Diretoria:
Walter da Silva Jorge João (Presidente)
Valmir de Santi (Vice-Presidente)
José Gildo da Silva (Secretário-Geral)
João Samuel de Morais Meira (Tesoureiro)
Conselheiros Federais:
Rossana Santos Freitas Spiguel (AC)
José Gildo da Silva (AL)
Marcos Aurélio Ferreira da Silva (AM)
Carlos André Oeiras Sena (AP)
Altamiro José dos Santos (BA)
Luis Cláudio Mapurunga da Frota (CE)
Forland Oliveira Silva (DF)
Gedayas Medeiros Pedro (ES)
Sueza Abadia de Souza Oliveira (GO)
Fernando Luís Bacelar de Carvalho Lobato (MA)
Gerson Antônio Pianetti (MG)
Angela Cristina Rodrigues da Cunha Castro Lopes (MS)
José Ricardo Arnaut Amadio (MT)
Walter da Silva Jorge João (PA)
João Samuel de Morais Meira (PB)
Bráulio César de Sousa (PE)
Osvaldo Bonfim de Carvalho (PI)
Elena Lúcia Sales Sousa (PI) - Junho/Setembro 2016
Valmir de Santi (PR)
Alex Sandro Rodrigues Baiense (RJ)
Lenira da Silva Costa (RN)
Lérida Maria dos Santos Vieira (RO)
Erlandson Uchôa Lacerda (RR)
Josué Schostack (RS)
Paulo Roberto Boff (SC)
Vanilda Oliveira Aguiar (SE)
Marcelo Polacow Bisson (SP)
Amilson Álvares (TO)
www.cff.org.br
2
Expediente
Coordenação
Valmir de Santi
Revisão
Leilane Alves
Maria Isabel Lopes
Murilo Caldas
Veruska Narikawa
Edição
Leilane Alves
Maria Isabel Lopes
Projeto Gráfico
K&R Artes Gráficas e Editora Ltda
Impressão:
Qualytá Gráfica e Editora
Sumário
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................................................. 08
REGIÃO NORTE
Manaus/AM
Farmácia Clínica no manejo de antimicrobianos: preparo, administração e
uso racional em um hospital universitário de Manaus................................................................ 09
REGIÃO CENTRO-OESTE
Taguatinga/DF
Descarte correto de medicamentos: uma responsabilidade dos
farmacêuticos que atuam na atenção primária................................................................................ 16
Campo Grande/MS
Implantação dos serviços de Farmácia Clínica na atenção básica de Campo
Grande ........................................................................................................................................................................... 25
REGIÃO SUDESTE
Espírito Santo
Sistema Estadual de Registro de Preços (Serp): compra eficiente de
medicamentos na atenção primária à saúde..................................................................................... 32
Betim/MG
Implantação do serviço de acompanhamento farmacoterapêutico em
unidade de atenção primária à saúde de Betim: experiência do Projeto Dia
a Dia................................................................................................................................................................................. 40
Teófilo Otoni/MG
Atenção farmacêutica a pacientes hipertensos de alto risco no Centro
Estadual de Atenção Especializada (Ceae) do município de Teófilo Otoni.................... 49
Rio de Janeiro/RJ
Acompanhamento farmacêutico de pacientes em tratamento de sífilis com
penicilina benzatina em uma unidade da Estratégia de Saúde da Família, no
município do Rio de Janeiro............................................................................................................................ 55
Araraquara/SP
Indicadores de resultado da implantação da gestão integral da
farmacoterapia em um centro de referência do idoso de Araraquara............................... 61
Franca/SP
Importância da assistência farmacêutica na promoção do uso racional de
medicamentos por meio da intervenção no processo de judicialização do SUS.......67
Ribeirão Preto/SP
Implantação de formulário para utilização e dispensação de medicamentos
impactantes no orçamento hospitalar.....................................................................................................73
São Paulo/SP
Farmacêutico e educação permanente: benefícios para o Ceaf, RH,
colaboradores e pacientes................................................................................................................................81
4
REGIÃO SUL
Curitiba/PR
Implantação dos serviços de Clínica Farmacêutica na farmácia da 2ª
Regional de Saúde do Estado do Paraná............................................................................................... 87
Novo Hamburgo/RS
A atuação do farmacêutico junto ao grupo de hipertensos/diabéticos na
UBS no bairro de Canudos, Novo Hamburgo....................................................................................... 94
Osório/RS
Comissão de Farmácia e Terapêutica Regional - união dos farmacêuticos do
litoral do Rio Grande do Sul............................................................................................................................ 99
Porto Alegre/RS
Cuidando da Farmácia Caseira: ações de um programa de extensão
universitária.............................................................................................................................................................109
Santa Maria/RS
Farmacêuticos abordam assistência farmacêutica em situação de desastre e
casos de alta complexidade em município gaúcho...................................................................... 118
1 - A assistência farmacêutica em uma situação de desastre - o incêndio na
Boate Kiss, em Santa Maria............................................................................................................................121
2 - A reconciliação farmacoterapêutica na otimização da terapia..................................... 126
Pomerode/SC
Aquisição de medicamentos em embalagem fracionável: uma estratégia
para o uso racional de medicamentos.................................................................................................. 133
REGIÃO NORDESTE
Camaçari/BA
Auditoria SUS Camaçari: avanços e desafios......................................................................................141
Fortaleza/CE
Atuação dos farmacêuticos da residência integrada em saúde em um
ambulatório de DPOC........................................................................................................................................ 150
Teresina/PI
Farmacêutico e a segurança dos usuários de medicamentos: aplicação da
ferramenta FMEA no serviço de Farmácia de um Hospital Público de Teresina....... 154
Natal/RN
Diagnóstico situacional das agências transfusionais do município de Natal
com a implementação do Programa Estadual de Qualificação da Hemorrede
(PEQH/RN).................................................................................................................................................................166
Sergipe
Cuidados farmacêuticos em farmácias populares do estado de Sergipe:
resultados alcançados.......................................................................................................................................177
Aracaju/SE
Tecendo Saberes sobre Plantas Medicinais: o resgate, a permanência e a
construção do conhecimento popular na atenção básica do município de
Aracaju..........................................................................................................................................................................184
5
Walter da Silva Jorge João Valmir de Santi José Gildo da Silva João Samuel de Morais Meira
(Presidente) (Vice-Presidente) (Secretário-Geral) (Tesoureiro)
8
público.
Para esta quarta edição foram seleciona-
dos 24 trabalhos com temas relacionados a
educação, gestão, assistência farmacêutica e COMISSÃO DE SELEÇÃO DOS TRABALHOS:
outros. São relatos oriundos das cinco regiões
do Brasil. Os relatos apresentados demons-
tram a qualidade do trabalho que vem sendo
desenvolvido e reforçam que o farmacêutico,
inserido nas equipes multidisciplinares, tem
contribuído de forma significativa para qualifi-
car a atenção à saúde. Alessandra Russo Claudia Serafin Pâmela Saavedra
9
Manaus/AM
Farmácia Clínica no
manejo de antimicrobianos: preparo,
administração e uso racional em um
hospital universitário de Manaus
CARACTERIZAÇÃO A capital amazonense, que foi uma das
sedes da Copa do Mundo de Futebol, em
O projeto citado neste relato foi realiza- 2014, recebeu nota máxima no índice de
do no Hospital Universitário Getúlio Vargas hospitalidade da Fundação Instituto de Pes-
(HUGV), localizado no município de Manaus, quisa Econômicas (Fipe). Com economia vol-
Amazonas. Manaus foi criada no século XVII tada para o polo de montagem, está entre
para confirmar a presença lusitana e fixar as cidades que abrigam um expressivo polo
domínio português. É a capital do estado do industrial.
Amazonas, localizada no coração da floresta O Amazonas surpreende pela combinação
amazônica, com uma área de 11.401,092 km² de modernidade e conservação da natureza,
e população estimada pelo IBGE de 2.057.711 contando com diversas opções de turismo,
habitantes. como visita a cavernas e cachoeiras, prática do
10
arvorismo, pesca esportiva, festivais folclóricos Estruturação da rede de saúde
e patrimônios históricos.
No Amazonas, a rede física dos serviços de
Perfil epidemiológico saúde cadastrada no Cadastro Nacional dos Es-
tabelecimentos de Saúde (CNES) abrange 2.153
As doenças de registro mais frequentes ao
estabelecimentos públicos, privados e filan-
longo do ano em Manaus são malária e den-
trópicos, distribuídos por gestão dupla (gestão
gue. No entanto, diarreia, hepatite A e leptos-
compartilhada entre o estado e os municípios),
pirose são as doenças mais comuns registradas
gestão estadual e municipal, sendo 54,1% pú-
no período de enchente dos rios no Amazonas
(FVS-AM, 2015). blicos e 45,9% privados.
Entrada provisória do Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus. Foto: Adneison Severiano/G1 AM
11
Em 1965, por iniciativa do Governo Esta- mais seguro e econômico para hospitais
dual do Amazonas, foi inaugurado o Hospi- (FREITAS, 2005), a realidade de inúmeras ins-
tal Universitário Getúlio Vargas (HUGV). Suas tituições hospitalares demonstra que não
atividades básicas eram fundamentais na as- é possível realizar dispensação de antimi-
sistência em Clínica Médica e Cirurgia Geral. crobianos por dose unitária. Dessa forma, o
Hoje, o HUGV disponibiliza 156 leitos, aten- preparo e administração de antimicrobianos
dendo as seguintes especialidades médicas: ficam sob responsabilidade das equipes de
Clínica Neurológica, Clínica Cirúrgica, Clínica enfermagem. Utiliza-se, no HUGV, o sistema
Médica, Clínica Ortopédica, Centro de Terapia de dispensação individualizado direto, com
Intensiva, Nefrologia, bem como possui Cen- dispensação para as 24 horas.
tro Cirúrgico com 8 salas de cirurgia e o Am- Após observar as inúmeras dúvidas sobre
bulatório Araújo Lima que alberga diversas o uso desses medicamentos e falta de padro-
especialidades médicas. nização de uso pela equipe, realizou-se um
projeto de extensão em convênio com a Uni-
Assistência farmacêutica versidade Federal do Amazonas – Faculdade
de Ciências Farmacêuticas - intitulado “Orien-
O setor de farmácia foi estruturado em 2015 tações acerca do uso correto de antimicrobia-
para atender às recomendações da Empresa nos injetáveis em um hospital universitário de
Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Manaus”, com recursos obtidos do Programa de
do qual, atualmente, fazem parte 12 farma- Atividade Curricular de Extensão (Pace).
cêuticos, 15 técnicos em farmácia, 4 auxiliares
administrativos, 1 estagiário de nível superior Com o objetivo de padronizar a admi-
(acadêmico de farmácia) e 4 estagiários de ní- nistração de antimicrobianos, o projeto foi
vel médio. executado nas seguintes etapas: treinamento
dos integrantes da ação, auditoria na insti-
O Setor de Farmácia possui duas subdivi- tuição, elaboração de um guia de preparo e
sões: Unidade de Abastecimento e Unidade de administração de antimicrobianos injetáveis
Farmácia Clínica. O hospital possui uma central e treinamento dos profissionais de saúde nas
de dispensação, uma farmácia satélite no Cen- clínicas.
tro Cirúrgico e uma farmácia ambulatorial.
Os serviços desenvolvidos pela equipe in- METODOLOGIA
cluem: gestão de estoques de medicamentos e
materiais médico-hospitalares, diluição e dis- Por meio de convênio entre o Hospital
pensação de germicidas, manipulação de an- Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e a Uni-
tineoplásicos, nutrição parenteral e produtos versidade Federal do Amazonas (Ufam), reali-
farmacotécnicos, dispensação de medicamen- zou-se um projeto via Programa de Atividade
tos e produtos para a saúde, dispensação de Curricular de Extensão (Pace), cujos objetivos
artigos médicos para centro cirúrgico, Farmácia foram realizar auditoria situacional do uso
Clínica no Centro de Terapia Intensiva e apoio de antibióticos, bem como elaborar material
em comissões institucionais. informativo sobre os antimicrobianos padro-
nizados no HUGV.
RELATO DA EXPERIÊNCIA Foi realizado treinamento dos participan-
tes do projeto, composto por dois farmacêu-
Considerando que os ambientes hospita- ticos e alunos da Faculdade de Ciências Far-
lares são complexos e, onde frequentemente, macêuticas da Ufam. Em seguida, foi realizada
se observam eventos adversos relacionados auditoria nos setores do hospital, nos quais
ao uso de medicamentos, devem ser criados foram avaliados os seguintes fatores: armaze-
mecanismos que padronizem a administração namento, existência de estoques paralelos, in-
de medicamentos, evitando eventos passíveis tegridade, validade e diluição de medicamen-
de erro. tos, adequação física do ambiente, controle de
Embora se saiba que o sistema de dis- temperatura e umidade de geladeiras e pre-
pensação de dose unitária é o modelo ideal, sença de coletores de lixo adequados.
12
Capa do Guia de Preparo e Administração de Antimicrobianos Injetáveis do Hospital Universitário Getúlio Vargas, 2016
Descrição dos impactos gerados ras de uso exclusivo para medicamentos. A fal-
com esta experiência ta de controle de temperatura e umidade e me-
dicamentos em excesso foram verificados em
Os resultados da auditoria revelaram a fal- 90% dos setores.
ta de padronização do preparo e administra-
Em relação ao manuseio e armazenamento
ção dos antimicrobianos. Quanto aos critérios
de armazenagem, verificaram-se inadequações apropriado, 90% dos setores estavam em não
como: presença de medicamentos reconsti- conformidade. Após reconstituição, apenas
tuídos e/ou diluídos sem identificação, medi- 40% dos medicamentos estavam armazenados
camentos vencidos, medicamentos com lacre adequadamente. Havia coletores de lixo ade-
rompido e presença de alimentos em geladei- quados em 90% dos setores.
VANCOMICINA
Nome genérico Apresentação Reconstituição Vias de Administração Tempo de Estabilidade
infusão
Nome Forma
comercial farmacêutica
Classe
farmacológica pH
Vancomicina Pó liófilo 10 mL de AD IM EC direta EV infusão Maior que Reconstituído:
para solução para 500mg 60 min
Não Não Sim
injetável - 24h (Tamb)
Solução
Vancocid® 500mg ou 1g 20 mL de AD - 14 dias (ref)
compatível:
para 1g
Volume
Diluído:
de diluição:
Antibacteriano Frasco-ampola 100mL ou mais
- 24h (Tamb)
Concentração
pH 2,5 a 4,5 14 dias (ref)
para diluição:
Até 5mg/mL
Ex = 500mg
em 100 mL =
(5mg/mL)
REFERÊNCIAS CONTATOS
b_monteiro@hotmail.com
CDI. Clinical Drug information. Disponível em:
at.soledade@hotmail.com
<http://www.wolterskluwercdi.com/lexicom-
gabriel.ifam@gmail.com
p-online/community-pharmacy/>. Acesso em
magalhaes.irs@gmail.com
25/04/2016.
mirianbrasil1@gmail.com
16
Taguatinga/DF
Descarte correto de
medicamentos: uma responsabilidade
dos farmacêuticos que atuam
na atenção primária
CARACTERIZAÇÃO habitantes. Nos dias atuais, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), essa
O cenário da pesquisa é a cidade de Ta- cidade possui 361.063 habitantes, sendo mais da
guatinga, localizada no Distrito Federal, Região metade de outras regiões do Brasil, em especial
Centro-Oeste. da Região Nordeste.
O nome da cidade surgiu de uma fazenda A maior parte dos habitantes é do sexo
que, no século XVIII, abrigou um pequeno po- feminino (52%) e metade possui entre 25 e 59
voado formado por bandeirantes e tropeiros. anos, ou seja, encontra-se em idade economi-
Posteriormente, Taguatinga foi projetada por camente ativa. A renda per capta dos morado-
Lúcio Costa, durante a construção de Brasília, res é de 1,6 mil reais e a escolaridade da maio-
para ser uma cidade dormitório e possuir 25.000 ria está entre os níveis fundamental e médio.
17
Nesse sentido, este trabalho busca apre- Para avaliar o prazo de validade, os me-
sentar o resultado desta experiência por meio dicamentos foram organizados em grupos de
da descrição do processo de descarte imple- acordo com a data de vencimento. Os grupos
mentado e também pelos resultados do perfil incluíam medicamentos vencidos antes de
dos medicamentos descartados incluindo a 2015, medicamentos vencidos no ano corren-
análise dos custos. te e medicamentos não vencidos. Além disso,
houve situações em que esta informação não
METODOLOGIA pôde ser analisada, como em casos de proble-
ma de legibilidade.
Trata-se de um relato de experiência da Para a classificação dos medicamentos foi
implementação do processo de descarte de adotado o Sistema Anatômico e Terapêutico
medicamentos em uma unidade de saúde. O Químico (ATC). Esta classificação, como primeiro
CS4 de Taguatinga está localizado em uma das nível, divide os medicamentos de acordo com
cidades satélites do Distrito Federal. sistema ou órgão em que o fármaco atua; nos
A descrição do processo dar-se-á de forma níveis subsequentes, as classes são divididas
esquemática, tentando descrever as etapas en- conforme as propriedades terapêuticas, quími-
volvidas de acordo com as orientações da Di- cas e farmacológicas. Entretanto, foi adotado
retoria de Assistência Farmacêutica (Diasf ) do apenas primeiro nível dessa classificação co-
Distrito Federal. nhecida como grupo anatômico principal.
Para a avaliação do perfil de medicamen- O custo dos medicamentos enviados para
tos descartado foram coletadas informações incineração foi estimado com base nos valores
nos primeiros nove meses de 2015. O perfil dos apresentados no site da Câmara de Regulação
medicamentos descartados foi realizado por do Mercado de Medicamentos (CMED), de mar-
meio da criação de um banco de dados con- ço de 2015, levando em consideração a alíquota
tendo todos os medicamentos descartados. de ICMS de 17%, vigente no Distrito Federal.
Também foram inclusos no banco a data de va- Os dados foram tabulados na ferramenta
lidade, principio ativo, laboratório responsável Microsoft Excel. Após a coleta dos dados, foi
pelo medicamento e a forma farmacêutica. Os feita uma análise estatística descritiva. As va-
medicamentos também foram separados em riáveis numéricas são apresentadas em medi-
outras três categorias: das de tendência central e dispersão e as va-
I. os que foram devolvidos pela comuni- riáveis categóricas em números absolutos e
dade foram denominados como “devo- proporções.
lução”; Este trabalho foi aprovado pelo Comitê
II. amostras grátis de medicamentos que de Ética da Fundação de Ensino e Pesquisa
venceram dentro da unidade de saúde em Ciências da Saúde (FEPECS) sob o código
foram denominadas como “amostras 1.057.271.
grátis” e;
Descrição dos impactos gerados
III. os medicamentos de uso interno venci- com esta experiência
dos da unidade de saúde foram deno-
minados de “ interno”. Como abordado anteriormente, essa é a
Foi estipulado o tempo gasto no proces- principal experiência de descarte de imple-
so de separação, remoção da embalagem mentação de um processo de coleta e de des-
secundária, armazenamento para o des- tinação correta para os medicamentos em uni-
carte e tabulação de dados para cada item, dade de saúde da Atenção Primária do Distrito
visando conhecer o tempo médio por item Federal (figura 2), tanto pelo desenvolvimento
tabulado. do processo quanto pela possível aplicação
Também foram classificados pela forma dos resultados em ações que visem à promo-
farmacêutica e pelo grupo anatômico principal ção do uso racional de medicamentos.
segundo a Classificação Anatômica Terapêutica É importante destacar que a forma de
e Química (ATC, sigla em Inglês). descarte de medicamentos controlados pode
19
ser diferente em outras unidades federativas. caso, informa-se que há unidades federativas
No Distrito Federal, este processo foi desen- em que a própria vigilância se responsabiliza
volvido com vistas a possibilitar a destinação pelo descarte, assim que são encaminhados os
correta sem que houvessem desvios. Nesse medicamentos.
Processo de captação de
medicamentos pelo
Serviço de Farmácia
Recolhimento, tratamento e
destinação pela empresa contratada
Encaminhamento do relatório
Relatório do Descarte com a
de cinzas e do lacre dos
destinação das cinzas dos controlados
controlados a Visa local
A figura 3 apresenta os medicamentos re- grátis sendo organizadas por lote, antes da se-
cebidos da comunidade (A e B) e as amostras gregação e catalogação (C e D).
20
A B
C D
Durante os nove meses de coleta (janeiro zando para os primeiros nove meses do ano
a setembro de 2015), todos os medicamentos de 2015, R$ 25.597,71. Entretanto, este valor foi
encaminhados à unidade, ou da própria uni- estimado para 87,7% dos itens descartados,
dade, direcionados ao descarte foram catalo- uma vez que uma parte dos itens (12,3%) não
gados. Nesse contexto, foram cadastrados 454 foram identificados na referida lista. Estes úl-
medicamentos de diferentes lotes que, juntos, timos medicamentos são representados por
somaram 14.085 unidades descartadas (com- medicamentos homeopáticos, fitoterápicos,
anestésicos locais injetáveis, polivitamínicos
primidos, bisnagas, frascos, etc).
e os chamados de medicamentos de notifica-
Foi determinado o valor total para aqui- ção simplificada, os quais a lista não abran-
sição dos medicamentos descartados, tendo ge, por se tratarem de produtos liberados dos
como base a lista de preço máximo de medi- critérios de estabelecimento ou reajustes de
camentos por princípio ativo da CMED, totali- preços.
