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150 ANOS DE HISTÓRIA DA TABELA PERIÓDICA: CELEBRANDO

UMA IMPORTANTE CONQUISTA DA HUMANIDADE

Matheus Araújo Pereira1,


André Luiz de Sousa Moreira2,
Caio Emanuel Ribeiro Maciel3,
José Ossian Gadelha de Lima4
1
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação de Crateús,
e-mail: araujo.pereira@aluno.uece.br
2
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação de Crateús,
e-mail: moreira.moreira@aluno.uece.br
3
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação de Crateús,
e-mail: caioe809@gmail.com
4
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação de Crateús,
e-mail: jose.lima@uece.br

RESUMO. A comunidade internacional celebra, em 2019, 150 anos da descoberta da


Tabela Periódica, considerada por muitos um dos marcos mais relevantes para a
ciência mundial. Em vista disso, o objetivo desse trabalho é apresentar um breve
histórico do descobrimento desse importante instrumento científico. Para tanto, foi
feita uma leitura criteriosa de artigos acadêmicos com o intuito de coletar informações
sobre o tema. Com o estudo realizado, percebeu-se a importância da contribuição dos
trabalhos de muitos cientistas (Mendeleiev, Meyer, Moseley, entre outros) para o que
hoje se conhece como Tabela Periódica. Considerado um símbolo da luta da
humanidade para desvendar os mistérios das ciências, efetivamente ela merece ser
celebrada como uma grande conquista do ser humano.
Palavras-chave: Tabela Periódica. Química. Elemento Químico.

1. INTRODUÇÃO
Em 2019, o mundo comemora os 150 anos da descoberta da Tabela Periódica.
Considerada um dos marcos mais importantes na história do desenvolvimento da ciência, é nela
que estão organizados os dados principais referentes a todos os elementos químicos encontrados
pelos pesquisadores até hoje. Ela traz informações sobre os mais variados assuntos relacionados
aos átomos, o que torna essencial compreendê-la em toda a sua extensão ou, pelo menos,
conhecê-la, entendendo que tipo de informações ela pode nos oferecer (TRASSI et al., 2001).
Inicialmente concebida com cerca de apenas 60 elementos químicos, a Tabela Periódica
foi oficialmente reconhecida pela comunidade científica internacional a partir dos trabalhos de
Mendeleiev e Meyer, publicados no final do século XIX (BRAGA; GUERRA; REIS, 2008).
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar um breve estudo
acerca da Tabela Periódica, descrevendo brevemente algumas etapas de seu desenvolvimento
e as mudanças nela efetuadas no decorrer de 150 anos de sua história.

