Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Entramos em uma
nova escalada da
política de crise no
Governo Bolsonaro.
Agora, o que está em
jogo é a ‘indicação de
um nome’ para
assumir uma vaga no
STF deixada pela
saída de Celso de
Melo. A impressão
que me dá é que se
criou nesses tempos estranhos que vivemos uma necessidade de
implementar, no cotidiano de cada brasileiro, uma ‘cultura do eterno-
retorno’ da crise de natureza política. Parece que nos tornamos
dependentes dessa [cultura] para dar um sentido a nossa vida no
mundo. A discussão do momento gira em torno do nome indicado pelo
Presidente Bolsonaro. Apoiadores e críticos da direita brasileira estão
em franco estado de beligerância com o chefe do executivo por conta
desta indicação. Respeito a opinião dos apoiadores do governo, e
acredito que ela deve ser levada a sério. Afinal, o próprio Presidente
Bolsonaro legitimou a emergência de uma ‘democracia participativa’ à
medida que delegou ao povo o poder de governar (com ele). O
Presidente Bolsonaro deve, por isso, ouvir a opinião dessa base de apoio
antes de tomar decisões de interesse nacional.
1Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor em Teologia pelo
Programa de Pós-Graduação das Faculdades EST (PPG-EST) em São Leopoldo, RS. Professor visitante do
Instituto Superior de Teologia Luterana.
do chefe de governo, se reforça uma cultura popular de negação à
autoridade constituída. A crise moral do mundo ocidental moderno se
funda no chamado ‘declínio das autoridades’ constituídas
tradicionalmente (Hannah Arendt). O conservadorismo é um sistema de
crença que defende, vigorosamente, a preservação e manutenção das
instituições tradicionais no mundo de hoje. É um contrassenso se
apresentar como conservador no espaço público da internet e assumir
agora (depois desse ato de indicação de um nome ao STF) uma postura
‘incontinente’ que denota insubordinação ofensiva à autoridade
constituída democraticamente: a do Presidente da República.