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LAVRAS - MG
2018
RESUMO
O artigo proposto pela disciplina Metodologia Científica e Tecnológica teve como objetivo a
compreensão das partes que compõem genericamente um trabalho acadêmico desse tipo, bem como
o desenvolvimento e escrita de cada uma delas através de uma revisão de literatura sobre algum
tema relacionado ao contexto do curso de Engenharia de Controle e Automação. Para tal, foi feita
um levantamento bibliográfico para o embasamento teórico do assunto escolhido, abordando
conceitos como Indústria 4.0, Internet das Coisas e Big Data (banco de dados). Visando relacionar
esse referencial teórico com o atual cenário da indústria nacional, foram pesquisados dados
estatísticos para análise crítica de quanto nosso país avança do ponto de vista tecnológico em
relação a demais nações pioneiras nesse setor. Avalia-se que o trabalho proposto foi capaz de
proporcionar maior conhecimento sobre a Internet das Coisas, além de comprovar que essa
tecnologia caminha lentamente dentro da nossa realidade, apesar de algumas empresas já
empregarem em seus processos produtivos. Pode-se deduzir que é necessário difundir amplamente
essa ideia, bem como seus benefícios, aplicações e vantagens para que se expanda pelas demais
industriais brasileiras e seja um fator positivo para o crescimento econômico do país.
Palavras-chave: Internet das Coisas. Indústria Brasileira. Indústria 4.0.
1. INTRODUÇÃO
A IoT, Internet das Coisas, é uma forma de integrar dispositivos e objetos e proporcionar
uma conectividade mais rápida e dinâmica, promovendo a troca de dados e informações em tempo
real e uma ampla possibilidade de serviços a serem moldados a partir dessa tecnologia. Sua chegada
ao país é liderada por startups e empresas de grande porte interessadas em aperfeiçoar suas cadeias
de produção, expandir o seu mercado com o aumento da oferta de produtos e obter maior
produtividade.
O Brasil tenta acompanhar o ritmo dessas revoluções ao trazer inovações para as indústrias,
comércios e residências de forma a se adequar ao mercado global, mas não na mesma intensidade
que as potências econômicas mundiais. Esse ‘’atraso” é explicado pelo economista Celso Furtado
através da teoria de que a economia brasileira se especializou na produção de mercadorias básicas,
por isso industrializou-se tardiamente.
Atualmente, um dos desafios para o estímulo e difusão plena das tecnologias e inovações no
cenário nacional é a falta de recursos e incentivos para a concretização desse avanço por parte do
governo e das iniciativas privadas, além da precarização do sistema educacional do país que não
possibilita uma formação profissional que atenda aos parâmetros desse desenvolvimento global, ou
seja, é um conjunto de fatores que colocam o Brasil fora da condição de protagonista em tal
contexto. É necessária uma mudança profunda para que o país alavanque nesse sentido e entre em
sincronismo com as tendências mundiais lideradas pelos países desenvolvidos.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Apesar do baixo investimento tecnológico que o país apresenta, de modo geral, as empresas
que não se modernizarem perderão espaço até mesmo no mercado interno, isso porque a crise
econômica forçou uma transformação no setor industrial para se adaptar ao cenário de
instabilidades e atender demandas cada vez mais específicas. Mediante a esse cenário, a indústria
brasileira se aproveita dos avanços na computação e da informatização para dinamizar as suas
linhas de montagem, garantindo rapidez e maior produtividade a partir da análise de dados em
tempo real e maior controle sobre a produção. O investimento em IIOT, a internet das coisas na
indústria em si, já faz parte da nossa realidade e vem crescendo nos últimos anos com o objetivo de
potencializar o mercado brasileiro para a concorrência externa.
A proposta do artigo é justamente debater quais os impactos que essa revolução terá em
nosso país e os desafios a serem encarados, além do seu andamento nos dias atuais, quem são os
pioneiros em aplicação e investimentos na área e as previsões para o futuro.
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA
Quanto a abordagem da pesquisa, ela pode ser classificada em qualitativa, por meio da qual,
segundo Rodrigues e Limena (2006), “o pesquisador tenta descrever a complexidade de uma
determinada hipótese, analisar a interação entre as variáveis e ainda interpretar os dados, fatos e
teorias”. E também possui uma abordagem quantitativa que, na perspectiva de Appolinário (2011),
é a modalidade em que “variáveis predeterminadas são mensuradas e expressas numericamente. Os
resultados também são analisados com o uso preponderante de métodos quantitativos, por exemplo,
estatístico”. Portanto, podemos classificá-la num movimento de pesquisa ‘quali-quanti’.
