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MEDICINA LEGAL

ANTROPOLOGIA FORENSE

Por Roberto Lobo


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SUMÁRIO

1 CONCEITO DE ANTROPOLOGIA....................................................................................................3
2 IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO.....................................................................................................3
3 IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL E IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA.....................................................5
3.1 IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL............................................................................................5
3.1.1 IDENTIFICAÇÃO DA ESPÉCIE...........................................................................................6
3.1.2 IDENTIFICAÇÃO DA RAÇA...............................................................................................6
3.1.3 IDENTIFICAÇÃO DO SEXO...............................................................................................9
3.1.4 IDENTIFICAÇÃO DA IDADE............................................................................................12
3.1.5 DETERMINAÇÃO DA ESTATURA....................................................................................13
3.1.6 IDENTIFICAÇÃO PELOS DENTES:...................................................................................14
3.1.7 IDENTIFICAÇÃO PELO DNA...........................................................................................14
3.1.8 PALATOSCOPIA............................................................................................................15
3.1.9 QUEILOSCOPIA.............................................................................................................15
3.1.10 IDENTIFICAÇÃO POR SUPERPOSIÇÃO DE IMAGENS......................................................15
3.1.11 SINAIS QUE AUXILIAM NA IDENTIFICAÇÃO...................................................................17
3.2 IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA................................................................................................16
3.2.1 ASSINALAMENTO SUCINTO..........................................................................................17
3.2.2 FOTOGRAFIA SIMPLES..................................................................................................17
3.2.3 FOTOGRAFIA SINALÉPTICA...........................................................................................18
3.2.4 RETRATO FALADO........................................................................................................18
3.2.5 SISTEMA DATILOSCÓPICO DE VUCETICH.......................................................................18
4 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................26
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ATUALIZADO EM 30/11/2017

ANTROPOLOGIA FORENSE

Caros alunos e alunas Ciclos, elaborei este material me baseando principalmente em questões
voltadas para os cargos da área jurídica. Percebi que o nível das questões direcionadas aos médicos-
legistas e peritos são bem diferentes das apresentadas para Delegados e Promotores. O material está
bastante completo e supre perfeitamente o estudo para cargos jurídicos.

1 CONCEITO DE ANTROPOLOGIA

Antropologia forense é a aplicação legal da ciência antropológica com o intuito de ajudar na


identificação de cadáveres. Visa à identidade médico-legal e à identidade judiciária ou policial. O
exame antropológico tem por finalidade encontrar dados que subsidiem o laudo pericial com
elementos conclusivos, sobretudo sobre os dados biotipológicos (espécie, sexo, idade, etc).
Há variáveis que possibilitam a determinação, como espécie e sexo, pois existem apenas duas
possibilidades para a sua determinação (no caso da espécie, humana e não humana) e sexo (masculino
e feminino). Já as variáveis fenótipo/cor da pele, idade e estatura permitem apenas estimativas, em
virtude do grande número de possibilidades.
2 IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO

Primeiramente, faz-se necessário diferenciar identidade e identificação, posto que tais


conceitos são trocados pelo examinador, no intuito de confundir o candidato:
IDENTIDADE IDENTIFICAÇÃO
É o conjunto de elementos característicos de Processo técnico e científico empregado para
uma pessoa, que a individualiza, distinguindo-a determinar a identidade. É o método para obter
das demais. a identidade.

Atenção para não confundir identificação com “reconhecimento”, método previsto no CPP.
Reconhecimento é o método que a polícia utiliza na fase inquisitiva (fase de Inquérito). Blanco lembra
que o método reconhecimento é falho, pois é subjetivo, pessoal, e depende de vários fatores como
memória, visão e emoção de quem vai reconhecer.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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O método da identificação é objetivo, técnico e científico, sendo mais preciso. Por isso, o
perito não deve reconhecer, mas sim identificar (O exame no DNA, o exame na arcada dentária, não
são processos de reconhecimento, mas sim de identificação);
#PARAFIXAR – Reconhecimento é uma afirmação de um parente ou conhecido. Não é um método
seguro, científico. É diferente de identificação, que é um procedimento técnico, cientifico para
determinar a identidade

Um método de identificação adequado possui as seguintes qualidades técnicas e biológicas:


O elemento escolhidos como
UNICIDADE/INDIVIDUALIDADE identificador é específico para
cada indivíduo.

IMUTABILIDADE São características que não


mudam ao longo do tempo.
FUNDAMENTOS BIOLÓGICOS
Consiste na capacidade de
certos elementos resistirem à
PERENIDADE ação do tempo; permanecem
durante toda a vida e, até certo
tempo, após a morte.
Fácil de ser obtido e também de
PRATICALIBIDADE ser registrado.
FUNDAMENTOS TÉCNICOS
Pode ser arquivado, tornando
CLASSIFICABILIDADE fácil a busca do registro.

#CAIUEMPROVA
–Na prova para a PC-RO, em 2012, foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: Os fundamentos
técnico-biológicos utilizados em um método de identificação capazes de conferir-lhe credibilidade são
unicidade, imutabilidade, praticabilidade e classificabilidade.

-Para o concurso de Perito Federal, em 2013 , considerou-se INCORRETO: A imutabilidade, uma das
condições para que um método de identificação seja considerado aceitável, consiste em que
determinado elemento utilizado para identificação seja específico a um indivíduo e diferente dos
demais.
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Esse conceito é de unicidade.

