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C. J. Jacinto
ORIENTAÇÕES PARA ODIAR O PECADO
I. Orientação
Se esforce tanto para conhecer a Deus quanto para ser afetado pelos Seus atributos. Viva
sempre diante Dele. Ninguém pode conhecer o pecado perfeitamente porque ninguém pode
conhecer Deus perfeitamente. Você não pode conhecer o pecado mais do que você conhece a
Deus, contra quem o seu pecado é cometido; a malignidade formal do pecado é relativa, pois é
contra a vontade e os atributos de Deus. O homem piedoso tem algum conhecimento da malig-
nidade do pecado porque ele tem algum conhecimento do Deus que é ofendido pelo mesmo. O
ímpio não tem um conhecimento prático e prevalente da malignidade do pecado porque eles
não têm um conhecimento de Deus. Aqueles que temem a Deus temerão o pecado; aqueles que
em seus corações são irreverentes e impertinentes para com Deus, serão, em seus corações e em
suas vidas, a mesma coisa para com o pecado; o ateísta, que acha que não existe Deus, tam-
bém acha que não há pecado contra Ele. Nada no mundo inteiro irá nos mostrar de maneira tão
simples e poderosa a maldade do pecado, do que o conhecimento da grandeza, bondade, sa-
bedoria, santidade, autoridade, justiça, verdade, e etc., de Deus. Portanto, o senso da Sua pre-
sença irá reviver em nós o senso da malignidade do pecado.
II. Orientação
Considere bem o ofício de Cristo, Seu sangue derramado e Sua vida santa. Seu ofício é ex-
piar o pecado e destruí-lo. Seu sangue foi derramado por ele. Sua vida o condenou. Ame a Cristo
e você odiará o que causou Sua morte. Ame-O e você irá amar ser feito à imagem Dele, e odiará
aquilo que é tão contrário a Ele.
III. Orientação
Pense bem o quão santo é a obra e o ofício do Espírito Santo, e quão grande misericórdia is-
to é para nós. Irá o próprio Deus, a luz celestial, descer a um coração pecaminoso para iluminá-lo
e purificá-lo? E ainda devo manter minha escuridão e corrupção, em oposição a essa maravilho-
sa misericórdia? Embora nem todo pecado contra o Espírito Santo seja uma blasfêmia imperdoá-
vel, tudo é ainda mais agravado por meio disso.
IV. Orientação
Considere e conheça o maravilhoso amor e a misericórdia de Deus, e pense no que ele tem
feito por você e você odiará o pecado, e terá vergonha dele. É um agravamento do pecado até
mesmo para a razão comum e a ingenuidade, que devemos ofender um Deus de infinita bonda-
de que encheu nossas vidas de misericórdia. Você será afligido se você tem injustiçado um extra-
ordinário amigo; seu amor e sua bondade virão aos seus pensamentos e você sentirá raiva de sua
própria maldade. De um lado veja a grande lista das misericórdias de Deus pra você, para sua
alma e seu corpo. Do outro, observe satanás, escondendo o amor de Deus de você, e tentando
você debaixo de uma pretensa humildade de negar Sua grande e especial misericórdia; procu-
rando destruir seu arrependimento e humilhação escondendo também o agravamento do seu
pecado.
V. Orientação
Pense no propósito da existência da alma humana. Para que ela fora criada? Para amar,
obedecer, e glorificar nosso Criador; e você verá o que é o pecado, pois ele perverte e anula
esse propósito. Quão excelentemente grande e santa é a obra para o qual fomos criados e cha-
mados para fazer! E deveríamos desonrar o templo de Deus? E servir ao diabo em sua imundície e
tolice, quando deveríamos receber, servir, e glorificar nosso Criador?
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VI. Orientação
Pense bem quão puros e doces deleites uma alma santa pode desfrutar de Deus em Sua
santa adoração; e então você verá o que o pecado é, pois ele rouba-nos destes deleites e prefe-
re uma luxúria carnal ao invés deles. Oh com quão grande felicidade poderíamos realizar cada
dever, quão grandes frutos poderíamos produzir servindo nosso Senhor, e que deleites encontrarí-
amos em Seu amor e aceitação, e como pensaríamos mais na bem-aventurança eterna, se não
fosse o pecado; o qual afasta as almas dos portões dos céus, e as faz cair, como um suíno, no seu
amado lamaçal.
