SEGUNDO TEXTO
©Antonio José Roveroni - 2004
SINOPSE
II - FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL.
1. Porque história?
2. Desenvolvimento histórico.
3. O Direito Comercial no Brasil.
4. Autonomia do Direito Comercial - Dicotomia.
5. Matéria Comercial.
1. Porque história?
2. Desenvolvimento histórico.
2.1 - A antiguidade.
1Advirto o aluno que aqui levanto uma hipótese fruto de minhas próprias especulações.
2.3 - Os Gregos.
2.4 - Os Romanos.
2.5 - O feudalismo.
Paradoxalmente, foi durante o período feudal da Idade Média, nas cidades hoje
italianas de Florença e Gênova4 que surgiu o que a doutrina chama de a "verdadeira
origem" do Direito Comercial como o concebemos hodiernamente, que foram as
Corporações de Mercadores.
2Curioso notar aí como o Direito tem caráter protecionista de um povo e como, em não sendo aplicadas contra seus
"criadores", podem as leis serem extremamente duras, como a responsabilidade com relação à dívidas atingindo o
"corpus" do devedor.
3 Não podemos esquecer, que os romanos dominaram cultural e materialmente todo o mundo conhecido, por
aproximadamente 1.500 anos, mantendo certa uniformidade de modo de vida e desenvolvimento tecnológico.
4Consideradas mercantis, pelo intenso intercâmbio comercial com o Oriente em busca de suas especiarias.
Tais "órgãos", criados por comerciantes, eram compostos por Cônsules5 que,
ao dirimirem disputas entre também comerciantes, acabavam por criar jurisprudência6
comercial. Com isso, o embrionário Direito Comercial surge de forma corporativista
(pois ocupava-se, no início, apenas de conflitos envolvendo comerciantes contra
comerciantes e, depois, estendendo-se a causas entre comerciantes e não
comerciantes); profissional, autônoma e consuetudinária7.
Essa fase, chamada de subjetivo-corporativista, vai do Século XII até o Século
XVIII, sendo considerada a primeira, das três que são identificadas pela doutrina (as
outras veremos adiante, em seu devido tempo), e na qual o Direito Comercial é
entendido como sendo um direito fechado, classista e privativo, em princípio, das
pessoas matriculadas8 nas corporações de mercadores.
Também, foi nesse período que nasceram, numa forma próxima do que temos
hoje, os Títulos de Crédito. Esses, como veremos adiante, são de fundamental
importância para o desenvolvimento e dinamização das relações comerciais, chegando
a doutrina a dizer que "vivemos, hoje, em uma economia creditória"9
5Espécie de Juízes, que eram eleitos, também da e pela classe dos mercadores.
6Série de julgados versando sobre o mesmo assunto, uniformes, que são usados como meio de interpretação e
aplicação de leis ou, até, solução de conflitos, por analogia.
7Conforme os usos e costumes.
8V. art. 4º do C.Com (Revogado pelo Novo Código Civil).
9 confirmar in W.Bulgarelli, Capítulo1, Títulos de Crédito.
10" ... historiadores do direito e do comércio marítimos atribuem aos portugueses a invenção dos seguros
marítimos, criados - destaca o Sr. Jaime Cortesão - "na longa prática do tráfego por mar a distância, durante os
séculos XIII e XIV e consagrados pela legislação de Dom Fernando [ ... ]"("Tradição", em Cartas à Mocidade,
Lisboa, 1940, p. 71)." SIC, Gilberto Freyre "in"Casa-Grande & Senzala, 31ª Ed., Ed. Record, Nota 12 ao Cap. I, p.
55.
11Norma de conduta obrigatória, amparada pela força (poder) do Estado.
12Os Códigos de hoje.
13O Código de Napoleão (Código Civil Francês - 1810) e o Código Comercial francês (1808), inspirados nos
interesses e valores franco-revolucionários que, na época, prevaleciam, principiavam a consolidação do "direito
burguês" e adotando, o segundo, a teoria dos Atos de Comércio - em que era considerada como mercantil, toda
atividade que tivesse certas características específicas, traçaram a forma legislativa do Direito Comercial.
