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A RELIGIÃO COMO FRUTO DA

EVOLUÇÃO HUMANA.
This entry was posted on 16/11/2016, in Categoria geral, Ciências biológicas, Primatas e Evolução Humana.
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As práticas e comportamentos religiosos datam mais expressivamente do período Neolítico (entre


12 mil e 4 mil a.c) geralmente é estudado sob a perspectiva da psicologia evolutiva, arqueologia e
neurociência. Sob esta perspectiva, há sempre uma abordagem quanto á origem da linguagem, da
mitologia, a comparação cross-cultural da antropologia da religião segundo as evidências sobre a
espiritualidade ou o comportamento de culto no Paleolítico Superior, e semelhanças no
comportamento grandes primatas. Aqui trataremos da religião como fruto da evolução e quais
evidências sustentam esta tese.

Caverna de Chauvet – Ocupada por humanos em dois diferentes períodos. A maior parte das pinturas é antiga (entre 32 e
30 mil anos). A última ocupação (entre 27 e 25 mil anos) deixou poucas marcas, como a impressão de um pé de criança,
restos de fogueiras e a fuligem das tochas usadas para clarear o local. A caverna ganhou esse nome por seu descobridor,
Jean-Marie Chauvet, que a descobriu em 18 de dezembro de 1994. Foram catalogadas 435 pinturas de animais, descrevendo
treze diferentes espécies, incluindo algumas que pouco ou nunca tinham sido encontradas em sítios equivalentes. Leões,
panteras, ursos, aves predadoras parecidas com corujas, rinocerontes e hienas, além das espécies mais comuns, como
cavalos, bovídeos e veados.

Os grandes primatas compartilham um ancestral comum com os humanos; datado de aproximadamente 7


milhões de anos atrás. Por esta razão, os chimpanzés (e bonobos) são vistos como o melhor modelo
disponível para estudar a origem da religião nos humanos. Barbara King (2007) propõe que embora os
primatas não-humanos não sejam religiosos, eles apresentam determinadas características que teriam sido
necessárias para a origem da religião como fruto de um processo evolutivo. Essas características
englobam alta inteligência, capacidade de comunicação simbólica, sentido para a construção de normas
sociais, a realização do “eu” e um conceito de continuidade. Há evidências que indicam, por exemplo,
que o Homo neanderthalensis enterrava os seus amigos ou parentes mortos, representando uma evidência
do uso de rituais. O uso de rituais em sepultamento é visto como evidência de atividade religiosa
(Palmer et al, 2009).
A religião pré-histórica é um termo geral para as crenças e práticas dos povos pré-históricos que
apresentavam características como culto e reverência a alguma entidade, sepultamento ou algum ritual de
passagem. Mais especificamente, abrange a expressão da religião em períodos como o Paleolítico (2,5
milhões de anos até 10mil anos a.c), Mesolítico (10mil a.c – 5mil a.c), Neolítico (12 mil a.c – 4 mil a.c) e
a religião Idade do Bronze (3.300 mil a.c – 2.055 mil a.c).

No Paleolítico ja se fazia enterros intencionais, especialmente com bens particulares, sendo uma das
primeiras formas detectáveis de prática religiosa e com o surgimento do próprio ser como um indicador
canônico da modernidade do comportamento de sepultamentos. O paleoantropólogo Philip Lieberman
sugere que isto pode significar uma preocupação pelos mortos que transcende a vida diária (1991).

Um dos mais antigos indícios de tratamento dos mortos vem de Atapuerca, na Espanha. Neste local os
ossos de 30 indivíduos da espécie Homo heidelbergensis (ancestral comum do Homo sapiens e
Neandertal) foram encontrados em um poço (Greenspan, 2006). Neandertais também são candidatos para
os primeiros hominídeos que enterravam intencionalmente seus mortos. Eles podem ter colocado
cadáveres em covas rasas, juntamente com ferramentas de pedra e ossos de animais. A presença desses
bens pode indicar uma ligação emocional com o falecido e, possivelmente, uma crença na vida após a
morte. Os locais de sepultamento de Neanderthal incluem Shanidar (Iraque), Krapina (Croácia) e Kebara
(Israel). O mais antigo enterro conhecido dos humanos modernos é de uma caverna em Israel, localizado
na Qafzeh. Restos humanos foram datados de 100 mil anos. Junto aos esqueletos humanos foram
encontrados manchados com ocre vermelho. Uma variedade de bens particulares foram encontrados no
local do enterro. A mandíbula de um javali foi encontrada colocada nos braços de um dos esqueletos e
podem indicar que rituais de sepultamento podem ter sido inventados pelos hominídeos anatomicamente
modernos que migraram da África para o Oriente Médio a cerca de 100 mil anos (Uniquely Human)
Um número grande de arqueólogos propõem que as sociedades do Paleolítico Médio (entre 250 mil e 40
mil anos), tais como sociedades de Neandertais também podem ter praticado as primeiras formas de
totemismo ou de culto a animais. O arqueólogo Emil Bächler em particular sugere (com base em
evidências arqueológicas de cavernas do Paleolítico Médio) que um culto generalizado ao urso existiu no
Paleolítico Médio produzido pelos Neandertais (Wunn, 2000).
Cultos a animais do período Paleolítico Superior (40 mil até 10 mil anos), como o culto do urso, podem
ter tido suas origens nesses cultos hipotéticos de animais Paleolítico Médio. A adoração a animais durante
o Paleolítico Superior (acerca de 30 mil anos) esta ligada a ritos de caça. Por exemplo, as evidências
arqueológicas de arte Paleolítica de ursos revelam que o culto aparentemente tinha um tipo de
cerimonialismo sacrificial em que um urso fora abatido com lanças, com um furo de misericórdia no
pulmão e ritualisticamente enterrado perto de uma estatua de urso feita de argila com o crânio e o corpo
do animal enterrados separadamente (Bhattacharya, 2005).