21
14.208,52
A 285 B
222 10.560,84
38
828,35
Figura 4 - Grupos de amostra grátis, devolução da comunidade e medicamento de uso interno da unidade de saúde. (A)
Quantidade de medicamentos devolvidos (B) Valor estimado em reais (R$) por meio da lista CMED CS4, Taguatinga – DF, 2015
A figura 5 representa perfil dos medicamen- avaliados são aqueles em que o prazo de validade
tos descartados em relação a sua data de ven- não estava legível ou mesmo tratava-se de parte
cimento. Destaca-se que os medicamentos não da embalagem onde não havia esta informação.
Medicamentos vencidos
em anos anteriores
19%
Medicamentos dentro
do prazo de validade
Medicamentos com prazo
de validade ilegível
16% Outros
62%
3%
Figura 5 - Medicamentos descartados conforme seu prazo de validade, CS4, Taguatinga – DF, 2015
Os medicamentos foram classificados se- apareceram com mais frequência foram os me-
gundo a ATC. Dos 545 medicamentos listados, dicamentos destinados ao tratamento do siste-
para 522 foi possível realizar esta análise. Dos ma cardiovascular, seguidos pelos do aparelho
medicamentos analisados, segundo a tabela digestivo e metabolismo e aparelho génito-uri-
1, notou-se que os grupos farmacológicos que nário e hormônios sexuais.
Tabela 1 - Classificação dos medicamentos descartados segundo ATC, CS4, Taguatinga – DF, 2015
12%
8% Comprimido
Solução
3% Cápsulas
3% Suspensão
2% Pó
2% Creme
64% Pomada
6%
Outros
59
56
53
45 45
33
30
23
17 19 19
15
12 11 11 10 9
8 9
6 6
2 1 0 3 2 1 2
Aparelho digestivo
e metabolismo
Sangue e órgãos
hematopoiéticos
Sistema
Cardiovascular
Dermatológicos
Sistema geniturinário
e hormônios
Hormônios de uso
sistêmico
Agentes Antiinfecciosos
para uso sistêmico
Agentes antineoplásicos e
imunomoduladores
Sistemo músculo-
esquelético
Sistema nervoso
Não classificados
Produtos
antiparasitários
Sistema respiratório
Ao final da coleta de dados, foi estipulado cionados ao tema no DF, além de compor outros
um tempo médio necessário para a segregação dois trabalhos apresentados em congressos
e catalogação dos medicamentos a serem des- nacionais (Oliveira et al, 2015; Rodrigues et al,
cartados. Esse tempo foi estimado em 190 se- 2015), sempre recebendo um grande destaque
gundos por item. Levando em consideração os e servindo como modelo para a implantação
545 itens mensurados, foram necessárias apro- em outras unidades. Além disso, em 2015 foi
ximadamente 29 horas. criada no DF a Portaria nº 187 (Distrito Fede-
ral, 2015), que instituiu o serviço de Farmácia
Para a elaboração do banco de dados fo-
Clínica em diferentes pontos da rede incluindo
ram seguidas a seguintes etapas: separação
as unidades de saúde. A implementação des-
dos medicamentos devolvidos por data de va-
ses serviços possibilitará também a redução do
lidade e lote, remoção da embalagem secun-
descarte por meio de ações que visem à pro-
dária caso houvesse, tabulação dos dados e
moção do uso racional de medicamentos.
encaminhamento para o descarte.
Desconsiderando embalagens secundárias CONCLUSÃO
e bulas, todo o montante foi pesado para esti-
pular a quantidade em quilogramas destinada O papel do farmacêutico é essencial para
ao descarte, totalizando 10 quilos. Além disso, a o correto descarte de medicamentos imple-
incineração custa atualmente R$ 8,50 por quilo mentado neste Centro de Saúde. A avaliação
de medicamento, segundo a Associação Brasi- do perfil dos medicamentos descartados apon-
leira de Empresas de Tratamentos de Resíduos, ta para a responsabilidade ambiental e clínica
o que soma mais R$ 85,00. dos paciente.
Nesse contexto, o valor total estimado para o A responsabilidade ambiental está em pro-
descarte de medicamentos naquela unidade foi piciar o descarte adequado aos medicamentos
de R$ 5.204,04, considerando exclusivamente o diminuindo os impactos sobre o meio ambien-
pagamento das horas necessárias para a catalo- te e também a saúde dos catadores e de outros
gação dos medicamentos e o valor da incineração. trabalhadores em materiais recicláveis.
É preciso destacar que esse valor é Já a interface com a clínica está relacio-
subestimado uma vez que não se computou nada à necessidade da prestação de serviços
outros custos como o de armazenamento na farmacêuticos voltados à racionalização do
unidade e nem aquele relacionado às questões descarte. Entre os serviços cita-se a dispensa-
sanitárias como tempo para ir à vigilância ção a qual se encontra associada à redução da
sanitária para o cadastro dos medicamentos da quantidade de medicamentos a ser descartada,
Portaria nº 344 (BRASIL, 1998). seja pela dispensação adequada por meio da
quantidade exata para o tratamento (fraciona-
Próximos passos, desafios e necessidades mento) ou pela orientação para o uso correto.
Tem-se também a revisão da farmacoterapia
Há duas ações que devem ser incentivadas que pode ser adotada para promover a adesão
em Taguatinga e no Distrito Federal. A primeira à medicação, diminuindo o descarte de medi-
é a replicação desse processo de descarte em camentos por interrupção dos tratamentos.
outras unidades de saúde, em especial aquelas
da atenção primária que possuem uma maior REFERÊNCIAS
interlocução com a população.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
A segunda ação seria desenvolver estraté-
ria. Resolução RDC nº 306, de 7 de dezembro
gias vinculadas à atuação clínica do farmacêu-
de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico
tico, seja por meio de educação em saúde ou para o gerenciamento de resíduos de serviços
de outros serviços como a dispensação e a re- de saúde. Diário Oficial da União nº 237, Seção
visão da farmacoterapia, voltados em especial 1, p. 49. [citado em 05/05/2016]. Disponível em:
a redução dos resíduos gerados, bem como, a <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/
destinação correta quando gerados. res05/res35805.pdf>. Brasil. Ministério da Meio
O cenário é animador, uma vez que a pes- Ambiente. Política Nacional de Resíduos Sóli-
quisa já foi apresentada em dois eventos rela- dos. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.
24
mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%AD- INSTITUIÇÃO
duoss%C3%B3lidos>. Acessado em 05/05/2016. Centro de Saúde Nº 4 de Taguatinga-DF
Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Resolução
do Conama nº 358 de 29 de abril de 2005. Dis- AUTORES
põe sobre o tratamento e a disposição final dos aldelice Leite de Oliveira
W
resíduos dos serviços de saúde e dá outras pro- Leonardo Bernardes Rodrigues
vidências. Diário Oficial da União nº 084, Seção Laércio Silvano De Oliveira Júnior
1, p. 63-65. [citado em 05/05/2016]. Disponível Sarah Montiel Gomes Eloi
em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/ Micheline Marie Milward De Azevedo Meiners
res/res05/res35805.pdf>. Margô Gomes De Oliveira Karnikowski
Distrito Federal. Secretaria de Saúde. Portaria Camila Araújo Queiroz
nº 250, de 17 de dezembro de 2014. Disponível Vanessa Resende Nogueira Cruvinel
em: http://www.rcambiental.com.br/Atos/ver/ Emília Vitória Da Silva
PORT-SES-DF-250-2014/ Camila Alves Areda
Distrito Federal. Câmara Legislativa do Distrito Hayssa Moraes Pintel Ramos
Federal. Lei nº 5.092, de 3 de abril de 2013. [ci- Dayani Galato
tado em 05/05/2016]. Disponível em: <http://
legislacao.cl.df.gov.br/Legislacao/consultaTex- CONTATOS
toLeiParaNormaJuridicaNJUR-10265!buscarTex- wal_oliveira@uol.com.br
toLeiParaNormaJuridicaNJUR.action>. leobernardes.lb@gmail.com
Distrito Federal. Secretaria de estado da saúde. laercio.soji@gmail.com
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caareda@gmail.com
Oliveira, WL; Vieira, AO; Alves, DR; Silva. EV; Gon- hayramoos@gmail.com
zaga, FC; GALATO, D. Descarte de Medicamentos: Dayani.galato@gmail.com
Perfil de uma unidade de saúde de Taguatinga
no Distrito Federal - DF. 2015.
Rodrigues LB; Oliveira Junior, LS; Eloi, SMG; MEI-
NERS, M. M. M. A.; Karnikowski, MGO; Areda, CA;
Oliveira, WL; GALATO, D. . O custo do descarte de
medicamentos, muito mais que a incineração: o
relato da experiência de uma unidade de saúde
do Distrito Federal. 2015.
Vieria FS. Zucchi P. Aplicações diretas para a
aquisição de medicamentos no Sistema Úni-
co de Saúde. Revista de Saúde Pública 2011;
45(5):906-13.
25
Campo Grande/MS
rio lideram o ranking de causas, com 29,2% das O processo de implantação do serviço per-
mortes. Em seguida, vieram os óbitos por neo- correu diversas etapas, sendo utilizado um mé-
plasias (19,91%); doenças do aparelho respira- todo de gerenciamento de projetos para sua
tório (12,64%); causas externas de morbidade e execução. As 9 unidades de saúde participan-
mortalidade (11,33%); e outras causas (26,92%), tes do projeto realizaram, no período compre-
segundo dados da Secretaria Municipal de Saú- endido entre abril e julho de 2016, 188 consul-
de (SESAU), de 2014. tas sendo 159 consultas iniciais e 29 de retorno.
Foram detectados 593 problemas relacionados
Estruturação da rede de saúde à farmacoterapia e foram realizadas 1005 inter-
venções farmacêuticas em 97,5% dos pacientes.
Os serviços de atenção primária da Rede Em toda a rede municipal de saúde existem
Municipal de Saúde de Campo Grande (Remus) 82 farmácias. A cobertura das unidades de saú-
são organizados em quatro distritos sanitários de por profissionais farmacêuticos, até abril de
(Norte, Sul, Leste e Oeste) e englobam 37 Uni- 2016, era de 80%, apesar de o município ter 102
dades Básicas de Saúde da Família (UBSF); 26 farmacêuticos vinculados à Coordenadoria de
Unidades Básicas de Saúde (UBS); uma unida- Assistência Farmacêutica (CAF). Isso se explica
de de Farmácia Especializada; quatro centros devido ao fato de vários farmacêuticos terem
de especialidades (Centro de Especialidades assumido funções e setores não assistenciais,
Médicas e Odontológicas, Centro de Doenças tais como gerência, chefia ou coordenadoria.
Infectocontagiosas e Parasitárias, Centro Or-
topédico e Centro de Saúde do Homem); dois RELATO DA EXPERIÊNCIA
hospitais municipais (Hospital da Mulher e
Hospital-Dia); nove unidades de Saúde 24 ho- A institucionalização das atividades clínicas,
ras, sendo quatro Centros Regionais de Saúde e no serviço aconteceu pela necessidade de am-
cinco Unidades de Pronto Atendimento (Upas); pliação das atividades farmacêuticas com foco na
cinco Centros de Atenção Psicossocial (Caps) segurança do paciente, como estratégia funda-
do tipo II (ambulatoriais) e um do tipo III (para mental para melhoria na qualidade da assistência
atendimento emergencial). e promoção do uso racional de medicamentos.
Da lista de unidades de saúde especiali- As etapas para se alcançar a ampliação dos
zadas fazem parte os Centros de Especialida- serviços farmacêuticos em Campo Grande fo-
des Municipal (CEM), Ortopédico (Cenort), de ram desenvolvidas ao longo dos anos. Foram
Atendimento à Mulher (Ceam), de Referência diversas as tentativas e diversos os fracassos
à Saúde do Homem (CRSH), de Especialida- para efetiva implementação de um serviço de
des Infantil (CEI), e de Doenças Infecto-Para- Farmácia Clínica.
sitárias (Cedip/SAE/HD); a Unidade Especia-
lizada de Reabilitação e Diagnóstico (Uerd); A fomentação com um seminário de assis-
seis Centros de Atenção Psicossocial (Caps), tência farmacêutica, realizado em 2014, iniciou a
sendo um Caps Infantil (Capsi), um Caps III, proposta a ser formulada e implantada. Esse se-
um Caps Álcool e Drogas, dois Caps II, e um minário contou com a participação de usuários,
Caps Pós-Trauma (CAPPT); dois Centros de técnicos de diversos serviços da Sesau, gestores
Especialidades Odontológicas (CEO III e CEO e farmacêuticos. Durante as discussões, ficou
II) e ambulatórios especializados. evidente para os participantes a necessidade
de uma mudança nas práticas do farmacêutico
Assistência farmacêutica e no papel da Farmácia nas unidades de saúde:
era necessário fazer mais do que apenas ga-
Em complemento às etapas logísticas do rantir o acesso. Os usuários exigiram o atendi-
ciclo de assistência farmacêutica, este projeto mento farmacêutico diferenciado.
visa promover o uso racional de medicamentos A partir deste seminário e da experiência
e o melhor acompanhamento ao tratamento acumulada de outros anos, foi criado um grupo
dos pacientes. Para isso, foi implantado o ser- técnico para elaboração e execução do projeto
viço de Farmácia Clínica nas unidades básicas de implantação do serviço de Farmácia Clíni-
de Saúde do município de Campo Grande. ca. A primeira ação foi definir uma metodologia
27
para gerenciar o andamento do projeto, basea- • Conselho Federal de Farmácia (CFF) e Con-
da no PMBOK Guide (descrita na metodologia). selho Regional de Farmácia do Estado de
A formulação e gerenciamento do projeto en- Mato Grosso do Sul (CRF-MS):
volveu as seguintes etapas: 1. aprovação do projeto;
2. apoio técnico para execução do projeto;
Identificação das partes envolvidas no
3. apoio para execução do treinamento
projeto e recursos necessários
dos farmacêuticos.
Para o adequado desenvolvimento do pro-
jeto foram essenciais a aprovação e o apoio, • Conselho Municipal de Saúde:
com o provimento dos recursos necessários, de 1. aprovação do projeto;
diversas instâncias da Sesau. Segue uma des- 2. avaliação da execução do projeto e do
crição de cada parte envolvida e de suas res- serviço implantado;
pectivas responsabilidades: 3. apoio institucional à execução do
projeto.
• Secretário de Saúde, Diretoria de Assistên-
cia à Saúde:
• Grupo de trabalho em Farmácia Clínica:
1. aprovação do projeto;
1. elaboração do projeto de implantação
2. provimento de recursos necessários do serviço de Farmácia Clínica;
para desenvolvimento do projeto;
2. execução do projeto de implantação do
3. provimento dos recursos necessários serviço de Farmácia Clínica.
para funcionamento do serviço;
4. destinação dos recursos humanos para Análise de riscos
adequado funcionamento do serviço;
5. destinação da estrutura física ade- Riscos são eventos ou condições desco-
quada para o funcionamento do ser- nhecidas que podem afetar os objetivos do
viço; projeto de forma positiva ou negativa. Todo
projeto tem riscos. Por isso é preciso antecipá-
6. criação do serviço de Clínica Farmacêu-
-los e realizar uma análise de riscos. Isto é feito
tica, subordinado à CAF.
em quatro etapas:
• encontrar os riscos;
• Coordenação de Assistência Farmacêutica:
• analisar os riscos;
1. aprovação do projeto;
• desenvolver o plano de riscos;
2. coordenação e supervisão da execução
do projeto; • mitigar os riscos antes que eles tomem
proporções que possam prejudicar o
3. coordenação, supervisão e avaliação do
projeto.
serviço implantado;
4. interlocução com as demais coorde- Os riscos encontrados devem ser classifi-
nadorias e serviços da Sesau nas di- cados quanto aos seguintes apectos:
versas etapas de desenvolvimento do
- impacto no projeto;
projeto;
- probabilidade de ocorrência.
5. montar um grupo de trabalho para exe-
cução do projeto; Os riscos possuem fatores desencadeantes
6. cessão de local para reuniões e aulas, ou gatilhos. Deve-se desenvolver ferramentas
computadores, data-show, telefone, im- para identificar estes fatores quando eles es-
pressora e materiais de escritório ne- tão atingindo o projeto ou, preferencialmente,
cessários; antes que eles comecem a afetá-lo. A análise de
7. cessão de carro da CAF para realizar vi- riscos é uma ferramenta utilizada pela equipe
sitas às unidades durante a execução envolvida, não deve ser apresentada no proje-
do projeto. to nem divulgada para todos os envolvidos.
28
ticam exercícios físicos e 56% apresentam por paciente. A maioria dos problemas foi
alto grau de risco cardiovascular. Foram de- relacionada à administração e adesão ao
tectados 593 problemas relacionados à far- tratamento, conforme discriminados no grá-
macoterapia, uma média de 3,7 problemas fico a seguir.
60,00%
52,00%
50,00%
40,00%
30,00%
22,60%
20,00%
13,99%
10,00%
3,54% 2,36% 2,20% 2,20% 1,20% 0,16%
0,00%
ão
ão
ão
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Fa
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Ad
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al
Qu
60%
49%
50%
40%
30%
20%
20%
13%
11%
10% 7%
0%
Aconselhamento Provisão de Recomendações Alterações na Encaminhamento
materiais de exames farmacoterapia
30
CONCLUSÃO
INSTITUIÇÃO
Documento de registro de encaminhamento de paciente Secretaria Municipal de Saúde de Campo Gran-
de (MS)
AUTORES
Espírito Santo
Sistema Estadual de
Registro de Preços (Serp): compra
eficiente de medicamentos na
atenção primária à saúde
CARACTERIZAÇÃO prematuras e perda de qualidade de vida da
população.
O estado do Espírito Santo possui 3.885.049 As doenças do aparelho circulatório re-
habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de presentam a primeira causa de óbito para
Geografia e Estatística (IBGE/2014). A região ambos os sexos, ganhando forte significado
metropolitana corresponde a 43,4% da popu- a partir dos 50 anos de idade. Destacam-se
lação. Do total, aproximadamente 83% reside os óbitos por doença isquêmica do coração
na zona urbana. A densidade populacional é de e doença cerebrovascular, ocupando 34% e
84,28 habitantes/km2. 32% respectivamente. Enquanto em indiví
duos do sexo masculino a incidência de óbi-
Perfil epidemiológico tos por doença cardíaca foi maior, no sexo fe-
minino prevaleceram as mortes por doenças
As doenças crônicas não transmissíveis cerebrovasculares. O infarto agudo do mio-
são as principais responsáveis pelas mortes cárdio foi responsável por 85% das mortes
33
por doença isquêmica do coração em 2010, Assistência farmacêutica
seguido pelas doenças isquêmicas crônicas,
com 12%. Entre as mortes por doenças cere- A assistência farmacêutica estadual possui
brovasculares, o acidente vascular cerebral uma equipe composta por 85 farmacêuticos, 02
foi responsável por 86%. nutricionistas, 43 médicos, 01 enfermeira, 04
A epidemia de Aids no Espírito Santo é con- assistentes sociais e 129 profissionais de nível
siderada estável. No ano de 2004 existiam 16,7 médio.
pessoas com Aids para cada 100 mil habitantes. O acesso aos medicamentos do Compo-
Em 2010, essa taxa permaneceu em 16,6, apre- nente Especializado da Assistência Farmacêuti-
sentando uma média de 500 casos novos por ca (Ceaf) no estado do Espírito Santo se dá por
ano nesse período. meio das farmácias cidadãs estaduais, novo
As coberturas vacinais de rotina em me- modelo em farmácia pública, com ênfase na
nores de 01 ano no Espírito Santo atingem as humanização e presença permanente de far-
metas preconizadas pelo Ministério da Saú- macêuticos na dispensação. Atualmente, exis-
de (90% para o BCG e 95% para as demais tem dez farmácias em diferentes municípios,
vacinas). abrangendo várias regiões do estado. No ano
de 2015, foram realizados 740 mil atendimentos
Estruturação da rede de saúde e abertos 25 mil novos processos de solicitação
de medicamentos, os quais são avaliados de
O estado conta com uma rede hospita- acordo com normas definidas em protocolos
lar própria, composta por 15 hospitais, distri clínicos.
buídos em 10 municípios, sendo que 03 destes Os medicamentos do Componente Bá-
hospitais são administrados por Organização sico da Assistência Farmacêutica (Cbaf ) são
Social (OS). financiados pelas três esferas de gestão, ad-
Além da rede hospitalar, o estado conta quiridos pelos municípios e dispensados nas
ainda com os seguintes serviços de referência: farmácias das unidades de saúde e farmácias
cidadãs municipais dos 78 municípios do es-
a) O Centro de Atendimento Psiquiátrico Dr.
tado. Atualmente, existem 12 farmácias cida-
Aristides Alexandre Campos (CAPAAC);
dãs municipais.
b) O Laboratório Central (Lacen);
c) O Centro de Atendimento Toxicológico RELATO DA EXPERIÊNCIA
do Espírito Santo (Toxcen);
d) O Centro de Reabilitação Física do Esta- O governo do estado do Espírito Santo, por
do do Espírito Santo (Crefes); meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa),
em parceria com diversas outras instituições,
e) Os Centros Regionais de Especialidades realizou, em 2006, o “Diagnóstico Estadual da
(CRE), onde são ofertadas consultas es- Assistência Farmacêutica na Atenção Primária
pecializadas e exames de apoio diag- em Saúde”. Foram envolvidos 25 pesquisado-
nóstico; res e trabalhou-se com uma amostragem de
f) Rede Nacional de Atenção Integral a 10 municípios, por meio de uma metodologia
Saúde do Trabalhador (Renast): validada e proposta pela Organização Mundial
g) O Centro de Hemoterapia e Hemato- de Saúde (OMS).
logia do Espírito Santo (Hemoes): res- A partir desses estudos, debateu-se e for-
ponsável pela capitação e qualidade mulou-se a política farmacêutica para o estado
do sangue fornecido a todos que dele com os diversos segmentos e atores afins, sen-
necessitam. Coordena, ainda, a Política do o segundo estado da Federação a implantar
Estadual de Assistência Integral às Pes- uma política própria na área.
soas com Doença Falciforme e outras Por meio desse diagnóstico, definiram-
Hemoglobinopatias; -se várias ações necessárias, no sentido de
h) O Centro de Referência em Homeopatia organizar e estruturar as diversas frentes de
e Acupuntura do ES. trabalho na área de assistência farmacêuti-
34
ca, inclusive um Sistema Estadual de Regis- internet contempla, além da adesão/progra-
tro de Preços (Serp). mação a publicação das atas, possibilitando
A Sesa formulou e apresentou aos gestores aos usuários realizarem os pedidos e poste-
municipais, por meio do Conselho dos Secretá- riormente informar ao sistema o recebimento
rios Municipais de Saúde (Cosems), a proposta do medicamento e o pagamento ao fornecedor,
de estruturação do Serp. sob pena do sistema não autorizar a realização
de novos pedidos.
