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Manuel J.

Gandra

ALQUIMIA, ESPAGÍRIA,
IATROQUÍMICA e METALURGIA
na Biblioteca do
Palácio Nacional de Mafra
Manuel J. Gandra

ALQUIMIA, ESPAGÍRIA,
IATROQUÍMICA e METALURGIA
na Biblioteca do
Palácio Nacional de Mafra

Mafra, 2018
Editores: Manuel J. Gandra & Centro Ernesto Soares de Iconografia e Simbólica-
Cesdies
Mafra
Tel.: 963075514
Email: manueljgandra@gmail.com
Sites: www.cesdies.net e www.idegeo.pt

Título: ALQUIMIA, ESPAGÍRIA, IATROQUÍMICA E METALURGIA na Biblioteca do


Palácio Nacional de Mafra
Autor: Manuel J. Gandra

Copyright: © Manuel J. Gandra


Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada por escrito, do autor, no todo
ou em parte, por quaisquer que sejam os meios, constitui violação das leis em vigor.

1ª Edição Luso-Brasileira: Abril de 2018 – 102 exemplares, todos numerados e


assinados pelo autor; e-book.- impresso a pedido.
INTRODUÇÃO

A Alquimia também denominada Crisopeia ou Química


Hermética 1, foi de todas as disciplinas "ingénuas", i. e., herméticas, a
única que em circunstância alguma deixou, desde os seus primórdios,
de reivindicar para si a qualificação de divina e revelada, remetendo
invariavelmente para o Corpus Hermeticum.
Por outro lado, o contacto com os escritos de todos os
autênticos Filhos do Fogo transmite o sentimento comungado de que
a Arcana Artis é simultaneamente uma Ciência Sagrada, uma
Filosofia hermética e uma Arte Secreta.
Com efeito, à imagem de todas as demais disciplinas
Tradicionais, também entre os químicos herméticos o acesso ao
adeptado pressupõe um magistério caracterizado pela gradual
dispensação ao discípulo de inspirações, intuições e visões, fonte do
conhecimento transmitido iniciaticamente, como mistérios vivos, dirá
Julius Evola 2. Sublinha, porém, o mesmo autor que o segredo
alquímico não está ligado a um exclusivismo de seita e a um não
querer dizer, mas sim a um não poder dizer 3. Isso mesmo se infere da
frequente afirmação dos filósofos de que tanto os pobres como os ricos
possuem em igual grau a matéria prima, germen a partir do qual a
dos Sábios se obtém, pressuposta a capacidade de a Natureza se
tornar perfeita se auxiliada pela Arte.
Como é sabido a penetração da Alquimia na Europa deu-se por
intermédio das traduções latinas de originais árabes, realizadas por
eruditos peninsulares, de que sobressaem Domingos Gundissalvo e
Gerardo de Cremona (séc XII). Personalidades de nomeada (Daniel de

1 Definida por um adepto português, inspirado no Lexicon Alchimiae de Martinus


Rolandus, como "[...] a arte de resolver os corpos naturais compostos, ou os concretos
naqueles princípios de que se compõem, para com a resolução ficarem mais puros e com
maiores e mais eficazes virtudes [...]" ("Alchimia est separatio impuri a substancia
puriore").
2 Cf. Tradição hermética, p. 33.
3 Idem, p. 214.
Morley, Rogério Bacon e Alberto Magno) revelaram por ela um
respeito considerável.
De facto, gozou de enorme reputação, a ponto de o Doutor
Angélico, Tomás de Aquino, a considerar lícita desde que se abstivesse
de penetrar no campo da magia, concluindo na Suma Teológica poder
ser considerado autêntico o ouro fabricado pelos alquimistas.
Havia de ser, de resto, essa a atitude que, de uma forma geral, a
Igreja reproduziria, desconhecendo-se qualquer medida eclesiástica,
anterior à segunda metade do séc. XIII, dirigida expressamente contra
a Alquimia. Só então começaria a ser alvo de ataques virulentos, sendo
acusada de servir à manipulação da moeda e declarada falsa pela Bula
Spondent quas non exhibent de João XXII (1317).
Entre nós, o Leal Conselheiro de D. Duarte foi o precursor da
galeria de opiniões depreciativas até agora documentadas acerca da
Crisopeia. Aquele monarca (em cuja biblioteca existia o De Quinta
Essentia, apócrifo atribuído a Raimundo Lúlio) trata-a de burla e aos
alquimistas de burlões e embusteiros. Tal opinião seria revalidada nas
centúrias seguintes por D. Duarte da Gama e D. João Manuel
(colaboradores do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende),
Francisco Sá de Miranda, João de Barros, Jorge Ferreira de
Vasconcelos, Eloi de Sá Sotto Maior, etc., introdutores de neologismos
como Alquime (= ouro falsificado) ou Alquimiar (= fingir, adulterar).
Assopradores ou alquimiadores, i. e., falsos alquimistas é
inegável não podiam inexistir. São conhecidos os nomes de uns
quantos nacionais (Frei Roque de Almeida, Diogo Mendes, Conde de
Castelo Melhor) e estrangeiros em trânsito (Giraldo Paris, Torres
Villarroel, Cagliostro, entre outros), merecedores desse epíteto que,
todavia, não é lícito generalizar indiscriminadamente.
Cultores sérios e abnegados houve da Crisopeia: Afonso V,
António de Gouveia, Anselmo Caetano de Abreu Gusmão e Castelo
Branco, Matias Aires, etc.
Ainda uns quantos dos apologistas da Alquimia sob a óptica
hermetista, como Manuel Bocarro Francês, Rafael Bluteau, Visconde
de Figanière, Fernando Pessoa, etc., merecem ser mencionados, para
que conste.
Aliás, só a notoriedade e o prestígio assinaláveis atingidos pela
Crisopeia podem justificar a representação de um artífice dessa Obra
Real no túmulo do Rei D. Fernando, para já não referir os inúmeros
exemplos conhecidos em Portugal de telas seiscentistas e setecentistas
iconografando laboratórios e Filósofos do Fogo em plena actividade.
O edifício teórico da Medicina Hermética, Espagíria ou
Iatroquímica, é creditado a Paracelso (1493-1541) e a discípulos seus
como Pedro Severino (1542-1602), José Duchesne (c. 1544-1609),
Thomas Moffett (1553-1604), Osvaldo Crollius (c. 1560-1609) e
Roberto Fludd (1574-1637), tendo-se originado por reacção à farmácia
galénica, a qual se baseava nas teorias dos humores e dos contrários,
na autoridade de Galeno (c. 131–c. 200) e na utilização de substâncias
de origem vegetal e animal.
Na óptica espagírica não basta escolher os remédios, metais,
minerais ou plantas, conforme a Lei das Correspondências, para curar
o paciente. É indispensável que os medicamentos sejam preparados
segundo técnicas herméticas, ou seja, de acordo com aquelas mesmas
Leis que intervêm na confecção da Grande Obra.
Por outras palavras: não basta prescrever uma trituração de
ouro ou de um qualquer sal de mercúrio, ferro ou antimónio, nos
casos em que, analogicamente, sejam indicados. É preciso prepará-los
pelo método espagírico, i. e., separar e reunir quimicamente, abrir as
substâncias químicas (não apenas os sais metálicos colocados à sua
disposição pela Metalurgia, Contrastaria e Alquimia, mas também os
metalóides, minerais e certas plantas) por meio de métodos de
fermentação e de destilação.
Convirá, apesar de tudo, ressalvar que os Arcanos e
Quintessências espagíricas não supõem a preparação da Pedra
Filosofal, objecto da Alquimia, propriamente dita.
Tais medicamentos tiveram enorme aceitação em Portugal
porque correspondiam a aspirações e crenças generalizadas desde a
Idade Média, conforme evidencia a fama granjeada pelas Águas
Maravilhosas atribuídas a Pedro Hispano.
Foram expoentes da farmácia química: Duarte Madeira Arrais,
João Curvo Semedo (principal impulsionador da utilização de
remédios de segredo em Portugal), José Custódio da Costa e Jacob de
Castro Sarmento (que desempenhou importante papel na introdução e
vulgarização em Portugal das correntes iatromecânicas sob a
influência de Boerhaave e Newton).
Os remédios concebidos por João Curvo Semedo eram vendidos
pelos dominicanos, em Lisboa, na transição do século XVII para o
XVIII. Em Aveiro e na Batalha os mesmos padres vendiam um outro
segredo, a Água Celeste. Na última localidade possuíam um privilégio
para que nenhum concorrente laico lhes fizesse concorrência. Em
Elvas, este instituto religioso comercializava a Água de Inglaterra de
André Lopes de Castro, nos finais do século XVIII.
Por seu turno, os Jesuítas fabricavam remédios de segredo em
todas as suas Boticas, sendo os mais conhecidos as Pedras Cordiais,
preparadas no Colégio de S. Paulo, em Goa, a Teriaga Brasílica,
preparada pelo boticário de Santo Antão.
Entre os medicamentos oriundos da botica dos cónegos
regrantes de S. Vicente de Fora, em Lisboa, contavam-se uma Água de
Inglaterra (pela fórmula de Jacob de Castro), a Água de milícia, a
Massa para sezões, as Pílulas de clericato ou familiares, o Unguento
sigilado ou a Panaceia mercurial (provavelmente preparada segundo
a fórmula contida nas Receitas medicinais de D. João de Castelo
Branco), “cujos pós servem para provocar a salivação, curar as bobas,
matar as lombrigas e outras semelhantes enfermidades [...]”.
Outras ordens religiosas (beneditinos, carmelitas e oratorianos)
fabricavam e vendiam remédios secretos, mas vários nobres
igualmente se dedicavam à preparação de remédios de segredo (por
exemplo, D. Cristóvão Manoel de Vilhena, conde de Vila Flor,
preparava uma água de vida) ou tinham ao seu serviço quem os
preparava para os dispensar por caridade nas suas casas (casos do
duque de Cadaval, do conde de S. Miguel e de Garcia de Melo,
Monteiro-mor do Reino e presidente do Desembargo do Paço). D.
Caetano de Santo António, capelão do conde de Redondo, referia, em
1711, que o nobre em apreço conservava no seu palácio os mais
eficazes e raros medicamentos galénicos e químicos e que na corte de
Lisboa tinha “tanta estimação a Farmácia que as primeiras
personagens a exercitam para o bem e utilidade pública”, citando os
exemplos do duque de Cadaval, do marquês de Minas e do conde de
Castelo Melhor.
A forma como tais medicamentos eram produzidos e
publicitados permitia a auto-medicação, para a qual contribuíam os
chamados regimentos, literatura posológica que os acompanhava.
Colidiam frontalmente com as mézinhas da Farmácia galénica,
caracterizada pela produção em pequena escala pelo boticário,
mediante receita do médico para um determinado doente. As
substâncias vegetais do método galénico, facilmente degradáveis,
impunham esse procedimento, o que não acontecia com os
medicamentos químicos, muito mais estáveis e capazes de serem
consumidos longe do local de fabrico.
Entre os opositores dos segredos destacaram-se os
Conimbricenses, a Inquisição, em consequência de as obras de
Paracelso haverem sido incluídas no Index, e os nomes de Luís
António Verney e de António Nunes Ribeiro Sanches, que considerou
a Farmácia conventual a responsável pelo estado de penúria dos
boticários laicos.
Condenados oficialmente pela Reforma Pombalina dos estudos
médicos, em 1772, o movimento tendente à total erradicação dos
remédios secretos havia de ser incrementado, após 1782, com a
criação da Junta do Proto-Medicato.
É indesmentível o facto de a Química Hermética ter sido
cultivada por clérigos e, frequentemente, à sombra de ordens
religiosas, o que, como é sabido, sucedeu nos conventos beneditinos e
franciscanos de Breslau e Cimiez pelo menos até ao século XVII. No
que respeita à Espagíria, bastará frisar que um convento possuía
invariavelmente hortos de ervas e plantas medicinais na sua cerca.
Mas terão, efectivamente, os religiosos portugueses sido
tentados a empreender a Grande Obra? A esse quesito só uma
afirmativa convém, uma vez que o interesse concitado por parte de
diversas casas de Religião pela tratadística não poderá justificar-se
exclusivamente por uma mera curiosidade intelectual. Porém, em
nenhumas outras como nas Livrarias da Congregação de S. Filipe Neri,
outrora instalada no Convento, actual Palácio das Necessidades, e do
Convento de Mafra (a única conventual in situ, no nosso país) o acervo
terá sido, de acordo com os dados disponíveis, tão significativo.
Colijo sistematicamente este no presente catálogo.

Manuel J. Gandra
Bibliografia básica:

ABRAHAM, Lyndy, A Dictionary of Alchemical Imagery, Cambridge, 1998


ALLEAU, René, Aspects de l’Alchemie Traditionnelle, Paris, 1953
CANSELIET, Eugène, L’Alchimie expliquée sur ses textes classiques, Paris, 1972
ELIADE, Mircea, Le Yoga - Immortalité et Liberté, Paris, 1954 [cap. VII]
Idem, Forgerons et Alchimistes, Paris, 1956
Idem, Le Mythe de l’Alchimie, suivi de l’Alchimie Asiatique, Paris, 1978
EVOLA, Julius, A Tradição Hermética, Lisboa, 1979
GANDRA, Manuel J., Nota Preambular, in CASTELO BRANCO, Anselmo
Caetano Munhoz de Abreu Gusmão e, Ennoea ou Aplicação do Entendimento sobre a
Pedra Filosofal, Mafra, 1987, p. 5-43
Idem, Subsídios para a bibliografia crítica das fontes e estudos respeitando ao
Hermetismo em Portugal. I. Alquimia (tratamento biblioteconómico de Amélia
Caetano), Mafra, 1994
GARCIA FONT, Juan, Historia de la Alquimia en España, Madrid, Editora
Nacional, 1976
HOLMYARD, E. J., Alchemy, Londres, 1957
HUSSON, Bernard, Transmutations Alchimiques, Paris, 1974
PEREIRA, Moutinho, Alquimistas portugueses em busca da pedra filosofal, in
Diário de Notícias. Suplemento (30 Jan. 1988) [Entrevista com Manuel J. Gandra]
PERNETY, A.-J., Dictionnaire Mytho-Hermétique (1758), Milão, 1980
RAMÓN DE LUANCO, D. José, La Alquimia en España: escritos inéditos,
noticias y apuntamientos que pueden servir para la Historia de los Adeptos Españoles,
Madrid, 1889
ROLA, Stanislas Klossowski de, Alchemy, the secret Art, Londres, 1973
Idem, The Golden Game – Alchemical Engravings of the Seventeenth Century,
Londres, 1988
ROOB, Alexander, Alchemy and Mysticism, Colónia, Lisboa, Londres, Nova
Iorque, Paris, Tóquio, 1996
RUIZ SERRA, Javier, Breve recorrido histórico de la Alquimia en Espana, in
La Alquimia en Espana / D. José Ramón de Luanco, Madrid, 1980 [Trata-se do Prólogo
que antecede a reprodução anastática do texto publicado em 1889]
VAN LENNEP, J., Art et Alchimie, Bruxelas, 1966
ALQUIMIA, ESPAGÍRIA, IATROQUÍMICA e METALURGIA
CATÁLOGO DA TRATADÍSTICA ANTIGA

ABANO, Pietro d' (1250-1316)


Médico e filósofo, adepto de Averróis. Cursou medicina e filosofia em Paris, tendo-se
estabelecido em Pádua, onde ganhou reputação como médico, astrólogo e alquimista.
Duas vezes incriminado pelo Santo Ofício, foi absolvido da primeira acusação, tendo
falecido antes de julgado da segunda. Mesmo assim, a Inquisição ordenou que fosse
exumado e queimado, o que um amigo frustrou, trasladando secretamente o seu
cadáver. Em consequência, foi sentenciado em efígie. Autor do Conciliator
controversiarum quae inter Philosophos et Medicos versantur (Veneza, 1565 [BPNM:
1-18-8-3]), citado por Lúcio Cipião no interrogatório a que foi submetido pelo Santo
Ofício português.

