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ESCOLA POLITÉCNICA
APOSTILA
FENÔMENOS DE TRANSPORTE
v.3 – Março/2018
Sumário
2
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
UNIDADE 1 - CONCEITOS GERAIS, CARACTERÍSTICAS E
PROPRIEDADES DOS FLUIDOS
(Sugestão de leitura – BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos, capítulo 1)
Aplicações:
1) Fluido
3
aplicação de uma força cisalhante. A figura A representa um sólido, o qual
sofre uma deformação e atinge um novo estado de equilíbrio. Na figura B está
representado uma massa fluido, que deforma-se continuamente conforme a
força é aplicada.
Figura A
Figura B
2) Tensão de cisalhamento
𝐹𝑡 𝑁
𝜏= [ ]
𝐴 𝑚2
4
3) Comportamento dos fluidos com relação a aplicação de uma força de
cisalhamento – Lei da Viscosidade de Newton
𝑑𝑣 𝑣0
𝜏=𝜇∙ Considerando o perfil linear: 𝜏 = 𝜇 ∙
𝑑𝑦 𝐻
5
4) Propriedade dos fluidos
a) Viscosidade (µ)
A viscosidade é a propriedade fundamental quando estabelecemos a
definição e conceito de fluido. É a resistência interna do fluido ao movimento.
A viscosidade pode ser medida experimentalmente ou calculada através
de parâmetros pré-definidos. Para líquidos sua magnitude diminui com a
temperatura, já para gases ocorre o contrário.
Unidades: kg/m.s; N.s/m2; Pa.s (0,1 Pa.s = 1 poise (P) - 0,001 Pa.s = 1
centipoise (cP)).
Também pode ser obtida através da relação com a Lei de Newton da
viscosidade:
𝜏
𝜇= = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑑𝑣⁄
𝑑𝑦
6
O volume específico é normalmente apresentado em tabelas de
propriedades de fluidos, e é definido como a relação do volume por unidade de
massa da substância, ou seja, o inverso da densidade.
c) Densidade relativa
É a razão entre a densidade de uma substância e a densidade de uma
substância padrão a uma temperatura específica. É uma grandeza
adimensional. Para água, por exemplo, a condição referência é a 4°C, onde a
densidade vale 1.000 kg/m3.
𝜌
𝑑=
𝜌𝑟𝑒𝑓
d) Peso específico
É o peso por unidade de volume do material. Peso é a massa
multiplicada pela gravidade.
𝑁
𝛾 = 𝜌𝑔[=] 3
𝑚
b) Fluido ideal: é aquele fluido que escoa sem perdas de energia por atrito, ou
seja, possui viscosidade nula. Apesar de não ser uma condição real, em muitos
casos os efeitos viscosos não têm uma influência significativa considerável, e
podem ser desprezados. É uma classificação muito utilizada quando trabalha-
se com gases a baixas ou moderadas pressões. Aquele fluido que não se
enquadra nesta classificação, chama-se de fluido real.
7
EXEMPLOS:
2) Uma placa infinita move-se sobre outra igual e estacionária com velocidade
máxima de 0,3 m/s. Entre ambas há uma camada líquida de espessura 0,25
mm. Admitindo que a distribuição de velocidade seja linear, que a viscosidade
seja 0,75 cP e que a densidade relativa é de 0,92, determine:
a) A tensão de cisalhamento na placa superior.
b) A velocidade em um ponto distante 0,1 mm da placa estacionária.
c) A viscosidade cinemática.
4) Uma placa é apoiada no topo de um filme fino de água, que está a uma
temperatura de 25ºC. Quando uma pequena força tangencial é aplicada à
placa, o perfil de velocidade através da espessura do fluido pode ser descrito
como v=(40y-800y2)m/s, onde y está em metros. Determine a tensão de
cisalhamento que atua sobre a superfície fixa e sobre o fundo da placa que
está apoiada sobre o filme. A espessura de filme é de 10mm.
8
LISTA DE EXERCÍCIOS - UNIDADE 1 - CONCEITOS GERAIS,
CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS FLUIDOS
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
9
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
UNIDADE 2 – Estática dos fluidos
(Sugestão de leitura – BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos, capítulo 2;
ÇENGEL, Y. Mecânicas dos Fluidos, capítulo 3.)
