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UFPB EDITORA m UFPB
Diretora IZABEL FRANÇA Di( LIMA
Supervisão de Editoração
Supervisão de Produção
ALMIR (ÂUHREIA DE VASCONCELLOS [ÚNIOR
Editora da UFPB
loão Pessoa
2016
[Jireitos autorais 2015 - Editora da UFPB
Editora filiada à:
(BE
Associação Brasileira
das Editora¡ Universitárias
APRESENTAÇÃO
Este livro é uma versão ampliada de um texto originalmente escrito
pelas três primeiras autoras, incluido no livro Direitos Humanos na
Educação Superior: Subsídios para a Educação em Direitos Humanos na
Pedagogia, organizado por Lucia de Fátima Guerra Ferreira, Maria Nazaré
Tavares Zenaide e AdelaideAlves Dias, publicado pela Editora Universitária
da UFPB em 2010.'
Por desejarmos que o texto fosse conhecido mais amplamente,
sobretudo por professoras e professores da educação básica, convidamos
os demais colegas para produzirem uma nova versão, atualizada, sob a
forma de um pequeno livro, no contexto do Curso de Especialização em
Gênero e Diversidade na Escola (GOE-Especialização) ofertado pelo Núcleo
Interdisciplinar de Pesquisa e Ação sobre Mulher e Relações de Sexo e
Gênero (NIPAM), do Centro de Educação (CE) da Universidade Federal da
Paraíba (CE/UFPB), na modalidade de educação a distância (EAD).
O GOE-Especialização foi desenvolvido de junho de 2014 a novembro
de 2015 ekatingiu seis municípios do estado do Paraiba: João Pessoa,
Cabedelo, Pitimbu, Areia, Araruna e Alagoa Grande. Foi financiado pela
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI),do Ministério da Educação e Fundo Nacionalde Desenvolvimento
da Educação (FNDE), em articulação com a Secretaria de Políticas para
A
Mulheres (SPM/Presidência da República.
L
Para alcance da formação docente e da informação, em
ampliar o
geral, especificamente sobre as questões de gênero e diversidade sexual,
na perspectiva dos direitos humanos, é que oferecemos agora
este livro,
'l
Llfulntolerância. Mesmo nas sociedades democráticas, persistem privilégios
“l assimetrias quanto ao gozo de direitos.
das LGBlCJÍ lnclusdo d a UÊlspeLl vd .la Uwclgljdtlí_ sexual e de gerem
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s, na edncacpo e na
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Ter leis que garantam direitos e cidadania não significa que tais As mulheres nem sempre tiveram os mesmos direitos que os homens:
trabalho *à edu caçao, a herança e a propriedade, ao trabalho remunerado e fora do
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educação e na da
especialmente a formação docente. fr cultura de paz.
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_› Genero conjunto de sentidos atribuídos a corpos e
designa o
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identidades/subjetividades;e, por extensão, a objetos, espaços e práticas
materiais e simbólicos denominados femininos ou masculinos de forma I
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dicotômica e hierárquica.
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isto é, hostilidade e discriminação
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de-jexperiências
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JUNQUEIRA, 2009].
Infusão j.:
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Gênero é conceito central da teorização feminista emergente na No senso comum, a noçao de 'genero esta Imbricada com a . .
segunda metade do século XX. Representa a tentativa teórica e política 'heteronormatividade, isto é, com a ideia de complementaridade macho/
de desnaturalizar a desigualdade de sexo (ou seja, a histórica _opressão masculino-fêmea/feminíno.
das mulheres justificada pelo seu corpo e capacidade reprodutiva),
possibilitando uma ampla crítica cultural do sexismo, androcentrismo e n
próprio.
'I 4 | 'E [Índios humanos das mulheres e das omsods LGBTQ¡
U
inclusão da perspectiva da diversidade sexual e de gênero na educação e nd (autuação docente 1 5
Na história conhecida, as relações de gênero têm sido de dominação Entendida como um conjunto de práticas culturais
(materiais e
masculina. Têm se expressado em casos extremos, porém corriqueiras, simbólicas), a dominação masculina afeta negativamente
as vidas das
como violência explicita nos mundos público (guerras) e privado (violência mulheres e de pessoas afeminadas, fracas, vulneráveis, como crianças,
doméstica e sexual); como competição econômica com seus saldos cruéis 'idosas, pessoas com deficiência (geralmente cuidadas pelas mulheres),
de exclusão e miséria; como misoginia e homo/lesbo/transfobia. ,assim como as vidas dos 'fortes' os próprios homens. Segundo Souza
-
masculinidade em geral.