2. METODOLOGIA
Por se tratar de uma pesquisa sem preocupação com o aspecto quantitativo, este trabalho
pode ser considerado do tipo qualitativo, pois tenciona enriquecer o nível de compreensão de
um fenômeno organizado a partir da contribuição de vários indivíduos. Portanto, em relação ao
aspecto dos objetivos, esse trabalho pode ser classificado como de natureza exploratória, já que
busca proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito
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(GERHARD; SILVEIRA, 2009).
Para a obtenção dos dados aqui apresentados, foram realizadas buscas em livros, em
artigos catalogados em periódicos científicos e em sites da internet. Após uma leitura crítica
das mais relevantes dessas fontes, foram realizadas discussões e reflexões sobre o objeto de
estudo, resultando então no relatório da pesquisa, resumidamente apresentado neste trabalho.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com Braga, Guerra e Reis (2008), durante o século XVIII, os cientistas já
contavam com um número razoável de substâncias simples conhecidas, e muitas de suas
propriedades já haviam sido determinadas. Ao longo do tempo, foram sendo descobertos novos
elementos químicos, fazendo-se necessário uma organização de todos. Para isso, alguns
cientistas criaram mecanismos que tentavam agrupar esses elementos na forma de tabela.
Talvez a primeira tentativa de fazer uma espécie de agrupamento de elementos químicos
tenha sido de Antoine Laurent de Lavoisier, em 1789. Nessa época, apesar do esforço desse
renomado cientista francês, eram conhecidos não mais que trinta tipos de elementos químicos,
o que de certa forma inviabilizava o surgimento de ideias classificatórias mais consistentes
(CARVALHO, 2012).
No entanto, foi somente em 1829 que apareceu a mais expressiva forma, até então, de
classificar os elementos químicos. Considerado um dos primeiros cientistas a propor uma
ordenação desses átomos em forma de uma tabela, o químico alemão Johann Wolfgang
Döbereinier organizou os pouco mais de trinta elementos conhecidos à época em um sistema
que ficou conhecido como ‘Tríades de Döbereiner’. Nessa classificação, os elementos químicos
eram organizados a partir das semelhanças entre suas características, em sequências de três
elementos. Um fato interessante sobre esta organização é que a média aritmética entre o peso
atômico do primeiro e do último elemento era, aproximadamente, igual ao do peso atômico do
elemento central da tríade (TRASSI et al., 2001).
Contribuindo para as ideias de Döbereiner, o químico alemão Leopold Gmelin, até 1843,
tinha identificado dez tríades. Por volta de 1850, o químico e sanitarista Max von Pettenkofer
identificou três tétrades (grupo de quatro elementos), e em 1857, Jean-Baptiste Dumas
identificou uma pêntade (grupo com cinco elementos) (KLOSTERMAN, 1985).
Posteriormente, em 1862, um outro modelo de organização relacionou o peso atômico
com as propriedades dos elementos. Ela foi sugerida pelo geólogo francês Alexandre-Émile
Béguyer de Chancourtois (1862), ficando esse modelo conhecido como ‘Parafuso Telúrico de
Chancourtois’. Esse estudioso organizou os elementos conhecidos à sua época ao longo de uma
espiral cilíndrica inclinada a 45º, em ordem crescente de massa atômica. Dessa maneira, os
elementos que apresentavam características semelhantes ficavam organizados em uma linha
vertical, um abaixo do outro (TOLENTINO; ROCHA-FILHO; CHAGAS, 1997).
Muitos estudiosos consideram a tentativa de Döbereiner como a pioneira em
desenvolver um esquema de classificação dos elementos químicos. No entanto, o primeiro
modelo organizado que contemplava todos os elementos conhecidos à época foi o ‘Parafuso
Telúrico de Chancourtois’ (LEAL, 2015).
Outra contribuição importante, foi a do químico inglês John Alexander Reina Newlands
que, por volta de 1865, organizou os 56 elementos químicos conhecidos à sua época em ordem
crescente de massa atômica, observando que a cada conjunto de oito elementos havia uma
repetição das propriedades desses átomos. O trabalho desse químico industrial ficou conhecido
como ‘Lei das Oitavas de Newlands’, sendo considerada, por muitos, a classificação mais
significativa até então elaborada. Ao organizar os elementos químicos em ordem crescente de
seus pesos atômicos, Newlands observou que a cada oito elementos os aspectos relacionados
às suas propriedades se repetiam como os da primeira série. Tendo sido reconhecida como uma
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lei científica, ela podia ser comparada com o que acontece em uma escala musical, cujas notas
se repetem a cada conjunto de oito (TOLENTINO; ROCHA-FILHO; CHAGAS, 1997).
Outra contribuição à tentativa de classificar os elementos químicos foi dada por William
Odling, químico britânico que, por volta de 1865, publicou uma versão da tabela periódica
contendo cerca de 57 elementos. Muito semelhante à tabela proposta mais tarde por
Mendeleiev, ela estava fundamentada na massa atômica relativa dos elementos, no entanto,
apresentava muitas irregularidades e, por isso, não despertou o interesse dos colegas cientistas
(SCERRI, 2012). Em 1867, segundo Kauffman (1969), o químico dinamarquês Gustavus
Hinrichs publicou um trabalho que descrevia um sistema classificatório dos elementos químicos
na forma de espiral. Baseado nas semelhanças e nas massas atômicas dos elementos, essa
proposta foi muito criticada, o que levou ao seu não reconhecimento e a sua não aceitação pela
comunidade científica da época.
Apesar de todas as tentativas já descritas, foi somente em 1869, há 150 anos, que o
químico russo Dmitri Ivanovitch Mendeleiev publicou sua sugestão que foi finalmente aceita
pela comunidade científica, pois levava em consideração os seguintes fatos: previa a existência
de elementos que seriam descobertos mais tarde, considerava várias propriedades físicas e
químicas dos elementos ao ordená-los e previa as propriedades associadas aos elementos que
ainda não tinham sido descobertos. O modelo de Mendeleiev foi o mais importante até então,
apesar de posicionar os elementos em ordem crescente de massa atômica e organizá-los em
colunas horizontais e verticais de acordo com suas propriedades (TOLENTINO; ROCHA-
FILHO; CHAGAS, 1997).
A organização dos elementos químicos sugerida por Mendeleiev tinha um grau de
precisão científica tão impressionante que não chegou a receber críticas de seus colegas. Foi
considerada a classificação mais notável, ao ponto do termo ‘Tabela Periódica’ ficar atrelado
ao seu nome. Nesse modelo, que contava com 63 elementos conhecidos, o russo deixou espaços
para futuras atualizações, sendo que, de acordo com a sequência por ele estabelecida, era
possível descrever algumas propriedades de elementos ainda não descobertos (como, por
exemplo, o gálio, o germânio e o escândio), apesar de algumas conclusões estarem equivocadas,
como as posições do telúrio e do iodo, que foram mais tarde corrigidas (LEAL, 2015).
Cabe lembrar também os trabalhos do químico alemão Julius Lother Meyer que,
demonstrando a relação de periodicidade entre volume atômico e massa atômica, sugeriu tabela
semelhante à de Mendeleiev. No entanto, por não prever os elementos ainda não descobertos,
seu trabalho não obteve o mesmo destaque (SCERRI, 2012).
Efetivamente, o atual modelo da Tabela Periódica foi desenvolvido pelo químico inglês
Henry Moseley em 1913, tendo Mendeleiev falecido em 1907. Após fazer importantes
descobertas, Moseley reorganizou os elementos químicos da Tabela Periódica de Mendeleiev
na ordem crescente dos seus números atômicos (sendo o idealizador deste conceito) e eliminou
algumas falhas do modelo anterior, o que propiciou a organização da Tabela Periódica como se
conhece atualmente (LEAL, 2015).
As últimas modificações da Tabela Periódica de Mendeleiev giraram, praticamente, em
torno de completar os vazios existentes no seu último período, o que foi conseguido ao longo
dessas últimas décadas. Em 2015, com a descoberta dos elementos de número atômico 113,
115, 117 e 118, o sétimo período foi preenchido (MOREIRA, 2016). Os próximos elementos a
serem descobertos deverão ser locados no oitavo período, que até então está vazio.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A necessidade de uma classificação periódica dos elementos se originou a partir uma
sólida base experimental da ciência, que permitiu o despertar da curiosidade científica humana.
A sequência dos fatos históricos que levaram à estruturação da atual Tabela Periódica
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demonstra o incansável desejo humano de conhecer melhor os diferentes tipos de materiais que
compõem a Natureza da qual ele faz parte.
Nesse sentido, a ONU (Organização das Nações Unidas) convoca todos a celebrarem a
descoberta de uma das maiores conquistas da ciência moderna, e que reflete a essência não
apenas da Química, mas também da Física, da Biologia e de outras ciências afins.
A Tabela Periódica tornou-se instrumento importante na compreensão das
características dos elementos químicos, como, por exemplo, a eletronegatividade, a massa
atômica, o número atômico, além das propriedades físicas e químicas dos elementos. Dessa
maneira, além de auxiliar o professor de todos os níveis de ensino na exploração dos conteúdos
de química, ela é um instrumento considerado símbolo do desenvolvimento da humanidade,
pois traz os registros das lutas, dos estudos e das conquistas de muitos estudiosos na tentativa
de desvendar os mistérios da ciência.

