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Material Teórico
Elementos Formais e Composição
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Elementos Formais e Composição
• Introdução
• Elementos Formais da Fotografia
• Composição Fotográfica
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os elementos formais da linguagem fotográfica; desen-
volver e realizar pesquisas sobre a fotografia como linguagem;
valorizar a pesquisa sobre a fotografia e seus elementos formais para
atualização e autoformação.
ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, vamos conhecer alguns dos elementos formais da fotografia
e dos conceitos sobre composição fotográfica. Leia o conteúdo do material
com atenção e não deixe de ampliar seus estudos consultando os materiais
complementares e pesquisando outras imagens dos fotógrafos apresentados.
Conheça um pouco mais sobre cada um deles para enriquecer seu repertório.
Registre suas dúvidas, converse com seu professor-tutor, assista à videoaula e
não deixe de acessar a pasta de atividades onde encontrará as Atividades de
Avaliação e uma Atividade Reflexiva.
Bom Estudo!
UNIDADE Elementos Formais e Composição
Contextualização
A fotografia é um registro visual de um momento, capturado pela seleção de
parte do mundo real que, além de seu valor estético, pode comunicar um fato ou
uma ideia, compartilhar uma experiência, transmitir emoções.
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Introdução
Uma boa fotografia, assim como uma fotografia artística, pressupõe dois que-
sitos básicos: conhecimento técnico e composição expressiva. A técnica é precisa
e metódica, corresponde ao conhecimento dos equipamentos e ao domínio de
cada um dos recursos disponíveis que serão utilizados de acordo com o efeito
pretendido (profundidade de campo, nitidez, exposição etc).1 A composição é
holística, envolve a integração entre vários elementos e uma visão global sobre o
todo, exigindo discernimento e bom gosto. Sua primeira regra é que não há regras
absolutas e a segunda, conheça as “regras“, ou melhor, as convenções, para então
quebrá-las deliberadamente.
Um tema, uma cena ou até um mesmo motivo podem ser registrados de inúmeras
maneiras possíveis, decisões sobre o que incluir e o que excluir, de qual distância
e ponto de vista enquadrar, onde posicionar o motivo principal e os secundários,
entre muitos outros fatores a serem levados em consideração. Embora uma boa
fotografia esteja intimamente relacionada com a sensibilidade do olhar do fotógrafo
e não existam receitas prontas para produzi-la, a aplicação de alguns conceitos ou
convenções podem resultar em uma composição mais expressiva.
Uma vez que os conceitos compositivos são compreendidos, seu processo torna-
se fluido e inconsciente. David Prakel (2010) desenvolve o seguinte pensamento:
“Aprender fazer composição é igual a aprender uma língua: uma vez que
você aprende a língua, não pensa conscientemente sobre ela enquan-
to fala. Assim, o objetivo do fotógrafo é se tornar fluente na linguagem
da composição”.
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Luz
Embora nem sempre seja considerada um elemento formal, a luz é a condição
essencial para a fotografia, é a partir dela que se constrói a imagem fotográfica
(PHOTO = luz + GRAFIA = escrita). Na realidade, a luz é a condição necessária para
a própria percepção visual humana, percebemos e distinguimos todos os objetos ao
nosso redor pelas diferenças de cores, ou melhor, de tonalidades presentes no campo
visual. A cor e, por extensão, o tom são luz, como veremos a seguir. Na fotografia, é
geradora de espaço e responsável pela percepção dos demais elementos formais da
composição, seu uso ainda pode agregar significados diversos a uma imagem. A luz
pode ser classificada quanto a direção, gênero, qualidade e intensidade.
A direção corresponde ao posicionamento da fonte de luz em relação ao motivo
fotografado e é responsável por produzir as áreas iluminadas, definir as áreas de
sombras e evidenciar ou não detalhes e texturas em uma fotografia. A luz frontal
incide sobre a cena ou motivo a partir de onde a câmera está posicionada, como
o disparo de um flash, por exemplo, resultando em uma iluminação chapada,
sem sombras significativas e sem evidenciar texturas (Fig.01). Na contraluz, a luz
provem diretamente de trás do motivo, produzindo uma silhueta com um brilho
(Fig.02). As luzes laterais direita (Fig.03) ou esquerda (Fig.04), a superior (Fig.05)
e a inferior (Fig.06) projetam sombras, criam profundidade e evidenciam texturas.