VII. Orientação
Considere a vida que você deverá viver para sempre, se você for para o céu; e a vida que
os santos vivem lá agora; e então não pense que o pecado, que é tão contrário a isso, não seja
uma coisa tão vil e odiosa. Ou você viverá no céu, ou não. Se não, você não é um daqueles para
quem eu falo. Se você for, você sabe que lá não há prática de pecado; não há mente mundana,
orgulho, paixões, luxúria e prazeres carnais lá. Oh se você pudesse ver e ouvir apenas uma hora,
como aqueles abençoados espíritos estão elevadamente amando e magnificando o glorioso
Deus em pureza e em santidade, e quão longe eles estão do pecado, isso faria você repugnar o
pecado e ver os pecadores num estado de extrema decadência como homens nus nadando em
seus excrementos. Especialmente, pensar que vocês têm esperança de viver para sempre com
aqueles santos espíritos; e, portanto o pecado será desgostoso para você.
VIII. Orientação
Olhe para o estado e tormento dos condenados, e pense bem na diferença entre anjos e
demônios, e aí saberá o que é o pecado. Anjos são puros; demônios são sujos; santidade e peca-
do são extremos. Pecado habita no inferno, e santidade no céu. Lembre-se que toda tentação
vem do diabo, para fazer você ser como ele; e toda santa disposição vem de Cristo, para fazer
você como Ele. Lembre-se que quando você peca, você está aprendendo e imitando o diabo, e
está até agora sendo como ele (João 8:44). E o fim de tudo isso é que você sinta também os so-
frimentos dele. Se o inferno de fogo não é bom, então o pecado não é também.
IX. Orientação
Sempre veja o pecado como alguém que está pronto a morrer e considere como todo ho-
mem o julga no final. O que os homens no céu dizem a respeito do pecado? O que os homens no
inferno dizem a respeito do pecado? E o que os homens à beira da morte dizem a respeito do
pecado? E o que as almas convertidas e as consciências despertadas dizem? O pecado traz de-
leite e é algo que eles não temem como é agora? Eles o aplaudem? Irão alguns deles falar bem
do pecado? Porém, todo mundo fala mal do pecado em geral agora, mesmo quando eles a-
mam e cometem diversos atos; Você irá pecar quando estiver à beira da morte?
X. Orientação
Sempre veja o pecado e o julgamento juntos. Lembre-se que você terá que responder por
isso diante de Deus, dos anjos, e de todo o mundo; e você o conhecerá melhor.
XI. Orientação
Olhe para a doença, pobreza, vergonha, desespero, podridão e morte na sepultura; e isso
vai te ajudar um pouco a entender o que é o pecado. Estas são coisas que estão diante de ti e
em seus sentimentos; você não precisa de fé para entendê-las. E por tais efeitos você poderá en-
tender um pouco da sua causa.
XII. Orientação
Olhe para algumas pessoas santas e eminentes sobre a terra e para o louco, profano e ma-
ligno mundo. E a diferença vai te dizer em parte o que é o pecado. Não há afabilidade numa
pessoa santa e irrepreensível, que vive em amor para com Deus e para com as pessoas, e na ale-
gre esperança da vida eterna? Não é um abominável beberrão, promíscuo, blasfemador, mali-
cioso, perseguidor, uma criatura muito repugnante e deformada? Não é uma visão muito miserá-
vel o estado ímpio, louco, confuso e ignorante deste mundo? Não é nisso tudo em que o pecado
consiste?
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Embora a principal parte da cura seja fazer com que a vontade odeie o pecado, e isso é
feito descobrindo sua malignidade; eu ainda adicionarei mais algumas orientações para a parte
prática, supondo que o que já foi dito tenha causado efeito.
I. Orientação
Quando você descobrir a sua enfermidade e perigo, se entregue a Cristo como o Salvador
e médico de almas, e para o Espírito Santo como seu Santificador, lembrando que ele é suficiente
e disposto a fazer o trabalho que Ele mesmo prometeu fazer. Não são vocês que devem salvar e
santificar a vocês mesmos (a não ser que vocês façam isso através de Cristo). Mas aquele que
assumiu fazê-lo, o faz para a sua glória.
