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I – PARTE GERAL DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Prof. Fernando Rubin – Esquema I


Fonte principal - Livro F. RUBIN Introdução Geral à Previdência Social. SP:EditoraLTr, 2016.

1. História – Legislação atual de seguridade social – Previdência Vs. Assistência

- Lei Eloy Chaves, 1923: marco brasileiro importante da previdência social: legislação
originária em que previstos os ainda hoje grandes benefícios previdenciários: pensão por
morte e aposentadoria por tempo de contribuição (lá chamada de aposentadoria por tempo
de serviço).A Lei Eloy Chaves preocupou-se com uma categoria grande e em expansão, os
ferroviários, os quais ansiavam por medidas legislativas protetivas. Dizia o deputado Eloy
Chaves, na histórica sessão de apresentação do projeto de lei, em 5 de outubro de 1921,
justamente que “até agora, com exceção talvez só da Central do Brasil, os ferroviários de
todas as outras estradas de ferro do país, nenhuma garantia têm para os seus dias de
velhice ou para arrimo de sua família, em caso de morte”1.
- Decreto 72/1966: criação do INPS: Nesse período de aproximadamente quatro décadas
(1923 a 1966), presenciou-se um avanço no regime previdenciário especialmente para
passar das Caixas aos Institutos de Aposentadoria e Pensões, destacados a partir da
vinculação nacional dos empregados às suas respectivas categorias profissionais.
- CF/88: INSS, benefícios previdenciários e assistenciais, urbanos e rurais, regras
custeio/prestação: Só com a Constituição Federal, em 1988, haveria finalmente uma
unificação ainda maior do regime, sendo criado o Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS), como autarquia federal centralizadora, que paga benefícios às populações urbanas e
rurais, de natureza previdenciária e também assistencial, nos termos das legislações de
regência. Pela Carta Magna foi concedida evidente autonomia ao Direito Previdenciário,
sendo estabelecido capítulo próprio sobre a Seguridade Social (anteriormente tratado
juntamente com o Direito do Trabalho 2), a compreender ações e benefícios nas áreas da
Assistência Social, Previdência Social e ainda na área da saúde (arts. 194/204).
- Lei 8212/91 (Lei Custeio), Lei 8213/91 (Lei Benefícios), Decreto 3048/99 (explicitação
das disposições constitucionais e legais sobre previdência): sistema normativo
vinculado ao INSS no período pós-constitucional, em que atualizado o sistema, com
incorporação da legislação anterior (principalmente o Decreto n° 89312/1984: Consolidação
das Leis de Previdência Social – CLPS), desde que devidamente adequada aos contornos
da Lei Fundamental.
- Lei 8742/93: legislação atual assistência social – o benefício assistencial,
diversamente do benefício previdenciário, prescinde de contribuição ao sistema; trata-
se justamente de amparo aos necessitados (idosos a partir de 65 anos – B88) e
incapacitados para o trabalho (de qualquer idade) em razão de deficiência que impeça
desenvolver atividade remunerada por pelo menos 2 anos – B87, cujo valor é de 1 salário
mínimo, não gerando 13° (abono anual) e pensão por morte.

Obs.: Comparando a complexidade da legislação previdenciária com a assistencial, nota-se


visivelmente que a regulamentação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é muito
1
VIEIRA, Hermes Pio. Eloy Chaves: precursor da Previdência Social no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1978, p. 234/235.
2
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. São Paulo: Atlas, 2012, 28ª ed., p. 29.
menos complexa e disposta em número reduzido de dispositivos. Por certo, para benefícios
que exigem contraprestação, a regulamentação do custeio para ulterior possibilidade de
saída em beneficio exige sistema de maior complexidade, coesão e organização, o que não
se adequa as características do sistema assistencial, em que há mera regulamentação dos
requisitos para concessão do benefício, sem qualquer desenvolvimento da rede específica
de custeio3.