Sendo o elemento identificador de uma pessoa registrado e arquivado, futuramente ele será
novamente colhido e registrado, se houver necessidade de identificação. Em seguida, os dois registros
serão comparados. Logo, o processo de identificação possui 3 fases:
1ª - Registro do elemento característico
2ª - Registro do mesmo elemento no momento em que se quer identificar
3ª - Comparação dos dois registros
Se não houver registro prévio do elemento característico, ou, se esse elemento não puder ser
obtido a partir de algum material da própria pessoa ou de familiares (como o DNA), para servir de 1º
registro, não servirá para identificação por não haver possibilidade de comparação!! Todo método de
identificação é comparativo.

3 IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL E IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA

Conforme os ensinamentos do professor França, a identificação divide-se em médico-legal e


judiciária.

3.1 IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL

Nesses procedimentos, exige-se, além dos conhecimentos médico-legais, também


entendimentos ciências acessórias. Sempre é feita por legistas. Vamos ver cada uma:

3.1.1 IDENTIFICAÇÃO DA ESPÉCIE

Através do estudo dos ossos e do sangue, possibilita diferenciar restos humanos de restos de
outras espécies. Obviamente, antes de qualquer outro procedimento, a principal preocupação é a
identificação da espécie.
Quanto aos ossos, pode ser feita de duas formas:
 Macroscopicamente - pela morfologia dos ossos ou dos dentes. Importante destacar a
clavícula, pois sua forma em “S” não se repete em nenhuma outra espécie animal.
 Microscopicamente - pela mensuração dos canais de Havers e dos osteoplastos. Os
canais de Havers são mais largos e em menor número nos humanos e mais estreitos,
redondos e numerosos os outros animais.

Humano Animal
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FORMA Oval Circular
LARGURA Mais largo Mais estreito
DENSIDADE Menos denso Mais denso
SOM À PERCUSSÃO Som abafado Som metálico
Quanto ao sangue, se for da espécie humana, ao ser submetido aos testes, indicarão o tipo
sanguíneo.

3.1.2 IDENTIFICAÇÃO DA RAÇA

São várias as dificuldades para estimar a cor da pele pelo esqueleto. Isso porque, além dos
tipos fundamentais, há uma enorme miscigenação. Desta forma, tal identificação possui valor relativo.
Os tipos étnicos fundamentais são: caucasianos, mongólicos, indianos, negroides e
australoides.

Pele branca ou trigueira; cabelos lisos ou crespos; louros ou castanhos; íris


TIPO CAUCÁSICO azuis ou castanhas; contorno crânio facial anterior ovoide ou ovoide-
poligonal; perfil facial ortognata e ligeiramente ptognata;
Pele amarela; cabelos lisos; face achatada de diante para trás; fronte larga
TIPO MONGÓLICO e baixa; espaço interorbital largo; maxilares pequenos e mento saliente;
Pele negra; cabelos crespos, em tufos; crânio pequeno; perfil facial
TIPO NEGROIDE prognata; fronte alta e saliente; íris castanhas; nariz pequeno, largo e
achatado; perfil côncava e curto; narinas espessas e afastadas, visíveis de
frente e circulares;
Não se afigura como um tipo racial definido. Estatura alta; pele amarelo-
trigueira, tendente ao avermelhado; cabelos pretos, lisos, espessos e
TIPO INDIANO luzidios; íris castanhas; crânio mesocéfalo; supercílios espessos; orelhas
pequenas; nariz saliente, estreito e longo; barba escassa; fronte vertical;
zigomas saliente e largos.
Estatura alta; pele trigueira; nariz curto e largo; arcadas zigomáticas largas
TIPO AUSTRALOIDE e volumosas; prognatismo

No Brasil, além do negro, do índio e do branco, devido à miscigenação, temos:


 Mulato – Branco com negro
 Mameluco – Branco com índio
 Cafuso – Negro com índio
Os principais elementos que caracterizam as raças são: primeiramente, a forma do crânio, o
índice cefálico (relação entre largura e comprimento do crânio) e o ângulo facial, depois as dimensões
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da face, o tipo do cabelo e a cor da pele. A estimativa é realizada predominantemente pela análise do
crânio.

Elementos que caracterizam as raças:


 Forma do crânio
 Índice cefálico (relação largura-comprimento do crânio) - a capacidade do crânio é
maior na raça branca, seguindo-se em ordem decrescente, a amarela e a negra.
 Ângulo facial (projeção da mandíbula ou maxilar para frente) – é máximo nos brancos
e mínimo nos negros
 Envergadura - os negros comumente tem os membros superiores mais longos em
relação aos inferiores. Assim, os índices tibiofemoral e radioumeral tem importância
para a identificação racial.
 Tipo de cabelo
 Cor da pele

Importante não se assustar com tanta informação. Ao se verificar como é cobrado o assunto
para os cargos da área jurídica, percebe-se que não há muito aprofundamento nos detalhes. Para
promotor de justiça nunca foi cobrado antropologia. Para Delegado, há apenas cinco questões,
havendo dificuldade apenas na do RJ, que veremos adiante. Cumpre observar que a maioria das
questões cobram a identificação datiloscópica, que estudaremos. Segue um exemplo de questão de
Delegado onde cobrou-se identificação de raça.
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#CAIUEMPROVA – Delegado de GO – 2013 - Em Antropologia Forense, os ângulos faciais (Jacquart,
Cloquet e Curvier) são determinantes para: A) Altura B) Idade C) Sexo D) Raça.
Gabarito: Letra D