Após a adesão, cada município elaborou
sua programação, com a estimativa de neces- Anualmente, a Sesa convida oficialmen-
sidades dos itens padronizados na Rememe te todos os 78 municípios para participa-
(Relação Estadual de Medicamentos) para 12 rem da programação anual do Serp. Então,
meses de consumo. Todas as diferentes pro- os municípios participantes elaboram a sua
gramações foram consolidadas pela Secretaria, programação no sistema de gestão do Serp,
com a estimativa de necessidades dos itens
transformando-se em um único objeto a ser li-
padronizados para 12 meses de consumo. As
citado, em escala muito maior do que seria a
programações são consolidadas pela Secre-
compra fragmentada por cada município.
taria e transformam-se em um único objeto
Realizou-se os vários pregões eletrônicos, a ser licitado. Este ano (2016), 58 municípios
por meio da Comissão Permanente de Licitação aderiram ao Serp, abrangendo mais de 3,28
da Sesa. Após a tramitação e cumprimento de milhões de pessoas, o que representa 84,5%
todas as etapas previstas na legislação, dispo- da população do estado.
nibilizou-se as Atas de Registro de Preços para
São realizados vários pregões eletrôni-
serem utilizadas pelos gestores municipais.
cos, por meio da Comissão Permanente de
Em paralelo, foi realizada uma consulta Licitação da Sesa. Após a tramitação e cum-
prévia ao Tribunal de Contas do Estado do Es- primento de todas as etapas previstas na le-
pírito Santo acerca da legalidade da adesão e gislação, as Atas de Registro de Preços são
utilização dos gestores municípais do Serp. O disponibilizados para os municípios, para se-
parecer favorável subsidiou e respaldou a arti- rem executadas. As atas possuem vigência de
culação e mobilização dos secretários munici- 12 meses.
pais de Saúde.
Os pedidos são realizados pelos municí-
A gestão do Serp é realizada pela Sesa, pios em qualquer tempo e de acordo com sua
por meio da Gerência Estadual de Assistên- programação prévia e necessidade. A entrega
cia Farmacêutica (Sesa/Geaf). Nesse modelo dos medicamentos é feita diretamente ao mu-
idealizado, a Secretaria faz apenas a gestão nicípio e a prefeitura faz o pagamento ao for-
virtual do mesmo, não se envolvendo em ne- necedor, preservando sua autonomia.
nhuma logística de suprimento nem na ges-
Após a realização dos pedidos é montado
tão financeira.
um processo interno e encaminhado ao se-
Objetivando-se facilitar o uso do Serp, ela- cretário municipal de Saúde, para avaliação
borou-se um passo a passo para orientar os e aprovação. O processo é, então, enviado ao
gestores municipais, disponibilizando-se toda Fundo Municipal de Saúde, para empenho e
a funcionalidade por meio da internet. confecção da autorização de fornecimento (AF)
e envio ao(s) fornecedor(es). As atas são dispo-
METODOLOGIA nibilizadas, os pedidos realizados e há relatos
de alguns municípios em que as AF são emiti-
A Sesa disponibiliza a todos os municípios das em 05 dias.
um sistema de gerenciamento do Serp via in- O grande diferencial do projeto é que
ternet. Para o acesso é necessário um cadastro não são necessários investimentos, além
prévio e posterior disponibilização de senha. A daqueles já previstos. O Serp promove, na
Sesa treinou todos os coordenadores munici- verdade, uma economia de recursos, já que
pais da assistência farmacêutica. inúmeros processos licitatórios nas prefei-
Após o primeiro acesso, o usuário pode al- turas, que envolvem vários recursos huma-
terar a senha. O sistema de gerenciamento via nos e materiais, podem ser substituídos por
35
um processo único, aproveitando a experi- que saem não repassam as informações ao
ência e a estrutura já existente. seu sucessor.
Para coordenar e articular todo o processo, Constatamos que, a principal necessidade
a Sesa disponibiliza um farmacêutico exclusi- do projeto hoje, é a contratação de outro pro-
vamente para tratar do Serp. fissional, pois o Serp é gerenciado por apenas
Há que se ressaltar ainda, que não existe um farmacêutico, além da estrutura da Comis-
custo extra com o armazenamento, controle, são Permanente de Licitação da Sesa. Além dis-
guarda e distribuição de medicamentos pela so, é necessário concluir o relatório do sistema
Sesa, pois essa logística é feita diretamente de gerenciamento do Serp, para uma melhor
com os municípios. gestão.
REFERÊNCIAS
INSTITUIÇÃO
Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo
AUTORES
Lucienne Bermond Fadini
Fábio Rogério Gomes Pereira
CONTATOS
luciennefadini@saude.es.gov.br
geaf.serp@saude.es.gov.br
40
Betim/MG
Implantação do serviço de
acompanhamento farmacoterapêutico
em unidade de atenção primária
à saúde de Betim: experiência
do Projeto Dia a Dia
CARACTERIZAÇÃO
concentração populacional na faixa etária de
20 a 49 anos, mas as taxas de crescimento
O município de Betim possui extensão ter-
apresentam redução. Nota-se uma aceleração
ritorial de 344 km2 e faz parte da região metro-
no envelhecimento da população, com tendên-
politana de Belo Horizonte, estando localizado
a uma distância de 30 km da capital mineira. cia de redução dos jovens, que serão supera-
Segundo estimativa do IBGE, em 1O de julho de dos pelos idosos.
2015, o município contava com 417.307 habitan- O planejamento estadual da década de 50,
tes. A pirâmide demográfica apresenta maior destinou a Betim duas funções econômicas: a
41
industrialização de base, representada pelas quatro unidades de atendimento imediato,
siderúrgicas, e a produção de alimentos para dois hospitais, um laboratório hospitalar, um
o abastecimento local. Nestes últimos 30 anos, hemocentro, quatro centros de referência em
o parque industrial de Betim cresceu e se di- saúde mental, dois centros de especialidades
versificou. Além de polo petroquímico e auto- médicas, um centro de atendimento psicosso-
motivo, a cidade também abriga importantes cial para dependentes de álcool e droga, uma
indústrias nos setores de metalurgia, alumínio, maternidade e um centro de controle de zoo-
mecânica e logística (BETIM, 2014). noses (BETIM, 2014).
A UAPS Petrovale, local do estudo, atende a
Perfil epidemiológico uma população estimada em 7.683 habitantes.
É composta por três equipes da Estratégia Saú-
Em Betim, nos anos de 2007 a 2010, obser- de da Família (ESF), com formação integral no
vou-se uma queda na taxa de mortalidade por período analisado (médico, enfermeiro, auxi-
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na liar de enfermagem e agentes comunitários de
faixa etária de 20 a 69 anos de idade, da ordem saúde). Conta ainda com uma equipe de apoio
de 435 óbitos para 346 óbitos para cada 100.000 formada por um clínico geral, um pediatra e
habitantes. Entre as internações hospitalares, uma ginecologista, além de auxiliares de enfer-
verifica-se que a principal causa, após excluí- magem e administrativos (BETIM, 2014).
dos gravidez, parto e puerpério, são as lesões,
envenenamentos e outras causas externas, que Assistência farmacêutica
respondem por 11,5% das internações e 10,4%
do valor pago por internações de habitantes de O município de Betim conta com 26 farmá-
Betim, em 2011. Na sequência, encontram-se as cias nas UAPS. Possui ainda quatro farmácias
doenças do aparelho circulatório (12,7%), e apa- nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs),
relho respiratório (11,9%). No município de Be- uma farmácia no Centro de Referência Especia-
tim, as doenças do aparelho circulatório foram lizado Divino Braga, uma Unidade Dispensadora
responsáveis pelo maior número de mortes en- de Medicamentos (UDM) – do Serviço Especia-
tre os anos de 2009 e 2011, ocupando segundo lizado de Prevenção e Atendimento a Doenças
lugar no período de 2005 a 2008, com tendên- Infectocontagiosas –, três farmácias no Centro
cia de crescimento. Entre as doenças do apare- Especializado de Referência Saúde Mental (Cer-
lho circulatório, as doenças cerebrovasculares sam), uma farmácia no Hospital Público Regio-
respondem por mais de um terço das mortes, nal de Betim, uma farmácia na Maternidade
seguidas por outras doenças cardíacas e pelas Municipal, a Farmácia Viva (manipulação de
doenças isquêmicas do coração, principalmen- medicamentos fitoterápicos e homeopáticos) e
te o infarto agudo do miocárdio (BETIM, 2013). uma Farmácia Popular do Brasil (BETIM, 2014).
Em relação ao diabetes, considerando a A assistência farmacêutica de Betim tem
população do município de Betim, para maio- como estratégia garantir o acesso aos medi-
res de 20 anos, (estimativa de 417.307 habi- camentos disponíveis na Relação Municipal
tantes, IBGE 2015), a população diagnosticada de Medicamentos Essenciais (Remume). A lis-
estaria em torno de 23 mil pessoas. A taxa de ta conta com 308 apresentações padronizadas;
mortalidade pela doença tem uma tendência desses, 231 são dispensados aos pacientes, e
crescente, saindo de 8,8 por 100.000 habitan- 77 são de uso interno nas unidades. A assistên-
tes em 2007 para 18,2 por 100.000 habitantes cia farmacêutica desenvolve ainda ações para
em 2011 (BETIM, 2013). atender às demandas de medicamentos não
constantes na Remume, de medicamentos para
Estruturação da rede de saúde doenças de baixa prevalência, para casos de
falha terapêutica ou para eventos adversos aos
O município de Betim possui 270 estabe- medicamentos padronizados. Também direcio-
lecimentos de saúde listados no Cadastro Na- na a elaboração e/ou a renovação dos proces-
cional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). sos de solicitação de medicamentos do Com-
A rede de atendimento é formada por 34 uni- ponente Especializado à Secretaria de Estado
dades de atenção primária à saúde (UAPS), de Saúde (SES).
42
Nome
Prontuário
Equipe
Idade
1º monit monit monit monit monit monit monit monit monit monit monit monit
consulta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
PA
GC
PESO
ALTURA
IMC
CINTURA
QUADRIL
GJ
A1C
COL
HDL
LDL
TG
CREAT
RFG
data avaliação
data exames
Dr (a) __________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________
32%
35%
30%
25% 21%
19%
Percentual
18%
20%
15%
10% 5%
3% 2%
5%
0%
1 2 3 4 5 6 7
PRM: 1) medicamento desnecessário; 2) necessita de medicamento adicional; 3) medicamen-
to inadequado; 4) dose inferior ao necessário; 5) reação adversa aos medicamentos; 6) dose
superior ao necessário e 7) adesão inapropriada ao medicamento.
O PRM 2 foi o mais prevalente (32%). Na 1, caracterizado pelo uso de medicamento des-
primeira consulta predominou a necessidade necessário, apresentou-se em 3% do total de
de medicamento adicional para controle do casos. O PRM 3, definido pelo uso de medica-
diabetes ou HAS, uma vez que os pacientes mento inefetivo ou contraindicado para a con-
não atingiram os objetivos terapêuticos com a dição clínica do paciente, apareceu em 2% do
dose máxima do tratamento instituído até en- total de PRM.
tão. Ao longo do acompanhamento, porém, foi
As intervenções farmacêuticas podem ser
observada uma maior necessidade de medica-
farmacológicas, em busca de mudanças na far-
mento profilático, como ácido acetilsalicílico e
macoterapia, ou medidas não farmacológicas,
estatina, para prevenção primária de eventos
com o intuito de estimular o paciente a buscar
cardiovasculares em pacientes de alto risco. O
hábitos de vida mais saudáveis. Nesse sentido,
PRM 7 (não adesão) foi o 2º mais prevalente,
todos os pacientes receberam orientação es-
tendo como causa principal a não compreen-
quemática, na forma de um desenho explica-
são das instruções de uso do medicamento. O
tivo de como as altas taxas de glicose na cor-
PRM 5 apareceu em 19% dos casos, tendo como
principais reações adversas a hipoglicemia em rente sanguínea podem trazer complicações, e
uso de insulinas e glibenclamida; a diarreia em como agem os medicamentos indicados.
uso de metformina de liberação imediata; e a A bolsinha de TNT, para guardar e orientar
dispepsia em uso de AAS 100mg. A baixa dose o uso de medicamentos, foi oferecida a todos
terapêutica (PRM 4) foi observada em 18% dos os 16 pacientes em uso de medicamentos orais,
casos e a dose excessiva (PRM 6), represen- sem recusa por parte de nenhum. Mostrou-se
tou 5% do total de PRM identificados. O PRM um importante fator de adesão ao tratamento
47
e uso correto, contribuindo para garantir a au- Entre os desafios para a prática do serviço
tonomia de cuidado ao paciente. podemos citar o registro das atividades, que
Os pacientes que usavam insulina foram era feito triplicado: no Sigaf, no prontuário do
orientados quanto às técnicas corretas de ar- paciente e nas anotações pessoais da farma-
mazenamento, transporte e utilização do me- cêutica. A informatização dos prontuários por
dicamento. meio de um sistema operacional que contem-
pla o cuidado farmacêutico faz-se necessária
Na primeira consulta, todos os pacientes
para minimizar o tempo gasto na consulta e fa-
receberam orientações simples de hábitos
vorecer o compartilhamento das informações.
alimentares saudáveis e sua importância no
tratamento do diabetes, bem como foram es- No município de Betim, o farmacêutico
timulados para a prática de atividades físicas do SUS não é exclusivamente clínico e precisa
regulares, com metas graduais devidamente manter todas as rotinas da farmácia em anda-
pactuadas. mento. Esse fato também se configurou como
uma limitação para o AF. Sistemas informatiza-
A Tabela 2 apresenta as intervenções pro-
dos de controle de estoque e dispensação, re-
postas.
cursos humanos, procedimentos operacionais
aos atendentes e normas bem estabelecidas
Tabela 2 - Intervenções farmacológicas propostas
podem favorecer a prática clínica, liberando
horas de trabalho da farmacêutica.
Tipo de intervenção N (%)
Por tratar-se de uma prática nova na UAPS
Mudança de dose 25 (10%)
Petrovale, as consultas farmacêuticas não ti-
Mudança de posologia 20 (8%) nham um espaço destinado para esse fim e era
Adição de medicamento 37 (14%) necessário buscar consultórios vazios a cada
Troca de medicamento 15 (6%) atendimento. O ambiente da farmácia, volta-
Retirada de medicamento 9 (4%) do para dispensação, não oferecia um espaço
Ensinar uso correto do medicamento 76 (30%) privativo minimamente equipado para as con-
sultas. A partir da consolidação do serviço na
Conscientização para adesão 75 (29%)
unidade, esperamos definir um espaço físico
Total 257
compartilhado com outros profissionais, com
escala pré-definida de uso.
Houve predomínio das duas intervenções
voltadas para medidas de conscientização e Por fim, impactaram, também, a carência
ensino do uso correto dos medicamentos. A de computador, acesso à internet e impressora,
população estudada demonstrou grande ca- para agilizar o processo de trabalho. Tal estru-
rência de informação e falhas na compreensão tura faz-se necessária de forma permanente no
da prescrição, o que exigiu a repetição dessas consultório destinado aos atendimentos e será
intervenções em várias consultas subsequen- providenciada nas etapas futuras de informati-
tes, aumentando sua proporção frente às de- zação da rede básica de saúde de Betim.
mais intervenções. A terceira intervenção mais
frequente foi a sugestão para adição de medi- CONCLUSÃO
camento, o que era esperado, considerando a
alta prevalência do PRM 2. A experiência de implantação do serviço de
AF foi extremamente enriquecedora. A presen-
Próximos passos, desafios e necessidades ça da farmacêutica como membro da equipe da
UAPS foi muito relevante para a prática clínica.
Entre os 13 pacientes que concluíram o es- O apoio do gestor local e dos demais profissio-
tudo, apenas 1 preferiu não continuar no ser- nais foram fatores importantes para o sucesso
viço, uma vez que se encontra estável e bem do serviço. A receptividade dos pacientes tam-
adaptado à farmacoterapia. A proposta é man- bém foi relevante para a continuidade do ser-
ter o serviço e oferecê-lo a outros pacientes viço. Alguns pacientes relataram surpresa pelo
com diabetes, otimizando os pontos que apre- novo papel do farmacêutico, que imaginavam
sentaram alguma dificuldade. restrito à farmácia e seus produtos.
48
O tratamento farmacológico na associa- da adesão ao tratamento e uso correto dos
ção de doenças crônicas exige o uso de po- medicamentos.
lifarmácia, aumentando significativamente Concluímos que o serviço de AF pode con-
a probabilidade de ocorrência de PRM. Esse tribuir de forma significativa para a inserção do
cenário mostrou-se ambiente imprescindível farmacêutico na equipe multidisciplinar e a va-
para atuação do farmacêutico clínico, como lorização da profissão. A atuação do farmacêu-
mais um membro da equipe de cuidado, por tico pode trazer benefícios claros ao paciente,
meio do serviço de acompanhamento farma- quando o profissional se responsabiliza pelos
coterapêutico. resultados terapêuticos e busca garantir que
A prática das consultas farmacêuticas fo- o paciente utilize os medicamentos indicados,
mentou a criação de formulários e ferramentas efetivos e seguros para sua condição.
para aperfeiçoar o trabalho do farmacêutico e
alcançar os resultados esperados junto aos pa- REFERÊNCIAS
cientes.
ACÚRCIO et al. Avaliação epidemiológica e eco-
A experiência mostrou o predomínio do
nômica dos esquemas terapêuticos utilizados
PRM 2, no qual o paciente necessita de medi-
no tratamento do diabetes em Minas Gerais.
camento adicional para sua condição de saú-
Projeto - Universidade Federal de Minas Gerais,
de. O resultado é coerente com outros estudos
Belo Horizonte, 2010.
dessa natureza, mas diverge do senso comum
entre profissionais da saúde, que apontam as BETIM. Plano Municipal de Saúde 2014 a 2017.
falhas de adesão como principal causa de PRM. Betim, 2014. Disponível em: http://www.betim.
Os problemas de adesão ao tratamento apare- mg.gov.br/ARQUIVOS_ANEXO/Plano_Municipal_
ceram em segundo lugar no total de PRM, de- de_Saude;;20150213.pdf. Acesso em 22 set. 2014.
monstrando a importância do papel do farma- BETIM. Avaliação das Doenças e Agravos Não
cêutico clínico na educação para o uso correto Transmissíveis, seus fatores de risco e fatores
e conscientização do paciente. protetores no município de Betim. Serviço de
Nas intervenções farmacêuticas propostas, Vigilância Epidemiológica. Betim, 2013.
observamos o predomínio de orientações para INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTA-
adesão e uso correto dos medicamentos. Esse TISTICA - IBGE. Cidades. Disponível em: <http://
resultado mostra a capacidade de atuação do cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&-
farmacêutico com seus conhecimentos ine- codmun=310670>. Acesso em 10 mar. 2015.
rentes à profissão, no primeiro momento, para
OLIVEIRA, Djenane Ramalho de. Atenção farma-
depois avançar nas propostas de alteração de
cêutica: da filosofia ao gerenciamento da tera-
tratamento, que exigem maior aprofundamen-
pia medicamentosa. São Paulo: RCM Editora,
to sobre as evidências farmacoterapêuticas.
2011. 326p.
