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O CHAMADO PARA O SUPREMO PROPOSITO

Em Mateus 22:37 a 39 temos uma resposta sensata sobre o


maior de todos os mandamentos da lei. Foi o Senhor quem deu
a resposta tão magnífica aos judeus que tanto veneravam
Moisés, Cristo assim respondeu: “Amarás ao Senhor teu Deus
de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu
pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o
segundo semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo”. O homem deve ter Deus como centro da vida, deve
amar totalmente a Deus. Nossa sociedade parece cair na
armadilha do ateísmo, nesse caso, o homem tenta passar para
o centro do universo. Contudo Cristo mostra outro caminho,
em João 4:24 ele diz que devemos adorar a Deus em espírito e
em verdade. Não há qualquer vinculo espiritual com o espírito
do erro que prevalece no mundo. A vida espiritual tem um
cume: adorar a Deus de todo coração alma e pensamento.
Quem assim cultiva tão grande amor por Deus passa a
peregrinar pelo caminho de uma bem aventurança, prossegue
para a consumação de uma existência alcançando a visão e a
vida beatifica, bem aventurado os puros de coração pois eles
verão a Deus. O verdadeiro homem espiritual ama a Deus e ao
próximo, este é o estado de uma espiritualidade autentica,
oposto dos mundanos que prevalecerão nos últimos dias e que
serão amantes de si mesmos como descreveu Paulo em II
Timóteo 3:1 a 7. Amar a Deus e cultivar um amor permanente
pelo Senhor é viver em profundidade de existência. Vejamos
alguns textos das Escrituras que apontam para isso:
Apocalipse 14:7 diz que devemos adorar aquele que fez o céu e
a terra. Salmos 96;9 ensina a adorar ao Senhor na beleza da Sua
santidade. Em João 4:22 Jesus afirmou a mulher samaritana:
“Nós adoramos o que sabemos” você adora a Deus de todo
coração, alma e pensamento? Aqui está o cerne da questão, no
âmago das coisas mais espirituais está um amor forte por Deus
uma paixão capaz de remover toda a frieza das profundezas da
alma e iluminar com o esplendor da adoração todo o coração
do devoto. É este um estado de graça muito sublime, é
experimentar o céu na terra, e sentir no centro do próprio ser
que o cristianismo é uma religião de vida abundante. É verdade
que por um lado trava-se uma luta dentro de nós, pois o diabo
quer pelo menos um pequeno lugar onde possa guardar suas
parafernálias pecaminosas dentro de nós, mas a entrega
absoluta a consagração total deve ser um alvo, um objetivo que
devemos alcançar ainda aqui nessa vida. veja que em João
14;23 Jesus afirmou que quem ama á Ele, guardará a palavra
dEle, e então tal cristão será também amado do Pai, e ambos
Cristo e Deus pai virão fazer morada no homem interior do
coração consagrado. Paulo disse em I Coríntios 6:19 que o
cristão é templo do Espírito Santo. Temos um templo interior e
ali devemos amar a Deus, um sacrifício vivo, negando a nós
mesmos e servindo a deus no interior do nosso coração
expressando grande estima e admiração por Cristo A devoção
fervorosa jamais deve se apagar dentro do coração consagrado
a Deus. O coração do cristão devoto é um pedaço do céu na
terra, ele brada com toda a intensidade de amor desde o seu
centro do ser “Santo, santo, santo é o Senhor dos
exércitos”(Apocalipse 7:14) lá nas moradas do deus altíssimo,
as almas mais puras adoram ao Senhor de noite e de dia, num
estado de êxtase celestial e plena de beatitude, e isso é a
consumação de uma existência completa em todas as partes.
Thomas Watson falou sobre quatro elementos que procedem
da alma devota (Apreciação, afeição adoração e sujeição) e
creio ser elas o modo como devemos compreender o
mandamento do Senhor descrito em Mateus 22;37 a 39. Vou
fazer uma definição de cada um desses elementos:

Primeiro: Apreciação: Apreciara bondade de Deus, a


misericórdia divina é a fonte da bondade mais nobre, devemos
apreciar a redenção oferecida por Deus por intermédio de
Cristo. Apreciar é ter uma opinião moral elevada por Deus. É ter
uma estima elevada por meio de uma avaliação profunda.

Segundo: Adoração: É render culto á algo venerável, é o


exercício funcional di puro amor, é render culto racional é o
cultivo do relacionamento intimo e espiritual, A vida cristã deve
ter um relacionamento intimo e permanente com Deus, é
acima de tudo venerar e admirar todas as virtudes ae atributos
de Deus

Terceiro; Afeição: Significa afeto por um vinculo de


aproximidade relacional com alguém que desejamos ter ao
nosso lado, é o sentimento de prazer, alegria e satisfação pela
presença de quem amamos. É o anelo por uma comunhão
ininterrupta e profunda com Deus.
Quarto: Sujeição: Jesus disse; “Aquele que guarda as minhas
palavras”. Se Ele é o Senhor, nós devemos ser servos, devemos
estar em plena sujeição é ele “Seja feita a Tua vontade assim na
terra como nos céus” por isso também devemos ser santos em
toda a nossa maneira de viver. Reconhecer o Senhorio de Cristo
é uma atitude que prevalece na vida daquele que realimente
nasceu de novo, em suma, aquele que amam a Deus deve
também estar completamente sujeito a Sua Palavra

O Caminho por Dentro da Tempestade

Há uma vereda com frios espinhos

Mas nelas florescem as doces rosas

Há pedras e vales escuros no caminho

Mas tu ó Senhor És a nossa luz

Há uma cruz pra carregar na vida

O Calvário súbito de tantas tentações

Mas dos terrores da morte e horrores

Flui imperecível a glória da ressurreição

Há cansaço e o desanimo se apega

Num limiar de noites duras congeladas


Mas ali no portal da sombria madrugada

A estrela da manhã incendeia a aurora

A vida é vereda dentro das tempestades

Furacões que arrastam nossos clamores

Tinge as chuvas o rosto das nossas dores

Irrigam o chão da alma ferida e devastada

Ai de mim, oh Deus, pois Que o ímpeto dos hálitos

Arrasam os jardins e tanto mais te imploro

Venha sempre em doçura, em meu socorro

Pois flutuando em ânsias ainda assim te adoro...

C. J. Jacinto
ORIENTAÇÕES PARA ODIAR O PECADO

Por Richard Baxter


Tradução: Joelson Galvão Pinheiro

I. Orientação
Se esforce tanto para conhecer a Deus quanto para ser afetado pelos Seus atributos. Viva
sempre diante Dele. Ninguém pode conhecer o pecado perfeitamente porque ninguém pode
conhecer Deus perfeitamente. Você não pode conhecer o pecado mais do que você conhece a
Deus, contra quem o seu pecado é cometido; a malignidade formal do pecado é relativa, pois é
contra a vontade e os atributos de Deus. O homem piedoso tem algum conhecimento da malig-
nidade do pecado porque ele tem algum conhecimento do Deus que é ofendido pelo mesmo. O
ímpio não tem um conhecimento prático e prevalente da malignidade do pecado porque eles
não têm um conhecimento de Deus. Aqueles que temem a Deus temerão o pecado; aqueles que
em seus corações são irreverentes e impertinentes para com Deus, serão, em seus corações e em
suas vidas, a mesma coisa para com o pecado; o ateísta, que acha que não existe Deus, tam-
bém acha que não há pecado contra Ele. Nada no mundo inteiro irá nos mostrar de maneira tão
simples e poderosa a maldade do pecado, do que o conhecimento da grandeza, bondade, sa-
bedoria, santidade, autoridade, justiça, verdade, e etc., de Deus. Portanto, o senso da Sua pre-
sença irá reviver em nós o senso da malignidade do pecado.

