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Aula 13-Medicina Vip- Literatura-Camões e o Classicismo em Portugal

Tema recorrente em Vestibulares e no Enem o Classicismo aconteceu em um período de grande


importância na história da sociedade, que foi o Renascimento. Este período, considerando até mesmo a
ideia que seu nome pode transmitir, foi uma época de renovações, em que a cultura, a política e a
economia, sofreram grandes transformações.
A Idade Média, conhecida como idade das trevas, era a época que a Europa saía para entrar, finalmente, em
um ambiente de luz. Nesse momento, o conhecimento fazia seu papel principal, inclusive pela invenção da
imprensa, que publicava as obras de autores gregos e latinos.
Nesse período, a matemática e o estudo das línguas, inclusive a escrita das primeiras gramáticas, cresceram,
fazendo com que o homem se sentisse a grandiosidade, o centro de tudo. Esse fato deu origem ao
antropocentrismo, em que o homem está em evidência, e agora não mais o Deus (teocentrismo), aquele da Idade
Média.
A igreja católica também sofreu com o surgimento do Classicismo. Ela perdeu seu grandioso espaço, as
pessoas passaram a ter uma visão diferente da de antes, de uma maneira menos obcecada e mais racional. A
literatura antiga através da criação das primeiras universidades, também teve suas influências, inclusive de
origem greco-latinas.
Os escritores classicistas recorreram a ideia da arte fundamentada na razão, como aquela que tem o controle
das emoções e suas tantas formas de se expressar. Posto isto, procuraram equilibrar emoção e razão, no sentido
de chegar a uma representação universal da realidade, deixando de lado o que poderia ser simplesmente
ocasional ou particular.
Os versos, que antes eram escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas), no Classicismo começam a ser
escritos em decassílabos (dez sílabas). Exemplo de usos de versos decassílabos, distribuídos em dois quartetos e
dois tercetos, é o superconhecido poeta português Camões.
No Brasil, ainda colônia, o Classicismo português foi uma influência para a literatura brasileira, inclusive na
obra Prosopopéia, do escritor Bento Teixeira.
Considerando as características gerais do Classicismo, são elas: deuses como mitologia; deusas como musas;
razão no lugar da emoção (sentimento); linguagem simples, com pouco uso de figuras de linguagem;
universalismo; nacionalismo; versos decassílabos; adjetivos; perfeição estética.
Portugal: O Classicismo português começa em 1527, quando o poeta Francisco Sá de Miranda retorna da Itália
a Portugal com ideias de renovação literária (caso do soneto, nova forma de composição poética).
Camões: Mais importante autor do período em Portugal, Luís de Camões apresenta uma biografia incerta e cheia
de aventura. Uma das poucas certezas sobre sua vida é que foi soldado e perdeu o olho direito combatendo na
África. Sua produção poética foi rica e variada, abrangendo poesia lírica e épica.
Poesia épica: Em 1572, Camões publica Os Lusíadas, poema que celebrava feitos marítimos e guerreiros
recentes de Portugal. O livro também narra a história do país (de sua fundação mítica até o período histórico).
O herói do poema é o próprio povo português e o enredo gira em torno da viagem de Vasco da Gama na busca
de um novo caminho para as Índias. Escrito em dez cantos, Os Lusíadas tem 1.102 estrofes (compostas em
oitava-rima e versos decassílabos) e cinco partes.
Poesia lírica: Camões escreveu sua poesia lírica com versos na medida velha (versos redondilhos) e na
medida nova (versos decassílabos). É no soneto, contudo, que a lírica camoniana alcança seu ponto mais alto:
quer pela estrutura tipicamente silogística, quer pela constante dualidade entre o amor material e o amor
idealizado (platônico).
Com o que ficar atento? O Renascimento envolveu um movimento intelectual que incentivou a recuperação de
valores e modelos da antiguidade clássica greco-romana. Isso desencadeou importantes transformações políticas
e econômicas na sociedade.