II. Orientação
Você deve estar preparado a ser obediente em aplicar os remédios que Cristo prescreveu a
você; e observando as Suas orientações para que haja cura. Não seja tímido ou fraco dizendo
que é muito amargo e muito dolorido; mas confie em Seu amor e no Seu cuidado; pegue aquilo
que Ele te prescreveu ou te deu e não adicione mais nada. Não diga: “É muito penoso, e eu não
consigo”. Porque o que Ele te ordena é seguro, proveitoso, e necessário; e se você não conse-
gue, tente então carregar sobre você sua enfermidade, morte e o fogo do inferno! São a humi-
lhação, confissão, restituição, mortificação e a santa diligência piores que o inferno?
III. Orientação
Veja que você não tome parte com o pecado, nem dispute ou lute contra seu Médico, ou
com qualquer coisa que lhe faça bem. Justificar o pecado, ir em direção a ele e subestimá-lo,
lutar contra o Espírito e a consciência, ir contra os ministros e amigos piedosos, odiando a discipli-
na; estes não são os meios pelos quais você será curado e santificado.
IV. Orientação
Veja aquela malignidade em cada um dos seus pecados particulares, que você pode ver e
dizer que é generalizada. É um grotesco engano de vocês mesmo, se você vai falar muito do mal
do pecado e não ver nenhuma malignidade em seu orgulho, em seu mundanismo, paixões e per-
versidades, em sua malícia e severidade, em suas mentiras, maledicências, escândalos, ou pe-
cando contra a consciência por comodidade e segurança mundana. Que contradição é um
homem orar e agravar seu pecado, e quando ele é reprovado por isso, tentar se esquivar ou justi-
ficar-se. É como se ele fosse falar contra a traição e contra os inimigos do rei, mas porque os trai-
dores são os seus amigos e parentes, irá proteger ou escondê-los e tomar parte com eles.
V. Orientação
Mantenha-se o mais longe que puder das tentações que alimentam e fortalecem o pecado
que você dominaria. Ponha um cerco em seus pecados e os deixe morrer de fome afastando a
comida e o combustível que o mantém vivo.
VI. Orientação
Viva no exercício das graças e deveres que são contrários ao pecado que você está mais
em perigo. Pois a graça e o dever são contrários ao pecado, isso o mata e nos cura, como o fo-
go nos cura do frio ou como a saúde nos cura da doença.
VII. Orientação
Não seja enfraquecido ouvindo a incredulidade e a desconfiança, e não jogue fora os con-
fortos de Deus, pois eles são sua força e podem te encorajar. Não é assustador, deprimente, nem
desesperadamente desencorajador, estar apto a resistir ao pecado; mas o senso do amor de
Deus e o senso de gratidão da graça recebida é um grande encorajamento (com temor cautelo-
so).
VIII. Orientação
Sempre suspeite do amor carnal próprio, fique atento a isso. Pois essa é a fortaleza onde o
pecado se esconde, e é também o seu patrono; sempre pronto para te arrastar para o pecado e
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para justificá-lo. Nós somos sempre muito propensos a sermos parciais em nosso próprio caso; co-
mo no caso de Judá com Tamar e Davi quando Natã o reprovou em sua parábola; isso mostra
nossas próprias paixões, nosso próprio orgulho, nossa própria censura, nossa própria maledicência,
nossas relações prejudiciais, nossa negligência nos deveres; estas coisas para nós parecem pe-
quenas, desculpáveis, senão justificáveis. Considerando que poderíamos ver facilmente a culpa
disso tudo nos outros, especialmente em um inimigo, deveríamos estar ainda mais familiarizado
conosco e deveríamos amar mais a nós mesmos e, portanto odiando mais ainda nossos próprios
pecados.
IX. Orientação
Considere seu primeiro e principal trabalho matar o pecado em sua raiz; limpar o coração,
que é a fonte; pois é do coração que vem todo o mal em nossa vida. Saiba quais são as principais
raízes; e use o seu maior cuidado e diligência para mortificá-las, especialmente as seguintes:
1) Ignorância.
2) Incredulidade.
3) Inconsideração.
4) Egoísmo e orgulho.
5) Carnalidade, em agradar um apetite, luxúria e fantasia selvagens.
6) Insensibilidade, dureza de coração e sonolência no pecado.
X. Orientação
Conte o mundo todo e todos os seus prazeres; honras e riquezas não são melhores do que
aparentam ser; assim satanás não vai conseguir encontrar iscas para te pegar. Como Paulo, con-
sidere tudo como esterco (Fp. 3:8) e nenhum homem irá pecar e vender sua alma, pois ele conta
estas coisas como esterco.