Figura 01 - Robert Mapplethorpe. Orchild, 1983 Figura 02 - Robert Mapplethorpe. Flower, 1985
Fonte: mapplethorpe.org Fonte: mapplethorpe.org
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Figura 03 - Robert Mapplethorpe. Leaf, 1987 Figura 04 - Robert Mapplethorpe. Orchild, 1982
Fonte: mapplethorpe.org Fonte: mapplethorpe.org
Figura 05 - Robert Mapplethorpe. Calla Lily, 1986 Figura 06 - Robert Mapplethorpe. Leaf, 1987
Fonte: mapplethorpe.org Fonte: weinstein-gallery.com
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Quanto à qualidade, a luz pode ser dura ou suave. Luz dura é a que incide
diretamente sobre o motivo e forma sombras bem marcadas e nítidas,
proporcionando um forte contraste de tons claros e escuros (Fig.09). A luz suave
corresponde à iluminação difusa que forma sombras sutis e sem contornos nítidos,
já que não é possível identificar com precisão em que pontos elas começam ou
terminam (Fig.10).
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Figura 09 - Bill Brandt. Nude, London, 1952 Figura 10 - Bill Brandt. Nude, London. 1954
Fonte: billbrandt.com Fonte: billbrandt.com
Cada um destes fatores exerce uma influência direta sobre os elementos formais,
definindo a maneira como serão percebidos e o resultado final da imagem. A luz
ou a iluminação de uma fotografia irá interferir na saturação e temperatura de suas
cores, no seu contraste de tons e determinar a definição das formas ao evidenciar,
minimizar ou mesmo eliminar detalhes e texturas.
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Cor
Cor é luz. Fotografar é escrever com a luz. Assim, a cor tem íntima ligação
com a fotografia, tanto pelas necessidades ou fatores técnicos como iluminação de
cena, sensibilidade do monitor da câmera digital, utilização de filtros e efeitos, entre
outros aspectos, quanto pelo seu poder expressivo.
Embora o preto e branco tenha dominado por muito tempo a fotografia artística,
a partir da década de 70, muitos fotógrafos passaram a explorar a cor em suas
produções ao reconhecer tanto seu valor estético quanto o seu potencial para
simbolizar ideias e gerar respostas emocionais.
Esteticamente, os princípios das harmonias de cores trabalhados em todas
as linguagens visuais aplicam-se também às composições fotográficas. As cores
análogas (aquelas que compartilham uma cor base em comum e estão próximas
nos círculo cromático) resultam em composições fotográficas harmônicas que
transmitem uma sensação de tranquilidade (Fig.13), enquanto as distantes ou as
complementares (aquelas opostas no círculo cromático), são contrastantes e criam
uma sensação de tensão (Fig.14), tornando a composição mais expressiva ou
destacando elementos específicos na fotografia.
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Um foco de cor em um fundo neutro
pode ser usado para aumentar o impacto
gráfico e criar um efeito dramático na com-
posição (Fig.15), enquanto uma harmonia
monocromática, que utiliza diferentes tona-
lidades de uma mesma cor, pode simplifi-
car e fortalecer a composição (Fig.16).
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Figura 19 - Nan Goldin. Suzanne and Philippe on the train, Long Island, NY, 1985
Fonte: artnet.com
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Figura 20 - Nan Goldin. Cookie in Tin Pan Alley, New York City, 1983
Fonte: artnet.com
A cor é um fenômeno originado pela luz, onde não existe luz, não existe cor. A luz solar é
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formada por ondas eletromagnéticas emitidas pelo sol e nossa resposta visual aos diferentes
comprimentos destas ondas luminosas provoca na mente a percepção das cores, sejam
elas emitidas diretamente por uma fonte luminosa (cor-luz ou aditiva) ou refletidas pela
superfície de um objeto (cor-pigmento ou subtrativa). Ainda que visível como branca, a luz
solar é composta por diversos comprimentos de ondas luminosas, cada uma correspondente
a uma cor do espectro luminoso, e todos os objetos possuem uma propriedade física
chamada de pigmentação que permite a absorção (ou subtração) de algumas ondas de luz
e a reflexão de outras, nós percebemos a cor de um determinado objeto através das ondas
de luz que são refletidas em nossos olhos.