Nesse contexto, o serviço de acompanha-
mento farmacoterapêutico pode contribuir INSTITUIÇÃO
de forma significativa para a inserção do far-
Secretaria Municipal de Saúde de Betim (MG)/
macêutico na equipe multidisciplinar de ESF Unidade de Atenção Primária à Saúde
e a valorização da profissão. A atuação do
farmacêutico pode trazer benefícios claros AUTORA
ao paciente, quando o profissional se respon-
sabiliza pelos resultados terapêuticos e bus- Lorayne Caroline Resende
ca garantir que o paciente utilize os medica-
mentos indicados, efetivos e seguros para sua CONTATO
condição. O farmacêutico pode ser um indutor loraynefarma@yahoo.com.br
49
Teófilo Otoni/MG
Atenção farmacêutica
a pacientes hipertensos de alto
risco no Centro Estadual de Atenção
Especializada (Ceae) do
município de Teófilo Otoni
CARACTERIZAÇÃO compõem a sua macrorregional de saúde. Os
pacientes hipertensos, após estratificados
O Centro Estadual de Atenção Especializa- pela atenção primária, são encaminhados ao
da (Ceae) é um centro de atenção secundária Ceae para atendimento médico especializado,
à saúde caracterizado por oferecer atendimen- realização de exames e consultas com equipe
to médico especializado a pacientes hiper- multidisciplinar composta por nutricionista,
tensos com alto grau de risco. O Centro pos- enfermeiro, assistente social, psicólogo, edu-
sui sede no município de Teófilo Otoni (MG) cador físico, fisioterapeuta e farmacêutico. O
e tem como abrangência 32 municípios que farmacêutico foi inserido no corpo clínico em
50
julho de 2014 e suas atividades se referem a ainda mais alarmantes quando consideramos
assistência farmacêutica para reabilitação te- os estudos realizados pela Secretaria Esta-
rapêutica dos pacientes. dual de Saúde de Minas Gerais que aponta a
O município de Teófilo Otoni se localiza fração de 25% da população de hipertensos
no nordeste de Minas Gerais, no Vale do Mu- como de alto grau risco ou muito alto grau
curi, e é considerado o centro macrorregio- de risco.
nal, ocupando uma área de 3.242,8 Km2, abri-
gando uma população de 134.733 habitantes, METODOLOGIA
e densidade populacional de 39,3 hab/km²
(IBGE, 2010). Como cidade polo, Teófilo Otoni O farmacêutico foi inserido no Ceae em
absorve em seu contexto assistencial, todas julho de 2014, com o objetivo de realizar as-
as referências ambulatoriais e hospitalares sistência farmacêutica integral ao paciente hi-
de 63 municípios. pertenso na expectativa de promover melhoria
clínica do mesmo. O estudo proposto avaliou a
O sistema público de Saúde de Teófilo evolução do encaminhamento de pacientes hi-
Otoni abrange todos os níveis de atenção. A pertensos ao centro de atenção secundária, no
atenção primária é composta por 32 unidades período de agosto de 2014 à dezembro de 2015.
distribuídas em 4 distritos (Distrito Sul, Dis- Os pacientes atendidos no centro são moni-
trito Norte I, Distrito Norte II e Distrito Leste). torados por meio de prontuários eletrônicos
A cobertura apresenta-se em 100%, fazendo com anamnese clínica compreendida de dados
parte de todas as equipes de saúde: médicos, pressóricos, índice de massa corporal, idade,
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enferma- sexo, hábitos de vida (tabagismo, etilismo, se-
gem e agentes comunitários de saúde. Além dentarismo) e níveis de colesterol.
disso, a atenção básica conta com o apoio
multidisciplinar de quatro Núcleos de Apoio à O município de Teófilo Otoni possui cerca
Saúde da Família (Nasf). Os serviços de urgên- de 1.537 pacientes cadastrados no Ceae e para
cia e emergência são direcionados ao Servi- a pesquisa foram acompanhados 600 pacien-
ço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tes em um período de 12 meses.
que possui sede no município mas atende a O monitoramento clínico dos pacientes hi-
toda macrorregião, a unidade de pronto aten- pertensos foi realizado com os dados obtidos
dimento (UPA) e o Hospital Municipal Rai- dos prontuários eletrônicos e considerando os
mundo Gobira. Na atenção terciária são cinco pacientes que foram submetidos à assistência
hospitais, três públicos e dois privados, sendo farmacêutica em seu tratamento. Para avaliar a
o Hospital Santa Rosália a instituição que ab- eficiência da assistência farmacêutica no trata-
sorve maior demanda devido a seu caráter de mento dos hipertensos foram considerados os
alta complexidade. seguintes índices:
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é 1) Porcentagem de pacientes com adesão
uma doença crônica com um alto custo médi- ao tratamento.
co-social, sendo um dos fatores de risco mais Foi analisada a porcentagem de pacien-
comuns para a expansão de doenças cardio- tes que demonstraram compreender, aceitar
vasculares. No Brasil, as doenças cardiovas- e realizar a conduta terapêutica proposta, as-
culares são responsáveis por 33% dos óbitos sim como manter-se frequente às consultas
com causas conhecidas (Almeida et al, 2003). médicas e farmacêuticas, bem como a realiza-
Além disso, essas doenças foram a primeira ção de exames.
causa de hospitalização no setor público, en-
tre 1996 e 1999, e responderam por 17% das 2) Porcentagem de pacientes que apre-
internações de pessoas com idade entre 40 e sentaram redução dos níveis de pres-
59 anos e 29% daquelas com 60 ou mais anos. são sistólica após atenção farmacêutica
O perfil epidemiológico do estado de Minas realizada.
Gerais estima a prevalência de 20% de hiper- Considerou-se os pacientes que foram
tensos na população com idade acima de 20 submetidos, no mínimo, a duas aferições de
anos (Lima e Costa et al, 2009). Os dados são pressão durante 12 meses e apresentaram, em
51
sua última aferição de pressão sistólica, níveis O Ceae obteve um aumento significativo
menores que a primeira durante este período. do número de pacientes hipertensos cadas-
3) Porcentagem de pacientes que apresen- trados entre os anos de 2014 e 2015. No perfil
taram redução na terapia medicamen- epidemiológico do município de Teófilo Otoni
tosa após intervenção farmacêutica. estima-se que 4 mil indivíduos apresentam hi-
pertensão de alto risco. Entretanto, é necessá-
A redução da terapia medicamentosa foi
rio que a atenção primária realize busca ativa
estabelecida por diminuição da dose de medi-
destes pacientes para que sejam conduzidos
camentos e ou redução da quantidade de clas-
a um atendimento especializado. O programa
ses de anti-hipertensivos utilizados.
de educação permanente e matriciamento do
4) Porcentagem de pacientes que obtive- Ceae promoveu maior estímulo aos encami-
ram alta do Ceae. nhamentos de pacientes hipertensos no ano
Os pacientes que apresentaram níveis de 2015, como demonstra a tabela 1.
pressóricos menores que 140x90 mmHg no pe-
ríodo de 90 dias foram deligados temporaria- TABELA 1 - Pacientes hipertensos de alto risco
encaminhados ao Ceae
mente do Ceae por não estarem estratificados
como alto grau de risco ou muito alto grau de
risco. ANO 2014 2015 %
PACIENTES 487 1.537 215,6
Diante dos parâmetros analisados obje-
tivou-se avaliar a eficiência da atenção far- Fonte: Centro Estadual de Atenção Especializada
macêutica aos pacientes hipertensos de alto
risco em um centro de atenção secundária à Descrição dos impactos gerados com esta
saúde. experiência
A proposta foi avaliar a interferência do
atendimento farmacêutico na conduta tera- O controle da Hipertensão Arterial Sistê-
pêutica do paciente quanto à adesão ao tra- mica depende da colaboração do paciente com
tamento, diminuição dos níveis pressóricos, o tratamento. O primeiro passo para se obter
redução da terapia medicamentosa e a porcen- sucesso no tratamento, é a aceitação da pato-
tagem de altas dos mesmos. logia. Posteriormente, o hipertenso deve bus-
car conhecimento sobre as possíveis complica-
RELATO DA EXPERIÊNCIA ções e realizar a adesão ao tratamento (SILVA,
2010). A adesão é fundamental para que o tra-
O paciente hipertenso de alto risco ne- tamento seja efetivo, no entanto, vários fatores
cessita de extremo cuidado e atenção, pois a podem interferir neste processo, entre eles, o
cronicidade da doença ocasiona complicações sexo, a idade, hábitos religiosos, conhecimento
que resultam em mudanças significativas na em relação aos anti-hipertensivos, condições
sua qualidade de vida. O caráter multifatorial socioeconômicas e, principalmente, o apoio
da hipertensão e as comorbidades que podem familiar e de profissionais da saúde (VITOR et
ser desenvolvidas pela mesma se traduzem em al., 2011). A atenção farmacêutica em sua es-
enorme preocupação com problemas relacio- sência busca estreitar a aceitação do paciente
nados à automedicação. A aquisição de produ- ao uso racional de medicamentos e favorecer
tos de venda livre ou até mesmo medicamen- a adesão ao tratamento. Diante disso, foi ana-
tos fornecidos por terceiros agravam a situação lisada a porcentagem de adesão ao tratamen-
(DANTAS, 2011). to dos pacientes hipertensos de alto risco. Os
Assim, o farmacêutico se torna um profis- resultados obtidos demonstraram que 82%
sional fundamental para contornar esses obs- (n=492) dos 600 pacientes apresentaram ade-
táculos e garantir a eficiência do tratamento são ao tratamento e apenas 18% (n=108) não
do paciente hipertenso, uma vez que ele é de- manifestaram adesão mesmo submetidos à
tentor de todo o conhecimento a respeito do atenção farmacêutica.
medicamento e será o elo entre o prescritor e O atendimento clínico farmacêutico ba-
o paciente. seia-se nas informações dispensadas ao pa-
52
ciente quanto ao uso correto dos medicamen- venção da atenção farmacêutica. Verificou-se
tos prescritos e o comprometimento quanto à por meio da anamnese dos pacientes, contidas
conduta do tratamento. A adesão dos pacien- nos prontuários eletrônicos, que a redução dos
tes é mensurada por meio da contrarreferência níveis pressóricos não apresentou a mesma
enviada pela atenção primária e do questio- eficiência na ausência da atenção farmacêuti-
nário de aceitabilidade/adesão ao tratamento ca, perfazendo apenas 55% (n=330) dos pacien-
aplicado pelo farmacêutico. tes com melhoria clínica.
55%
45%
25%
82%
Sem AF Com AF
52%
48% 45%
55%
32%
Sem AF Com AF
INSTITUIÇÃO
Centro Estadual de Atenção Especializada
(Ceae) de Teófilo Otoni
AUTORES
Daniel de Azevedo Teixeira (Coordenador)
Martha Honorato
Fernanda Miranda Froeder
Aline Camargos Abrantes
Rio de Janeiro/RJ
Acompanhamento
farmacêutico de pacientes em
tratamento de sífilis com penicilina
benzatina em uma unidade da
Estratégia de Saúde da Família, no
município do Rio de Janeiro
CARACTERIZAÇÃO tada no país e a mais conhecida no exterior.
Com uma população estimada em 6,4 milhões
A cidade do Rio de Janeiro é o destino mais (IBGE/2013), o Rio de Janeiro é uma cidade de
frequente do turismo internacional no Bra- fortes contrastes econômicos e sociais. Cerca
sil, na América Latina e em todo o hemisfério de 22% dos moradores, quase 1,5 milhão de
Sul. Também é a capital brasileira mais visi- pessoas, vivem em favelas sobre os morros,
56
onde as condições de moradia, saúde, educa- didos pelos CMS. Desde 2009, a cidade conta
ção e segurança são extremamente precárias. com o programa Saúde Presente, que oferece
um sistema integrado e personalizado de as-
Perfil epidemiológico sistência a regiões até então prejudicadas na
gestão de saúde. O cidadão tem uma equipe
A Organização Mundial de Saúde estima de saúde multidisciplinar que o acompanha,
a incidência de 1 milhão de casos de sífi- oferecendo orientações sobre promoção da
lis por ano, entre as gestantes e preconiza saúde e prevenção de doenças e realizando
a detecção e o tratamento, em tempo o diagnóstico precoce de enfermidades. Com
oportuno, destas e de seus parceiros. A o programa, a expectativa é melhorar indica-
infecção pode ser transmitida ao feto com dores de mortalidade materno-infantil e de
graves complicações. qualidade de vida da população, além de re-
duzir custos hospitalares, na medida em que
A sífilis é uma doença sexualmente trans-
é mais praticada a medicina preventiva, di-
missível (DST) de ação sistêmica, causada
minuindo internações, consultas e exames.
pela bactéria Treponema pallidum. Pode ser
classificada entre sífilis adquirida, quando Implantado pela Secretaria Municipal de
é transmitida durante o ato sexual ou por Saúde (SMS), o sistema integrado de atendi-
transfusão sanguínea, ou sífilis congênita, mento é composto por 80 clínicas da família,
quando é transmitida da mãe para o filho por entre outras unidades (tabela 1), e tem como
meio da placenta. objetivos a prevenção de doenças e a promo-
ção da saúde do cidadão. Nesse sentido, as
A sífilis congênita é um grave problema de
clínicas representam um marco na reformu-
saúde que pode ser evitado com o diagnóstico
lação da Atenção Primária. Desde o início do
precoce e a adoção de todas as medida para o
programa, houve a ampliação da cobertura da
tratamento e a cura. O diagnóstico precoce e
Estratégia de Saúde da Família, de 3,5% da po-
o tratamento adequado são muito importantes
pulação do município, em janeiro de 2009, para
para o combate à doença.
47,03%, em abril de 2015.
Em 2013, observou-se uma taxa de 4,7 ca-
sos de sífilis congênita para 1.000 nascidos Tabela 1 - Relação de unidades de saúde no
município do Rio de Janeiro
vivos no Brasil (média nacional). O Rio de Ja-
neiro foi uma das unidades da federação que
apresentaram incidências superiores à média Unidades de Saúde Quantidade
nacional, em 2013. A média de casos do muni- Clínica da Família 80
cípio do Rio de Janeiro naquele ano foi de 17,5 CMS 148
para cada 1.000 nascidos vivos. Apesar de pos- Policlínica 85
suir tratamento seguro, eficaz e de baixo custo, Caps 29
essa doença continua a desafiar os governos UPA 42
nos dias atuais, com altas taxas de incidência Hospital 280
no Brasil.
Assistência farmacêutica
Estruturação da rede de saúde
Todas as unidades de saúde possuem far-
A rede de saúde pública local (Área Pro- mácia com área exclusiva para armazenamento
gramática 3.2) é composta por dez centros de medicamentos e dispensação, que ocorre
médicos de saúde (CMS), que incluem aten- mediante apresentação de prescrição. A far-
dimentos especializados (nível secundário); mácia é mantida aberta durante todo o horário
uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA); de funcionamento da unidade. A dispensação
um hospital com atendimento geral e dez clí- de medicamentos é realizada por profissional
nicas da família, que garantem uma cobertura farmacêutico. Todos os medicamentos dispen-
de 45,84% da população. Os demais habitan- sados nas unidades primárias de saúde estão
tes, que não residem na área de abrangência relacionados na Relação Municipal de Medi-
da Estratégia de Saúde da Família, são aten- camentos (Remume), entre eles, os utilizados
57
para o tratamento de asma, doença pulmonar lis no município do Rio de Janeiro; da falta
obstrutiva crônica (DPOC), hipertensão, dia- de registro em prontuário das aplicações de
betes, tuberculose, hanseníase e sífilis. Todas penicilina benzatina e da ausência de dados
as farmácias possuem refrigeradores para sobre a adesão ao tratamento dos casos de
o acondicionamento de insulina e todos os sífilis, foi elaborado um sistema para orien-
pacientes em uso de insulina recebem insumos tação farmacêutica, controle da dispensa-
(glicosímetros, fitas, seringas, lancetador e ção e administração da penicilina benzatina
lancetas para aplicação de insulina e monito- pela unidade de saúde.
ramento domiciliar) e medicamentos controla- Para tanto, elaborou-se um formulá-
dos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitá- rio eletrônico para compartilhamento, a ser
ria (Anvisa), por meio da Portaria nº 344/98 e preenchido no momento da dispensação, com
suas atualizações. os seguintes dados: nome completo do (a)
paciente, Equipe de Saúde da Família (ESF) a
RELATO DA EXPERIÊNCIA qual pertence, a dose (primeira, segunda ou
terceira) e, no caso das mulheres, se a pacien-
Esta experiência acompanhou os casos de te é gestante ou não. Após o preenchimento, a
sífilis que foram diagnosticados e iniciaram plataforma envia os dados para uma planilha
tratamento com penicilina benzatina na onde são informados, ainda, a data e o horário
Clínica da Família Bibi Vogel. Os casos foram do atendimento.
acompanhados de acordo com as orientações
contidas no Guia de Referência Rápida para Em posse do medicamento, o (a) pacien-
Doenças Sexualmente Transmissíveis e Atenção te é conduzido (a) pelo farmacêutico até a
sala de observação para administração e
ao Pré-Natal, elabo rado pela prefeitura
registro em prontuário eletrônico da dose
municipal do Rio de Janeiro, conforme descrito
prescrita. O procedimento é realizado por
na tabela 02. Estes guias têm a finalidade de
um técnico de enfermagem. Desta forma, é
orientar a assistência clínica nas unidades de
possível acompanhar o (a) paciente desde o
Atenção Primária à Saúde no município do
momento do diagnóstico e prescrição, pas-
Rio de Janeiro. Os dados foram coletados no
sando pela dispensação e orientação farma-
período de janeiro a dezembro de 2015, pelo
cêutica, até a administração e registro em
Serviço de Farmácia.
prontuário eletrônico, o que garante o con-
Tabela 02 - Protocolo estabelecido para o tratamento trole adequado do tratamento.
de sífilis (baseado no estágio da doença), do Guia de
Referência Rápida para Doenças Sexualmente No ato da dispensação, o farmacêutico
Transmissíveis e Atenção ao Pré-Natal orienta sobre o tempo de tratamento e como
será o acompanhamento durante esse pe-
PROTOCOLO PARA TRATAMENTO DE SÍFILIS ríodo. São descritas, na prescrição, as datas
ESTÁGIO TRATAMENTO de administração de cada dose de penicili-
PENICILINA G BENZATINA, 2,4
na benzatina, sendo obrigatório o retorno à
Sífilis primária milhões UI, IM, em dose única (1,2 unidade de saúde para a administração. Em
milhão UI em cada nádega). caso de não comparecimento, o farmacêuti-
PENICILINA G BENZATINA, 2,4 co faz contato por telefone e, não obtendo
Sífilis
milhões UI, IM, em dose única sucesso nesta investida, aciona o enfermei-
(1,2 milhão UI em cada nádega). ro responsável pela ESF para que este tenha
secundária
Repetir mesma dose após uma
semana.
ciência de que a adesão ao tratamento não
PENICILINA G BENZATINA, 2,4
aconteceu. Assim, o agente comunitário de
Sífilis terciária milhões UI, IM, semanalmente por saúde (ACS) é acionado para realização de
3 semanas. busca ativa ao (a) paciente.
O acompanhamento dos pacientes com sí-
Diante da grande quantidade de casos, filis, realizado durante o ano de 2015, teve por
sobretudo em gestantes; da baixa adesão ao objetivo, de forma geral, levantar a incidência
tratamento; da dificuldade em tratar o par- da doença, mensurar a adesão ao tratamento e
ceiro; do número elevado de casos de sífi- elaborar um sistema que garantisse a rastrea-
58
bilidade de todo o tratamento, inclusive que Tabela 03 - Número de casos de sífilis
todas as doses de penicilina benzatina, reco- por áreas de abrangência das ESF
mendadas em cada caso, fossem efetivamente
administradas. Número de casos de sífilis por Equipe
O objetivo específico foi a observação caso de Saúde da Família.
a caso e o tratamento de forma individualizada Equipe de Saúde da Família Número de casos
dos pacientes, intervindo quando necessário
Equipe 01 3
para que a terapêutica pudesse obter sucesso
e contribuindo, de forma essencial, no proces- Equipe 02 16
so de cuidado ao paciente. Equipe 03 6
A experiência contou com o envolvimen- Equipe 04 10
to de uma equipe multidisciplinar, em que Equipe 05 19
médicos, enfermeiros, farmacêutico, técnico
Equipe 06 13
de enfermagem e ACS estavam diretamen-
te envolvidos no processo. Todas as rotinas Total 67
implantadas não acrescentaram custo ao
sistema de saúde e reforçaram a necessida-
Destes, 50 casos tiveram desfecho satis-
de de utilizar e registrar todas as ações em
fatório, cumprindo de forma integral a pres-
prontuário eletrônico.
crição médica, o que representa 73,5% de ca-
A maior dificuldade encontrada foi fazer sos iniciados e com desfecho de acordo com
com que os pacientes retornassem à unidade
o que preconiza o protocolo clínico da prefei-
para tomada de todas as doses prescritas, mes-
tura municipal do Rio de Janeiro. O índice de
mo estes tendo recebido a orientação sobre a
importância da realização do tratamento por conclusão de casos por equipe é apresenta-
completo. A mudança de endereço e o cadastro do no gráfico 01.
incompleto de pacientes também contribuíram A maioria dos tratamentos foi iniciada
de forma negativa. em mulheres: 47 casos (70,1%) na população
feminina contra 20 (29,9%) na masculina. Das
Descrição dos impactos gerados com 47 mulheres, 23 eram gestantes. Dos 17 pa-
esta experiência cientes que não aderiram ao tratamento, 10
eram mulheres. Um dado alarmante é que 8
Durante o período compreendido entre ja-
estavam gestantes, fator que pode contribuir
neiro e dezembro de 2015 foram coletados pelo
Serviço de Farmácia dados de pacientes em para o aumento no número de casos de sífilis
tratamento de sífilis com penicilina benzatina, congênita.
totalizando 67 pacientes. As seis equipes da Es- Esse trabalho pode ser considerado ino-
tratégia de Saúde da Família (ESF) envolvidas vador no âmbito da atenção farmacêutica e
neste trabalho serão identificadas como equi- até mesmo no modelo de atenção básica, que
pes de 1 a 6, sendo que as equipes 01, 03 e 04 propõe, por meio da ESF, um cuidado compar-
abrangem áreas populacionais com um maior
tilhado e multiprofissional. Por esse motivo,
poder aquisitivo, com melhores condições de
não foi possível levantar dados anteriores a
moradia e melhor nível de escolaridade, en-
esta experiência para se ter um real impac-
quanto as equipes 02, 05 e 06 são responsáveis
por uma população inserida em um território to da intervenção do farmacêutico no ma-
mais vulnerável, com condições precárias de nejo da sífilis, o que demonstra o quanto é
moradias, baixo poder aquisitivo e baixo nível importante o acompanhamento da utilização
de escolaridade. A maior parte dos 67 casos do medicamento e a adesão adequada ao
ocorreu, como mostra a tabela 03, em áreas tratamento, o registro e a consolidação dos
mais carentes. dados para fins epidemiológicos.