Estado do leste europeu e do fracasso do Estado Burocrático ocidental em fazer o
desenvolvimento econômico e social).
Acrescente-se que, por ora, numa noção do que seriam os tais "atos de
comércio", pode-se dizer que, o Direito Comercial dessa fase era extensivo a todos
que praticassem determinados atos previstos em lei, tanto no comércio e indústria
como em outras atividades econômicas, independentemente de classe. Tais atos, por
sua natureza é que determinavam o caráter de comercialidade das atividades sendo,
geralmente, aqueles que detinham escopo de lucro, mediação e fito especulativo.
Por fim, a terceira fase, que encontra-se ainda em elaboração, "corresponde ao
direito empresarial (conceito subjetivo moderno). De acordo com a nova tendência, a
atividade negocial não se caracterizaria mais pela prática de atos de comércio
(interposição habitual na troca, com o fim de lucro), mas pelo exercício profissional de
qualquer atividade econômica organizada, exceto a atividade intelectual, para a
produção ou circulação de bens ou serviços"14.
Esta fase, conforme o Prof. Requião, indica o período em que o Brasil deixa de
ser apenas uma colônia de exploração portuguesa e começa a adquirir contornos de
Estado organizado. Tem como fatos históricos principais os seguintes:
a) a fuga da família real de Portugal, trazendo toda uma organização de corte, ou pelo
menos, seu status;
b) a promulgação da Lei de Abertura dos Portos, que propiciou o livre estabelecimento
de fábricas e manufaturas;
c) a criação da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, embrião
das atuais, no campo do Direito Mercantil, Juntas Comerciais15;
d) a criação do Banco do Brasil (1808), "com programas de emissão de bilhetes
pagáveis ao portador, operações de descontos, comissões, depósitos pecuniários,
saques de fundos por conta de particulares e do Real Erário, para a promoção da
"indústria nacional pelo giro e combinação de capitais isolados". "16.
14Maximilianus C. A. Führer, "in" Resumo de Direito Comercial, 14ª Ed., Malheiros Editores, p. 12.
15Órgão autárquico que cuida do Registro do Comércio.
16Conforne Requião, ob. cit., p. 15, grifos do autor.
17A. e ob. cit. supra, p. 15.
a) a promulgação de Código Comercial (1850), revogado pelo Código Civil de 2002;
b) a aprovação dos Regulamentos 737 e 738 que, respectivamente, estebeleciam os
Atos de Comércio e o Processo Comercial (este último substituído pelo Código de
Processo Civil de 1939);
c) as leis especiais sobre Sociedades por Cotas de Responsabilidade Ltda. (1919), a
Convenção de Genebra (Lei Uniforme) sobre Títulos de Crédito, a Lei das Sociedades
Anônimas, etc.;
d) o Código das Obrigações, que pretende unificar todo o direito privado (Civil e
Comercial), em um só texto - Projeto de Lei 634/75, que tramitou pelo Congresso
Nacional por quase 30 anos (Novo Código Civil).
5. Matéria Comercial.
Visto isso, só o que podemos acrescentar, é que há uma distinção clara no que
se refere à matéria Comercial, de matéria Civil, esta decorrente da própria dicotomia
suso referida. Sendo, por ora, nosso objeto de estudo.
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RESUMO
Histórico - porquê história? direito como normas de conduta obrigatória - idéia de valor e proporção -
alguns autores indicam o código de hamurabi - os fenícios já tinham idéia da avaria grossa - romanos e
egípcios e a proteção ao crédito - a estagnação do feudalismo (usura) - as corporações de mercadores
– jurisprudência - Florença e Gênova – cônsules - corporativista, profissional (matrícula), autônomo e
costumeiro - nascimento dos títulos de crédito - os estados nacionais - centralização do poder - as
práticas das corporações viram leis - as ordenações - a revolução francesa - liberalismo econômico -
poder político e econômico - atos de comércio - privilégio de classe - o direito empresarial