II. Orientação
Considere bem o ofício de Cristo, Seu sangue derramado e Sua vida santa. Seu ofício é ex-
piar o pecado e destruí-lo. Seu sangue foi derramado por ele. Sua vida o condenou. Ame a Cristo
e você odiará o que causou Sua morte. Ame-O e você irá amar ser feito à imagem Dele, e odiará
aquilo que é tão contrário a Ele.

III. Orientação
Pense bem o quão santo é a obra e o ofício do Espírito Santo, e quão grande misericórdia is-
to é para nós. Irá o próprio Deus, a luz celestial, descer a um coração pecaminoso para iluminá-lo
e purificá-lo? E ainda devo manter minha escuridão e corrupção, em oposição a essa maravilho-
sa misericórdia? Embora nem todo pecado contra o Espírito Santo seja uma blasfêmia imperdoá-
vel, tudo é ainda mais agravado por meio disso.

IV. Orientação
Considere e conheça o maravilhoso amor e a misericórdia de Deus, e pense no que ele tem
feito por você e você odiará o pecado, e terá vergonha dele. É um agravamento do pecado até
mesmo para a razão comum e a ingenuidade, que devemos ofender um Deus de infinita bonda-
de que encheu nossas vidas de misericórdia. Você será afligido se você tem injustiçado um extra-
ordinário amigo; seu amor e sua bondade virão aos seus pensamentos e você sentirá raiva de sua
própria maldade. De um lado veja a grande lista das misericórdias de Deus pra você, para sua
alma e seu corpo. Do outro, observe satanás, escondendo o amor de Deus de você, e tentando
você debaixo de uma pretensa humildade de negar Sua grande e especial misericórdia; procu-
rando destruir seu arrependimento e humilhação escondendo também o agravamento do seu
pecado.

V. Orientação
Pense no propósito da existência da alma humana. Para que ela fora criada? Para amar,
obedecer, e glorificar nosso Criador; e você verá o que é o pecado, pois ele perverte e anula
esse propósito. Quão excelentemente grande e santa é a obra para o qual fomos criados e cha-
mados para fazer! E deveríamos desonrar o templo de Deus? E servir ao diabo em sua imundície e
tolice, quando deveríamos receber, servir, e glorificar nosso Criador?

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VI. Orientação
Pense bem quão puros e doces deleites uma alma santa pode desfrutar de Deus em Sua
santa adoração; e então você verá o que o pecado é, pois ele rouba-nos destes deleites e prefe-
re uma luxúria carnal ao invés deles. Oh com quão grande felicidade poderíamos realizar cada
dever, quão grandes frutos poderíamos produzir servindo nosso Senhor, e que deleites encontrarí-
amos em Seu amor e aceitação, e como pensaríamos mais na bem-aventurança eterna, se não
fosse o pecado; o qual afasta as almas dos portões dos céus, e as faz cair, como um suíno, no seu
amado lamaçal.

VII. Orientação
Considere a vida que você deverá viver para sempre, se você for para o céu; e a vida que
os santos vivem lá agora; e então não pense que o pecado, que é tão contrário a isso, não seja
uma coisa tão vil e odiosa. Ou você viverá no céu, ou não. Se não, você não é um daqueles para
quem eu falo. Se você for, você sabe que lá não há prática de pecado; não há mente mundana,
orgulho, paixões, luxúria e prazeres carnais lá. Oh se você pudesse ver e ouvir apenas uma hora,
como aqueles abençoados espíritos estão elevadamente amando e magnificando o glorioso
Deus em pureza e em santidade, e quão longe eles estão do pecado, isso faria você repugnar o
pecado e ver os pecadores num estado de extrema decadência como homens nus nadando em
seus excrementos. Especialmente, pensar que vocês têm esperança de viver para sempre com
aqueles santos espíritos; e, portanto o pecado será desgostoso para você.

VIII. Orientação
Olhe para o estado e tormento dos condenados, e pense bem na diferença entre anjos e
demônios, e aí saberá o que é o pecado. Anjos são puros; demônios são sujos; santidade e peca-
do são extremos. Pecado habita no inferno, e santidade no céu. Lembre-se que toda tentação
vem do diabo, para fazer você ser como ele; e toda santa disposição vem de Cristo, para fazer
você como Ele. Lembre-se que quando você peca, você está aprendendo e imitando o diabo, e
está até agora sendo como ele (João 8:44). E o fim de tudo isso é que você sinta também os so-
frimentos dele. Se o inferno de fogo não é bom, então o pecado não é também.

IX. Orientação
Sempre veja o pecado como alguém que está pronto a morrer e considere como todo ho-
mem o julga no final. O que os homens no céu dizem a respeito do pecado? O que os homens no
inferno dizem a respeito do pecado? E o que os homens à beira da morte dizem a respeito do
pecado? E o que as almas convertidas e as consciências despertadas dizem? O pecado traz de-
leite e é algo que eles não temem como é agora? Eles o aplaudem? Irão alguns deles falar bem
do pecado? Porém, todo mundo fala mal do pecado em geral agora, mesmo quando eles a-
mam e cometem diversos atos; Você irá pecar quando estiver à beira da morte?

X. Orientação
Sempre veja o pecado e o julgamento juntos. Lembre-se que você terá que responder por
isso diante de Deus, dos anjos, e de todo o mundo; e você o conhecerá melhor.

XI. Orientação
Olhe para a doença, pobreza, vergonha, desespero, podridão e morte na sepultura; e isso
vai te ajudar um pouco a entender o que é o pecado. Estas são coisas que estão diante de ti e
em seus sentimentos; você não precisa de fé para entendê-las. E por tais efeitos você poderá en-
tender um pouco da sua causa.

XII. Orientação
Olhe para algumas pessoas santas e eminentes sobre a terra e para o louco, profano e ma-
ligno mundo. E a diferença vai te dizer em parte o que é o pecado. Não há afabilidade numa
pessoa santa e irrepreensível, que vive em amor para com Deus e para com as pessoas, e na ale-
gre esperança da vida eterna? Não é um abominável beberrão, promíscuo, blasfemador, mali-
cioso, perseguidor, uma criatura muito repugnante e deformada? Não é uma visão muito miserá-
vel o estado ímpio, louco, confuso e ignorante deste mundo? Não é nisso tudo em que o pecado
consiste?

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Embora a principal parte da cura seja fazer com que a vontade odeie o pecado, e isso é
feito descobrindo sua malignidade; eu ainda adicionarei mais algumas orientações para a parte
prática, supondo que o que já foi dito tenha causado efeito.

I. Orientação
Quando você descobrir a sua enfermidade e perigo, se entregue a Cristo como o Salvador
e médico de almas, e para o Espírito Santo como seu Santificador, lembrando que ele é suficiente
e disposto a fazer o trabalho que Ele mesmo prometeu fazer. Não são vocês que devem salvar e
santificar a vocês mesmos (a não ser que vocês façam isso através de Cristo). Mas aquele que
assumiu fazê-lo, o faz para a sua glória.

II. Orientação
Você deve estar preparado a ser obediente em aplicar os remédios que Cristo prescreveu a
você; e observando as Suas orientações para que haja cura. Não seja tímido ou fraco dizendo
que é muito amargo e muito dolorido; mas confie em Seu amor e no Seu cuidado; pegue aquilo
que Ele te prescreveu ou te deu e não adicione mais nada. Não diga: “É muito penoso, e eu não
consigo”. Porque o que Ele te ordena é seguro, proveitoso, e necessário; e se você não conse-
gue, tente então carregar sobre você sua enfermidade, morte e o fogo do inferno! São a humi-
lhação, confissão, restituição, mortificação e a santa diligência piores que o inferno?

III. Orientação
Veja que você não tome parte com o pecado, nem dispute ou lute contra seu Médico, ou
com qualquer coisa que lhe faça bem. Justificar o pecado, ir em direção a ele e subestimá-lo,
lutar contra o Espírito e a consciência, ir contra os ministros e amigos piedosos, odiando a discipli-
na; estes não são os meios pelos quais você será curado e santificado.

