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Associação de futebol de Aveiro

CURSO TREINADORES FUTEBOL - UEFA B

Relatório de Observação e Análise da equipa do Spot Lisboa e Benfica

Jogo
Final da Europa League
Benfica X Chelsea

José Joaquim Matos Velosa


Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

1. Dados do Jogo
1.1. Tipo competição/Jornada
Europa League 2012/2013 – Final - Björn Kuipers (NED)

Descrição do jogo
Após terem-se encontrado pela primeira vez nas provas da UEFA há um ano, SL Benfica e
Chelsea FC vão defrontar-se mais uma vez, desta feita na final da UEFA Europa League.

Nenhuma das duas equipas teve vida fácil nas meias-finais, com Fenerbahçe SK e FC Basel
1893 a darem muita luta nas segundas mãos. O Chelsea acabou por bater o Basileia por 3-
1, 5-2 no total, enquanto o Benfica ganhou pelo mesmo resultado, mas por 3-2 na
eliminatória. Ambas as formações começaram a época europeia na fase de grupos da UEFA
Champions League.

Este poderá ser o terceiro troféu europeu conquistado pelos encarnados, depois da Taça
dos Campeões Europeus em 1960/61 e 1961/62. Em 1982/83, as águias até atingiram a
final da Taça UEFA (agora denominada Liga Europa), mas foram derrotados pelo
Anderlecht. Os comandados por Jorge Jesus perderam no último sábado a liderança da
Liga ZON Sagres para o FC Porto, a uma jornada do fim, e já não dependem de si próprios
para ser campeões.

1.3 Data/Hora do Jogo


Quarta Feira, 15 Maio 2013, pelas 19h45
1.4. Escalão
Seniores
1.5. País/Estádio/Cidade
Holanda/Amesterdam Arena/Amesterdão
1.6. Condições Climatéricas
Temperatura ligeiramente abaixo dos 15 graus.
1.7. Piso/Bola
Húmido e rápido/ Bola oficial Europa League Adidas Conext Ball
1.8. Assistência/Ambiente
Estádio praticamente lotado com 46163 espetadores
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1.9. Árbitro
O Árbitro do jogo foi o holandês Björn Kuipers e os compatriotas Sander van Roekel e Erwin
Zeinstra, foram os assistentes, e Pol van Boekel e Richard Liesveld, foram os assistentes
auxiliares, enquanto o alemão Felix Brych foi o quarto árbitro (figura n.º1).

2. Contexto/Enquadramento
2.1. Contexto Emotivo
Tendo em conta que se tratava de uma final Europeia os adeptos de ambas as equipas
marcaram presença em massa e tentaram incentivar ao esforço com modelos de
comportamento fomentando o entusiasmo e o optismo mesmo nos momentos que o
resultado do jogo era desfavorável.
2.2. Importância do Jogo
Jogo extremamente fundamental, pois jogava-se o vencedor da segunda competição mais
importante da Europa a nível de clubes na época de 2012/ 2013.
2.3. Momento de forma das equipas no momento
A equipa do benfica nos últimos 5 jogos tinham ganho 2 jogos, perdido 2 jogos e empatado
1 jogo. A equipa do Chelsea nos últimos 5 jogos tinham ganho 4 jogos e empatado apenas
1. A média de jogos por equipa também variava um pouco pois, o Benfica tinha alguns dias
a mais no descanso entre jogos, contudo o seu último jogo tinha sido de um desgaste
tremendo físico e psicológico (derrota no estádio do dragão por 2-1 e um adeus ao título
no último minuto do jogo). De seguida é possível verificar com mais detalhes os jogos que
anteciparam esta final para cada equipa com os resultados, os adversários, a competição
e a tática utilizada (figuras n.º 2 e 3, consultado no site transfermarket).
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S.L. Benfica:

Chelsea F.C.

3. Constituição da Equipa e Suplentes / Organização estrutural

Organização estrutural
Fig. 4
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

Suplentes
Fig. 5

3.1. Ficha de jogo


Fig. 6
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

4. Organização Estrutural
A equipa do benfica organiza-se numa estrutura de 4-3-3 com posse de bola e uma
estrutura de 4-4-1-1 sem posse de bola (figura n.º7).

5. Sistema Tático
A equipa em situação de posse de bola assume uma estrutura 4-3-3 construído por quatro
linhas transversais e pela formação de um triângulo bem definido no meu campo tendo
como referência o portador da bola. Sem posse de bola, a equipa reajusta posições e
defende em 4-4-1-1 conforme figura anterior.

