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LINHAS DA HISTÓRIA 12

HISTÓRIA A – 12.º ANO – TESTE DE PREPARAÇÃO PARA O EXAME NACIONAL 2016


Inclui questões sobre conteúdos de aprofundamento dos módulos 2 (10.º ano), 6 (11.º ano), 8 e
9 (12.º ano).

GRUPO I – PORTUGAL NA IDADE MÉDIA: POVOAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PODER

DOC. 1 – A CONCESSÃO DA CARTA DE FORAL AOS HABITANTES DE PENAMACOR, 1209


Em nome de Deus. Esta é a carta [de foral] que mandei fazer, eu, Sancho, pela graça de Deus rei de Portugal, […]
para vós, habitantes de Penamacor, tanto os presentes como os vindouros. Em primeiro lugar, concedemos-vos por
foro que duas partes dos cavaleiros tomem parte no fossado real uma vez por ano e que a terceira parte permaneça
na vila com todos os peões. E o cavaleiro que não estiver no fossado com o rei pague para a fossadeira 10 soldos.
E aquele que cometer homicídio pague 30 morabitinos ao queixoso pelo homicídio. E o queixoso entregue a sétima
parte dessa quantia ao paço. E se alguém for morto em legítima defesa nada paguem por ele. E se alguém
arrombar uma casa, passando o limiar com armas, […] com escudos, com lanças, ou com espadas, ou com cutelos,
ou com alhos-porros, ou com pedras, pague 500 soldos ao queixoso, e a sétima ao paço. […] A testemunha falsa e
o mentiroso reincidente paguem 60 soldos e a sétima ao paço e sejam expulsos do concelho. […] Quem tiver uma
quinta e uma junta de bois e dez ovelhas e um burro e dois leitos compre um cavalo. A mulher que abandonar o seu
marido […] pague ao seu marido 300 soldos e a sétima
ao paço. Quem surpreender a sua mulher em adultério
conhecido abandone-a e fique com todos os seus bens, e
pague 1 dinheiro ao juiz. […] Quem bater numa mulher
alheia pague-lhe 60 soldos, se for casada. E se ela não
for casada, pague 30 soldos e a sétima ao paço e seja
inimigo dos seus parentes. […] As tendas, os moinhos e
os fornos de Penamacor estejam livres de todo o foro. […]
Os habitantes de Penamacor não sejam mordomos nem
serviçais contra a sua vontade […]. Os homens de
Penamacor não deem pousada contra a sua vontade. […]
Os homens de Penamacor não paguem portagem em
todo o nosso reino. Casa da Câmara e pelourinho de Penamacor.

1. Selecione, com base no documento 1, a opção correta para cada uma das seguintes afirmações:
1. Ao conceder “a carta [de foral] […] para vós, habitantes de Penamacor”, o rei D. Sancho estava…
(A) a instituir um concelho.
(B) a organizar um senhorio.
(C) a convocar um conselho régio.
(D) a promulgar uma lei.
2. Para além de conceder cartas de foral o rei “Sancho, pela graça de Deus rei de Portugal” podia doar
terras aos nobres e aos clérigos o que permitiu…
(A) a divisão administrativa do reino.
(B) a formação de reservas senhoriais.
(C) a criação dos reguengos da Coroa.
(D) a criação de senhorios no reino.
3. A carta de foral de Penamacor, tal como outros forais de cidades e vilas do reino, era um documento
importante para o povoamento do território português porque…
(A) definia os poderes do rei e dos senhores sobre os habitantes da cidade ou vila que recebia o
foral; limitava os direitos dos habitantes da cidade ou vila; definia os impostos a pagar pelos
habitantes; instituía um domínio senhorial.
(B) criava ou regulamentava uma comunidade de homens livres a quem concedia autonomia;
estabelecia os impostos e os privilégios dos moradores; defendia os moradores dos abusos
senhoriais; atraía novos povoadores.
(C) instituía um domínio senhorial numa cidade ou vila; regulamentava a administração controlada
pelo rei; concedia privilégios aos vizinhos que habitavam a cidade ou vila; isentava os habitantes
de todos os impostos régios.
(D) criava ou regulamentava uma comunidade de homens dependentes dos senhores; estabelecia
os impostos e os privilégios dos cavaleiros; defendia os moradores dos abusos senhoriais; atraía
novos povoadores para os domínios senhoriais.