18 I :JIFÊIÍÍJE hunzanrws rla: rn.; 'news +- ::uis LÇHTEÉOdH Lbilll): &indagar; da LJÉVBLXÍÉIÍIVÕ da l
diversidade sexual e de gêne-o ra educaçao e na locmação ciocmte l 9
foi
revolucionário (TELES, 2007).
Aigualdade entre os sexos foi desconsiderada,
apesar da mobilização
das mulheres revolucionárias reivindicando direitos específicos das
mulheres e direitos mais amplos, como a proteção à maternidade e o direito
ao salário igual ao dos homens. Assim, a lider feminista e filósofa Olympe
de Gouges, junto com outras mulheres, não conseguindo garantir os
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Dois anosantes, Olympe de Gouges havia escrito no artigo X da
Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã (TOSCANO e GOLDENBERG,
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1992, p.45): "Ninguém deve ser molestado por suas opiniões, mesmo de
conquista e/ou universalização desses direitos é historicamente
A
princípio; se a mulher tem o direito de subir ao patibulo deve ter também o de
recente como veremos aseguir, destacando as lutas dos movimentos de subir ao pódio, desde que suas manifestaçõesnãoperturbem a ordem pública
mulheres e LGBTOJ de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais,
-
queer e intersexuais. tiveram a mesma sorte de Olympe de Gouges: durante dperlodo do Terrorda
Revolução Francesa foram executadas cerca de 50o mulheres.
2.1 Breve histórico _dos direitos humanos _
Uma das lutas mais importantes das mulheres, localizada nesse
de afirmação dos direitos humanos (DH) na história mundial tem na "v por alguns autores e autoras do ponto de vista das conquistas trabalhistas,
vez
.
este segundo ciclo incluiu na noção de DH os direitos sociais: direito e Ocidente capitalista viu a necessidade de se auto-reformar, mediante a
igualdade de usufruto de um modo de vida digno, através do acesso ao concessão de direitos e garantias sociais às classes trabalhadoras, a fim
patrimônio social- consumo, lazer, condições e leis trabalhistas, moradia, de que se evitasse a eclosão de revoluções socialistas dentro das suas
educação, saúde, aposentadoria etc. (PERUZZO, 2002). fronteiras" (MONDAINI, 2006, p. 98). Todavia, nos países socialistas,
contraditoriamente, a preocupação com a realização da igualdade
A crítica à lógica que guiava o sistema socioeconômico capitalista, '~
social conviveu com a instauração de regimes políticos despóticos,
incapaz de realizar o sonho de uma sociedade justa e igualitária,
profundamente marcados pelo desrespeito aos direitos civis e políticos
impulsionara o movimento socialista no decorrer do século XlX e e por sucessivos ataques contra as liberdades individuais e coletivas. Em
primeiras décadas do século XX, evidenciando também os problemas
contrapartida, no mundo capitalista desenvolvido, embora com fortes
vivenciados pelas mulheres trabalhadoras: a dupla jornada de trabalho e -
tensões e persistente desigualdade, os três tipos de direito sociais, civis
a desvalorização do trabalho doméstico.
- -
e políticos conseguiram
-
ser mantidos, apesar da Guerra Fria, sob a forma
do Estado de Bem-Estar Social, o We/fareState.
Cabe lembrar que' a ideia de um Estado Nacional benfeitor e justo,
Você sabia...
organizado por um sistema de normas legais, fora colocada em xeque pelo
...que foi o filósofo, economista, historiador e
teórico politico alemão Karl Marx (1818-1883), Nazismo, visto que, através da lei, pessoas que não pertenciam à raça ariana
o grande responsável pelo desvendamento da (judeus, ciganos), homossexuais e comunistas foram considerados como não-
natureza injusta desse sistema, tendo sido ele
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reprimidos durante toda a modernidade, os quais tiveram sua condição de da Constituição Federal de 1988, que assegura a igualdade formal das
cidadania sistematicamente negada, tendo sido excluídos do processo de mulheres.
universalização dos direitos humanos; mostra, ademais, as várias formas
(5 Nossa Constituição afirma, entre
de relações de poder, submissão e desigualdade nas relações sociais que outros objetivos fundamentais,
não estão necessariamente e sempre determinadas pela classe social. o de "promover o bem de
z todos, sem preconceitos de
“n origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de
Para saber mais: discriminação" (Constituição da
_ma-Mp
.e.