1) Pressão
10
pois mais camadas de líquido se apoiam nas camadas inferiores e o efeito
desse “peso extra” é equilibrado pela aumento da pressão.
𝑃 = 𝛾. ∆ℎ
𝑃 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + 𝛾∆ℎ
11
Considere a figura ao lado, onde
temos um compartimento contendo um
líquido e um gás, de tal forma que a
pressão na base do compartimento (P1) é
conhecida. A pressão nos demais pontos
(P2, P3 e P4) pode ser obtida da seguinte
forma:
𝑃2 = 𝑃1 − 𝛾𝐿Í𝑄𝑈𝐼𝐷𝑂 . 𝐻
𝑃2 = 𝑃3 + 𝛾𝐺Á𝑆 . ℎ
Mas: 𝜌𝐺Á𝑆 ~0 .
Assim: P3 ~ P2 P3 ~ P2 ~ P4
3) Manômetros
12
Outro dispositivo de medição de pressão são tubos de Bourdon, que
consistem em um tubo metálico ligado a uma agulha indicadora. Quando o
fluido dentro do tubo está pressurizado este se estica e movimenta a agulha
proporcionalmente a pressão aplicada. Os dispositivos mais modernos utilizam
diversas técnicas para converter os efeitos da pressão em sinais elétricos, são
os chamados transdutores de pressão. Tais dispositivos são menores e mais
rápidos, além de mais confiáveis e sensíveis.
EXEMPLOS:
13
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
UNIDADE 2 – Estática dos fluidos
(Sugestão de leitura – BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos, capítulo 2;
ÇENGEL, Y. Mecânicas dos Fluidos, capítulo 3.)
𝐹𝑅 = 𝑃. 𝐴 → 𝑃 = 𝛾. ℎ
𝑑𝐹𝑅 = 𝑃. 𝑑𝐴
𝑑𝐹𝑅 = 𝛾. ℎ. 𝑑𝐴 → ℎ = 𝑠𝑒𝑛𝛼. 𝑦
∫ 𝐹𝑅 = 𝛾. 𝑠𝑒𝑛𝛼. ∫ 𝑦. 𝑑𝐴
∫ 𝑦. 𝑑𝐴
𝑦𝐶𝐺 =
𝐴
𝐹𝑅 = 𝛾. 𝑠𝑒𝑛𝛼. 𝑦𝐶𝐺 . 𝐴
𝐹𝑅 = 𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 . 𝐴 = 𝛾. ℎ𝐶𝐺 . 𝐴
14
ao momento da força distribuída em relação ao mesmo eixo. A distância desse
ponto é medida em relação ao eixo y que é paralelo a superfície submersa e
tem sua origem da intersecção com a superfície livre do líquido.
𝑦𝑝 . 𝐹 = 𝑦. 𝑑𝐹
𝑦𝑝 . 𝛾. 𝑠𝑒𝑛𝛼. 𝑦𝐶𝐺 . 𝐴 = 𝑦. 𝛾. 𝑠𝑒𝑛𝛼. 𝑦. 𝑑𝐴
∫ 𝑦 2 𝑑𝐴
𝑦𝑝 =
𝑦𝐶𝐺 . 𝐴
𝐼 = 𝐼𝐶𝐺 + 𝐴𝑦𝐶𝐺 2
Então:
𝐼𝐶𝐺
𝑦𝑝 = 𝑦𝐶𝐺 +
𝐴𝑦𝐶𝐺
1
O momento de inércia de uma superfície plana de área A com relação a um eixo qualquer de seu plano
é igual ao momento de inércia da superfície com relação ao eixo que passa pelo seu centro de gravidade
e é paralelo ao eixo anterior mais o produto da área A da superfície pela distância entre os eixos ao
quadrado.
15
𝐼0 é tabelado em função da geometria, assim como 𝑦𝐶𝐺 , como pode ser
observado na figura abaixo.