A percepção das cores pelo nosso sistema visual, assim como pelas câmeras
fotográficas, ocorre através do sistema subtrativo, ou seja, pelas ondas de luz que
são refletidas em nossos olhos ou no material fotossensível do equipamento.
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Tom
Da mesma maneira que as superfícies absorvem determinados comprimentos
de ondas de luz e refletem aqueles que a nossa percepção interpreta como uma
cor, elas possuem uma claridade ou obscuridade relativa, ou seja, refletem luz
em quantidades distintas. O tom, também conhecido como tonalidade ou valor,
corresponde ao grau de luminosidade de uma cor, ou seja, o quanto ela parece
clara ou escura, e é definido pela quantidade de luz refletida.
Branco, preto e todas as gradações de cinza são considerados acromáticos e
diferem-se apenas pela quantidade de luz refletida. O branco, considerado como
a soma de todas as cores, reflete de maneira uniforme todos os comprimentos de
ondas de luz. O preto, considerado a ausência de cor, não reflete nenhuma onda.
E os cinzas refletem parcialmente todos os comprimentos de onda de luz, quando
uma pequena quantidade de luz é refletida, seu tom é escuro e quando uma grande
quantidade de luz é refletida, claro.
Todos os tons existentes de todas as cores correspondem de uma maneira
aproximada as gradações de uma escala tonal de cinzas, ou seja, não são nem mais
claros e nem mais escuros que o tom de cinza correspondente (Fig.21). Assim, os
tons variáveis de cinza presentes nas fotografias em preto e branco são substitutos
monocromáticos para a vasta gama de cores do ambiente natural e nos fazem
compreender de imediato uma representação monocromática do mundo real.
Por este motivo, o tom é um elemento muito importante tanto para a percepção
humana quanto para a fotografia.
Figura 22 - Ansel Adams. Rose and Driftwood, 1932 Figura 23 - Imogen Cunningham. Magnolia bud, 1929
Fonte: andrewsmithgallery.com Fonte: modernamuseet.se
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Explor
Como a tonalidade refere-se ao grau de luminosidade, uma fotografia que apresenta pre-
dominantemente tons escuros (do cinza médio para o preto) tem tonalidades baixas e geral-
mente sugere suspense, melancolia ou uma atmosfera sombria. É possível obter este efeito,
também chamado de low-key, compondo toda a imagem com cores predominantemente
escuras, com exceção para algumas pequenas áreas de contraste, ou mesmo com cores claras
e escuras, porém, neste caso todo o ambiente precisa ter muito pouca incidência de luz ou
uma iluminação de baixa intensidade seletiva, concentrada apenas em detalhes do motivo
principal, e nas demais áreas deve haver predomínio de sombras. E, ao contrário, imagens
com tons predominantemente claros (do cinza médio para o branco) têm tonalidades altas,
é mais luminosa e geralmente sugere serenidade e suavidade. Para este efeito, também
chamado de high-key, além compor toda a imagem com cores predominantemente claras,
com exceção para algumas pequenas áreas de contraste, é preciso que toda a cena tenha
uma iluminação de alta intensidade e praticamente não haja incidência de sombras.
Ponto
O ponto corresponde aos focos de atenção ou centros de interesse em uma
fotografia. Um único ponto evidencia-se em um fundo uniforme e chama toda a
atenção para si, transmitindo geralmente uma mensagem de isolamento (Fig.24).
Figura 24 - Martine Franck. Haute-Normandie Region, The “Les Petites Dalles” beach, 1973
Fonte: magnumphotos.com
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Uma linha virtual, conhecida como linha óptica, conecta os diversos pontos e
conduz o movimento do olhar dentro de uma composição (Fig.26).