No  Neolítico não há fontes existentes textuais, e os dados mais recentes surgem a partir da Idade do
Bronze (3.300 mil a.c – 2.055 mil a.c) todas as declarações sobre quaisquer sistemas de crença sociedades
neolíticas podem ser vislumbradas na arqueologia. Jacques Cauvin sugeriu que a Revolução Neolítica foi
influenciada por um tema importante que denominou com a “Revolução dos Símbolos”, sugerindo o
nascimento da “religião” no Neolítico.

O uso do simbolismo na religião é um fenômeno universal estabelecido. O arqueólogo Steven Mithen


sustenta que é comum nas práticas religiosas o envolvimento da criação de imagens e símbolos para
representar seres sobrenaturais e idéias porque seres sobrenaturais violam os princípios do mundo natural.
Como sempre haverá dificuldade em se comunicar e compartilhar conceitos sobrenaturais com os outros,
este problema pode ser superado com a elaboração de seres sobrenaturais em forma material através da
arte representacional. Quando traduzido em forma material, conceitos sobrenaturais tornam-se mais fáceis
de se comunicar e de se compreender, portanto, mais fácil de se acreditar (Dunbar, 1999).
Esta associação de arte e religião é a prova de que o simbolismo no registro fóssil é indicativo de uma
mente capaz de pensamentos religiosos. A arte e simbolismo andam juntas e demonstram a capacidade de
pensamento abstrato e imaginação necessárias a construção de idéias religiosas. Wentzel van
Huyssteen defende que a tradução do não-visível através do simbolismo existiu nos primeiros ancestrais
humanos para manter crenças em conceitos abstratos.
Algumas das primeiras evidências de comportamento simbólico estão associadas aos sítios da Idade da
Pedra na África. A partir de 100 mil anos atrás há provas da utilização de pigmentos, tais como o ocre
vermelho. Os pigmentos são de pouca utilidade prática para caçadores, portanto, a evidência de seu uso é
interpretada como simbólica ou para fins rituais. Entre populações de caçadores coletores existentes em
todo o mundo, o ocre vermelho ainda é usado extensivamente para fins rituais. Tem sido argumentado
que ele é universal entre as culturas humanas uma vez que a cor vermelha representa o sangue, sexo, vida
e morte (Rossano, 2007).

O uso de ocre vermelho como um representante para o simbolismo é muitas vezes criticado porque pode
ser uma indicação indireta. Alguns cientistas, como Richard Klein e Steven Mithen, só reconhecem
formas inequívocas de arte como representante de idéias abstratas. A alta arte rupestre Paleolítica oferece
algumas das evidências mais inequívocas do pensamento religioso do Paleolítico. Pinturas rupestres de
Chauvet (França), por exemplo, mostram criaturas que são metade humano e metade animal.

Argumenta-se que os seres humanos neolíticos foram influenciados por uma mudança de pensamento,
tanto quanto as mudanças no ambiente (Aurenche & Cauvin, 2001). O trabalho de Cauvin sugeriu
conceitos importantes na evolução do pensamento humano, examinando estatuetas e arte do início
representando as primeiras mulheres como deusas e touros como deuses. Ele sugeriu várias idéias
importantes sobre a evolução da percepção e da dualidade (Cauvin & Watkins, 2000).