𝐴 = 𝑎𝑏 (𝑎 + 𝑏)𝐻
𝑎 𝑏 𝐴=
𝑦𝐶𝐺 = 𝑜𝑢 2
2 2 𝐻(𝑎 + 2𝑏)
𝑎𝑏 3 𝑦𝐶𝐺 =
𝐼0 = 3(𝑎 + 𝑏)
12 𝐻 (𝑎 + 4𝑎𝑏 + 𝑏 2 )
3 2
𝐼0 =
36(𝑎 + 𝑏)
𝐴 = 𝜋𝑟 2
𝐴 = 𝜋𝑎𝑏
𝑦𝐶𝐺 = 𝑟
𝑦𝐶𝐺 = 𝑎
𝜋𝑟 4
𝜋𝑏𝑎3 𝐼0 =
𝐼0 = 4
4
EXEMPLOS
1) Um tanque com 2 m de largura, 2 m de comprimento e 2 m de altura, é
usado para armazenar um solvente orgânico ( = 800 kg/m3). Calcule:
a) a pressão manométrica em um ponto localizado 0,5 m acima do fundo
do tanque;
b) a força resultante exercida pelo fluido sobre o fundo do tanque e o
centro de aplicação da força;
c) A força resultante exercida pelo fluido nas laterais do tanque e o
centro de aplicação da força.
2) Uma sala no nível inferior de um navio de cruzeiro tem uma janela circular
com 30 cm de diâmetro. Se o ponto médio da janela estiver 5 m abaixo da
superfície da água, determine a força hidrostática que age sobre a janela e o
centro de pressão. Tome a densidade relativa da água do mar como 1,025.
16
LISTA DE EXERCÍCIOS - UNIDADE 2 – ESTÁTICA DOS FLUIDOS
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
17
6) Um tanque retangular de 2 m de largura, 1 m de comprimento e 5 m de
altura, é usado para armazenar uma mistura bifásica formada por 4000 L de
água e 2000 L de um solvente orgânico ( = 800 kg/m3). Calcule:
a) a pressão manométrica em um ponto localizado 1 m acima do fundo do
tanque; (R.: 17,6 kPa)
b) a força resultante exercida pelos fluidos sobre o fundo do tanque. (R.: 55
kN)
c) a força total exercida sobre a parede lateral do tanque. (R.: 692,7 kN)
18
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
UNIDADE 3 – Cinemática dos fluidos
(Sugestão de leitura – BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos, capítulo 3;
ÇENGEL, Y. Mecânicas dos Fluidos, capítulo 4.)
1) Classificação do escoamento
19
Escoamento uniforme Escoamento não-uniforme
Trajetória da partícula
Linhas de corrente
20
2) Vazão
𝑚 𝑘𝑔
𝑚̇ =
[=]
𝑡 𝑠
𝑉 𝑚3
𝑄 = [=]
𝑡 𝑠
𝑚̇ = 𝜌𝑣𝐴 𝑄 = 𝑣𝐴 𝑚̇ = 𝜌𝑄
𝑑𝑚
𝑚̇ 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 − 𝑚̇ 𝑠𝑎𝑖 =
𝑑𝑡
4) Equação da continuidade
𝑚̇1 − 𝑚̇2 = 0
𝑚̇1 = 𝑚̇2
𝜌1 𝑣1 𝐴1 = 𝜌2 𝑣2 𝐴2
21
A equação acima é a equação da continuidade para um fluido
incompressível. De uma forma geral:
∑ 𝑚̇ 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 = ∑ 𝑚̇ 𝑠𝑎𝑖
EXEMPLOS:
1) Uma corrente de água, com velocidade de 0,9 m/s, escoa em uma tubulação
com diâmetro de 0,6 m. A tubulação possui uma expansão brusca, para um
diâmetro de 0,9 m. Determinar a vazão volumétrica e a velocidade do
escoamento na seção após a expansão.
22
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
UNIDADE 4 – Balanço de energia
(Sugestão de leitura – BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos, capítulo 4)
𝑊 = 𝐹. 𝑧 → 𝑊 = 𝑃. 𝑧 = 𝑚. 𝑔. 𝑧
𝐸𝑃 = 𝑚. 𝑔. 𝑧
b) Energia cinética (Ec)
É o estado de energia determinado pelo movimento do fluido.
𝑚. 𝑣 2
𝐸𝑐 =
2
c) Energia de pressão (Epr)
É a energia correspondente ao trabalho potencial das forças de pressão
que atuam no escoamento do fluido.