3.1.3 IDENTIFICAÇÃO DO SEXO

Na pessoa normal ou no morto recentemente, é fácil a identificação do sexo. No entanto, há


situações onde a dificuldade é maior. Vejamos alguns exemplos:
 Casos de putrefação avançada, se houver destruição dos genitais. Assim como corpos
carbonizados. Importante registrar que é possível encontrar o útero preservado.
 Estados intersexuais, em que as anomalias dificultam a determinação do sexo
 Pseudo-hermafroditismo, que é quando o genital externo apresenta características dos
dois sexos
 Esqueleto, que visto em conjunto pode fornecer dados identificadores
Na medida em que os fenômenos cadavéricos transformativos (putrefação) vão surgindo, as
dificuldades vão se tornando maiores. No caso de esqueletizados o exame geral fornece alguns dados,
porém relativos, que por isso não podem ser tomados como definitivos.
Quando esqueleto, características que discriminam homens de mulheres não se manifestam
até a puberdade. Praticamente não há técnicas para determinar precisamente o sexo de um esqueleto
imaturo.
As partes que realmente fornecem subsídios de valor são (em ordem de importância):
 A pelve (BACIA)
 O crânio
 O tórax
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 O fêmur
 O úmero
 A primeira vértebra cervical

É a bacia (pelve) que fornece os caracteres diferenciais mais importantes. A bacia feminina
tem constituição mais frágil que a do homem e maiores os diâmetros transversais; a grande e a
pequena bacia, mais largas, o sacro mais baixo e côncavo somente na sua metade inferior, o ângulo
sacrovertebral mais fechado (107º), o forame obturador maior e triangular e o ângulo subpubiano
amplo, com cerca de 110º. A inclinação da sínfise vertical é menos pronunciada na mulher. As
dimensões verticais da bacia masculina sobrepujam as correspondentes da bacia feminina. A partir da
puberdade, o ângulo formado pela diáfise femoral e o plano dos côndilos é de 80º para o homem e de
76º para a mulher, conforme Sterwart e Washington.

O crânio e o tórax propiciam elementos de presunção. O crânio feminino tem a fronte mais
vertical, a articulação frontonasal curva, saliências ósseas e as apófises mastoides e estiloides menos
desenvolvidas que o crânio masculino. Modo geral, aceita-se a capacidade do crânio feminino
correspondendo a nove décimos da capacidade do masculino. O tórax na mulher tende à forma
ovoide, mais achatado no sentido anteroposterior, e no homem, à forma conoide. Na mulher, a
capacidade torácica é menor e as apófises transversas das vértebras dorsais mostram-se mais dirigidas
para trás.
HOMEM MULHER
Bacia (PELVE) mais estreita e mais funda Bacia mais larga e menos funda
Crânio mais espesso Crânio menos espeço
Tórax é cônico Tórax é ovoide
Dimensões musculares maiores Dimensões e as inserções musculares menos
pronunciadas
Sacro mais alto O sacro é mais baixo
Malares mais salientes São mais delicados. Extremidades articulares são
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de menores

#CAIUEMPROVA:
- Na PC-PIAUI, em 2012, foi considerado CORRETO: A melhor estrutura óssea para se fazer o
diagnóstico diferencial do sexo, quando se analisa uma ossada, é a bacia.

-Para a prova da PC-ES, em 2013, considerou-se CORRETO: Para a investigação do sexo no esqueleto,
as partes que mais fornecem subsídios de valor são a pélvis e crânio.

Para a prova de Delegado do RJ, especificamente, o nível das questões de medicina legal se
assemelha ao das de médico legista, como é possível verificar na questão acima. Para facilitar o
entendimento da questão, colocarei uma tabela diferenciando crânio masculino e feminino:
HOMEM MULHER
Fronte mais inclinada para trás Fronte mais vertical
Glabela salientes Glabela não saliente
Articulação frontonasal angulosa Articulação frontonasal curva
Rebordos supra-orbitários rombos Rebordos supra-orbitários cortantes
Apófises mastóides proeminentes Apófises mastóides menos desenvolvidas
Crânio mais pesado Crânio mais leve
Mandíbula mais robusta Mandíbula menos robusta
Cristas de inserções musculares mais Cristas de inserções musculares menos
acentuadas pronunciadas
Côndilos occipitais longos e delgados Côndilos occipitais curtos e largos
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3.1.4 IDENTIFICAÇÃO DA IDADE

As fases etárias da vida humana são as seguintes:


 Vida intrauterina: embrião, até o 3.º mês; feto, até o parto;
 Infante nascido: o nascido que ainda não recebeu cuidados higiênicos;
 Recém-nascido: o que, nascido, recebeu cuidados higiênicos;
 1ª infância: até os 7 anos;
 2.ª infância: dos 8 aos 11 anos;
 Adolescência: dos 12 aos 18 anos;
 Mocidade: dos 19 aos 21 anos;
 Idade adulta: dos 22 aos 60 anos;
 Velhice: dos 61 aos 80 anos;
 Senilidade: depois dos 80 anos.