IV. Orientação
Veja aquela malignidade em cada um dos seus pecados particulares, que você pode ver e
dizer que é generalizada. É um grotesco engano de vocês mesmo, se você vai falar muito do mal
do pecado e não ver nenhuma malignidade em seu orgulho, em seu mundanismo, paixões e per-
versidades, em sua malícia e severidade, em suas mentiras, maledicências, escândalos, ou pe-
cando contra a consciência por comodidade e segurança mundana. Que contradição é um
homem orar e agravar seu pecado, e quando ele é reprovado por isso, tentar se esquivar ou justi-
ficar-se. É como se ele fosse falar contra a traição e contra os inimigos do rei, mas porque os trai-
dores são os seus amigos e parentes, irá proteger ou escondê-los e tomar parte com eles.

V. Orientação
Mantenha-se o mais longe que puder das tentações que alimentam e fortalecem o pecado
que você dominaria. Ponha um cerco em seus pecados e os deixe morrer de fome afastando a
comida e o combustível que o mantém vivo.

VI. Orientação
Viva no exercício das graças e deveres que são contrários ao pecado que você está mais
em perigo. Pois a graça e o dever são contrários ao pecado, isso o mata e nos cura, como o fo-
go nos cura do frio ou como a saúde nos cura da doença.

VII. Orientação
Não seja enfraquecido ouvindo a incredulidade e a desconfiança, e não jogue fora os con-
fortos de Deus, pois eles são sua força e podem te encorajar. Não é assustador, deprimente, nem
desesperadamente desencorajador, estar apto a resistir ao pecado; mas o senso do amor de
Deus e o senso de gratidão da graça recebida é um grande encorajamento (com temor cautelo-
so).

VIII. Orientação
Sempre suspeite do amor carnal próprio, fique atento a isso. Pois essa é a fortaleza onde o
pecado se esconde, e é também o seu patrono; sempre pronto para te arrastar para o pecado e

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para justificá-lo. Nós somos sempre muito propensos a sermos parciais em nosso próprio caso; co-
mo no caso de Judá com Tamar e Davi quando Natã o reprovou em sua parábola; isso mostra
nossas próprias paixões, nosso próprio orgulho, nossa própria censura, nossa própria maledicência,
nossas relações prejudiciais, nossa negligência nos deveres; estas coisas para nós parecem pe-
quenas, desculpáveis, senão justificáveis. Considerando que poderíamos ver facilmente a culpa
disso tudo nos outros, especialmente em um inimigo, deveríamos estar ainda mais familiarizado
conosco e deveríamos amar mais a nós mesmos e, portanto odiando mais ainda nossos próprios
pecados.

IX. Orientação
Considere seu primeiro e principal trabalho matar o pecado em sua raiz; limpar o coração,
que é a fonte; pois é do coração que vem todo o mal em nossa vida. Saiba quais são as principais
raízes; e use o seu maior cuidado e diligência para mortificá-las, especialmente as seguintes:
1) Ignorância.
2) Incredulidade.
3) Inconsideração.
4) Egoísmo e orgulho.
5) Carnalidade, em agradar um apetite, luxúria e fantasia selvagens.
6) Insensibilidade, dureza de coração e sonolência no pecado.

X. Orientação
Conte o mundo todo e todos os seus prazeres; honras e riquezas não são melhores do que
aparentam ser; assim satanás não vai conseguir encontrar iscas para te pegar. Como Paulo, con-
sidere tudo como esterco (Fp. 3:8) e nenhum homem irá pecar e vender sua alma, pois ele conta
estas coisas como esterco.

XI. Orientação
Mantenha-se em conversas celestiais, e então sua alma estará sempre na luz, assim como
aos olhos de Deus; e ocupe-se com aqueles afazeres e deleites que o livram do prazer com as
iscas do pecado.

XII. Orientação
Que seu trabalho diário seja ser um cristão vigilante; embora haja distração e um medo de-
sencorajador, nutra a perseverança.

XIII. Orientação
Preste atenção no começo do pecado e suas primeiras abordagens. Oh quão grande dife-
rença faz um pouco desse fogo aceso! E se você cair, levante rápido através de um profundo
arrependimento, não importando o quanto isso pode te custar.

XIV. Orientação
Faça do seu único labor e regra diligente o entender a Palavra de Deus.

XV. Orientação
Em casos de dúvidas, não se aparte facilmente do julgamento unânime da maioria dos sá-
bios e piedosos de todas as épocas.

XVI. Orientação
Não seja precipitado nem aja por emoções, mas proceda deliberadamente e prove bem
todas as coisas antes de se firmar nelas.

XVII. Orientação
Esteja familiarizado com a sua temperatura corporal e em quê o pecado é mais inclinado a
você, e também em que situação o pecado te deixa mais vulnerável, e nisso você deve ser mais
rigoroso.

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XVIII. Orientação
Mantenha sua vida em ordem santa, tal como Deus ordenou que você vivesse. Pois não há
preservação para os retardatários que não se mantém no caminho, que abandonaram a ordem
e o mandamento de Deus. E esta ordem está principalmente nestes pontos:
1) Que você mantenha união com a universal igreja. Não esteja separado do corpo de Cris-
to sobre qualquer pretensão que seja. Esteja na igreja como um regenerado, mantendo a comu-
nhão espiritual em fé, amor e santidade; como um congregado, mantendo a comunhão externa,
na profissão de fé e na adoração.
2) Se vocês não são mestres, vivam sob seus fiéis pastores como obedientes discípulos de
Cristo.
3) Que os mais piedosos, se possível, sejam seus amigos íntimos.
4) Seja esforçado em algum chamado externo.

XIX. Orientação
Coloque todas as providências de Deus, quer a prosperidade ou adversidade, contra seus
pecados. Se ele te der saúde e prosperidade, lembre-se que por meio disso Ele requer sua obedi-
ência e tem um chamado especial para você. Se Ele te afligir, lembre-se que pode ser algum pe-
cado pelo qual Ele está ofendido; portanto, agarre isso como Seu remédio e veja que você não
obstrua essa obra, mas seja diligente, pois isso pode purgar seu pecado.

XX. Orientação
Espere pacientemente em Cristo até que ele tenha realizado a cura, que não acabará até
que essa árdua vida chegue ao fim. Persevere na assistência do Seu Espírito e dos Seus meios; pois
Ele virá no tempo certo e não tardará. “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor;
como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós com a chuva serôdia que rega a terra”
(Os. 6:3). Ainda que você diga: “Não há cura para nós” (Jr. 14:19) “Eu curarei sua infidelidade, eu
de mim de mesmo os amarei” (Os. 14:4). “Mas para vós outros que temeis o meu nome, nascerá o
sol da justiça, trazendo curas nas suas asas” (Ml. 4:2) “e bem-aventurado todos os que nele espe-
ram” (Is. 30:18).

Deste modo, eu dei algumas orientações que podem ser úteis para o ódio ao pecado, hu-
milhação e libertação dele.