ABREU, Brás Luís de (1692-1756)


Portugal medico ou Monarchia Medico-Lusitana: Historica, Practica, Symbolica,
Ethica e Politica. Fundada, e comprehendida no dillatado ambito dos dohes Mundos
Creados macrocosmo, e microcosmo [...] Ampliada, e subdividida em outras tres
famosas regions, animal, vital e natural em que se expoem curiosissimos Systemas
Ethico-Politicos e nelles varios Hieroglyphicos, Historias, Emblemas, Moralidades,
Proverbios, Ritos, Observaçoens, Physiognomias, Epithetos, Signaturas e outras
muytas acçoens [...], Coimbra, 1726. [BPNM: 1-18-11-7 e 8 = 2 exemplares] Inclui
capítulos sobre o Médico-fisiognómico, meteorológico, astrológico, mágico e
ignorante. Insurge-se contra os boticários fabricantes de mezinhas de segredo (p. 115-
116). Faz a distinção entre os benzedores que curam por graça de Deus (tb. chamados
Mestres, p. 621-622) e os que o fazem por meios diabólicos, indicando, segundo os
teólogos, as características dos segundos. Trata da fascinação (p. 624s.).

AGRICOLA, George (1494-1555)


Georg Bauer. Pai da metalurgia ocidental. Estudou Filosofia e Teologia, em Leipzig,
Medicina (com Berengario da Carpi), em Bolonha e Pádua. Médico (1543), Diplomata ao
serviço do duque da Saxónia (1546) e Burgomestre (1546, 1548, 1551 e 1553), em
Chemnitz.
De natura eorum qui effluent ex terra, libri 3, in Balneis omnia [BPNM: 1-18-12-17] A
doutrina que expõe, segundo a qual os terramotos podem ser causados por demónios
subterrâneos que habitam no seio da terra, foi liminarmente refutada pelo autor da
Relação anónima da Destruição de Lisboa e famosa desgraça que padeceo no dia
primeiro de Novembro de 1755 (Lisboa, 1756);

ALBINEUS, Nathan
Ver Manget, v. 2: Carmen Aureum e Aenigma (p. 387).
ALDRETE Y SOTO, Luis de (c. 1600-1689?)
Aguazil-Mor da Inquisição, Regedor perpétuo da cidade de Málaga e seu Procurador-
Mor na Corte de Madrid. Autor de La Verdad Acrisolada. Ilustrado con Letras Divinas
y Humanas, Padres, y Doctores de la Iglesia. Respondiendo al auto del proto-
medicato, en que prohibe la Medicina Universal. Y al Papel del Dr. Juan Guerrero, que
intitula: Sol de la Medicina (Valência, 1682 [BPNM: 2-30-12-21]). Contraditado por
Justo Delgado de Vera (Defensa, y respuesta, justa y verdadera, de la medicina
racional, y philosophica, profanada de las imposturas de la chimia, introductora de el
remedio universal, y agua de la vida de Alderete, Madrid, 1687) e Pedro de Godoy
(Segundo discurso serio-jocoso sobre la nueva inventiva de la agua de la vida, s. l.,
1682 [BPNM: 1-18-6-9]). No Castelo Forte (1723) de João Lopes Correia é citado o
unguento de Alderete e na Farmacopeia Tubalense (1751) a água de vida de Alderete.

ALONSO BARBA, Alvaro


Religioso no México e célebre artista das minas de Potozi. Autor de Arte de los metales,
en que se ensena el verdadero beneficio de los de oro y plata por azougue [...]
nuevamente anadido con el tratado de las antiguas minas de Espana que escrivió D.
Alonso Carrillo y Laso (Madrid, [1729]) [BPNM: 2-41-4-29] A edição príncipe remonta
a 1640. Tradução francesa: Traité de l' Art métalique (Paris, 1730) com uma memória
sobre as minas de França da responsabilidade do editor da obra e alegado alquimista,
Charles Hautin de Villars.

[ANÓNIMO]
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1, p. 13-48: Turba dos Filósofos ou
Assembleia dos Discípulos de Pitágoras, chamado o Código de Verdade) [BPNM: 2-32-
3-26].

ARNALDO DE VILANUEVA (c. 1240-1311)


Catalão, médico na corte de Aragão. Um dos maiores cientistas medievais e professor de
medicina emérito em Montpellier. Reputado por alquimista, não obstante, consideraase
os alquimistas “doidos e ignorantes”. Os textos de teor alquímico que lhe andam
atribuídos são na sua maior parte apócrifos, salvo o Tratado da preservação da
juventude e o Rosarius Philosophorum ou Thesaurus. Muito antes de Paracelso são-lhe
creditados remédios alquímicos. Uma obra de Kabbalah, intitulada Tetragrammaton
(1292) valer-lhe-ia a prisão em Paris. No De Adventu antichristi et fine mundi anunciou
o surgimento do Anticristo no ano de 1345. Citado in Ennoea. Ver Pedro Hispano.
Semita Semitae (ver Helvetius, fl. 69 e Manget, v. 1, p. 687)
Rosarius Philosophorum [BPÉ: E 350/24e] (Ver Manget, v. 1, 662);
Testamentum (ver Manget, v. 1, p. 389; v. 2, p. 352);
Testamentum novum (ver Manget, v. 1, p. 704);
Perfectum Magisterium et Gaudium (ver Manget, v. 1);
Epistola nova super Alchimia (ver Manget, v. 1, p. 683);
Speculum Alchimia (ver Manget, v. 1, p. 687);
Novum Lumen (ver Manget, v. 1, p. 676);
Carmen (ver Manget, v. 1, p. 698);
Flos florum (ver Manget, v. 1, p. 679);
Practica ad quendam Papam, ex libro dicto Breviarius Librorum Alchymia (ver
Manget, v. 1, p. 684);
Quaestiones de Arte Transmutatoria (ver Manget, v. 1, p. 698);
Schola Salermitana sive de Conservanda Valetudine praecepta metrica [BPNM: 2-30-
2-2];

ARRAIS, Duarte Madeira (?-1652)


“Físico-mor do Pulso del Rei Dom João o IV”. A seu respeito escreveu Barbosa Machado:
“Instruído com as letras humanas e Poesia estudou na Universidade de Coimbra as
faculdades de Filosofia e Medicina, nas quais recebeu os graus de Mestre e Licenciado
com a universal aclamação do seu engenho, alcançando maior aplauso quando sendo
Físico-mor da Majestade del Rei Dom João o IV. Não havia enfermidade que não cedesse
à eficácia dos seus medicamentos […]”. Médico e cirurgião, um dos mais reputados da
sua época, notabilizou-se como estudioso da sífilis (morbo gallico), cuja origem
americana, importada pelos marinheiros da armada de *Cristóbal Colón, apontou.
Discreteou ainda sobre o alimento oculto da vida (occultus vitae cibus) e o problema da
imortalidade física, bem como sobre as propriedades herméticas (iatroquímica) de
alguns óleos. Soror Violante do Céu dedicou-lhe o soneto seguinte: “Ó tu que oposto
sempre à dura Parca / Conservas em teu ser o ser humano, / Pois por ser Esculápio
soberano / Menos por seu respeito a morte abarca. / Tu que Arrais deves ser da vital
barca / Que navega no mar do mal tirano / Novo Galeno, Apolo Lusitano / Médico em
fim do Português Monarca. / Logra de singular a feliz sorte / Tanto, apesar da intrépida
homicida / Que sejas do mais douto imortal Norte. / Pois vitória será bem merecida /
Que quem opor-se sabe à mesma morte / Saiba dar ao seu nome imortal vida” (cf. A
Fenix Renascida, ou Obras Poeticas dos melhores Engenhos Portuguezes, tomo 1,
Lisboa, 1746, p. 390 in Eccos, que o Clarim da Fama dá: Postilhão de Apollo, Lisboa,
1761, p. 313 BN: Res. 4481 P). Jaz sepultado junto da sacristia do convento de Nossa
Senhora de Jesus (Lisboa).
Methodo de conhecer e curar o Morbo Gallico: Primeira parte: Propoem-se
difinitivamente a essencia, species, causas, sinaes, prognosticos, e cura do morbo
gallico, e de todos seus affectos. E largamente se trata do azougue, salsaparrilha,
guayação, pao santo, raiz da China e de todos os mais remedios desta enfermidade.
Segunda parte: Disputaõ-se largamente por questõens e argumentos em forma todas
as duvidas, que se podem mover sobre a essencia, especies, causas, sinaes e pronosticos
da cura do morbo gallico, e as que pode haver sobre o azougue [...], Lisboa, Lourenço
de Anveres, 1642; Lisboa, António Rodrigues de Abreu, 1674; Lisboa, António
Craesbeeck de Melo, 1683 [BPNM: 2-32-13-2]

ARTEPHIUS
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 2: Liber Secretus (p. 112), Livro da
Arte Secreta ou da Pedra Filosofal (p. 144-188 [BPNM: 2-32-3-26]) e Manget, v. 1:
Clavis Majoris Sapientiae (p. 503).

AUGURELLO, Giovanni Aurelio (1441-1524)


Alquimista e poeta italiano. Professor de grego e latim em Veneza e cónego em Treviso.
Autor de Chrisopoiae libri tres (Veneza, 1515; trad. francesa: Art de Faire de l'Or, Lyon,
1548), obra dedicada ao Papa Leão X, o qual lhe ofereceu uma bolsa vazia dizendo-lhe
que quem sabia fabricar ouro não necessitava senão do recipiente para guardá-lo.
Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana). Ver
Manget, v. 2: Chrysopoeia e Vellus Aureum (p. 371).
AVERRÓIS
Abu'l-Walid Mohammed ibn Aymad ibn Mohammed Hafid ibn Rusd (1126-1198).
Filósofo, médico, jurista e astrólogo, natural de Córdova. Foi desterrado para o Magreb
por suspeita de heresia. Averróis expôs no seu Comentário da Metafísica de Aristóteles
teorias astronómicas de Arzaquel, relativas às estrelas fixas. Além do Tratado sobre o
Movimento da Esfera (Kitab fi-Harakat al-Falak), elaborou um Comentário do
Almagesto de Ptolomeu, dividido em duas partes. Observou a estrela Canopus, invisível
na Península Ibérica, durante o exílio em Marraquexe. Ver Balneis omni quae extant
(Vários Autores) e Manget, v. 2: Thesaurus Philosophiae (p. 192).

AVICENA
Aceita a teoria da geração dos metais a partir do mercúrio-enxofre, sustentando que a
prata sólida pode ser produzida pela virtude do enxofre branco, com adição do
mercúrio, e que um enxofre muito puro e subtil combinado com o mercúrio pode
solidificar em ouro. Foi esta a base da doutrina da transmutação dos metais durante a
Idade Média. Citado in Ennoea. Ver Balneis omni quae extant (Vários Autores),
Helvetius e Manget, v. 1: De Congelatione et Conglutinatione Lapidum (p. 636).

BACON, Rogério (1214-c. 1292)


Franciscano, discípulo de Robert Grosseteste. No Opus Majus [BPNM: 2-40-4-14
(Veneza, 1650)] expõe uma síntese coerente da filosofia natural, atribuindo uma
especial enfâse à matemática, chave das ciências, embora mantendo a Teologia como
Regina Scientiarum. Considerou a alquimia um dos pilares da medicina, por
possibilitar a separação dos ingredientes benéficos dos prejudiciais, no que foi precursor
de Paracelso. No Opus tertium demonstra conhecer a distinção entre alquimia
especulativa e prática. Citado in Ennoea. Ver Manget, v. 1: Speculum Alchimiae (p. 613)
e De Secretis operibus Artis et Naturae et de nulitate Magiae (p. 616).

BALDUINUS, Cristianus Adolfus (1632-1682)


Natural da Saxónia. Descobriu a substância fluorescente cálcio de nitrato, também
conhecida por Fósforo de Balduíno.
Ver Manget, v. 2: Aurum Superius et Inferius Aurae Superioris et Inferiores
Hermeticum (p. 856).

BALNEIS OMNI QUAE EXTANT


Ver Vários Autores.

BATEO, Jorge (1608-1669)


Pharmacopea bateana na qual se contem quasi oytocentos medicamentos tirados da
prática de Jorge Bateo proto-médico de Carlos segundo rei de Inglaterra, escrita por
ordem alfabética / trad. de latim por D. Caetano de Santo António, Lisboa, Oficina
Real Deslandesiana, 1713; Veneza, 1731 [BPNM: 2-32-3-20/21]
Regista cerca de oito centenas de medicamentos e um Índice de achaques.
Pharmacopea bateana, augmentada com os segredos Goddardianos de Jonathan
Goddardo [...] com o apendix à mesma farma de Thomás Fuller; e acrescentada com
hum additamento de [...] João Junchero, e Francisco Paulino Touquet, e de outros
[...] escripta por ordem alfabética, e dada à luz por hum Professor da mesma arte
[trad. D. António dos Mártires], Lisboa, 1713 [BPNM: 2-32-3-25]; Pamplona,
Herederos de Martinez, 1763.
Pedro José da Silva atribui a tradução a D. António dos Mártires, Cónego Regrante de
Santo Agostinho. O pseudónimo de que este usa, constituído pelas iniciais J. M. J.,
surge noutra obra que lhe é creditada, o Collectâneo Pharmaceutico, publicada sob o
nome de António Martins Sodré. O local alegado para a impressão (aliás Coimbra),
bem como a tipografia, são forjados.

BECHER, Johann Joachim (1635-1682)


Químico alemão. Caído em desgraça na corte do seu mecenas, o conde de Zinzendorf,
fugiria para Viena, daí passando à Holanda e, posteriormente, a Inglaterra, onde
terminaria os seus dias. Os estudos que empreendeu sobre a combustão conduziram-no
à aceitação da existência de um espírito do fogo, que, embora escapando para o ar,
podia ser novamente aprisionado numa substância à qual transmitiria a propriedade da
combustibilidade. A teoria flogística exposta pelo discípulo G. E. Stahl, havia de
consagrar as suas ideias a este respeito.
Physica Subterranea, Lipsiae, 1738 [BPNM: 2-37-8-4] obra cuja edição príncipe saíu
dos prelos em Francoforte, no ano de 1669, síntese das teorias de Becher acerca dos
minerais e outras substâncias;
OEdipus chymicus, Francoforte, 1716 (ver Manget, v. 1, p. 306).

BERCLEY, Jorge
Bispo de Cioine (Irlanda).
Informaçam filosofica sobre as virtudes da água de alcatrão, Lisboa, Oficina
Pinheirense da Música e da Sagrada Religião de Malta, 1745 [BPNM: 2-25-8-23 (8º)]

BARNAUD, Nicolas
Ver Manget, v. 2: Aenygmaticum quodam Epitaphium Bononiae ante multa Secula
Marmoreo Lapidi insculptum Commentariolus (p. 713).

BERNARDUS TREVISANUS (1406-1490)


Natural de Pádua. Conde da Marca Trevisana, terá sido iniciado na Alquimia pelo pai,
aos quatorze anos de idade. Carteou-se com Tomás de Bolonha, astrólogo e médico de
Carlos V de França. Numa das cartas (1385) expõe a sua teoria dos metais (mercúrio-
enxofre), afirmando que o mercúrio é o único constitutivo do ouro. Demonstra grande
animosidade contra Rhazes e Geber. De entre as suas obras destacam-se: Tratado da
Filosofia natural dos metais, o qual consigna a célebre Alegoria da Fonte e Acerca da
Palavra perdida. Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia
Lusitana). Fiama Brandão afirma conhecer uma obra sua em Portugal, sem contudo,
indicar qual e onde se arquiva. Ver Manget, v. 2: Liber de Secretissimo Philosphorum
opere Chemico (p. 388), Responsio ad Thomam de Bononia super libro de Secretissimo
Philosophorum opere Chimico (p. 399 [impressa apenas em 1585: trata principalmente
das propriedades e usos do mercúrio]); Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 2,
p. 325: Livro da Filosofia Natural dos Metais [BPNM: 2-32-3-26], Acerca da Palavra
Perdida (p. 400).