- Mudanças recentes na Previdência Social:


O ano de 2019 introduziu uma série de alterações na regulamentação da Previdência Social,
tornando o sistema mais enxuto em termos de concessão de benefícios e mesmo em
relação à renda mensal inicial dos benefícios. As mudanças avançaram da mesma forma em
termos processuais, determinando a delimitação de meios de prova para a percepção de
prestação previdenciária. O futuro ainda pode estabelecer, como se projeta, restrição ao
acesso ao Poder Judiciário, com a fixação da necessidade do pagamento de custas para
ajuizamento e realização de perícia judicial, o que se debate no Congresso Nacional.

- MP 871 convertida na Lei 13.846 (pente fino e prazo decadencial)


- Lei 13876 (regras de limitação da competência delegada e limitação da prova pericial)
- PEC 06 convertida EC 103/2019(mudanças nas aposentadorias e pensões)
- MP 905 (regras previdenciárias auxílio-acidente e seguro desemprego).

Obs.: a projeção para 2020 prevê novas normas infraconstitucionais e infralegais para
regulamentar a Nova Previdência no Brasil.

Obs.: cuidado com a base constitucional (CF/88) e as alterações constitucionais


incrementadas nos últimos períodos, especialmente pela EC 103/2019 – a última grande
reformulação constitucional no RGPS é do período final da década de 90, com a EC
20/1998.
DA SEGURIDADE SOCIAL
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio;

3
Na perspectiva internacional a lei de Amparo aos Pobres, Inglaterra, 1601, é o marco inicial da assistência social; sendo
que depois se seguiram importantes marcos previdenciários. Seguros Sociais, Alemanha, 1883: marco mundial da
previdência social, depois incrementado pela Social Security Act (EUA, 1935). Interessante consultar em um livro de
marcantes datas históricas mundiais, do The HistoryChannel, que no dia “14 de agosto” é destacada a “criação da
seguridade social nos Estados Unidos (1935)”, com a confirmação de que o Social Security Act foi um dos muitos
programas novos que fizeram parte do pioneiro New Deal, em combate à Grande Depressão iniciada em 1929 .
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as
despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social;        
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.         (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:         (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

b) a receita ou o faturamento;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

c) o lucro;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.         (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003)

§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
orçamentos, não integrando o orçamento da União.

§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,     
assegurada a cada área a gestão de seus recursos.

§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o
Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I.

§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte
de custeio total.

§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da
publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da
lei.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da
atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho,
sendo também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do caput.         
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da
União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de
recursos.             (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a
remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea "a" do inciso I e o inciso II do caput.           (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV
do caput, serão não-cumulativas.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 13. (Revogado).           (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)           (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a
competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria, assegurado o
agrupamento de contribuições.          (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:          (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;         (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §
2º.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei
complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria
exclusivamente em favor dos segurados:             (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
interdisciplinar;             (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou
associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.           (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal
inferior ao salário mínimo.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da
lei.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
regime próprio de previdência.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada
ano.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições:         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo
de contribuição;          (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e
para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
artesanal.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor que comprove
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
complementar.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de
Previdência Social e os regimes próprios de previdência social, e destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo
com os critérios estabelecidos em lei.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao
Regime Geral de Previdência Social ou a regime próprio de previdência social terão contagem recíproca para fins de inativação militar
ou aposentadoria, e a compensação financeira será devida entre as receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de
contribuição aos demais regimes.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente do
trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo setor privado.        (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.         (Incluído dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhadores de
baixa renda, inclusive os que se encontram em situação de informalidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda.         (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo.         (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição fictício para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de
contagem recíproca.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários.    
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das empresas públicas, das sociedades de economia mista e das suas
subsidiárias serão aposentados compulsoriamente, observado o cumprimento do tempo mínimo de contribuição, ao atingir a idade
máxima de que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabelecida em lei.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime
geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por
lei complementar.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de entidades de
previdência privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos.         (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos
de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.         (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de
patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.         (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias,
fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadores de planos de
benefícios previdenciários, e as entidades de previdência complementar.          (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou
concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de planos de benefícios em entidades de previdência
complementar.          (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das diretorias das entidades fechadas de
previdência complementar instituídas pelos patrocinadores de que trata o § 4º e disciplinará a inserção dos participantes nos
colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.      (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

