforma seria uma maneira de descentralizar a educação das mãos dos jesuítas
e garanti-la a todos os cidadãos. Porém pouco mudou! Muitos religiosos que
permaneceram aqui continuaram a ministrar aulas em suas casas, igrejas e outros
domicílios particulares, visto que a população rendia-lhes valor, tendo-os como
verdadeiros educadores.
Em pleno século XIX, apesar de o rei João VI “abrir as portas” do Brasil para a cultura
– criando escolas de nível superior, imprensa, biblioteca e museus –, ainda não
havia uma política educacional no país.
Essa mesma elite educava seus filhos com preceptores, uma vez que não havia a
exigência de conclusão de curso primário para alcançar o ensino secundário. Assim,
aqueles que não podiam contratar professores particulares acordavam para aulas
conjuntas e, aos pobres, restavam algumas escolas que só ensinavam a ler, escrever
e contar. “Segundo o relatório de Liberato Barroso, apoiado em dados oficiais, em
1867, apenas 10% da população em idade escolar se matricularam nas escolas
primárias” (ARANHA, 2008, p. 223).
Em 1889, teve início o período republicano, que trouxe a escola seriada, sua
valorização e a valorização do estudo, a modernização de conteúdos, da
administração e de métodos escolares.
No entanto, as raras escolas que existiam possuíam pouquíssimas vagas, que eram
disputadas pela classe média, já que os filhos da elite continuavam a ser instruídos
por preceptores.
Em 1932, surgiu o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, que defendia uma
educação obrigatória, pública, gratuita, laica, sem qualquer discriminação por cor,
sexo ou tipo de estudo, adaptada às características regionais, como dever do
Estado, a ser implantada em todo o país, acabando com o caráter discriminatório
do ensino. Em 1934, surgiu o primeiro capítulo constitucional dedicado à educação.
Com o Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas “cria” um sistema educacional com o
objetivo de “construir” o cidadão-trabalhador: a Pedagogia do Estado Novo. Essa
pedagogia reforça a educação excludente, visto que aos pobres se dá somente o
direito de aprender para trabalhar, enquanto à classe média oferece-se o ensino
propedêutico; e, às mulheres, o direito de matrícula somente em instituições de
frequência feminina.
É curioso dizer que escolas particulares não aderiram à letra da lei, continuando
com a educação voltada para a formação geral e para a preparação ao vestibular.
Assim, a elite bem preparada ocupava as vagas das melhores universidades – as
públicas. Manteve-se o dualismo escolar. E abriu-se espaço para a privatização da
educação!
Esses princípios foram adotados pela Carta Magna de 1988, com exceção do tópico
de número quatro. A Constituição de 1988 teve como uma de suas finalidades
resgatar uma dívida de exclusão do ensino, de educação, de oportunidade de
conhecer e de saber com a sociedade brasileira.
7
Art. 6°. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
aos desamparados, na forma desta Constituição. (...)
Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
Art. 208: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
Referências
MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil. 3ª ed. São Paulo: Hucitec/INL, 1980.
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Conferência de Jomtien
(verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo:
9
PILETTI, Nelson. História da Educação no Brasil. 7ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
VILLELA, Heloísa. A primeira Escola Normal do Brasil. In: NUNES, Clarice (org.). O
passado sempre presente. São Paulo: Cortez, 1992.
Fontes: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0337.html