As estruturas conhecidas como Cercados circulares da Europa Central (chamada também


de Kreisgrabenanlagen) criadas durante o quinto milênio a. c têm sido interpretadas como uma função
cultual. No caso do círculo Goseck, foram encontrados restos de sacrifício humano. Muitas destas
estruturas tinham aberturas alinhadas com o pôr do sol e/ou o nascer do sol nos solstícios, sugerindo que
serviram como um meio de manter um calendário lunisolar. A construção de monumentos megalíticos, na
Europa também começou no quinto milênio a. c, e continuou durante todo o Neolítico em algumas áreas
bem no início da Idade do Bronze.
Marija Gimbutas, pioneira da arqueologia feminista, apresentou uma noção de uma sociedade envolvente,
o “culto da deusa” centrado na mulher no Neolítico Europa. As culturas neolíticas “matrística” teriam
sido substituídas pelo patriarcado apenas com a chegada da Idade do Bronze.
Nossa propensão a acreditar em divindades invisíveis há muito tempo têm intrigado os descendentes
científicos de Darwin. Toda sociedade humana teve seus deuses, seja ele adorado em catedrais góticas ou
pirâmides Mayas. Em todas as culturas (ou quase), os seres humanos criaram edifícios religiosos
elaborados e complexos rituais sem qualquer amplificação óbvia para a sobrevivência e reprodução da
espécie. A questão então é: como e quando a religião surge?

Vimos acima que há diversos achados relacionados a prática religiosa, mas ainda não há um consenso
entre os cientistas, embora possíveis respostas estejam surgindo, tanto do registro arqueológico quando
dos estudos da mente humana. Alguns pesquisadores que estão explorando os efeitos da religião na
sociedade sugerem que ela pode aumentar a aptidão ao promover o comportamento cooperativo. Nos
últimos 15 ou 20 anos, um número crescente de investigadores seguiu os passos de Darwin e explorou a
hipótese de que a religião surge naturalmente, como fruto da mente humana. Este novo campo, a ciência
cognitiva da religião, baseia-se na psicologia, antropologia, e neurociência para entender os elementos
mentais que culminaram na construção do pensamento religioso. Existem propriedades funcionais dos
nossos sistemas cognitivos que se inclinam e se alinham em direção a uma crença em agentes
sobrenaturais, segundo o psicólogo experimental Justin Barrett, da Universidade de Oxford, no Reino
Unido (Science, 2009).
Barrett e outros a pesquisadores sugerem que as raízes da religião esta ligada a nossa cognição social
sofisticada. Para ele, os seres humanos têm uma tendência a ver sinais de “agentes” (ou de mentes)
projetados em todos os cantos, como estamos acostumados a observar em nosso trabalho, produzido por
nós mesmos. Neste sentido, ele indica que nós temos uma enorme capacidade de atribuir a coisas
inanimadas certas crenças, desejos, emoções e até consciência. Esta  parece ser a estrutura central de
muitas crenças religiosas diz Universidade de Yale psicóloga Paul Bloom. O autor ainda destaca que
existe um forte componente simbólico, o social, promovido pela religião. O arqueólogo Colin Renfrew,
da Universidade de Cambridge, no Reino Unido concorda com isto (Science, 2009). A questão é: se há
um substrato neurológico para a origem da religião, então quando as crenças religiosas começaram?
Um lugar provável para descobrir isto é no registro arqueológico, inferindo “religião” a partir de objetos e
práticas antigas, e o uso de símbolos é uma evidência de brotamento da espiritualidade. Por volta de 100
mil anos atrás, pessoas da África do Sul, na caverna de Blombos faziam uso do ocre para criar desenhos
geométricos, criando os primeiros sinais amplamente reconhecidos de comportamento simbólico
(Science, 2009)
Os primeiros enterros deliberadamente recatados encontram-se mais ou menos ao mesmo tempo, em
Qafzeh (Israel), datado de cerca de 95 mil anos. Neste local, pesquisadores desenterraram mais de 30
pessoas, incluindo uma criança de 9 anos de idade, com suas pernas dobradas e um chifre de veado em
seus braços. A cerca de 65 mil anos atrás, ou mesmo antes, os Neandertais também, por vezes enterravam
seus mortos.

Nicholas Conard, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, indica que estes sinais podem ser
considerados uma forma de “proto-crença”. Conrad destaca que se fosse para arriscar um local e um
tempo em que os deuses nasceram, ele apontaria cerca de 30 a 35 mil anos na Europa. Isso porque foi
neste momento em que a expressão simbólica floresceu no que é chamado a explosão do Paleolítico
Superior (Science, 2009). Neste momento, em uma Era de Gelo, caçadores-coletores pintavam animais de
forma impressionantemente realista e muitos deles era metade animal e a outra metade com
características humanas nas paredes da Gruta de Chauvet (França) e tantas outras cavernas.
Em 1999 foi descoberto na caverna de Chauvet um desenho de uma deusa Vênus. Somente a vulva, seios e duas pernas
longas são descritas em uma protuberância fálica.