𝑊 = 𝐹. 𝑑𝑆
= 𝑃. 𝐴. 𝑑𝑆
𝑑𝑊 = 𝑃. 𝑑𝑉
= 𝑑𝐸𝑝𝑟
𝐸𝑝𝑟 = ∫ 𝑃. 𝑑𝑉
𝑉
= 𝑃. 𝑉
23
d) Energia mecânica total
𝐸 = 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝𝑟
𝑚. 𝑣 2
𝐸 = 𝑚. 𝑔. 𝑧 + + 𝑃. 𝑉
2
2) Equação de Bernoulli
Hipóteses simplificadoras:
1- Regime permanente;
2 - Sem máquinas ao longo do escoamento que forneçam (bombas) ou retirem
(turbinas) energia ao fluido;
3 - Sem perdas por atrito (fluido ideal);
4 - Propriedades uniformes;
5 – Fluido incompressível;
6 – Sem trocas de calor.
𝑣1 2 𝑃1 𝑣2 2 𝑃2 𝑚2
𝑔. 𝑧1 + + = 𝑔. 𝑧2 + + [ 2]
2 𝜌 2 𝜌 𝑠
24
Quando se utiliza a equação de Bernoulli com o conceito de carga de
energia, a notação da energia é H.
3) Máquinas de fluxo
25
Agora se este dispositivo retira energia do fluido, como as TURBINAS,
este termo será negativo (𝐸𝑀 = −𝐸𝑇 ).
𝐸1 − 𝐸𝑇 = 𝐸2
Quando tratamos pela notação E, significa que a unidade dos termos da
equação de energia será em [m2/s2]. Pode-se usar também a notação HM (+HB,
-HT) para o caso da equação estar na forma de carga de energia, onde a
unidade é [m].
5) Perda de carga
Ou,
𝐻1 = 𝐻2 + 𝐻𝐿𝑇 [𝑚]
Onde,
ℎ𝐿𝑇
𝐻𝐿𝑇 = [𝑚]
𝑔
A perda de carga pode ser dividida entre as perdas por atrito e as perdas
localizadas. As perdas por atrito são normalmente mais expressivas que as
localizadas, e estão fortemente associadas ao tipo de escoamento (laminar ou
turbulento). Em escoamento laminar, pode ser calculada analiticamente. Em
escoamento turbulento, devem ser utilizados dados experimentais, métodos
gráficos ou métodos empíricos. As perdas localizadas são decorrentes de
alterações no escoamento, como entradas e saídas, expansões e contrações,
curvas, válvulas e outros acessórios. Na maioria dos casos, são determinadas
experimentalmente. Muitas tabelas disponíveis na literatura já foram tabuladas
para os casos mais comuns.
EXEMPLOS:
26
saída é de 0,02 m2. Determine a pressão manométrica na entrada para fazer
com que o fluido saia do bocal a uma velocidade de 50 m/s. Despreze os
efeitos do atrito.
27
LISTA DE EXERCÍCIOS - UNIDADE 3 E 4 – CINEMÁTICA DOS FLUIDOS E
BALANÇO DE ENERGIA
ÁREA 1 – MECÂNICA DOS FLUIDOS
2) Considere o escoamento de
água em uma tubulação de 40 cm
de diâmetro, a uma vazão mássica
de 10 kg/s. Esta tubulação contém
um redutor, que leva o diâmetro da
tubulação até 10 cm. Determine:
29
escoamento.
(R.: 3,14 m/s)
30
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS
(Sugestão de leitura – INCROPERA, F.P.; WITT, D.P. Fundamentos de
transferência de calor e massa, capítulo 1)
>T <T
A transferência de calor estuda também as taxas de transferência desta
energia. Existem três mecanismos de transferência de calor: 1) CONDUÇÃO,
2) CONVECÇÃO E 3) RADIAÇÃO.
1) CONDUÇÃO
A transferência de calor por condução está associada a níveis
microscópicos onde uma molécula com maior energia transfere essa energia
para as moléculas da vizinhança. Materiais com elétrons livres tem este
transporte facilitado (condutores).
31
*CONDUTIVIDADE TÉRMICA (k): propriedade dos materiais responsável pela
mobilidade da energia através dele. Indica a rapidez com que o calor será
transferido em um dado material. Quanto maior, maior a capacidade do
material de transportar energia (sólidos > líquidos > gases).