59
16
15
13
12 12 12
10 10 10
6
5
3 3
1
0
EQUIPE EQUIPE EQUIPE EQUIPE EQUIPE EQUIPE
01 02 03 04 05 06
Próximos passos, desafios e necessidades crito – neste caso, foram 17 (26,5%). Demons-
trou, ainda, que as estratégias de busca ativa
Expandir esse modelo de acompanhamento previamente estabelecidas para uma possível
da adesão adequada ao tratamento de pacien- falha na adesão são ferramentas importantís-
tes com diagnóstico positivo de sífilis para toda simas. As intervenções conseguiram produzir
a rede do município, fazendo com que tenhamos desfecho satisfatório em 12 dos 17 casos em
números em uma maior proporção. Consolidar que os pacientes que não tiveram adesão ade-
os dados de todas as unidades e propor fóruns quada ao tratamento inicial. Das 8 gestantes
para debate e tomada de decisão diante do que faziam parte desse grupo, apenas uma não
desafio que é o tratamento dos parceiros. fez o retratamento, em função de mudança de
Para isso é necessário o comprometimento de endereço. Entre os 5 pacientes cujo tratamento
toda equipe multiprofissional no cuidado ao foi considerado insatisfatório ou inadequado,
paciente em tratamento de sífilis. 4 eram homens. A estatística representa um
alerta para a necessidade de ampliação dos
CONCLUSÃO cuidados com a saúde do homem. Por último,
a pesquisa foi satisfatória por elucidar dados
Direcionada ao acompanhamento e ao sobre uma doença que é considerada proble-
tratamento de pacientes com diagnóstico de ma de saúde pública, mas tem protocolo de
sífilis, a experiência realizada pelo Serviço de tratamento definido, seguro e eficaz, além de
Farmácia da Clínica da Família Bibi Vogel mos- ser curável.
trou a importância do farmacêutico como parte O modelo adotado para o acompanha-
integrante na equipe multidisciplinar. Eviden- mento não tem custo extra, reforça a inte-
ciou também que, mesmo com o acompanha- ração entre os membros da equipe multi-
mento dos profissionais da saúde, boa parte disciplinar e pode ser implantado em outras
dos pacientes não conclui o tratamento pres- unidades de saúde do município do Rio de
60
Janeiro. Sua utilização de forma ampla pode REFERÊNCIAS
contribuir para a obtenção de estatísticas
mais reais relacionadas à doença, sobretu- BRASIL. Superintendência de Atenção Primária
do naqueles casos em que os pacientes têm do Município do Rio de Janeiro. Guia de Refe-
acesso ao diagnóstico, mas não realizam o rência de Atenção Primária. Atenção ao Pré-
tratamento de forma adequada. -Natal, Rotina para Gestantes de Baixo Risco.
Contribuir com as estratégias de vigilân- Versão profissionais, 1º edição, 2013.
cia em saúde, especialmente no tratamento
da sífilis, foi um dos propósitos desse traba- INSTITUIÇÃO
lho, visto que a assistência farmacêutica na Clínica da Família Bibi Vogel
atenção primária tem como finalidade a me-
lhoria da qualidade de vida da população, AUTOR
por meio de ações de promoção, preven-
Luiz Claudio Simões de Medeiros
ção, recuperação e reabilitação da saúde,
apoiando as ações de saúde com promoção
CONTATO
do acesso aos medicamentos e com o seu
uso racional. luizclaudiosimoes@hotmail.com
61
Araraquara/SP
Indicadores de resultado
da implantação da gestão integral
da farmacoterapia em um centro de
referência do idoso de Araraquara
CARACTERIZAÇÃO Araraquara ocupa o 22º lugar no estado
de São Paulo em quantidade de estabeleci-
Araraquara está localizada no interior do mentos de saúde. O índice de mortalidade
estado de São Paulo, com população estimada infantil, até 1 ano (por mil nascidos vivos) é
de 224.304 habitantes e Índice de Desenvolvi- de 11,2 (2012). E a expectativa de vida é de
mento Humano Municipal (IDHM) de 0,815, que 77,6 anos (2010).
a coloca na 14ª posição entre os 5.565 municí- No município, a mortalidade infantil (mor-
pios brasileiros (IBGE, 2014). Está localizada a talidade de crianças com menos de um ano de
278 km de São Paulo e em sua economia desta- idade) passou de 16,8 por mil nascidos vivos,
ca-se a agroindústria da cana e laranja. em 2000, para 10,2 por mil nascidos vivos, em
2010. Em 1991, a taxa era de 22,7.
Perfil epidemiológico A esperança de vida ao nascer é o indica-
dor utilizado para compor a dimensão Longe-
O município possui aproximadamente 30 vidade do Índice de Desenvolvimento Humano
mil pessoas idosas, sendo 58% composto por Municipal (IDH-M). No município, a esperança
mulheres. de vida ao nascer cresceu 4,0 anos na última
62
década, passando de 73,6 anos, em 2000, para duação da faculdade de Ciências Farmacêuticas
77,6 anos, em 2010. Em 1991, era de 70,1 anos norteiam suas atividades em algumas dessas
unidades de saúde, desenvolvendo trabalhos
Estruturação da rede de saúde em atenção farmacêutica, o que possibilita a
integração do farmacêutico na equipe multi-
A rede de saúde pública de Araraquara disciplinar. Estes profissionais atuam princi-
conta com 33 Unidades Básicas de Saúde (UBS), palmente no atendimento de pacientes idosos
sendo 10 UBS tradicionais, 22 UBS com Estraté- polimedicados.
gia de Saúde da Família (ESF) e uma UBS esta-
dual municipalizada; duas Unidades de Pron- RELATO DA EXPERIÊNCIA
to Atendimento (UPA); uma Maternidade; uma
Santa Casa de Misericórdia; dois Centros de O envelhecimento populacional tornou-se
Atenção Psicossocial (Caps); um hospital psi- um fenômeno mundial, provocando mudanças
quiátrico; um almoxarifado central de medica- no perfil da população. Para tanto, se faz ne-
mentos; uma Farmácia Popular do Brasil e nove cessária uma reestruturação econômica e dos
centros de especialidade em atendimentos de serviços de saúde prestados (IBGE, 2014), ten-
média complexidade. do em vista as doenças inerentes ao envelhe-
Entre os centros de especialidades, o cimento como diabetes, hipertensão arterial,
Centro de Referência do Idoso de Araraquara neoplasias, doenças neurodegenerativas e ou-
(CRIA) caracteriza-se pelo atendimento ambu- tras, prevalentes nessa população. Geralmente
latorial de média complexidade, especializa- esses pacientes estão sujeitos a polimedicação,
do na assistência à saúde da pessoa idosa. A o que pode desencadear regimes complexos de
unidade objetiva a preservação da autonomia medicação e não adesão à farmacoterapia.
e independência, bem como seu envelheci- Diante deste cenário, a parceria entre a as-
mento ativo. O atendimento é transdisciplinar sistência farmacêutica municipal e a faculdade
e integrado, sendo a equipe composta por um de Ciências Farmacêuticas/Unesp, propôs a im-
assistente social, dois médicos geriatras, dois plantação da Gestão Integral da Farmacoterapia
psicólogos, dois fisioterapeutas, um educador (GIF) que objetiva identificar, resolver e melho-
físico, um fonoaudiólogo, dois técnicos de en- rar a farmacoterapia dos pacientes idosos assis-
fermagem, dois agentes administrativos, dois tidos no CRIA, além de desenvolver a formação
agentes operacionais e um motorista. acadêmica, profissional, pesquisa e prestação
Os pacientes atendidos no CRIA são refe- de serviço na prática dos cuidados em saúde.
renciados pela atenção básica, que realiza o
tratamento das doenças crônicas relacionadas METODOLOGIA
a sua esfera de atuação, como hipertensão,
diabetes e dislipidemias, cujo tratamento con- Em setembro de 2012 foi proposto à Secre-
tinua concomitante ao atendimento realizado taria Municipal de Saúde de Araraquara a im-
na atenção secundaria. plantação da GIF em um centro de referência
de saúde do idoso, para o desenvolvimento de
Assistência farmacêutica atividades de extensão universitária assisten-
cial, ensino e pesquisa.
Na assistência farmacêutica municipal, 25 O CRIA foi o local escolhido para implan-
farmacêuticos atuam nas farmácias da atenção tação da GIF, uma vez que a equipe transdis-
básica e especializada, Caps, UPA, almoxarifado ciplinar atua de modo integrado para a pro-
central de medicamentos, ações judiciais, Far- moção, proteção e recuperação da saúde do
mácia Popular do Brasil, vigilância sanitária e paciente idoso.
gestão. Os pacientes atendidos pela GIF foram en-
É desenvolvida no município uma parceria caminhados pela equipe técnica da unidade,
com a Universidade Estadual Paulista Júlio de sendo os atendimentos individualizados, com
Mesquita Filho (Unesp), na qual farmacêuticos duração de uma hora para o primeiro encontro
do município, alunos de pós-graduação e gra- e 30 minutos para os retornos. A frequência dos
63
retornos foi estabelecida, conforme as necessi- Foram realizadas intervenções farmacêu-
dades dos pacientes. ticas de ajuste dose, unitarização de doses, e
A GIF é constituída de avaliação inicial, pla- foram enviados informes médicos para otimi-
no de cuidados (monitoramento farmacotera- zação da farmacoterapia. Também foram rea-
pêutico) e sua avaliação, segundo critérios de lizadas intervenções educativas referentes ao
necessidade, efetividade, segurança e adesão estilo de vida, alimentação, farmacoterapia e
farmacoterapêutica, tal como proposto no ma- comorbidades.
nual da Organización de Farmacéuticos Ibero- Quando identificadas necessidades não
latinoamericanos (OFIL, 2012). atendidas, os pacientes foram encaminhados a
O processo de cuidado caracteriza-se por outros profissionais da Saúde para avaliação.
um processo de retroalimentação, o qual exige Sempre que necessário eram discutidos os ca-
acompanhamento contínuo e sistematizado, a sos com a equipe do CRIA.
saber (OFIL, 2012): Após solucionadas as necessidades iden-
tificadas e alcançadas as metas terapêuticas, o
1.
Avaliação inicial: teve por finalidade paciente recebia alta da GIF e era emitida uma
certificar se a farmacoterapia em uso declaração do serviço farmacêutico conforme
era necessária, efetiva e segura, além modelo da RDC 44/09, da Agência Nacional de
de identificar e prevenir possíveis e Vigilância Sanitária (Anvisa).
potenciais Problemas Relacionados ao
uso de Medicamentos (PRM) e avaliar Descrição da experiência
a adesão a farmacoterapia, segundo
sua experiência farmacoterapêutica e Embora o paciente tenha acesso aos me-
motivações para o uso da medicação. dicamentos por meio da atenção básica, isso
Para tanto, se fez necessário conhecer não garante a efetividade do tratamento, uma
o histórico farmacoterapêutico, os pro- vez que existem inúmeros fatores que induzem
blemas de saúde, as preocupações, as o paciente a decidir por não tomar o medica-
expectativas e as experiências subjeti- mento, como esquemas posológicos comple-
vas com a farmacoterapia dos pacientes xos, sua percepção e autoavaliação sobre seu
ou familiares/cuidadores. estado de saúde. A GIF consegue atender de
2.
Plano de cuidados (monitoramento forma integral essas necessidades, uma vez que
farmacoterapêutico): o objetivo desta o paciente se responsabiliza pela sua farmaco-
etapa foi promover a adesão à farma- terapia, respeitando suas limitações, medos
coterapia, resolver os PRM identificados e desejos, o que facilita a relação terapêutica
na avaliação inicial e prevenir o apare- entre o paciente e o profissional, colaborando
cimento de novos problemas de saúde. para a resolução dos problemas identificados.
Isso foi possível pela negociação de me- Com um seguimento personalizado e fo-
tas terapêuticas passíveis de resolução, cado nas necessidades do paciente, a GIF visa
respeitando as preocupações, os dese- desenvolver o autocuidado, censo crítico, in-
jos, o quadro clínico e as possibilidades dependência e autonomia do paciente, usando
do paciente ou familiar/cuidador. estratégias como lembretes por escrito e ver-
3.
Avaliação dos resultados: foi avaliada a balizados, unitarização de doses, adequações
evolução das metas terapêuticas, iden- posológicas, intervenções educativas e farma-
tificados novos PRM e novas necessida- cêuticas e orientações sobre os medicamentos
des farmacoterapêuticas. e comorbidades.
Com a implantação da GIF, conseguiu-se
Durante a GIF foi realizado monitoramen- promover benefícios para a saúde e reduzir po-
to de parâmetros clínicos, por meio de exames tenciais riscos relacionados aos medicamentos
de autoteste (glicemia capilar, colesterol total dos pacientes idosos, tendo em vista a melhora
e triglicérides) e fisiológico (pressão arterial), na adesão à farmacoterapia e resultados clíni-
além de avaliação de exames laboratoriais so- cos, além de colaborar para o ensino, pesquisa
licitados pelo médico. e extensão.
64
A consolidação da GIF e a inserção do far- o desperdício e consequentemente o descarte
macêutico na equipe de saúde contribui para inadequado dos medicamentos e a contamina-
a prevenção de doenças e diminui a busca ção do meio ambiente.
por serviços de urgência e emergência. Con-
sequentemente, evita gastos com hospitaliza- Descrição dos impactos gerados com esta
ções, realizações de exames de alta complexi- experiência
dade e custo elevado, além de outras despesas
com medicamentos prescritos em duplicidade De novembro de 2012 a dezembro 2013 fo-
pelos profissionais da instituição pública e ram capacitados nove farmacêuticos do muni-
privada. cípio, um aluno de pós-graduação e 20 alunos
O serviço também demonstrou ser uma de graduação para a realização da GIF.
importante ferramenta de comunicação en- Dos nove farmacêuticos capacitados, três
tre o CRIA e atenção básica, uma vez que faz a iniciaram a GIF em uma unidade de saúde da
interlocução das necessidades do paciente nas atenção básica, sendo que um desenvolveu
duas esferas (atenção básica e especializada), atividades de tutoria e extensão universitária
por meio do envio de informes ao prescritor para assistencial e dois desenvolveram em parce-
informação quanto à farmacoterapia em uso, ria com médico da atenção básica, um proto-
queixas principais e parâmetros avaliados, que colo para a retirada gradativa ou diminuição
muitas vezes são desconhecidos pelo médico ao do uso crônico de benzodiazepínicos de pa-
qual o paciente foi referenciado. Esses informes cientes idosos.
colaboram para a assertividade médica, assim
Foram atendidos 52 pacientes, dos quais 43
como, para os cuidados ao paciente.
apresentavam pelo menos um PRM. No total,
Além disso, a GIF minimiza o uso irracional foram identificados 90 PRM (tabela 1), sendo
do medicamento, promovendo educação sani- solucionado um a cada dois problemas identi-
tária por meio de intervenção educativa, dimi- ficados. Em média foram realizados quatro en-
nuindo os danos causados à saúde, evitando contros por paciente.
Tabela 1 - Frequência e descrição dos Problemas Relacionados ao uso de Medicamentos (PRM) antes e depois
das intervenções da Gestão Integral da Farmacoterapia (GIF), e o índice de eficiência (resolução)
em 43 pacientes atendidos em Araraquara-SP (novembro/2012 a dezembro/2013)
PRM GIF
CLASSIFICAÇÃO TEMPO INICIAL TEMPO FINAL RESOLUÇÃO
NECESSIDADE
Farmacoterapia necessária 3 1 0,4
Farmacoterapia desnecessária 14 7 0,5
Subtotal 17 8 0,4
EFETIVIDADE
Inefetividade qualitativa 13 5 0,4
Inefetividade por por baixas doses 17 8 0,4
Subtotal 30 13 0,4
SEGURANÇA
Eventos adversos 14 8 0,6
Toxicidade 6 2 0,4
Subtotal 20 10 0,5
ADESÃO 23 12 0,5
Fonte: MASTROIANNI, P. C.; OLIVEIRA, F. M.; ALMEIDA, L. A.; POLLI, L. M.. Logros de las unidades experimentales de optimización de la
farmacoterapia en Araraquara/São Paulo- Brasil. In: VI Congreso Nacional de Farmacéuticos Comunitarios, 2014, Málaga. La Revista
Farmacéuticos comunitários. Madrid: Sociedade Española de Farmacia Comunitaria (SEFAC), 2014. p. 29-29.
OLIVEIRA, F.M.; MASTROIANNI, P. C. Implantación de um servicio de gestión integral de la farmacoterapia em um centro de refe-
rencia del adulto mayor. XVI Congreso Internacional de la Organización de Farmacéuticos Iberolatinoamericanos, Assunción/
Paraguay, 2014.
65
O PRM de maior frequência foi de inefeti- Um dos próximos passos para a consolida-
vidade por baixas doses, principalmente nos ção da GIF é a capacitação de maior número de
medicamentos anti-hipertensivos e antidiabé- farmacêuticos para o seguimento farmacote-
ticos. Esses problemas foram resolvidos, so- rapêutico e para extensão universitária. A prá-
bretudo, por adaptações e ajustes posológicos tica clínica requer preparo e dedicação, além
(15), envio de informe médico (9) e unitarização de um árduo processo de divulgação, devido à
de doses (6). As adaptações posológicas reali- falta de conhecimento e entendimento por ou-
zadas foram de substituição de forma farma- tros profissionais da saúde e até pelo próprio
cêutica e o principal ajuste posológico foi no farmacêutico.
horário de tomada da medicação. Ainda é necessário incluir estudos econô-
Vinte e três pacientes não aderiam a farma- micos para avaliação do impacto proporciona-
coterapia devido a dificuldade de compreen- do pela GIF na unidade de implantação, visan-
são, problemas cognitivos, complexidade dos do à sustentabilidade econômica da prática de
esquemas posológicos e pouca ou nenhuma cuidados em saúde.
informação a respeito de seus medicamentos
e comorbidades. Ainda, a ausência de cuidador CONCLUSÃO
e a experiência negativa com seus medicamen-
tos também colaboraram para a não adesão. A GIF resolveu metade dos PRM identifi-
Após a intervenção, foi possível promover a cados, principalmente aqueles relacionados a
adesão em 11 desses pacientes. eventos adversos (0,6) como acatisia medica-
mentosa induzida por síndrome serotonérgica
Ao final do trabalho, 19 pacientes recebe-
em paciente usando fluoxetina (Mastroianni
ram alta da GIF por apresentarem, no mínimo,
et al, 2015). Também promoveu a otimização
um parâmetro clínico controlado.
da farmacoterapia, benefícios à saúde dos pa-
Diante disto, observou-se eficácia do servi- cientes, formação profissional e educação con-
ço em pouco tempo de implantação, o que nos tinuada.
sugere impacto positivo na assistência farma-
A mudança na percepção da assistência
cêutica municipal, apresentando um índice de
farmacêutica em relação ao processo de cuida-
eficiência de 0,5.
do do paciente proporcionou a integração do
farmacêutico à equipe de saúde e sua partici-
pação ativa e corresponsabilização pela farma-
coterapia do paciente.
REFERÊNCIAS
Franca/SP
Importância da assistência
farmacêutica na promoção do uso
racional de medicamentos por
meio da intervenção no processo
de judicialização do SUS
CARACTERIZAÇÃO de atenção básica, média e alta complexidade
ambulatorial e hospitalar, por meio de serviços
Franca é um município localizado na região próprios, conveniados e contratados. É referên-
nordeste do estado de São Paulo, distante 401 cia para outros 22 municípios pertencentes ao
km da capital estadual e a 676 km de Brasília. Departamento Regional de Saúde VIII. O estado
Segundo o Instituto Brasileiro de Geogra- de São Paulo é dividido em 17 departamentos
fia e Estatística (IBGE), possui uma área de que são responsáveis por coordenar as ativida-
605,679 km², e sua população estimada em 2015 des da Secretaria Estadual de Saúde no âmbito
é de 342.112 habitantes. regional e promover a articulação intersetorial
Em relação à saúde pública local, o muni- com os municípios e instituições da sociedade
cípio de Franca presta atendimento nas áreas civil.