XI. Orientação
Mantenha-se em conversas celestiais, e então sua alma estará sempre na luz, assim como
aos olhos de Deus; e ocupe-se com aqueles afazeres e deleites que o livram do prazer com as
iscas do pecado.
XII. Orientação
Que seu trabalho diário seja ser um cristão vigilante; embora haja distração e um medo de-
sencorajador, nutra a perseverança.
XIII. Orientação
Preste atenção no começo do pecado e suas primeiras abordagens. Oh quão grande dife-
rença faz um pouco desse fogo aceso! E se você cair, levante rápido através de um profundo
arrependimento, não importando o quanto isso pode te custar.
XIV. Orientação
Faça do seu único labor e regra diligente o entender a Palavra de Deus.
XV. Orientação
Em casos de dúvidas, não se aparte facilmente do julgamento unânime da maioria dos sá-
bios e piedosos de todas as épocas.
XVI. Orientação
Não seja precipitado nem aja por emoções, mas proceda deliberadamente e prove bem
todas as coisas antes de se firmar nelas.
XVII. Orientação
Esteja familiarizado com a sua temperatura corporal e em quê o pecado é mais inclinado a
você, e também em que situação o pecado te deixa mais vulnerável, e nisso você deve ser mais
rigoroso.
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XVIII. Orientação
Mantenha sua vida em ordem santa, tal como Deus ordenou que você vivesse. Pois não há
preservação para os retardatários que não se mantém no caminho, que abandonaram a ordem
e o mandamento de Deus. E esta ordem está principalmente nestes pontos:
1) Que você mantenha união com a universal igreja. Não esteja separado do corpo de Cris-
to sobre qualquer pretensão que seja. Esteja na igreja como um regenerado, mantendo a comu-
nhão espiritual em fé, amor e santidade; como um congregado, mantendo a comunhão externa,
na profissão de fé e na adoração.
2) Se vocês não são mestres, vivam sob seus fiéis pastores como obedientes discípulos de
Cristo.
3) Que os mais piedosos, se possível, sejam seus amigos íntimos.
4) Seja esforçado em algum chamado externo.
XIX. Orientação
Coloque todas as providências de Deus, quer a prosperidade ou adversidade, contra seus
pecados. Se ele te der saúde e prosperidade, lembre-se que por meio disso Ele requer sua obedi-
ência e tem um chamado especial para você. Se Ele te afligir, lembre-se que pode ser algum pe-
cado pelo qual Ele está ofendido; portanto, agarre isso como Seu remédio e veja que você não
obstrua essa obra, mas seja diligente, pois isso pode purgar seu pecado.
XX. Orientação
Espere pacientemente em Cristo até que ele tenha realizado a cura, que não acabará até
que essa árdua vida chegue ao fim. Persevere na assistência do Seu Espírito e dos Seus meios; pois
Ele virá no tempo certo e não tardará. “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor;
como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós com a chuva serôdia que rega a terra”
(Os. 6:3). Ainda que você diga: “Não há cura para nós” (Jr. 14:19) “Eu curarei sua infidelidade, eu
de mim de mesmo os amarei” (Os. 14:4). “Mas para vós outros que temeis o meu nome, nascerá o
sol da justiça, trazendo curas nas suas asas” (Ml. 4:2) “e bem-aventurado todos os que nele espe-
ram” (Is. 30:18).
Deste modo, eu dei algumas orientações que podem ser úteis para o ódio ao pecado, hu-
milhação e libertação dele.
Fonte: http://www.puritansermons.com/baxter/baxter16.htm
Voltemos ao Evangelho
http://voltemosaoevangelho.blogspot.com/
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ENTREGA
ABSOLUTA
ANDREW MURRAY
“VÓS SOIS OS RAMOS”
Uma palestra aos Obreiros de Deus
Tudo depende desta entrega, do estar com Cristo, da forma como nos
havemos entregue a Ele. Se eu quero ter maçãs como bom fruto, tenho de
ter uma boa árvore de fruto; se quiser que a macieira me forneça
regularmente boa fruta, logo tenho de cuidar de toda a sua saúde por
inteiro. Assim será também com a nossa vida em Cristo, com Sua Obra em
nós. Se nossa vida total estiver em total harmonia com Cristo, tudo nos
sairá bem, de forma segura e perfeita. Existe sempre aquela necessidade
de instrução, sugestão e ajuda, treino em todas as áreas da Obra de
Cristo – tudo aquilo que tenha valor. Mas, a longo termo, a essência de
todo nosso ser e trabalho será tão só obter, ter, aquela plena comunhão
com Cristo. Noutras palavras, ter Cristo de facto em nós, operando por
nós sem qualquer margem para duvidas. Sei quantas coisas existirão que
por certo nos virão perturbar mais cedo ou mais tarde, causando questões
de ansiedade e de desassossego inquiridor. Mas pelo Mestre teremos sempre
uma forma de ser abençoados, havendo uma bênção guardada para cada um de
nós; tal paz nos será outorgada e concedida, tal alegria e descanso,
força e animo, se conseguirmos tão só estar n’Ele de facto, mantendo-nos
lá nesse descanso numa atitude correcta, acima de tudo.