Figura 26 - Martine Franck. Children’s library buit by the Atelier de Montrouge, Clamart, France,1965
Fonte: magnumphotos.com
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O posicionamento dos pontos no espaço compositivo pode influenciar a maneira como a
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Linha
A linha, elemento da linguagem visual essencial ao desenho e definido como a
trajetória de um ponto em movimento no espaço, raramente existe fisicamente na
natureza. Na fotografia, assim como na natureza, podemos considerar linhas reais
ou visíveis os limites entre áreas tonais distintas ou, ainda, motivos com formatos
lineares e contínuos, como postes ou o meio fio de uma calçada, por exemplo.
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
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Figura 30 - de Andreas Gursky. Shanghai, 2000
Fonte: moma.org
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Explor
Em uma composição fotográfica, tão importantes quanto as linhas reais ou visíveis, são as
virtuais ou invisíveis, como as linhas ópticas que conectam pontos diversos ligando áreas
distintas da imagem. Ambas são dinâmicas, conduzem o olhar aos pontos de interesse, podem
transmitir energia e/ou sugerir movimento e agregar significações peculiares às imagens.
Forma
A forma é um plano de contornos definido e descrito pela linha ou, ainda,
delineado por uma área de tom uniforme, que surge do contraste das diferenças
no campo e destaca a figura de um fundo. As 3 formas básicas são: o quadrado, o
círculo e o triângulo equilátero e, a partir das múltiplas possibilidades de combinação
entre elas, derivam todas as outras formas.
Assim como as linhas, as formas podem ser reais ou ópticas (quando criadas
pelo fechamento ou ligação entre os pontos de interesse) e a cada uma das formas
básicas se atribui uma grande quantidade de significados, por associação ou por
nossas próprias percepções.
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Figura 33 - Luiz Braga. Circo, 2008
Fonte: galerialeme.com
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Textura
Textura é a qualidade tátil de uma superfície, como áspera, lisa, rugosa, porosa,
ondulada etc. Porém, como os sentidos do tato e da visão estão intimamente
relacionados, não precisamos necessariamente tocar uma superfície para perceber
tal qualidade, apenas o contato visual pode nós sugerir uma sensação tátil, por
meio da associação ou da memória.
Na fotografia, a textura tátil do motivo torna-se visual, e este é um elemento
muito explorado na linguagem fotográfica para evocar emoções e fazer com que o
espectador senta uma aversão ou um prazer tátil.
Uma luz frontal e difusa ilumina uniformemente as pequenas depressões e
elevações de uma superfície texturizada, tornando-a menos evidente, enquanto uma
luz lateral, superior ou inferior projeta as sombras destas elevações, evidenciando
a textura.
Figura 35 - Edward Weston. Shell, 1927 Figura 36 - Edward Weston. Cabbage Leaf, 1931
Fonte: edward-weston.com Fonte: edward-weston.com
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Escala
A escala refere-se à relação métrica entre as grandezas dimensionais dos
elementos visuais.
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Dimensão e Movimento
O mundo é tridimensional e dinâmico, pessoas e objetos deslocam-se constante-
mente em um espaço real. A fotografia, por sua vez, enquadra apenas uma parte
selecionada deste mundo, congelando as relações espaciais e o tempo, em uma
representação bidimensional e estática, ainda assim, é capaz de sugerir a tridimen-
sionalidade e o próprio movimento em seu espaço real restrito (largura x altura).
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Figura 42 - Bill Brandt. Nude, Seaford, Figura 43 - Bill Brandt. Gull’s Nest, Figura 44 - Bill Brandt. Grand Union
East Sussex Coast, 1957 Midsummer Eve, Isle of Skye, 1947. Canal, Paddington, 1938.
Fonte: billbrandt.com Fonte: billbrandt.com Fonte: billbrandt.com
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Composição Fotográfica
O dicionário traz diversos significados para o verbo compor, entre eles: formar
(de várias coisas uma só), dar feitio ou forma a, arranjar, pôr em ordem, fazer parte
de e harmonizar-se.