Conard descobriu figuras de 6 centímetros de uma mulher sem cabeça com seios enormes e genitália
cuidadosamente esculpida representando um objeto religioso de fertilidade, enquanto o arqueólogo Paul
Mellars, da Universidade de Cambridge chamou a estátua de “paleo-pornografia”. A estátua representa a
Vênus de Hohle Fels, conhecida como “Vênus de Schelklingen” datada em cerca de 35 a 40 mil anos, e
foi encontrada na Alemanha (Science, 2009).
Outro achado importante foi o do Homem-leão, encontrado em Hohlenstein (Alemanha) e datado de cerca
de 32 mil anos (Neves et al, 2015). É uma escultura de 10 centímetros que muitos observadores
concordam ser uma combinação de qualidades, algo humano e animal visto em muitas religiões
primitivas e que são fortes candidatos a serem um guia de alguma representação espiritual e portanto,
sobrenatural. Alguns pesquisadores vão ainda mais longe e sugerem que as pequenas estátuas faziam
parte de rituais xamânicos, embora Conard diz que não podemos saber com certeza.
Vinte mil anos mais tarde, os seres humanos alcançaram outro patamar religioso, construindo o que é
muitas vezes considerado o primeiro templo da mundo, datado de 11 mil anos na cidade de Göbekli Tepe
(Turquia) (Curry, 2008). Neste local, fileiras de pedras de até 6 metros de altura marcham por uma alta
colina em círculos onde cada pedra maciça foi esculpida com imagens de animais selvagens. Foi a
primeira vez que uma arquitetura megalítica ereta foi construída.
Uma deusa Vênus (esquerda) e o homem-leão (direita). Pequenas estatuetas de 30 mil anos de idade da Alemanha sugerem
crença religiosa.

Após este tempo, os sítios mais organizados com aspectos aparentemente religiosos aparecem em outros
locais. Por exemplo, em uma das cidades estabeleceram pela primeira vez, Çatalhöyük no sul da Turquia,
datada em 8.700 anos.

A religião organizada surge a partir deste momento, a cerca de 12 mil anos com suas raízes fincadas na
Revolução Neolítica no Oriente Médio e pode ter ocorrido independentemente em vários outros locais do
planeta (uma vez que a agricultura também foi desenvolvida em vários locais do mundo). A invenção da
agricultura transformou muitas sociedades humanas a partir de um estilo de vida caçador-coletor para um
estilo de vida sedentário. As consequências da Revolução Neolítica incluiu uma explosão demográfica e
uma aceleração no ritmo de desenvolvimento tecnológico. A transição de forrageamento em bandos para
estruturas de Estados e Impérios elaborou formas mais especializadas e desenvolvidas de religião que
refletiam um novo ambiente social e político. Enquanto bandos nômades de caçadores-coletores e de
pequenas tribos possuíam crenças “meramente” sobrenaturais, tais crenças não serviam para justificar
uma autoridade central, justificar a transferência de riqueza ou manter a paz entre indivíduos não
aparentados. A religião organizada surgiu como um meio de proporcionar a estabilidade social e
econômica através da autoridade central, que por sua vez possuíam o direito de cobrar impostos em troca
da prestação de serviços sociais e de segurança. Além disto, os grupos de caçadores-coletores
constituíam-se em pequeno número de indivíduos relacionados. Nos Estados e nações, grupos eram
compostos de milhares de indivíduos não aparentados. O geógrafo Jared Diamond, autor do clássico livro
“Armas, Germes e Aço” (1997) argumenta que a religião organizada serviu para fornecer um vínculo
entre indivíduos não aparentados que outrora poderiam ser propensos a confrontos. Em seu livro ele
defende que a principal causa de morte entre as sociedades de caçadores-coletores era o assassinato. Já as
religiões que girava em torno de deuses moralizantes podem ter facilitado o surgimento de grandes grupos
e a cooperação de indivíduos não aparentados (Norenzayan & Shariff, 2008).
Sítio de escavação em Göbekli Tepe (Turquia)

Os Estados nascem então da Revolução Neolítica, como os do Egito Antigo e na Mesopotâmia e


formaram teocracias com chefes, reis e imperadores que atuam em um duplo papel, de líderes políticos e
espirituais. Os antropólogos descobriram que praticamente todas as sociedades estaduais e chefias de todo
o mundo justificaram seu poder político através de alguma autoridade divina. Isto sugere que a autoridade
política coopta a crença religiosa coletiva para reforçar a si mesmo (Shermer, 2004).