Fonte: http://www.puritansermons.com/baxter/baxter16.htm

Voltemos ao Evangelho
http://voltemosaoevangelho.blogspot.com/

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ENTREGA
ABSOLUTA
ANDREW MURRAY
“VÓS SOIS OS RAMOS”
Uma palestra aos Obreiros de Deus

Tudo depende desta entrega, do estar com Cristo, da forma como nos
havemos entregue a Ele. Se eu quero ter maçãs como bom fruto, tenho de
ter uma boa árvore de fruto; se quiser que a macieira me forneça
regularmente boa fruta, logo tenho de cuidar de toda a sua saúde por
inteiro. Assim será também com a nossa vida em Cristo, com Sua Obra em
nós. Se nossa vida total estiver em total harmonia com Cristo, tudo nos
sairá bem, de forma segura e perfeita. Existe sempre aquela necessidade
de instrução, sugestão e ajuda, treino em todas as áreas da Obra de
Cristo – tudo aquilo que tenha valor. Mas, a longo termo, a essência de
todo nosso ser e trabalho será tão só obter, ter, aquela plena comunhão
com Cristo. Noutras palavras, ter Cristo de facto em nós, operando por
nós sem qualquer margem para duvidas. Sei quantas coisas existirão que
por certo nos virão perturbar mais cedo ou mais tarde, causando questões
de ansiedade e de desassossego inquiridor. Mas pelo Mestre teremos sempre
uma forma de ser abençoados, havendo uma bênção guardada para cada um de
nós; tal paz nos será outorgada e concedida, tal alegria e descanso,
força e animo, se conseguirmos tão só estar n’Ele de facto, mantendo-nos
lá nesse descanso numa atitude correcta, acima de tudo.
Vou extrair meu texto da parábola da Videira e de seus muitos ramos, em
João 15:5, “Eu sou a videira; vós sois as varas”. Especialmente destas
palavras, “vós sois as varas”!
Como é sempre muito fácil ser-se ramo! Um ramo duma árvore, um ramo duma
certa Videira! Todo o ramo cresce para fora da Vide, para o exterior da
árvore e a seu tempo, é claro, produz seus frutos. Nenhuma outra
responsabilidade tem esse ramo que não seja receber da raiz e do tronco
aquilo que o nutre, esperando sempre em e pela oportuna seiva, a qual
corre sempre sem parar. E, se pelo Espírito Santo mantivermos este tipo
de relacionamento integralista com Cristo apenas, seguramente que será
certo que toda a nossa obra saia transformada na mais elementar, na mais
bela e mais celestial obra alguma vez conseguida na face toda da terra!
Em vez de andarmos sofrendo de exaustão e cansaço de alma constantemente,
toda a nossa obra seria como uma nova experiência, ligando-nos ao próprio
Cristo como nada mais teria com fazê-lo. Mas, oiçam! Não é muito
frequente acharmos que aquilo que fazemos em vez de nos unir a Cristo,
antes nos faz separar d’Ele? Que coisa mais tola poderia estar a
acontecer ao próprio ser humano! A única obra de grande excelência que
Ele deveria estar operando em mim e eu por Ele, essa mesmo é a que me
separa do Seu amor! Muitos laboriosos obreiros da seara se queixam com
muita frequência disso mesmo, que têm sempre trabalho a mais, que nem
sempre dispõe daquele tempo que os faz aproximar daquele Santuário da
íntima comunhão com Cristo; e que é quase sempre a própria obra que
previne e destrona essa intimidade com Deus em pessoa, que faz declinar o
próprio desejo ardente de estar com Jesus a sós e que se desintegra num
comunicar com homens que o afastam duma intimidade sem igual com o
Mestre! Quão má é esta ocorrência que se dá com os servos de Deus! Que
coisa ridícula será alguma vez pensar que se separarmos o ramo do seu
tronco, este ainda terá capacidades de produzir algo que não seja seco!
Isto ocorre, se dá, apenas porque temos aquela ideia de vanglória que
nossa obra nunca pode ser algo como um ramo, produzindo assim todos os
seus frutos – apenas! Que Deus nos retire de cada pensamento que nos
possa levar a pensar assim, dessa forma oblíqua e estranha. Que
irradiemos essa ideia para sempre de nossa vida evangélica.
Umas pequenas ideias sugestivas sobre esta abençoada vida de ramo.

Dependência total

Em primeiro lugar, é sempre uma vida de total, incondicional dependência.


O ramo nada possui em si senão o próprio tronco. Depende da Vide por
inteiro. Absoluta dependência é um dos mais sérios, mais solenes, mais
preciosos pensamentos que alguma vez nos pode tocar. Um grande teólogo
alemão escreveu dois grandes volumes uma vez apenas para ter como
comprovar que toda a teologia Calvinista é sempre uma total dependência
de Deus. Outro grande escritor disse-nos que dependência de Deus
absoluta, incontestável, incontornável é o todo da religião Cristã, da
religião de todos os anjos e a qual deveria pertencer aos homens na sua
totalidade também, nada mais lhe podendo acrescentar. Deus é tudo para
qualquer anjo e está assim disposto a sê-lo também para qualquer crente
em forma humana sobre a terra. Caso eu possa e tenha como aprender a
obediência incondicional, numa total dependência de Deus na sua
efectivação, tudo o que for feito terá apenas porque e como prosperar.
Você será sempre, a partir daí, um ávido avalista de toda aquela Vida sem
fim que se experimenta já aqui sobre a terra. Terá assim a sua vida
incondicional também, a de total dependência do próprio Deus.
É sempre assim que vemos isto, esta ligação incondicional entre ramo e
Vide também. Qualquer videira que possamos encontrar em qualquer parte do
mundo, tem sempre por princípio e condição básica, estar o ramo nela para
que brotem, a seu tempo, frutos agradáveis, próprios da qualidade da
própria Vide, distinguindo-se sempre pela qualidade da própria vide em
si. Todo aquele suco, toda e qualquer espécie de vinho de qualidade que
possa ver em cima de qualquer mesa, qualquer cacho de uvas que fartam os
olhos com sua beleza intensa, falam da qualidade da árvore de onde
chegaram a ser colhidas – sempre. É tudo obra da Vide e será sempre assim
que os galhos que se esticam gozam no carregar daqueles frutos, dos
quais, eles próprios nunca se alimentarão.
Que tem a vide que fazer? Uma grande obra de excelente qualidade de
facto. Tem de estender suas raízes para o aquoso e líquido subsolo,
caçando nutrientes e bebendo da humidade por onde se estende – pois por
norma as raízes se estendem a grandes distancias dali. Ponhamos certos
nutrientes, adube ou outros longe dali, logo esta envia suas raízes para
lá. Será a partir daquela humidade que acha, que produz aquela seiva a
qual mantém os ramos reboliços e com jovialidade de aparência e a qual
alimenta o fruto que nos ramos brotam e se evidenciam. A Vide faz esse
trabalho, essa obra, por ela e o ramo recebe da Vide pelos canais certos,
a seiva que alimenta o crescimento, o futuro sabor de toda a sua
produção. Contaram-me que, em Hampton Court, Londres, existia uma
frondosa vide que dava milhares de galhos repletos de frutos agradáveis,
sobre a qual toda a gente se admirava pelo bom aspecto daquela vide que
se espalhava e estendia, crescendo assim em demasia. Mais tarde
descobriram a razão de ser de tal “fenómeno”: não muito longe dali,
passava o rio Thames e aquela vide estendeu suas muitas raízes para
aquele rio, a centenas de metros dali, indo pelo subsolo até haver achado
aquelas águas de onde obtinha ingredientes específicos e também a
humidade necessária, o que era a razão da sempre abundante colheita que
produzia. Esta vinha tinha uma obra a fazer e consegui-a totalizar, para
que todos os seus ramos produzissem assim abundantemente.
Não é isto literalmente verdadeiro do meu Senhor Jesus? Terei eu de
entender que quando me disponho no trabalho, quando tenho de entregar um
certo sermão, uma aula a dar, ou a ir visitar quem é pobre de espírito,
negligenciado ou desprezado, que a responsabilidade do sucesso dessa obra
espontânea depende e é sempre da total responsabilidade de Cristo? É
precisamente isso que Cristo quererá que entendamos desde logo. Cristo
quer isso de todo o tipo de obra que façamos, seja no mundo seja dentro
da igreja, que os alicerces desse mesmo trabalho se estendam àquela
consciência simples da presença de Deus em nós: Cristo cuidará de tudo
isso!
E como cumpre, como nutre Ele esta confiança numa total dependência? Ele
consegue isso pela vinda do Espírito Santo – não apenas de vez em quando,
como prenda ocasional e oportunista, mas sim como é o próprio
relacionamento entre a Vide e seus ramos numa base constante, diária e
incessante, a qual é a grande responsável pelo pulsar de toda a vida, de
todo o aspecto, de toda a saúde do ramo e de toda a qualidade do fruto
que brota. É essa conecção que terá de ser assegurada por nós, sempre.
Caso a seiva não esteja fluindo como devia estar, caso cessasse
ocasionalmente de chegar aos confins dos ramos, o ramo murcharia e se
secaria. É esta seiva que assegura toda a sua sobrevivência. É também
assim que o meu Senhor Jesus quer que tome posição na sua seara e em toda
a sua obra, pois de manhã à noite e dia após dia, passo a passo, em toda
a obra que se possa chamar boa, tenho como e porque permanecer sempre
n’Ele e Ele em mim em total dependência como alguém que deveras nada
sabe, nada tem, nada pode fora da vide. Que os meus amados em Cristo se
possam aperceber deste mistério, o de Cristo e da Igreja, que saibam o
que esta palavrinha “nada” deveras significa e como dignifica. “Oh,
sermos nada, termos nada!” Já alguma vez se deu ao trabalho de estudar o
verdadeiro sentido dessa pequena palavra que faz toda a diferença, vendo
Deus à luz disso? Sabe o valor que se tem quando nada temos, nada podemos
ser?
Caso eu ainda seja algo, caso ainda tenha como, Deus nunca terá como o
ser. Mas que bênção sobrevirá quando e assim que nada for, pois quando
tomar meu posto de coração Deus será tudo e pode muito bem revelar Cristo
por mim em mim, como se de mim se tratasse! Esta é a excelência da tal
vida acima de todas as outras; apenas necessitamos tomar nosso posto e
ocupá-lo por inteiro. Alguém dizia que todos os querubins que são chamas
de fogo, são assim por saberem que nada serão e permitem, por essa razão,
que Deus ponha neles, sobre eles, Sua glória a resplandecer sem igual e
sem paralelo neste vasto universo! Olhe, torne-se deveras em nada, de
forma real e duradoura, pois como obreiro sairá beneficiado em todas as
formas de labor intenso esteja onde estiver. Que se tenha como e porque
tornar tão vil, tão insignificante que apenas Cristo o tenha como e
porque aceitar como obreiro em Sua própria seara: que seja Cristo quem
seja tudo de valor em si mesmo!
Obreiros fiéis à causa, escutem: vossa primeira lição é esta, a de ser
tornado em nada diante de toda a verdade dos factos. Qualquer homem que
ainda possua algo, não terá como e porque ser totalmente dependente de
Cristo. Aprenda a grande lição de nada ser, de nada saber sem Cristo, de
estar vazio sem Ele. Absoluta dependência de Deus em forma real é o
grande segredo avalista para o Seu poder ter como e porque habitar sempre
em nós, de contínuo. Assim também, o ramo nada terá nele mesmo que nunca
lhe advenha da própria vide em si, sem a rejeitar prontamente. Nada
podemos ter senão Jesus apenas – em nós!