Vou extrair meu texto da parábola da Videira e de seus muitos ramos, em
João 15:5, “Eu sou a videira; vós sois as varas”. Especialmente destas
palavras, “vós sois as varas”!
Como é sempre muito fácil ser-se ramo! Um ramo duma árvore, um ramo duma
certa Videira! Todo o ramo cresce para fora da Vide, para o exterior da
árvore e a seu tempo, é claro, produz seus frutos. Nenhuma outra
responsabilidade tem esse ramo que não seja receber da raiz e do tronco
aquilo que o nutre, esperando sempre em e pela oportuna seiva, a qual
corre sempre sem parar. E, se pelo Espírito Santo mantivermos este tipo
de relacionamento integralista com Cristo apenas, seguramente que será
certo que toda a nossa obra saia transformada na mais elementar, na mais
bela e mais celestial obra alguma vez conseguida na face toda da terra!
Em vez de andarmos sofrendo de exaustão e cansaço de alma constantemente,
toda a nossa obra seria como uma nova experiência, ligando-nos ao próprio
Cristo como nada mais teria com fazê-lo. Mas, oiçam! Não é muito
frequente acharmos que aquilo que fazemos em vez de nos unir a Cristo,
antes nos faz separar d’Ele? Que coisa mais tola poderia estar a
acontecer ao próprio ser humano! A única obra de grande excelência que
Ele deveria estar operando em mim e eu por Ele, essa mesmo é a que me
separa do Seu amor! Muitos laboriosos obreiros da seara se queixam com
muita frequência disso mesmo, que têm sempre trabalho a mais, que nem
sempre dispõe daquele tempo que os faz aproximar daquele Santuário da
íntima comunhão com Cristo; e que é quase sempre a própria obra que
previne e destrona essa intimidade com Deus em pessoa, que faz declinar o
próprio desejo ardente de estar com Jesus a sós e que se desintegra num
comunicar com homens que o afastam duma intimidade sem igual com o
Mestre! Quão má é esta ocorrência que se dá com os servos de Deus! Que
coisa ridícula será alguma vez pensar que se separarmos o ramo do seu
tronco, este ainda terá capacidades de produzir algo que não seja seco!
Isto ocorre, se dá, apenas porque temos aquela ideia de vanglória que
nossa obra nunca pode ser algo como um ramo, produzindo assim todos os
seus frutos – apenas! Que Deus nos retire de cada pensamento que nos
possa levar a pensar assim, dessa forma oblíqua e estranha. Que
irradiemos essa ideia para sempre de nossa vida evangélica.
Umas pequenas ideias sugestivas sobre esta abençoada vida de ramo.
Dependência total
Descanso profundo
Em segundo lugar, a vida dum qualquer ramo não é apenas uma de inteira
dependência, mas dum absoluto descanso comprometido e despreocupado.
Caso aquele pequeno galho da vinha tivesse como pensar, se tivesse como
sentir e falar, seja aquele galho em Hampton Court ou em qualquer outro
lugar do mundo inteiro, em qualquer uma das milhões de vides que por aí
existem na Africa do sul, nesta nossa terra cheia de sol e de brilho, se
tivéssemos um deles aqui hoje como para nos transmitirem, dizerem algo de
importante acerca de toda a sua relação com a sua vide, se lhe
perguntássemos “Oh galho de videira, quero aprender contigo como e porque
posso ser eu um bom ramo na minha Vide também, na Videira Viva e
exaltada”; que pensam responderia ela? Ela diria em sussurro: “Homem de
pouca fé, sei que és sábio, sei que fazes grandes e inconcebíveis coisas.