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4. O foral de Penamacor estabelecia as normas que regulamentavam a vida dessa comunidade, no
século XIII, de que se destacam…
(A) a isenção de algumas obrigações; a obrigatoriedade do pagamento de impostos em dinheiro e
em géneros; as formas de governo e os magistrados; os direitos e obrigações dos vizinhos.
(B) a isenção de obrigações e do pagamento de impostos em dinheiro e em géneros; as formas de
governo e os magistrados concelhios, estabelecendo que todos os habitantes têm os mesmos
direitos.
(C) a isenção de algumas obrigações; a isenção do pagamento de impostos; as formas de governo
e os magistrados concelhios, estabelecendo que todos os vizinhos do concelho têm os mesmos
direitos.
(D) A isenção de algumas obrigações; a obrigação do pagamento de impostos; as regras de
intervenção do poder senhorial no concelho, com autoridade sobre todos habitantes têm os
mesmos direitos.
2. Nomeie a categoria social que, na hierarquia social desta comunidade, estava acima dos “peões”
(Doc. 1).

GRUPO II – PORTUGAL: DA CRISE DO REGIME MONÁRQUICO À IMPLANTAÇÃO DA PRIMEIRA


REPÚBLICA

DOC. 1 – A CRISE DA MONARQUIA EM PORTUGAL NA VIRAGEM DO SÉCULO


Em pouco mais de um ano de reinado [de D. Manuel II], já três governos presidiram aos destinos do país. A sua
ação, porém, nenhuma influência exerceu ou exerce sobre a marcha da vida nacional. Se a anterior situação era
má, a atual não é melhor. […] Nada mudou. Só o rei é que é outro. […] A crise agrava-se […]. Não há crédito, quase
não há comércio, a indústria definha, a questão agrícola não encontra solução e, por fim, o desequilíbrio financeiro e
a mancha negra do analfabetismo coroam a precária situação da nacionalidade.
Jornal O Trabalho, 25 de abril de 1909.

DOC. 2 – A DIVULGAÇÃO DOS IDEIAS REPUBLICANOS


A data afrontosa – 11 de janeiro de 1890 – não poderá mais ser esquecida, porque […] fixa o momento da
convulsão profunda e da crise decisiva em que se acha a nação portuguesa. […] esse facto veio evidenciar à mais
sinistra luz: que a monarquia é incapaz de manter a integridade do território português e a dignidade da sua
autonomia; que os governos monárquicos que se têm sucedido no poder […] esgotaram esterilmente as forças
económicas deste país, deixando-o desarmado e sem recursos para uma resistência natural contra a mais leve
agressão estrangeira […]. A monarquia não tem apoio moral; mantém-se apenas pela indiferença geral. […] O que é
a República, senão uma nacionalidade exercendo por si mesmo a própria soberania, intervindo no exercício normal
das suas funções e magistraturas? No estado atual da crise só existe uma solução nacional, prática e salvadora
[…].

Lisboa, 11 de janeiro de 1891. O Diretório do Partido Republicano Português, O Século, 12 de janeiro de 1891, pp.
1-2.

1. Enuncie, com base nos documentos 1 e 2, três dos problemas político-económicos que se
faziam sentir em Portugal na viragem do século.
2. Transcreva duas afirmações do documento 2 que revelam que o Ultimato contribuiu para
acentuar o descrédito da monarquia.
3. Nomeie o acontecimento que, segundo os republicanos, se assumia como “uma solução
nacional, prática e salvadora”.

GRUPO III – DO PERÍODO MARCELISTA À ECLOSÃO DA REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL DE 1974

DOC. 1 – A PERSPETIVA SOBRE A LIBERALIZAÇÃO DO REGIME SEGUNDO MARCELLO CAETANO (1972)


Não ocupa o ultramar também, e sempre, um lugar muito especial nas nossas preocupações – e no nosso coração?
[…] Centenas de milhares de jovens soldados passaram nestes últimos dez anos pelas terras de África […] e lá
defenderam com risco de vida […] um solo […] que os portugueses arrancaram à estagnação e à barbárie para nele
construir sociedades civilizadas e abrir os sulcos de desenvolvimento económico e cultural. […] As terras que hoje
formam o ultramar português já não poderão mais deixar de ser lusíadas. […] Devo dizer […] que […] me manifestei

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sempre favorável à inclusão, nas suas listas [Ação Nacional Popular], de elementos jovens, representativos de
correntes recém-aparecidas na vida nacional que não estivessem em oposição ao regime. Mais do que isso,
continuo a considerar útil e necessária a presença na Assembleia Nacional de elementos que participem na viva e
efetiva discussão dos problemas e nele introduzam a controvérsia dos princípios […]. A Ação Nacional Popular
preocupa-se fundamentalmente com a segurança, o bem-estar e o progresso do povo português. E com essa linha
de rumo tem o governo procurado conciliar a sua atuação. […] De acordo com um plano traçado e rigorosamente
cumprido, sucederam-se as reformas e procurou-se renovar […]. Não satisfará os que desejariam uma liberalização
imediata e tão ampla que deixasse caminho aberto à revolução […].
Discurso de Marcello Caetano na Conferência Nacional da ANP, 28 de fevereiro, 1972.