Descanso profundo

Em segundo lugar, a vida dum qualquer ramo não é apenas uma de inteira
dependência, mas dum absoluto descanso comprometido e despreocupado.
Caso aquele pequeno galho da vinha tivesse como pensar, se tivesse como
sentir e falar, seja aquele galho em Hampton Court ou em qualquer outro
lugar do mundo inteiro, em qualquer uma das milhões de vides que por aí
existem na Africa do sul, nesta nossa terra cheia de sol e de brilho, se
tivéssemos um deles aqui hoje como para nos transmitirem, dizerem algo de
importante acerca de toda a sua relação com a sua vide, se lhe
perguntássemos “Oh galho de videira, quero aprender contigo como e porque
posso ser eu um bom ramo na minha Vide também, na Videira Viva e
exaltada”; que pensam responderia ela? Ela diria em sussurro: “Homem de
pouca fé, sei que és sábio, sei que fazes grandes e inconcebíveis coisas.
Sei também que tens muita força e poder e sabedoria te foi dada para
saberes como fazer pleno uso de tudo isso, mas tenho uma lição a dar-te
hoje. Nem com tudo isso segues Deus? Com toda a tua pressa frenética,
nunca prosperas em toda a obra de Deus. A primeira das coisas que
necessitas é voltar e descansar em teu Deus para sempre. É isso o que eu
faço sempre. Desde meu eclodir e evoluir que assim procedo sempre, sem
nunca me desligar dela para tudo aquilo que necessito. Desde então tudo o
que faço e enceto é descansar na minha Videira. Assim que chega a
primavera não me sobrecarrego com pensamentos de ansiedade
desconfortáveis de dúvida. A Vide começa a verter sua seiva por mim em
mim e faz crescer folhas e logo tenho como e porque dar fruto. Caso o
fruto que eu dou nunca fosse bom, logo o dono de toda aquela vinha nunca
teria como acusar-me, pois a vinha seria a única culpada e responsável
por todo o fruto, por toda a qualidade desse mesmo fruto em mim. E caso
queiras ser assim também, dando teu fruto no devido tempo enquanto ligado
à tua Vide, a Cristo em pessoa, apenas aprende a descansar n’Ele com
carinho paciente. Que Cristo tome tuas responsabilidades sobre Ele. É
tudo o que tenho para te dizer”.
Mas pode argumentar que isso é ser desleixado e preguiçoso.
Permita-me discordar inteiramente. Ninguém terá com descansar num Cristo
vivo e continuamente efervescente e ser diferente d’Ele, em nenhum
sentido da palavra, porque quanto mais aconchegado eu me encontrar n’Ele,
tanto mais Seu Espírito me vivificará para qualquer Obra Sua, em todo o
Seu esplendor! Seu zelo será todo meu, Seu amor também. Olhe, antes de
mais nada, comece a trabalhar a sua dependência total de seu Criador,
veja se algo o perturba ainda e acrescente a essa dependência uma total
responsabilidade de descansar n’Ele apenas. Muitos homens, por vezes,
tentam e tentam uma vez mais uma total dependência de Cristo, mas logo se
preocupam com essa mesma dependência e descobrem que não chegam a ela. É
seu coração que não descansa. Mas que você faça e tenha como fazer seu
coração depender desse descanso sempre e cada dia.
Em tua forte mão me coloco absolutamente
E sei assim que esta obra será terminada
Pois quem mais sabe trabalhar assim
Como o faz o Todo-Poderoso?
Obreiro, tome seu lugar todos os dias de sua eternidade aos pés de Jesus,
o Senhor; e escute em paz e harmonioso sentir este conhecer de poder
dizer:
Não tenho preocupações pois as entreguei a Ele,
Não temerei porque daquilo que temo Ele cuida!
Venham filhinhos do Deus Altíssimo, entendam este enigma, que é Jesus
quem quer operar por vós, inteiramente! Queixa-se da falta de amor
fervente? Se o tiver, é porque vem de Jesus! Ele derrama todo esse amor
em seu coração. Ele próprio fornecerá os atributos desse amor com o qual
descobrirá que pode amar os outros também, para além de si mesmo. Este é
o verdadeiro significado destas palavras: “o amor de Deus está derramado
em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, Rom 5:5; e,
“Pois o amor de Cristo nos constrange”, 2Cor 5:14. Cristo tem como
colocar em si uma fonte de água viva que salta para a vida eterna, a qual
nunca mais vai ser intermitente. Pode e tem como amar assim o mais vil de
todos os pecadores, os mais ingratos de todos aqueles que o cansaram até
aqui. Tente descansar n’Ele, Aquele que sabe e pode dar descanso sem fim
até a uma alma cansada e oprimida – quanto mais a uma em repouso
expectante! Verá que quando estiver dando um sermão, essa será a melhor
parte que você dele escolhe para si. Você clama e urge as pessoas e todos
eles apreendem a sua mensagem e dizem apercebidos: “está um homem
argumentando meus nervos, perturbando minha alma!” Logo dirão que estão
ali dois homens a desentenderem-se, quem fala e quem ouve: mas caso tenha
como pronunciar em palavras de evidência viva, caso tenha como manifestar
na primeira pessoa todo aquele amor de Deus em si mesmo, aquele descanso
activo e vivo, despreocupado e responsável, aquela paz e aquele sereno
descanso que apenas existe nos céus acima, será esse mesmo ingrediente
que convencerá todos os presentes com a sua mensagem.