No feto, a identificação é feita pelo aspecto morfológico e pela estatura. Do primeiro ao


terceiro mês de vida intrauterina, o crescimento é de 6 cm por mês. A partir do quarto mês, é de
5,5cm por mês.
Não é difícil distinguir-se uma criança de um adulto ou de um velho. É no período de transição
das fases etárias da vida humana que surgem as dificuldades, pois a aparência do indivíduo modifica-se
paulatinamente com o evolver dos anos. Vários são os parâmetros utilizados. Vejamos:
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Quanto à pele, o aparecimento de rugas, a partir de 25 ou 30 anos, é variável. Quanto aos
pelos pubianos, na mulher surgem aos 12 ou 13 anos, nos homens aproximadamente entre 13 e 15.
No globo ocular, a presença de faixa acinzentada ao redor da íris, chamada arco senil, ocorre:
 Em 20% das pessoas - na faixa de 40 anos
 Em 100% - na faixa acima de 80 anos
Portanto, esses parâmetros têm valor relativo na identificação da idade.
Os dentes também podem auxiliar na identificação. Os dentes passam por vários estágios de
desenvolvimento desde o útero até a idade adulta e esses estágios de desenvolvimento e erupção
podem ser usados para estimar a idade do indivíduo. Quanto mais jovem o periciando, melhor para
conseguir a aproximação da idade cronológica, porque são maiores as alterações que ocorrem nos
primeiros anos de vida.
O melhor método de identificação da idade é a radiografia dos osso, mais especificamente
do punho. Atualmente se aceita a Tabela de Grevlisch para determinar a idade das pessoas. Grevlisch,
ao radiografar os ossos dos braços das pessoas, chegou a um padrão de calcificação para determinar as
faixas etárias jurídicas. Esse processo de calcificação dos ossos se encerra com 21 (vinte e um) anos.
Temos 32 (trinta e dois) pontos de observação (ossos) para identificar a idade das pessoas no braço e
mão. É por isso que se adota essa parte do corpo para proceder a identificação: pela quantidade de
detalhes e variedade de pontos de observação. Os ossos das crianças e adolescentes apresentam uma
região constituída por cartilagem, que permite o crescimento.

3.1.5 DETERMINAÇÃO DA ESTATURA

No cadáver, as medidas são tomadas em decúbito dorsal, por dois planos verticais que
passam pelo vértice e pela planta dos pés. Deve-se deduzir 16mm da medida total, correspondente ao
achatamento natural dos discos intervertebrais sobre as cartilagens intra-articulares, e, no esqueleto
em posição normal, deve-se aumentar, nessa medida total, 6cm correspondentes às partes moles
destruídas.
Para fragmentos de ossos, a estimativa de estatura tradicionalmente baseia-se na
antropometria através da medição de ossos longos (fêmur, tíbia, fíbula, úmero, ulna e rádio) e na
análise posterior dos dados encontrados, comparando-os com tabelas originadas de estudos
específicos.
É possível também estimar a estatura através dos dentes, usando-se a técnica de Carrea.
#CAIUEMPROVA – Para Delegado de Polícia de RO, em 2009, foi considerada CORRETA a seguinte
afirmação: Identidade médico-legal é o conjunto de características apresentadas por um indivíduo que
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o torna único. Julgue os itens com base na identificação médico-legal. Medidas de dimensões de ossos
longos e comparações com tabelas podem dar ideia da estatura de indivíduos quando vivos.

3.1.6 IDENTIFICAÇÃO PELOS DENTES:

Importante principalmente nos carbonizados e esqueletizados. É possível desde que haja uma
ficha dentária prévia, que permita comparação. Ademais, os dentes também podem fornecer material
para a análise do DNA.

3.1.7 IDENTIFICAÇÃO PELO DNA

O DNA é uma molécula orgânica que contém a informação que coordena o desenvolvimento e
o funcionamento de todos os organismos vivos, sendo o responsável pela transmissão de
características hereditárias de cada espécie. Muito utilizado nas perícias de investigação do vínculo
genético para corpos desconhecidos, paternidade e análise de vestígios em locais de crime. Tem um
grande grau de unicidade, pois é praticamente impossível duas pessoas com DNA igual. Ademais, sua
probabilidade de acerto é de 99,99%. A probabilidade de existirem duas pessoas com o mesmo DNA é
de um em trilhões.
A variabilidade do DNA, que permite identificar o indivíduo se houver material para confronto,
está presente nas células de todos os tecidos. Já foi perguntado na prova da PC-SP, em 2014: está
presente em todas as células do corpo.
Como qualquer método de identificação, é necessário que haja registro prévio de DNA do
indivíduo que se quer identificar, para que haja a comparação. Uma vantagem do DNA em relação a
outros métodos é que, na ausência de material do próprio indivíduo, a análise de material dos
familiares pode suprir.

3.1.8 PALATOSCOPIA

Identificação pelo estudo das pregas palatinas (céu da boca), desde que haja molde prévio,
como em qualquer outro método de identificação. Não havendo elementos dentários, é outra boa
opção.
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3.1.9 QUEILOSCOPIA

Identificação feita, por exemplo, comparando-se manchas de batom em copos ou pontas de


cigarros com os sulcos dos lábios.