DOC. 2 – A PERSPETIVA SOBRE A LIBERALIZAÇÃO DO REGIME, SEGUNDO FRANCISCO SÁ CARNEIRO*


(1973)
Tinha o dever de procurar contribuir para a alteração de um estado de coisas com que não concordava […]. Tinha a
obrigação de corresponder ao convite que me foi feito para participar nas reformas tendentes à liberalização do
regime e à institucionalização do apregoado pluralismo político, a meu ver condições mesmas do progressivo
desenvolvimento e da crescente autonomia do Ultramar e da própria Metrópole. […] O que mais me preocupou, ao
longo destes quatro anos, foi a questão dos direitos e liberdades da pessoa humana […]. Contra o que se tem
afirmado, não considero que a guerra nas províncias ultramarinas justifique a inexistência das liberdades públicas e
dos direitos cívicos. […] Foi-se impondo na Assembleia e nas Comissões a disciplina da Ação Nacional Popular,
progressivamente mais rígida e intolerante, o que teve como efeito o isolamento daqueles que, fiéis ao programa
eleitoral de 1969, prosseguiam na defesa do pluralismo, da liberalização e da democratização. […] Fomos
intencionalmente reduzidos a uma oposição a que eram negadas quaisquer possibilidades de discutir os seus
projetos. […] Este retrocesso político traduz, a meu ver, uma reação de autodefesa do regime […].

* Deputado independente, da “ala liberal” da Assembleia Nacional (1969-1973), cofundador do PPD (1974) e
primeiro--ministro (1980).

1. Explicite, com base no documento 2, três das críticas expressas pelo autor, reveladoras de que
a política de Marcello Caetano foi uma continuidade do regime salazarista.
2. Compare as duas perspetivas acerca da liberalização, expressas nos documentos 1 e 2, quanto
a três dos aspetos em que se opõem.
3. Nomeie duas das primeiras medidas tomadas pela Junta de Salvação Nacional, logo após o 25
de Abril de 1974, que concretizaram as revindicações expressas por Sá Carneiro.

GRUPO IV – MUDANÇAS SOCIOPOLÍTICAS E ECONÓMICAS NO MUNDO GLOBALIZADO


DOC. 1 – O IMPACTO DA GLOBALIZAÇÃO NOS PAÍSES
A abertura ao comércio internacional ajudou muitos países a crescer muito mais rapidamente do que teriam crescido
noutras circunstâncias. O comércio internacional fomenta o desenvolvimento económico quando as exportações de
um país impulsionam o seu crescimento económico. […] Graças à globalização, muita gente no mundo hoje vive
mais tempo do que antes, e o seu nível de vida é muito superior. Talvez no Ocidente se considere que os baixos
salários pagos pela Nike são uma exploração, mas para muita gente do mundo em desenvolvimento, trabalhar
numa fábrica é uma opção melhor do que ficar no campo a cultivar arroz. A globalização reduziu a sensação de
isolamento vivida ainda em muitos países em desenvolvimento e permitiu que uma grande parte da sua população
tivesse acesso a um nível de conhecimento que não estava ao alcance nem mesmo dos mais ricos de qualquer país
há um século. Os protestos contra a globalização são eles próprios consequência deste relacionamento. Foram
estas ligações entre os ativistas de diversas partes do mundo, sobretudo as que se forjaram através da internet, que
exerceram pressões das quais resultou o tratado internacional de minas antipessoais […], obrigou a comunidade
internacional a perdoar as dívidas de alguns países mais pobres. As empresas estrangeiras que se instalam num
país podem afetar os interesses das empresas públicas protegidas, mas também favorecem a introdução de novas
tecnologias, o acesso a novos mercados e a criação de novas indústrias. […] Mas para muita gente dos países em
desenvolvimento, a globalização não trouxe as prometidas vantagens económicas. Um fosso cada vez maior entre
os que têm e os que não têm lança para a pobreza mais negra um número crescente de pessoas no Terceiro
Mundo […]. Se a globalização não conseguiu reduzir a pobreza, também não conseguiu garantir a estabilidade. As
crises na Ásia e América Latina ameaçaram a economia e a estabilidade de todos os países em desenvolvimento.

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[…] Durante algum tempo, entre 1997 e 1998, a crise asiática deu mostras de constituir uma ameaça para toda a
economia mundial.
Joseph E. Stiglitz, Globalização – a grande desilusão, Terramar, Lisboa, 2002, pp. 40-42.