BIBLIOTHEQUE DES PHILOSOPHES [CHYMIQUES]


Ver Vários Autores.
BLAVENSTEIN, Salomão de
Ver Manget, v. 1: Interpelletio brevis ad Philosophos pro Lapide Philosophorum (p. 113-
118).

BOERHAAVE, Hermann (1668-1738)


Iatroquímico, representante máximo da escola humoral, denominado Communis
Europae Praeceptor. Declinou convite de D. João V para vir ensinar em Portugal, onde
o seu sistema, baseado na articulação de determinados fundamentos galénicos, a
iatromecânica e certos príncipios da iatroquímica (aquele que mais influenciou a
medicina durante o século XVIII), derrotou o animismo de Stahl, representado por José
Rodrigues de Abreu. Ribeiro Sanches conta-se entre os seus discípulos. Citado por Frei
António da Anunciação.
Traité de la vertu des medicamens traduit du latin [...] par M. de Vaux, Paris, Jacques
Clouzier, 1739 [BPNM: 2-31-2-17];
Tractatus de viribus medicamentorum [...], Paris, Guillelmum Cavelier, 1740 [BPNM: 2-
30-3-21 (1º)];
Methodus discendi medicinam [...], Veneza, Francisco Zane, 1747 [BPNM: 2-30-3-19]
2ª ed.;
Index alta plantarum quae in horto académico […], Lugdunum Batavorum, 1727, 2
vols. [BPNM: 2-38-3-4];
Elementa Chemiae, Leiden, 1732, 2 vols. [BPNM: 2-30-12-12 / 13];
Elemens de Chymie, Paris, 1754, 6 vols. [BPNM: 2-32-3-7 / 12];
Traité de la matière médicale pour servir a la composition des remedes indiqués dans
les Aphorismes, Paris, 1739; [BPNM: 2-31-2-6];

BONUS, Petrus (1300?-?)


Filósofo hermético e alquimista, natural da Calábria. Autor de Pretiosa Margarita
Novella de Thesauro, ac Pretiosissimo Philosophorum Lapide (Veneza, 1546), obra
redigida em Pola, na Ístria, em 1330, na qual o processo alquímico é descrito sob a
forma de Missa. Num catálogo do livreiro João Santos é descrito um exemplar (n.
2095). Ver Manget, v. 2, p. 1-80.

BORRICHIUS, Olaus (1626-1690)


Ver Manget, v. 1: Dissertatio De ortu et progressu Chemiae (p. 1-37).

BRACESCO, Giovanni (1482-1555?)


Giovanni Bracesco da Orzi Nuovi. Alquimista. Residiu em Brescia e, além dos
comentários de Geber, publicou uma dissertação sobre o uso da pedra filosofal na
medicina (Roma, 1542). La espositione di Geber philosopho, Veneza, 1544 (trad:
inglesa: Gebri explicatio, Londres, 1548).
Ver Manget, v. 1: Dialogus Primus Veram et genuinem librorum Gebri Philosophi
expositio (p. 565). Citado por Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia
Lusitana). Giovanni Tauledano e Gaudenzio Merula, advogavam, contra o neste tratado
proposto por Bracesco, que o ferro metálico constitui a matéria-prima da obra
alquímica; Lignum Vitae (Manget, v. 1, p. 911-938).
CARREIRA, João António / PINHEIRO, José da Silva /MOREIRA, Joaquim
Inácio
Analyse da folha que o boticario Antonio José de Sousa Pinto publicou e distribuio
com a Gazeta de 25 de Setembro proximo passado, Lisboa, Impressão Régia, 1817
[BN: L 18614 V; BPNM: 2-32-15-19]
Estudo crítico das fórmulas medicamentosas que o farmacêutico António José de
Sousa Pinto distribuíu gratuitamente, como folha volante, com a Gazeta de Lisboa.

CASTELO BRANCO, Anselmo Caetano Munhós de Abreu Gusmão e


Natural de Soure, filho do Dr. António Munhós de Abreu, formado na Faculdade dos
Cânones, e de Simoa Godinha da Rosa. Doutor em Medicina pela Universidade de
Coimbra, Barbosa Machado (v. 1, p. 178) di-lo "ornado de feliz memória, notícia das
línguas mais polidas da Europa e não menos versado na lição dos Santos Padres,
Sagrada Bíblia, disciplinas Matemáticas e mistérios ocultos da Química [...]". Ennaea
[sic], ou applicação do entendimento sobre a Pedra philosophal provada, e
defendida com os mesmos argumentos com que os Reverendíssimos Padres
Athanasio Kircher no seu Mundo Subterraneo, e Fr. Bento Hieronymo Feyjoo no seu
Theatro Crítico, concedendo a possibilidade, negão, e impugnão a existencia deste
raro e grande mysterio da Arte Magna, Lisboa, Maurício Vicente de Almeida, 1732-
1733, 2 partes [BPNM: 2-33-9-19] Refere-se ao seu mestre coimbrão na Parte III, p.
73.

CLAUDER, Gabriel (1633-1690/91)


Ver Manget, v. 1: Tractatus de Tinctura Universali contra R. P. Kircher (p. 119-168).

CNOFFEL, Andreas († 1699)


Ver Manget, v. 2: Responsum ad Positiones de Spiritu Mundi quo in se continet
Reserationem Tumbae Semiramidis (p. 880).

CORTALANEI
Ver Manget, v. 2: Mysterium occultae Naturae e De duobus Floribus Astralibus
Agricola minoris (p. 619).

COELHO, Manuel Rodrigues (1687-?)


Pharmacopea tubalense chimico-galenica. Parte terceira. Dividida em três classes,
em a primeira se admira hum diccionário, para a inteligencia dos mais versados
Synonimos da praxe medica. Em a segunda se registra huma Colecção dos mais
especiozos arcanos, que o Doutor Ribeira descreveo em o grande número de seu
volume, e outros de diversos practicos. Em a terceira se encontrão inumeraveis
Específicos para o Curativo seguro de diversos affectos, e hum discurso Physico
sobre o uso da Quinna. Augmentada com hum Appendix selecto, em que se propoem
as mais selectas formulas, de que usão os londinenses medicos, para o curativo da
Nação Portuguesa: Colecto e illustrado por Maurício da Costa, cirurgião, anatomico,
pharmaceutico, academico experimental [...], Lisboa, Oficina de José da Silva da
Natividade, 1751 [BPNM: 1-18-9-13/14] A mais desenvolvida das farmacopeias
publicadas em Portugal. Pedro José da Silva considera esta obra "um verdadeiro e
colossal monumento da polifarmácia". Citada por Ferguson (v. 1, p. 167).
COSTA, Jacinto da (1777-185?)
Pharmacopea naval, e castrense, Lisboa, Impressão Régia, 1819 [BPNM: 2-32-15-12 e
2-32-15-15]

CREMER, John (séc. XIV)


Alquimista inglês. Autor de Elementa artis docimasticae: duobus tomis comprehensa,
quorum prior theoriam, posterior praxin [...], Lugduni Batavorum, Conradum Wishoff
e Georg Jac. Wishoff, 1744 [BPNM: 2-30-7-1/2].

DAUSTEN, John (séc. XIV)


Alquimista inglês sobre quem consta muito pouco. Ver Manget, v. 2: Rosarium
Arcanorum Philosophorum Santissimum Comprehendens (p. 309).

ESPAGNET, Jean d’ (2ª metade séc. XVI-séc. XVII)


Também denominado Dom Espagnet. Jurista, Presidente do Parlamento de Bordéus e
alquimista que se ocultou sob os anagramas Spes mea est in Agno e Penes nos unda
Tagi. Associou-se a Pierre de Lancre na perseguição aos feiticeiros do Sudoeste de
França. Ver Manget, v. 2: Enchiridion Physicae restitutae (p. 626) e Arcanum
Hermeticae Philosophiae (p. 649). Segundo Lenglet-Dufresnoy, o tratado pertencerá a
um adepto conhecido como Cavaleiro Imperial, não passando Dom Espagnet do
respectivo editor. Trad. francesa: La Philosophie Naturelle restablie en sa pureté, où
l’on void à découvert toute l’oeconomie de la Nature, et où se manifestent quantité
d’erreurs de la Philosophie Ancienne […] avec le Traicté de l’Ouvrage secret de la
Philosophie d’Hermez qui enseigne la matière et la façon de faire la Pierre
Philosophale (Paris, 1651).

DORN, Gerhard (séc. XVI)


Dom Vicente Nogueira possuía obras deste autor [BNParis], discípulo de Adam von
Bodenstein. Com Miguel Toxites publicou Paracelso pela primeira vez. Responsável pelo
glossário de termos paracélsicos e relato das posições de Tritémio sobre a Espagíria. Ver
Manget, v. 1: Hermetis Trismegisti Tabula Smaragdina cum expositionis (p. 389) e
Congeries Paracelsicae Chemiae de Transmutationibus metallorum (p. 423).

FABRI, Pierre Jean († 1650)


Alquimista francês de Castelnaudary.
Alchymista Christianus in quo Deus rerum author omnium et quamplurima Fidei
Christianorum que orthodoxa doctrina, vita et probitas non oscitanter ex chymica arte
demonstrantur, Toulouse, 1632 [BPNM: 2-32-3-1 (1º)] Obra dedicada ao Papa Urbano
VIII, na qual pretende demonstrar que os símbolos e os ritos da religião católica
correspondem às diversas operações da Grande Obra: o baptismo à calcinação, a
confirmação à fixação, a penitência à putrefação, a Eucaristia à própria Pedra;
Res Alchymiorum obscuras extraordinaria perspicuitate esplanans (ver Manget, v. 1,
p. 291);
Epistolae Aliquot (Manget, v. 1, p. 304)
Hercules Piochimicus, Toulouse, Petrum Bosc, 1634 [BPNM: 2-32-3-1 (2º)].

FANIANUS, Johannes Chrysippus


Ver Manget, v. 1: De Jure Artis Alchemiae (p. 210).
FERNELIUS, Johannes (1497-1558)
Galeno moderno. Médico do rei Henrique II.
Universa Medicina, s. l., 1577 [BPNM: 1-18-4-6] e 1604;
De abditis Rerum Causis, Paris, 1560 [Citado por Manuel Bocarro Francês
(Anacephaleoses da Monarquia Lusitana)].

FERREIRA, Luís Gomes


Cirurgião aprovado, natural da Vila de S. Pedro de Rates, e assistente nas Minas do
ouro do Brasil por discurso de vinte anos. Autor de Erario mineral dividido em doze
tratados. Dedicado, e offerecido á [...] Virgem Nossa Senhora da Conceyção, Lisboa
Occidental, Oficina de Miguel Rodrigues, 1735 [BPNM: 1-18-11-9/10] O Tratado XI
(fl. 21v) ocupa-se Da cura dos venenos e mordeduras das cobras do Brasil com novos
remédios inventados e suas observaçoens.

FEYJÓO Y MONTENEGRO, Padre Benito Jeronimo (1676-1764)


Beneditino. A filosofia natural ensinada pelos padres do Oratório, apoiada pelas
apologias de António Pereira de Figueiredo, abriu-lhe vastos auditórios em Portugal. No
entanto, foi alvo de pertinentes contestações e refutações, como, por exemplo, as do
dominicano Frei Bernardino de Santa Rosa ou do médico e hermetista coimbrão
Anselmo Caetano de Abreu Gusmão Castelo Branco. Autor de Theatro Critico Universal
(1726-1729), obra em oito tomos mais um suplemento (1741). Inclui ainda as Cartas
Eruditas (1744-1760, em cinco tomos, a Justa Repulsa [...] e a Ilustração Apologética.
Dedica grande número de estudos às tradições e ao que considera superstições
populares (astrologia, artes divinatórias, magia, saludadores, duendes, espíritos
familiares e outros seres sobrenaturais, pedra filosofal [tomo III, discurso VIII e tomo
IV, discurso XVII], animais fantásticos, etc). Foram extraordinárias em Portugal as
repercussões da doutrina gassendista expendida nos tomos III (discurso VIII) e V
(discurso XVII), no contexto da disputa entre antigos (peripatéticos ou aristotélicos, i.
e., os jesuítas) e modernos (iatromecânicos ou atomistas, i. e., os oratorianos) [BPNM:
2-25-6-2/14 e 19/20 = 15 tomos].

FICINO, Marsilio (1433-1499)


Ver Manget, v. 2: Liber De Arte Chemica (p. 172-183).

FLAMEL, Nicolas (c. 1330-1418)


De acordo com um documento supostamente seu, comprou, em 1357, por dois florins,
um livro atribuído a Abraão, o Judeu, o qual lhe revelou o segredo da transmutação dos
metais por intermédio de figuras simbólicas. Trabalharia durante mais de duas décadas,
até lograr a decifração do sentido oculto do texto, o que terá acontecido em 1382, ano
em que transmutou mercúrio em ouro e prata. Consta que morreu extremamente rico.
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1: Livro das Figuras Hieroglíficas (p.
49-98 [BPNM: 2-32-3-26]); Manget, v. 2: Annotata quaedam ex Flamello (p. 350).

FLUDD, Robert (1574-1637)


Manteve animadas controvérsias com Pierre Gassendi, o padre Mersenne e Kepler. Dom
Vicente Nogueira refere-lhe-se em duas cartas enviadas a Dom Vasco da Gama,
embaixador de D. João IV: "[...] as obras de roberto aflud que aqui se vendem a vinte e
trinta escudos pude eu haver por dez, e inda menos: é de meu parecer deve V. S. lançar
de sy como os de Scoto e o mesmo lhe dissera dos de S. Thomas [...]" (Carta XXXIX, 22
de Novembro 1649) e "Perdoe Deus quem aconselhou a V. S. que comprasse o Roberto
de flud, autor meyo feiticeiro e mal acreditado, despesa tão desnecessaria como os
concilios do Louvre, e obras de Scotto que são obras para uma Livraria Regia como a do
Escurial [...]" (Carta XLIX, 29 de Junho a 19 de Setembro 1650).
Utriusque Cosmi Maioris scilicet et Minoris Metaphysica, Physica atque Technica
Historia, in duo volumina secundum Cosmi differentiam divisa: Tomus primus De
Macrocosmi Historia, Oppenheim, 1617 [BUC; BN: SA 72 A; BPNM: 1-51-13-6 =
Proibido por decreto de 4 de Fevereiro de 1627];
Tractatus Secundus De Naturae Simia Seu Technica macrocosmi historia in partes
undecim divisa, Oppenheim, 1618 [BPNM: 1-51-13-7] A História Metafísica, Física,
Técnica dos mundos maior e menor, dividida em 2 tomos, atendendo à diferença entre
ambos: I. História, Metafísica e Física; II. Do Símio da Natureza é uma tentativa de
ressuscitar a magia operativa e cabalística tal como Ficino e Pico a haviam teorizado,
fundada sobre as relações entre macro e microcosmos e sobre a figura do homem mago
delineada pelo Corpus Hermeticum; ignora deliberadamente os estudos críticos de
Isaac Casaubon acerca da datação pós-cristã dos tratados, a qual constitui a definitiva
demolição da teoria da prisca filosofia proposta por Ficino; publicada por John Bulwer,
precursor da utilização da linguagem gestual para comunicar com surdos-mudos: os
termos quiromânticos são ilustrados com diagramas de espantosa modernidade, tal
como o texto, de resto, reimpresso por João Praetorius no Ludicrum chiromanticum
[BPNM: 2-51-4-16]; P. V. Piobb editou o capítulo relativo à Geomância do Tractatus
Secundus De Naturae Simia [...], in Traité de géomancie (Paris, 1947);
Tomus secundus De Supernaturali, Naturali, Praeternaturali et Contranaturali
Microcosmi Historia, Oppenheim, 1619 [BPNM: 2-49-13-5] i. e., Da História
Sobrenatural, Natural, Prenatural e Antinatural do Microcosmos;
Tomi secundi Tractatus Secundus De Praeternaturali Utriusque Mundi Historia,
Frankfurt, 1621 [BPNM: 2-49-13-5] Este Da História Prenatural de ambos os Mundos
inclui o Discurso Teosófico, Cabalístico e Fisiológico de ambos os Mundos;
Clavis Philosophiae et Alchymiae Fluddanae, sive Roberti Fluddi Armigeri, et
Medicinae Doctoris, ad Epistolicam Petri Gassendi Theologi Exercitationem
Responsum, Frankfurt, 1633 [BPNM: 2-49-13-3 e 4 = 2 exemplares] Inclui: Responsum
ad Hoplocrisma-Spongum M. Fosteri Presbiteri, ab ipso, ad unguenti armarii
validitatem delendam ordinantum, i. e., Resposta ao Hoplocrisma-spongus, do
presbítero William Foster, composto por ele para destruir a validade do unguento
armarium (Londres, 1631);
Philosophia Moysaica. In qua Sapientia et Scientia creationis et creaturarum sacra
vereque Christiana (ut pote cuius basis sive Fundamentum est unicus ille Lapis
Angularis Iesus Christus) ad amussim et enucleate explicatur, Gouda, 1638 [BPNM: 2-
49-13-3] Derradeira obra publicada por Fludd e a única traduzida para inglês no seu
tempo (Mosaicall Philosophy: Griunded upon the Essential Truth, or Eternal Sapience,
Londres, 1659). Trata-se de uma das mais importantes obras para a compreensão da
metafísica fludiana.

