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CAS IN/ENCLUSIVAS £05 MODOS DE SER PRoFtsso PRdTNTEMPORANEIDADE R(A) Sandra de Oliveira Viviane Inés Weschenfelder introdugao Em que medida o imperative da inclusdo afeta nosso modo de ser professor(a)? Com esse questionamento, partimos do pres- guposta. que todos nds, de algum modo, estamos marcados pelo conjunto de praticas discursivas é nao discursivas que circulam sobre a inclusao. Dentro daescola ou para alem de seus muros, a ‘iclusao se consolidey como um imperativo porque, alemde estar na legislagao, ela encontra-se na ordem do discurso. De acordo com Lopes @ Rech (2013, Pp. 222), “pelo seu carater dé abrangéncia ade imposigaga todos, [a inclusao'camo imperative implica] que ninguem posse deixar de cumpri-la, que nenhuma instituigae ou drgao publica posse dela declinar”. Esse capitulo propoe um diglogo reflexiva por dentro de nossa profissao. (NOVOA, 2009). Somos professoras pesquisa- doras @ arqumentamos na direg3o de construir cada vez mais espagos de dialogo. com os colagas docentes que atuam em dife- rentes locais, mas compartilham de inquietagoes e responsabi- lidades semelhantes, que merecem Ser discutidas € problema- tizadas. Névoa (2009, p. 6) argumenta: “[nsisto na necessidade de devolver a formagao de professores 205 professores, porque o reforgo de processos de formagao haseadas na investigagae 30 faz sentido se eles forem construidos dentro da prafissao”. Com VW eapsnos de wente COM aS pritic ticas mos com alunos com deficiéncia: abordagem, naoestamos afirmany, esse campo- Baseadas em Lana, Opes nclusao como um isso, N05 prop’ pedagog ‘Ao escolherm quea inclusao S& restrinja a (2009, P- 107); entendemos@! que subjetivamn os individUosde fo, par para s) € para O outro, sem referencia fronteiras que delimitary, . J, do incluido e do excluide : Conjunto de prati¢as que eles passem al sariamente ter com? lugar do normale co.anorme nteira estabelecida todos vives as de diferente. tai Se nao ha uma fro iclusaa @ de exclusdo, © Pe° ajetaia, Feligiosidades “Ja estio 4; escola, desde hd muito tempo, 8 inclusao ja comegou" (LOPes, 2007; P. 27). Nosso olhar para os alunos com hed desi modo, justifica-se pela necessidade de um recorte analitice 3 objetiva contribuir com uma discussdo que hoje tem posiciona ainclys8o como dieito(e dever) de todas-as'criancas estare bora haja muito a avangar em relagdo ao EFbote x i mee oo a (CASTELL, 2008), eecbemo! Pe ae cuicrsn ees ; Oque faz com que a res- pl one de todos se torne 9 maior = a com deficiéncia como desa- =i yo eipnamrios contra a inclusad, y Ma Perspectiva teorica em que nos momentos de | geéneros; sexvalidade, rag esta aicergado no Estatuta da Pi Senin cauiasbes Com as demals pes oi Inelusao da Pessoa ao planaito.gav furs isin {ORGANIzaDORAS ne para produzir Nossa analise, a a ARE W favor da inclusdo nao «Lopes ¢ Fabris (2023, p. 23), © Pergunta pelo posicig. ® produtiva, De acordo Ao problematizarmos.a inclusad nao estamos dizenda nag ela, Nad estamos simplesmente Negando-a ou sendo con: tra ela. Ad nos posicinnarmos COMO pesquisadoras a auto. 7a que pensam, analisary © problematizam a inclusao a partir de autores pos-estruturalistas, tambam a triamos, a transformamis é, enfim, Participamos ativamiente do pro- cesso de invencao da propria nOCa0 de incluso. ‘onsiderando essas balizas iniciais, esse texto apresenta hatrativas docentes sobre praticas pedagdgicas n\ jas com alunos com deficiéncia, Os materiais foram jonados a partir de um conjunto de 56 narrativas produ- ‘sujeltos participantes da pesquisa intitulada Educacao e subjetividades docentes (2012-2014), realizada pelo Estudo @ Pesquisa em Inclusao (GEPI/UNISINOS/ losso trabalho pretende contribuir para um dos obje- isa, que € “problematizar os efeitos de tais poll- d inclusdo] hos processos de subjetivacdo de escolas pUblicas”. As narrativas foram coletadas realizagao de entrevistas com professores em nove apitais brasileiras @ sao compostas pelo relato de inimeras cas nadas 4 educagao para todos, Ao estarem direta- vidos com as politicas inclusivas e, especialmente, Aciéncia qué passam a ingressarna escola ssores tornam-se Os principais agentes de quinaria escolar, As entrevistas mostram que, de @ intensidades, tados os professores brasi- ados pelo imperativo da inclusao. 