DOC. 2 – OS DESAFIOS DA GLOBALIZAÇÃO COLOCADOS AO ESTADO-NAÇÃO


Tentar um olhar prospetivo para o futuro do Estado-Nação no século XXI exige a clarificação deste conceito, que por
si só merece um ensaio político-filosófico de várias horas. Para simplificar o nosso ponto de partida e as nossas
análises, vamos referir que o Estado tem o poder legítimo, tanto dentro como fora. Ele aplica as leis e representa um
povo na cena internacional. […] [mas a globalização que] começou após a Segunda Guerra Mundial, acelerou
desde a queda do Muro de Berlim e do fim do mundo bipolar, sob a influência da era da digitalização que
revolucionou a tecnologia da informação, comunicação e transporte, reduzindo os custos e ignorando fronteiras […]
implica duas tendências básicas que afetam os Estados-Nação. Primeiro, o desafio de ser posto em causa pelo
sopro de abertura que se espalha pelo mundo inteiro. Mas também pela ideia de que o declínio no Estado-Nação
toma vigor […]. A cooperação pacífica dos Estados, no âmbito das organizações internacionais de vocação geral ou
regional, mas também pelo aumento de outros atores informais, levou à criação do conceito de “comunidade
internacional” baseada em valores universais, […] a margem de manobra dos Estados está diminuída; às vezes são
forçados a agir contra a sua vontade. Assim, alguns Estados são obrigados a intervir militar ou financeiramente para
enfrentar problemas humanitários ou políticos distantes. A informação em tempo real na aldeia global tenta
constantemente formar uma opinião, ou seja, uma consciência global. Esta evolução é considerada, com razão,
positiva. […] A moda é a globalização dos valores que todos declaram universais. O respeito pelos direitos
humanos, a proteção das minorias e solidariedade para com os mais fracos foi, sem dúvida, beneficiada. […] o
Estado-Nação está perante uma renovação.
M. Jean-Dominique Giuliani, L’Etat-nation dans la globalisation au XXI ème siècle, 3 de dezembro de 2007 [tradução
adaptada].
DOC. 3 – AS AMEAÇAS À SEGURANÇA NO MUNDO GLOBALIZADO

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DOC. 4 – A ORIGEM GEOGRÁFICA DAS 500 MAIORES TRANSNACIONAIS (2010)

1. Refira, a partir do documento 1, três das iniciativas que têm mobilizado “os protestos contra a
globalização”.
2. Associe os elementos relacionados com a globalização, presentes na coluna A, à designação
correspondente que consta na coluna B.
COLUNA A COLUNA B

(A) Processo que fez do mundo uma comunidade global, sobretudo a partir de finais do (1) Neoliberalismo
século XX em consequência do desenvolvimento das tecnologias de informação e de
comunicação, e da redução das barreiras alfandegárias. (2) Deslocalização

(B) Designação das empresas que operam à escala global, apostando num modelo (3) Globalização
empresarial em que os capitais, a conceção, o fabrico e a comercialização dos produtos
abrangem diferentes países do mundo. (4) Organização
Mundial do Comércio
(C) As empresas apostam num modelo descentralizado aproveitando as vantagens
específicas das regiões e, com vista a diminuir os custos de produção e a aumentar os (5) Acordo Geral de
lucros, transferem algumas ou a totalidade das fases de produção para diversas regiões tarifas e Comércio
do mundo.
(6) Multinacionais
(D) Defende a alterglobalização como alternativa à economia global, tendo em vista uma
maior justiça e equidade, valorizadora da diversidade cultural e do respeito pelo (7) Fórum Económico
ambiente. e Social

(E) Modelo político e económico adotado a partir do final dos anos 70, que renova o (8) Fórum Social
liberalismo clássico do século XIX, defende a conceção de Estado mínimo e valoriza o Mundial
investimento privado como meio de crescimento económico.
3. Desenvolva o seguinte tema:
O mundo globalizado e o novo papel do Estado-Nação: problemas e desafios.
A sua resposta deve abordar, pela ordem que entender, três aspetos para cada um dos seguintes tópicos
de desenvolvimento:
- a globalização e o seu impacto;
- a globalização e os problemas transnacionais;
- os instrumentos da globalização.
Deve integrar na resposta, para além dos seus conhecimentos, os dados disponíveis nos documentos 1 a
4.

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FIM
I.1 I.2 II.1 II.2 II.3 III.1 III.2 III.3 IV.1 IV.2 IV.3 TOTAL
10 5 20 10 5 30 30 10 20 10 50 200

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