FROBÉNIO, Melchior
Ver Manget, v. 2: Brevis enumeratio hactemus a se in chemia actorum (p. 875).

GEBER (c. 721-c. 815)


Natural de Harran (Mesopotamia). Muito influenciado pelo misticismo xiita. As notícias
mais antigas a respeito de Geber são-nos facultadas por Ibn Umayl e Ibn Wahsiyya.
Waite identifica-o com Abu Mussa Jafar al-Sufi. Alguns dizem tratar-se, ora de Yabir
ben Hayan, ora de Yabir Ben Aflah. Outros preferem identificá-lo com Paulus de
Taranto, mestre no mosteiro franciscano de Assis (finais do séc. XIII). Seja como for,
Geber é consensualmente apontado como o Pai das alquimias árabe e europeia, e
“Princípe dos adeptos da Alquimia”. Ocupa-se do problema clássico da geração dos
metais a partir do mercúrio e do enxofre. A numerologia talismânica é fundamental à
sua doutrina da Pedra Filosofal. Na Summa Perfectionis ocorre a primeira descrição de
aparelhos alquímicos e mais completa descrição das técnicas alquímicas, só
ultrapassadas no séc. XVI. O auge da difusão de Geber foi atingido quando um tradutor
exercendo o seu mister em Espanha, durante o século XIII, encetou a adaptação latina
de todos os textos alquímicos que lograva alcançar, colocando-os sob a tutela de Geber
Rex Arabum. Citado por Manuel Bocarro Francês.
Summa Perfectionis. Magisterii in sua natura; Ex Bibliothecae Vaticanae Exemplari
undecunq; emendatissimo edita, cum vera genuinaq; delineatione Vasorum &
Fornacum. Deniq; libri Investigationis Magisterii & Testamenti ejusdem Gebri, ac
Aurei Trium Verborum Libelli, & Avicennae. Summi Medici & acutissimi Philosophi
Mineralium additione Castigatissima, Veneza, 1542 Edição feita com base num
manuscrito da Biblioteca Vaticana com o objectivo de corrigir as interpretações vulgares
da Alquimia. À clareza e sistematização das formulações teóricas acrescenta uma
particular precisão na descrição das operações de laboratório, sempre ilustradas com
reproduções dos principais instrumentos técnicos. Além da Suma da Perfeição, inclui:
Liber Trium Verborum Kallid acutissimi (p. 235), De Congelatione et Conglutinatione
Lapidum, de Avicena (p. 245), Avicenae Mineralia, cujusdam Epistolae quae Alexandri
Macedonum Regis nomine circumfertur, Interpretatio abditam Philosophici lapidis,
compositionem sapientissimus acutissime declarans (p. 254), Authoris ignoti,
Philosophici Lapidis Secreta, metaphorice describentis Opusculum (p. 261), Merlini
Allegoria, profundissimum philosophici Lapidis Arcanum perfecte continens (p. 265),
Rachaidibi, Veradiani, Rhodiani et Kanidis Philosophorum Regis Persarum, de
Materia Philosophici Lapidis acutissime colloquentium fragmentum (p. 270), Faustus
Sabeus ad Lectorem (p. 278). Reedição: Dantzig, 1682 [BPNM: 2-37-2-33]. Ver
Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1: La Somme de Perfection (p. 85), v. 2, p.
189-487 [BPNM: 2-32-3-26] e Manget, v. 1: Summa Perfectionis magisterii (p. 519),
Liber Investigationis magisterii (p. 558) e Testamentum (p. 562).

GERHARD, Johann
Ver Manget, v. 1: Exercitationes perbreves in Gebri Arabis (p. 598), Analysis Partis
Praticae Raymundi Lulli in Testamento (p. 778).

GERMAIN, Claude
Ver Manget, v. 2: Icon Philosophiae Occultae (p. 845).

GRASSHOFF, Johann
Ver Manget, v. 2: Arca Arcani artificiossimi (p. 585).

GRISLEY, Gabriel
Médico de naturalidade alemã estabelecido em Portugal durante o reinado de D. João
IV. Autor de Desengano para a Medecina, ou Botyca para todo o pay de familias.
Consiste na declaração das qualidades, e virtudes de 260 hervas com o uso dellas.
Tambem de sessenta Agoas estilladas, com as regras da Arte de estilação, Lisboa,
Oficina de Manoel Lopes Ferreira, 1690; 2ª edição: Coimbra, José Ferreira, 1676
[BPNM: 2-32-15-35]; 3ª edição: Coimbra, José Antunes da Silva, 1714 [BPNM: 2-32-
15-36]

HARTMANN, Johann
Autor de Opera Omnia Medico-Chymica (Frankfurt, 1684 [BPNM: 1-18-8-11]).

HELVETIUS
Pseudónimo de Johann Frederich Schweitzer (1625-1709). Em 1649 praticava medicina
na Holanda, sendo médico do príncipe de Orange. Autor de Vitulus Aureus (ver Manget,
v. 1, p. 196-210), onde reporta o diálogo com Elias Artista, em 1666, quando este
realizou transmutações na sua presença. Impresso em Haia (1667) e reproduzido no
Museum Hermeticum (Francoforte, 1678) e no The Hermetic Museum Restored and
Enlarged (Londres, 1893). Editor de Opuscula De Alchimia: Complura Veterum
Philosophorum, s.l., s.d. [Francoforte, 1650] [BPNM: 2-32-6-3]. Inclui: Semita
Semitae, de Arnaldo de Vilanova (fl. 69), Tractatus de Tinctura Metallorum, de Avicena
(fl. 75), Compendium animae Transmutationis, tractatus chymicus (fl. 92) e Vade
mecum artis compendiosae, sive de tincturis compendium (fl. 153), ambos atribuídos a
Raimundo Lúlio.

HELVETIUS, Jean Adrien (1661-1727)


Autor de: Tratado das mais frequentes enfermidades, e dos remédios mais próprios
para as curas: obra de grandíssima utilidade, não só para médicos, cirurgiões e
boticários, mas para todos os pais de família, e pessoas curiosas, que ainda sem
dependência dos professores de medicina, guiados só pela claresa do seu método se
poderão socorrer a si mesmo na maior parte das suas enfermidades [...]. Acrescentado
com um numerosíssimo catálogo de plantas medicinais com os seus nomes próprios
em português, latim e francês (trad. por António Francisco da Costa), Lisboa, Miguel
Rodrigues, 1747 [BN: SA 10346 P; BPNM: 2-30-9-13] Edições francesas: Paris, 1703 e
1739. Nesta obra indica as propriedades do pó de Ipecacuanha por si introduzido na
farmacopeia francesa, o que lhe havia de valer uma gratificação de 1000 luíses de ouro;
Principia Physico-Medica in Pirorum Medicinae, Francoforte, 1754, 2 vols. [BPNM: 2-
30-9-14/15].

HENRIQUES, Francisco da Fonseca (1665-1731)


Doutor em Medicina pela Universidade de Coimbra e Médico de D. João V, foi um dos
mais prestigiados “modernos” do período joanino, tendo ficado conhecido pelo
“Doutor Mirandela” por ser natural dessa vila transmontana.
Tratado unico e administração do Azougue, nos casos em que é prohibido, Lisboa,
Valentim da Costa Deslandes, 1708 (Considera o azougue o único antídoto capaz de
“extinguir totalmente o contágio gálico”. Saíria incluído nas reedições de 1710 [BPNM:
1-18-10-16] e 1731 de Medicina Lusitana.
Apiarum Medico-Chymicum, et Pharmaceuticum: ex variis practicae medicinae
floribus, seu curationes, et observationibus, tam Empiricis, quam rationalibus [...],
Amesterdão, Michael Diaz, 1711 [BPNM: 2-30-2-5]
Anchora medicinal para conservar a vida com saude [...], Lisboa Ocidental, Oficina
da Música, 1721. Reedições: Lisboa Oriental, 1731; Lisboa, 1749 [BPNM: 2-30-4-12]
HERMES TRISMEGISTO
Considerado o inventor da Alquimia. Santo Alberto Magno chama-lhe “Pai
antiquíssimo”, “Primeiro Filósofo” e “Profeta dos Filósofos”. O primeiro indício do
conhecimento do Corpus Hermeticum na Europa, mais concretamente na Península
Ibérica, remonta ao séc. X. A Tabula Smaragdina, supostamente descoberta no túmulo
de Hermes, foi então, e pela primeira vez, usada como colofon de um livro de alquimia,
o Sirr Al-Jaliqa ou Kitab Al-‘Ilal, o qual fez a sua aparição no Al-Andalus durante o
califado do omíada Al-Hakam II († 976). Traduzida para latim pelo bispo hispânico
Hugo de Santalla, seria difundida por Alberto Magno, ao incorporá-la no De Rebus
Metalicis et Mineralibus. D. Afonso V possuía na sua biblioteca um Hermes, aliás a
única fonte citada nos dois tratados sobre a pedra filosofal que lhe são creditados. Ver
Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1: Sete Capítulos (p. 1-81 [BPNM: 2-32-3-
26]), Hortulanus e Manget, v. 1, p. 380 e 400.

HOFFMANN, Friedrich
A este médico se deve um misto em partes iguais de éter e álcool concentrado conhecido
sob a designação de licor anódino mineral de Hoffmann, ainda hoje utilizado pela
farmacopeia.
Observationum Physico-Medicarum Sylloge: comprehends quam plurima medicinam
tam theoreticam quam practicam clinicam et forensem nec minus philosophiam
naturalem [...], Francoforte e Lipsia, s. n., 1736 [BPNM: 2-30-7-18];
La medecine raisonnée de M. [...] Premier Médecin du Roi de Prusse, traduite par
Jacques-Jean Bruhier, Paris, Briasson, 1742-1753 (9 vols.) [BPNM: 2-30-6-12/20];
Operum omnium-medicorum: supplementum secundum in tres pates distributum [...],
Genebra, Fratres de Tournes, 1753 [BPNM: 1-18-1-6/7];
Opera omnia Physico-Medica, Génova, 1740 [BPNM: 1-18-1-1 / 4];
Operum omnium Physico Medicorum Supplementum, Génova, 1749 [BPNM: 1-18-1-5];
Supplementum secundum, Génova, 1753; [BPNM: 1-18-2-6 / 7];
La Médicine Raisonnée, Paris, 1743-1751, 9 vols. [BPNM: 2-30-6-12 / 20];
Les vertus medicinales de l´eau commun [...], Paris [BPNM: 2-31-2-18 / 19].

HORTULANUS
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1: comentário à Tábua de Esmeralda
(p. 2-12 [BPNM: 2-32-3-26]).

IRENEUS PHILALETHA
Pseudónimo de George Starkey (1628-1665). Natural das Bermudas, estudou no
Harvard College (1643-1650), onde seria instruído nos princípios e segredos da arte
alquímica. Declara ter obtido a Pedra Filosofal em 1645, com 23 anos, e feito amizade
com Robert Boyle. Uma vez em Inglaterra, tornou-se grande admirador de George
Ripley e expoente da via metalúrgica em Alquimia. Publicou em seu nome e no do
pseudónimo em apreço. Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1: Entrada
aberta no Palácio encerrado do Rei (p. 236-326 [BPNM: 2-32-3-26]); Manget, v. 2:
Tractatus apertus ad occlusum Regis Palatium (p. 661), Brevis Manuductio ad Rubium
Coelestem (p. 686), Tractatus de Mettalorum Metamorphosi (p. 676), Fons Chemicae
Philosophiae (p. 693) e Fons Chymicae Veritatis (p. 799); Musaeum Hermeticum
Reformatum (Introitus apertus ad occlusum regis palatium; Metallorum
metamorphosis; Brevis manuductio ad rubinum coelestem e Fons chymicae veritatis).
A propósito da polémica Texeda-Feijó, ver Diego Torres Villarroel (El Ermitano y
Torres, 1726) e, ainda, Francisco Sebastián Bruno, Clara y verdadera explicación de la
composición del mercurio simple de los filosofos, que enigmaticamente describió el
anónimo AEyraneo Philaletha Cosmopolita.

JESUS MARIA, Frei João de (1716-1795)


Monge beneditino de Santo Tirso e administrador da Botica do mesmo Mosteiro.
Pharmacopea Dogmatica medico-chimica, e theorico-practica. Dividida em duas
partes: na primeira se tracta das principaes partes e operaçoens da Pharmacologia
Galenico-Chimica com as mais particularizadas compoziçoens antigas e modernas,
exaggeradas com as annotaçoens e expurgaçoens do melhor methodo. Na segunda
se dão as necessarias noticias muito exactas dos usuaes animaes, mineraes e
vegetaes, que ha e póde haver neste Reino, Porto, António Álvares Ribeiro
Guimarães, 1772, 2 tomos [BPNM: 2-32-13-1] Faz referência aos vitriolum(s). Trata
exaustivamente quer das matérias-primas necessárias à produção medicamentosa,
quer das preparações farmacêuticas.

JOHNSON, William
Ver Manget, v. 1: Lexicon Chymicum (p. 217) [edição príncipe: Londres, 1660, 2 tomos].