3.1.10 IDENTIFICAÇÃO POR SUPERPOSIÇÃO DE IMAGENS

Apesar de não ser um método seguro, pode ser usado quando falhar os métodos mais
significativos. Consiste na superposição de fotos do indivíduo tiradas em vida sobre a foto do esqueleto
do crânio. Destaca-se a altura de implantação das orelhas.
#CAIUEMPROVA – Delegado RJ – 2012 - A identificação de uma pessoa se define como um conjunto de
características que individualiza a pessoa, tornando-a diferente das demais. Sob esta óptica, o exame
de DNA, embora moderno e com alto grau de confiabilidade, não é suficiente para a determinação da
identidade, pois via de regra, essas análises são realizadas utilizando-se como material de comparação
amostras de familiares, sendo assim um método capaz de gerar o grau de parentesco e, não a
identidade propriamente dita, ou seja, pode determinar se um indivíduo é filho de alguém, mas não
qual dos filhos. Outras técnicas, científicas, ao contrário do exame de DNA, podem, isoladamente,
conferir a identidade a um cadáver, considerando a preexistência de parâmetros de comparação. Entre
essas técnicas, estão: Gabarito: foi considerada correta a alternativa que dizia: impressão
dactiloscópica, arcada dentária e sobreposição de imagens. Apesar de terem recorrido bastante desta
questão, a Funcab não anulou e apresentou a seguinte justificativa: Obviamente não existe uma única
técnica científica de identificação que possa atender a todo e qualquer caso em que morte é verificada.
As técnicas que são usualmente utilizadas, como a impressão dactiloscópica e o exame de arcada
dentária, são válidas para a imensa maioria dos casos como meio de produção de prova de
identificação. Os sinais particulares, tais como tatuagens, cicatrizes, amputações e estigmas
profissionais não seguem aos princípios básicos de identificação que são: a unicidade, imutabilidade e
praticidade. Não é possível, do ponto de vista científico, conferir identidade a um indivíduo
unicamente por ele possuir determinada marca ou tatuagem. Os sinais particulares, embora incapazes
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de, por si só, identificar o indivíduo, geralmente tem relevância como critério de exclusão no processo
de investigação médico-legal. Segundo Greco, o reconhecimento “Consiste em fazer-se a identificação
por meio de comparação empírica, sem utilizar nenhuma técnica de base científica.” Desta forma,
configura uma técnica subjetiva que não apresenta possibilidade de comprovação analítica por
diferentes pessoas em diferentes lugares. A sobreposição de imagens fotográficas e radiológicas
associada aos fundamentos de prosopometria é uma técnica científica aceita internacionalmente há
muitos anos, tendo servido inclusive para a identificação de nazistas foragidos. Esta técnica está sendo
cada vez mais utilizada devido ao acesso aos avanços no campo da computação gráfica. Como citado
no enunciado da questão, a existência de registros radiológicos prévios da pessoa, permite a sua
identificação através da sobreposição de radiografias. As mais utilizadas nesta situação são as
radiografias do crânio, dos ossos longos, dos dentes e da face, em particular dos seios paranasais.
Referências: 1. BLANCO, R. S. Apostila de Medicina Legal. Rio de Janeiro, 2000; ps. 368-369. 2. FRANÇA,
G. V. Medicina Legal. 6ª Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. Cap. 3, ps. 49-53. 3. GRECO, R.
Medicina Legal a Luz do Direito Penal e do Direito Processual Penal. 10 Ed. Rio de Janeiro, 2011; Cap. 2,
p. 40. 4. HERCULES, H.C. Medicina Legal – Texto e Atlas. 1ª Ed., São Paulo: Atheneu, 2005. Cap. 4, ps.
31- 35.

#CURIOSIDADE – A interpol separa os métodos de identificação em:


 Primários: as análises datiloscópica, dental e DNA e
 Secundários: descrições pessoais/achados médicos e as evidências e roupas encontradas com
as vítimas.

3.1.11 SINAIS QUE AUXILIAM NA IDENTIFICAÇÃO

a) sinais individuais: a presença de verruga, manchas, por exemplo, auxiliam na identificação.


Todo sinal personalíssimo, como, por exemplo, a forma e a disposição dos olhos, a forma e a
implantação das orelhas, os nevos, as discromias e as verrugas, os desgastes, as cáries e as próteses
dentárias, a consolidação viciosa das fraturas, as cicatrizes etc., fornece elementos importantes para a
caracterização dos indivíduos, ou mesmo para excluí-la.
b) malformações: Anomalias congênitas (presentes no nascimento), como lábio leporino, pé
torto, dedos supranumerários, bem como anomalias adquiridas, como calos de fraturas antigas,
podem ajudar na identificação.
c) sinais profissionais: os estigmas que a constância de um trabalho imprime nos obreiros,
como as unhas dos fotógrafos, a calosidade labial dos sopradores de vidro, a calosidade na mão dos
sapateiros, os resíduos perduráveis corporais, as ulcerações e os vestígios de doenças peculiares às
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indústrias insalubres têm real importância na identificação médico-legal, pois dão indicação segura das
profissões exercidas por esses indivíduos.
d) cicatrizes: traumáticas (ação de agentes mecânicos, queimaduras), patológicas (vacinas) ou
cirúrgicas, além das resultantes de fraturas (calo ósseo).
e) Tatuagens: as tatuagens constituem sinais de identidade particular, pois indicam o passado,
os costumes, a profissão do indivíduo; ademais, traduzem informes raciais, regionais, afetivos,
criminais... Como exemplos, botas tatuadas no pênis indicam ser o portador pederasta ativo; serpente
tatuada nas costas, tendo a cabeça voltada para o ânus, designa ser o indivíduo pederasta passivo.
Uma cruz pontuada na face dorsal da mão esquerda aponta homicida, palhaço tatuado aponta
assassino de policial...

#CAIUEMPROVA – Na prova de Delegado de Polícia de RO, em 2009, foi considerada INCORRETA a


seguinte afirmativa: Características ocasionais, tais como a presença de tatuagens, calos de fraturas
ósseas e próteses dentárias, ósseas ou de outros tipos, não possuem valor para a antropologia forense.