Dadas tais definições, abordaremos os próximos tópicos, que correspondem a
seleção e organização dos elementos que irão integrar a imagem, como decisões
compositivas, ainda que alguns autores também os considerem como elementos for-
mais. Tal divergência não compromete o conteúdo dos nossos estudos, uma vez que,
independente da categorização dos termos, seus conceitos permanecem os mesmos.
Formato
Geralmente, a primeira decisão compositiva corresponde a escolha das
proporções e orientação do quadro que irá representar o tema, ou seja, o formato
da própria fotografia que poderá ser horizontal ou vertical ou, ainda, os menos
utilizados quadrado ou panorâmico.
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Figura 48 - Walter Firmo. Figura 49 - Walter Firmo Praia
Madame Satã na Lapa, 1975 Grande e Senzala, 1985
Fonte: galeriamariocohen.com.br Fonte: itaucultural.org.br
Enquadramento
O enquadramento corresponde à seleção e ao posicionamento dos elementos
(tanto o motivo principal como os secundários) dentro do quadro da fotografia.
São inúmeras as possibilidades e as decisões compositivas a serem tomadas
neste momento.
Por exemplo, suponha que você ira fotografar uma criança, agora imagine
como irá enquadrar o seu motivo principal. A qual distância fotografá-la? De
perto, enquadrando o corpo inteiro, meio corpo ou só o rosto? Ou de longe,
enquadrando também o entorno, um parque, por exemplo? Ela estará no primeiro
plano da imagem ou mais ao fundo? Em qual ângulo posicionar a câmera? Motivos
secundários também irão compor a foto (uma bola, um cachorro, outras crianças
etc)? Em que posições do quadro e em qual relação espacial com a criança? Será
que estas informações adicionais irão complementar o motivo principal ou podem
comprometer a clareza da foto? Está tudo bem equilibrado e a foto vai registrar
exatamente só o que se pretende mostrar ou... ops, a lata de lixo do parque está
no enquadramento. Deslocando um pouco o ponto de vista é possível eliminá-la
sem comprometer as demais decisões espaciais e compositivas já tomadas ou será
preciso recompor toda a imagem?
Um enquadramento equivocado é o grande erro compositivo que a maioria dos
fotógrafos amadores cometem. Olhamos para algo que consideramos incrível e,
sem maiores ou quase nenhuma avaliação, fotografamos. Quando mostramos a
foto para os amigos, precisamos descrever o que realmente estávamos vendo ali.
Isso ocorre simplesmente porque a câmera fotográfica não ”enxerga” da mesma
forma que os humanos. Somos impactados a todo momento por milhares de
informações visuais e, institivamente, desenvolvemos uma percepção visual seletiva,
enxergamos só o que precisamos ou o que queremos. Quando vemos aquela cena
incrível, estamos olhando só para o motivo específico que chamou nossa atenção
e abstraímos as demais informações e ruídos visuais. Quando alguém olha para
fotografia desta cena, vê um todo compositivo no qual todos os elementos presentes
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
no enquadramento formam uma única coisa, assim, o que para a sua percepção
visual pareceu incrível pode ter simplesmente desaparecido no meio de inúmeras
outras informações adicionais.
Plano
O plano é o principal componente do enquadramento e basicamente corresponde
à distância entre a câmera e o assunto que está sendo fotografado, levando-se em
consideração o tipo de objetiva e o zoom que está sendo utilizado.
• Plano Geral (Fig.50): consiste em um plano informativo que enquadra
espaços e cenas a longa distância e em sua totalidade, colocando a vista do
observador distante da imagem. Esse tipo de plano tem a função de apresentar
todo o ambiente ou cena, sem valorizar motivos isolados.
• Plano de Conjunto (Fig.51): é semelhante ao plano geral, mas dá uma
importância maior aos motivos (pessoas ou objetos), apresentando-os por
inteiro e sem isolá-los do ambiente ou cena.
• Plano Americano (Fig.52): é um plano de relações, no qual apenas parte
dos motivos são enquadrados. Nas fotografias de pessoas, a figura humana é
apresentada aproximativamente da altura dos joelhos para cima.
• Plano Médio (Fig.53): é o plano mais comumente utilizado nos retratos e
enquadra a figura humana aproximadamente do meio do busto para cima.