JUAN DE RUPESCISSA (c. 1300–c. 1360)


Frade menor, mestre, doutor e catedrático de Teologia em Barcelona e missionário em
Moscovo (Historia de los Heterodoxos, v. 1), também denominado Juan de Ribatallada
(ou Roquetaillade) e Juan de Rocacelsa. Aclamado enquanto “um dos mais
extraordinários Filósofos herméticos”. Escritos proféticos e críticos da Igreja estiveram
na origem da sua prisão, em 1357, por ordem do Papa Inocêncio VI. Muito citado nas
miscelâneas sebastianistas sob as designações de João de Rocacelsa, Frade Bento e
"ínclito profeta de S. Bento" (Inácio de Guevara). Num códice manuscrito dos inícios do
século XV, proveniente de Portugal e ofertado a Marcelino Menendez Pelayo, acham-se
obras químicas que lhe são atribuídas (ver Ramón de Luanco).
Manget, v. 2: Liber Lucis (p. 84-87) Situa-se entre a profética joaquimita e a alquimia.
Afirma na introdução que são de esperar grandes perseguições patrocinadas pelo
Anticristo, que os eleitos de Deus cairão em grande pobreza e que a Pedra Filosofal será
revelada. Oferece uma descrição concisa da práxis alquímica em 6 capítulos, o último
dos quais sobre fornos. Influenciou os Tratados de Afonso, Rei de Portugal. Citado in
Ennoea.
Manget, v. 2: De Confectione veri Lapidis philosophorum, in Verae alchemiae artisque
metallicae citra aenigmata (p. 80-83) Declara que a matéria da pedra filosofal é uma
água viscosa que se encontra em toda a parte, mas que se, porventura, fosse nomeada
revolucionaria todo o mundo.
Bibliografia: HALLEUX, R., Les ouvrages alchimiques de Jean de Rupescissa, in
Histoire Littéraire de la France, v. 41 (1981), p. 241-284.

KALID BEN JAZICHI


Ver Manget, v. 2: Liber Secretorum Alchemiae e Liber Trium Verborum (p. 183 e 189,
respectivamente).

KIRCHER, Athanasius (1602-1680)


O Colégio Romano tornar-se-á a sua residência definitiva, leccionando aí, a partir de
1638, a Matemática e as línguas orientais, entre outras disciplinas. No período
compreendido entre 1647 e 1678 (ano a partir do qual e até ao fim da vida a sua
preocupação maior serão os exercícios espirituais), definitivamente liberto de
obrigações pedagógicas e tendo encontrado, por fim, a estabilidade e os meios para
prosseguir as suas investigações, o Doctor Centium Artium, epíteto que alude muito
justamente ao número surpreendente de disciplinas e temas que examinou, dedicou-se
quase exclusivamente à redacção da maior parte da cerca de meia centena de volumes e
opúsculos a cuja passagem a letra de forma assistiu ainda. Mundus Subterraneus,
(Amesterdão, 1665, 2 vols. [BPNM: 1-20-12-1 / 2]), não oferece dúvida foi a sua obra
mais larga e extensivamente divulgada e estudada em Portugal, muito propalada e
glosada, mormente por quantos se dedicaram à especulação sobre as verdadeiras causas
dos terramotos. Na doutrina dos pirofilácios (ou do fogo subterrâneo latente), aí
consignada, encontraram inúmeros autores, não obstante o impacto da Filosofia
Natural dos Modernos, o fundamento físico plausível para o terramoto de 1755. É o
caso, entre númerosíssimos outros, de Bento Morganti (Carta de hum amigo para
outro em que dá succinta noticia dos effeitos do terramoto succedido em o primeiro de
Novembro de 1755 com alguns principios Fisicos para se conhecer a origem, e a causa
natural de similhantes Phenomenos terrestres, Lisboa, 1756), do autor anónimo da
Relação do Grande Terramoto que houve na Praça de Mazagam (1756) e de Veríssimo
Moreira de Mendonça (Dissertação Philosophica sobre o terramoto de Portugal do
primeiro de Novembro de 1755, Lisboa, 1756). Convém, no entanto, não esquecer que a
mesma obra foi alvo de refutações pertinentes, como a exposta por Joaquim Moreira de
Mendonça na História Universal dos Terramotos que tem havido no Mundo [...] com
huma Narração Individual do Terramoto do primeiro de Novembro de 1755 [...] e
huma Dissertação Physica sobre as causas geraes dos Terramotos, seus effeitos,
differenças e Prognosticos, e as particulares do ultimo (Lisboa, 1758). A mais
significativa e detalhada delas, porém, foi apresentada por Anselmo Caetano de Abreu
Gusmão Castelo Branco, em Ennoea ou Aplicação do Entendimento sobre a Pedra
Filosofal (Lisboa, 1732-33), e dirigida contra a opinião advogada por Kircher de não ser
viável a crisopeia ou transmutação laboratorial dos metais, conquanto aceitasse a
possibilidade da mesma transmutação na natureza.

LACINIUS, Janus
Ver Petrus Bonus.

LANGELOTT, Joel (1617-1680)


Ver Manget, v. 1: De Metallorum Transmutatione (p. 168-192).

LANIS, Francisco Tertii


Autor de Magisterium Naturae et Artis (Brixiae, 1684-86 e Parma, 1692, 3 vols.
[BPNM: 1-20-2-6 / 8]).

LAVINIUS A MORAVIA, Venceslaus


Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 4: Tratado do Céu Terrestre (p. 566
[BPNM: 2-32-3-26]).

LEAL, José Francisco (?-1786)


Instituições ou Elementos de Farmácia, Lisboa, 1792 [BPNM: 2-32-14-26]. Publicadas
póstumas por iniciativa de Manuel Joaquim Henriques de Paiva. Apresentam-se com
um duplo objecto: o ensino e a prática profissional. Trata-se de um verdadeiro tratado
de Farmácia prática, do qual se acham ausentes quer formulários, quer listas de
matéria médica. A preocupação do autor consiste em descrever as formas
farmacêuticas e a metodologia laboratorial a adoptar na respectiva preparação.

LÉMERY, Nicolas (1645-1715)


Médico e químico, discípulo de Glazer. Autor do Cours de Chymie, contenant la
manière de faire les opérations qui sont en usage dans la Médecine, par une méthode
facile (Paris, 1690), obra que contou mais de três dezenas de edições. Trad. castelhana:
Curso Chimico, Madrid, 1721 (D. Félix Palácios Baya) [BPNM: 1-18-12-13]. Citado in
Ennoea. A Pharmacopea Ulyssiponense, galenica e chymica, que contem os principios,
deffiniçõens e termos gerais de uma e outra Pharmacia (Lisboa: Pascoal da Silva, 1716.
[BN: SA 9619 P]) de João Vigier (1662-1723), comerciante de drogas francês radicado
em Lisboa desde os finais de seiscentos, foi a primeira obra de química farmacêutica
impressa em Portugal, apesar de não passar de uma tradução quase integral do Cours
de Chimie de Nicolas Lémery. Inclui, além dele, um Tratado da eleição, descrição,
doses e virtudes dos purgantes vegetais e das drogas modernas de ambas as Índias e
Brasil e um vocabulário latino e português de todas as drogas animais, vegetais e
minerais. Contém estampas representando equipamentos de laboratório de química.

LIBAVIUS, Andreas (1560-1616)


Doutor pela Universidade de Wittenberg, com o título de Poeta Laureado (1581), e logo
professor em Iemerau. Em 1586 StadtRector em Coburg e, no ano de 1588, estudante de
Medicina em Basileia, onde se graduou. Foi o primeiro a referir-se à transfusão
sanguínea. Professor de História e Poesia na Universidade de Iena. Apesar de, por vezes,
atacar os paracelsianos, a sua obra é uma fonte preciosa para o conhecimento da
medicina hermética. Manuel Bocarro Francês cita uma obra cujo título grafa Syrraxi
(Anacephaleoses da Monarquia Lusitana). Na D.O.M.A. Alchymia Triumphans de
injusta in se Collegii Galenici Spurii in Academia Parisiensi Censura (Frankfurt, 1607),
obra suscitada pelas censuras da Academia de Medicina de Paris, publica modelo de um
laboratório de Química com suas diferentes dependências e aparelhos.
Ver Manget, v. 2 Praxis alchymiae Descreve processos, produtos e a "casa química"
(laboratório) (p. 700);
Vita, vigor et veritas alchymiae transmutatoriae in syntagmate arcanorum non
perdubias coniecturas, sed philosophemata solida explicatae et traditae [...] opposita
apologiae et tractatibus de interitu Alchymiae transmutatoriae Nicolai Guiberti [...],
Francoforte, Petri Kopffli, 1615 [BPNM: 2-51-13-11 (4º)]
D.O.M.A. Syntagmatis selectorum undiquaque et perspicue traditorum Alchymiae
Arcanorum tomi duo, Francoforte, Petri Knopfli, 1613 e Petrikopfi, 1615, 1 vol. em 2
tomos [BPNM: 1-18-8-8 (1º e 2º)] Outra edição de Francoforte: 1605;
Appendix necessari syntagmatis arcanorum Chymicorum in qua praeter arcanorum
nonnullorum expositionem et illustationem, quorumdam item medicorum
hermeticorum, et mysticorum descriptionem [...] omnia studio et opera [...],
Francoforte, Petri Knoffli, 1615 [BPNM: 2-51-13-10 (1º) = Proibido decreto 18 Maio
1618];
Examen Philosophiae Novae, quae veteri abrogandae opponitur [...], Francoforte no
Main, Petri Knopfli, 1615 [BPNM: 2-51-13-11 (1º) e 2-51-13-10 (2º) = 2 exemplares.
Proibido por decreto de 18 Maio 1618] Referências a Paracelso, Rosa Cruzes, etc.;
In qua praepter arcanorum non nullorum expositionem et illustrationem quorundam
item Medicorum Hermeticorum et mysticorum descriptionem, Francoforte, Petri
Knopfli, 1615 [BPNM: 2-51-13-11 (3º)].

LIMA, Manuel Gomes de (1727-1806)


Receptuario lusitano chymico-pharmacêutico, médico-chirúrgico, ou formulário de
ensinar a receitar em todas as enfermidades que assaltão ao corpo humano, Porto,
Oficina Prototipa Episcopal, 1749. [BPNM: 2-32-13-23]. Sintomatologia, prognóstico e
modo de curar achaques, bem como indicação dos remédios adequados.

LUDOVICE DE COMITIBUS
Ver Manget, v. 2: Turba Semiraminis Hermetica Sigillata; De liquore Alchaest et
Lapide Philosophorum; De Maceratensis Philosophiae ac Medicinae Doctoris (p. 759).

LULL, Raimundo (c. 1232-1315)


O Doctor Illuminatus foi um dos mais influentes filósofos do seu tempo, motivo por que
o seu nome acreditou diversos tratados alquímicos, hoje considerados apócrifos. De
resto, o Lull histórico foi crítico severo da alquimia, não se livrando, porém, da
reputação de mago, que a sua arte combinatória lhe grangeou. O seu método filosófico
inspirou a constituição da Arte luliana ou Arte da Memória, a qual se funda nos nomes
e qualidades ou "dignidades" de Deus, como Criador. Tais dignidades são a causa dos
fenómenos. Uma lenda conta que Lúlio foi usado por Eduardo III de Inglaterra para
fabricar ouro. Lúlio teria tentado convencer o soberano a financiar uma cruzada com o
produto do seu labor. Encerrado na Torre de Londres por se recusar a cooperar com o
monarca que o desiludira, logrou escapar, não sem antes haver ensinado os segredos da
Arte a um abade de Westminster. Ramon de Luanco atribui a Raimundo de Tárraga
(1370) e a um judeu, Raimundo Lullius (c. 1440), todas as obras de teor alquímico que
correm com o seu nome (M. Caron e Serge Hutin, Les Alchimistes, Paris, 1959, p. 31).
Do vigor assumido pelo lulismo em Portugal é testemunho o Livro da Corte Enperial
(Porto, 1910), Gil Vicente (cf. António José Saraiva, p. 320-324 e 342-343 e Stephen
Reckert, Cavalaria, Cortesia e Desmi(s)tificação: o modelo ibérico, in Cavalaria
Espiritual e Conquista do Mundo, Lisboa, 1986, p. 27), manuscritos como os intitulados
Compendium artis demonstrativae; Ars philosophiae; Liber propositionum super
artem demonstrativam; Ars inventiva; De quaestionibus volumen artis Raymundi
Lulli [BN: cod. alc. 203], do cisterciense Frei Isidoro de Ourém (Barbosa Machado,
Biblioteca Lusitana, v. 2, Lisboa, 1935, p. 843-844), o Tractatus de Divina Providentia,
iuxta mente rectissima Ill.ti B.ti D.di Lulli (1740-1743) [BBraga: ms. CXXIII/1-18, fl. 1-
52], de outro cisterciense, o Padre António Raimundo Pasqual (que se carteava com
Cenáculo Vilas Boas, a quem enviou este tratado), bem como as posições filosóficas de
Frei Manuel do Cenáculo (1724-1814), o qual publicou anonimamente: Advertencias
criticas e apologeticas sobre o juizo que nas materias do B. Raymundo Lullo formou o
dr. Apollonio Philomuso, e comunicou ao publico em a resposta ao Retrato da morte-
cor que contra o auctor do Verdadeiro Methodo de Estudar escreveu D. Aletophilo
Candido de Lacerda (Valência, 1752 e Coimbra, 1752). Sousa Viterbo publicou o
documento (1431) de emprazamento de umas casas na freguesia de Santo Estevão de
Lisboa, em que uma das testemunhas é um tal "Adriam, mestre darte de Raymonde
(Dicionário dos Architectos, v. 3, p. 156-157). Citado por Manuel Bocarro Francês e in
Ennoea.
Opera ea quae ad inventam ab ipso artem universalem scientiarum artiumque
omnium brevi compendio [...], in eandem quorundam interpretum scripti commentarii
[...], Argentorati, Haeredum Lazari Zetzneri, 1651 [BPNM: 2-29-4-5/6 (1º)];
Ver Manget, v. 1: Testamentum ([Theorica] p. 707, [Practica] p. 763), Analysis Partis
Practicae in Testamento (p. 778), Compendium animae Transmutationis artis
Metallorum (p. 780 e 853), Ultimum Testamentum (p. 790), Cantilena (p. 822),
Elucidatio Testamenti (p. 823), Liber dictus Lux Mercuriorum (p. 824), Experimenta
(p. 826), Clavicula quae et Apertorium dicitur (p. 827), De Tincturis Compendium, seu
Vade Mecum (p. 849), Epistola de Accurtatione Lapidis Benedicti Missa (p. 863),
Potestas divitiarum, in quo expositio Testamenti Hermetis (p. 866), Compendium artis
Alchemiae et Naturalis Philosophiae (p. 875), Tractatus de Lapide et Oleo
Philosophorum (p. 878), Codicillus seu vade Mecum (p. 880).

MADATHANUS, Henricus
Pseudónimo de Hadrian a Mynsicht.

MANGET, Johann Jacob (1652-1742)


Médico suiço, compilador de grande número de obras de medicina, farmácia, química e
alquimia. No BPNM existem, além da descrita, diversas outras antologias organizadas
pelo mesmo autor, salientando-se a Bibliotheca Pharmaceutica-Medica [1-18-5-3/4], a
Bibliotheca Chymica, sive rerum ad artem Machaonicam [BPNM: 1-18-9-1/4], a
Bibliotheca scriptorum Medicorum veterum et recentiorum [BPNM: 1-18-6-1/2 e 1-15-
6-10/12 = 2 exemplares] e a Bibliotheca Medico-Practica [BPNM: 1-18-6-3/6].
Bibliotheca Chemica Curiosa, seu Rerum ad Alchemiam pertinentium Thesaurus
Instructissimus: quo non tantum Artis Auriferae, ac Scriptorum in ea Nobiliorum
Historia traditur; Lapidis Veritas Argumentis & Experimentis innumeris, immò &
Juris Consultorum Judiciis evincitur; Termini obscuriores explicantur; Cautiones
contra Impostores, & Difficultates in Tinctura Universali conficienda occurrentes,
declarantur: Verum etiam Tractatus omnes Virorum Celebriorum, qui in Magno
sudarunt Elixyre, quique ab ipso Hermete, ut dicitur, Trismegisto, ad nostra usque
Tempora de Chrysopoea scripserunt, cum praecipuis suis Commentariis, concinno
Ordine dispositi exhibentur. Ad quorum omnium Illustrationem additae sunt
quamplurimae Figurae aenae, Colónia e Genebra, G. de Tournes et al., 1701-1702, 2
vols. [BPNM: 1-18-5-1/2]. O v. 1 inclui 71 tratados, enquanto o v. 2 inclui 72 tratados,
concluindo com o Hortulus Hermeticus e Flosculis Philosophorum Cupro Incisis
Conformatus et brevissimia versiculis explicatus (p. 895) de Daniel Stolius von
Stolzenberg, composto por 136 medalhões emblemáticos, alusivos a outros tantos
autores representativos da história da alquimia.