6. Evolução estrutural da equipa durante o jogo


A equipa manteve a mesma estrutura durante todo o jogo, foram feitas três substituições
ao longo do encontro, sendo que uma por lesão e outras duas apenas para refrescar o
ataque e procurar maiores desequilíbrios ofensivos A entrada do Ola John para o lugar do
Melgarejo empurrou o Gaitan para lateral esquerdo tornando uma equipa mais ofensiva.
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7. Métodos de jogo ofensivo e defensivo: Identificação e descrição

Após analisarmos os métodos de jogo ofensivos, observamos uma filosofia dinâmica


predominando o “ataque posicional”, em que a equipa procurou controlar o ritmo específico
do jogo, tentando impor o seu modelo de jogo, procurou privar a equipa adversária da
posse de bola, através de uma posse e circulação da bola em largura e profundidade. Equipa
muito ofensiva sempre com pensamento atacante; participam muitosjogadores no processo
ofensivo e não são uma equipa equilibrada quando atacam. Largura e profundidade através
dos laterais que são sempre muito ofensivos (extremos muitas vezes em zonas interiores).

Relativamente ao metodo defensivo, a equipa organiza-se num bloco médio/ alto e


procurou anular as acções dos atacantes, através de uma agressividade e uma forte atitude
na conquista da bola, tentando retirar iniciativa ao ataque adversário, através de um “método
zona pressionante”.

8. Organização ofensiva
8.1. Fases de construção
8.1.1. Saída pelo GR ou centrais

a) Longa – Sobre pressão o GR joga longo procurando o jogador alvo - o avançado


Cardozo, para este “pentear” para os jogadores que se desmarcam nas suas costas. A
construção longa desde o GR é uma ameaça, já que a equipa é muito agressiva quer na 1ª quer
na 2ª bola. A dinâmica de suporte da 2ª bola é garantida pois a equipa se encontra compacta
e ataca de imediato procurando ganhar a 2ª bola. (Fig.8)
Fig. 8
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b) Curta – A construção curta tem o primeiro passe para os centrais que se


encontram abertos, com os laterais a dar largura e profundidade e um dos médios
(Matic, principalmente) desce para vir buscar jogo. Sem pressão o padrão de jogo
mais verificado é o passe para os laterias. Verificam-se muito menos ligações entre
central e o Matic. Esta fase é realizada com grande velocidade de circulação de bola
mas em segurança, caso haja pressão procuram o jogo longo.

9. Criação de situações de finalização (último terço)


9.1. Jogo interior
Genericamente o jogo interior é assumido pelo jogador nº 9 (Dockal), através de
combinações simples complexas, em que os atacantes evidenciam uma mobilidade
constante na tentativa da desmarcação e pela procura incessante de espaços e aberturas
de linhas de passe, através de movimentos de rutura.

10. Finalização
10.1. Quantos jogadores
O acesso à baliza é operacionalizado através de um projeto coletivo prevalecendo
interações táticas entre o setor médio e atacante, sendo o passe a ação técnica mais
utilizada com a penetração de muitos jogadores em zonas ótimas de finalização, havendo
uma ocupação racional do espaço dentro da área ofensiva, formando várias opções de
finalização.
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11. Equilíbrio
11.1. A atomização da equipa da fase de defesa “equilíbrio defensivo” (ainda na posse de
bola) é assegurada normalmente por quatro atletas (3 defesas mais um médio).

11.2. Zonas vulneráveis


Face a este dispositivo tático, a equipa não cumpre dois princípios fundamentais do jogo
“evitar a inferioridade numérica; recusar a igualdade numérica” no corredor central,
tornando esta zona vulnerável permitindo à equipa adversária a concretização de transições
ofensivas.

12. Transição ofensiva


Apesar de termos observado que o método mais utilizado foi o de ataque posicional,
verificou-se em alguns momentos rápidas transições defesa/ataque através de ataques
rápidos, caracterizado por uma simplicidade de processos ao nível da autonomia e
criatividade dos atacantes, predominando a ineficácia das ações ofensivas.