3.2 IDENTIFICAÇÃO JUDICIÁRIA

Diferentemente da identificação médico-legal, a identificação judiciária independe de


conhecimentos médicos. Utiliza dados antropométricos e antropológicos para a identidade civil e
caracterização dos criminosos. É realizada por peritos e não médicos.
Vários métodos já foram utilizados, mas a maioria caiu em desuso. Um deles é a Bertilonagem
(Sistema Antropométrico de Bertillon). Bertiolagem é método de identificação criminal com base em
dimensões e características individuais do identificado, como cor de cabelo e olhos e fotografias
(frente e perfil). Essas informações eram registradas em cartões, que eram posteriormente arquivados
e possibilitavam consulta posterior.
Tal método se baseia na fixidez do esqueleto após os 20 anos. Desenvolveu 11 medidas, da
cabeça, da orelha, do pé esquerdo..., as quais são classificadas e arquivadas. Associavam-se a essas
medidas outros caracteres, como estatura, cor dos olhos, cricatrizes...
Logo, tem por base a antropometria, complementando-se pelo retrato falado, a fotografia
sinalética e as impressões digitais. Mesmo estando em desuso, o sistema bertillon apresenta grande
valor histórico pelo motivo de ter sido a base dos atuais processos científicos da identificação civil ou
criminal.
Como críticas a tal método, tem-se que não pode ser aplicado a menores de 20 anos, além de
ser de difícil execução e arquivamento.
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A padronização trazida pelo sistema Bertillon no mundo civilizado significou que, pela
primeira vez na história, qualquer pessoa uma vez identificada e devidamente classificada poderia ser
novamente identificada no futuro.
#CAIUEMPROVA – Na prova para Perito criminal do TO, consideraram CORRETA a seguinte afirmativa:
a identificação policial utiliza a bertilonagem e a datiloscopia. Apesar de estar em desuso atualmente,
a banca considerou como correta.
Veremos agora os métodos mais utilizados atualmente para a identificação judiciária: o
assinalamento sucinto, a fotografia simples, o retrato falado, a fotografia sinaléptica e o sistema
datiloscópico de Vucetich. O mais importante e, de longe, mais cobrado é o sistema datiloscópico de
Vucetich.

3.2.1 ASSINALAMENTO SUCINTO

O assinalamento sucinto é a descrição pura e simples da tipologia, como sexo, cor, raça,
estatura, compleição física, estado nutricional, ortognatismo ou prognatismo, lóbulo da orelha livre ou
fixo etc.

3.2.2 FOTOGRAFIA SIMPLES

É um processo ainda utilizado nas cédulas de identificação. Apresenta, no entanto, grande


possibilidade de falha, por alguns motivos: dificuldade de classificação, alterações dos traços
fisionômicos com o decorrer dos anos (não perenidade) e o problema dos sósias e gêmeos (não
unicidade). Os inconvenientes citados para a fotografia simples dizem respeito, também, a fotografia
sinalética (de frente e perfil), que veremos a seguir. No entanto, ambas continuam sendo usadas.

3.2.3 FOTOGRAFIA SINALÉPTICA

É uma fotografia de frente e de perfil, com redução fixa de 1/7. Foi preconizado por Bertillon e
utilizada na forma de superposição de imagens, comparando-se detalhes mínimos. Assim como a
fotografia simples, é prova de valor relativo, devido aos inconvenientes que estudamos anteriormente.

3.2.4 RETRATO FALADO

Obtido por meio de pormenores relatados pelas testemunhas, com utilização de fichas e
programas de computadores, contendo vários modelos de partes importantes da fisionomia. É feita
uma descrição dos caracteres antropológicos, morfológicos e cromáticos da face, em assinalamento
sucinto de frente e perfil direito da fronte, nariz e orelha, supercílios, cabelos, barba, bigode, rugas,
tatuagens, cicatrizes, nevos, verrugas, pálpebras, órbitas, olhos e sua cor, tudo codificado em
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expressões convencionais: pequeno, médio e grande. Feito isso, é possível o perito traçar o retrato
falado.

3.2.5 SISTEMA DATILOSCÓPICO DE VUCETICH

Atenção aluno Ciclos, pois este é o método de identificação que mais cai em prova.
Primeiramente, é preciso sanar uma questão que causa confusão para alguns candidatos. Não
podemos confundir Papiloscopia com Datiloscopia.
Papiloscopia é a ciência que estuda as papilas, que são saliências, de natureza neurovascular,
situadas na parte superficial da derme, estando os seus ápices reproduzidos pelos relevos observáveis
na epiderme. A Papiloscopia é gênero, dividida em quatro partes:
 Quiroscopia: processo de identificação por meio das impressões palmares
 Podoscopia: processo de identificação por meio das impressões plantares;
 Poroscopia: processo de identificação por meio dos poros das papilas dérmicas;
 Datiloscopia: processo de identificação humana por meio das impressões digitais.

#CAIUEMPROVA - PC-SP/2014 - Assinale a alternativa correta. A) A papiloscopia compreende a


datiloscopia, a quiroscopia e a podoscopia. B) Papiloscopia é o estudo das impressões digitais. C) O
desenho das polpas digitais modifica-se ao longo da vida de um indivíduo. D) Datiloscopia é o mesmo
que papiloscopia. E) Gêmeos idênticos (univitelinos) possuem impressões digitais idênticas.