A lei que descreve este mecanismo de transferência é a Lei de Fourier,
que diz que a taxa transferência de calor por unidade de área é proporcional ao
gradiente de temperatura.*
𝑑𝑇
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘𝐴
𝑑𝑥
Onde:
2) CONVECÇÃO
A transferência de calor por convecção é o transporte de energia em
fluidos que apresentem movimento relativo a uma dada superfície com
temperatura diferente da sua OU transferência de energia que ocorre no
interior de um fluido devido a combinação dos efeitos de condução e do
movimento global do fluido.
32
Descrita pela Lei de Newton do Resfriamento, em que a taxa de
transferência de calor é relacionada à diferença de temperatura entre a
superfície e o fluido.*
𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ𝐴(𝑇𝑆 − 𝑇∞ )
Onde:
3) RADIAÇÃO
A transferência de calor por radiação é a transferência de energia
associada à emissão de ondas eletromagnéticas que ocorre em todos os
corpos que estejam acima de 0K.
Radiação térmica é a energia emitida por toda a matéria que se encontra
a uma temperatura finita. Emissões podem ocorrer de todos os tipos de
materiais – sólidos, líquidos, gases. A energia no campo de radiação é
transportada por ondas eletromagnéticas, não requer meio material para que
ocorra a transferência de calor, diferente dos outros mecanismos.
33
A lei que descreve o fenômeno é a Lei de Stefan-Boltzmann (E = poder
emissivo = taxa de energia liberada por unidade de área). Só é válida para
radiação térmica.
𝐸 = 𝜎 𝑇𝑆4
Onde:
𝑇𝑆 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒
𝑊
𝜎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑡𝑒𝑓𝑎𝑛 − 𝐵𝑜𝑙𝑡𝑧𝑚𝑎𝑛 = 5,676𝑥10−8
𝑚2 𝐾 4
Calor emitido por uma superfície real menor que o corpo negro:
𝐸 = 𝜀 𝜎 𝑇𝑆4
Onde:
𝜀 = 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
34
Onde:
𝛼 = 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
4
𝐺 = 𝑖𝑟𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜 → 𝐺 = 𝜎𝑇𝑣𝑖𝑧
Onde:
𝑇𝑣𝑖𝑧 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑧𝑖𝑛ℎ𝑎𝑛ç𝑎
4
𝑞𝑟𝑎𝑑 = 𝜀𝜎(𝑇𝑆4 − 𝑇𝑣𝑖𝑧 )
Ou também pela expressão:
COEF. DE
MODO MECANISMO EQ. TAXA
TRANSPORTE
Difusão de energia
CONDUÇÃO devido ao movimento
molecular aleatório.
Difusão de energia
devido ao movimento
aleatório molecular e ao
CONVECÇÃO
transporte de energia
devido ao movimento
global do fluido.
EXEMPLOS:
35
2) Uma tubulação de vapor sem isolamento térmico passa através de uma sala
onde o ar e as paredes se encontram a 25°C. O diâmetro externo do tubo é de
70mm, e a temperatura da superfície e a emissividade são, respectivamente,
200°C e 0,8. Quais são o poder emissivo e a irradiação da superfície? Se o
coeficiente associado à transferência de calor por convecção natural da
superfície para o ar é de 15W/m2.K, qual a taxa de calor perdida pela superfície
do tubo por unidade de comprimento?
36
LISTA DE EXERCÍCIOS - UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
a) evacuado; (R.: 0)
b) preenchido com ar atmosférico (k = 0,0223 W/m∙K); (R.: 223 W/m2)
c) preenchido com uretana (isolante térmico com k = 0,026 W/m∙K); (R.: 260
W/m2)
d) preenchido com um material super isolante (k = 0,00002 W/m∙K). (R.: 0,2
W/m2)
37
6) Ar ambiente, a 25 ºC, escoa sobre uma placa, com 50 cm de largura e 75 cm
de comprimento, mantida aquecida a 250 ºC. Calcule a taxa de transferência
de calor por convecção considerando um coeficiente convectivo de 25 W/m2∙K.