68
Ribeirão Preto/SP
Implantação de formulário
para utilização e dispensação
de medicamentos impactantes no
orçamento hospitalar
CARACTERIZAÇÃO o município possuía um Produto Interno
Bruto (PIB) de R$ 2,8 milhões.
A cidade de Ribeirão Preto localiza-se
no nordeste do estado de São Paulo, com Perfil epidemiológico
área territorial de aproximadamente 650
km² e população estimada em 666.323 mil De acordo com o Plano Municipal de Saúde
habitantes, segundo dados do Instituto Bra- (2014/2017), o perfil de morbidade do município
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de tem se modificado. O envelhecimento popu
2015. Destes, 89,9% são alfabetizados, 48% lacional tem contribuído para o aumento
do sexo masculino e 52% feminino. Em 2013, de doenças crônicas não transmissíveis. A
74
violência urbana e outros fatores contribuem uma unidade funcionando 24 horas para pron-
para o aumento de internações por causas to atendimento e unidades básicas, em cada
externas. distrito. Há 15 unidades hospitalares públicas e
privadas, sendo que 71% dos leitos são dispo-
No município de Ribeirão Preto, a dengue
nibilizados ao SUS.
representa ainda um desafio, sendo caracte-
rizada como endemia, com aumento de casos Entretanto, devemos ressaltar que o muni-
em algumas épocas do ano. cípio se caracteriza como polo regional de saú-
de, sendo referência para demais municípios
Dentre as principais causas de interna- do Departamento Regional de Saúde (DRS) XIII,
ção hospitalar no ano de 2012, destacam-se: para outros DRS e também outros estados em
doenças do aparelho circulatório (13,9%); determinados procedimentos, principalmente
lesões, envenenamento e algumas outras aqueles de alta complexidade.
consequências de causas externas (12,8%);
Dentro dessa rede está inserido o Hospi-
doenças do aparelho digestivo (10,5%); neo- tal das Clínicas da Faculdade de Medicina de
plasias (10,1%); doenças do aparelho respi- Ribeirão Preto (HCRP), da Universidade de São
ratório (8,8%). Paulo (USP), que se caracteriza pela alta com-
plexidade e atende toda a população da Rede
Estruturação da rede de saúde Regional de Saúde (RRAS) XII. Esta compreende
os DRS III Araraquara, V Barretos, VIII Franca e
A rede de atenção à saúde do município XIII Ribeirão Preto. Essa região é composta por
está organizada em cinco distritos de saúde, 90 municípios.
Figura 1 - Região de abrangência do HCRP onde estão inseridas as regionais de Ribeirão Preto, Araraquara, Franca e Barretos
Indicações nos Centros de Terapia Intensiva - via aérea difícil, que necessite estar
(Adulto e Pediátrico): bem desperto, ventilação adequada e
nível plasmático de opióide baixo ao fi-
a) cloridrato de dexmedetomidina injetável nal do procedimento;
frasco-ampola 200 mcg 2 ml: - paciente com insuficiência renal crônica
ADULTOS: com previsão de extubação ao final do
- segunda tentativa de desmame ventila- procedimento.
tório em paciente agitado;
- desmame ventilatório em paciente com c) propofol 1% injetável seringa pronta para
Dellirium. uso 50 ml:
PEDIATRIA: - neurocirurgia em hipertensão craniana
- abstinência por opióides e/ou benzo- grave que necessite de concentração al-
diazepínicos; veolar mínimo de halogenado elevada;
- tolerância ao opióide;
- história prévia ou familiar de hiperter-
- sedação difícil.
mia maligna ou com doença neuromus-
cular;
b) besilato de cisatracúrio 2 mg/ml ampola 5
ml: - intoxicação aguda por drogas ilícitas
com elevados níveis de catecolaminas
ADULTO / PEDIATRIA:
circulantes.
- S.A.R.A. (Síndrome da Angústia Respira-
tória Aguda); d) besilato de cisatracúrio2 mg/ml ampola 5
- tétano; ml:
- status epléticus; - insuficiência renal ou hepática associa-
das a patologias relacionadas à libera-
- crise de asma severa em ventilação con-
ção de histamina;
trolada.
- atopia ou asma brônquica com con-
Indicações Anestesiologia: traindicação ao uso de rocurônio;
- história de reação ao atracúrio com
a) cloridrato de dexmedetomidina injetável contraindicação ao uso de rocurônio.
frasco-ampola 200 mcg 2 ml:
- cirurgias de grande porte (exemplo: co- e) sevoflurano 100% inalatório frasco 250 ml:
luna, queimados) para reduzir consumo - indução anestésica inalatória em pa-
de opióides no intra-operatório e no ciente pediátrico sem acesso venoso
pós-operatório; periférico;
- procedimento de fibroscopia em pa- - manutenção de anestesia inalatória em
ciente pouco colaborativo; pacientes pediátricos de 0 a 10 anos;
- procedimento radio-intervencionista com - procedimentos cirúrgicos em pacientes
mínimo risco de depressão respiratória; cardiopatas;
- procedimento cirúrgico em paciente - procedimentos cirúrgicos de curta du-
com MEG apresentando elevado risco ração (até 45 minutos) com previsão de
de depressão respiratória; alta hospitalar para o mesmo dia;
- sedação na sala de recuperação pós-a- - indução anestésica inalatória em adul-
nestésica com indicação de extubação tos pouco colaborativos e/ou com difi-
precoce. culdade de obtenção de acesso venoso
periférico.
b) cloridrato de remifentanila injetável fras-
co-ampola 2 mg: Conforme pode ser observado nas ima-
- cirurgia de curta duração com possibili- gens o formulário Solicitação Especial - Li-
dade de alta precoce; beração de Medicamentos - possui uma se-
77
ção destinada ao uso exclusivo da farmácia.
Esse espaço é destinado a análises realiza-
das pelos farmacêuticos. Após ser preen-
chido, o formulário era encaminhado para
a farmácia, que efetuava a dispensação so-
mente mediante autorização expressa dos
médicos assistentes ou docentes responsá-
veis pelas áreas. Estabeleceu-se que o for-
mulário deveria ser entregue diariamente,
para que a dispensação e utilização dos me-
dicamentos fossem sempre acompanhadas
pela equipe de farmacêuticos da Unidade de
Emergência. A partir dessa análise criteriosa Farmacêutica Aline Araújo Lopes Morais realizando a análise
pelos farmacêuticos, indicadores foram ge- do formulário desenvolvido
METODOLOGIA
Consumo Consumo
Medicamento
Quantidade Valor
TOTAL R$ 620.048,64
Consumo Consumo
Medicamento
Quantidade Valor
TOTAL R$ 184.488,36
DEXMEDETOMIDINA, CLOR. INJETÁVEL FR-AMP 200 MCG 2 ML 2554 1013 1541 60%
PROPOFOL 1% INJETÁVEL SERINGA PRONTA PARA USO 50 ML 304 145 159 52%
INSTITUIÇÃO CONTATOS
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina alinemorais@hcrp.usp.br ou
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo alinealopes@yahoo.com.br
– Unidade de Emergência ana.farma@yahoo.com.br
marcinha76@gmail.com
AUTORES matsuno@fmrp.usp.br
Aline Araújo Lopes Morais (coordenadora) claudia.righeti@terra.com.br
Ana Paula Araki jppintya@hcrp.usp.br
Márcia Pradela Sanches wjlovato@gmail.com
Alessandra Kimie Matsuno sinnocente@hcrp.usp.br
Cláudia Ferracini Righeti
José Paulo Pintyá
José Wilson Lovato
Sérgio Innocente
81
São Paulo/SP
Farmacêutico e educação
permanente: benefícios para o Ceaf,
RH, colaboradores e pacientes
CARACTERIZAÇÃO O município possui um Índice de Desen-
volvimento Humano (IDH) muito alto (0,805),
São Paulo é a cidade brasileira mais in- o décimo quarto maior do estado e o 28º do
fluente no cenário global. É considerada a 14ª Brasil. Porém, o desenvolvimento humano na
cidade mais globalizada do planeta, recebendo cidade não é homogêneo. Em geral, os distritos
a classificação de cidade global alfa, por parte mais centrais apresentam IDH superior a 0,9,
do Globalization and World Cities Study Group que diminui gradativamente à medida que se
& Network (GaWC). afasta do centro, até chegar a valores de cerca
Localizada na Região Sudeste, possui de 0,7 nos limites do município. Isto se deve a
área de aproximadamente 1.521 km2 e popu- questões históricas, uma vez que a área central,
lação estimada de 12 milhões de habitantes sobretudo a localizada entre os rios Pinheiros,
(IBGE/2014), sendo considerada a cidade mais Tietê e Tamanduateí, foi o local onde mais se
populosa do Brasil. concentraram os investimentos e o planeja-
82
mento urbano por parte do poder público, bem A garantia de acesso a medicamentos é es-
como onde se instalou, historicamente, quase pecialmente importante nos países em desen-
a totalidade da elite econômica da cidade. volvimento. Um terço da população mundial,
Um ranking mundial de qualidade de vida, sobretudo nos países pobres, não tem acesso
elaborado pela consultoria internacional em a medicamentos essenciais. Por outro lado, os
recursos humanos Mercer, aponta a capital países desenvolvidos consomem cerca de 80%
paulista na 117ª posição entre 221 cidades in- dos medicamentos produzidos no mundo.
ternacionalmente e na terceira posição entre No Brasil, em 1998, a Portaria/GM nº
as quatro cidades brasileiras do ranking, atrás 3916 do Ministério da Saúde instituiu a Po-
somente de Curitiba, Florianópolis e Porto Ale- lítica Nacional de Medicamentos (PNM), em-
gre, e à frente de Brasília. O status ecológico basada em preceitos da Organização Mundial
em um ranking paralelo aponta a cidade na da Saúde (OMS). As responsabilidades dos
148ª posição. gestores federal, estaduais e municipais fo-
ram definidas. Ao Ministério da Saúde cabe a
Perfil epidemiológico implementação e a avaliação da PNM. À dire-
ção estadual do SUS, em caráter suplemen-
De acordo com dados da prefeitura de São tar, formular, executar, acompanhar e avaliar
Paulo, a população do município, em 2011, esta- a política de insumos e equipamentos para a
va estimada em 12 milhões de habitantes e taxa saúde. No âmbito municipal, cabe à secreta-
de crescimento populacional de 0,76%. Desses ria de Saúde a responsabilidade de coorde-
12 milhões, 14,08% eram crianças e 11,9% ido- nar e executar a assistência farmacêutica por
sos. A taxa de natalidade (por 1.000 habitantes) meio da seleção, programação, aquisição,
era de 15,6 e de mortalidade, 6,02. armazenamento, distribuição, prescrição,
controle de qualidade e utilização dos medi-
Em 2001, o percentual de mortalidade pre-
camentos, visando à provisão adequada dos
coce (abaixo de 60 anos) por AVC foi de 22,5%
medicamentos na rede municipal.
e por diabetes 17,9%. No mesmo ano, segundo
os indicadores municipais, foram registrados, A assistência farmacêutica, na cidade de
para cada grupo de 100 mil habitantes, 53 ca- São Paulo, é constituída por componentes e
sos de tuberculose, 16 casos de Aids e 2 casos elementos que formam um conjunto de ações
de hanseníase. interligadas, técnica e cientificamente funda-
mentadas com critérios de equidade, custo e
Em São Paulo, 55,6% da população depen- efetividade, tendo o medicamento como su-
de exclusivamente do SUS, e por se tratar de porte das ações de prevenção, promoção e rea-
uma metrópole, a rede parece grande, pois são bilitação da saúde.
18 hospitais municipais, 16 unidades de pron-
to socorro e pronto atendimento e 439 UBS. No O componente técnico-científico é respon-
total, a cidade conta com 916 estabelecimen- sável pela seleção, normatização de tratamen-
tos ou serviços de saúde pública, ainda insu- to, prescrição, dispensação, atenção farmacêu-
ficientes para uma demanda de 12 milhões de tica, utilização, farmacoepidemiologia, farma-
habitantes e seus problemas de saúde. Agrava covigilância, farmacoeconomia e qualidade do
essa situação, as epidemias de Dengue, Chi- medicamento. O componente logístico trata da
kungunya, Zika Vírus, entre outras. programação, aquisição, armazenamento, dis-
tribuição.
Assistência farmacêutica A Secretaria Municipal da Saúde de São
Paulo (SMS-SP) criou em, 2001, a Área Técni-
A política de medicamentos, como parte ca de Assistência Farmacêutica, que passou a
integrante da política de saúde, com base nos compor uma das áreas técnicas da Coordena-
princípios e diretrizes do Sistema Único de ção de Desenvolvimento de Programas e Políti-
Saúde (SUS), deve ser implementada visando cas de Saúde (Codepps). Devido à organização
garantir que medicamentos seguros e eficazes, estrutural da SMS cabe à Área Técnica de As-
com qualidade, estejam disponíveis, ao menor sistência Farmacêutica o desenvolvimento do
custo possível a todos que deles necessitem. componente técnico-científico e à Divisão de
83
Suprimentos a responsabilidade por desenvol- com o dicionário Aurélio (1986), significa cul-
ver o componente logístico da assistência far- tivar e vem do latim colere. Em linhas gerais,
macêutica. a cultura é todo aquele complexo que inclui
A equipe técnica da área de assistência far- o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a mo-
macêutica é composta por 6 farmacêuticos que ral, os costumes e todos os hábitos e aptidões
contam com o apoio da Secretaria Executiva da adquiridos pelo homem, não somente em fa-
Comissão Farmacoterapêutica da SMS-SP (CFT). mília, mas de sua convivência como membro
de uma sociedade. A cultura organizacional
O Componente Especializado da Assistên-
remete para o conjunto de normas, padrões e
cia Farmacêutica (Ceaf) existe desde 1993. No
condições que definem a forma de atuação de
início de 1999, a Secretaria de Assistência Far-
uma organização.
macêutica do Ministério da Saúde, elaborou os
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas Estudos sobre a cultura organizacional
para uma lista de medicamentos padroniza- aumentaram consideravelmente nos últimos
dos, de maneira a racionalizar a sua prescrição anos e são relevantes para as organizações.
e dispensação. Sem a perspectiva de cultura, o acesso à ges-
A ampla divulgação desse Programa pro- tão estratégica de pessoas é mais complexo
vocou o aumento de atendimento a pacientes. e pouco assertivo, pois ela permite apenas a
Na busca por parcerias para garantir o acesso visão macro do negócio (SHEIN, 2004).
da população, a Secretaria de Estado da Saúde Segundo Chanlat (1996), nos anos 1970
celebrou convênios com a Associação Paulista ocorreram várias mudanças na sociedade,
para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) houve a feminização do mercado de trabalho,
que, atualmente, gerencia cinco unidades de elevação dos graus de instrução, crescimento
farmácia do Ceaf, sendo três no município de das cidades, afirmação dos direitos individu-
São Paulo, uma no município de Guarulhos e ais, globalização da economia e flexibilização
uma no município de Campinas. do trabalho.
Nos anos 1980 surge a ideia de que a em-
RELATO DA EXPERIÊNCIA
presa deve preocupar-se em gerir as carrei-
ras de seu pessoal. Esta preocupação, que é
O presente trabalho tem como objetivo
nova em sua formulação, parte da importân-
mostrar o desenvolvimento de uma nova área
cia que a empresa adquire nos anos 80 e da
de atuação farmacêutica, a educação perma-
profissionalização da gestão que ocorre nos
nente. A meta é destacar a importância do
países industrializados, no mesmo período
envolvimento do farmacêutico com o setor de
(CHANLAT, 1996).
recursos humanos para o desenvolvimento e
capacitação de profissionais envolvidos com o Há alguns anos, muitos analistas apresen-
atendimento de pacientes e usuários das uni- taram dados de que a sociedade está em vias
dades de farmácia do Componente Especializa- de se fragmentar. O mercado de trabalho é o
do da Assistência Farmacêutica (Ceaf). centro desse processo, observado em países
A experiência mostrou que a conscientiza- industrializados. Lecher (1989 apud CHANLAT,
ção quanto a correta dispensação e todos os 1996, p.14) descreveu que nos anos 1990 a mão
procedimentos envolvidos na segurança do de obra passou a se dividir em 25% dos traba-
paciente requer tempo, paciência e muito tra- lhadores em um núcleo estável, outros 25%,
balho. Concluímos que a criação do setor de classificados como permanentes-periféricos, e
educação permanente dentro das unidades de 50% em empregos externos ou periféricos pre-
farmácia do Ceaf é apenas um passo rumo à cários.
valorização do profissional e das questões re- A gestão de pessoas está direcionada às
lacionadas ao atendimento com qualidade dos ações, não somente aos registros e procedi-
pacientes nos serviços de saúde. mentos escritos, mas na realização dos obje-
As mudanças atuais no cenário econômico tivos organizacionais que buscam facilitar o
do país desdobram-se, também, em mudanças desenvolvimento e a satisfação dos colabora-
no âmbito organizacional. Cultura, de acordo dores. Atualmente, é difícil imaginar qualquer
84
organização atingindo e mantendo a eficácia METODOLOGIA
sem programas e atividades efetivas de gestão
de recursos humanos (IVANCEVICH, 2008). Os treinamentos são desenvolvidos e mi-
Diante de todas essas mudanças sociais nistrados pelo farmacêutico, com ênfase na
e primando pela qualidade do atendimento melhora de indicadores internos e diminuição
ao paciente, em 2013, foi criado, nas unidades dos riscos relacionados a dispensação de me-
de farmácia do Ceaf, o Setor de Educação Per- dicamentos aos pacientes.
manente, com o objetivo de capacitar os co- O desenvolvimento do cronograma e a es-
laboradores sobre a legislação vigente, a dis- colha dos temas anuais são definidos no mês
pensação segura e correta dos medicamentos de janeiro. Todos os treinamentos devem ser
disponibilizados aos pacientes, desde a etapa aplicados até o mês de setembro do ano cor-
de recrutamento e seleção até o momento em rente. Os meses de outubro, novembro e de-
que são divididos entre as atividades dos dife- zembro são utilizados para reaplicação dos te-
rentes setores de farmácia. mas já ministrados aos colaboradores ausen-
É o Setor de Educação Permanente que re- tes na data inicial. As estratégias citadas são
aliza a aplicação desses treinamentos com foco utilizadas para que 100% dos colaboradores
na segurança do paciente a todos os colabora- sejam treinados e garantam o cumprimento
dores das unidades de farmácia do Ceaf. das regras para a segurança do paciente.
REFERÊNCIAS
CONCLUSÃO INSTITUIÇÃO
Secretaria de Estado da Saúde/Associação
Podemos concluir que os treinamentos Paulista para o Desenvolvimento
proporcionaram um canal de comunicação e da Medicina - SPDM
desenvolvimento dos colaboradores, refletido
no atendimento prestado aos pacientes já que AUTORES
os colaboradores passam a utilizar o conheci- Aline Pierobon
mento adquirido no contato com os usuários, Daniele Pinho Biagio
gerando ações favoráveis tanto para a saúde Graziella Coppo
pública quanto para as unidades de farmácia. Taiz Jacob Tuasca
A experiência é relevante tanto para os Thamiris Teles de Oliveira
profissionais das unidades de farmácia quanto
para os pacientes. O esclarecimento das dúvi- CONTATO
das gera um ambiente coerente que se adapta daniele.biagio@ceaf.spdm.org.br
às mudanças da legislação e às necessidades
da população envolvida.
87
Curitiba/PR
Implantação dos
serviços de Farmácia Clínica
na farmácia da 2ª Regional de
Saúde do Estado do Paraná
CARACTERIZAÇÃO que 64% estão concentrados na região me-
tropolitana de Curitiba (RMC). A população
O estado do Paraná é composto por 22 feminina representa 51,4% do total de habi-
regionais de saúde. A 2ª Regional de Saúde tantes do estado.
(RS) do Paraná tem sede na cidade de Curiti- Dados do Censo Demográfico de 2010
ba, e abrange 29 municípios, atendendo mo- mostram a RMC com 3.174.201 habitantes,
radores de Curitiba e região metropolitana. correspondendo a 33,45% do total da popu-
De acordo com o IBGE (Censo 2010) o Paraná lação do Paraná, ou seja, praticamente um
é o sexto estado mais populoso do país, com terço da população do estado. A área ocu-
cerca de 11 milhões de habitantes, sendo pada pela RMC é de 15.419 km 2. A economia
88
da RMC está entre as maiores do estado, em e emergência e internações hospitalares com
razão do dinamismo da indústria e dos ser- alto custo ao SUS. A prevenção e o correto tra-
viços. tamento reduz as internações.