Quanto a natureza, ela se caracteriza por ser uma pesquisa básica que, segundo Appolinário
(2011), “tem como objetivo principal o avanço do conhecimento científico, sem nenhuma
preocupação com a aplicabilidade imediata dos resultados a serem colhidos”.
Quanto aos objetivos, ela pode ser definida como uma pesquisa exploratória que, de acordo
Severino (2007), “busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando
assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto”. Na
perspectiva de Appolinário (2011), a pesquisa ou estudo exploratório tem por objetivo “aumentar a
compreensão de um fenômeno ainda pouco conhecido, ou de um problema de pesquisa ainda não
perfeitamente delineado”.
A Internet das Coisas é um conceito que vem ganhando espaço na era digital e promete
revolucionar a integração de objetos e tecnologias através da internet, criando uma rede de dados
com atualização em tempo real e proporcionando maior dinamização das informações. Segundo
Tan e Wang (2010), é uma nova forma de tecnologia da informação e da comunicação que se difere
do habitual, onde pessoas se comunicam com outras pessoas pois agora as coisas também poderão
se comunicar com as pessoas e com outros dispositivos.
De acordo com Evans (2011), a IoT representa a primeira evolução real da Internet, tendo
um grande avanço na capacidade de coletar, analisar e distribuir dados. No contexto atual de
aumento significativo do número de tablets, smartphones, computadores e outros hardwares, essa
inovação permite a interligação e a tomada de decisões inteligentes com base nas análises de
tendência de um processo e no banco de dados (Big Data) associado.
O Big Data pode ser resumidamente definido como o “processamento (eficiente e escalável)
analítico de grandes volumes de dados complexos produzidos por (várias) aplicações”. (Marcos et
al 2012). Uma das possíveis aplicações desse conceito é, segundo Fernanda (2017), no chão-de-
fábrica, onde seria possível analisar os índices de eficiência de máquinas e operadores, na cadeia de
suprimentos como um todo, na qual embalagens e peças seriam rastreadas desde o momento que
deixam um cliente ou fornecedor.
Nesse ambiente, de acordo com Tan e Wang (2010), os objetos recebem três características:
inteligência, conectividade e interação. Durante a incorporação da inteligência esses objetos
desempenham tarefas automaticamente. A partir da conectividade com a internet propicia-se a
inteligência de fato, pois permite uma interação que não se dará apenas pela interconexão entre as
coisas. É necessário que as mesmas possam processar informações, autoconfigurar-se, realizar sua
automanutenção, seu autorreparo e obter decisões sozinhas. Desta forma elas poderão trocar
informações entre si.
Ao citar a IoT no setor industrial, criou-se um termo, IIoT – Internet Industrial das Coisas,
esta tem como enfoque o desenvolvimento de informações em toda a cadeia de suprimentos,
otimizando recursos e beneficiando os processos produtivos, onde, equipamentos, maquinários e
fornecedores estão conectados em rede, isto permite que os gestores percebam a perca de
produtividade e as falhas nos processos operacionais antecipadamente, tomando decisões de
produção, contingências, segurança e custos em tempo real, através de um modelo artificial
complementado pela IoT, por esse motivo, a mesma foi introduzida na Indústria 4.0. (Giovanna et
al., 2018).
Esse sistema, composto pela IoT e a integração com o Big Data, permite grande aquisição de
dados e aprende conforme o processo ocorre, criando uma eficiente estrutura de tomada de decisões
em tempo real e sem intermediários. Como diz Kagermann et al. (2013), “um dos pilares que
sustenta a Indústria 4.0 é o Internet of Things, que é capaz de conectar tanto o produto, quanto o
processo, por meio de sensores inteligentes”.
Nesse contexto, a IoT possibilita uma nova fase da automação com a digitalização dos
processos de produção, aumentando a capacidade de monitoramento e controle das ferramentas e a
utilização dos dados coletados para melhorar a qualidade do sistema produtivo. Um exemplo prático
de aplicação é na manutenção preditiva, na qual envolve o uso de sensores para monitorar as
máquinas de forma contínua para evitar avarias e determinar quando a manutenção será necessária,
em vez de depender de rotinas de manutenção agendadas regularmente. (James Manyika et al.,
2015).