• Primeiro Plano (Fig.54): enquadra o motivo bem de perto, aproximando-o
do espectador e geralmente isolando-o do seu entorno. Nas fotografias de
pessoas, apenas o rosto é enquadrado com o intuito de valorizar as expressões
ou demonstrar estados de espírito e emoções.
• Plano de Detalhe (Fig.55): todo o espaço do enquadramento é preenchido
por apenas um detalhe, uma parte do motivo isolada do entorno. Na fotografia
de pessoas, pode enquadrar parte do rosto, mãos, pés, um detalhe do figurino
ou um acessório etc.
Figura 50 - Sebastião Salgado. Virunga Park on the border of Rwanda and the Democratic Republico f Congo, 2004
Fonte: icce.rug.nl
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Figura 51 - Sebastião Salgado. Dinka Cattleherders in South Sudan. Migrations (aperture, 2000)
Fonte: oscarenfotos.com
Figura 52 - Sebastião Salgado. The Natinga School camp for displaced Sudanese, 1995
Fonte: oscarenfotos.com
Figura 53 - Sebastião Salgado. Child woeker at the Mata tea plantation Rwanda, 1991
Fonte: tokyoweekender.com
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Figura 54 - Sebastião Salgado. Uma mulher malnutrida no hospital de Gourma Rharous, Mali, 1985
Fonte: oscarenfotos.com
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• Angulação Inclinada (Fig.59): enquadra a cena de forma oblíqua, suge-
rindo uma certa instabilidade e tornando a imagem mais dinâmica.
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Embora possa proporcionar composições atraentes, centralizar o motivo
também pode tornar as imagens carentes de tensão, desta forma, o equilíbrio nem
sempre precisa ser obtido a partir de um eixo central (equilíbrio simétrico). Motivos
deslocados (equilíbrio assimétrico), ainda que sutilmente, como para posicionar o
olho dominante no centro do enquadramento (Fig. 61), mudam o eixo visual da
composição e a tornam mais dinâmica.
Figura 61 - Steve McCurry. Shwedagon, Pagoda, Burma, Myanmar, Rangoon, Yangon, 2010
Fonte: magnumphotos.com
O foco de atração ou centro de interesse de um retrato tende a ser o olho, assim como a
Explor
linha virtual mais forte em uma composição corresponde ao olhar, institivamente, sempre
olhamos na direção em que as outras pessoas estão olhando.
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Figura 63 - Steve McCurry. Bangladesh, 1983
Fonte: magnumphotos.com
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O aproveitamento de quadros ou molduras já existentes no enquadramento
também é um recurso comumente utilizado. Um grande artifício a ser explorado na
composição, emoldurar motivos menores dentro de algo maior pode evidenciá-los
dentro do enquadramento (Fig. 66).
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Figura 68 - Steve McCurry. Taj and train,1983
Fonte: magnumphotos.com
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UNIDADE Elementos Formais e Composição
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Walter Fotografias
http://www.walterfirmo.com
Edward Weston
http://edward-weston.com
Bill Brandt Archive
http://www.billbrandt.com
James Casebere
http://www.jamescasebere.com
Steve McCurry
http://stevemccurry.com/
Luiz Braga
http://goo.gl/KJVdGI
Magnum Pro
www.magnumphotos.com
Livros
Composição - De Simples Fotos a Grandes Imagens
EXCELL, Laurie. Composição - De Simples Fotos a Grandes Imagens. Alta Books:
Rio de janeiro, 2012.
As regras da fotografia: e quando quebrá-las
KAMPS, Haje Jan. As regras da fotografia: e quando quebrá-las. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
Composição
PRAKEL, David. Composição. Porto Alegre: Bookman, 2010.
Vídeos
9 Consejos de composición fotográfica (ft. Steve McCurry)
http://goo.gl/DZGBb8
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Referências
ANG, Tom. Fotografia digital – Uma Introdução. São Paulo: SENAC, 2012.
DONDIS, D. A. Sintaxe da Linguagem Visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PRAKEL, David. Fundamentos da fotografia Criativa. São Paulo: Gustavo Gili. 2012.
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