Conforme Mondaini (2006),a obra de Michel República Federativa do Brasil
Foucault (1926-1984), filósofo, historiador de 1988, Titulo l, Dos Princípios
e teórico social francês, contribuiu para o Fundamentais, Art. 39, |V.7
desvelamento das formas pelas quais os discursos
de loucos, prisioneiros, homossexuais eram
interditadas por um discurso racional-científico, Na década de 199o, denuncia-se social, uma
o autoritarismo
fundado numa vontade de poder e imposto como organização hierárquica eçdesigual do conjunto das relações sociais,
único capaz de representar a verdade.
o
baseada em critérios de classe, raça e gênero, que estabelece' os
lugares dos sujeitos na sociedade, promovendo formas de sociabilidade
l: diferenciada e uma cultura de exclusão (DAGNINO, 1994).
Assim, no contexto pós-moderno contemporâneo, as lutas por
direitos especificos de grupos subalternos através dos chamados novos
Há, também, preocupação, na atualidade, de se assinalar que
a
ecofeminismo, espiritualista, pragmático convergem para uma luta iZEin 'nivel coletivo, inclui a ca pacídade de organizáihsecoletivamente
¡ecolocar demandas ao Estadmlmplica, assim, tantocontrole sobrea
-
A 1! Conferência Mundial de Mulheres foi realizada no migrantes, camponesas, com deficiência e chefes de família. Entre as novas
México, em 1975, e inaugurou a Década da Mulher. Nela ie antigas metas, foram registradas problemáticas educacionais: superar
foram identificadostrês objetivos prioritários: igualdade,
a defasagem de gênero na educação primária e secundária até 2005, e
desenvolvimento e paz. ›
98 o..É D-'ÉIEOS itlliídriílñ C165 UiUIhElQS E ddâ F“ESSOÓS Ll-:EB-Oi nciusão :la DÊBpL-*Clivzí da diversidade sexual e de gênero na educação e ra lrymaciãc) «Licxzente l QQ
melhorar os niveis de alfabetização de mulheres adultas? O evento de 'i-o alcance da igualdade de gênero requer uma abordagem inclusiva, que
avaliação seguinte, denominado Beijing + 10, realizado em fevereiro/ ,reconheça o papel fundamental de homens e meninos como parceiros
março de 2005, também em Nova York, reafirmou a Plataforma de Ação os direitos das mulheres", e os convoca "como parceiros igualitários
de Beijing e propôs a aceleração de sua implementação, inclusive com na elaboração e implementação de uma visão comum da igualdade de
vistas a realizar os Objetivos do Milênio, entre os quais consta "a igualdade ênero que beneficiarátoda a humanidade"?
entre os sexos e a autonomia das mu|heres"“°.
2.3 Pessoas LGBTQl como sujeitos de direitos e os movimentos "homens que fazem sexo com homens" (HSH) e "mulheres que fazem
de gays, lésbicas, travestis e transexuais, queer e intersexuais sexo com mulheres (MSM)", e, pressionados pela heterossexualidade
compulsória, podem até mesmo manifestar comportamento homofóbico.
que
(hetero, homo ou bissexual) e enuncia o que existe são práticas sexuais
de sujeitos sem identidades fixas. Constitui, assim, uma perspectiva
gays, lésbicas ou homossexuais: são denominados, respectivamente,
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problematizadoradas políticas de_ identidade, que articularam as lutas de
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grupos oprimidos como negros, mulheres, gays e lésbicas, e que usaram a O reconhecimento da transgeneridade é um passo importante para
"afirmação de suas identidades como um importante instrumento para a assegurar o direito à autodeterminação de gênero, que deve ser um
criação e o fortalecimento do senso de pertencimento a uma comunidade direito de todas as pessoas, garantindo-se inclusive o direito à mudança
discriminada ereivindicação de seus direitos" (CARVALHO,
para a de nome no registro civil (CARVALHO, ANDRADE e JUNQUEIRA, 2009).
ANDRADE e JUNQUEIRA, 2009, D44). A teoria queer, por sua vez, tem As pessoas transexuais, que nem sempre alteram cirurgicamente a
sido criticada, pela sua ênfase excessiva nos discursos e desinteresse nos
anatomia sexual, reivindicam o reconhecimento social e jurídico de uma nova
movimentos sociais. identidade de sexo e de gênero, diferente daquela que
lhe fo¡ atribuída no
Os estudos baseados na teoria queer focalizam os sujeitos que nascimento (BENTO, 2008). Homenstransexuais são chamados de transexuais
transgridem ou negam as fronteiras de gênero. As pessoas transgênero masculinos (em inglês, FTM "female to male") e mulheres transexuaissão
-
são aquelas cujasidentidades de gênero são construídas em conflito com a chamadas de transexuais femininas (em inglês, MTF "male to female") -
sequência sexo-gênero-sexualidade, definida pela heteronormatividade, As pessoas travestis assumem uma identidade de gênero oposta
incluindo travestis, transexuais, intersexos, andróginos, transformistas
àquela que as normas de gênero definem como correspondente ao seu
etc. e uma variada série de expressões identitárias referentes ao percurso
sexo biológico. Existem os travestis, com identidade de gênero masculina,
de migração de um gênero para outro. e as travestis, com identidade de gênero feminina. São muito raros em
nossa sociedade os travestis, pois costumam ser percebidos e acolhidos, por
FERNANDES, 2oo9, p.192). força é LGBTQ ou LGBTQI incluindo, além da orientação sexual e da
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3.1 Conquistas recentes no Brasil, nos campos social 1995. Em ambas se busca promover a igualdade entre homens e mulheres com
e educacional - base na eliminação e erradicação de todas as formas de violência e discriminação
que têm como base as diferençasde sexo e gênero (LIBARDONl, 2002).
