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Karl Mannheim

Karl Mannheim(Budapeste, 27 de Março de 1893 — Londres, 9 de Janeiro de 1947) foi


um sociólogo judeu nascido na Hungria.

Iniciou seus estudos de filosofia e sociologia em Budapeste participando de um grupo de


estudos coordenado por Georg Lukács. Estudou também em Berlim — onde ouviu as preleções
de Georg Simmel — e Paris. Em Heidelberg, onde Mannheim foi aluno do sociólogo Alfred
Weber, irmão de Max Weber, tornou-se privatdozent a partir de 1920. Foi professor
extraordinário de sociologia em Frankfurt a partir de 1934. Em 1935, com a ascensão
do nazismo Mannheim deixou a Alemanha para tornar-se professor da London School of
Economics.

O marxismo exerceu inicialmente uma forte influência sobre o pensamento de Mannheim,


mas acabou abandonando-o, em parte por não acreditar que fossem necessários meios
revolucionários para atingir uma sociedade melhor. Seu pensamento assemelha-se em certos
aspectos aos de Hegel e Comte: acreditava que, no futuro, o homem iria superar o domínio
que os processos históricos exercem sobre ele. Foi também muito influenciado
pelo historicismo alemão e pelo pragmatismo inglês. Max Weber e Karl Marx são os principais
sociólogos com quem Mannheim dialoga para a construção da sua teoria sociológica a partir
de Ideologia e Utopia (1929).

Seu primeiro livro de grande envergadura (pois já publicara outros textos desde
1918), Ideologie und Utopia (Ideologia e utopia), de 1929, é também considerado seu mais
importante escrito. Nesta obra, Mannheim afirma que todo ato de conhecimento não resulta
apenas da consciência puramente teórica (lógica formal ou epistemologia positivista) mas
também de inúmeros elementos de natureza não teórica, provenientes da vida social e das
influências e vontades a que o indivíduo está sujeito. Algumas influências de pensadores
anteriores são importantes para os conceitos que Mannheim desenvolverá a partir desta obra.
De Nietzsche utilizará o perspectivismo, de Marx o conflito e a dominação e a sua teoria da
ideologia, de Max Weber a sua tipologia para análise e o método compreensivo. Como
resultado, Ideologia e Utopia é um livro que abarca desde epistemologia e metodologia, até
teoria social (sociologia e política), e lança os alicerces da Wissensoziologie (Sociologia das
Ideias ou Sociologia do Conhecimento), que já havia sido introduzida, de forma não tão
consistente como o fez Mannheim, por Scheler e Veblen. Expande a questão dos intelectuais
relativamente desvinculados de classes sociais, utilizando o termo intelligentsia cunhado por
Alfred Weber, introduz uma análise do irracionalismo na política (que aprofundará em obras
posteriores).

Segundo Mannheim, a influência desses fatores é da maior importância e sua investigação


deveria ser o objeto de uma nova disciplina: a sociologia do conhecimento. Cada fase da
humanidade seria dominada por certo tipo de pensamento e a comparação entre vários estilos
diferentes seria impossível. Em cada fase aparecem tendências conflitantes, apontando seja
para a conservação, seja para a mudança. A adesão à primeira tende a produzir ideologias e a
adesão à segunda tende a produzir utopias. Mannheim entende que ao adotar o ponto de
vista de uma classe ou grupo (seja ideológico ou utópico) o indivíduo não estará apto a uma
compreensão total da realidade, pois tais pontos de vista sempre limitam a sua compreensão
em relação aos pontos de vista "adversários".

O pensamento de Mannheim foi criticado sob alegação de, através do historicismo, conduzir
ao relativismo. Mannheim negou essa crítica, afirmando que o relativismo só existe dentro de
uma concepção absolutista das ideologias ou de qualquer forma de pensamento. Aliás, foi o
próprio Mannheim que, em Ideologia e Utopia disse textualmente que o relativismo seria uma
forma errônea de compreender a realidade social (se deseja-se uma compreensão científica),
sugerindo o relacionismo como uma forma ampliada de compreender as realidades parciais
(ideologias e utopias) em inter-relação constante.

Outras investigações importantes de Mannheim compreendem estudos sobre as relações


entre pensamento e ação. Sua contribuição para a teoria do planejamento e para a
caracterização das sociedades de massa tem especial destaque.

O sociólogo Kurt Heinrich Wolff[1], que foi aluno de Mannhein em Frankfurt e que em seguida
foi Presidente do Comitê de Investigação da Sociologia do Conhecimento do International
Sociological Association e Presidente da Sociedade Internacional para a Sociologia do
Conhecimento, teve uma grande influência na propagação da Sociologia do conhecimento por
ter traduzido Karl Mannheim no Estados Unidos.

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