Você está na página 1de 1

Luís, o poeta, salva a nado o poema

Era uma vez Ficou um livro A vida é minha Há portugueses Saudades tenho
um português ao terminar ta posso dar a navegar mil e sem par
de Portugal. muito importante mas este livro por sobre as ondas saudade é vida
para estudar. há-de ficar. me hão-de achar. sem se lograr.
O nome Luís
há-de bastar Ia num barco Estas palavras A vida morta A minha vida
toda a nação ia no mar hão-de durar aqui a boiar vai acabar
ouviu falar. e a tormenta por minha vida mas não o livro mas estes versos
vá d'estalar. quero jurar. se há-de molhar. hão-de gravar.
Estala a guerra
e Portugal Mais do que a vida Tira-me as forças Estas palavras O livro é este
chama Luís há-de guardar podes matar vão alegrar é este o canto
para embarcar. o barco a pique a minha alma a minha gente assim se pensa
Luís a nadar. sabe voar. de um só pensar. em Portugal.
Na guerra andou
a guerrear Fora da água Sou português À nossa terra Depois de pronto
e perde um olho um braço no ar de Portugal irão parar faltava dar
por Portugal. na mão o livro depois de morto lá toda a gente a minha vida
há-de salvar. não vou mudar. há-de gostar. para o salvar.
Livre da morte
pôs-se a contar Nada que nada Sou português Só uma coisa Almada Negreiros, 1931, “P
o que sabia sempre a nadar de Portugal vão olvidar: oesia”, in Obras Completas
de Portugal. livro perdido acaba a vida o seu autor
no alto mar. e sigo igual. aqui a nadar.
Dias e dias
grande pensar _-Mar ignorante Meu corpo é Terra É fado nosso
juntou Luís que queres roubar? de Portugal é nacional
a recordar. A minha vida e morto é ilha não há portugueses
ou este cantar? no alto mar. há Portugal.

Você também pode gostar