Doutor Ulysses
Adrianópolis
Cerro Azul
Tunas do Paraná
Pinhais
Curitiba
Piraquara
Balsa Nova
Lapa
Mandirituba
Quitandinha
Tijucas do Sul
Pién
Rio Negro
89
A 2ª RS possui cinco hospitais, sendo um RELATO DA EXPERIÊNCIA
de atendimento geral; um especializado em
doenças infectocontagiosas; um infantil; um A orientação farmacêutica tem como prin-
especializado em dermatologia e um hospi- cipal objetivo minimizar o erro no uso do me-
tal colônia. Possui um centro de especialida- dicamento, garantindo que o paciente tenha
de psiquiátrica; um centro de atendimento ao adesão ao tratamento e apresente melhora na
deficiente; um centro de atenção integral ao qualidade de vida. O cuidado no atendimento
fissurado labiopalatal; um centro hospitalar de tem foco no paciente, e não apenas no medica-
reabilitação; laboratório central; vigilância sa- mento.
nitária e atendimento em diversas especialida-
Após a dispensação do medicamento toda
des médicas.
orientação dada ao usuário visa à manutenção
da qualidade do medicamento, de modo a ga-
Assistência farmacêutica
rantir sua eficácia e segurança. A busca é por
atender as necessidades do paciente em rela-
Na 2ª RS estão em funcionamento duas
ção à farmacoterapia acompanhando os exa-
farmácias próprias: a sede, que conta com uma
mes de monitoramento para o controle de suas
equipe de dez farmacêuticos e está localizada
enfermidades.
no centro de Curitiba; e uma farmácia no bairro
Portão, onde atuam dois farmacêuticos. A Re- A complexidade de utilização e as ne-
gional possui uma Central de Abastecimento cessidades especiais de armazenamento de
Farmacêutico (CAF), que distribui medicamen- vários medicamentos, muitas vezes gera erro
tos aos municípios, contando com dois farma- em seu uso e baixa adesão ao tratamento.
cêuticos; e um laboratório central, que realiza Pensando nisso, há aproximadamente oito
diagnósticos clínicos e epidemiológicos. anos a farmácia da 2ª RS criou um consul-
tório farmacêutico com atendimento indi-
vidualizado, para orientação ao usuário no
primeiro atendimento. A princípio, a orienta-
ção era para alguns usuários que necessita-
vam de uma maior atenção, como no uso dos
medicamentos injetáveis, por exemplo. Mas,
posteriormente, foi ampliada para todos os
usuários em início de tratamento.
Antes Depois
Orientação aos pacientes novos no momento da entrega dos Dispensação foi qualificada com a coleta de dados para
medicamentos monitorar as doenças, identificar problemas relacionados à
farmacoterapia e realizar intervenções
Orientações sobre exames e documentos para renovação do Entrega de material impresso com orientações
tratamento
Fonte: Autores
Descrição dos impactos gerados com esta ex- 24,7% eram desconhecidos. A média de medica-
periência mentos por paciente foi de 7,4 e a de problemas
relacionados a farmacoterapia, de 2,6.
Foram capacitados seis farmacêuticos para Dos 129 pacientes atendidos, 67% apresen-
a realização do serviço de Farmácia Clínica. No taram pelo menos um problema relacionado a
período de agosto a novembro de 2015 foram farmacoterapia. Desses problemas, a maioria
atendidos aproximadamente 2,5 mil usuários (45,6%), foi de administração e adesão terapêu-
na primeira dispensação qualificada, 129 na tica. O restante se dividiu entre necessidade de
primeira consulta. Foram realizadas 71 consul- monitorização, 27,9%, tratamento não efetivo,
tas de retorno, totalizando 200 consultas. 21,7%, de reações adversas a medicamentos,
Nas primeiras consultas foram elencados 4,5 18,6%, seleção e prescrição, 17,1%, qualidade do
problemas de saúde por paciente. Destes, 19,6% medicamento, 14,7%, discrepâncias entre pres-
estavam controlados, 34,5% não controlados e critores ou níveis assistenciais, 7,0%.
na 1ª consulta 98%
CONTATOS
Os resultados têm mostrado que o atendi-
mento farmacêutico individualizado promove rosangelapugliese@yahoo.com.br
melhor adesão ao tratamento, conscientização kelly.braga@sesa.pr.gov.br
em relação ao armazenamento e conservação farm02rs@sesa.pr.gov.br
94
Novo Hamburgo/RS
A atuação do farmacêutico
junto ao grupo de hipertensos/
diabéticos na UBS no bairro de
Canudos, Novo Hamburgo
CARACTERIZAÇÃO de médio porte. É também em Canudos que se
localiza o aeroclube do município.
Canudos é um bairro localizado a leste
do município brasileiro de Novo Hamburgo, Estruturação da rede de saúde
no Rio Grande do Sul. É o maior bairro urba-
no da cidade e o mais populoso, com 62.292 As Unidades de Saúde da Família (USF)
trabalham com território de abrangência de-
habitantes.
finido e são responsáveis pelo cadastramento
Canudos é um bairro importante para a e o acompanhamento da população vinculada
economia do município, pois tem um comércio às suas áreas. Cada equipe da USF é compos-
forte, onde se localizam diversos bancos, fábri- ta, no mínimo, por um médico, um enfermeiro,
cas e lojas. Ainda assim é um bairro fortemente um auxiliar de enfermagem e de quatro a seis
residencial, sendo classificado como bairro re- agentes comunitários de saúde. Esses profis-
sidencial/comercial. Possui algumas indústrias sionais e a população acompanhada criam vín-
95
culos de corresponsabilidade, o que facilita a ações de suporte ao processo gerencial da as-
identificação e o atendimento aos problemas sistência farmacêutica, voltadas principalmen-
de saúde da comunidade. Atualmente, o mu- te para a logística do medicamento, em suporte
nicípio conta com 35 equipes de Estratégia de à prescrição e à dispensação e as ações assis-
Saúde da Família (ESF), contemplando uma co- tenciais que visam o cuidado ao usuário, o uso
bertura de 63% da população. O município con- racional do medicamento, a efetividade do tra-
ta com duas Unidades Básicas de Saúde (UBS), tamento, seja no âmbito individual ou coletivo,
uma delas localizada no Bairro Canudos. priorizando o paciente e não o medicamento.
A UBS Canudos possui uma equipe multi- As atividades têm como base a gestão clínica
profissional que busca integralidade em servi- do medicamento e se caracterizam por servi-
ços por meio de um olhar mais ampliado aos ços centrados no usuário de forma a garantir a
pacientes com doenças crônicas. A equipe re- utilização correta de medicamentos e a obten-
aliza atendimentos tanto no âmbito individual ção de resultados terapêuticos efetivos.
quanto coletivo como, por exemplo, grupos de Vários foram os fatores que motivaram a
educação em saúde, a fim de promover o auto- inserção do farmacêutico no Grupo de Hiperdia
cuidado, a corresponsabilização dos indivíduos na equipe desta UBS, entre eles:
e torná-los também multiplicadores em saúde.
- no Brasil, aproximadamente 65% dos
Em média, são atendidos nesta unidade idosos com hipertensão arterial sistê-
mais de 8 mil pacientes/mês e destes, apro- mica, sendo que, entre as mulheres com
ximadamente 2 mil são hipertensos e/ou dia- mais de 65 anos, a prevalência pode
béticos. chegar a 80%. Considerando que, em
O município possui uma farmácia comuni- 2025, haverá mais de 35 milhões de ido-
tária, nove farmácias distribuídas em unidades sos no país, o número de hipertensos
de saúde e uma farmácia popular. E a rede con- tende a crescer. (Sociedade Brasileira
ta com oito farmacêuticos envolvidos na aten- de Hipertensão Arterial, Sociedade Bra-
ção básica. Os serviços farmacêuticos têm por sileira de Cardiologia, Sociedade Brasi-
objetivo alcançar os melhores resultados de leira de Nefrologia. IV Diretrizes brasi-
saúde possíveis e melhorar assim a qualidade leiras de hipertensão arterial. São Paulo
de vida dos indivíduos, família e comunidades. (SP): SBH/SBC/SBN; 2002).
- os fatores como envelhecimento, maior
RELATO DA EXPERIÊNCIA prevalência das enfermidades crônico-
degenerativas e consumo de fármacos,
A experiência descrita, nesse relato, tem aumentam a incidência dos proble-
como foco a inserção do farmacêutico no grupo mas relacionados aos medicamentos,
de Hiperdia (hipertensos/diabéticos) de uma deixando a população vulnerável aos
UBS no Bairro Canudos no município de Novo vários problemas de saúde e aumen-
Hamburgo (RS), com o objetivo de incentivar tando os custos do sistema de atenção
o uso correto dos medicamentos, melhorar a sanitária. (Organización Mundial de la
adesão ao tratamento e proporcionar mais Salud. Informe de la reunión de la OMS
qualidade de vida aos pacientes. en Tokio, Japón, en 1993. El papel del
O grupo é composto por aproximadamente farmacéutico en el sistema atención de
15 pacientes hipertensos e/ou diabéticos com salud. Informe técnico de la Organizaci-
idades entre 57 e 71 anos. Os encontros são re- ón Mundial de la Salud. Pharm Care Esp
alizados toda primeira quarta-feira do mês e a 1999 enero-febrero; 1:207-11).
equipe de saúde é composta por duas enfer- - o acompanhamento farmacoterapêutico
meiras, uma farmacêutica, uma farmacêutica do paciente idoso é etapa fundamen-
residente e uma nutricionista. O grupo já exis- tal para a promoção do uso correto dos
tia anteriormente, e a inserção do farmacêuti- medicamentos. A abordagem educativa
co ocorreu oficialmente em julho de 2015. possibilita a ação colaborativa entre os
As atribuições do farmacêutico na atenção profissionais, favorecendo o esclareci-
básica se dividem em dois tipos: atividades e mento de dúvidas, atenuando a ansie-
96
dade pela convivência com problemas frequente com os pacientes, podendo
semelhantes já solucionados, bem como iniciar discussões sobre os problemas
proporciona maior efetividade na apli- de saúde, informar sobre a natureza da
cação de medidas terapêuticas. doença crônica e identificar as razões
- a importância da equipe multiprofis- do tratamento.
sional no cuidado à saúde dos idosos, - a baixa adesão entre os idosos com hi-
pois a mesma pode influenciar posi- pertensão arterial e diabetes, tem rela-
tivamente na adaptação da doença ção direta com diversos fatores associa-
e na efetivação da farmacoterapia. dos à falta de informação sobre o tra-
Na equipe, há múltiplos objetivos e tamento. A educação ao paciente pode
abordagens com ação diferenciada, proporcionar a conscientização quanto
corrigindo a grande limitação no tra- ao seu estado de saúde e à necessidade
tamento dos idosos, melhorando a do uso correto dos medicamentos, tor-
adesão ao programa de atendimento nando o tratamento mais efetivo e se-
e o controle da doença. A ação con- guro. E a maior interação entre os pro-
junta de farmacêuticos, enfermeiros fissionais da saúde pode reduzir diver-
e nutricionistas tem sido ampliada, sos problemas relacionados a medica-
com resultados positivos nos servi- mentos, da prescrição à administração,
ços de atenção aos pacientes em tra- e reduzir custos do sistema de saúde.
tamentos de hipertensão arterial e Os encontros realizados são em forma de
diabetes. roda de conversas com atividades lúdicas e
- os farmacêuticos são os profissionais diálogos simples, de maneira que o paciente
indicados para orientar a respeito dos compreenda o assunto proposto.
medicamentos prescritos e dispensa- Segue programação anual dos encontros
dos aos idosos, pois estão em contato realizados:
Osório/RS
Comissão de Farmácia
e Terapêutica Regional - união
dos farmacêuticos do litoral
do Rio Grande do Sul
CARACTERIZAÇÃO do Sul, Santo Antônio da Patrulha, Tavares e
Tramandaí. A população total das regiões de
A 18ª Coordenadoria Regional de Saúde saúde é de 349.487 habitantes, sendo 50,5% do
(CRS) faz parte da Região Macro-Metropolitana sexo feminino e 49,5% do sexo masculino. As
de Saúde do estado do Rio Grande do Sul e é regiões possuem 17% da população vivendo em
composta pelas regiões de saúde, Belas Praias área rural e 83% da população vivendo em área
(4), e, Bons Ventos (5) - ver figuras 1, 2 e 3. A urbana. A renda média domiciliar corresponde
Região Belas Praias possui 141,5 mil habitantes a R$ 765,16, com uma proporção de 22% de pes-
e compreende os municípios: Arroio do Sal, Ca- soas com menos de meio salário mínimo de
pão da Canoa, Dom Pedro de Alcântara, Itati, renda e taxa de analfabetismo de 5,8% (IBGE,
Mampituba, Maquiné, Morrinhos do Sul, Terra 2010). As atividades econômicas predominan-
de Areia, Torres, Três Cachoeiras, Três Forqui- tes na região são comércio, turismo, agricultura
lhas e Xangrilá. Já a Região Bons Ventos possui e indústria. O relevo do litoral norte gaúcho é
207.987 habitantes e compreende os municí- composto pela borda do Planalto Meridional e
pios: Balneário Pinhal, Caraá, Capivari do Sul, região de planície com um vasto complexo de
Cidreira, Imbé, Mostardas, Osório, Palmares lagoas.
100
Figura 1: Mapa da localização da 18ª Regional de Saúde do estado do Rio Grande do Sul
METODOLOGIA
Porto Alegre/RS
Cuidando da Farmácia
Caseira: ações de um programa
de extensão universitária
CARACTERIZAÇÃO bem Berta, e a região Eixo Baltazar, os bairros
Passo das Pedras e parte do Rubem Berta. A
O município de Porto Alegre tem uma po- região Norte/Eixo Baltazar possui em torno de
pulação residente de 1.409.351 pessoas, sendo 181.484 habitantes. Destes, 86.213 são homens e
que 755.917 são mulheres e 654.022 são homens. 95.220 são mulheres (IBGE, 2010, DDA/UFCSPA).
As principais bases econômicas são serviços.
Perfil epidemiológico
As ações relatadas neste trabalho foram
realizadas na região da Gerência Distrital de O perfil epidemiológico dos usuários dos
Saúde Norte/Eixo Baltazar, da Secretaria Muni- serviços de saúde da região Norte/Eixo Balta-
cipal de Saúde de Porto Alegre. A região Norte zar aponta para condições insalubres de mo-
compreende os bairros Sarandi e parte do Ru- radia, saneamento básico insatisfatório ou au-
110
sente, abastecimento de água irregular e outros des. A distribuição dos medicamentos prescri
fatores que afetam diretamente a qualidade de tos em consultas pelo SUS é gratuita, tanto
vida da população, predispondo ao adoeci- nas farmácias distritais como nas UBS e USF.
mento. Esse distrito apresenta um alto índice Além desses serviços, o município conta
de mortalidade por doenças crônicas, seguin- com o Programa Farmácia Popular do Brasil,
do a tendência observada em todo o país. Além que tem por finalidade ampliar o acesso aos
disso, a vulnerabilidade social gera um estado medicamentos para as doenças mais comuns
de violência constante, fruto do tráfico de dro- entre os cidadãos. Possui uma Farmácia Popular
gas, assaltos e roubos. Logo, as causas de mor- da rede própria e a parceria com farmácias
te dessa população são associadas à violência, da rede privada. O gasto com medicamentos
como as mortes por arma de fogo (IBGE, 2010). em 2014 totalizou R$ 26 milhões. A capital
vem gastando R$ 11,00 per capita (prefeitura
Estruturação da rede de saúde municipal de Porto Alegre, 2015).
A Gerência Distrital Norte/Eixo Baltazar
A rede assistencial da região Eixo Baltazar conta com uma farmácia distrital (FD) – a Far-
está composta por seis Unidades de Saúde da mácia Distrital de Saúde Sarandi e dois profis-
Família (USF) e cinco Unidades Básicas de Saú-
sionais farmacêuticos.
de (UBS). A região Norte é constituída por cin-
co USF, oito UBS, e por Equipe de Interconsul-
RELATO DA EXPERIÊNCIA
ta em Saúde Mental, composta por psicólogo,
psiquiatra e terapeuta de família, que realizam
A região Norte/Eixo Baltazar é o Distrito
encaminhamentos para o Centro de Atenção
Docente Assistencial da Universidade Federal
Psicossocial (Caps).
de Ciências da Saúde de Porto Alegre (DDA/
As equipes das unidades de saúde do ter- UFCSPA) e se caracteriza por ser um território
ritório são constituídas por médicos clínicos, geográfico onde são realizadas as atividades
pediatras, ginecologistas, nutricionistas, en- de assistência, ensino, pesquisa e extensão da
fermeiros, dentistas, farmacêuticos, auxiliar de universidade, o que proporciona a longitudina-
gabinete odontológico, técnicos de enferma- lidade e a integralidade destas atividades, be-
gem, atendente de recepção, auxiliares admi- neficiando tanto a população quanto os profis-
nistrativos e agentes comunitários de saúde. sionais da saúde e acadêmicos. O Programa de
Extensão Cuidando da Farmácia Caseira, desde
Assistência farmacêutica 2012, realiza ações educativas de promoção à
saúde para os usuários e equipes das unidades
O município de Porto Alegre conta com dez de saúde desta região.
farmácias distritais que mantêm em estoque
os medicamentos da lista básica, definida na As atividades envolvem orientações so-
Relação Municipal de Medicamentos (Remu- bre cuidados com o uso, guarda e descarte
me), em acordo com as normas do Ministério dos medicamentos e também abordam o ma-
da Saúde. Nesses locais, são fornecidos medi- nejo e uso correto e seguro de plantas me-
camentos de controle especial, medicamentos dicinais. As ações desenvolvidas baseiam-
pertencentes aos protocolos ou que possuam -se no acolhimento, na escuta eticamente
alguma especificidade. comprometida com a cultura e o saber dos
usuários do serviço e utilização de novos es-
As farmácias estão localizadas em dife
paços para a construção de uma assistência
rentes regiões da cidade, e todas elas con
farmacêutica capaz de transcender a aqui-
tam com farmacêuticos que atuam como
sição e distribuição dos medicamentos, e
res
pon sáveis técnicos e coordenadores do
proporcionar reflexões sobre o impacto dos
serviço especializado de fornecimento de me
medicamentos e uso de plantas medicinais
dicamentos. Além das farmácias distritais, as
como recursos terapêuticos.
UBS e as USF também possuem dispensários
de medicamentos. Porém, os medicamentos O Programa de Extensão Cuidando da Far-
controlados ou que detenham especificidades mácia Caseira está alinhado às Políticas Nacio-
não fazem parte dos estoques dessas unida nais de Extensão Universitária, de Humaniza-
111
ção e de assistência farmacêutica na medida Os assuntos discutidos e utilizados como
em que trabalha para qualificar a interação norteadores das oficinas de formação de ACS,
entre a academia, a equipe e os usuários, além basearam-se em situações corriqueiras na
de auxiliar na estruturação de uma assistência atuação destes profissionais, que favorecem a
farmacêutica significativa para a população. utilização inadequada de medicamentos e de
(BRASIL, 2004, BRASIL, 2007; FORPROEX, 2012) plantas medicinais utilizadas como recursos
A prestação de assistência farmacêutica terapêuticos.
qualificada permanece como um desafio para
muitas equipes de saúde, haja vista a grande
demanda de trabalho, a falta de profissionais
qualificados e a precária estrutura física das
unidades de saúde. Essas condições são apon-
tadas como fragilidades dos serviços de saúde
e fazem com que a assistência seja pratica-
mente invisível aos olhos dos usuários.
Nesse relato, são descritas as atividades
desenvolvidas em oficinas de formação con-
tinuada para agentes comunitários de saúde,
atividades de orientação em sala de espera,
oficinas para usuários do serviço de Saúde e Oficina de Formação de Agentes Comunitários de Saúde
campanhas de descarte de medicamentos ven-
cidos. As ações foram realizadas nos anos de Duas oficinas abordaram o tema “Cuida-
2014 e 2015, pelo Programa de Extensão. dos com os medicamentos na farmácia caseira:
guarda e descarte de medicamentos; formas
Descrição da experiência farmacêuticas e vias de administração de me-
dicamentos; automedicação e uso racional de
Oficinas de formação continuada para agentes medicamentos”. Outras duas oficinas aborda-
comunitários de saúde (ACS) ram o tema “Uso correto e seguro de plantas
medicinais em atenção primária: mitos e ver-
Os ACS são profissionais que possuem uma dades sobre o uso de plantas medicinais; ma-
atribuição especial e particular na equipe de nejo de plantas medicinais; principais usos, in-
saúde, pois compartilham dos mesmos costu- terações medicamentosas, efeitos adversos e
mes, linguagem e cultura da comunidade em precauções no uso de plantas medicinais“.
que atuam. Para a execução das oficinas os temas fo-
Entre as responsabilidades desses pro- ram trabalhados na forma de apresentação ex-
fissionais estão a prevenção de doenças e a positiva; jogos e roda de discussão de casos. O
promoção da saúde. Por meio de visitas do- uso destas estratégias permitiu ampla partici-
miciliares ou comunitárias, promovem inter- pação dos ACS nas atividades propostas, uma
venções educativas em saúde e estimulam vez que oportunizou que se sentissem à vonta-
a participação da comunidade em questões de para compartilhar suas experiências e suas
que envolvem as políticas públicas voltadas opiniões.