Como pode cair no vestibular? A preferência dos últimos exames recaiu sobre a épica camoniana, mas nada
impede que a lírica também seja abordada. Sobretudo, no que diz respeito ao tema do neoplatonismo e do
desconcerto do mundo.
Como já caiu no vestibular?
Exercícios
1. (UEPA) A questão estética, na passagem de um exposto, examine as alternativas e marque aquela
estilo para o outro, pode conter certo tipo de que demonstre tal afirmação.
violência simbólica. A estética em vigor costuma a) Agora Tu, Calíope, me ensina O que contou ao
não admitir a utilização das formas da anterior. Rei o Ilustre da Gama; Inspira imortal, canto e voz
Porém o Classicismo Português em Camões divina
consegue a superação desse procedimento ao b) Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo
utilizar a medida velha em seus poemas. Diante do espanta. Chove nela graça tanta,
c) Pois Meus olhos não cansam de chorar
Tristezas, que não cansam de cansar-me Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Pois não abranda o fogo em que abrasar-me Ó fraudulento gosto, que se atiça
d) Três fermosos outeiros se mostravam, C’uma aura popular, que honra se chama!
Erguidos com soberba graciosa, Que castigo tamanho e que justiça
Que de gramíneo esmalte lhe adornavam, Fazes no peito vão que muito te ama!
e) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Que mortes, que perigos, que tormentas,
Muda-se o ser, muda a confiança; Que crueldades neles experimentas!
Todo mundo é composto de mudança. Dura inquietação d’alma e da vida
2. (UFJF-MG) Com os versos Cantando espalharei Fonte de desamparos e adultérios,
por toda a parte, / Se a tanto me ajudar o engenho Sagaz consumidora conhecida
e a arte., Camões explica que o propósito de Os De fazendas, de reinos e de impérios!
Lusíadas é divulgar os feitos portugueses. Sobre Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
esse poema épico, só é incorreto afirmar que: Sendo digna de infames vitupérios;
a) se trata da maior obra literária do quinhentismo Chamam-te Fama e Glória soberana,
português. Nomes com quem se o povo néscio engana.
b) Camões sofre a clara influência dos clássicos Os versos de Camões foram retirados da passagem
greco-latinos. conhecida como “O Velho do Restelo”. Nela, o
c) há forte presença do romantismo, devido ao velho:
nacionalismo. a) abençoa os marinheiros portugueses que vão
d) como epopeia moderna, há momentos de crítica atravessar os mares à procura de uma vida melhor.
à b) critica as navegações portuguesas por considerar
nação e ao povo. que elas se baseiam na cobiça e busca de fama.
e) louva não apenas o homem português, mas o c) emociona-se com a saída dos portugueses que
homem renascentista. vão atravessar os mares até chegar às Índias.
5. (PUC-SP) Dos episódios “Inês de Castro” e “O d) destrata os marinheiros por não o terem
Velho do Restelo”, da obra Os Lusíadas, de Luiz de convidado a participar de tão importante empresa.
Camões, não é possível afirmar que: e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos
a) “O Velho do Restelo”, numa antevisão profética, que eles podem encontrar para buscar fama em
previu os desastres futuros que se abateriam sobre a outras terras.
Pátria e que arrastariam a nação portuguesa a um 7. (Fuvest-SP) Considere as seguintes afirmações
destino de enfraquecimento e marasmo. sobre a fala do Velho do Restelo, em Os Lusíadas:
b) “Inês de Castro” caracteriza, dentro da epopeia I. No seu teor de crítica às navegações e conquistas,
camoniana, o gênero lírico porque é um episódio encontra-se refletida e sintetizada a experiência
que narra os amores impossíveis entre Inês e seu das perdas que causaram, experiência esta já
amado Pedro. acumulada na época em que o poema foi escrito.
c) Restelo era o nome da praia em frente ao templo II. As críticas aí dirigidas às grandes navegações e
de Belém, de onde partiam as naus portuguesas nas às
aventuras marítimas. conquistas são relativizadas pelo pouco crédito
d) tanto “Inês de Castro” quanto “O Velho do atribuído a seu emissor, já velho e com um “saber
Restelo” são episódios que ilustram poeticamente só de experiências feito”.