OComitêda CEDAWacrescentana recomendaçãogeralqueadiscriminação
A Declaração e Programa de Ação de Viena, 1993, também instaram a
contra a mulher inclui a violência baseada no sexo. Na Convenção de Belém do
igualdade de condição e os direitos humanos das mulheres e das meninas, sua
plena participaçãocomo agentes e beneficiárias do desenvolvimento e seu Pará, no Artigo 19, a violência contra a mulher éçlefinida como "qualquer ato ou
conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual
acesso a cargos decisórios, a erradicação de todas as formas de discriminação
ou psicológico à mulher tanto na esfera pública como na esfera privada"; e no
contra a mulher, tanto abertas quanto veladas, e a eliminação de todas as
formas de violência contra as mulheres na vida pública e privada, acolhendo Artigo 69 se acrescenta que "o direito de toda mulher a viver livre de violência
a Conferência Mundial sobre a Mulher, que se realizaria em 1995, em Beijing.”
abrange o direito de ser livre de toda forma de discriminação"?
As Convenções Internacionais ampliam a cidadania das mulheres
Em 1994,Convenção :Interamericanapara Prevenir, Punir e Erradicor
a
no sentido de imporem responsabilidades aos países signatários no
a Violência contra a Mulher, denominada Convenção de Belém do Pará,
realizada pela Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e cumprimento das determinações estabelecidas. e violências Discriminações
contra as mulheres são violações a essas Convenções podendo gerar
Secretariado das Nações Unidas, declarou, em seu Artigo 69: "o direito de toda
mulher a ser livre de violência abrange, entre outros, o direito da mulher a responsabilizaçãodo Estado perante os tribunais e órgãos internacionaisde
Direitos Humanos. Exemplar, no Brasil, foi o caso da bioquímica Maria da
ser valorizada e educada livre de padrões estereotipados de comportamento
Penha que, em 1983, foi vitima de dupla tentativa de homicídio por seu então
e costumes sociais e culturais baseados em conceitos de inferioridade ou
subordinação". Já no Artigo 8, os Estados Partes se comprometeram a adotar marido, que resultou em paraplegia. Em 1998, mais de 15ahos após o crime,
e apesar de duas condenações pelo Tribunal do Júri do Ceará, ainda não
programas destinados a "promover o conhecimento e a observância dg direito
havia decisão definitiva no processo e o agressor permanecia em liberdade,
da mulhera uma vida livre de violência e o direito da mulhera que se respeitem
razão pela qual, organizaçõesfeministasjuntocom a própria Maria da Penha
e protejam seus direitos humanos"; bem como a "modificaros padrões sociais
enviaram o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.
e culturais de conduta de homens e mulheres", através da educação formal e
não formal, com a finalidade de "combater preconceitos e costumes e todas Diante das irregularidades no Comissão determinou a processo, a
as outras práticas baseadas na premissa da inferioridade ou superioridade de violação pelo -Estado brasileiro das normas internacionais de direitos
'
qualquer dos gêneros ou nos papéis estereotipados para o homem e a mulher, humanos, em especial da Convenção Americana sobre Direitos Humanos
que legitimem ou exacerbema violência contra a mulher e da Convenção de Belém do Pará. Além disso, assinalou que aquele não
22 II
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assim, foram necessárias novas intervenções da Comissão Interamericana Com base princípio orientador da equidade, entendida como
no
para que o processo criminal fosse concluído no âmbito nacional, para "tratar desigualmente os desiguais, buscando-se ajustiça social [...] através
que o agressor fosse finalmente preso, e para que o Estado desse de ações específicas e afirmativas voltadas aos grupos historicamente
continuidade ao cumprimento das recomendações (INSTITUTO PATRÍCIA discriminados" (BRASIL, 2004, p.32-33), o l PNPM abrangeu a educação
GALVÃOV** Finalmente, foi promulgada em 7 de agosto de 2006 a Lei formal, informal e profissional/continuada.Assim, entre outras diretrizes,
11.340, denominada Lei Maria da Penha, que "cria mecanismos para coibir estabeleceu: "garantir a inclusão das questões de gênero, raça e etnia nos
a violência doméstica e familiar contra a mulher" (BRASIL, 2006). currículos, reconhecer e buscar formas de alterar as práticas educativas, a
Em consonância com Conferências internacionais, o Governo
as
produção de conhecimento, a educação formal, a cultura e a comunicação
discriminatórias" (p. 34); e "formar e capacitar servidores(as) públicos(as)
Brasileiro convocou em 2004 a l Conferência
Nacional de Politicas para as
em gênero, raça, etnia e direitos humanos, de forma a
Mulheres (l C-NPM). Seu processo de construção foi elogiado pelo movimento garantir a
de mulheres, em todo país, em razão de seu caráter inclusivo e democrático,
implementação políticas públicas voltadas para a igualdade" (p.35).