Gabarito: Letra A
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Agora que diferenciamos, vamos dedicar nossos estudos à datiloscopia. A datiloscopia estuda
as impressões digitais, que são vestígios e marcas deixadas pelas polpas dos dedos graças à substância
gordurosa secretada pelas glândulas sebáceas em quase todos os locais de crime e em objetos os mais
variados, como a superfície lisa de vidros, espelhos, copos, móveis, louças e faianças, armas, facas,
frutas, folhas de plantas, luvas.
A datiloscopia apresenta algumas vantagens:
 Unicidade: não há duas impressões digitais iguais.
 Imutabilidade: Queimaduras de 1.º e 2.º graus, aplicação de acetona, formol e
corrosivos, atritos da pele determinados por profissões, limagem dos dedos não
destroem as cristas papilares, bastando 48 horas de repouso para que as impressões
reapareçam, sem que tenham sofrido qualquer alteração.
 Perenidade: O desenho digital se forma no sexto mês de vida intrauterina e se
mantém inalterado durante toda a vida, inclusive após a morte, até que venha a
putrefação. É possível até a identificação de um cadáver já em estado adiantado de
putrefação, desde que se consiga recolher a impressão de um ou mais dedos, ou
fragmentos de impressão
 Classificabilidade: cria uma sequência alfanumérica, que possibilita a busca em
arquivos com milhões de fichas.
 Baixo custo: com apenas uma ficha de papel e tinta é possível obter impressões
papilares.

#CUIDADO - Outra diferenciação importante a ser feita é entre desenho digital e impressão digital.
Olhando-se diretamente a polpa dos dedos, vê-se o desenho digital. Entretanto, o sistema de Vucetich,
que veremos a seguir, diz respeito ao desenho impresso, isto é, a impressão digital, que é reverso do
desenho digital.

Desenho digital
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Impressão digital

Feitos os devidos esclarecimentos, vamos agora estudar especificamente o Sistema


Dactiloscópico de Vucetich. Como vimos, o sistema de vucetich diz respeito à impressão digital.
Vucetich idealizou seu sistema de identificação com três sistemas de linhas (basilares,
marginais e nucleares) e quatro figuras de classificação: arco, presilha interna, presilha externa e
verticilo.
Existem 3 sistemas de linhas formando a impressão digital:
 Linhas basilares: Na base da polpa digital
 Linhas marginais: que contornam a polpa digital
 Linhas nucleares: situadas entre as duas anteriores.

Vucetich se baseou, fundamentalmente, na presença ou ausência de delta. Delta é uma


figura triangular formada pelo encontro das linhas diretrizes, com a função de separar os três
sistemas de linhas.

Vamos estudar agora as figuras de classificação do sistema de Vucetich:


Verticilo: são datilogramas que apresentam dois deltas. Representado pela letra V, quando
nos polegares, e pelo número 4 quando nos outros dedos:
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Presilha Externa: são datilogramas que apresentam um delta à Esquerda do observador.


Representada pela letra E, quando nos polegares, e pelo número 3 quando nos outros dedos. (Para
facilitar a lembrança, externa e esquerda começam com E: presilha Externa / delta à Esquerda).

Presilha interna: são datilogramas que apresentam um delta à direita do observador.


Representada pela letra I nos polegares e pelo número 2 nos demais dedos.

Arco: ausência de delta. Representado pela letra A nos polegares e pelo número 1 nos
demais.

#CUIDADO - Não esquecer que o sistema de Vucetich considera a impressão digital. Se o delta estiver à
direita do desenho digital, na impressão digital ele estará à esquerda!! Logo, será um caso de presilha
externa!!! Se a prova der o desenho digital você tem que inverter para conseguir a impressão
digital!!!! Ou seja, se o delta era na direita, passa a ser na esquerda.
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#CAIUEMPROVA – Delegado GO/2013 - No local do crime, os peritos arrecadaram um desenho digital
que apresentava um delta à esquerda. Pelo sistema de Vucetich, este desenho é classificado como: A)
Presilha interna B) Verticilo C) Presilha externa D) Arco
Gabarito: Letra C
O gabarito desta questão encontra-se errado. No entanto a banca não anulou a questão.
Como vimos, desenho digital difere-se de impressão digital. O desenho digital é verificado ao olharmos
para nossas pontas dos dedos, pés e mãos, ou seja, é a visualização dos sulcos.
Por sua vez, a impressão digital é o transporte do desenho digital para um suporte liso.
Portanto, o desenho digital que apresenta um delta à esquerda, de acordo com o sistema de vucetich,
equivale a uma impressão digital com delta à direita. Logo, se o desenho é uma presilha externa, a sua
impressão será uma presilha interna.
Como se percebe, o registro emprega convencionalmente letras maiúsculas V, E, I, A para os
polegares e números 4, 3, 2, 1 para os demais dedos das mãos. Uma forma de decorar bastante
conhecida é através da palavra VEIA, com os números decrescentes:
V = 4 Verticilo
E = 3 Presilha externa
I = 2 Presilha interna
A = 1  Arco

Importante o aluno estar ciente também das anomalias e suas formas de representação:

 Ausência de dedo = representa-se pelo número 0


 Presença de cicatriz que altera a impressão digital = representa-se por um X
 Presença de dedo supranumerário = letra minúscula ao lado da letra do polegar
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As impressões obtidas são colocadas na fórmula datiloscópica, na qual são representadas


como uma fração, onde a mão direita está no numerador e a mão esquerda no denominador. Mão
direita em cima (série) e esquerda embaixo (secção).
A sequência de representação dos dedos é: polegarindicadormédioanularmínimo.
Vejamos:

#ATENÇÃO - Vou dar um exemplo aqui pra ver se fica fácil entender. Digamos que venha na prova a
seguinte fórmula: Va 24X1/ E 0213. Vou falar dedo por dedo (na ordem da fórmula), pra facilitar a
compreensão.
 Polegar da mão direita = Verticilo. Polegar representa-se com letra, que foi a V.
 Dedo supranumerário na mão direita = Arco. Vimos que o dedo supranumerário
representa-se com uma letra minúscula ao lado do polegar. No caso, temos um arco
no dedo supranumerário.
 Indicador da direita = Presilha interna. Dedos que não são polegares são
representados por números. O indicador está com o 2, logo, presilha interna,
 Médio da direita = Verticilo
 Anular direito = Dedo defeituoso, representado por um X. Não confundir com ausência
de dedo, que é o 0.
 Mínimo direito = Arco
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 Polegar esquerdo = Presilha externa
 Indicador esquerdo = Ausência/amputado
(...)