Ian Hodder, da Universidade de Stanford e seus pesquisadores e colaboradores encontraram o que eles
consideram a evidência mais abundante de vida espiritual no registro arqueológico: festas com touros
selvagens, enterros dos antepassados sob casas e a remoção de crânios para um novo enterro. No entanto
Hodder observa que ele separa a “religião” de outras atividades que pareciam ser arbitrárias, uma vez que
não está claro se o povo de Çatalhöyük separou a esfera religiosa do resto da vida. O antropólogo Pascal
Boyer, da Universidade de Washington em St. Louis, no Missouri descreveu que a religião pode ter um
fundo ligado a “hipertrofia da cognição social”, na qual induz  os seguidores a atribuir eventos aleatórios
ou fenômenos naturais para a agência de outro ser (Science, 2009).
Um dos pilares de Göbekli Tepe (Turquia)

Deborah Kelemen, da Universidade de Boston apresentou uma série de evidências na qual demonstra que
crianças adotavam posturas “teleológicas”, com propósitos, explicação sobrenaturais para tentar entender
fenômenos que podem, ou são explicados por mecânicos naturais. Por exemplo, em vários estudos com
crianças britânicas e norte-americanas em primeiro, segundo e quarto graus foram questionadas se rochas
são pontudas porque são compostas de pequenos pedaços de algum material ou a fim de não permitir que
animais possam se sentar sobre elas. As crianças preferiram a explicação teleológica dando muita ênfase a
qualidade animista da rocha; ele está protegendo a si mesmo. Outros estudos também confirmaram essa
tendência. Kelemen que sempre deu explicações mecanicistas a seu filho não deixo-o imune a teleologia
quando aplicou o teste. Aos 3 anos, depois de explicar como as flores crescem a partir de sementes, a
pergunta de seu filho foi: Quem faz as sementes?
O ponto positivo de estudar crianças é que elas podem expressar melhor muitos comportamentos inatos
em vez de preconceitos culturais. Mas trabalhos recentes sugerem que não apenas as crianças fazem isto.
A própria Kelemen e Krista Casler de Franklin do Marshall College em Lancaster (Pensilvânia, nos EUA)
encontrou a mesma tendência a finalidade atribuir a fenômenos como rochas, areia e lagos em adultos
ciganos sem instrução. Encontrou comportamentos de crença do tipo “O sol irradia calor, porque o calor
nutre a vida”. É difícil superar estas explicações teleológicas mesmo que os dados sejam evidentes para
um resposta que não seja teleológica. Isto obviamente se reflete diretamente sobre determinadas teorias
propostas pela ciência (Science, 2009).
Para Barrett, esta predisposição para explicações “criacionistas” esta em ressonância com outra tendência
na mente humana. Para ele, há um “dispositivo de detecção de agência de hipersensibilidade” em busca
de um pensamento de “ser” mesmo nas coisas não-vivas. Em experimentos clássicos realizados na década
de 1940, a psicologia descobriu que as pessoas vêem animações de círculos, triângulos e quadrados
conseguem identificar várias formas como caracteres e inferir uma narrativa a partir delas. Em 1993 o
antropólogo Stewart Guthrie observou que esta tendência pode ajudar a explicar a religião, porque
implica na atribuição de um “agente” para todos os tipos de objetos inanimados e sinais ambíguos.
Guthrie sugeriu que a seleção natural parece ter preparado este sistema para falsos positivos, porque se
um barulho ocorre durante a noite certamente é porque há alguém por perto, a espreita – um ladrão, ou
um leão – e isto pode significar perigo, enquanto se é apenas o vento, nenhum dano será iminente
(Science, 2009).
As intenções, desejos e crenças podem refletir então a si próprio. Estudos têm mostrado que essa
habilidade se desenvolve ao longo do tempo em crianças e geralmente estão presentes até os 5 anos de
idade. Alguns estudos feitos com o uso de de ressonância magnética funcional (RMf) tem localizado as
partes do cérebro envolvidas no processo. Se você suspeitar que um agente foi responsável por algum
evento misterioso, é um pequeno passo para pensar que o agente tem uma mente como a sua própria
(Science, 2009).

Circuitos sociais – Quando os indivíduos tinham algum pensamento no scanner da RMf sobre um relacionamento de deus a
parte do cérebro envolvida em compreender ficava iluminada (canto superior direito).