de
que resultou na participação direta de mais de 120 mil pessoas nas plenárias No Capitulo 2, sobre educação inclusiva e não-sexista, destacam-se
municipais, regionais, estaduais e nacional. Cerca de dois mil municípios entre os objetivos do I PNPM: "incorporar a 'perspectiva de gênero, raça, etnia
realizaram plenárias e todos os estados fizeram conferências. Cerca de 1.800 e orientação sexual no processo educacional formal e informal";e "combater
delegadas participaram da Conferência Nacional (BRASIL, 2004). os estereótipos de gênero, raça e etnia na cultura e
comunicação", bem
como no sistema educacional. Entre as prioridades elencadas encontram-
As propostas aprovadas na base sobre a qual o
I CNPM foram a
se: "promover ações no processo educacional para a equidade de gênero,
governo brasileiroelaborouo !Plano Nacionalde Politicas para Mulheres
raça, etnia e orientação sexual", destacando-se a inclusão destas temáticas
(PNPM). Nele o governo se comprometeu a-"combater todas as formas
no ensino superior e na formação inicial e continuada de educadores/as
de discriminação contra a mulher" e elegeu oito pontos fundamentais,
sendo o primeiro a "igualdade e respeito à diversidade mulheres e -
(inclusive no tocante à prevenção da violência de gênero, como estabelecido
no Capitulo 4), a atenção ao livro didático e demais materiais pedagógicos,
homens são iguais ern seus direitos", explicitando-se que "a promoção
e o acompanhamento e avaliação dos programas educacionais com vistas à
«da igualdade implica no respeito à diversidade cultural, étnica, racial,
garantia da equidade (BRASIL, 2004, p.56).
inserção social, situação econômica e regional, assim como os diferentes
momentos da vida das mulheres" (BRASIL, 2004, pt7). O lI Plano Nacional de Políticas para Mulheres (BRASIL, 2008),
resultante das Conferências Municipais e Estaduais que elegeram 2.700
No I PNPM o governo assumiu, entre outros, os seguintes objetivos:
delegadas à Il Conferêncialllacíonalde Políticaspara as Mulheres (II CN PM)-,
cumprimento dos tratados, acordos e convenções internacionais firmados
realizada em agosto de 2007, estabeleceu como eixo prioritário: "educação
e ratificados pelo Governo Brasileiro, relativos aos direitos humanos das
-
inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica".
mulheres; implementação de politicas que incidam na divisão social e sexual do
trabalho; a construão social de valores, por meio da educação, que enfatizam a redução da desigualdade
Entre seus objetivos gerais está "contribuir para a
de gênero e para o enfrentamento do preconceito e da discriminação
importânciado trabalho historicamenterealizado pelas mulheres; a inclusãodas de gênero, étnico-racial, religiosa, geracíonal, por orientação sexual e
questões de gênero, raça e etnia nos curriculos escolares (BRASIL, 2004, p.10).