#CAIUEMPROVA – Delegado MA/2012 - O sistema dactiloscópico de Vucetich é um dos principais


métodos utilizados na identificação policial e judiciária. Numa individual dactiloscópica expressa pela

fórmula   , verifica-se que a pessoa identificada apresenta: A) amputação do dedo polegar


esquerdo. B) amputação do dedo indicador direito. C) amputação do dedo indicador esquerdo D)
amputação do dedo polegar direito E) amputação do dedo mínimo esquerdo.
Gabarito: Letra
Comentário: Como vimos, amputação é representada pelo número zero. A mão direita fica em cima na
fórmula. O dedo indicador vem em segundo lugar na ordem, percebe-se que na fórmula da questão
está representado com o 0, logo o dedo indicador direito foi amputado.

Vucetich dividiu ainda os quatro tipos fundamentais em subtipos:


 Arco – Simples e angular
 Presilhas – Verticiladas, transversais e longitudinais
 Veticilo – circular, espiral, ovoidal, sinuoso, ganchoso

Não existem duas pessoas com a mesma impressão digital. Até gêmeos idênticos, apesar de
possuírem impressões digitais parecidas, não são iguais. O que realmente identifica o indivíduo são as
irregularidades existentes nas diversas linhas, chamadas de acidentes ou pontos característicos. Não
basta apresentar a mesma figura, os mesmos acidentes têm de coincidir nos mesmos pontos. No Brasil
temos a regra dos 12 pontos. Os mesmos acidentes devem coincidir em 12 pontos. Se coincidirem de 8
a 12 pontos, provavelmente são da mesma pessoa. Doze a vinte pontos característicos situados
homologamente em duas impressões digitais identificam inapelavelmente o indivíduo. Vejamos uma
foto dos acidentes mais frequentes:
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Os pontos característicos compreendem a ilhota, representada por um ponto ou fragmento
de papila; a linha cortada, fragmento de papila maior do que a ilhota; a forquilha, papila que se separa
em ângulo agudo; a bifurcação, papila separada em ângulo curvilíneo; e o encerro, duas papilas unidas
por suas extremidades.
#CAIUEMPROVA – Delegado RO/2014 - O uso das impressões digitais como recurso empregado para
vincular um suspeito à cena do crime, através dos vestígios coletados e analisados, é de aplicação
inquestionável na investigação policial. A ficha datiloscópica, base na qual funcionam todos os sistemas
de identificação humana por impressões digitais, é decadatilar. Tendo em vista que em um local de
crime, dificilmente serão encontradas as impressões dos dez dedos do criminoso, marque a alternativa
correta em relação à técnica referida. A) O arquivo monodatilar utiliza os tipos fundamentais e os
pontos característicos. B) Circular, espiral, ovoidal, sinuoso e duvidoso são subtipos dos verticilos. C)
Na confecção da ficha datiloscópica são utilizados algarismos para representar os polegares e letras
para os demais dedos. D) Os quatro tipos fundamentais da classificação são arco, gancho, presilha e
verticilo. E) São considerados pontos característicos as forquilhas, as invadidas e os encerros. 
Gabrarito: Letra B
Comentários: A) Errada -  O arquivo monodatilar utiliza os tipos fundamentais, os subtipos e
eventualmente (nas hipóteses de verticilo e presilha) a contagem de linhas. O erro da alternativa está
em afirmar que o arquivo monodatilar utiliza os pontos característicos como critério de
classificabilidade (arquivar). Os pontos caracteristicos são usados no processo de identificação
(unicidade).
B) Correta - os subtipos do verticilo são: circular, espiral, ovoidal, sinuoso e duvidoso.
C) Errado -  Na ficha datiloscópica são utilizadas letras para representar os polegares e algarismos para
indicar os outros dedos.
D) Errado - Gancho não é tipo fundamental. Gancho ou ganchoso será uma subclassificação de tipos
especiais (Presilha interna ganchosa, Presilha externa Ganchosa, Verticilo Ganchoso). Os tipos
fundamentais são: Arco, Presilha interna, Presilha externa e Verticilo.
E) Errado - Invadida não é ponto caracteristico. Invadida é uma classificação de subtipo fundamental,
tanto da presilha interna quanto da externa podem ser subclassificadas como INVADIDA.

Importante saber também o que é a Sindrome de Nagali. Trata-se de uma doença em que
não há impressões digitais. Não há cura. A pessoa não tem impressões digitais e tem dificuldade em
segurar objetos.
Sobre esse assunto foi visto tudo que costuma ser cobrado para cargos jurídicos. Bons
estudos.
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4 BIBLIOGRAFIA

Esse material é uma fusão das seguintes fontes:


-  Med Leg DC. Delton Croce & Delton Croce Júnior Manual de Medicina Legal 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
- Medicina Legal e Noções de Criminalística – Neusa Bittar – Editora Juspodivm
- Livro de Genival Veloso França
- Anotações pessoais de aulas.

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