5. REFERÊNCIAS
BRAGA, Marco; GUERRA, Andreia; REIS, José Claudio. Breve história da ciência
moderna. Volume 4: A belle-époque da ciência. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 185 p.
CARVALHO, Regina Simplício. Lavoisier e a sistematização da nomenclatura química.
Scientiae Studia, São Paulo, v. 10, n. 4, p. 759-771, dez. 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ss/v10n4/a07v10n4.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2019.
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (Org.). Métodos de pesquisa. Porto
Alegre: EDUFRGS, 2009. 120 p. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloads
Serie/derad005.pdf>. Acesso em: 23 maio 2019.
KAUFFMAN, George B. American forerunners of the periodic law. Journal of Chemical
Education, v. 46, n. 3, p. 128-135, mar. 1969. Disponível em: <https://pubs.acs.org/
doi/abs/10.1021/ed046p136\>. Acesso em: 10 ago. 2019.
KLOSTERMAN, Leo J. A research school of chemistry in the nineteenth century: Jean
Baptiste Dumas and his research students. Annals of Science, Londres, v. 42, n. 1, p. 41-80,
maio 1985. Disponível em: <https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/000337985002
00111>. Acesso em: 17 jun. 2019.
LEAL, João Paulo. Tabela Periódica dos Elementos. Revista de Ciência elementar, v. 3, n. 3,
p. 194-198, out. 2015. Disponível em: <https://rce.casadasciencias.org/rceapp/art/2015/194/>.
Acesso em: 01 mar. 2019.
MOREIRA, Isabela. Quatro novos elementos são adicionados à tabela periódica. 2016.
Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/01/quatro-novos-
elementos-sao-adicionados-tabela-periodica.html>. Acesso em 27 ago. 2019.
SCERRI, Eric R. The Periodic Table. Londres: Oxford University Press, 2012. 168 p.
TOLENTINO, Mario; ROCHA-FILHO, Romeu C.; CHAGAS, Aécio Pereira. Alguns
aspectos históricos da classificação periódica dos elementos químicos. Química Nova, São
Paulo, v. 20, n. 1, p. 103-15, abr. 1997. Disponível em: <http://quimicanova.sbq.org.br/
imagebank/pdf/Vol20No1_103_v20_n1_13.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2019.
TRASSI, Cristina Manharelo Rosana; CASTELLANI, Ana Mauriceia; GONÇALVES, José
Eduardo; TOLEDO, Eduardo Aparecido. Tabela periódica interativa: “um estímulo à
compreensão”. Acta Scientiarum Technology, Maringá, v. 23, n. 6, p. 1335-1339, dez. 2001.
Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciTechnol/index>.
Acesso em: 04 jun. 2019.
Universidade Estadual do Ceará - UECE
Av. Dr. SilasMunguba, 1700 – Campus Itaperi - CEP 60.714-903 - Fortaleza-Ceará
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