(R.: 2.109 W)
38
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
UNIDADE 2 – MECANISMOS
(Sugestão de leitura – INCROPERA, F.P.; WITT, D.P. Fundamentos de
transferência de calor e massa, capítulo 1)
𝑘𝐴
𝑞̇ = ∆𝑇
𝐿
39
Para um cilindro:
𝑘2𝜋𝐿
𝑞̇ = ∆𝑇
𝑅𝐸
ln ( 𝑅 )
𝐼
EXEMPLOS:
40
fluido devido à diferença de densidade do fluido e forças de empuxo e
FORÇADA em que um agente externo causa a velocidade.
EXEMPLOS:
41
2) Através de um fio de 1mm de diâmetro e 10cm de comprimento passa uma
corrente elétrica. O fio está imerso em água líquida a pressão atmosférica, e a
corrente é aumentada até a água entrar em ebulição. Para esta situação
h=5000W/m2.°C, e a temperatura da água é 100°C. Qual a potência elétrica a
ser fornecida ao fio para que a superfície seja mantida a 114°C.
42
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
UNIDADE 3 – RESISTÊNCIA TÉRMICA E ASSOCIAÇÃO DE PAREDES
(Sugestão de leitura – INCROPERA, F.P.; WITT, D.P. Fundamentos de
transferência de calor e massa, capítulo 3)
𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑚𝑜𝑡𝑟𝑖𝑧 ∆𝑇 ∆𝑇
𝑅= = 𝑞=
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑞 𝑅
Assim, a resistência térmica à condução de calor, considerando uma
parede plana, é dada por:
∆𝑇 (𝑇1 − 𝑇2 ) 𝐿
𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷 = = =
𝑞 𝑘∙𝐴
(𝑇 ) 𝑘∙𝐴
𝐿 ∙ 1 − 𝑇2
De forma análoga, a resistência térmica à convecção seria:
∆𝑇 (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) 1
𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉 = = =
𝑞 ℎ ∙ 𝐴 ∙ (𝑇𝑆 − 𝑇∞ ) ℎ ∙ 𝐴
Quando analisamos um sistema em que está ocorrendo transferência de
calor, podemos avalia-lo considerando todos os mecanismos presentes, assim
como todas as resistências a transferência de calor presentes. Considere a
figura abaixo:
43
∆𝑇 (𝑇∞1 − 𝑇1 ) ∆𝑇 (𝑇1 − 𝑇2 ) ∆𝑇 (𝑇2 − 𝑇∞2 )
𝑞1 = = 𝑞2 = = 𝑞3 = =
𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉,1 1 𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷 𝐿 𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉,2 1
ℎ1 ∙ 𝐴 𝑘∙𝐴 ℎ2 ∙ 𝐴
A resistência total pode ser escrita pelo somatório de todas as
resistências presentes no sistema:
O exemplo acima faz a representação para uma placa plana. Para uma
geometria cilíndrica, as considerações são as mesmas, mudando apenas a
área de transferência e a forma da resistência condutiva.
𝑅
𝑙𝑛 ( 𝐸⁄𝑅 )
𝐼
𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷 =
2𝜋 ∙ 𝐿 ∙ 𝑘
1
𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉,𝐼 =
2𝜋 ∙ 𝑅𝐼 ∙ 𝐿 ∙ ℎ𝐼
1
𝑅𝐶𝑂𝑁𝑉,𝐸 =
2𝜋 ∙ 𝑅𝐸 ∙ 𝐿 ∙ ℎ𝐸
44
A figura abaixo representa um circuito térmico em série, composto de
três paredes planas de materiais diferentes (kA kB kC)
∆𝑇 (𝑇1 − 𝑇4 ) (𝑇1 − 𝑇4 )
𝑞= = =
𝑅 𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷,𝐴 + 𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷,𝐵 + 𝑅𝐶𝑂𝑁𝐷,𝐶 𝐿𝐴 𝐿 𝐿
+ 𝐵 + 𝐶
𝑘𝐴 ∙ 𝐴 𝑘𝐵 ∙ 𝐴 𝑘𝐶 ∙ 𝐴
EXEMPLOS:
45
LISTA DE EXERCÍCIOS - UNIDADE 3 – RESISTÊNCIA TÉRMICA E
ASSOCIAÇÃO DE PAREDES
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
3) Uma casa possui uma parede composta com camadas de madeira (km =