diferentes circunstâncias da vida portuguesa. III. A condenação enfática que aí se faz à empresa
e) o Velho, um dos muitos espectadores na praia, das navegações e conquistas revela que Camões
engrandecia com sua fala as façanhas dos teve duas atitudes em relação a ela: tanto criticou
navegadores, a nobreza guerreira e a máquina o feito quanto o exaltou.
mercantil lusitana. Está correto apenas o que afirma em:
6. (UFSCar-SP) A questão baseia-se no poema a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e
épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do qual III.
se reproduzem, a seguir, três estrofes. Textos para as duas próximas questões:
Mas um velho, de aspeito venerando, Texto I
[(= aspecto) Amor é fogo que arde sem se ver;
Que ficava nas praias, entre a gente, É ferida que dói e não se sente;
Postos em nós os olhos, meneando É um contentamento descontente;
Três vezes a cabeça, descontente, É dor que desatina sem doer.
A voz pesada um pouco alevantando, É um não querer mais que bem querer;
Que nós no mar ouvimos claramente, É solitário andar por entre a gente;
C’um saber só de experiências feito, É nunca contentar-se de contente;
Tais palavras tirou do experto peito: É cuidar que se ganha em se perder.
“Ó glória de mandar, ó vã cobiça Camões
Texto II insatisfeito com as suas condições de vida e com a
Amor é fogo? Ou é cadente lágrima? inevitabilidade da morte.
Pois eu naufrago em mar de labaredas b) Pode-se inferir, a partir da leitura dos dois
Que lambem o sangue e a flor da pele acendem tercetos, que, com o passar do tempo, a recusa da
Quando o rubor me vem à tona d’água. instabilidade se torna maior, graças à sabedoria e à
E como arde, ai, como arde, Amor, experiência adquiridas.
Quando a ferida dói porque se sente, c) Ao tratar de mudanças e da passagem do tempo,
E o mover dos meus olhos sob a casca o soneto expressa a ideia de circularidade, já que
Vê muito bem o que devia não ver. ele se baseia no postulado da imutabilidade.
Ilka Brunhilde Laurito d) Na segunda estrofe, o eu lírico vê com
8. (Mack-SP) Assinale a alternativa correta sobre o pessimismo as mudanças que se operam no mundo,
texto I. porque constata que elas são geradoras de um mal
a) Expressa as vivências amorosas do “eu” lírico cuja dor não pode ser superada.
em linguagem emotivo-confessional. e) As duas últimas estrofes autorizam concluir que
b) Apresenta índices de linguagem poética marcada a ideia de que nada é permanente não passa de uma
pelo racionalismo do século XVI. ilusão.
c) Conceitua o amor de forma unilateral, revelando
o intenso sofrimento do coração apaixonado.
d) Notam-se, em todos os versos, imagens poéticas
contraditórias, criadas a partir de substantivos
concretos.
e) Conceitua positivamente o amor correspondido
e, negativamente, o amor não correspondido.
9. (Mack-SP) Assinale a alternativa correta.
a) O texto I, com sua regularidade formal, recupera
do texto II o rígido padrão da estética clássica.
b) Os dois textos, ao negarem uma concepção
carnal do amor, enaltecem o platonismo amoroso.
c) O texto I e o texto II são convergentes no que se
refere à concepção do sentimento amoroso.
d) O texto II contesta o texto I no que se refere ao
ponto de vista sobre o amor.
e) Os dois textos convergem quanto à forma e à
linguagem, mas divergem quanto ao conteúdo.
10. (Insper-SP)
Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria, e, enfim,
converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía*.
Luís Vaz de Camões
*Soía: Imperfeito do indicativo do verbo soer, que
significa costumar, ser de costume.
Assinale a alternativa em que se analisa
corretamente o sentido dos versos de Camões.
a) O foco temático do soneto está relacionado à
instabilidade do ser humano, eternamente

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