Como Darwin coloca, os seres humanos em seu desenvolvimento da “religião teriam naturalmente
atribuído a espíritos as mesmas paixões, o mesmo amor de vingança, ou a forma mais simples de justiça,
as mesmas afeições que eles próprios se sentem”. Alguns estudos RMf dão apoio a esta ideia. Em uma
edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, uma equipe liderada por Jordan
Grafman, do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame em Bethesda, Maryland, pediu
para 40 pessoas avaliarem as declarações sobre emoções de deus e relacionamentos para os seres
humanos, tais como: “Deus é removido do mundo” e “Deus é perdão”, enquanto eles estavam em um
scanner de RMf. Os pesquisadores descobriram que as áreas que iluminavam (indicando o consumo de
oxigênio e, portanto, presumivelmente, maior atividade cerebral), tais como o giro frontal inferior em
ambos os lados do cérebro e a ocorrência da Teoria da Mente. Para Grafman, este e outros resultados
argumentam contra qualquer “região de deus” em especial do cérebro como alguns sugeriram. Em vez
disso, a crença religiosa esta amplamente distribuída em diferentes setores cerebrais, incluindo muitos
preocupados com a chamada Teoria da Mente. Teoria da mente (ou Theory of Mind, cuja sigla é ToM) é
a habilidade de atribuir estados mentais – crenças, intenções, desejos, conhecimento, etc – a si próprio e
aos outros, e de compreender que os outros possuem crenças, desejos e intenções que são distintas da sua
própria. Nossa tendência a Teoria da Mente é tão forte que buscamos entender o que sente ou pensam os
animais, ou mesmo formas geométricas inanimadas como fazem os bebes aos seis meses de idade com
objetos de madeira. Um exemplo prático disto é a intencionalidade (Dunbar, 2009).
Outros pesquisadores estão estendendo este modelo cognitivo, encontrar processos de pensamento
adicionais que fazem parte da crença religiosa natural. Por exemplo, Bloom e Jesse Bering da Queens
University Belfast argumentam que as crianças estão pré-dispostas a pensar que a mente persiste mesmo
após a morte do corpo, algo que se aproxima da ideia de uma vida após a morte. Bering mostrou a
crianças de 4 a 12 anos de idade um show de marionetes em que um crocodilo comeu um rato. Então, fez
perguntas às crianças sobre o rato. As crianças concordaram que o corpo do rato não funcionava; ou que
ele não precisa comer, mas eles pensaram que ainda iriam sentir fome e que seus estados psicológicos
persistiram. Crianças da pré-escola mostraram essa tendência ainda mais intensa que crianças mais velhas
(Science, 2009).
Podemos reconhecer a morte do corpo, mas acreditamos que a mente continua: há uma profunda
expressão de que este sentimento é inabalável e de que nossas mentes são imortais. Bloom observa que
este tipo de crença é universal. Você não vai encontrar uma comunidade em qualquer lugar onde a
maioria das pessoas não acredita que eles estão separados de seus corpos.

Tal ideia, de separação de mente e corpo, parece fazer sentido intuitivo para as diferentes comunidades do
mundo. Críticos, como Paul Harris, da Universidade de Harvard dizem que as crianças aprendem sobre a
vida após a morte a partir dos outros. Trabalhando na Espanha e Madagascar, Harris e seus colegas
fizeram alguns estudos semelhantes ao de Bering, perguntando as crianças sobre os estados físicos e
psicológicos de uma pessoa que tinha morrido. As crianças mais velhas e adultos foram mais propensos
do que as crianças mais jovens a pensar que estados psicológicos continuaram após a morte, sugerindo
que as idéias de vida após a morte são aprendidas (Science, 2009).
De fato, mesmo que mais dados sejam produzidos, tais modelos ainda tem um longo caminho para
explicar a criação do complexo sistema de deuses e rituais que compõem religião. Pesquisadores
cognitivos sabem que nossos cérebros sociais podem ajudar a explicar por que as crianças de todo o
mundo são atraídos pela confiabilidade da religião, mas é preciso muito mais do que isso para explicar tal
fenômeno (Science, 2009).
Existe uma classe adicional de explicações do por que a religião é tão proeminente em todas as culturas:
ela promove o comportamento cooperativo entre estranhos e assim cria grupos estáveis e coesão social
em indivíduos não-aparentados (Science, 2009).
Damos muito significado a categorizações em um sentido muito mais amplo do que elas deveriam
receber. Ao avaliarmos grupos distintos tendemos a favorecer e dar vantagem aos membros que
pertencem aos mesmos grupos que nós. Membros de um mesmo grupo tendem a superar atributos
negativos dos companheiros. Isto na psicologia é chamado in-group e out-group (ou “Nós e Eles”).
Um experimento perguntou aos participantes qual era a taxa de simpatia que eles tinham por médicos,
cabeleireiros, garçons, advogados e etc. Porém, os participantes eram médicos, cabeleireiros e garçons e
de modo bem claro membros de um grupo expressaram uma simpatia de cerca de 50% com outros grupos
e 70% de simpatia pelo grupo na qual pertencia. O estudo sugere (algo que é bem evidente) que grupos de
religião, raça, nacionalidade, unidade operacional de trabalho tem uma tendência inata em preferir
membros do mesmo grupo, ou in-group (Mlodinow, 2013).
Muitos pesquisadores acreditam que a religião é realmente uma vantagem adaptativa: ao incentivar o
comportamento útil os grupos religiosos aumentam a sobrevivência e reprodução dos seus membros.
Aderindo a regras de comportamento elas sinalizam que os membros de uma religião estão fortemente
comprometidos com o grupo e, portanto, não vão causar problemas em grupos cooperativos (Science,
2009).
Norenzayan e outros também notam que tal comportamento útil é mais comum quando as pessoas
acreditam que elas estão sendo observadas, então uma entidade sobrenatural preocupada com a
moralidade poderia incentivar comportamentos, especialmente em grandes grupos, onde o anonimato é
possível. Alguns pesquisadores sugerem que as tendências cognitivas culminaram então na religião, que,
em seguida, pega e se espalha porque elevou a aptidão.