13. Esquemas táticos ofensivos


Nos livres indiretos ofensivos adoptam o princípio de pé dominante com movimentações
pre-determinadas ao 1º poste (pentração de dois atletas) e ao 2º poste (penetração de
dois atletas). Normalmente a bola é dirigida aos atletas do 2º poste. Conseguem garantir o
equilibrio defensivo, pois deixam dois jogadores na retaguarda para salvaguardar algum
contra-ataque do adversário inesperado. (Fig. 10)
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

Nos cantos ofensivos, Umdos aspetos do trabalho de Jorge Jesus é a variedade de


situações de pontapé de canto. Adoptam muitas vezes pelos cantos curtos em que
procuram atrair os adversários para posteriormente libertar espeçao na zona da área com
movimentações pre-determinadas ao 1º poste (pentração de um atleta) e na zona do
penalty e do 2º poste (penetração de quatro atletas). Ficam dois atletas fora da área, para
garantirem o equilibrio defensivo. (Fig. 11)
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

No cantos ofensivos ainda, é possível verificar-se na figura seguinte o posicionamentos dos


vários jogadores do benfica no momento do canto ofensivo. É sem dúvida um dos momentos
que a equipa tenta tirar partido através de vários posicionamentos pré-estabelecidos para
causar surpresano adversário (Fig. 12).

Nos lançamentos de linha lateral ofensivos, procuram lançar para o Nº 7 “Oscar


Cardozo” conforme figura abaixo.

Fig. 13
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

14. Jogadores chaves

O defesa central Garay consegue espalhar segurança com todas as suas acções. Garay
foi muito eficiente nas suas funções, inclusivamente compensando algumas falhas do seu
lateral-esquerdo, no entanto, esteve limitado fisicamente durante grande parte do
encontro;

O médio centro Matic é um poço de bem jogar, com um pulmão inesgotável e, por isso,
com traços de omnipresença no meio campo encarnado. Além do poder defensivo, sempre
a matar contra-ataques adversários, o seu pé esquerdo foi sempre uma arma letal na
primeira linha de lançamento atacante benfiquista. Matic é responsável por manter
cobertura aos jogadores mais adiantados e deixar o espaço central sempre seguro. Poucas
vezes se liberta do corredor central, e fá-lo porque não existe mais ninguém a fazer
contenção ao portador da bola adversário. É um trinco alto, forte, rápido e muito estável
nas suas funções defensivas. Matic foi essencial na recuperação de bola e na construção
dos ataques benfiquista;

O Ponta de lança Oscar Cardozo importante na criação de situações de finalização.


Apesar ser lento, a sua técnica passa por receber, rodar e rematar, jogar de costas para a
baliza para temporizar e esperar pela equipa e remates de longe com muita força, que foi
suficiente para criar bastante perigo na baliza de Petr Cech. Neste jogo participou imenso
no jogo aéreo, chegando mesmo a fazer um golo após um cruzamento, mas em fora-de-
jogo. Cardozo é peça fundamental no modelo de jogo do SL Benfica, uma vez que temporiza
o jogo vezes sem conta ao mesmo tempo que a equipa sobe as linhas e compacta-se
ofensivamente.

15. Caracterização individual dos restantes jogadores


Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

Guarda-Redes (Jogador n.º 1)


O guarda-redes Artur Moraes colocou-se posicionalmente em função do centro do jogo
(posição da bola), em posição de receber o passe atrás sempre que foi solicitado pelos
colegas de equipa, tendo decidindo por jogar em profundidade e/ou conservar a posse de
bola e/ou sair curto. Revelou qualidade no passe com os pés em distâncias curtas, média
e longa. Artur efetuou várias intervenções de elevado grau de dificuldade;

Defesa Central (Jogador n.º 4)


O defesa central Luisão – líder. Excelente leitura de jogo e posicionamento. Fortíssimo
no jogo aéreo ofensivo e defensivo, sendo que já não possui facilidade de ir buscar na
profundidade de outrora, ainda que tenha uma passada longa. Luisão foi impotente perante
Fernando Torres no lance do 0-1 mostrando algumas fragilidades na velocidade;

Defesa Lateral esquerdo (Jogador n.º 25)


Sabe decidir Melgarejo revelou algumas fragilidades no que concerne ao
posicionamento; André Almeida não teve hipóteses de discutir pelo ar o lance com
Ivanovic, que deu o 1-2 aos londrinos; e

Médio Centro “Pivot” (Jogador N.º15)