'contribuicdes dos Estudos Foucaultianos e as sobre os pracessos de in/excluséo, espe: 9 ales articuladas a0 GEP|, entendemos q,,, i fasgor esti diretamente relacionada is gy. 5 produzindo no decorrer de nossa expe, len, dades que vamo , raticas, 05 professor..." profissional. AO narrarem suas praticas, 05 Professores gy. as concepsoes educativas qe difecionam se trabalho |” também suas visbes de mundo eas verdades que os Conse f 0 sujeitos de um determinado tempo. Sequindo as Dig ‘ « deixadas pelo fildsofo Michel Foucault, nesse aye... analtico utilizamos basicamente dois conceitos-chave: a vacaoe agovernamentalidade. . A governamentalidade eosprocessos de subjetivacao ess, profundamente implicados. A partir da centralidade dos Stu de Foucault no sujeito ene busca por compreender "quais So formas e as modalidades da relagao consigo através das quaj., individue se constitui e se reconhece como sujeito" (FOUCAU 2014) p24), a governamentalidade pode ser entendida coma % | ancontroentreastecnicas dedominageo exercidassobreosoutrg: | eas técnicas de si” (FOUCAULT, 1994, P. 785). Assim, a governa mentalidade & tomnada como uma grade de inteligibilidade pay nos enxergar as formas de conducéo que posicionam, etivam os professores dentro das redes de saber locam em funcionamento a educagao inclusiva ocando-se no interior dessas redes_ i resulta de um processo, de continuo, constituido por meio de mento™ politico) e da relacao consiga claimente aqu tituigao do pro Sut lingua poruguesa a questio 0), Lut Aseguit Bees anos 4 apresentar a estry as proximas segoes do Capitulo. Na secio 2, : ; praticas infexclusivas na escola” ento dé praticas infexclusivas e Mostramos oe near os alunos com deficidncia desse wii, ie iharyios pels aS praticas injexclusivas eed nos questionamos em que medida ela é mania jada ov posta em permanente tensao. Na secdo 4, Procuramos mostrar:como a énfase na aprendizagem, aliada ao proceso da indvidualizagao contemporanea, tem feito com que nos preo- cypemos ceda vez mais COM as acces individualizadas e com a perfo ance do aluno aprendiz. Para concluir, arqumentamos 205 seus modos de ser e faze iclusiva, abrem-se possibilida pprofessore de olhar para-o outrona ere UE Compoam Olha, vocé tem um descrevemos nosso mr Averdade € deste mundo, ela € produzida nele graqas - ‘4 multiplas coergdes € nele produz efeitos requlamen- Aa _ tados de poder. Cada saciedade tem seu regime de ver- dade, sua “politica geral” de verdade: isto-¢, os tipos de discurse que ela acolhe e faz funcionar como verdadei- (FOUCAULT, 2009, p. 10). ja segao com as palavras de Foucault (2000) de dar esse “tom” a andlise que seque: as los professores brasileiros com alunos jarcadas por um regime de verdade que dividuais de cada docente. Trata-se de pre- sadas pelos preceitos éticos ¢ morals qué 81 J eM CONjUNtO func educagao con conjunto de m , 580 Praticas que, que evidenciam os of 5 colasregulares, P 2 conducao p @ se tornaram aca jo sentido dado s51M, a5: pr tras’ do que O teorico a separacén n mesmo & possivel lexclusivas cone overnado, A docéncia se constitui e se re tramas de saberfpoder/ética, Por eee NO interior decgas exclusao 540 invengbes do nosso sins ac que “incluso e mente dependentes.e necessatiasuma para ae