Sistemas de Movimentação em Silos Verticais

O sistema de movimentação ou manuseio de grãos tem grande importância em uma unidade

armazenadora. Pesquisas mostram que os danos mecânicos causados aos produtos, tanto em
intensidade quanto no ponto onde o grão recebe o impacto, ocorre devido ao uso inadequado dos
equipamentos ou de equipamentos inapropriados para a movimentação do produto, verificou-se que
a alta velocidade de movimentação, associada ao baixo teor de umidade do produto, constitui a
principal causa de danos mecânicos em sementes.

1. Introdução

A racionalização do transporte de grãos e sementes para a movimentação interna em uma unidade

armazenadora é um dos fatores que contribuem para a redução dos custos operacionais e para a
manutenção da qualidade do produto. O movimento de produto durante o processamento e
armazenagem pode ser classificado em três grupos: transporte vertical, horizontal e deslizamento;
neste trabalho serão mencionados apenas os transportadores mais utilizados em unidades
armazenadoras de grãos.

2 . Sistemas de Movimentação

Weber (2005), mostra que existem duas operações fundamentais na armazenagem de grãos em
silos, sendo elas a carga do silo, bem como a descarga do silo. Ambas possuem particularidades
referentes a equipamentos e dispositivos necessários para a realização de cada uma das operações.

2.1 Dispositivos utilizados na carga de silos

Para realização da carga primeiramente o produto deve ser elevado até a altura necessária para que
o mesmo entre no silo pela parte superior e se acomode pela gravidade e para isso é utilizado um
elevador de grãos. Outro ponto importante, se tratando de um silo vertical, o grão deve ser
introduzido no interior do silo através de uma abertura central, pois os grãos irão se acomodar
sozinhos (WEBER, 2005).

A bibliografia ainda fala que no caso de silos horizontais é necessária uma distribuição dos grãos em
decorrer do comprimento do armazém, já que o mesmo possui um grande comprimento impedindo
que o grão se acomode automaticamente.

2.2 Dispositivos utilizados na descarga de silos

Para realização da descarga os grãos devem sair de dentro do silo por gravidade, da mesma forma
que entraram. Para isso, a primeira coisa a fazer é abrir a abertura que o produto começa a cair. Se
for um silo de expedição é só deixar o produto cair sobre o veículo que estiver esperando para ser
carregado, se for outro tipo de silo o produto deve cair em algum transportador podendo ser uma
rosca transportadora, correia transportadora ou mesmo um redler que irá se encarregar de
movimentar o produto até o próximo ponto (WEBER, 2005).

A bibliografia comenta que, no caso de silos de fundo plano, as válvulas são abertas caindo o
produto situado sobre elas, sobrando uma grande porcentagem do produto nas laterais fazendo
necessário o uso de tratores para direcionar o restante do produto em um silo horizontal de fundo
plano ou roscas transportadoras em silos verticais de fundo plano. Para silos de fundo não plano, ou
seja, silos de fundo “V”, semi “V”, fundo “W” ou fundo cônico é necessário apenas abrir as aberturas
que o produto irá cair. Para realizar a abertura dos silos e controlar a vazão dos produtos, são
utilizadas válvulas, dentre elas existem as válvulas de gaveta e válvula rotativa, entre outras.

Abaixo serão destacados os principais sistemas de descarga forçada:

Redler ou Corrente Transportadora

O equipamento consiste basicamente de uma calha aberta ou fechada por onde o produto é
transportado (arrastado) por meio de uma ou mais correntes propulsoras dotadas de taliscas
arrastadoras (SPIVAKOVSKY e DYACHKOV, 1985). Geralmente trabalha com a corrente de arraste
imersa no produto transportado, carregando altas camadas de produto. É bem empregado no
manuseio de produtos diversos, grãos, minerais, corrosivos, tóxicos, purulentos e muito quentes. Os
transportadores de arraste ou redlers são equipamentos aplicados para serviços de transporte leves
e pesados, sendo que seus componentes normalmente são projetados e fabricados para alta
resistência ao desgaste e abrasão, como mostrado abraixo (Figura 1).

Figura 1: Sistema de descarga com correntes ou redlers.

 
Fonte: Prairie Land Millwright (2015).

Podem ser fabricados com capacidade e comprimento personalizado, de acordo com o material
transportado e comprimento necessário.

Rosca Varredora
Esse equipamento consiste, basicamente, em um helicoide com movimento rotativo e um condutor
estacionário (tubo ou calha). O transporte é realizado quando o material, colocado em uma abertura
de recebimento do condutor fixo, é deslocado ao longo do helicoide por seu movimento de rotação
(DOBIE, 1963). A Rosca varredora é um equipamento destinado à descarga do silo e tem por
objetivo movimentar o produto para o centro deste, facilitando o escoamento (Figura 2). O projeto da
rosca visa à otimização do processo de descarga através do passo variado que permite o transporte
uniforme ao longo do raio do silo, (COFELMA, 2016).

Figura 2 : Rosca transportadora helicoidal.

Fonte: COFELMA 2016.

Sistema de ação simples ou dupla

Tanto o sistema de helicoide quanto o sistema Redler podem apresentar sistema de descarga de
ação simples ou dupla. No caso do sistema de ação simples (Figura 3), o equipamento utiliza-se de
uma revolução completa no perímetro do silo para efetuar o esvaziamento do produto armazenado,
possuindo apenas um helicoide ou Redler para a retirada dos grãos (SCHOLS 2016).

Figura 3: Rosca varredora de ação simples.

Fonte: GSI Grain Systems (2013).

Já o sistema de descarga de ação dupla (Figura 4) é composto por dois equipamentos semelhantes
aos de ação simples contrapostos que, para a descarga do silo, efetuam um giro de 180º. Com isso,
o tempo de descarga é reduzido pela metade.