0,12 W/m.K), isolamento à base de fibra de vidro (kf = 0,038 W/m.K) e gesso
(kg = 0,17 W/m.K), conforme indicado no desenho abaixo. Em um dia frio de
inverno, os coeficientes de transferência de calor por convecção são de he =
60 W/m2.K e hi = 30 W/m2.K. A área total da superfície da parede é de 350
m2. Determine a perda total de calor através da parede. (R.: 4,2 kW)
46
4) As paredes de uma geladeira são tipicamente construídas com uma camada
de isolante entre dois painéis de folhas de metal. Considere painéis de aço
(k = 60 W/m·K) de 3 mm de espessura e uma camada de isolante (k = 0,046
W/m·K) de 50 mm de espessura. Esta parede separa ar refrigerado a 4 ºC
(lado interno) do ar ambiente a 25 ºC (lado externo). Determine a taxa de
transferência de calor, por unidade de área superficial, se o lado interno e o
lado externo estiverem submetidos a processos de convecção natural com
coeficientes convectivos de 5 W/m2·K. Determine a temperatura da
superfície do painel interno. (R.: 14 W/m2; 6,8 ºC)
47
película/substrato. A parte inferior do substrato é mantida a T1 = 30 ºC,
enquanto a superfície livre da película está exposta ao ar a uma temperatura
T = 20 ºC, com um coeficiente de transferência de calor por convecção de
50 W/m2·K. Calcule o fluxo radiante q0” necessário para manter a
temperatura na superfície película/substrato em T0 = 60 ºC. (R.: 2833 W/m2)
48
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
UNIDADE 4 – RAIO CRÍTICO E ISOLAMENTO TÉRMICO
(Sugestão de leitura – INCROPERA, F.P.; WITT, D.P. Fundamentos de
transferência de calor e massa, capítulo 3)
𝑅
ln (𝑅 ) 1
0
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = +
2𝜋𝑘𝐿 2𝜋𝑅𝐿ℎ
𝑇∞ − 𝑇𝑖
𝑞=
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑑𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
= 0 → 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎
𝑑𝑅
1 1
− =0
2𝜋𝑘𝑅𝐿 2𝜋𝑅 2 𝐿ℎ
𝑘
𝑅𝑐 =
ℎ
49
Para sistemas radiais, o problema da redução da resistência total
através da aplicação do isolamento existe apenas para fios ou tubos de
diâmetros pequenos e baixos coeficientes de convecção, tais que se R0 > Rc.
EXEMPLOS:
50
LISTA DE EXERCÍCIOS - UNIDADE 4 – RAIO CRÍTICO E ISOLAMENTO
TÉRMICO
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
51
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
UNIDADE 5 – ALETAS
(Sugestão de leitura – INCROPERA, F.P.; WITT, D.P. Fundamentos de
transferência de calor e massa, capítulo 3)
1) Aletas
𝑞𝑥 = 𝑞𝑥+𝑑𝑥 + 𝑑𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣
𝑑𝑇
𝑞𝑥 = −𝑘𝐴
𝑑𝑥
𝑑𝑇 𝑑𝑇 𝑑 2 𝑇
𝑞𝑥 = −𝑘𝐴 | = −𝑘𝐴 [ + 2 𝑑𝑥]
𝑑𝑥 𝑥+𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
𝑑𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ𝑃𝑑𝑥(𝑇 − 𝑇∞ )
𝑑2 𝑇 ℎ𝑃
− (𝑇 − 𝑇∞ ) = 0
𝑑𝑥 2 𝑘𝐴
ℎ𝑃
𝑆𝑒 𝑑𝑒𝑓𝑖𝑛𝑖𝑟𝑚𝑜𝑠: 𝜃(𝑥) = 𝑇 − 𝑇∞ 𝑒 𝑚2 =
𝑘𝐴
𝑑2 𝜃
− 𝑚2 𝜃 = 0
𝑑𝑥 2
𝐴 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 é: 𝜃(𝑥) = 𝐶1𝑒 𝑚𝑥 + 𝐶2−𝑚𝑥
52
As constantes da solução da equação diferencial podem ser obtidas
aplicando-se condições de contorno específicas na base da aleta e em sua
extremidade.