Sei também que tens muita força e poder e sabedoria te foi dada para
saberes como fazer pleno uso de tudo isso, mas tenho uma lição a dar-te
hoje. Nem com tudo isso segues Deus? Com toda a tua pressa frenética,
nunca prosperas em toda a obra de Deus. A primeira das coisas que
necessitas é voltar e descansar em teu Deus para sempre. É isso o que eu
faço sempre. Desde meu eclodir e evoluir que assim procedo sempre, sem
nunca me desligar dela para tudo aquilo que necessito. Desde então tudo o
que faço e enceto é descansar na minha Videira. Assim que chega a
primavera não me sobrecarrego com pensamentos de ansiedade
desconfortáveis de dúvida. A Vide começa a verter sua seiva por mim em
mim e faz crescer folhas e logo tenho como e porque dar fruto. Caso o
fruto que eu dou nunca fosse bom, logo o dono de toda aquela vinha nunca
teria como acusar-me, pois a vinha seria a única culpada e responsável
por todo o fruto, por toda a qualidade desse mesmo fruto em mim. E caso
queiras ser assim também, dando teu fruto no devido tempo enquanto ligado
à tua Vide, a Cristo em pessoa, apenas aprende a descansar n’Ele com
carinho paciente. Que Cristo tome tuas responsabilidades sobre Ele. É
tudo o que tenho para te dizer”.
Mas pode argumentar que isso é ser desleixado e preguiçoso.
Permita-me discordar inteiramente. Ninguém terá com descansar num Cristo
vivo e continuamente efervescente e ser diferente d’Ele, em nenhum
sentido da palavra, porque quanto mais aconchegado eu me encontrar n’Ele,
tanto mais Seu Espírito me vivificará para qualquer Obra Sua, em todo o
Seu esplendor! Seu zelo será todo meu, Seu amor também. Olhe, antes de
mais nada, comece a trabalhar a sua dependência total de seu Criador,
veja se algo o perturba ainda e acrescente a essa dependência uma total
responsabilidade de descansar n’Ele apenas. Muitos homens, por vezes,
tentam e tentam uma vez mais uma total dependência de Cristo, mas logo se
preocupam com essa mesma dependência e descobrem que não chegam a ela. É
seu coração que não descansa. Mas que você faça e tenha como fazer seu
coração depender desse descanso sempre e cada dia.
Em tua forte mão me coloco absolutamente
E sei assim que esta obra será terminada
Pois quem mais sabe trabalhar assim
Como o faz o Todo-Poderoso?
Obreiro, tome seu lugar todos os dias de sua eternidade aos pés de Jesus,
o Senhor; e escute em paz e harmonioso sentir este conhecer de poder
dizer:
Não tenho preocupações pois as entreguei a Ele,
Não temerei porque daquilo que temo Ele cuida!
Venham filhinhos do Deus Altíssimo, entendam este enigma, que é Jesus
quem quer operar por vós, inteiramente! Queixa-se da falta de amor
fervente? Se o tiver, é porque vem de Jesus! Ele derrama todo esse amor
em seu coração. Ele próprio fornecerá os atributos desse amor com o qual
descobrirá que pode amar os outros também, para além de si mesmo. Este é
o verdadeiro significado destas palavras: “o amor de Deus está derramado
em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, Rom 5:5; e,
“Pois o amor de Cristo nos constrange”, 2Cor 5:14. Cristo tem como
colocar em si uma fonte de água viva que salta para a vida eterna, a qual
nunca mais vai ser intermitente. Pode e tem como amar assim o mais vil de
todos os pecadores, os mais ingratos de todos aqueles que o cansaram até
aqui. Tente descansar n’Ele, Aquele que sabe e pode dar descanso sem fim
até a uma alma cansada e oprimida – quanto mais a uma em repouso
expectante! Verá que quando estiver dando um sermão, essa será a melhor
parte que você dele escolhe para si. Você clama e urge as pessoas e todos
eles apreendem a sua mensagem e dizem apercebidos: “está um homem
argumentando meus nervos, perturbando minha alma!” Logo dirão que estão
ali dois homens a desentenderem-se, quem fala e quem ouve: mas caso tenha
como pronunciar em palavras de evidência viva, caso tenha como manifestar
na primeira pessoa todo aquele amor de Deus em si mesmo, aquele descanso
activo e vivo, despreocupado e responsável, aquela paz e aquele sereno
descanso que apenas existe nos céus acima, será esse mesmo ingrediente
que convencerá todos os presentes com a sua mensagem.
Muitos frutos
Entrega total
José Mateus
zemateus@msn.com