tompleta- _ss)e"articuladas dentro de uma mesma see (LOPES, 2007, politica, cultural eideoldgica” (LOPES, 200), ae ep dotermo infexclusiva como forma de ner oe iM9s.0 uso alos professores que participaram da te narradas timosdo.concerto de in/exclusdo, desenvolvidos sat a tanto, par- integrantes do GEPI. Segundo Lopes e Fabris re Ente istemolagica } (...J nvextlusdo seria uma forma de dar énfase 4 comol Mentaridade dos termos oua sua ifrFlbpenthby par aqueles que, mesmo vivendo-em situagao hun nate cere, dé discriminagao negative por sexualidade Tea situagao econdmica, feligiso, etria e nao arenas ey escolar, nao podem ser apontadas camo excluidas F Entendemos que 2 praticas docentes nao se configuram apenas como inclusivas, embora na maioria das vezes essa seja a fnalidade. Ao identificar a aluno com deficiéncia e produziragoes exclusivas para ele, essas agoes podem resultar ora em inclusao, oraem exclusao, Desse modo, nomear as praticas docentes como injexclusivas traz também um segundo elemento, que gosta- Hfamos de discutir. Para muitos leitoras, talvez o termo exclusiva sugira, em um primeiro momento, que se tratade praticas Unicas, especificas, voltadas para um sujeito, A possibilidade de um antendimento dubio sobre as praticas in/exclusivas € produtiva para nds. O que temos observado é pretendemos mostrar nessa analise, ¢ que as praticas docentes com alunos com deficiéncia pressupdem yma individualizagao do modo de olhar para 0 aluno e, especialmente na conducao pedagagica. 5 narrativas de docentes, identificamos uma 30 que € recorrente em nossas escolas, espe- Ee) ntoem que 2 gestad escolar ej), y ee me 39 aimente 7° i professor aexistencia desse aluno. .) ls eante”, Vejamos o primej “oresente |, Vejan Primeiro a ja comoum P ura 2 ques é,..temurm alunoé ata asperce, acho que & assim que fal ale eu nao conheda.. le velo pratu ace! _olha vocé tem um resente! hacer eles... ump or(ay set —Bance. de dados da pesquisa (2012-201,,), Para além dos diagnosticas de identificacao da deficiggal vitasvezes em acess de construcse e vinculados ao a eo sujeito deficiente € uma especie day professor traz alguns elementos que meracg, Em primeira lugar, € preciso chamar atenciop iyo da linguagem. Por meio dalinquagem, prg 35 que circular nos espagos sociais e passy erdadeiros. Desse modo, nomesr o alunog esente poe em circulacdo na escoly Em segundo lugar, essa nomeag ‘esteja presente em nossas escolas, ra 0 fato de que esse p Em outras palavras, = air expetiancia de alfabetizagso, eu peguel — fee namnsen ane idade, gele doze, ie E hs ose “ igus tla gantiace presennes a escola (risns) porque ela tem ae J falar, eu Aer eeecny Mts tipe nat eibqueriten cca ee \ gz tino, 2? E que AU considero assim. a principio, oie a snuitos presentes assim tamiberilllb na csecdh ensh me eentoa cece ee gue edselqvenelomencé asso eu me desicoaviver Masa iio,. porque oWBJfeZ ets6-ano-€ ele achou Um presente pra ta: ew Seco a crlancasslo predentes pracgente, né? Nessa memento, ent uae igarnee! 7 a renal = Say 7 a roNTE: etessertal sel Banco de dacns-da pesquise(2o12-26u4), grifo das autores, vg 6 quem tem o olhar pra crianga [com deficiéncia] a presentes dese tipo”. A narrativa desse docente an : _ alhardiferenciada, que'se co jm primeira momento, essa pre- pa medida em que mais alunos com ‘da escola regular, esse alhar se Jos, a ponte ida diferenga nao ser interessante observar que esse 3 na escola, tanto para os alunos Anarrativaa seguir exemplifica: pre estou eles sempre me procuram. Esses Gias 05 ara- “yore tem. gue par um cocar porque ‘os alunos indigenas gastam de atizar os discursos que tentem enquadrar -exemplo do presente. Ao considerar 0 mo um presente, colocase em risco Deleuze (apud SCHOPKE, 2022, p- 19); ta submetida as exigencias da represen- 85 turalizar