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Este texto pode ser lido a partir de qualquer platô – zona de intensidade vibrando
sobre ela mesma – no caminho de DELEUZE e GUATTARI (1995). Este é um texto
que aspira a elaboração de um “pensamento nômade” – máquina de guerra, totalmente
diferente dos exércitos estatais, procedendo por capturas pouco pacíficas; conectando
energias habitualmente soltas; desterritorializando velhas intensidades e fazendo
“rizoma”:
de superação das concepções geradas pela ciência dominada pelo modo cotidiano de
pensar.
Nesta perspectiva, a empiria tem como senda poemas verbo-visuais, denominados
“Retratos Troponômicos”, construidos por alunos do Curso de Geografia da
Universidade de Sorocaba/São Paulo, que, cavando alienações, apanham produtos
industrializados vendidos em supermercados para construírem conceitos e expressá-los
em imagens fotográficas.
Trata-se aqui, então, de interrogar formas de conhecimentos no cotidiano, na
relação com a tecnologia, a imagem e a cidadania, mas formas que expurgam leituras
conclusivas/lineares. Através de estruturas que se projetam, ao mesmo tempo, sobre o
aspecto plástico presente nas formas das obras, fotográficas, quer-se a revitalização
entre os planos da expressão e do conteúdo das mesmas. Desta forma, no nível de
tentativa, responder se do olhar à reflexão, através da DidEYEtica, é possível subverter
a instituição escolar. Se isso for possível é o que se quer.
De Semióforos
Do cotidiano
O que é necessário para se captar o que é a vida cotidiana sob ordem autoritária?
O necessário é pensar a vida cotidiana de uma forma não-cotidiana, acompanhando
LEFEBVRE (1989) que procurou fazer da vida cotidiana, um objeto de meditação
filosófica, modo de superação das concepções geradas pela ciência dominada pelo modo
cotidiano de pensar: “Os gestos de cada dia, as refeições, as roupas, as relações de
vizinhança, a missa, o cinema, os anúncios:...tudo isso tem um sentido. Tudo isso é
sentido, linguagem, efeito de poder” (p.131).
comunicação, mas também há mais solidão. Uma coisa não vai sem a
outra. Não basta ter a intenção de capturar o cotidiano, é preciso
também, para conhecê-lo de verdade, querer transformá-lo” (p.133).
A transformação do cotidiano vem pelo indivíduo que pode alargar fissuras, passar
pelos vãos, encontrar intervalos. O indivíduo pode ludibriar o Estado e a produção
capitalista que o querem um robô voraz e dócil, eliminando sua condição de sujeito e
cidadão.
Retrato de mulher
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Último Round
Neste aspecto, a educação necessita ter posse dos códigos econômicos, sociais,
políticos, culturais que emanam das imagens. “Retratos Troponômicos”, pensados
enquanto um ato artesanal, que retirou produtos do trabalho humano do contexto
mercadológico restituindo-lhes seu valor de uso, deixam de ser semióforos. O exercício
didEYEtico remeteu à novas tessituras, novas redes de conhecimento. E, sob o signo do
desassossego, quando se pensa porque se é fustigado, a cidadania deixa de ser
perspectiva para ser o próprio horizonte, agulha e pólo na esteira de DELEUZE.
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Bibliografia