49 I .E ¡Çlueitoa Humano; das -nulhenta e nuas pessoa; LGB "l-:Êl _J lnclusãr: Hr: a W750.pct-Ivd da dwzvsiclaisc s-..xudl
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a equidade de gênero, raça/etnia e o reconhecimento das diversidades", des¡ gua l dade de genero foi reduzida no acesso e no processo educacional, -
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assim como "a produção e difusão de conhecimentos sobre gênero, mas permanecem diferenças nos conteúdos educacionais e nos cursos e
identidade de gênero, 'orientação sexual e raça/etnia em todos os níveis nas carreiras acessados por mulheres e homens" (BRASIL 2013
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desigualdades de sexo e gênero. A problemáticaadas relações de gênero só conservadoras/es, pressionaram o Congresso Nacional para que o texto
vai aparecer explicitamente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), original do PNE que versava sobre a "superação das desigualdades
-
publicados em 1998, como um bloco de conteúdo do Tema Transversal educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional,
Orientação Sexual. Nele lê-se que "a construção do que é pertencer a um de gênero e de orientação sexual, e na garantia de acessibilidade" -
ou outro sexo se dá pelo tratamento diferenciado para meninos e não fosse aprovado, o que aconteceu. Esse texto foi substituído por
meninas,
inclusive nas expressões diretamente ligadas à sexualidade, e pelos padrões diretrizes mais genéricas, quais sejam: no Art. 29, incisos "Ill superação -
socialmente estabelecidos de feminino e masculino" (BRASIL, 1998, p.296). das desigualdades educacionais, com ênfase napromoção da cidadania
Os PCN afirmam o principio da equidade (construção da igualdade com e na erradicação de todas as formas de discriminação"; e "X promoção -
atenção às diferenças) e oferecem sugestões de abordagem das relações dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade, à
de gênero no contexto das disciplinas e áreas de estudo do currículo; sustentabilidadesocioambiental" (BRASIL, 2014, p.1).
de crítica ao material didático quanto às mensagens preconceituosas e
estereótipos ligados ao gênero; e de trabalho com as relações de gênero
nas diversas situações do convívio escolar, nas relações entre professor/a
Você sabia...
e alunos/as na sala de aula, nos grupos de estudo e no recreio. ...que o termo "ideologia de gênero" não é utilizado
no âmbito dos estudos de gênero?
O Plano Nacional deEducação, lançado em 2001, destaca, nos Segundo Jímena Furlani, esse termo não 'está
objetivos e metas do ensino
fundamental, a avaliação do livro didático presente no contexto das Teorias de Gênero.
quanto à "adequada abordagem das questões de gênero e etnia e a Foi criado/inventado, recentemente, no interior
de alguns discursos religiosos. Trata-se de urna
eliminação de textos discriminatórios ou que reproduzem estereótipos interpretação, equivocada e confusa, que não reflete
acerca do papel da mulher, do negro e do índio" (BRASIL, 2001,
p. 25),' nos o entendimento'de "gênero" presente na educação
objetivos e metas da educação superior e na formação dos professores, e na escolarização brasileiras, nas práticas docentes
a inclusão da abordagem de gênero, entre outros temas relacionados às e/ou nos cursos de formação inicial e continuada de
professoras/as (FURLANI, 2015).
problemáticas tratadas nos temas transversais, "nas diretrizes curriculares
dos cursos de formação de docentes" e "nos programas de formação" (p. l
44, 78); na gestão e na avaliação do plano, a inclusão de indicadores de O Plano Nacionalde Educação em Direitos ,Humanos (PNEDH), lançado
gênero nos levantamentos estatísticos e no censo escolar, com vistas à em 2003 em sua primeira versão, reconhecia que "educar em direitos
formulação de politicas de gênero (p. 46, 97). humanos é fomentar processos de educação formal e não-formal, de modo
Desde dezembro de 2014, entrou em vigor o atual Plano Nacional a contribuir para a construção da cidadania, 0 conhecimento dos direitos
de Educação 2014-2024, Lei 15.005 de 25 de junho de 2014. Nesse PNE fundamentais, o respeito à pluralidade e à diversidade sexual, étnica, racial,
foram excluídas às questões de gênero e orientação sexual, demarcando cultural, .de gênero e de.crençasreligiosas (BRASIL, 2003, p.7).
um retrocesso relação ao plano anterior. Baseados no argumento da
em Jáversão de 2006, nas linhas gerais de ação, o PNEDH propõe
na
"ideologia de gênero", grupos religiosos, além de deputadas e deputados "promoveraformaçãoinicialecontinuadados profissionais, especialmente
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minimos das IPLJHEWEÉ e das pessoas l( :ri lÃJl
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' . inclusão da perspectiva da divers *fade sexual e de gêneo na educação e na formação dciceiqie l51
Isso é perceptível desde a educação educação primária, às vezes com foco em grupos vulneráveis, reduzindo
infantil, onde meninos e meninas gênero a sexo econfundindo igualdade e equidade. Na América Latina,
estão frequentemente separados nos
em particular, os governos têm assumido a
espaços e atividades escolares (ver posição de que gênero não é
CARVALHO, 2008]. Ainda se encontram um problema da educação. Assim, o curriculo
e a experiência escolar de
filas por sexo em algumas escolas!- meninos e meninas permanecem lntocados.
um reflexo do tempo em que as escolas
não eram mistas. Por outro lado, onde existem políticas de educação não sexista
E na educação superior a organização e equidade de-gênero há poucos estudos sobre a efetividade dessas
gendrada de campos de conhecimento, politicas. É o caso dos Temas Transversais Orientação Sexual e Pluralidade
disciplinas, cursos e carreiras Cultural dos PCN, lançados em 1998, no Brasil. Pouco se sabe sobre
praticamente não é questionada. a
efetividade dessas diretrizes curriculares e sobre possiveis
mudanças na
prática pedagógica, como afirmam Vianna e Unbehaum (2006).