Segundo dados da consultoria Gartner, funcionam hoje no mundo 8,4 bilhões de objetos
conectados, como smart TVs, automóveis, sistemas inteligentes de iluminação ou equipamentos
industriais, entre vários outros. O número é 31% maior do que o de 2016 e, segundo a Gartner, deve
crescer em 2020 para 20 bilhões de “coisas” ligadas à internet.
Falta resolver questões como segurança e privacidade, mas sabe-se que a Internet das Coisas
pode tornar os governos mais eficientes, melhorando a gestão do transporte público, da saúde digital
e da energia. “Um aplicativo como o Uber é Internet das Coisas em estado puro. Automóveis e
passageiros se rastreiam por meio do celular e se encontram”, exemplifica Vinícius Garcia de
Oliveira, pesquisador da Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e
responsável pela vertente tecnológica do estudo.
PANORAMA NACIONAL
A partir desses dados, é dedutível que, historicamente, o Brasil enfrenta dificuldades para o
desenvolvimento tecnológico e não consegue acompanhar o mercado mundial no mesmo ritmo de
líderes mundiais no segmento. Crises políticas e econômicas, escassez de investimentos em
tecnologias e no campo científico para o desenvolvimento interno e a falta de recursos e ambição
nessa área comprometem a chegada da manufatura digital de fato e de outras inovações associadas.
O mercado de Internet das Coisas (IoT) no Brasil movimentou US$ 1,35 bilhão em 2016,
sendo que a indústria automotiva e as verticais de manufatura foram as mais relevantes, de acordo
com estudo da Frost & Sullivan, empresa de consultoria de negócios sediada na Califórnia.
Dentre os projetos considerados 4.0, podemos destacar o da Ambev, que em 2015 adotou
um sistema de automação para melhorar o controle do processo de resfriamento da cerveja e reduzir
as variações de temperatura, evitando, assim, o desperdício de energia. Na Volkswagen Brasil,
todos os projetos nascem a partir de um modelo digital. Os produtos são simulados em ambiente
3D, o que acelera o processo, garante flexibilidade, otimiza o tempo de produção e ainda abre
postos de trabalho altamente qualificados. A Volkswagen tem investido em software, hardware e
treinamento para que os funcionários passem a lidar com essa nova realidade.
A partir do estudo “Internet das Coisas: Um plano de ação para o Brasil”, feito por um
consórcio de instituições sob encomenda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC), objetiva-se tornar a IoT um instrumento de desenvolvimento sustentável da sociedade
brasileira, capaz de aumentar a competitividade da economia, fortalecer as cadeias produtivas
nacionais e promover a melhoria da qualidade de vida.
Por fim, cabe destacar a importância de disseminar esse conhecimento para que empresários,
donos de grandes marcas e startups possam aderir e investir nessa tecnologia, assim como
reconhecer as inúmeras vantagens que ela proporciona. Por ser uma rede de dados complexa e
interligada, a questão da privacidade e segurança de informações é um tabu a ser superado, mas não
deve ser um empecilho para a implementação da IoT. Logo, com o engajamento nesse negócio, há a
possibilidade de aperfeiçoamento, expansão e facilidade de acesso por parte de demais industrias
que receiam ou desconhecem essa ferramenta, mas buscam uma forma de inovar e melhorar seus
resultados.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de Metodologia Científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
295p.
BIAGGI, Giovanna Queiroz et al. A Internet das Coisas como fator primordial na Indústria 4.0.
REVISTA ELETRÔNICA REEED ENGENHARIA, São José do Rio Preto, p. 1-10, mar. 2018.
Disponível em: <http://reeed.com.br/index.php/reeed/article/view/23/25>. Acesso em: 12 out. 2018.
EVANS, Dave. The Internet of Things How the Next Evolution of the Internet Is Changing
Everything. Cisco Internet Business Solutions Group (IBSG), 2011.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina Andrade. Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas,
1991. 205p.
MANYIKA, James. et al. The Internet of Things: Mapping the Value Beyond the Hype.
McKinsey Global Institute, 2015.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.
TAN, Lu and WANG, Neng. Future Internet: The Internet of Things. Computer Science and
Technology Department East China Normal University Shanghai, Shanghai, 2010.
TASSI, Fernanda Rudeck. A influência do IoT na Indústria: Rumo ao 4.0. 2017. 41 p. Mongrafia
(Ciências Econômicas) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017. Disponível em:
<https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/54505/Fernanda%20Tassi.pdf?sequence=1&is
Allowed=y>. Acesso em: 10 out. 2018.
BNDES - Internet das Coisas: Um plano de Ação para o Brasil. Apresentação Câmara de IoT,
2017.