sadaems! mesma”, Aona foe pen Ja, A representagao prod ser representac fxa osujeitoem Y sibilidades sobre s com deficiéncia continue tacao, ela" ela passa @ estatico, Que campo de pos Queremos que o manentes tornado: que apenas certos Pp! outros alunos nao 5 desse mado, Indicam uma sentes e dos professores-pre amos (ainda que de forma brava) madeterminada posic3 ele, Assim, vale perquny 5 alune: 5 come "presentes’, em no rofesgores recebem OS presentes? p, go considerados “presente = dupla naturalizacao: dos s senteados Na sequencla, abord: aspectos sobre a diferenga no processe inclusive, ja que rativas mostram o quanto ela'atravessa as praticas in/ey Adiferenca no processo inclusivo: naturalizacao tensdo permanente? a Por mais que invistamos em criar ident asd 5. diferam fasnosescapam e brincam nesse esp fen " Coma fosse vazia, liso, um imenso e plano grar A dif A difeeall brinca conosco, livremente e sem req 5 me brineam alegres nocampo. (GALLO, 20 Gallo (2022) nos provoca a ; ae pensar sobre a difere pi cs deserdomada, Ao olhar para a aoe a a im ns que on ie ei ecentidades, “sujet ue ee ce como idénticas e, portanto sacha +t, 2022, p. 218), 0 autor propé c o docentes que contribuem SUpropoe Pensarmos nas praticas skaacarmaen.: Para que brote a dif naokajaessintenconaldade, adiferenca existe rorave ne or i ae Macao. “0 aprende seexiste porque os jogs Involuntario que, portanto, foge a gor: UM moviqie TOGE a qualquer controle”. (G 86 canihe, one MBEERALOUREIRO | REIANE Rados HLxIn (onGaliZaDe Sgomla chegada das politicas publicas de incluso 5 questGes mais presentese desa-— ja reduzidaé diversidadey as alorizadas’ ou até festejadas, inclusivo exige que a leficiéncia, o\que provoca nos ) angustia, negagao. As = empurravarn maquela cadeira de rodat dela:rampa 3 baixo, queriam correr'com Eon renin ns ! bGabrina, essa Merina va} cain!’ E a Sabrina: "Delia, 32417, isso quedo que se sentir parte do grupo”, E assim, isso me fez ver uma educagaa ‘nag acho que farer diferente com ele ¢ incluir nio Assim, sincera- | ye te unida, todo mundo junto ali, Acho que naq1a mudar, nao. Ba vfaver diferente ang © cflangas devern.... devern estar dentro da escola ¢ devern estudar, deve haver uma preocupagao de como tu vai ensinar, porque é que que nem eu... eu tenho uma aluna que é de inclusao'e... ela IUNCA trabalhei com esse tipo de... (pausa} deficiencia £ ¢ muito rquea gente inclua os alunos, masele nao da suporte pra gente. FONTE: Pro POA Banco de dados da pesquisa (2022-2014), grifo das autoras. ato de diferentes situagdes pedagdgicas, am, de modo geral, que “estar incluido da escola comum nao @ garentia de estar que nela se estabelecem” (LOPES, 2007, ‘modos como essa inclusao tem sido rea- te, enunciada pela segunda narrativa, vai docentes que sao recorrentes. Despro- icial que dé conta da tematica, muitos iformados da inclusdoatraves de poucas 87 Wanda oO proce horas de formagdo continuada. 0 restringe 4 informagaoe nao ao estudo ediscussio 4... \ e dos casos especificos, as possibilidades de desenyq), inclusivas so menores. Na narrativa a seguir, o docang, A primeira colia assim... porque a gente alunos iguais:.. que nio,sia! Mas nessa pe trabalha com as diferngag € que of alunos... aqueles que ndo estavim | na escola, nd? Que hoje, gragas a Deus, term lugar! Eles escancaram aguit gente nfo quer ver... que eles. nila sdoiquals Entio,..eum. desafio formagéo, agente nunca trabalhou Isso, como professor assim... a dis gente estudanalescota, ne? FONTE: Professprta) 44POA~Banco de dadas da pesquisa (2012-20 Ao constatar que nenhum dos 30 alunos sao ig docénte evidencia um dos efeitos das politicas de incly de voltar o olhar para todas as diferencas na sala de aula, sq tentativa de naturalizara diferenca do aluno com defcigncis 1 aproveitando-a