MARIA, a Profetisa
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 1, p. 77: Diálogo entre Maria e Aros
sobre o Magistério de Hermes ou a Prática de Maria, a Profetisa, sobre a Arte Química
[BPNM: 2-32-3-26].

MEAD, Richard (1673-1754)


Pharmacopea Meadiana accomodada com preceitos medicos do celebre autor [...];
trad. do latim por António Rodrigues Portugal, Porto, Francisco Mendes Lima, 1768
[BPNM: 2-32-15-33].
MERLIM
Ver Manget, v. 2: Allegoria (p. 191).

MONTANOR, Guido
Ver Manget, v. 2: Scala Philosophorum (p. 134-147).

MONRAVÁ Y ROCA, António de (1671-1753)


Novissima medicina: impugnante a nova, velha, e velhissima dos autores antigos e
modernos, em quatro tomos dividida, Lisboa, Oficina do mesmo Autor, 1744-1747 (4
vols.) [BPNM: 1-18-11-1/4];
[Noticias e anuncios de debates sobre anatomia e outras questõesmédicas], Lisboa, [s.
n., 1740] cinco folhetos [BPNM: 1-18-11-4 (4º, 5º, 6º, 7º, 8º)];
Projecto do ensino da novissima medicina do Dr, Monrava; curso subcinto,
adequado, e completo da Medicina Monravanista por tres annos concluso, em casa,
e preseidencia do seu proprio Autor, [Lisboa, Oficina do póprio autor, 1747] [BPNM:
1-29-4-11 (104º) e 1-18-11-4 (2º)];
Manifesto dos ocultos, novamente acordados, ou singular estudo da novissima
medicina que ensina o seu autor do Dr. Monrava, Lisboa, Oficina do proprio Autor,
1749 [BPNM: 1-18-11-4 (3º)].

MORIENUS (séc. VII)


Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 2, p. 56: Diálogo entre Calid e o
Filósofo Morieno sobre o Magistério de Hermes [BPNM: 2-32-3-26] e Manget, v. 1:
Liber de Compositione Alchemiae (p. 509). O Liber de Compositione Alchemiae,
traduzido do árabe para latim por Robert de Ketton, em 1144, no Norte de Espanha, foi
a primeira obra alquímica com a qual o ocidente medieval entrou em contacto. Citado in
Ennoea.

MYNSICHT, Hadrian a
Hermetista germânico e Rosa-Cruz assumido. Autor do Thesaurus et Armamentarium
Medico-Chymicum. cui in fine adjunctum est Testamentum Hadrianeum de Aureo
Philosophorum Lapide, Genebra, 1726 [BPNM: 2-30-4-6 (1º)], Ilustrado com duas
estampas. A edição príncipe foi impressa em Lubeck, 1638; outras: Francoforte, 1675 e
Genebra, 1697. Ver Henricus Madathanus.

NORTON, Thomas
Ver Manget, v. 2: Crede mihi seu Ordinale (p. 285).

ORTHELLIUS
Ver Manget, v. 2: Commentarius in Novem Lumen Chymicum de Michaelis Sendivogii
(p. 516).

PAGGI, Carlo Antonio


Autor de Enchiridion medico-astro-chymicum: universam medicinae theoriam
complectans ac praxim post anatomiam restitutam, Lisboa, António Craesbeeck de
Melo, 1664 [BPNM: 2-30-9-18 / 19 = 2 exemplares].
PAIVA, Manuel Joaquim Henriques de (1752-1829)
Natural de Castelo Branco. Sobrinho de Ribeiro Sanches, licenciado em Medicina pela
Universidade de Coimbra, demonstrador de História Natural do Laboratório químico
da Faculdade de Filosofia (1774), mestre de oficina (1775) e demonstrador do mesmo
laboratório (1783) e lente da cadeira de Farmácia (1804). Obra originalmente redigida
em latim para um grupo de rapazes estudiosos que concorria a sua casa, em Celas
(Coimbra), exercitando-se em palestras científicas. Parece tratar-se do primeiro livro
de Química publicado em língua portuguesa.
Elementos de Chimica e Farmacia, Lisboa, Na Impressão da Academia das Sciencias,
1783 [BPNM: 2-32-15-23];
Farmacopéa Lisbonense ou collecção dos simplices, preparações e composições mais
efficazes, e de maior uso, Lisboa, Filipe da Silva e Azevedo, 1785. [BPNM: 2-32-15-31]
Trata-se da última farmacopeia publicada antes da edição da primeira Farmacopeia
Geral oficial portuguesa, em 1794, sendo considerada um dos seus preliminares (o
outro terão sido os Elementos de Chimica e Pharmacia). Composto por duas partes: a
1ª dedicada à matéria médica, a 2ª constituída por um formulário de "medicamentos
preparados e compostos", compreendendo numerosas fórmulas: descreve 261
matérias-primas vegetais, 21 químicas e minerais e 9 animais; refere como “activas”
25 drogas e indica 17 fármacos. Nova edição: Lisboa, 1802 [BN: SA 9702 P],
adoptando a nova nomenclatura química resultante da revolução operada por
Lavoisier (ex.: o óleo de vitríolo passaria a ser designado por ácido sulfúrico ou
enxófrico, o ahume por sulfato ou enxofrato de alumina, o nitro ou salitre por nitrato
de potassa, o sal catártico por sulfato de magnésia, a pedra lipes por sulfato de cobre, a
caparrosa por sulfato de ferro, o vitríolo branco por sulfato de zinco, o verdete por
óxido de cobre, etc.): das 473 fórmulas de preparações farmaceuticas rejeita 57,
introduzindo 110 novas.
Memoria sobre a excellencia, virtudes, e uso medicinal da verdadeira Agua de
Imglaterra da invenção do Dr. Jacob de Castro Sarmento membro do Real Collegio
dos Medicos de Londres, e Socio da Sociedade Real... Actualmente preparada por
José Joaquim de Castro na sua Real Fabrica. Por Decretos de Sua Alteza Real o
Príncipe Regente N.S. ordenada por M[anuel] J[oaquim] H[enriques] de P[aiva],
Bahia, Typog. de Manoel Antonio da Silva Serva, 1815. Outras edições em Lisboa:
1816, 1828 [BPNM: 2-32-4-14] e 1845.

PANTALEON
Ver Manget, v. 2: Bifolium Mettalicum (p. 718); Tumulus Hermetis apertus (p. 728);
Examen Alchemisticum (p. 736); Disceptatio de Lapide Physico (p. 744).

PARACELSO (c. 1493-1541)


Auréolo Filipe Teofrasto Bombasto von Hohenheim. Grande reformador da medicina.
Propôs a substituição da prática galénica pela observação da natureza e pela medicina
hermética. Iniciado na Alquimia e na Magia Natural por Tritémio, estudou em Viena
(1509-1511) e Ferrara (1513-1516), após o que vagueou pela Europa durante sete anos,
tendo aportado a Lisboa. Atingiu o zénite da reputação em Estrasbrugo, no ano de 1526.
Considera a natureza não um sistema de leis, mas como um fluxo criativo, autónomo e
dinâmico, mais mágico do que racional. A fonte de tudo o que existe não é o intelecto
divino de um Deus paternal mas o Mysterium Magnum. A medicina medieval defendia
que as estrelas governavam o corpo, Paracelso, por seu turno, ensina que dentro do
homem existem planetas ou constelações, os astra, um céu interior que governa a saúde
e a doença. Consta do Index de 1597. Citado in Ennoea.
Opera Omnia medica-chymica-chirurgica, Genebra, 1658, 2 vols. [BPNM: 1-18-7-
14/15] O v. 1 reúne toda a obra médica: patologia e terapeutica ocultas, assim como os
mistérios magnéticos; o v. 2 comprende as obras mágicas, astronómicas e alquímicas
(inclui: o Opus Paramirum, onde se refere às cinco entidades - veneni, naturale,
astrale, spirituale, deale - que geram doenças no corpo, e o Volumen Paramirum, onde
expõe os aspectos mais conhecidos da sua doutrina médica, designadamente a dos Tria
Prima - mercúrio, enxofre e sal -, que considera os princípios primordiais e activos da
criação); o v. 3 (em falta no BPNM) abarca as matérias anatómicas e cirúrgicas
propriamente ditas;
Transmutationibus Mettalorum (ver Manget, v. 2, p. 423).

PEREIRA, Bernardo de Brito (1681-?)


Bacharel em Medicina, Doutor em Direito Civil pela Universidade de Coimbra e
médico no Sardoal. Autor da Anacephaleosis Medico-Theologica, Magica, Juridica,
Moral e Politica na qual em recopiladas Dissertações; e Divizões, se mostra a
infalivel certeza de haver qualidades maléficas, se apontão os sinaes por onde
possão conhecerse; e se descreve a cura assim em geral, como em particular, de que
se devem valer nos achaques procedidos das ditas qualidades maleficas, e
Demoniacas, chamadas vulgarmente feitiços. Obra necessaria para os Medicos, e
muito precisa para os Exorcistas, pellas advertencias, que inclue para obviar os
inumeraveis absurdos, que se commetem tanto na applicação dos remedios magicos,
e naturaes, como na dos Divinos, e Ecclesiasticos, especialmente nos Exorcismos.
Que se mostra não devem, nem podem prohibirse absolutamente pellos Ordinarios,
antes tem estes obrigação de mandar Exorcizar [...], Coimbra, Francisco de Oliveira,
1734. [BPNM: 1-18-10-4] Cita frequentemente Martinho del Rio e Cândido Brognolo e
os seus remédios naturais contra achaques orgânicos ou psíquicos de alegada ordem
demoníaca. Além da medicina sortilégica popular, esta obra refere a Quiromância, a
Hidromância, a Piromância, etc., que classifica (tal como Brás de Abreu) como artes
mágicas diabólicas. Reimpresso em 1740.

PHARMACOPEA GERAL
Não subsiste qualquer dúvida acerca da autoria desta obra, de cuja redacção foi
incumbido o lente de medicina Francisco Tavares. Resulta da actividade da Junta do
Proto-Medicato, assinalando a consagração das Luzes na produção de medicamentos,
através da busca da normalização dos processos e da luta contra a polifarmácia e os
remédios secretos. Primeira Farmacopeia oficial, mandada ordenar por D. Maria I
com o fim de "regular a necessária uniformidade" das proporções farmacêuticas, mas
igualmente "para instrução de todos os que aprenderem a Arte Farmacêutica". Em
cada exemplar era averbado o nome do farmacêutico a quem se destinava, tendo ao
mesmo tempo a indicação da localidade onde este tinha instalada a sua Botica e a
assinatura do Primeiro Médico da Câmara Real.
Pharmacopea Geral para o Reino, e dominios de Portugal, publicada por ordem da
Rainha Fidelissima D. Maria I. [por Francisco Tavares], Lisboa, Na Regia Oficina
Typografica, 1794. - T. 1: Elementos de Pharmacia; T. 2: Medicamentos simplices,
preparados, e compostos. Segunda edição: Lisboa, 1824 [BPNM: 2-32-13-17/18]. No
mesmo ano de 1794, a 7 de Janeiro, foi emitido Alvará proibindo os remédios de
segredo, "cuja virtude as mais das vezes pende somente do segredo e da credulidade
do Povo; e que o menor mal que deles pode resultar, é as inertes e ineficazes".

PICO DELLA MIRANDOLA (1463-1494)


Filósofo e humanista. Durante sete anos percorreu diversas escolas da Itália e da França
em busca dos saberes que os estudos tradicionais não lhe haviam transmitido. Além do
grego e do latim, dominava o hebraico, o caldeu e o árabe. A Cabala exerceu enorme
fascínio sobre Pico, tal como o hermetismo, designadamente a astrologia. Em 1486, em
Roma, desafiou os sábios a discutirem consigo 900 proposições abrangendo a ciência, a
filosofia e a teologia. É tido na conta de um dos grandes mestres da Academia
florentina, tendo adoptado um neoplatonismo de tendência mística e cabalística,
destinado a estabelecer uma concórdia entre as religiões e as filosofias, baseado no
reconhecimento de um Deus único e supremo, princípio de todas as coisas. Citado por
Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana), com o título Livro
de aureo faciendo (De Auro, Veneza, 1586 [Ver Manget, v. 2, p. 558]). Neste tratado,
além do seu testemunho, refere o de outras “pessoas dignas de fé”, que assistiram a
transmutações alquímicas.

PINTO, Agostinho Albano da Silveira


Codigo Pharmaceutico lusitano ou Tratado de Pharmaconomia, no qual se explicam
as regras e preceitos com que se escolhem, conservam e preparam os Medicamentos;
e se apresentam as virtudes, usos e doses das fórmulas pharmaceuticas, Coimbra,
Imprensa da Universidade, 1835. Adoptado em 1835 como Farmacopeia oficial, em
substituição da de D. Maria. A Academia Imperial do Rio de Janeiro considerou-o
legal no Império do Brasil. Outras edições: 1836, 1841 [BPNM: 2-32-13-25 e 2-32-14-
18], 1846, 1858 [BPNM: 2-32-14-1] e 1876. A de 1858 foi revista pelo Dr. José Pereira
Reis, professor da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, e "expurgada de muitos erros e
defeitos que apareciam na antiga". Por decreto de Fevereiro de 1861 o autor ficou
obrigado a acrescentar-lhe uma parte farmacográfica.

PINTO, António José de Sousa (1777-1853)


Apologia dialogal, visita aos visitadores e exames nos examinadores, conversação
entre dois boticarios, hum provinciano e outro lisbonense [...], Lisboa: Impressão
Régia, 1820. [BPNM: 2-32-15-10] Trata, sob a forma de diálogo, da preparação e
utilidade de diversos medicamentos.
Elementos de pharmacia, chymica e botânica, para uso dos principiantes, Lisboa,
Impressão Régia, 1805. - VIII, 350 p. [BPNM: 2-32-14-15 e 2-32-15-24] Manual onde
as substâncias usadas são estudadas, sendo anotadas, a propósito de cada preparação
oficinal ou magistral, as suas características e utilizações.
Pharmacopea chymica, medica e cirurgica. Em que se expõem os remedios simples e
compostos, suas virtudes, preparação, doses, e molestias, a que são applicaveis
dedicada ao muito alto e soberano principe regente D. João nosso senhor, Lisboa,
Impressão Régia, 1805 [BPNM: 2-32-14-16]

PORTA, Giambattista della (1535-1615)


Discípulo de Agrippa. Fundador da Academia Secretorum Naturae (também conhecida
por Academia dei Oziosi), em Roma. Designado membro da Academia dei Lincei no
ano de 1610.
Magia Naturalis, sive de miraculis rerum naturalium, Nápoles, 1558 [BPNM: 2-37-2-
1]. Os quatro livros que compõem esta edição deram lugar, na redacção definitiva
(1589), a vinte: I. De mirabilium rerum causis; II. De variis animalibus gignendie; III.
De novis plantis producendis; IV. De augenda supellectili; V. De metallorum
transmutatione; VI. De gemmarum adulteriis; VII. De miraculis magnetis; VIII. De
portentosis medelis; IX. De mulierum cosmetice; X. De extrahendis rerum essentiis; XI.
De myropoeia; XII. De incendiariis ignibus; XIII. De raris ferri temperaturis; XIV. De
miro conviviorum apparatu; XV. De capiendis manuferris; XVI. De invisilibus literarum
notis; XVII. De catoptricie imaginibus; XVIII. De staticis experimentis; XIX. De
pneumaticis; XX. Chaos. Os processos descritos na 1ª impressão assemelham-se ainda
aos Segredos da tradição medieval, caracterizando-se pela busca do maravilhoso. Define
magia como a "parte prática da ciência natural" (os fenómenos mágicos derivam dos
naturais), aproximando-se de Pico e Ficino na identificação do mago com o sapiente. A
fortuna da 1ª redacção (seis impressões) acompanhará a 2ª (vinte e sete edições em
latim e línguas vulgares), fazendo dela uma das obras mais populares de seiscentos,
apesar do frio acolhimento contemporâneo (excepção feita a Kepler). Traduções:
francesa (La Magie Naturelle qui est les Secrets et Miracles de Nature en quatre livres,
Ruão, 1620, 1631, 1699, 1912) e inglesa (Natural Magic in Twenty Books, Londres,
1658);
De Humana Physiognomonia, libri IV, qui ab extimis, quae in hominum corporibus
conspiciuntur signis, ita eorum natura, mores et consilia [...], Rothomagi, 1650
[BPNM: 2-37-6-28] Ilustrada com numerosas gravuras duplas, representando lado a
lado uma cabeça humana e uma animal, com a finalidade de realçar os traços comuns.
Traduções francesas: La Physionomie humaine divisée en quatre livres (Ruão, 1655) e
Le Physionomiste ou l' Observateur de l' Homme consideré sous les rapports de ses
moeurs et de son caractère [...] (1808);
De Coelestis Physiognomoniae libri VI, unde quis facile ex humani vultus extima
inspectione, poterit ex coiectura futura praesagire. In quibus etiam Astrologia
refellitur, et inanis, et imaginaria demonstratur, Nápoles, 1603 [BPNM: 2-37-6-28 (ed.
1650)] Primeira edição da última obra do autor sobre o tema. Enuncia método de
previsão astrológica baseado no exame dos elementos, dos humores e outras
peculiaridades do corpo humano. Os efeitos que os astrólogos pretendiam produzidos
pelos planetas seriam antes simbolizados por eles. Reconhece, no entanto, a influência
de certos astros sobre os temperamentos humanos.