Neste conjunto de teorias, a mente religiosa é consequência de um cérebro grande, interligado


cognitivamente complexo e suficientemente competente para formular ideias religiosas e filosóficas
(Ehrlich, 2000). Durante a evolução humana, o cérebro hominídeo triplicou de tamanho, atingindo um
máximo a 500 mil anos atrás. Grande parte da expansão do cérebro ocorreu no neocórtex. Esta parte do
cérebro está envolvida no processamento de funções cognitivas de ordem superior que estão conectados
com a religiosidade humana. O neocórtex é associado com a auto-consciência, linguagem e emoção. De
acordo com a teoria de Dunbar, o tamanho do neocórtex relativo de quaisquer espécies correlaciona-se
com o nível de complexidade social da espécie em particular (Barrett & Dunbar, 2013). O tamanho do
neocórtex correlaciona-se com um número de variáveis sociais que incluem o tamanho do grupo social e
complexidade de comportamentos de acoplamento (Dunbar, 2010). Em chimpanzés, o neocórtex ocupa
50% do cérebro, enquanto que em humanos modernos que ocupa 80% do cérebro. Robin Dunbar
argumenta que o evento crítico na evolução do neocórtex teve lugar na especiação que culminou
nos Homo sapiens arcaicos entre 500 e 200 mil anos atrás. O estudo de Dunbar indica que somente após o
evento de especiação, com um neocórtex grande o suficiente para processar os fenômenos sociais
complexos a língua e religião desabrocharam. O estudo é baseado em uma análise de regressão do
tamanho do neocórtex plotado com uma série de comportamentos sociais e de hominídeos extintos
(Dunbar, 2003). O falecido paleontólogo e divulgar de ciência Stephen Jay Gould e colegas (2007),
sugeria que a religião pode ter crescido de mudanças evolutivas que favoreceram cérebros maiores, como
forma de consolidar a coerência do grupo entre os caçadores da savana, depois que um maior cérebro
ativou a reflexão sobre a inevitabilidade da mortalidade pessoal.
Há ainda muitas lacunas disciplinares que persistem entre a arqueologia, psicologia e neurociência e que
podem fechar este assunto. O arqueólogo Steven Mithen da Universidade de Reading, no Reino Unido
sugeriu que os as pinturas meio-humanos meio-animal e esculturas do Paleolítico demonstram que os
primeiros Homo sapiens estavam aplicando a Teoria da Mente em outros animais a mais de 30 mil anos
atrás. Antropólogos com foco no desenvolvimento da religião estão encontrando sinais de mudanças
fundamentais de rituais em sítios arqueológicos como Çatalhöyük (Science, 2009).

Sul área de escavação, Çatalhöyük. Fonte: Khan academy

Há um consenso geral entre os cientistas cognitivos que a religião é uma conseqüência da arquitetura do
cérebro que evoluiu no início da história humana. A discordância esta sobre os mecanismos exatos que
levaram a evolução da mente religiosa. Neste sentido, há duas principais escolas de pensamento que
afirmam que tanto a religião evoluiu devido à seleção natural e tem vantagem seletiva, ou que a religião é
um subproduto da evolução de outras adaptações mentais (Sloan & Green, 2007). Stephen Jay Gould,
acreditava que a religião era uma exaptação ou um spandrel, (um subproduto) de mecanismos
psicológicos que evoluíram por outras razões (Kirkpatrick, 1999).
Esses mecanismos podem incluir a capacidade de inferir a presença de organismos que podem fazer mal
(a deteção de agente), a capacidade de chegar a narrativas causais para eventos naturais (etiologia), e a
capacidade de reconhecer que outras pessoas têm uma mente própria com suas próprias crenças, desejos e
intenções (no caso, a Teoria da Mente). Estas três adaptações (além de outras) permitem que os seres
humanos imaginem agentes intencionais por trás de muitas observações que não poderiam ser facilmente
explicados de outra forma, por exemplo, trovão, relâmpago, o movimento dos planetas, a complexidade
da vida, etc (Atran & Norenzayan, 2004). A origem da crença religiosa coletiva identificou os agentes
como divindades que padronizou a explicação (Barrett & Carney, 2015).

Alguns estudiosos têm sugerido que a religião é geneticamente “conectada” a condição humana. Uma
proposta controversa, a hipótese do “Gene de Deus”, proposta pelo neurogeneticista Dean Hammer
afirma que algumas variantes de um gene específico (o gene VMAT2), predispõe a espiritualidade
(Kluger et al, 2007).