para ampliaresse olhar aos demais, essa difeten passaa ermanente e produtiva, Desse modo, sem aPagar C a tensao que a diferenca provoca, 0 professor am i _as possibilidades de desenvolver praticas inclusivas, Na afer : aie 85a a Ser Visto Como "Um espace corg eles que, de muitas formas, estig Ueig: 0 Ft mje, el ful apresentada a Sindrome! E nda fui apresentads a0 | a ela Sincere Ela me ela me apresentou a Sindrame a no ao praprie pte nay tae muito curidsa pra conhecer aM , pra saber comet quia ie pfa minha sufplesa Pia surpresada mae = desea outra escola J 5k || Banco de dados da pesquisa (2012-2014), grifa.das autoras. ee nao do aluno; ha chanc jagogicas produzirem velo ciénicia que acompanha 0 sujeito, 5 assdlada @ domesticada. Para iscussaa incluiremos, a seguir, um elemento ale praticas in/exclusivas e os processos de sub- <— savolve a docéncia: a aprendizagem. jetivas mt clusivas ou exclusivas? Relagoes entre aprendizagem e individualizacéo “Assinycomoa linguagem torna possiveis alguns modos de & fazer, ela torna possivels alguns modos de dizer e dificels € 5 vezes até impossiveis. Essa é uma razao ‘importante pele qual a linguagem importa para a educa- G80, porque a linguagem — ou as linguagens — existente gucagad infiuencia em grande medida o que pode serdito efeita, etambem 0 que nao pode ser ditoe feito. (BIESTA, 2013, P-29-30). aprendizagem éa linquagem da individuali- ursiva que permitira que o aluno, em sua tomado como um caso a ser atendido, um um desvio a ser corrigido. Como vimos, a derada em sua homogeneidade, precisa iferengas. Uma vez estabelecidas as 89 ne pu ainda, as suas dificuldade. i jades do aluno, necessidade fio problema” do 5, jit q “situa : Se adopot ae de diagndsticos proj. Fe slit a prescrigao de exercicios sua vez, Po com vistas 2 melhorarsua performan a on superar asi mesma (OLIVEIRA, 2015) tan para Marin-Diaz (2012, Pp. 8), Vivernos uma “cy essa ha excessiva centralidade do ', namento, EXP! SS RAC , toms eada vez mals dificil viver junte com outros”, « autora, essa crise veld @ Ser produzida por um longo p individualizagao quemarcoy o inicio da Moder nidade estreita vinculagao das praticas pedagagicas com Praticas dey a Qelhar individualizado, @ valorizacso das Caracterigtiegs no, 0 USO de diagndsticos para iden ; ressida dividuais, foram constituindo as pratigg dagdgicas desde o século XX. Na ultima década, o Ue OCR : enquadramento dessas praticas no interior de uma nova linguagem. Com base em Biesta (2013), defendemos que eee linguagem é a linguagem de aprendizagem. O enquadramenty se faz necessario porque € preciso descrever e compreender praticas desde o funcionamento de operadores conceituals, construgaes teoricas explicativas, que lhes confiram certo grauth inteligibilidade (OLIVEIRA, 2015). A linguagem de aprendizagem & tambam um regime de verdade. Nesse sentido, cabe aludira Foucault (2010), que diz qu todo regime de dade € historico, interessado e contingent © que fizemos, portanto, fol interrogar os regimes de verdade tees N praticas pedagogicas desenvolvidas com alunos mo els; Por meio da linguagem de aprete Camo imperative da incluso e o alhat iS diferengas. Na anise das narrativas identificamosé 98 : UREMANE biotors yizin (@ncniTAg oF em. rian praticas / OU aS Necessidades, ou as suas analises sobre as politicas cur- ilva (2014) sugere a nocao de “dis- curricular’, Embora a customizacao Os sujeitos aprendizes possam “personalizar cas de modo que se produza com origi- ale” (SILVA, 2014, p. 147), esse dispositive do no contexte da escola inclusiva, ja que ntensa flexibilizacao dos processos p. 147) esto inscritas no campo edu- Ihas na formagao, por falta de 91 eunitite jaterial ou dé recursos humanos, o Botany impotente frente aos inmeros desafios de atenda, . S ‘suas