Também podemos constatar, com base na nossa
a
mas porque existe forte preconceito contra sua proximidade física das
dos docentes na educação básica, e a quase totalidade na educação infantil
crianças, sejam eles heterossexuais ou homossexuais.
e séries iniciais do ensino fundamental. Dessa forma, embora tenha se
ampliado o acesso das mulheres à educação formal, a inserção em cursos O conceito de gênero ainda não foi devidamente
incluído no
superiores .e carreiras gendrados reproduz a divisão sexual e de genero pensamento educacional no Brasil; nem se transversalizou na
educação
do trabalho, e as diferenças salariais entre homens e mulheres, pois os superior (formação profissional), nem na formação docente inicial (cursos
cursos masculinos são os mais valorizados no mercado de traba|ho.Assim, de Pedagogia e formação de professores/as, nem na escola (na prática
a visibilidade das mulheres na escola, na universidade e no mercado de pedagógica e curricular, e na formação docente continuada), apesar do
trabalho tende a obscurecer os efeitos do sexismo e do androcentrismo do direcionamento das políticas públicasrecentes.
sistema educacional e da organização social.
Você sabia...
...quese estuda gênero menos na Educação do que
na Sociologia, História, Antropologia e Literatura?
Para isso contribuem deficiências do sistema educacional e
as
Por outro lado, nem sempre a produção em Gênero
insuficiências de recursos humanos (pois os PCN já introduziram a e Educação trata das relações escolares, do curriculo
temática em 1998), mas também as noções de criação natural arraigadas e da prática pedagógica, ou assume a perspectiva
Assim, o habitus de glênero "relação socialsomatizada", "lei social BPFOVBÇEIO patriarcal¡ Para encararem outras mulheres
as
condições sociais de produção [...] mesmo quando as pressões externas são liberar^dohpensamentopatriarcal
consciencia; abrir
impresso própria
do poder de dominar
na .
Atransformação pessoal se dá através do processo de conscientização pessoas desconhece inúmeras maneiras como o feminismo mudou
as
(de acordo com a concepção de Paulo Freire) acerca dos malefícios do positivamente as suas/nossas vidas o que é válido também para o
-
Com base no 'contexto norte-americano, Bell Hooks (2000) Também é importante entender a articulação entre construção
argumenta que, com a institucionalização acadêmica do feminismo, os cultural e educacional de gênero (e de gêneros binários e dicotômicos
' l .
grupos espontâneos de conscientização feminista deram lugar às aulas isto é polarizados e excludentes) e heterossexismo, a fim de superar a
de estudos da mulher ou estudos feministas. E, embora a legitimidade homofobia. _Segundoa teórica feminista, clássica, Adrienne Rich (1980), a
substituída por uma teoria metalinguística escrita exclusivamente para exclusão e opressão daqueles e daquelas que não se enquadram em suas
uma audiência acadêmica, cheia de jargão; assim, a teorização feminista determinações. Segundo outra teórica feminista, contemporânea, Judith
se desconectou .do movimento feminista. Por conseguinte, a maioria das Butler (2003), a matriz heterossexual produz as aceitáveis e viáveis versões
l
.
58 I [É 'CMOS “viunmnns das mulheres. e :la: pessoas LlÍjfillÓl
Estimular e fomentar a criação e o fortalecimento Em.suma, são múltiplos_os desafios curriculares e pedagógicos para
de instituições, grupos e núcleos de estudos a construção da equidade de gênero e orientação sexual. Destacamos
acadêmicos, bem como a realização de eventos
de divulgação cientifica sobre gênero, sexualidade alguns a seguir.
e educação, com vistas a promover a produção 0 primeiro desafio, recapitulando, é conhecer a história das
e a difusão de conhecimentos que contribuam
mulheres e do movimento feminista, assim como dos movimentos
para a superação da violência, do preconceito e
da discriminação em razão de orientação sexual e LGBTQI, conscientizar-se e promover a conscientização dos malefícios
identidade de gênero. do sexismo, androcentrismo e heterossexismo, articulados a outras
Produzir, apoiar e divulgar pesquisas que analisem formas e desigualdade (raça/etnia,classe etc.). Um esforço contínuo de
concepções pedagógicas, curriculos, rotinas, educação feminista para a consciência crítica, como conclama Bell Hooks
atitudes e práticas adotadas no ambiente escolar
diante da diversidade de orientação sexual e (2000), é imprescindível na formação docente, se quisermos superar as
de identidade de gênero, para contribuir para a desigualdades e injustiças de gênero. Tal esforço supõe não apenas a
implementação de políticas educacionais voltadas reflexão crítica sobre as estruturas e dinâmicasde dominação e opressão,
para a superação do preconceito, da discriminação e
mas a elaboração de um discurso contra-hegemônico ou uma contra-
da violência sexista_ e homofóbica.
