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Escola de Minas
Departamento de Engenharia de Produção, Administração e Economia
Professor Jaime Antonio Sardi
Disciplina: Psicologia Social das Organizações e Org e Administração I.
Cultura Organizacional
Já uma definição mais elaborada pode ser encontrada em Edgard Schein (1984):
Através dos valores expressados podemos saber quais questões são tratadas com prioridade
naquela empresa: algumas priorizam a exportação, outras priorizam estratégias de longo
prazo, outras preferem rentabilidade imediata, etc...
Também através dos valores se pode saber quão longe alguém pode ascender numa
organização: Se o desenvolvimento de produtos é a área dominante, as pessoas mais
talentosas irão trabalhar nos laboratórios de desenvolvimento de novos produtos. Se o
serviço de atendimento ao consumidor é um valor importante, os empregados de maior
ambição e agressividade não irão preferir a área financeira. As recompensas nas áreas
valorizadas são mais atraentes.
Via de regra, a despeito de que cada empresa “personalize” seus valores, as seguintes
características são comumente encontradas:
- Importância do consumidor.
- Padrão excelente de desempenho.
- Qualidade e inovação.
- Importância da motivação intrínseca (que vem de dentro da empresa) dos empregados.
3 – Ritos, Rituais e Cerimônias: Segundo Deal & Kennedy (1982), “Os ritos, rituais
e cerimônias são exemplos de atividades planejadas que têm consequências práticas e
expressivas, tornando a cultura organizacional mais tangível e coesa.”
Exemplos:
1 – Um trote (hazing rite) feito para um jovem engenheiro recém admitido na General
Electric é clássico na literatura organizacional. Formado no MIT, ele apresentou-se ao
trabalho no primeiro dia de serviço vestindo seu terno mais novo, anel de graduação, pasta
de executivo da melhor marca, etc. Foi cumprimentado por um supervisor idoso que
imediatamente lhe deu uma vassoura e disse-lhe para limpar o chão. Ele obedeceu. Mais
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tarde, quando o jovem ficou famoso, declarou que esta foi uma das melhores lições que
teve em sua vida.
b – Ritos de Degradação: Usados para dissolver identidades sociais e retirar seu poder,
como nos casos de demissão, afastamento de alto executivo, “ encostar alguém”, denunciar
falhas ou incompetências publicamente.
5 – Tabus: representam temas que não devem ser falados, de coisas que não funcionam,
ou que evocam lembranças trágicas para um grupo ou organização.
Exemplos:
1 - Deal & Kennedy falam de tabus envolvendo discriminação na sociedade americana.
Um caso é das mulheres que trabalham em ambiente tipicamente masculino. Não tendo
acesso a círculos restritos como drinques, jantares de negócio, acesso ao Presidente, elas
acabam por não conseguir desempenhar integralmente, em comparação aos homens, suas
atividades.
2 - Na Atari certa ocasião houve falsificação de video-games com apelos sexuais e depois
o logotipo foi associado com seitas demoníacas.
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Há heróis natos: Tom Watson da IBM, Will Durant da GM, John Rockfeller da Standard
Oil, Henry Ford da Ford, Pierre DuPont da DuPont.
Há heróis criados: são pessoas que vencem desafios dentro da organização, assumindo o
palco durante um determinado tempo. São exemplos o “administrador do ano”, “campeão
de vendas”, “inventor do ano”, etc.
- tornam o sucesso atingível e humano. Outros membros podem seguir seus exemplos;
- fornecem modelos. A fundadora da Mary Kay Cosmetics, Mary Kay Ash, acredita que
pode oferecer-se como modelo para as funcionárias, e o faz. Ela treina as vendedoras
não simplesmente para serem suas representantes de vendas, mas para fazê-las acreditar
que são Mary Kay.
Enquanto os heróis criados fornecem modelos para o dia-a-dia, os heróis natos têm uma
influência mais ampla, duradoura e filosófica.
Nas últimas duas décadas cresceu o número de livros sobre organizações, com
especial destaque para o papel dos seus fundadores. Muitos livros viraram best-sellers.
Constituem-se em fonte interessante para se pesquisar a cultura organizacional. Aqui na
nossa Universidade existe um livro apologético sobre a História da Escola de Farmácia e
seus fundadores.
Em síntese, desse primeiro período, a “Folha”, procuirou ser a ponte, tal como
ele a concebia, e o Governo. A ‘obrigação’ de criticar servia de pedra angular da
filosofia de trabalho de Olival e seu grupo.
Nos anos 80, durante as greves de bancários na praça financeira paulistana, ficavam os
analistas, sociólogos, psicólogos e sindicalistas intrigados sobre as razões que faziam com
que os funcionários pior remunerados, exatamente do BRADESCO, fossem os últimos a
aderir às greves, quando aderiam. Ao inverso, os funcionários do BANESPA, BB, CEF, e
NOSSA CAIXA, melhor remunerados, eram os primeiros a aderir às greves.
A – O recrutamento é feito sobre indivíduos oriundos das classes médias baixas e que
tenham alguma religião. O motivo tem a ver com a crença de que os empregados das
classes médias baixas serão ‘eternamente’ gratos ao Banco BRADESCO que lhes proveu
um meio de ganhar a vida: o emprego. No caso da religião, o pressuposto é que quem
possui uma já tem um ‘treinamento’ em autodisciplina, “domesticação”, submissão, está a
meio caminho para uma completa integração ao mundo trabalho.
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C – A direção do Banco nega que realize lucros sobre o trabalho dos empregados. Afirma
que sempre reinveste os lucros. Vejamos o seguinte relatório da presidência:
3 – Dentro da convicção de que ‘só o trabalho pode produzir riquezas’, agir com
plena dedicação ao mesmo, com todo meu amor, minha disciplina e justa
humildade;
Local, data:
Assinatura do Empregado
Obs – A despeito de todas as críticas possíveis, este documento tem a vantagem (para
efeitos de estudar a cultura organizacional do maior Banco privado do país) de ser
registrado escrituralmente. É um documento que fala por si. Em outras organizações
acontece ‘capturas’ e ‘moralização’ das classes de baixa renda de forma menos explícitas,
não documumentadas.
Bibliografia
ROCHA FILHO, Milton – Amador Aguiar pede maior desconcentração econômica. In:
Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 8 nov. 1981.
DEAL, Terrence & KENNEDY, Alan – Corporate Culture: the rites and rituals of corporate
life. Massachusets: Addison-Wesley, 1982.