diferengas. Vejamos: ' F - : Vive com os alunos, Gla estd no citavo ane. Ela con, ee or putes scone ela, muito bem, Claro GUE Gs all) 2 cam mo claagia .aminhaexperiéncia assim... ¢ je algumas vezes assim, eu me senti yr p deveria ter estudado mais, deveria ter Aprey © & garantido ao aluno, Ele tem: com) relagaa a9 ensino © aprendizagem, cata. No sentida geral, né. Na educa dos de sujeitos aprendentes, 0 professor age im nas intervengoes da aprendizagem. Con- on e Carvalho (2009, p: 18), esse “proposito de : ras ecucatives 3 diversidade de casos particulares ae i wredida —transformar-se-'2, assim, Na Maxima " | excelencia’ Essa nova forma de intervencao, eal, possibilitou que as condutas dos escolares eo condutida desde uma articulagao sutil, mas nao Sate 0 governamento ético € 0 governamento ‘ea vatraves de Uma pratica cada vez mais defnida Tamia furgvonal eda liberdade”. (RAMOS DO 6; 2009,.P> 38, grifos do autor). imperativo da inclusao, juntamente com 2 ins- em de aprendizagem, é possivel ler uma vos focos de atuagao da escola e de suas pro- uma escola que ensina pare uma escola que ndizagens, de yma escola centrada na agao do uma cola com centralidade nas necessidades € ne alynos, de uma escola com énfase no coletivo para cam énfase nas individualidades, de uma escola com de conteudos para uma escola com ava- -do sujeito, de uma formagao com foco em ra uma formagao com foco em competencias, para um curriculo personalizado, ov ainda, 14). s praticas pedagogicas com forte énfase na produzindo ume docéncia com modas de ser srmando as subjetividades docentes (OL'- subjetividades, segundo Menezes (2014), do com a autora (MENEZES, 2011, p. a pratica escolar subjetiva 5 pro- 4 pratica escolar, desse modo, 93 [ia] pode “ensinar’ que as apreng, ascontelidos especificos podem ca, . : rentesritmos @ tempos, e por isso qs a “amenizadas, diferenciadas Ninguén ‘eado" porque seu tempo de apreng ‘aotempa da maioria(MENEZEs, 5... i, aq ens . ade docente que Poderfan arials, @ada Vitimizacdo, Uma 5, la que esta pautada pela Fecorran, aber como desenvolve; , traba que reafirmam nao estar pre ue Nao sao capazes de ta| empreitad, Eat d ser professor(a) que é le que Mobiliza, ao vit) essa zona de vitimizac 1s Jt O¢ Parade, i Paralisan Mizapeas a0 6g 2554 analise, tecemos tamben algun a continvarmos pensando sabre 2 inclusaaig da subjetividade docente. O PIOCESSO de ingly as infexclusivas, mas QUANCO estana ude de inclusao as Preticas inclushyg d que as excludentas. E procurangs Ralizamos nosso capityla, tende por atitude de Modernidade, mostta que ala se da por uma tomada de posicao, ansar a de se conduzir. Djante da educacao para seja necessario desenvolver uma atitude mos que ; pressed foi sugerida por Provin (2022), ao ana- psidades comunitarias gauchas. Em sua pes- vel indicar a existéncla de uma atitude gundo a autora, No momento em que as universidades assumirem para 5) a necessidade eo. compromisso para com a inclusao, o Estado pao precisaramels fiscalizar, pais estardona “alma” das insti {uigdes asatitudes de nclusao", (PROVIN, 2011, p..45), pesse modo, ela indica que a’inclusao opera “nao mais por a de ume imposige0, Mas por um entendimento de que ati- nudes inclusivas podem ser produtivas tanto para as instituicoes, quanto para.os sujeitos”. (PROVIN, 2022, p. 148). possivel perceber nas narrativas docentes sobre suas oraticas existencia de atitudes inclusivas em algumas praticas edagagicas. Mesmo que a inclusao como um imperativo posi- rione 6 docente como Um agente da incluso, algumas caracte- Jsticas comuns apontam que quando ofa) professor(a) incorpora aes seus modos de ser e fazer pedagagico uma atitude inclusiva, abrem-se possibilidades para produzir outros modos de exercer a docénciaCamo nos diz Gallo (2012, p, 23), “educar para a