Nesta foto há 3 ursos encontrados perto da entrada da caverna de Chauvet. Os ursos são desenhadas em vermelho. O urso
Central foi protegido usando o relevo natural na parede da caverna, e é uma figura completa, enquanto que à esquerda do
que é uma cabeça de urso isolado, e à direita do que um urso completa próximo. O artista usou uma técnica conhecida como
“stump-drawing” – ele usou os dedos ou um pedaço de pele para pintar o focinho e para enfatizar os contornos da cabeça e
membros dianteiros. Bradshaw Foundation

Outra proposta para explicar a religião é baseada no conceito do cérebro trino: o cérebro reptiliano, o
sistema límbico e o neocórtex, proposto por Paul MacLean. Nela, a crença religiosa coletiva baseia-se nas
emoções do amor, medo e sociabilidade e está profundamente enraizada no sistema límbico através do
condicionamento sociobiológico e sanção social. A crença religiosa individual utiliza razão baseada no
neocórtex e muitas vezes varia na religião coletiva. O sistema límbico é muito mais antigo em termos
evolutivos do que o neocórtex e, por conseguinte, mais fortemente expressivo de muitas maneiras em
répteis por exemplo, do que tanto o sistema límbico e o neocórtex. A razão é que antecipou-se por
impulsos emocionais. O sentimento religioso, em uma congregação é emocionalmente diferente da
espiritualidade individual – mesmo na congregação que é composta de indivíduos. Pertencer a uma
religião coletiva é culturalmente mais importante do que a espiritualidade individual, embora os dois
muitas vezes andem intimamente conectados. Esta é uma das razões pelas quais debates religiosos são
susceptíveis a serem inconclusivos. Outro ponto de vista sugere que a origem da religião provém do
comportamento das pessoas de participar de uma congregação faz eles se sentirem melhor e isso melhora
a sua aptidão, de modo que há uma seleção em favor de pessoas que estão dispostas a acreditar.
Especificamente, os rituais, crenças e o contato social típico dos grupos religiosos em seus respectivos
cultos servem para acalmar a mente (reduzindo a ambiguidade e a incerteza devido à complexidade) e
culmina permitindo que ele funcione melhor quando está sob estresse (Tiger & McGuire, 2010). Isso
favoreceria o uso da religião como um mecanismo de sobrevivência no sentido de facilitar a evolução das
hierarquias de guerreiros, que se assim for, explica porque muitas religiões modernas tendem a promover
a fertilidade e parentescos.

Por último, há ainda a proposta de Previc (2009; 2006) de que a religião humana era um produto de um
aumento nas funções dopaminérgicas no sistema nervoso central humano que privilegiou uma expansão
intelectual geral, começando por volta de 80 mil de anos favorecendo o desenvolvimento do pensamento
abstrato ao longo da costa da África do Sul. A sua tese defende que a dopamina permite uma ênfase no
espaço distante e tempo, fundamental para o estabelecimento da experiência religiosa (Previc, 2011)
culimando nas primeiras pinturas rupestres xamânicas datadas a cerca de 40 mil anos.

Neste sentido, os mitos surgem como narrativas que (geralmente) fazem uso de elementos sobrenaturais
para justificar ou explicar fenômenos naturais – a partir de um sistema de devoção. A espécie humana é
evolutivamente inacabada e sempre buscou aumentar suas chances de sobrevivência e alcançar a idade
reprodutiva. Com o desenvolvimento da técnica (ferramentas líticas), as necessidades básicas foram
conquistadas e com certa tranquilidade e o homem tornou-se livre para o exercício de sua espiritualidade.
Não é por coincidência que neste momento a humanidade começa a tratar do desenvolvimento de pinturas
rupestres e criação de esculturas de deusas Vênus encontradas no Paleolítico.

Nossas necessidades primordiais foram supridas pelo domínio da técnica, das armas e ferramentas líticas,
dando espaço para a construção de conhecimento, para o entender da natureza, a grande sacada de sua
ciclicidade, com a concepção de tempo (passado presente e futuro e com isso o desenvolvimento da
agricultura). Isto deu espaço para a representação abstrata do mundo vista nas pinturas rupestres, nos
sepultamentos com rituais e na criação de estatuas de deusas Vênus.

Neste momento surgem os mitos para suprir as três perguntas básicas que tomaram conta do ser: para
onde vou? (abstração de futuro), quem sou? E de onde vim? As narrativas surgem para suprir as questões
levantadas no exercício de sua espiritualidade. Neste momento o homem surge com mitos, religiões e
deuses e com o poder da palavra revelada.

Victor Rossetti
Palavras chave: NetNature, Rossetti, Religião, Paleolítico, Neolítico, Homo sapiens, Neandertal,
Çatalhöyük, Göbekli Tepe, Revolução Neolítica, Neurociência, Cooperação, Theory of Mind,
Teoria da Mente.
.
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