Muitos frutos

Mas em terceiro lugar, o ramo deixa no ar uma certa lição sobre


frutificar abundantemente.
O próprio Senhor Jesus repetiu vezes sem conta esta palavra “fruto”
apenas nesta parábola. Ele falou antes, de “fruto” e apenas depois de
“muito fruto”. Sim meu caro amigo, você é ordenado a preencher o
requisito de dar muito fruto também. “Nisto é glorificado meu Pai, que
deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”, João 15:8. Em primeiro
lugar, Cristo sempre disse: “E sou a verdadeira Videira, Meu Pai o dono
dela. Ele é quem em encarrega e me capacita sempre, tanto a Mim quanto a
ti”. “Não é o discípulo mais do que o seu Mestre, nem o servo mais do que
o seu Senhor”, Mat 10:24. Aquele quem vela sobre a intimidade entre
crente e Cristo é o próprio Pai das alturas. E será apenas pelo poder de
Deus que em nós é manifesto fruto de onde todos vêm colher para se
alimentarem devidamente.
Ó crentes, sabem muitíssimo bem que este mundo se degrada a passos
largos, especificamente pela falta de obreiros capazes e audazes assim,
deste jeito. E este mundo não necessita apenas de mais Obreiros fiéis,
mas acima de tudo daqueles que clamam a alto e bom som (uns mais que
outros): “nós não necessitamos apenas de mais obreiros na seara, mas de
obreiros que tragam neles um poder irresistível, um poder diferente,
cheio da vida que prega; para que esses mesmos obreiros tenham como e
porque trazer melhor bênção, válida bênção acima de tudo!” Filhos de
Deus, apelo a que sejais entregues assim a Deus. Por exemplo, sabe como
as pessoas se podem sentir perturbadíssimas em caso duma doença. Tem um
amigo íntimo entre a vida e a morte e nada mais que umas certas uvas
frescas terão como refrigerar esse seu amigo; mas suponhamos que estamos
fora de época no que toca a esse fruto. A que trabalhos se entregará para
conseguir essas uvas milagrosas, caso elas tenham como e porque o salvar
da morte? Oiçam-me! Como há tanta gente sem ir à igreja de Cristo, também
haverá muitos que lá vão. Mas tanto uns como outros raramente conhecem
Cristo. E assim mesmo, as uvas celestiais, as próprias uvas de Escol (Num
13:23), aquela vinha celestial, não são para qualquer um, não podem ser
adquiridas por preço, a não ser que um verdadeiro filho de Deus as tenha
interiormente frutificando porque ele se encontra relacionado, ligado
intimamente àquela Vide eterna. Caso os filhos de Deus nunca estejam de
facto abundando nesta vida frutificadora, caso não estejam transbordando
do Espírito Santo de forma real, do amor de Jesus, daquele que apenas Ele
tem n’Ele, nunca poderão brotar seus frutos de forma aprazível para uma
raça humana em profunda decadência. Todos nós professamos e chegamos a
confessar que existe de facto muito trabalho por fazer, muita pregação,
muita visitação a encetar, muitos mecanismos que ainda não rolam, uma
enormidade de esforço ímpar de todos os géneros em todos os cantos do
mundo onde existam igrejas. Mas em nenhuma destas coisas se manifesta,
transparece aquele poder activo de Deus em pessoa, lamento dizer!
Qual a falta, que se passa? Existe uma falta evidente duma ligação
imperturbável com o Criador de todo o mundo, com a Vide, isso será o que
mais nos falta. Cristo, aquela Vide celestial, tens bênçãos de sobra das
quais Ele pode ainda hoje derramar sobre dezenas e centenas de milhares
de pessoas em estado da mais vil perdição ao mesmo tempo! Ele tem de
sobra! Cristo, a nossa Videira celestial tem poder quanto baste para
providenciar uvas frescas a qualquer altura do ano. Mas, “Vós sois os
ramos” e por essa razão, maioritariamente, nunca terá como providenciar
desse fruto da Vide a transiundos perdidos, se não estiver interligado,
intimamente inter-laçado com Cristo seu Senhor!
Nunca confunda trabalho com fruto que frutifica por si. Pode existir um
grande labor, muito dispendioso mesmo, tudo por Cristo e mesmo assim ser
tudo em vão por nunca ser fruto da obra da Vide celestial! Nunca busque
ser laborioso, mas sim quem frutifica e faz frutificar, acima de tudo!
Olhe, estude intensamente sobre este assunto de “dar muito fruto” e verá.
Está sempre interligado ao próprio poder e ao próprio Espírito e amor
verdadeiro do Filho de Deus em pessoa sempre presente. Isso significa
apenas que a verdadeira Vide poisou, aninhou-se em si e em mim, em nossos
corações!
Você sabe que existem distintas formas de fruto, como existem
variadíssimas qualidades de uvas, as quais fornecem-nos sempre
distintamente variadíssimos sabores e aromas. Assim mesmo existe no
próprio coração do próprio Cristo distintos mecanismos de trazer o amor,
a graça, o poder, a Vida, o Espírito, uma bênção a todos os homens cá na
terra, os quais são sempre distintos e celestiais e que se vêm alojar em
nossos próprios corações. Esteja em intimo relacionamento com Jesus e
verá se não faz a diferença à sua volta sempre!
Diga assim: “Senhor Jesus, nada menos que essa seiva desejo, aquela que
emana em Ti mesmo, pessoalmente, especificamente, nada menos que esse teu
Espírito te pedimos. Senhor, que Teu Espírito frutifique em mim em toda a
obra que eu possa fazer por Ti”.
De novo lhe digo que experimente esta nova vida, esta seiva infinita
proveniente do alto que é nada menos que o Espírito Santo em pessoa. É o
Espírito Santo quem é essa Vida da Vide e seu ramo não pode evoluir
frutificando sem essa mesma plenitude sem fim, desse mesmo fluir de vida
sem fim, do Espírito Santo, o Próprio em pessoa real em si mesmo.
Necessita disso incontestavelmente e deseje nada menos que isso para si e
para quem labora na seara. Nunca espere de Cristo dar aqui uma excelente
bênção, outra mais além, juntamente com um pouco de ajuda aqui e acolá.
Nunca será essa a Sua função! A peculiaridade desta Vinha, toda a Sua
obra, é precisamente ensopar os ramos com a seiva que é peculiarmente
Sua. Por essa razão espere que seja Ele a dar-lhe do Espírito que Ele
próprio tem em Si mesmo, em seu coração e que assim tenha como frutificar
abundantemente para sempre. E caso esteja apenas agora a começar a dar
fruto, caso esteja ouvindo estas palavras do próprio Cristo, “mais
fruto”, recorde-se que para que isto se venha a dar em si também, apenas
necessita de mais Cristo em si – em toda a sua vida, como em todo o seu
coração!
Nós ministros do evangelho: como estamos em eminente perigo de trabalhar
incessantemente sem que esta seiva flua livremente, porque apenas vemos
trabalho, trabalho e obra sobre obra diante de nós! E nós oramos muito
mas em nada frutifica tudo aquilo que fazemos, pois aquela alegria real,
aquele descanso activo duma vida celestial sempre presente, nunca são
sempre presentes – isso confirma-se pelo fruto que vemos brotar.
Busquemos entender este mistério sem fim, que a vida de todo ramo está na
Vide, a fórmula de se vir a frutificar muitíssimo, porque é uma vida
interligada à pessoa de Cristo que a isso leva, a um Cristo vivo,
celestial, eternamente constante e permanente!