singu- laridade significa langar nossos dados sobre outras mesas, jogar outros jogos de poder, nos quais nossos papeis sao outros’. O desejode conhecer oalunoe enxergar o sujeito antes dasindrome ou da deficiencia; o olhar sensivel que nao ignora as diferengas; a valorizagao das singularidades no momento de planejar a aula, na i dade pedagagica; a abertura ao novo, a curiosidade inten frente ao desconhecido, o desejo de aprender, a iniciativa para WCLUSAOE APRENDIZ AGEN 95 os lunos; ct e as conduz para 6 Cole AOVO, BU vou traz dos.as alunos da turma através da abordagem rofessor(a) 4acG mostra que sua pratica peda- vessada por £553 atmosfera da atitude inclusiva ai n05 possibilita pensar que a escola nao deve ser 5°? dod , f se tO yaticas exclusivas, que pressupoem uma indivi- elas 0 modo de olhardo(a) professor(a) e, especialmente, vegan peagear dae o foc unicamente na aprendizagem sugere um enfraque- oda escola como um espa¢o publico, Um espago mundano cr ralidad® @ diferenga. Essa individualizagao enfraquece ef haem as relacoes com 08 outros e o contexto social e politico a ueossujenas agem,(BIESTA, 2023). Juntamente com Mass- cneleitt e Simons (2023, P- 161), argumentamos que a escola, ae ger capturada pelos discursos que circulam na sociedade | 4g 9 lugar onde a sociedade se renova, liber- de aprendizagem eu jferecendo sua experiencia como um bem comum, afm rofessores(as), que sejamos capazes de nos despir ‘p dos immperativos que conformam nossas subjetividades, que nos tea diferenca. Que possamos colocar em agao pra- ntary espago pare a diferenca enquanto potencia, anquanto experiéncia de formagao de todos os sujeitos. Referencias: BIESTA, G, Para além da aprendizagem: Educagac democratica para um futuro ode Rosaura Eichenberg, Belo Horizonte: Auténtica, 2023. (Colegao de6dejulhodeaoag. Instituia Lei Brasileira de Inclusao da Pessoa da Pessoa com Deficiéncia). Disponivel em: . Acesso em: qjun. 2018 Discriminagao Negativa: Cidadaos ou Autéctones? Petrapolls, Rd 7 ase talidad: Rayd, § Historia de la gubernamen AZON de cases Michel Foucault. Bogota: Siglo del Hombre Edito veer i i Ge penser? Entrevista -. SCAUET, Michel. Est-il done Important =tsta con FOLICAULT, Michel gctits. Parts: Gallimard, 1994, v.1V, p. aye ce bog FOUCAULT, M. Dits-et FOUCAULT, M. Microfisica do poder. Traducao de Roberto Machady ¢ . ae luzes? In: FOUCAULT 7 = Michel, O que sao as luzes? In. LT, M. Dito cbs < ciéncias © histeria dos sistemas de pensamany,, ay Sscritggd ? de Foranse Universitaria, 2005) I = In; FOUCAULT, M. Ditos J, Michel. O sujelto € 0 poder. In; FO: } itos es f, ee tics, subjetividade © seXualidade. Traducio de Abner ¢,. na 4 4 Tho Tuten pis Janeira: Forense Universitaria, 2024, p. 118-140. Cultura, poder ¢ educacso: um debate sanioas; ULBRA, 2021. p. 213-22, 1 & Educacao. Belo Horizonte. Aut diferenga: em toro de uma educacio p aa enticg Educacao} — Progra inos - UNISINOS, 9, Disponivel em: http:/iveew.revistaeducacion F Acasia e1m 9 jun. 2026. matriz de experiéncia ¢ processos de 463f) Tese (Doutorado em Educagho) - \Edueasdo, Universidade do Vale do Rio dos Sings ~ nas universidades comunitarias gatichas: 15gf, Dissertaqao (Mestrado em Educagio) - i¢0, Universidade do Vale do Rio dos Sinos~ ‘Luis Miguel, Emergéncia e Circulagao do derno (2880-1960); Estudos Comparados #20 de Géncias da Educacso, 2009, jusao escolar no Brasil, In: THOMA, Adriana da incluso: gerenciande s\scose governando as Politicas de constituigao.do conhecimento escolar pars uma analitica de curriculo, Educacao.em Revista, govemo:,. in: RAGO, Margareth; ORLANDI, Luiz “Imagens de Foucault e Deleuze: ressonancias 2002. p.13-34- Bes sobre as RelagGes entre Teoria € Pratica. Educagao 147-140, marfjun: 2025. 99

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