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PRODUÇÃO
HABITACIONAL:
- construção tradicional: construção no canteiro de obras:
Os componentes, embora adquiridos em sua forma final, sofrem também uma intervenção no
canteiro. Os tijolos ou blocos são quebrados pelo pedreiro, uma vez que suas medidas não são
compatíveis com as dimensões definidas pelo projeto para as paredes; os fios de eletricidade e
os tubos para as instalações hidráulicas são também cortados para se adequarem a um projeto
específico. De forma similar, ocorre a “fabricação”, no canteiro, de andaimes, caixas de
argamassa e das próprias fôrmas” (p. 80-81).
- embora haja divisão entre concepção e execução, a base da produção continua sendo a
habilidade do trabalhador
- absorção de mão-de-obra não qualificada (os peões – ver o capital de Marx) – especialmente
os peões e ajudantes
Questões:
- os projetos apenas indicam a forma final do edifício, mas não o seu “como fazer”, com detalhes
da execução
- o memorial descritivo fornecido pelo arquiteto é mais burocrático, para fins de aprovação na
prefeitura
Falta de planejamento:
“O projeto é, antes de mais nada, um projeto de produto, que não se traduz e especificações
relativas ao “como produzir”” (p. 85).
Para a autora: “as características do processo de trabalho na construção não devem ser
entendidas como indicativas de um atraso com relação a um modelo de desenvolvimento
definido a partir da evolução de outros setores, mas sim como uma forma específica de
acumulação neste ramo, em determinado momento histórico” (p. 104).
Isto, visto que “um paradigma industrial – envolvendo um padrão tecnológico e uma forma de
organização do trabalho – convive historicamente com outros modelos de industrialização”, pois
a “hegemonia de um paradigma industrial não significa eliminação de outras de produção, as
quais persistem, de forma diferenciada, em diversos setores e em determinadas situações
históricas” (p. 105).
“A redução de custos na construção de habitações, visando ao aumento dos lucros desta fração
do capital tem-se dado, porém, frequentemente, através de mecanismos que prescindem de
uma alteração, quer da base técnica da produção, quer da organização do trabalho no setor.
- exploração
- rotatividade
- mão-de-obra abundante
Porém!
HISTÓRIA
- juntamente, vinda da Missão Técnica e Artística Francesa, responsável pela fundação da Escola
de Belas Artes, e a introdução do ensino técnico
- adensamento urbano
Tudo isso levaria, como mostrado por Farah: “(...) a constituição da empresa construtora
nacional decorreu de um longo processo de transição da autoprodução (atividade de construção
centrada no valor de uso) para a produção para o mercado (centrada no valor de troca)” (p. 141).
Pereira mostra que houve uma transição em estágios: autoprodução – produção sob
encomenda – produção para o mercado
“O morar deixara, assim – num processo de transição que durara cerca de um século – de ser
algo que se resolvia como desdobramento de outras atividades, para se estabelecer como uma
“necessidade” autônoma, cuja resolução devia ser buscada junto a uma produção tornada
independente, e que, como tal, dera origem a organizações destinadas exclusivamente a esta
atividade” (p. 142).
- a partir disto: tendência ao uso de materiais fabricados e obtidos fora do canteiro de obras
Além disso, “(...) uma tendência de separação entre concepção e execução, através da
cientifização da atividade de projeto. Esta, até então privilégio do Estado e da Igreja e restrita às
obras públicas e religiosas, passou a domínio público, a partir da criação das primeiras
faculdades de engenharia do país, voltadas inicialmente às obras de construção pesada
(ferrovias, barragens etc.), mas gerando conhecimentos que passaram a ser incorporados pela
produção de edificações” (p. 146).
A partir deste momento, com a crise do modelo de aluguel de moradias – Lei do Inquilinato – a
questão habitacional emerge como uma demanda, uma reivindicação, até então pouco debatida.
“Pela primeira vez, no país, o Estado interveio diretamente no setor habitacional, através da
construção de conjuntos e do financiamento da aquisição e construção de moradias por
trabalhadores urbanos” (p. 153).
- tal ação do Estado seria decisiva para a expansão da indústria da construção civil e para o boom
imobiliário nos grandes centros urbanos.
Por outro lado, a simplificação do trabalho no canteiro de obras – seja pela supressão de etapas
seja pela transferência para fora do canteiro – acarreta a demanda por mão-de-obra pouco
qualificada.
- além disso, expansão do consumo a partir dos anos 1960, especialmente junto à classe média:
“junto com a casa “comprava-se” um estilo de vida orientado para o consumo” (174).
Então, a partir dos anos 80, houve uma busca pela minimização dos custos de construção, por
meio do aprofundamento dos mecanismos tradicionais, comprometimento da qualidade,
subcontratação (menores salários, falta de segurança).
(p. 248) O trabalho no canteiro torna-se cada vez mais mera montagem de algo já previamente
definido. A grande rotatividade compromete a transmissão dos saberes. Essa perda do saber
por parte do trabalhador, por conta da simplificação, nem sempre é absorvida pelo capital.
Consequente declínio do saber operário. As inovações buscam reduzir a dependência do capital
em relação ao controle do processo pelo trabalhador (saber fazer tradicional e habilidades do
trabalhador).
Assim, a introdução dessas inovações não foi acompanhada pela apropriação de novos saberes:
“Constata-se que a introdução de inovações não tem sido acompanhada pela apropriação do
novo saber, quer pelo capital, quer pelos trabalhadores. De um lado, as inovações são absorvidas
dispensando, de certa forma, a estrutura tradicional de transmissão de conhecimento na
construção; de outro, não se consolida uma estrutura alternativa, que garanta que o novo “saber
fazer” seja integrado ao canteiro” (p. 249).
- a partir do final dos anos 70: tendência de iniciativas de gestão participativa, buscando o
engajamento dos trabalhadores
“no caso específico da construção habitacional, a acumulação tem se dado sem que a base
técnica sofra uma transformação radical no sentido da mecanização do canteiro de obras” (p.
273).
- mudanças tecnológicas, quando ocorrem, são muitas vezes condicionadas por fatores externos,
e não internos à produção.
- 2000: 7% do PIB
- 2013: 6,7%
LÚCIA SHIMBO
P. 271
IN COMPARISON
- Compreender os porquês e a parte técnica (reações químicas) até a maneira como é utilizado
- Autoprodução – mutirão