Comunhão sem igual


E em quarto lugar, a vida do ramo é uma vida numa comunhão muito íntima.
Perguntemos de novo: que tem o ramo de fazer ainda? Conhece aquela
preciosidade de palavra, a qual Cristo muito e sempre usou: “Permanecei”!
Sua vida tem de ser uma daquelas que permanece, que se queda pela
plenitude, que tem como e porque permanecer nela intimamente interligado,
dependendo dela. Como se dá isto? É como ser a Vide e seu ramo,
permanecendo juntos sempre e sem quebras. Existem esses ramos em estreita
comunhão, com pureza de espírito interligado, sem fugas na conecção,
desde Janeiro a Dezembro – sempre a mesma. Este é o princípio básico da
eternidade: ser constante e permanecente. Como não posso viver cada dia
assim? É a mais terrível das coisas termos de estar a responder a
perguntas infames como esta! Não posso eu viver em permanente comunhão
com meu Rei, com a Vide celestial?
Mas você afirma: Tenho estado ocupado com muitas outras coisas”.
A isso respondo: você pode até ter horas de trabalho intermináveis, sua
espelunca de cérebro repleto de coisas e pensamentos temporários; Mas é
Deus quem ordena a que tenhamos esta comunhão assim, desse jeito apenas.
Aquela obra de se permanecer em Cristo, obra dentro do seu coração, não
no cérebro, dentro dum coração que eclode para uma permanência na
segurança duma eternidade constante, descansando em Jesus apenas, é essa
obra na qual Cristo é quem nos mantém interligados pelo Espírito Santo
n’Ele. Ó, que creia mais profundamente que o cérebro apenas,
profundamente na sua vida interiorizada e escondida, para que cada
momento de sua vida intensa seja uma consciencialização daquela liberdade
de poder dizer e afirmar: “Jesus, meu Senhor, ainda permaneço em Ti – vou
até ao fim”.
Se aprender a depositar de lado todos os seus múltiplos afazeres,
aprendendo também este contactar directa e exclusivamente com Cristo seu
senhor, com a Vide, verá que fruto brotará logo de imediato!
Qual a aplicação pratica de tudo isto? Desta comunhão ímpar e sem igual
em todo o mundo? Que pode ela significar por enquanto?
Ela significa acima de tudo, um relacionamento com Cristo no seu local de
oração. Tenho a certeza que existem muitos crentes os quais anseiam
intensamente por esta vida, os quais de vez em quando recorrem a uma
bênção ocasional e que experimentaram um grandioso fluir desta seiva
ímpar neste universo. Mas mesmo assim, com o passar do tempo, ela se
desvanece e eles nunca entendem muito bem porquê. Nunca entendem que uma
comunhão intimamente pessoal com a própria pessoa de Cristo é uma
necessidade básica de nossa vida n’Ele. Nada pode obscurecê-la, subjugá-
la e nada nem no Céu nem nesta terra o pode preencher sem ela, caso
queira ser um crente pleno e cheio de felicidade mas em santidade apenas.
Ó, quantos crentes olham para isto como um fardo eloquente, como uma taxa
de imposto cobrável, um dever obrigacionista e uma grande dificuldade
apenas, o estar a sós com seu Deus! É precisamente este o grande bloqueio
que impede o fruto dos ramos em qualquer parte do mundo. Necessitamos
mais silenciosa comunhão com nosso Criador, que nos conhece melhor que
ninguém. E digo a si em nome desta Vide celestial, que nenhum de vós pode
vir a ser um ramo saudável, onde aquela seiva supra-celestial tenha como
fluir livremente, a menos que se entregue a uma longa e exaustiva
comunhão íntima com seu Deus. Caso não esteja na disposição de oferecer
seu tempo a sós com seu Deus, dando-Lhe todo o tempo que necessitar para
que opere em si através de Sua seiva continuamente, para que assim
mantenha o vínculo que o une intimamente aos céus, que o liga a Ele como
o umbigo liga uma mãe ao seu feto, Ele não pode dar mais do que tudo
aquilo que já recebe imerecidamente, pois sua relação com Ele está
inevitavelmente quebrada, seu elo rompido. Ele não tem como o segurar
através dum relacionar-se com Ele em pessoa, o qual nunca se esgota. É
Jesus Cristo quem lhe pede que tenha um relacionamento vivo com Ele. Que
cada coração diga assim então: “Ó Cristo, é apenas isto o que desejo de
verdade, é apenas isto o que escolho”. Logo de seguida entregue-se a Ele
deste jeito, incondicionalmente. Ele lhe concederá essa comunhão sem
reservas.

Entrega total

E finalmente: a vida do ramo é uma vida de entrega absoluta.