PORTUGAL, António Rodrigues (1738-1788?)


Pharmacopea Portuense, em a qual se achão muitas das compoziçõens que estão
mais em uzo, e se não achão nas nossas pharmacopeas portuguezas, tiradas das
pharmacopeas de Londres, de Edimburgo, de Paris, de Fuller, de Medulla e de vários
autores, que todas vão postas em ordem alfabética para o seu mais acomodado e
pronto uso, Porto, Francisco Mendes Lima, 1766 [BPNM: 2-32-6-2]. Na maior parte
baseada nas fórmulas apresentadas por farmacopeias estrangeiras, designadamente as
de Londres, Edimburgo e Paris. Não apresenta qualquer inventário de drogas,
ocupando-se simplesmente da descrição das diferentes formas farmaceuticas (177
páginas no total). Conclui com um inventário de patologias, intitulado Index das
doenças. Ver Richard Mead.

RICHEBOURG
Ver Vários autores: Bibliothèque des Philosophes [Chymiques].
RIPLEY, George (c. 1415-1490)
Monge agostinho e, depois, carmelita.Descreve o seu périplo pela Europa e confessa ter
assistido a uma transmutação em Roma e aprendido o segredo da transmutação em
Lovaina. Os recursos que logrou reunir enquanto alquimista, destinou-os,
alegadamente, à cruzada contra os turcos. Ver Manget, v. 2: Liber duodecim Portarum
(p. 275).

RUEL, Jean († 1537)


Autor do De natura Stirpium libri tres (Paris, 1536 [BPNM: 1-20-9-13]), obra citada por
Manuel Bocarro Francês (Anacephaleoses da Monarquia Lusitana), o qual lhe chama
Ruélio.

SÁ, José Francisco Ferreira de


Epithome cirurgico, medicinal: observante questeonado, dividido em tres livros com
muytas observaçoes medicas, e cirurgicas, e hum antidotario de varios remedios,
tirados de varios autores, e outros inventos seus, Lisboa Oriental, Oficina Ferreiriana,
1723 [BPNM: 1-18-12-12]

SANTO ANTÓNIO, D. Caetano de (?-1730)


Pharmacopea Lusitana. Methodo pratico de preparar & compor os medicamentos
na forma galénica com todas as receitas mais uzuais, Coimbra, Impressão de João
Antunes, 1704 [BPNM: 2-32-13-16] Primeira farmacopeia editada em Portugal.
Maximiano de Lemos afirma ter sido a primeira a servir de directório ao ensino e à
prática farmacêutica. O autor foi cónego Regrante de Santa Cruz e administrador da
Botica do Mosteiro de S. Vicente de Fora. A partir da 2ª edição (1711) passaria a
incluir, conforme sublinha na Dedicatória, "[...] os mais eficazes e esquisitos
Medicamentos que inventou a Galénica, e descobriu a Química [...]". Reedições:
Lisboa, 1711, 1725 [BPNM: 1-18-9-16] e 1754 [BPNM: 2-32-13-3]. Ver Jorge Bateo.

SARMENTO, Jacob de Castro (1691-1762)


Matéria médica physico-historico-mechanica. Reyno mineral. Parte I. A que se
juntam os principais remédios do presente estado da matéria médica, como sangria,
sanguessugas, ventosas sarjadas, eméticos, purgantes, vesicatórios, diuréticos,
sudoríficos, ptialismos, opiados, quina, e, em especial as minhas Águas de
Inglaterra, como também, uma disssertação latina sobre a inoculação das bexigas,
Lisboa, Guilherme Straham, 1735 [BPNM: 2-30-9-21 (1º)]. Reedição: Matéria médica
físico-histórico-mecânica. Reino mineral. Parte I. Edição nova, corrigida e
repurgada, a que se acrescentam por continuação desta obra, para fazê-la completa,
os reinos vegetal e animal. Parte II, Londres: Guilherme Strahan, 1758, “corrigida e
expurgada, a que se acrescentam por continuação desta obra, para fazê-la completa os
reynos vegetal e animal”.

SARMENTO, Jacob de Castro (1691-1762) / LA COUR, Phelipe


Pharmacopeia contracta, in usum nosocomii ad pauperes e gente lusitanica
curandos nuper instituti, Londres, 1749 [BPNM: 2-32-3-23 e 2-32-15-30]

SCHOTT, Gaspar
Jesuíta, discípulo de Atanásio Kircher.
Magia Universalis Naturae et Artis sive recondita Naturalium et Artificialium rerum
Scientia, Wurzburg e Bamberg, 1657-59, 4 partes em 4 vols. [BPNM: Bamberg, 1677, 2-
37-8-8/11];
Technica Curiosa, sive mirabilia artis, Nuremberga, 1664 Refere diversas maravilhas
científicas, dedicando o último livro à Kabbalah, 2 vols. [BPNM: Herbipoli, 1687, 2-37-
8-12/13];
Physica Curiosa, sive mirabilia naturae et artis, Herbipoli, 1697, 2 vols. Tratado de
teratologia e demonologia [BPNM: 2-37-8-14/15].

SEGUSIO, Henrique
Autor de Summa Aurea [...] (Londres, 1576 [BPNM: 2-17-16-5]).

SEMEDO, João Curvo (1635-1719)


Ilustracion y publicacion de los diez y siete secretos del Doctor Juan Curvo
Semmedo, confirmados con virtudes con maravillosas observaciones por D. Francisco
Soares [de Ribera], Madrid, Imp. de Alonso Balvas, 1738 [BPNM: 2-31-6-10]
Manifesto que o Doutor [...], médico morador em Lisboa faz aos amantes da saude, e
attentos ás suas consciencias, Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706 [BPNM: 1-
18-10-16] Também corre no fim das Observações Medicas e da Polyantheia.
Observações medicas doctrinaes de cem casos gravissimos, que em serviço da
Patria, e das Nacões estranhas escreve en lingua portugueza e latina, Lisboa
Ocidental, Oficina de Antonio Pedroso Galrão, 1707. Inclui: Memorial de vários
simplices que da India Oriental, da América e de outras partes do mundo vem ao
nosso Reyno para remédio de muitas doenças, no qual se acharão as virtudes de
cada um, e o modo com que se devem usar; Manifesto em que se prova com
gravissimos auctores, que se podem dar purgas, estando os humores crus [...];
Memoria dos remedios exquisitos, que da India, e outras partes vem a este Reyno,
em que se declaram as suas virtudes [...]; Manifesto aos amantes da saude e atentos
ás suas consciências; Tratado do ouro diaphoretico, sua preparação e virtudes que
inventou e compôs o Doutor João Curvo Semmedo, s. l., s.n., s. d. [BPNM: 1-18-10-10
(3º) enc. com Polyanthea Medicinal] A 2ª edição saíu em 1727, a 3ª em 1741.
Polyanthea medicinal, noticias galenicas, e chymicas repartidas em tres tractados.
Dedicadas as saudosas memorias...do Cardeal de Sousa Arcebispo de Lisboa, Lisboa,
Miguel Deslandes, 1697. Repositório da arte de curar e de preparar os remédios e as
propriedades dos produtos, quer galénicos, quer químicos. A 2ª edição, acrescentada,
saiu em 1704, a 3ª (a preferida) em 1716, uma 4ª em 1727, e a 5ª em 1741 [BPNM: 1-
18-10-10]. A fortuna desta obra chegou à literatura: ver as ideias acerca da cura de
doenças e do poder milagroso das ervas do tio Vicente, na Morgadinha dos Canaviais,
de Júlio Dinis e as do Fístula, boticário e filho de Eusébio Macário, no romance
homónimo de Camilo Castelo Branco.

SENDIVOGIUS, Michael (1566-1646)


Natural da Morávia. Discípulo de Alexander Sethon, alquimista escocês prisioneiro de
Cristiano II, eleitor da Saxónia (Polónia). Tendo-o auxiliado na fuga da prisão de
Dresden, em 1603, terá ficado, segundo a tradição, depositário dos seus segredos
alquímicos, motivo por que se considera a sua obra uma compilação de escritos de
Sethon, "Scotus apostata qui scripsit anno 1541", conforme o Index de 1597. Em 1604,
realizou uma transmutação na presença de Rudolfo II, para quem trabalhava desde
1593. Sendivogius, que usou o pseudónimo de Cosmopolitanus, é citado in Ennoea. Ver
Manget, v. 2: Novum Lumen Chemicum e Natura Fonte et Mercuriali Experientia
depromptum (p. 463: doze tratados), Anrede an die Sönne der Wahrheit uber das
Philosophische Räthsel (p. 473), Parabola seu Aenigma Philosophicum coronidis et
superadditamenti loco adjuntum (p. 474), Dialogus Mercurii, Alchemistae et Naturae,
Tractatus de Sulphuris e Chemia (p. 475), Tractatus de Sulphure (p. 479),
Apographum Epistolarum hactenus ineditarum super chemia (p. 493); Musaeum
Hermeticum Reformatum: Novum lumen chemicum, Aenigma philosophicum,
Dialogus Mercurii et Alchymistae et Naturae e Novi luminis tractatus alter de
sulphure.

SENNERT, Daniel (1572-1637)


Médico e alquimista. Publicou Operum in sex tomus primus quo continentur Epitome
Scientiae Naturalis, Hypomnemata Physica, Methodus discendi Medicinam, De
consensus et Diffens chymicorum cum Galenicis, De Origine Animarum in Brutis
(Londres, Joannis Antonii Huguetan, 1676, 6 vols. [BPNM: 1-18-8-13/18; Catálogo [...]
Conv. extintos Estremadura, n. 2353, p. 91]). Citado in Ennoea.

SOARES de RIBEYRA, Francisco (c. 1686- c. 1738)


Cirurgia methodica e chymica reformada seu Author [...] o Doutor [...] do Gremio e
Claustro da Universidade de Salamanca. Traduzida de Castelhano em Portuguez pelo
Licenciado Manoel Gomes Pereyra. Offerece-a á Soberana Virgem Maria, Mãy de
Deos, e Senhora Nossa com o milagroso titulo de Penha de França seu humilde
Escravo Joseph Gomes Claro, Lisboa Occidental, Oficina Ferreyrenciana, 1721. Para os
detalhes a respeito da química hermética veja-se "Livro Primeiro", Teatro Terceyro, I a
III, p. 118-161. Na dedicatória a Nossa Senhora da Penha de França, que José Gomes
Claro antepôs à tradução: "[...] se debaixo de alguma invocação é mais benéfico, e
mais eficaz o vosso patrocínio, não sei eu, Sacratíssima Senhora, que nesta Corte haja
outra nem mais activa, nem mais universal, que a vossa invocação de Senhora da
Penha de França; pois esta é aquela universal Medicina, onde acham saúde e vida os
enfermos, como testemunham com tanta glória vossa os votos pendentes das paredes
daquela casa, as mortalhas, cabeças, braços e muitos outros troféus da morte e da
doença, que com tantas expressões da nossa fé, e piedade pendem naquele templo.
Em vós buscam os Modernos Empíricos aquela Medicina Universal, e simpática para
todas as enfermidades e achaques; não é esta medicina obra da natureza, é sim da
graça, e muito própria daquela Vossa sagrada imagem". Reedição: Madrid, 1722
[BPNM: 2-31-5-5]
Manifestacion de cien secretos Del Doctor Juan Curvo Semmedo [...], Madrid,
Domingo Fernandez Arrojo, 1736 [BPNM: 2-31-6-5]

SODRÉ, António Martins [D. António dos Mártires, 1697-1768]


Pseudónimo de D. António dos Mártires.
Collectaneo Pharmaceutico. Dividido em duas partes, nas quaes se acharaõ as
melhores perguntas, e respostas, e algumas eleiçõens de simples, com suas
explicaçõens ao texto de Mesué, tiradas dos melhores Autores antigos, e modernos
da Arte Pharmaceutica. Obra utilissima para se examinarem os novos professores
da mesma Arte, Coimbra, António Simões Ferreira, 1735. Manual de farmacotecnia,
em forma de pergunta e resposta. Segunda edição: Porto, 1768 [BPNM: 2-32-15-37]. O
autor tomou, em 24 de Maio de 1714, o hábito dos Cónegos Regrantes no Convento de
Santa Cruz, em Coimbra, tendo falecido no Convento de Santa Maria de Refoios do
Lima. Pertence-lhe um inédito intitulado Doutrinas varias pertencentes á Arte
Pharmaceutica, e Chimica sendo as mais certas, que tem descoberto a experiencia
até o tempo prezente, onde se ensina tudo, que comprehende a Arte galenica,
Espagirica e Chimica com diversas notas e experiencias do autor. Ver Jorge Bateo

STARKEY, George
Ver Ireneus Philalethes.

STOLCIUS, Daniel
Ver Manget, v. 2: Hortulus Hermeticus Flosculis Philosophorum Cupro Incisis
Conformatus (p. 895).

