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Alice e A Mixaria
Alice e A Mixaria
alice e seu gatinho resolveram terminar, mas, como ainda se gostam e querem continuar trepando
alucinadamente, continuam saindo juntos. assim, passaram a viver a conhecida relação de neurose
aberta, onde os dois ficam aflitos fingindo que está tudo normal e ninguém toca no assunto de
maneira objetiva.
em casos como esses, é natural que uma das partes comece a regular a mixaria:
o gatinho percebe que deve parar de insistir e resolve ir por outro caminho:
- tá bom, vou fazer aquela caipirinha com açúcar mascavo pra gente.
- tô tomando remédio, baby, não posso.
- tá certo. vou apertar um então pra gente fumar. jorge veio da bahia com um soltinho fenômeno.
- parei com as drogas, baby, tava ficando muito seqüelada.
- coca light?
- tem limão?
- putz, esqueci de comprar, mas posso ir agora na padaria ver se tem.
- ah, esquece, tô numas de parar com bebidas gasosas, por causa da celulite.
- que celulite, linda, você é maravilhosa, com essa bundinha redondinha.
- você tá falando isso só pra me agradar, pra ver se consegue alguma coisa a mais.
- e se eu tiver falando isso só pra te agradar? não posso?
- poder até pode...resta saber qual seria o objetivo de tanto esforço...
- alice, não é porque a gente terminou que eu parei de gostar de você, do seu cheiro, do seu sorriso
de quem fez coisa errada, do chulézinho que sai daquela sua sapatilha de forró.
- chulézinho? fala sério!
- adoro.
- adora porra nenhuma!
tendo esgotado a capacidade de verbalização, o gatinho põe-se a colocar em prática seu discurso e
começa a lamber o pézinho chulepento de alice que, sem reação, cala sua boquinha de menina
mimada acostumada a habitar o país das maravilhas onde homens perfeitos são feitos de plástico.
em um mês voltaram.
outro dia mesmo foram vistos tomando coca light com limão numa adega de copa.