Esta palavra, “entrega absoluta”, é uma solene palavra: duma infinidade
enorme. Creio que nunca entendi muito bem o seu verdadeiro significado,
todo o sentido desta entrega, desta rendição total, integral aos pés de
Cristo. Mas, mesmo assim, esta vara insignificante está pregando sobre
este solene assunto.
“Minha pequena vara insignificante: tens algo mais a fazer que não seja
dar fruto, fornecer uvas?”
“Não, nada mais tenho que fazer”
“És capacitada para algo diferente disso?”
“Para nada mais sou capacitada!” A Bíblia diz que nenhuma vara, nada da
vide tem como dar fruto sem estar ligado à própria vide. As varas fora da
vide servem apenas para serem queimadas.
“Não tens como fazer algo mais?”
“E agora, que entendes tu, pequena vara, sobre o relacionamento com a
própria Vide?”!
“Todo o meu relacionamento com a Vide é apenas este: estou inteiramente
entregue à minha vide, para que ela possa fornecer a quantidade de seiva
quanto queira a qualquer momento que entender. Estou à sua disposição
inteiramente e a vinha pode produzir comigo tudo o que deseja”.
Amigos, necessitamos ter esta entrega também ao Senhor Jesus Cristo.
Quanto mais falo sobre isto, mais me apercebo que é das coisas que mais e
melhor terão de ser conseguidas e que no entanto será sempre das mais
difíceis de se esclarecer e, mais ainda, de se explicar com a devida
clareza: uma entrega total e absoluta. É frequente acharmos homens que
saem dos seus cómodos assentos e se entregam ao Senhor dizendo assim:
“Senhor, me entrego a ti para uma total consagração”. É de realçar tais
atitudes e com alguma frequência também, advém fruto de tal acto. Mas a
grande questão é o que significa essa entrega, ao que pode levar ela.
Meus caros amigos: isto significa que nos entregamos a Cristo da mesma
forma que Ele estava entregue ao Pai. São palavras fortes demais par si?
Algumas pessoas ainda pensam que sim – outros acham que nunca são. Mas
tão absoluta deve ser nossa entrega ao Próprio Cristo quanto Ele estava
em relação ao Pai. Ele apenas buscava a vontade do Pai, o que Lhe agrada.
Mas tal qual isso, devo eu buscar e estar em relação a Cristo: nada devo
buscar que não seja do Seu agrado, da Sua vontade inteiramente. Isto é
verdade, que nunca se duvide acerca de nada disto. Cristo veio soprar Seu
próprio Espírito em nós, para que achássemos na Sua santidade, a maior
das felicidades, tal quanto Ele próprio fez. Amados irmãos, caso este
seja todo o seu caso, permita-me dizer-lhe que diga ainda isto: “Sim, tal
como é verdade acerca daquela simples vara da vide, assim é verdade que,
pela graça de Deus, eu vivo e viverei mediante sua vontade pelo Seu poder
cada dia de toda a minha existência”.
Mas eis aqui o grande erro que todos cometem, o qual está sempre como
base de toda a nossa religião. O homem pensa assim: “Eu tenho muito
negócios e afazeres, uma família, meus deveres de cidadão e isto não
terei como mudar isso. Por isso, paralelamente, serei um servo do Deus
Altíssimo, estarei a Seu serviço, como forma de me manter afastado do
pecado. Que Deus me conceda ajuda para poder fazer tudo assim, desse
jeito!”
Isto é uma calamidade em forma de pensamento. Quando Cristo veio até cá,
Ele mesmo comprou com Seu sangue o resgate de todos os pecadores que
falam assim ainda. Caso houvesse aqui um certo mercado de escravos e eu
fosse comprar um dos que lá estavam acorrentados, teria de levar esse
homem para a minha propriedade para que ficasse sendo minha propriedade
também, para que pudesse mandar nele e dispor dele sempre que dele me
quisesse servir, para qualquer tipo de obra que eu entendesse necessitar
ser feita. E caso este escravo me fosse incondicionalmente fiel, ele
viveria sem interesse próprio e toda a sua vontade se resumiria em
“honrar sempre seu mestre”. Deste modo se espera que seja qualquer servo,
qualquer filho de Deus em relação ao Pai: “como poderei servir meu
Mestre, meu Senhor?”
Como descobrimos dificuldades nesta vida evangélica, conquanto seja real
mesmo! Apenas porque buscamos única e exclusivamente a supra-vontade de
Deus. Deveríamos era nos alegrar com tal possibilidade única de agradar
ao Criador do mundo, de termos como assimilar Sua própria Vida em nós por
nós! É uma oportunidade única a que temos ao nosso dispor. Devemos
escolher fazer as nossas próprias coisas ainda? Para depois virmos pedir
que nos auxilie a sair do pecado inerente a elas apenas? Fazemos tudo
ainda dentro dos nossos próprios esquemas, efectuamos nossa vontade e
esperamos que nunca estejamos desviados e errantes! Pedimos-Lhe que entre
em nós, para nos deixar a maior de todas as bênçãos possíveis. Mas nosso
relacionar-se com Ele é precário, decadente, quando deveria ser uma pré-
disposição incondicional de servir, de ouvir quem fala, humildemente
escutando e buscando Seu bel-prazer: “Senhor, existe algo em mim que não
esteja de acordo com Tua vontade, que não esteja ordenado para Te poder
agradar, que não esteja ao Teu dispor por inteiro, de forma que sejas Tu
a usar onde e sempre que queiras?”
É um facto que pedimos que entre em nosso coração, mas para que nos dê de
Sua bênção. Mas nosso relacionamento com Jesus, como está este? Deveria
ser um tal que nos pré-dispusesse a servi-Lo sempre incondicionalmente.
Mas se pudéssemos apenas esperar com toda a Sua paciência, logo veríamos
frutos brotando inseparavelmente dum tal relacionamento. Uma relação de
amor tal, faria brotar sempre de nós uma fonte de águas vivas e Cristo
seria tão chegado, tão querido ao nosso ser, que nos admiraríamos de nós
mesmo ao havermos afirmado que antes estávamos entregues a Cristo!
Deveríamos sentir em nós mesmos a enorme distancia, o enorme fosso entre
este relacionar-se com a pessoa de Cristo e aquele que antes elogiávamos!
Que Ele venha, como pode de facto, tomar posse de todo nosso ser
incondicionalmente e isto para sempre. Esta vara clama por uma entrega
total.
Eu não estou falando tanto assim do deixar de pecar, de abandonar o
pecado apenas: existem pessoas que necessitam de tal coisa, de abandona
seu mau temperamento, maus vícios e hábitos destrutivos, os quais cometem
de quando em quando. São pecados que nunca lhes permitem aconchegarem-se
no Seio eterno de Cristo. Mas rogo-vos, que caso sejam varas nesta Vide
Viva, que nunca assegurem nenhum dos vossos pecados – que os deixem ir de
vez. Sei que existem grandes dificuldades no que toca a santidade em
muitas vidas. Sei também que nem toda a gente pensa de igual modo em
relação ao seu próprio pecado. Mas isto não é assunto de se comparar
opiniões, de se juntar à indiferença, caso se queira ter como abandonar
todo pecado. Mas, infelizmente ainda existem muito corações adversos por
aí, os quais se familiarizaram muito com a ideia de que é impossível
abandonar o pecado e que devemos pecar um pouco cada dia. Que houvesse
gente que pudesse clamar: “Senhor liberta-me, livra-me de todos os meus
pecados!” Entregue-se incondicionalmente a Cristo em pessoa e peça d’Ele
essa formula sagrada de se afastar e abster até do desejo do pecado.
Existe um penar de maus pensamentos entre crentes que, porque estamos
onde nascemos, num mundo onde habita pecado, que isso é algo que nunca se
tem como e porque mudar. Mas o facto é que nunca nos chegamos a Jesus
para pedir d’Ele Sua opinião sobre este e outros assuntos. Aconselho-vos
vivamente, Crentes, tragam tudo para fora e depositem toda as questões
diante de Jesus e digam logo: “Senhor, que tudo em minha simples vida
esteja em total harmonia, em sintonia inquebrável com aquilo que Tu
próprio és, que tome minha posição na abençoada Vide que Tu és – apenas”.
Que sua entrega a Cristo seja absoluta. Eu nunca entendi esta palavra de
entrega total, verdadeiramente. Cada dia que passa ganho novas
descobertas em relação a isto. Alarga-se todo o seu significado cada dia
que por mim passa. Mas não busque entender, mas peça “Senhor, que minha
entrega seja absoluta, incondicional, verdadeira – apenas isso escolho e
quero para mim!” Logo verá que Cristo lhe manifestará de tempos em
tempos, a cada oportunidade que surgir e emergir, tudo aquilo que Lhe
possa desagradar directamente. Ele lhe revelará Seu pensar, Sua mente,
Seus pesares também e o irá por certo guiar até uma vida de excelência na
Vide eterna.
Para concluir, permitam-me resumir tudo o que disse numa simples frase:
“Eu sou a Vide e vós sois as varas!” Noutras palavras, “Eu sou o que vive
para sempre e Me entreguei por ti sem reservas e sou a tua Vide. Nunca
terás como confiar em mim mais do que devias. Sou Eu quem opera
poderosamente, cheio de plenos poderes para dar e resgatar com vida e
poder”. Caso exista ainda em qualquer parte de seu coração uma
consciência de que em si você é forte, saudável, disposto a brotar fruto
a qualquer hora do dia, mas sem estar intimamente relacionado com Jesus,
nunca vivendo como deveria estar, então escute-O quando fala e diz: “Eu
sou a verdadeira Videira e vou te receber implantado em Mim apenas.
Atrair-te-ei a Mim para que possa te abençoar muito. Esforçar-te-ei e te
engrandecerei e serás cheio do Meu Espírito sempre. Eu, a verdadeira Vide
de toda a vida, tomei-te para seres minha vara. Entreguei-Me inteiramente
por ti. Tornei-me homem e morri para que tivesse como ser inteiramente
teu também. Vem, entrega-te a Mim assim – nada segures para traz e sê
inteiramente Meu como Eu fui teu”.
Qual será sua resposta hoje? Olhe, que seja uma oração do mais fundo de
todo seu coração e que Cristo tome posse de cada parte insignificante de
todo ele também; e que ligue cada um de todos nós a Ele de verdade. Que
nossa oração mais sincera seja esta, que a Vide esteja a fazer parte de
nosso ser interior, de nossa total existência, incondicionalmente e que
saíamos daqui cantando: “Ele é a minha Videira verdadeira, eu sou sua
vara, nada mais sou do que isso. Agora estou implantado na Vide eterna,
eternamente”. E quando, enfim, estiver a sós com Ele, com o Próprio,
adore e acaricie Quem é Rei dos reis, louve e admire-O, ame e espere tudo
d’Ele apenas. “Tu é que és a Vide e eu sou Tua vara. Só isso basta para
minha alma estar feliz e satisfeita. Para mim, ser assim chega”.

José Mateus
zemateus@msn.com

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