Sempre em posição de receber a bola; primeiro passe sem riscos; Decidiu bem e
rápido em função do contexto do jogo (Sabe diferenciar quando tem que jogar de
primeira ou conservar a bola; sabe quando tem que mudar o sentido do jogo e/ou
jogar em profundidade; Noção de cobertura ofensiva; Fecha os espaços e ajusta as
distâncias – Equilíbrio defensivo; Comunicador. Enzo Pérez fez um grande jogo,
levando a equipa para a frente por diversas vezes; Rodrigo apareceu pouco; e Ola
John entrou bem no jogo; Lima não se conseguiu impor na partida; e Jardel foi
impotente na disputa de bola pelos ares com Ivanovic.
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Médios (Jogadores n.º 18 e 20)

Os extremos Salvio e Gaitán são dois jogadores com velocidade vertiginosa, técnica
apuradíssima e finalização (quase sempre) mortífera. E sabem combinar muito bem
um com o outro e com os colegas. Sem dúvida, foram a grande força ofensiva do
Benfica. Enzo Perez é o homem de transição da equipa. A maior parte das transições
passam pelos pés deste jogador, onde as habituais ações técnicas são o transporte
de bola enquanto a equipa acompanha. Sálvio terrivelmente perigoso no 1x1 é
fortíssimo no último terço bem como na procura quer da profundidade, quer nas
zonas de finalização. Salvio esteve furos abaixo do habitual; e Gaitán, nervoso,
arriscou pouco o remate, e recuou para o lado esquerdo da defesa com a saída de
Melgarejo;

Avançado Centro (Jogador n.º 19)


Dá profundidade às ações ofensivas da equipa “desmarcações de rutura”; Rodrigo
habitualmente investe nas costas da defesa e em movimentações em profundidade,
ao contrário de Cardozo que faz o movimento contrário: move-se entre as linhas e
só depois de tabelar é que se movimenta para a linha da defesa adversária.
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

16. Organização defensiva


A equipa organiza-se num bloco médio/ alto. São uma equipa extremamente
agressiva jogando com um bloco muito compacto em que cada atacante com bola
é marcado de forma rigorosa, os espaços para os adversários jogar são reduzidos e
existe uma grande concentração defensiva. Deslocam-se no sentido da
profundidade para pressionar e os movimentos do bloco em largura são relaizados
com precisão.

1ª Parte do jogo
Fig. 14
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

16.1. Reação à perda


A reação da equipa à perda da bola é porventura um dos momentos que marca
mais esta equipa do benfica. A reação à perda é imediata nomeadamente dos 2, 3
jogadores mais próximos da bola. A pressão é constante, intensa, num primeiro
momento, desses 2/ 3 jogadoresenquanto que os outros se reorganizam, fechando
linhas de passe e reposicionando-se. O padrão neste caso é evidente, na maioriados
casos, ganham a posse de bola rapidamente. Recorrem à falta se necessário,
evitando ser ultrapassados.

16.2. Recuperação defensiva


A recuperação defensiva é rápida, no entanto não é contextualizada em função da
bola e da ocupação dos espaços vitais de jogo. A maioria dos atletas focam-se
apenas na referência do centro de jogo “bola”, permitindo linhas de progressão ao
nível do corredor central “jogo interior”, dando oportunidade ao adversário em
penetrar em espaços vitais de construção de ações ofensivas.
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

17. Esquemas táticos defensivos


Nos lançamentos de linha lateral defensivos, posicionam muitos atletas
envolvidos na ação, procurando que o adversário não consigam rececionar a bola.
(Fig. 16)

Nos livres indiretos defensivos colocam todos os jogadores em situação


defensiva. Posição defensiva zonal, sem nenhuma marcação de referência. A atitude
dos jogadores antes e durante a marcação é muito agressiva. A primeira bola é
atacada de forma muito agressiva assim como a segund abola, não permitindo
quase situações de perigo para as equipas adversárias. (Fig. 17)
Relatório de observação e análise do SLB na final da Liga Europa em 2013

Nos cantos defensivos, defesa à zona normalmente sem nenhuma marcação


individual com possível colocação de todos os jogadores dentro da área numa
disposição em L conforme figura n.º. O defesa lateral fica no primeiro poste; Matic
ao lado do lateral; 1 dos avançados (normalmente Cardozo) fica alinhado com Matic;
nas costas deste avançado ficam os dois centrais (Luisão e Garay) fortes no jogo
aéreo; a seguir aos defesas fica o outro avançado e o lateral desse lado. Na proteção
da zona à frente do primeiro poste encontra-se o ala desse lado e finalmente no
espaço da grande penalidade encontra-se o médio centro e nas suas costas o ala
do outro lado.

Fig. 18

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