SWENDENBORG, Emanuel (1688-1772)


Estudou Ciências Naturais e Filosofia em Upsala. Cientista, filósofo e místico. Em 1716,
é nomeado assessor da Comissão de Minas pelo rei da Suécia, Carlos XII. Antecipou
muitos factos científicos, sendo notáveis as suas ideias sobre o átomo, o magnetismo, a
luz, a paleontologia e a cristalografia. Entre 1743 e 1744, uma sucessão de visões e
sonhos fê-lo ficar convicto de ser dotado da capacidade de contactar com os espíritos e
anjos e haver sido eleito para uma missão sagrada. A partir de 1747 renunciou a todos os
cargos oficiais, passando a dedicar-se exclusivamente à absorção mística e às viagens
pelos mundos invisíveis. Não aceita os dogmas da Trindade e da Redenção, advogando a
existência de uma única ordem de coisas sob aspectos diferenciados: um só mundo sob
duas formas, a terra reproduzindo o céu e vice-versa. A sua obra originou a criação da
Igreja de Nova Jerusalém, tendo exercido enorme influência sobre escritores e
pensadores de todas as tendências.
Principia Rerum Naturalium sive novorum tentaminum phaenomena mundi
elementaris philosophice explicandi cum figuris aeneis, Dresden e Lipsia, Frederici
Hekelli, 1734 [BPNM: 1-20-11-12 = Proibido decreto 13 de Abril de 1730];
Opera Philosophica et Mineralia, 1734, 3 vols. [BPNM: 1-20-12-8 / 10] O primeiro vol.,
dedicado aos Principia, expõe os seus pontos de vista sobre a formação nebulosa do
universo, teoria precursora da de Kant-Laplace;
Regnum Subterraneum, sive minerale de ferro: deque modisliquationum ferri per
Europam passim in usum receptis [...],Dresden e Lipsia, Friderici Hekelli, 1734 1734
[BPNM: 1-20-11-13 (1º)];
Regnum Subterraneum, sive minerale de vena et lapide ferri [...], Dresden e Lipsia,
Friderici Hekelli, 1734 [BPNM: 1-20-11-13 (2º)];
Regnum Subterraneum, sive minerale de variis cum ferro et ejus victriolo chymicis
praeparatis et factis experimentis [...], Dresden e Lipsia, Friderici Hekelli, 1734
[BPNM: 1-20-11-13 (3º)];
Regnum Subterraneum, sive minerale de cupro et orichalco, Dresden e Lipsia, Friderici
Hekelli, 1734 [BPNM: 1-20-11-14 (1º)];
Regnum Subterraneum, sive minerale de vena et lapide cupri [...], Dresden e Lipsia,
Friderici Hekelli, 1734 [BPNM: 1-20-11-14 (2º)];
Regnum Subterraneum, sive minerale de cupro et orichalco chymicis praeparatis [...],
Dresden e Lipsia, Friderici Hekelli, 1734 [BPNM: 1-20-11-14 (3º)].

TAVARES, Francisco (1750-1812)


Pharmacologia, novis recognita curis, aucta, emendata [...] in usum praelectionum
academicarum conimbricensium, Conimbricae, Typis Academicis, 1809. Tratado de
farmacologia, onde se estudam diversas doenças e modos de as tratar, indicando-se os
remédios adequados e como devem ser preparados. Reedição: Coimbra, Tipografia
Academico-Regia, 1829 [BPNM: 2-32-6-6];
Observaçoes, e reflexoes sobre o uso proveitoso e saudavel da quinas na gota –
Observationes et epicrisis de corticis peruviani salutari, et proficuo usu in podagra,
Lisboa, Régia Oficina Tipográfica, 1802 [BPNM: 2-30-1-6]

[THEOPHILO?]
Triunfo de la Transmutacion metallica, en que se evidencia la del Hierro en cobre fino,
in D. Salvador Jose Mañer, Crysol Critico, Madrid [BPNM: 2-25-9-1].

TODTENFELDT, Johann Ferdinand von


Ver Manget, v. 2: Epistola contra Philalethem (p. 697).

TORRES, Santos de (1676-1749)


Familiar do Santo Ofício, cirurgião da Câmara Real do Senhor Infante D. António,
Mestre de Cirurgia no Hospital Real de Todos os Santos e Examinador actual da dita
faculdade.
Promptuario pharmaco, e chirurgico, em que se acharam limitados os pezos,
quantidades, fórmas, e disposições de muitos, e singulares remedios simples, e
compostos, contra as muitas, e graves enfermidades, que afligem o corpo humano.
Dedicado á soberana Virgem N. S. do Cabo, por [...]. Com huma methodica direcção
para se curar radicalmente a cerviçosa pertinacia dos affectos venerios, Lisboa,
Oficina dos herdeiros de António Pedroso Galrão, 1741 [BPNM: 2-32-4-7] Outra
edição: Lisboa, 1756.

TORRES VILLAROEL, Diego de (1696-1770)


Astrólogo, autor de diversos almanaques e prognósticos astrológicos que alcançaram
assinalável êxito, tanto em Espanha, quanto em Portugal. Privou com um alquimista
português, muito provavelmente Anselmo Caetano Gusmão de Abreu Castelo Branco, o
qual se refere a Villaroel como charlatão. No seu El Hermitaño y Torres:
Conversaciones physico-medicas y chimicas. Viaje verdadero y Aventura curiosa,
aunque infeliz (Madrid, 1726) lê-se, a p. 206-207, um apontamento do que lhe foi dado
observar durante os cerca de quatro meses que durou o contacto com um adepto
português: "[...] en esta manifactura da Pedra Filosofal sólo es necessaria una materia, y
esta sea el Mercurio mineral sin mezcla de otro cuerpo, la qual materia es una
substancia y, como única, pide un solo vaso, que es el Hermes, conocido entre todos os
chimistas; y del modo siguiente vi hacer esta operación a un amigo portugués a quien en
su patria Coimbra traté mucho. Echaba el Mercurio en un vaso de vidrio redondo a
manera de media luna, o como una ampolleta, o un poco más oval el asiento. A este
cubría otro vaso térreo de bastante crasitud para resistir al fuego. Y la tierra de que era
formado el vaso tenía el color blanquecino a manera de los crisoles donde se funde el
oro: entre estos dos vasos, vítreo e terreo, iba embutiendo ceniza como de dos dedos de
crasicia alrededor, y en el vaso ponia su cobierta para que la llama no pudiese llegar al
vaso vítreo que estaba dentro. Así puestas las cenizas entre los dos vasos, cubría con el
lodo de la sabidúria al vaso de vidrio. El carbón que encendía para esta operación era de
encina, y en todas las decocciones, destilaciones y sublimaciones dexaba vacías las
partes de vidrio, y con el valor solo, graduándolo a compás, sacaba su quinta esencia en
la obra; y, según los grados de calor que iba dando, iban apareciendo los quatro colores
principales, negro, blanco, rubio y citrino: de suerte que al abrigo de un fuego se
aparecia el negro, con otro grado más de fuego salía el blanco, y así de los otros dos
colores [...] El modo de conocer cuándo será este calor del primer grado, es que,
poniendo la mano en aquellas cenizas o en la cubierta del horno, se mantengan sin
lesión conocida de quemar. Y con este calor así lento y sufrible en la mano, se podrece la
materia en quarenta dias, según unos, otros en cinquenta y según otros en setenta. Pero
este portugués que te he dicho dice que mienten todos porque, habiendo él hecho más
de treinta experiencias, halló que no se llegaba a corromper dicha materia hasta el dia
cento, o noventa y siete a lo menos, de calor. Y decía que sólo a ese tiempo aparecía el
color negro en la materia, y que entonces ya estaban juntos y unidos todos los elementos
y convertidos a otra naturaleza; y por este grado de fuego sólo se pudre y mortifica esta
materia".
Libros en que estan reatados diferentes quadernos physicos, medicos, astrologicus,
poeticos, morales, y misticos, que anos passados dio al publicoen producciones
pequeñas el Doctor [...], Salamanca, Antonio Villargordo e Pedro Ortiz Gomez, 1752
[BPNM: 2-25-10-3]

VALENTINUS, Basilius (1394-1413)


Uma lenda fá-lo monge beneditino, em S. Pedro de Erfurt, ou em Walkenried, vivendo
no século XV. Os seus livros foram encontrados no interior de um pilar de uma igreja
quando esta foi atingida por um raio. Atribui-se a Valentino a teoria dos Tria Prima, ou
dos três princípios, sal, enxofre e mercúrio, depois usurpada por Paracelso, segundo os
adversários deste. Investigações recentes creditam os tratados de Basilius Valentinus ao
seu editor, o paracelsista Johann Thoelde (c. 1565-1625). Constava da biblioteca
confiscada a Dom Vicente Nogueira [BNParis]. A este misterioso adepto anda creditada
a célebre máxima VITRIOLUM (Visita Interiora terrae rectificando invenies occultum
lapidem veram medicinam = visita o interior da terra e rectificando encontrarás a pedra
oculta): as Doze Chaves da Filosofia e O Carro Triunfal do Antimónio são,
indubitavelmente, as suas obras mais relevantes, tendo aquela sido reeditada por
Eugène Canseliet (Paris, 1956).
Ver Manget, v. 2: Liber de Magno Lapide Antiquorum Sapientum (p. 409), Duodecim
Clavium (p. 413), De Prima materia Lapis Philosophici (p. 421), Brevis Appendix et
perspicua repetitio aut iteratio in librum suum de magno lapide Antiquissimorum (p.
422); Manget, v. 3: Les Douze Clefs de Philosophie (p. 1), L’Azoth, ou le moyen de faire
l’or caché des Philosophes (p. 84).

VAN HELMONT, Jean Baptiste (1579-1644)


Desiludido com o aristotelismo obcessivo da Universidade de Lovaina, voltou-se para os
estudos médicos e herbais, doutorando-se em Medicina, no ano de 1599. Rejeitou a
antiga doutrina dos quatro elementos, casando a tradição mediévica com a paracélsica
da alquimia espagírica ou pirotécnica. Realizou descobertas inovadoras em química,
sendo considerado o fundador da química pneumática: foi a primeiro a distinguir os
gases da atmosfera. As teorias que expôs sobre o alkaest, o qual, assegurava, era
detentor de extraordinárias propriedades dissolventes, ainda mais reputação lhe havia
de grangear. Considera como príncipios: 1. os elementos (são primitivos o ar e a água; a
terra é um produto da água; não toma o fogo propriamente como um elemento, mas
como intermediário entre a substância e o acidente); 2. os arqueos (espírito ou agente
seminal, verdadeira causa eficiente, existindo tantos quantas as classes dos corpos); 3.
os fermentos (existe um fermento universal, como luz vital, sendo os restantes próprios
de cada classe de seres); 4. os impulsos (sopros que impulsionam o movimento; há-os
de duas espécies: os impulsos astrais e os impulsos naturais e voluntários dos homens);
5. as almas (situa-as numa ordem superior, classificando-as em sensitivas e
intelectivas). Apesar de só postumamente editada pelo filho (François-Mercure Van
Helmont), a sua obra provocou uma revolução de atitudes na medicina. Frei António da
Anunciação refuta os químicos, servindo-se das experiências de Boyle e Van Helmont.
Citado in Ennoea.
Ortus Medicinae, Leiden, 1667 [BPNM: 1-18-4-14] Obra póstuma (1ª edição:
Amesterdão, 1648). Crê na transmutação dos metais. Considera o corpo humano um
microcosmos químico e inicia o estudo e manipulação dos gases nos processos
químicos.

VAN SWIETEN, Gerardo


Autor dos Commentaria in H. Boerhaave aphorisma [BPNM: 2-30-11-3/5].

VÁRIOS AUTORES
Bibliotheque des Philosophes [Chymiques] ou Recueil des Oeuvres des Auteurs les plus
approuvés qui ont ecrit de la Pierre Philosophale. Avec un Discours servant de Preface
sur la Verité de la Science et une liste des Termes de l’Art, et des Mots anciens qui se
trouvent dans ces Traitez, avec leurs explications, Paris, 1672; Tome second qui
contient cinq Traitez énoncez dans l´autre page, et nouvellement traduits. Avec des
remarques et les diverses leçons. Une lettre latine sur le Livre intitulé Icon
Philosophiae Occultae. Une Preface sur l´obscurité des Philosophes, et sur les Traittez
de ce Tome, et leurs Auteurs. Et une Table des Matieres Par le Sieur S. Docteur en
Medecine, Paris, 1672-1678 [BPNM: 2-32-3-26 / 27]

VÁRIOS AUTORES
Opus Aureum ornatum omni Lapidem Pretioso singulare, Lyon, 1532 [BPNM: 2-4-2-
14].

VÁRIOS AUTORES
Balneis omni quae extant [BPNM: 1-18-12-17] Inclui: Excerpta, quae ad Aquas et
Balnea pertinent, de Avicena e seus comentadores, Excerpta de Balneis, de Averróis.

VIGIER, João (1662-1723)


Comerciante de drogas francês radicado em Lisboa desde os finais de seiscentos.
Pharmacopea Ulyssiponense, galenica e chymica, que contem os principios,
deffiniçõens e termos geraes de huma e outra Pharmacia, Lisboa, Pascoal da Silva,
1716. [BPNM: 2-32-13-13] Primeira obra de química farmacêutica impressa em
Portugal, apesar de não passar de uma tradução quase integral do Cours de Chimie de
Nicolas Lémery. Contém um Tratado da eleição, descrição, doses e virtudes dos
purgantes vegetais e das drogas modernas de ambas as Índias e Brasil e um
vocabulário latino e português de todas as drogas animais, vegetais e minerais. Inclui
estampas representando equipamentos de laboratório de química.

VILAS, Frei Estêvão de


Exame de boticarios, com uteis doutrinas concernentes á arte pharmaceutica, e uma
pragmatica didascal para governo dos que principiam a aprender, e um directorio
que ensina a bondade dos medicamentos pelas qualidades preceptiveis / composto
pelo padre Fr. Estevam de Villas, monge de S. Bento; trad. no idioma portuguez por
um professor da arte; dado à luz por Antonio Lopes da Silva, Lisboa, Manuel
Fernandes da Costa, 1736 [BPNM: 2-32-15-22] A edição príncipe espanhola saíra em
Burgos no ano de 1632.

VON HOGHLANDE, Theobald


Ver Manget, v. 1: De Alchimiae Difficultatibus Liber (p. 336).

VON LEWENHEIMB, Philip Jacob Sachs


Ver Manget, v. 1: Aurum Chymicum (p. 192-195).

VON ROSENROTH, Knorr


Nobre alemão (barão) e um dos mais insignes expositores da Kabbalah em seiscentos.
Organizador de Kabbala denudata, seu Doctrina Hebraeorum transcendentalis et
metaphysica atque theologica (Salzbach, 1677-1678, 4 partes e Frankfurt, 1684, 4
partes, em 8 vols.) [BPNM: 2-49-4-8/11 = Proibido]. Inclui: Clavis ad Kabalam
antiquam, Liber Schaare Orah seu Porta Lucis, Liber de Porta Coelorum (Porta dos
Céus), de Abraão Cohen Ferreira ou Irira (tomo 1, parte 3), Adumbratio Kabbalae
Christianae (tomo 2), Apparatus in librum Sohar, Compendium libri cabalistico-
chymici Aesch Metzareph, dicti de Lapide Philosophorum, etc. Trad. inglesa: Londres,
1714 (Amante de Philalethes); francesa: Paris, 1895 (Henri Chateau); espanhola, apenas
o Aesch Metzareph (Barcelona, 1986); na biblioteca de Fernando Pessoa existe a
tradução inglesa de S. L. MacGregor Mathers (Kabbalah Unveiled), que erroneamente
considerou a obra como parte integrante do Zohar.

VON WEIDENFELD, Johann Seger


Autor do De Secretis Adeptorum, sive de usu spiritus vini Lulliani libri 4, Londres, 1684
[BPNM: 2-31-6-20]. Reedições: Hamburgo, 1685 e Lipsia, 1768. Tradução inglesa: Four
books concerning the secret of the adepts or of the use of Lully’s spirit of wine
(Londres, 1685). Ocupa-se dos Menstruos vegetais ao longo de 24 secções, cada uma
das quais descrevendo um tipo particular de menstruum e incluindo um total de 150
receitas coligidas em vários tratados alquímicos. Esta obra teve sequência no
Prodromus Libri secundi de Medicinis, vel potius dispositio Libri quinti de materia et
praeparatione spiritus vini philosophici (Londres, 1687).

ZACAIRE, Denis
Ver Bibliothèque des Philosophes [Chymiques], v. 2: Opuscule de la Philosophie
naturelle des Metaux (p. 447 [BPNM: 2-32-3-26]). Ver Manget, v. 2 : Opusculum
Philosophiae naturalis metallorum (p. 336).

ZADITH SENIOR
Ver Manget, v. 2: Tabula Chimica marginalibus adaucta (p. 198).

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