CONDIÇÃO DA
TAXA DE TRANSFERÊNCIA DE
CASO EXTREMIDADE DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA
CALOR (q)
(x=L)
ℎ ℎ
𝑑𝜃 𝑐𝑜𝑠ℎ [𝑚(𝐿 − 𝑥)] + ( ) 𝑠𝑒𝑛ℎ [𝑚(𝐿 − 𝑥)] 𝑠𝑒𝑛ℎ (𝑚𝐿) + ( ) 𝑐𝑜𝑠ℎ (𝑚𝐿)
A ℎ𝜃(𝐿) = −𝑘 | 𝑚𝑘 𝑀 𝑚𝑘
𝑑𝑥 𝑥=𝐿 ℎ ℎ
cosh (𝑚𝐿) + ( ) 𝑠𝑒𝑛ℎ (𝑚𝐿) 𝑐𝑜𝑠ℎ (𝑚𝐿) + ( ) 𝑠𝑒𝑛ℎ (𝑚𝐿)
𝑚𝑘 𝑚𝑘
𝑑𝜃 𝑐𝑜𝑠ℎ [𝑚(𝐿 − 𝑥)]
B | =0 𝑀 tanh(𝑚𝐿)
𝑑𝑥 𝑥=𝐿 cosh (𝑚𝐿)
𝜃𝐿 𝜃𝐿
( ) 𝑠𝑒𝑛ℎ (𝑚𝑥) + 𝑠𝑒𝑛ℎ [𝑚(𝐿 − 𝑥)] cosh(𝑚𝐿) − ( )
C 𝜃(𝐿) = 𝜃𝐿 𝜃𝑏 𝜃𝑏
𝑀
𝑠𝑒𝑛ℎ 𝑚𝐿 𝑠𝑒𝑛ℎ (𝑚𝐿)
𝐿→∞
D 𝑒 −𝑚𝑥 𝑀
𝜃(𝐿) = 0
ℎ𝑃
𝜃 = 𝑇 − 𝑇∞ 𝑚2 =
𝑘𝐴𝑐
𝜃𝑏 = 𝜃(0) = 𝑇𝑏 − 𝑇∞ 𝑀 = √ℎ𝑃𝑘𝐴𝑐 𝜃𝑏
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EXEMPLOS:
1) Estimar o aumento de calor dissipado por unidade de tempo que poderia ser
obtido da parede de um cilindro com 1m2 de área superficial, ao utilizar-se 6400
aletas com forma de pino circular, sendo que cada uma possui diâmetro de
5mm e altura de 30mm. Admita que o coeficiente de transferência de calor
entre a superfície da parede do cilindro ou entre uma aleta e o meio envolvente
é de 120 kcal/h.m2.°C. A parede do cilindro está a 300°C e o meio envolvente a
20°C. Considere a parede e as aletas sendo de alumínio (k= 178,8 kcal/h.m.°C)
e que a perda de calor na ponta da aleta é desprezível.
2) Uma barra circular longa de 5mm de diâmetro tem sua extremidade mantida a
100°C. A superfície da barra está exposta ao ar ambiente que se encontra a
25°C com um coeficiente de transferência por convecção de 100 W/m 2.K.
a) Determine a distribuição de temperatura ao longo da barra considerando
que ela seja de aço inoxidável AISI 316 (k= 13,4 W/m.K).
b) Estime o comprimento da barra para que possa ser considerada infinita.
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LISTA DE EXERCÍCIOS - UNIDADE 5 – ALETAS
ÁREA 2 – TRANSFERÊNCIA DE CALOR
3) Uma superfície de uma chapa muito delgada com 1 m 2 de área e que tem
uma temperatura de 120 °C está exposta ao ar com T=20 °C. O coeficiente de
transferência de calor convectivo é de 5,00 W/ m².°C. À superfície adaptam-se
670 aletas na forma de pino de seção circular com diâmetro de 2,5 mm e com
1cm de comprimento. A condutividade térmica do material da aleta é k = 250
W/m.°C. Determinar a transferência de calor total da superfície após a adição
das aletas. Considere que o gradiente de temperatura na ponta da aleta é nulo,
ou seja, que a perda de calor pela extremidade da aleta é desprezível e pode
ser considerada isolada (R.: 524,6W).
4) Uma barra circular longa de 5mm de diâmetro tem sua extremidade mantida
a 100°C. A superfície da barra está exposta ao ar ambiente que se encontra a
25°C com um coeficiente de transferência por convecção de 100 W/m 2.K.
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