Figura 4: Rosca varredora de ação dupla.

Fonte: LeMar Industries Commercial Grain Sweep - Maverik HTF (2015)

2.3 Tracionador do Sistema De Descarga

Nos projetos de sistemas para descarga de produto do interior dos silos verticais, diversas formas de
tracionamento são empregadas, dependendo, principalmente das dimensões e capacidade de cada
equipamento. Para facilitar a análise, serão apresentados separadamente os tipos de conjunto que
realizam a força para a movimentação do equipamento. O sistema tracionado é responsável pelo
deslocamento rotacional do sistema de descarga. A tração pode ser feita de duas formas – manual
ou automática. Algumas formas existentes serão apresentadas a seguir (Manenti 2016).

Sistema de Tração Manual

O movimento de translação é realizado de forma manual (Figura 5), sendo necessário que uma
pessoa entre no silo e realize o movimento do equipamento. A clara desvantagem é o risco ao qual o
operador está exposto. Porém, é mais barato e de fácil adaptação nos silos.

Figura 5: Sistema de trem de força manual - puxador

Fonte: Cofelma (2015).

Sistema Pinhão – Cremalheira
É composto por um sistema de engrenagem e cremalheira (Figura 6). A cremalheira é instalada por
todo o perímetro interno do silo. Já a engrenagem é acoplada a uma das extremidades da rosca
varredora e posicionada na cremalheira. Isso permite o deslocamento desejado da rosca varredora e
a remoção dos grãos para o centro do silo. A principal desvantagem é que para possibilitar o bom
funcionamento deste dispositivo é necessário uma grande precisão construtiva do silo. Além disso, a
adaptação em um silo já construído é muito difícil e apresenta elevado custo.

Figura 6: Sistema de cremalheira e engrenagem adaptado a rosca varredora.

Fonte: GSI GROUP INC (2011).

Sistema Trator Com Pneus Independente

Esse dispositivo que promove o movimento rotacional, também conhecido como trem de força, é
composto por pneus de borracha e contrapesos (Figura 7). Os contrapesos têm como principal
função aumentar a aderência dos pneus ao solo e, sendo assim, permitir o movimento de avanço da
rosca varredora contra uma parede de grãos. A rosca varredora é fixada ao centro do silo e terá
como função remover uma dada quantidade de produtos em direção ao centro do silo. Neste
princípio de funcionamento, o principal ponto negativo é que a rosca varredora sempre está sendo
consideravelmente solicitada, pois é empurrada contra os grãos, o que em dados momentos faz com
que os pneus do trem de força percam a aderência com o solo. Por outro lado, não é necessária
qualquer adaptação do silo para a rosca varredora.

Sistema Trator com Pneus Acoplado ao Sistema de Descarga

Utiliza-se um conjunto formado por motor, redução e pneus para realizar a movimentação da rosca
varredora no interior do silo. Para esse sistema, o atrito do equipamento com o fundo do silo é de
extrema importância, visto que é essa força será responsável pelo avanço do equipamento.

Sistema de roda acoplado ao eixo do helicoide

Nesse conceito, utiliza-se o eixo da rosca helicoidal para transmitir potência para o sistema de
movimentação. Pode-se utilizar um sistema de redução no final do helicoide, para conseguir uma
rotação menor na roda. Nesse conceito, utiliza-se o eixo da rosca helicoidal para transmitir potência
para o sistema de movimentação. Pode-se utilizar um sistema de redução no final do helicoide, para
conseguir uma rotação menor na roda.

3. Conclusão

O sistema de movimentação vem a ser um ponto de suma importância na hora da construção de um

silo, uma vez que deve ser dimensionado para a capacidade máxima de acordo com o tipo de
produto a ser armazenado.
Assim, torna-se importante conhecer o princípio de funcionamento de cada equipamento para se
obter melhor qualidade, diminuir o consumo de energia, evitar o desgaste nos componentes das
máquinas, diminuir o tempo de operação e o gasto com a mão de obra e, ainda, garantir menor
possibilidade de misturar o produto manuseado.

4. Bibliografia

COFELMA. Rosca Varredora. Disponível em: <http://cofelma.com.br/produto/roscavarredora/>.

FERREIRA, C. C. Caso 014: Acidente com Silo de Soja. Inspeção de Equipamentos:
Estudo de Casos, Mai. 2013. Disponível em:
<http://inspecaoequipto.blogspot.com.br/2013/05/oacidenteocorreuem21deabrilde.html>.
KEPLER WEBER. Catálogo Geral de Produtos: Armazenagem de Grãos. Panambi, 2016.
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PEROZIN. Elevador Rosca Varredora. Disponível em:
<http://www.perozin.com.br/arquivos_internos/index.php?abrir=produtos&acao=saiba_mais
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SCALABRIN, L. A. Dimensionamento de silos metálicos para armazenagem de grãos.
2008. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2008.
SILVA, D. R.; Transporte Pneumático Tecnologia, projeto e aplicações na indústria e
nos serviços. Editora Artliber, São Paulo, p 172, 2005.
SILVA, J. S.; LACERDA FILHO, A. F.; NOGUEIRA, R. M.; REZENDE, R. C. Estrutura
para Armazens de Grãos. In: SILVA, J. S. Secagem e Armazenagem de Produtos Agrícolas.
2.ed. rev. e amp. Viçosa: UFV, 2008. cap. 14, pp. 343-370.
SCHOLZ, F. J. Desenvolvimento do Projeto de um Sistema de Movimentação para Descarga
Automática de Produto em Silos Verticais. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação) – Centro de Tecnologia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, 2016.

Felipe Da Cas Prade

Aluno de Engenharia Mecânica UFSM