2. Princípios do regime previdenciário

- Precedência fonte custeio: não há benefício sem custeio do sistema; o sistema somente
se sustenta se há dinheiro em caixa (contribuições previdenciárias), razão pela qual novo
benefício só pode ser criado se há base concreta para financiamento – o que vem
determinando o superávit do sistema nos últimos tempos, de acordo com a lógica da
contrapartida.
- Diversidade base financiamento: contribuem para o sistema toda a sociedade
(“sociedade política”); o Estado, os empregados e os empregadores – sendo construído
modelo com amplo sistema de repartição de riscos.
- Equidade participação do custeio:“justiça” na participação do custeio do sistema
(solidariedade contributiva), cabendo a cada ente contribuinte (estado, empregados e
empregadores) sustentarem o sistema de acordo com a sua força econômica(ex.: COFINS,
CSLL, SAT das empresas e alíquotas diferenciadas dos empregados celetistas em 8%, 9% e
11%, de acordo com o seu potencial econômico mensal).
- Orçamento próprio INSS: Orçamento Diferenciado do da União Federal: significa que o
orçamento do INSS é próprio, que não tem vínculo com orçamentos de outros integrantes da
Fazenda Pública (União Federal, Estados e Municípios). Toda a contribuição previdenciária
vai para um cobre único, a fim de que sejam pagos benefícios em dia, inclusive via ordem
judicial (PRECATÓRIOS E RPVs).
- Universalidade de cobertura e proteção: É objetivo da Previdência abranger o número
maior de benefícios e de número maior de beneficiários (contribuintes + dependentes).
Cobertura = BENEFÍCIOS; Proteção = BENEFICIÁRIOS.
- Princípio da Equivalência de Benefícios à População Urbana e Rural: consagrado a
partir da CF/88, não há discriminação entre benefícios pagos a trabalhadores do campo e da
cidade. Fecha-se assim, a partir da Lei Fundamental de 1988, um grande sistema de
seguridade social (INSS), urbano e rural, previdenciário e assistencial4.

Obs.: Esse conjunto articulado de seis grandes princípios destacados bem demonstram a
lata ratio, a organização, a importância e mesmo a complexidade do sistema previdenciário.
Não se chegou a esse patamar de um dia para outro, sendo tal construção, na verdade, fruto
de esforço e coalização da sociedade política pátria ao longo de quase um século – o que
tornou o INSS tão forte, nada obstante algumas falhas nas concessões de benefícios e
principalmente na utilização para fins esdrúxulos da sua margem superavitária, sintetizado
na expressão DRU – Desvinculação das Receitas da União5.

4
RUBIN, Fernando. Aposentadorias previdenciárias no Regime Geral da Previdência Social. São Paulo: Atlas, 2015,
p. 5/15.
5
A Desvinculação de receitas vem sendo considerada essencial pelo governo federal, independente da sua cor partidária.
A Câmara Federal aprovou em 08/06/2016, em segundo turno, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga
até 2023 a permissão para que a União utilize livremente parte de sua arrecadação – agora 30%, a chamada
Desvinculação de Receitas da União (DRU). A aprovação se deu por 340 votos a favor e 96 contrários.
3. Regimes de Previdência no Brasil

- Regime Próprio de Previdência Social (RPPS): Servidores Públicos (art. 40 CF), Militares
(art. 42 CF) e Magistrados (art. 93 CF).

No Brasil, quem exerce atividade profissional que garanta remuneração só não integra a
rede previdenciária a cargo do INSS se por expressa disposição de lei forem excluídos do
regime geral6. Nesse caso, a exclusão se justifica a partir do momento em que tais
profissionais estejam amparados por regime próprio de previdência social. É o caso dos
militares e dos servidores públicos, por exemplo, conforme regulamentação do art. 13 da Lei
n° 8.212/91.