L
narrativa desafiadora da naturalização das relações de dominação de
gênero.
l
sexo e
Para tanto, o caminho mais o da formação. Formar
proficuo seria
0segundodesafioéempoderarosindivíduosque pertencemagrupos
nossos/as gestores/as, professores/as e demais _profissionais da
oprimidos, dentre os quais as mulheres, destacando-se as professoras,
educação. Só assim, essas temáticas passarão a ser incluídas, debatidas .e as pessoas TQI, poucas das quais chegam aos quadros docentes. As
e ressignificadas no interior- das escolas e na sociedade como um todo.
feministas usam o termo empoderamento para se referirem ao processo
ÓO ( D=WEÍIÍCIS fuma-nos ::las :mulheres e das pessoas LÍÍIFJTCÉ? -
ln?, .isrio oa fEÊOEÊlP-'d da diversidade sexual e :Jr: género na educçição e na formação amante | Ól
de esclarecimento, conscientização, mobilização e organização coletiva "infantil, na família e na escola, e de certas áreas do conhecimento, como
visando alterar os processos e estruturas que reproduzem a posição a Pedagogia, rotulada de curso de mulheres e gays, portanto, de curso
subordinada de individuos e grupos (LEÓN, 1997; MENDEL-ANONUEVO, qualitativamente fraco. Os projetos pedagógicos dos cursos de Pedagogia
1997). Com base na pedagogia emancipatória de Paulo Freire (1970), o (assim como de outros cursos de formação profissional) necessitam
empoderamento é entendido como um processo essencialmente e enfrentar essas questões.
eminentemente educativo, que requer o aprendizado sobre a cultura do
O terceiro desafio é traduzir -
sensocomunizar (SANTOS, 3999) -
as
poder (suas relações, processos, estruturas, formas) e se manifesta no contribuições da teorização feminista e dos estudos gays, lésbicos e queer
protagonismo individual (agency, em inglês) e na organização coletiva, com vistas a promover a apropriação dos seus conceitos, como lentes
visando a transformação da realidade e a liberação de indivíduos e grupos
críticas úteis para o delineamento de práticas pedagógicas comprometidas
daquilo que limita sua participação social, intelectual e política. Nas
.
profissional das formandas: até que ponto a formação numa carreira na família e em outras instituições sociais.
feminina(debaixo prestígiolconta comasocializaçãodegênerotradicionalH Assim,a atenção ao currículo em ação e ao currículo oculto,
com os aprendizados informais de habilidades relacionais e práticas contextos de reprodução inconsciente e automática de significados e
de cuidado? (CARVALHO, 1998). As relações entre docência e gênero, valores sociais, requer constante e contínua intervenção no cotidiano
desvalorização profissional e desempoderamento feminino precisam escolar para desconstruir preconceitos, dicotomias e assimetrias de_
ser seriamente consideradas. Ademais, é importante se contrapor aos gênero e orientação sexual. Portanto, o quinto desafio é assumir uma
estereótipos de gênero que afastam os hbmens do cuidado e educação . postura ativista/militante, uma práxis ético-política efetiva, isto é, ações
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L 'mL-“Õ-'Ô *i9 WTSl-YCUW dd aiver-:idasle sexual e dc gêmea na cyciucação e ria
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i-::irimaçõo docente I
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de sujeitos, práticas e valores negativamente discriminados no contexto a compaixao, a expressividade corporal e emocional) como qualidades e
valores humanos positivos, a fim de transformar a cultura androcêntrica;
ideológico do sexismo, androcentrismo'e heterossexismo.
Em conclusão, apresentam-se, com base em Carvalho izooo; 2009),
I problematizar a hegemonia masculina o conjunto de práticas e -
aquela que desvalorize as pessoas com base em atributos fisicos; educação dascrianças (e o dever de casa), nem culpá-las pelas dificuldades
de aprendizagem e comportarriento dos alunos e alunas ou pelo fracasso
*I não separar, nem discriminar as crianças por sexo e gênero nos
escolar (CARVALHO, 2004; SANTOS & CARVALHO, 2010)'
espaços e atividades escolares;
Í instituir banheiros unisex, que todas as pessoas homens; mulheres, -
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