A grande massa de trabalhadores, de qualquer forma, integra o RGPS, sendo que só farão
parte de outro regime público (RPPS) se a lei dispuser nesse sentido; nesse caso específico,
o órgão responsável pela concessão de benefícios deixa de ser o INSS, passando a ser
constituído distinto órgão próprio de previdência, como é exemplo o IPE (Instituto de
Previdência do Estado), para os servidores públicos estaduais.

- Regime Geral de Previdência Social (RGPS): regime público, de caráter obrigatório,


garantidor de benefício mínimo e de caráter alimentar/indisponível (art. 201 CF).

- Previdência Privada: previdência complementar à pública e facultativa, nos termos do art.


202 CF c/c Lei Complementar 109/2001. Desenvolvida em razão da existência de um teto
para benefícios pagos pela previdência pública.Se subdivide em Entidade Fechada
Previdência Complementar (EFPC) – Fundos de Pensão (PETROS, PREVI, FUNCEF); e
Entidade Aberta Previdência Complementar (EAPC) – Sociedade Anônima (bancos e
seguradoras).

Aos segurados da Previdência que não possuam enquadramento para usufruir dos fundos
de pensão (Entidade Fechada de Previdência Complementar – EFPC), alternativa seria
utilizar-se dos planos de previdência aberta (Entidade Aberta de Previdência Complementar
– EAPC), contratado com bancos e seguradoras, de acorco com as regras de mercado,
código civil e disciplina do consumidor7.

Obs.: do ponto de vista processual, nota-se uma grande quantidade de demandas judiciais
que tratam do tema previdenciário, mesmo fora do INSS. Quanto ao RGPS, responde por
cerca de 80% das demandas nos juizados especiais federais e 34% das demandas na
justiça federal comum. Por outro lado, temos um número elevado de demandas na justiça
estadual comum envolvendo ações acidentárias, além de demandas de regime próprio e por
fim conflitos em previdência complementar (competência originária); isso sem falarmos na
competência delegada em demandas em desfavor do INSS (processos que deveria correr na
j. federal, mas podem ser propostas na j. estadual em razão de inexistir seção judiciária
federal na comarca do segurado).

QUESTÕES DISSERTATIVAS - TESTE


6
CARVALHO, Gilvan Nogueira. Introdução ao direito previdenciário: os regimes de previdência. Texto extraído do
sítio Âmbito Jurídico – http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11265. Acesso em 20/02/2016.
7
SANCHEZ, Adilson. Advocacia previdenciária. São Paulo: Atlas, 2012, 4ª ed., p. 171 e ss.
1. Determinado cidadão brasileiro, com certa idade e fora do regime do RGPS, procura
você em um atendimento profissional, a fim de saber da possibilidade de receber
algum benefício do INSS que lhe garanta a subsistência. Esclareça o cidadão a
respeito dessa possibilidade de prestação, apontando os requisitos fundamentais para
gozo deste benefício como também o seu valor mensal.
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2. Uma das lógicas essenciais do sistema previdenciário é o de exigir contribuição do
segurado de acordo com a sua força econômica, sendo daí previstas alíquotas
diversas sobre a remuneração do trabalhador. A passagem acima trata de uma
decorrência direta de qual princípio previdenciário? Justifique a sua resposta,
indicando quem é o responsável nesse caso pelo recolhimento da contribuição
previdenciária.

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3. (1) A previdência complementar é hoje uma realidade no sistema previdenciário
brasileiro, especialmente os Fundos de Pensão, Entidades Fechadas de Previdência
Privada (EFPP); (2) O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) é regime
facultativo de previdência, integrante pela dona de casa, estudante e estagiário. A
respeito das assertivas, aponte a correta e a incorreta, justificando as suas respostas.
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