à saúde pública. Desta forma, os ACS são Considerando a importância desses
considerados o principal elo entre equipe profissionais, seu contato direto com a co-
de saúde e população, possibilitando a tro- munidade e sua capacidade de influenciá-
ca de informação entre os dois grupos. -la quanto à correta utilização de medica-
As atividades desenvolvidas com os ACS mentos e plantas medicinais, a criação das
ocorreram no segundo semestre do ano de histórias foi baseada em situações que re-
2014. Os participantes foram divididos aleato- fletiam a realidade dos agentes comunitá-
riamente em dois grupos. Para cada grupo fo- rios de saúde. As respostas aos casos foram
ram realizadas 4 oficinas, totalizando 16 horas registradas em fichas confeccionadas para
aulas. cada oficina realizada. No início das oficinas
112
foi realizado levantamento de conhecimento teração participativa e problematizadora da
prévio sobre os temas abordados e, ao final, realidade, consciente dos contextos sociais e
a atividade foi avaliada pelos participantes subjetividades dos sujeitos.
por meio de pesquisa de satisfação sobre as Para título dessa experiência, buscou-
atividades e conhecimento adquirido. -se a valorização do saber dos usuários no
momento da abordagem, com o intuito de
Atividades de orientação em sala de espera construir um diálogo sobre as temáticas de-
senvolvidas no programa. Para tal, as aca-
A atividade de orientação aos usuários dêmicas identificavam-se como integrantes
em sala de espera foi desenvolvida no se- da equipe “Cuidando da Farmácia Caseira”
gundo semestre de 2015, nas unidades de
e iniciavam um diálogo acerca das questões
saúde Beco dos Coqueiros, Ramos e na FD
relacionadas aos hábitos de uso de medica-
Sarandi, situadas na zona norte de Porto
mentos e de plantas medicinais e de guar-
Alegre. Durante esse período, as atividades
da e descarte dos mesmos. Nessa aborda-
foram realizadas duas vezes por semana, por
gem foram utilizados materiais informativos
quatro acadêmicas dos cursos de Farmácia e
confeccionados pelas discentes e amostras
Enfermagem da UFCSPA.
de medicamentos, para ilustrar as questões
A atenção básica em saúde caracteriza-se discutidas. Ressalta-se que as abordagens
por um conjunto de ações que preconizam a em sala de espera caracterizaram-se pela
promoção e a proteção da saúde, a prevenção sua brevidade, dado o curto período em
de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a rea que os usuários aguardam aos atendimen-
bilitação e a manutenção da saúde (BRASIL, tos previamente agendados ou a retirada de
2012). Entretanto, apesar das políticas públicas medicamentos.
e dos esforços relacionados, a assistência ain-
da baseada na lógica prescritiva e verticalizada Oficinas com usuários do serviço de saúde
acaba restrita aos consultórios, inutilizando os
demais espaços disponíveis no serviço e na co- Na atenção primária em saúde o grupo é
munidade como ponto terapêutico, com vistas um espaço privilegiado para as atividades edu-
à educação em saúde. cativas e tem representado uma alternativa que
favorece o desenvolvimento do vínculo com o
serviço, o diálogo, a troca de conhecimento e,
consequentemente, fornece elementos para a
construção da autonomia e empoderamento
dos sujeitos participantes (SATO, AYRES, 2015).
As oficinas foram realizadas na Unidade
Básica de Saúde (UBS) Ramos, no segundo se-
mestre de 2015, sob responsabilidade das pro-
fessoras e das acadêmicas. Surgiram a partir de
demanda da própria unidade, dadas as carac-
terísticas da população local e condições das
agendas dos profissionais do serviço.
Atendimento em sala de espera de unidade de Saúde A população adstrita da unidade soma
mais de 12 mil pessoas que, à semelhança do
Nessa perspectiva, as salas de espera perfil de morbimortalidade da população bra-
das unidades de saúde na atenção primária sileira, tem nos idosos um grupo de grande re-
permanecem em segundo plano enquanto presentatividade e, consequentemente, com
recurso terapêutico, uma vez que deveriam importante prevalência das doenças crônicas
ser utilizadas como espaços para a promo- não transmissíveis como hipertensão e diabe-
ção de saúde. Nelas é possível acolher as tes. Esse perfil condiciona o uso de polifarmá-
expressões, vivências e espontaneidade dos cia, expondo os usuários aos riscos da falta de
usuários do serviço, para construir uma in- orientação.
113
Considerando essas características, a equi- problema ambiental devido aos contaminantes
pe do serviço solicitou a atividade como com- oriundos desses resíduos.
plemento às consultas periódicas de um gru-
po de usuários com hipertensão e diabetes. O
objetivo era contribuir para a adesão ao trata-
mento e a promoção do uso racional dos me-
dicamentos e de plantas medicinais. Optou-se
pela realização de duas oficinas em dias dis-
tintos; uma para contemplar o uso das plantas
medicinais e outra para conversar a respeito
do uso racional dos medicamentos, além da
guarda e descarte dos mesmos.
As oficinas foram realizadas por meio de
atividades lúdicas como o jogo “bingo de plan-
tas medicinais” que continha informações so-
bre as espécies mais utilizadas na região. E
Divulgação da campanha de recolhimento de medicamentos
para abordar as questões referentes aos medi- vencidos em Unidade de Saúde
camentos, foi elaborado o jogo “batata quente”
construído a partir dos mitos e verdades sobre A campanha de descarte dos medicamen-
o uso, guarda e descarte de medicamentos. Du- tos vencidos realizada pelo programa contou
rante as dinâmicas, várias questões foram tra- com duas caixas para coleta: a primeira ficou
zidas pelos pacientes, o que permitiu conhe- disponível permanentemente na FD Sarandi, da
cer seus hábitos e práticas, esclarecer dúvidas, zona Norte/Eixo Baltazar da cidade de Porto
trocar experiências e conhecimento sobre a Alegre. A segunda, alocada nas unidades vincu-
temática do programa. Ao final, as oficinas fo- ladas ao programa por um período médio de
ram avaliadas pelos participantes por meio de seis semanas. A divulgação da campanha foi
pesquisa de satisfação sobre as atividades e realizada nas atividades em sala de espera, pe-
conhecimento adquirido. las acadêmicas, em suas abordagens aos usuá-
rios do serviço. Foi utilizado material informati-
Campanha de Descarte de Medicamentos vo e banner do Programa Cuidando da Farmácia
Vencidos Caseira.
Os medicamentos recolhidos foram leva-
Quando bem indicados, os medicamen- dos à laboratório da UFCSPA para contagem e
tos representam um recurso terapêutico de separação de embalagens secundárias e bulas,
grande impacto na saúde e qualidade de vida e posteriormente encaminhados para destino
dos indivíduos. Entretanto, o expansivo cres- adequado por empresa terceirizada convenia-
cimento do mercado farmacêutico, aliado a da com a universidade.
fatores culturais, expõe a população aos ris-
cos relacionados à automedicação e estimula Descrição dos impactos gerados com esta
a manutenção das “farmácias caseiras”. experiência
O acúmulo doméstico de medicamentos
contém algumas formulações vendidas sem As ações do Programa de Extensão Cui-
receita médica, como antigripais, antitérmicos, dando da Farmácia Caseira neste período,
analgésicos e sobras de medicamentos sujeitos envolveram profissionais e usuários de 16 Uni-
à prescrição que deixaram de ser utilizados. dades de Saúde e a FD da Gerência Distrital
Esse é um fator preocupante, porque mui- Norte/Eixo Baltazar.
tos produtos ficam guardados por longos perí- A atividade Formação Continuada para
odos, em condições inadequadas, com prazos ACS contou com 31 participantes e foi realiza-
de validade ignorados e posteriormente são da na sede da universidade. Os resultados do
descartados no lixo comum, no vaso sanitário levantamento de conhecimento prévio reali-
ou enterrados nos jardins, representando um zado com os ACS indicam que todos possuíam
114
medicamentos em seus domicílios, sendo que É importante ressaltar que as ações de
53% armazenavam na cozinha e 35,8% descar- formação continuada contribuem para a valo-
tavam medicamentos vencidos no lixo comum rização profissional e para minimizar as fragili-
ou vaso sanitário. Também relataram utilizar dades conhecidas dos serviços de saúde, além
plantas medicinais, sendo que 41,7% adotavam de contribuir para a formação dos acadêmicos
esta prática afirmando que “por ser natural não que participam da construção destas ações.
faz mal”, e 64,7% que este uso era realizado por Após a formação continuada, os ACS foram
tradição familiar. preparados e incentivados a inserir no seu co-
Os dados demonstram comportamentos e tidiano profissional, por exemplo, nas visitas
práticas pessoais incorretas em relação à guar- domiciliares, ações de cuidado e de orientação
da e descarte de medicamentos e à utilização de aspectos relacionados à guarda e ao des-
de plantas medicinais por parte dos ACS. carte de medicamentos, e também ao uso de
medicamentos e de plantas medicinais.
A falta de informação sobre o tema tam-
bém pôde ser evidenciada pelas falas e refle- Os ACS ainda foram motivados a desenvol-
xões dos profissionais ao longo da atividade. ver estratégias e/ou ferramentas de educação
Apesar de serem capazes de problematizar a em saúde como promoção da adesão ao trata-
sua prática profissional, relatam que muitas mento e orientação dos cuidados na prepara-
vezes utilizam suas concepções e hábitos pes- ção e uso de chás.
soais para transmitir informações aos usuários As atividades em sala de espera foram rea-
dos serviços de saúde. lizadas em duas US e na FD (tabela 1).
Este resultado sugere que, apesar do alto tadas para cuidados com medicamentos e
custo relacionado à terapêutica medicamento- plantas medicinais, usualmente restritas aos
sa, os indivíduos podem não realizar os trata- profissionais farmacêuticos. As ações de pro-
mentos de forma adequada. O número elevado moção à saúde envolvendo estes temas devem
de unidades de medicamentos descartado de- ser realizadas de forma transversal, por toda a
monstra a importância da existência de locais equipe, seja em consulta, visita domiciliar ou
de descarte acessíveis e que não exponham as em sala de espera, e não só durante a dispen-
pessoas aos riscos de um descarte inadequado. sação de medicamentos.
Os dados apresentados demonstram a As pesquisas de satisfação apontam o re-
necessidade de ações capazes de sensibilizar, sultado positivo das ações realizadas, demons-
educar e capacitar os usuários dos serviços de trando contribuição para a formação profissio-
saúde para a promoção do autocuidado e, con- nal e para a educação em saúde. As atividades
sequentemente, a adesão à terapêutica medi- proporcionaram discussão de temas relevantes
camentosa. e de situações relacionadas, comuns nos domi-
Observa-se a relevância de envolver toda cílios e muitas vezes não discutidos nos servi-
a equipe de saúde na promoção de ações vol- ços de saúde (figura 1).
115
90%
80% medicamentos guardados em casa, a maioria
70% os guarda na cozinha (77,7%) e os descartam no
60% lixo comum e no vaso sanitário (88,8%). As ati-
50% vidades foram realizadas sob a perspectiva da
40%
educação em saúde e do empoderamento para
30%
o autocuidado.
20%
10% Em relação às percepções sobre plantas
0% medicinais, a oficina corroborou as impressões
Oficinas de Formação Oficinas com usuários Atividades em sala
de ACS de espera obtidas em sala de espera. A maioria dos par-
Ótimo Bom ticipantes utiliza plantas medicinais pelo me-
nos uma vez por semana (80%) e 20% as utili-
A proposta foi bem aceita pelos usuários zam todos os dias, há mais de dois anos. Todos
que, em sua maioria, mostraram-se receptivos à referiram manter o hábito por tradição familiar
conversa e dividiram experiências e hábitos re- e 40% acreditam que as plantas medicinais não
lacionados ao uso, guarda e descarte dos medi- fazem mal à saúde por serem naturais.
camentos e chás, bem como demonstraram dú- Os participantes foram receptivos aos mo-
vidas, principalmente em relação à polifarmácia. mentos da experiência, apesar de, segundo
Quanto ao uso de chás, a prática é preva- eles, não estarem habituados a participar de
lente e baseia-se principalmente na tradição atividades em grupo relacionadas à assistência
familiar e na cultura local. Muitos foram os re- e educação em saúde. A interação com os usu-
latos de guarda de medicamentos na cozinha ários e equipe de saúde permitiu a imersão no
ou banheiro, uso de medicamentos fora do mundo de significados das pessoas abordadas
prazo de validade e principalmente descarte e envolvidas nas atividades, não só em relação
em lixos comuns, vasos sanitários ou pias. aos hábitos terapêuticos dos indivíduos, mas
Os relatos foram obtidos por meio da da saúde como um todo.
postura informal, acolhedora e de escuta ati- Espera-se que os usuários que vivenciaram
va, sem juízo de valor, o que facilitou a inte- esta experiência possam incorporar em seu dia
ração e o vínculo com os usuários. A recepti- a dia as práticas discutidas e recomendadas,
vidade das equipes dos serviços também foi além de serem disseminadores deste conheci-
um fator facilitador da experiência, uma vez mento em sua comunidade.
que os servidores incentivaram e divulgaram A campanha de descarte de medicamentos
as ações do programa em suas práticas as- vencidos impactou no recolhimento de 19.064
sistenciais. unidades de medicamentos, excetuando-se
Acredita-se que essas ações em sala de outros objetos como preservativos, agulhas,
espera foram úteis na sensibilização dos usu- seringas e produtos cosméticos, também des-
ários sobre a influência do tema em sua saúde. cartados equivocadamente nas caixas deixa-
E também serviram como espaço de divulgação das nas unidades de saúde (tabela 2).
Tabela 2: Caracterização dos medicamentos recolhidos no ano de 2015
Próximos passos, desafios e necessidades arraigada aos costumes, cultura e tradição oral.
Ao inviabilizar esses aspectos, a equipe não
Estão previstas ações do programa nas consegue prestar o cuidado integral e acaba
demais unidades de saúde do DDA, curso de por calar os usuários dos serviços de saúde
formação para os profissionais da saúde sobre que, por medo ou vergonha de serem recrimi-
uso correto e seguro de plantas medicinais, nados, não verbalizam ou refletem sobre as
pesquisa sobre conhecimento dos acadêmicos suas práticas.
dos diferentes cursos da universidade sobre os A vivência nas unidades de saúde indica
temas abordados no programa e proposição que usuários e profissionais têm interesse nos
de disciplinas eletivas sobre Fitoterapia. Tam- temas e que há necessidade de um trabalho
bém é necessário analisar os dados dos medi- permanente de educação em saúde sobre riscos
camentos vencidos recolhidos, com intuito de e benefícios das farmácias caseiras, formando
conhecer as classes dos medicamentos mais assim multiplicadores desse conhecimento.
frequentemente descartados, sua disponibili- Acredita-se que o engajamento da equi-
dade na rede pública, data de validade, entre pe de saúde possa levar à incorporação dos
outras variáveis que auxiliarão na construção temas abordados em seu cotidiano de visitas
de estratégias para promoção do uso racional domiciliares, consultas, grupoterapia, podendo
de medicamentos no DDA. auxiliar na melhoria da qualidade de vida dos
A obtenção de recursos financeiros para indivíduos.
a execução das atividades sempre é um de-
safio. O programa foi contemplado em edital REFERÊNCIAS
para fomento de ações de extensão e recebeu
financiamento para o ano de 2016. O recurso AZEREDO, R. Prefeitura Municipal de Porto
será mantido em 2017. Os incentivos financei- Alegre. Saúde. Disponível em: <http://www2.
ros permitirão o envolvimento de um número portoalegre.rs.gov.br/sms/default.php?p_no-
maior de acadêmicos dos diferentes cursos ticia=180368&SAUDE>. Acesso em: 29 Abr. 2016.
nas ações, por meio de bolsas, além da pro- BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de
dução de materiais educativos e informativos Saúde. Assistência Farmacêutica no SUS / Con-
de qualidade. selho Nacional de Secretários de Saúde. Brasí-
Ainda é necessário que as ações do Progra- lia: CONASS, 2007.
ma estejam melhor alinhadas às diretrizes da BRASIL. Presidência da República. Lei nº 11.350,
assistência farmacêutica do município e mais de 5 de outubro de 2006. Regulamenta o § 5o do
integradas com as demandas percebidas du- art. 198 da Constituição, dispõe sobre o apro-
rante os atendimentos na farmácia distrital. veitamento de pessoal amparado pelo pará-
grafo único do art. 2o da Emenda Constitucional
CONCLUSÃO no 51, de 14 de fevereiro de 2006, e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.pla-
As ações do Programa de Extensão pos- nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/
sibilitaram a correta orientação de usuários lei/l11350.htm>. Acesso em: 05 maio. 2016.
e equipe de saúde em relação à guarda e ao BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
descarte responsável de medicamentos e ao Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
uso correto de plantas medicinas. Além dis- Básica. Política Nacional de Atenção Básica /
so, as atividades permitiram integração da Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
equipe do programa com os usuários e pro- Saúde. Departamento de Atenção Básica. Bra-
fissionais das unidades de saúde, oportuni- sília: Ministério da Saúde, 2012.
zando, aos envolvidos, o aprimoramento nas
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Execu-
habilidades de comunicação, de escuta e de tiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Hu-
desenvolvimento de atividades educativas manização. HumanizaSUS: Política Nacional de
fundamentais aos profissionais da saúde. Humanização: a humanização como eixo norte-
A partir das atividades desenvolvidas, per- ador das práticas de atenção e gestão em to-
cebe-se o quanto a saúde é uma prática social das as instâncias do SUS / Ministério da Saúde,
117
Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. Saú-
Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério de. Serviços de Saúde. Medicamentos. Dispo-
da Saúde, 2004. nível em: <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/
DDA/UFCSPA. DISTRITO DOCENTE ASSISTENCIAL sms/default.php?p_secao=819>. Acesso em: 29
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Natália Domingues dos Santos
MARQUES, T. As atividades de agentes comuni- Natália Souza dos Santos
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de medicamentos em unidades do Distrito de CONTATOS
Saúde Oeste de Ribeirão Preto – SP. 2008. 105 f.
Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Ribei- alinel@ufcspa.edu.br
rão Preto. SP. farmaciacaseira@ufcspa.edu.br
kellens@ufcspa.edu.br
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. mesquitacarina@hotmail.com
Saúde. Políticas em Saúde. Assistência Farma- jacquef.2009@hotmail.com
cêutica. Farmácia Popular do Brasil. Disponí- lidiellen_eich@hotmail.com
vel em: <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/ ndominguesody@gmail.com
sms/default.php?p_secao=965>. Acesso em: 29 natalia-souza06@hotmail.com
Abril. 2016.
118
Santa Maria/RS
Farmacêuticos abordam
assistência farmacêutica em
situação de desastre e casos de alta
complexidade em município gaúcho
CARACTERIZAÇÃO pessoas responsáveis por domicílios, 43% re-
cebem até três salários mínimos e 20% estão
Santa Maria está situada a 292 Km de Porto em situação de pobreza, com renda per capita
Alegre, Rio Grande do Sul (RS). É uma cidade de inferior a meio salário mínimo.
porte médio, localizada no centro do estado, de No ano de 2010, a população do município
grande influência em sua região. A base econô- era de 261.031 habitantes. Desses, 95% viviam
mica do município é o setor terciário (serviços), na zona urbana e 53% eram mulheres. Embora
que responde por mais de 80% dos empregos 90% fossem alfabetizados, entre os maiores de
da população economicamente ativa. Entre as 15 anos 3,2% eram analfabetos, segundo dados
119
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís- feminino (20/100.000 mulheres) e o câncer de
tica (IBGE). A maior parte dos habitantes en- colo uterino (4/100.000). Os acidentes de trân-
contrava-se na faixa etária entre 15 e 59 anos sito (25/100.000) e os homicídios (11/100.000)
(66,55%). As pessoas com mais de 60 anos re- são as principais causas externas de óbito (SES,
presentavam 13,76% da população. 2011).
O nome de Santa Maria foi projetado inter- Com base nas informações do Sistema de
nacionalmente por causa do incêndio ocorrido Informação de Agravos de Notificação (Sinan),
no dia 27 de janeiro de 2013, na Boate Kiss, que no ano de 2010, houve a ocorrência de 136 ca-
matou 242 pessoas, deixando mais de mil ou- sos de tuberculose; 103 de hepatites virais e 80
tras vítimas diretas e indiretas. Esse episódio de Aids.
desencadeou o desenvolvimento de uma das
No período de janeiro de 2002 a setembro
experiências relatadas nesta publicação. Inti-
de 2012, foram registrados 17.670 casos de hi-
tulado “A assistência farmacêutica em uma si-
pertensão, 135 de diabetes tipo 1 e 691 de dia-
tuação de desastre - o incêndio na Boate Kiss,
betes tipo 2. Já os casos de hipertensão e dia-
em Santa Maria (RS)”, o trabalho descreve a
betes somaram 5.439.
atuação dos farmacêuticos no atendimento às
vítimas.
Estruturação da rede de saúde
O município de Santa Maria também é o
cenário de outra experiência, “A reconciliação O município de Santa Maria é o principal
farmacoterapêutica na otimização da terapia”, polo assistencial da macrorregião Centro-Oeste
desenvolvida no Hospital Universitário de San- do RS (IBGE, 2010). É sede da 4ª Coordenadoria
ta Maria (HUSM). O trabalho tem a participação Regional de Saúde do estado (CRS-RS), que se
de farmacêuticos residentes e é realizado em divide em duas regiões de saúde (Verdes Cam-
duas unidades hospitalares, onde são interna- pos e Entre Rios) e abrange 32 municípios, po-
dos pacientes para tratamento em diferentes voados por 541.247 habitantes.
especialidades (Neurologia, Doenças Infecto-
A rede de saúde do município conta com
contagiosas, Oncologia/Cabeça e Pescoço, An-
160 estabelecimentos, dos quais 68 fazem par-
giologia/Clínica Vascular, Pneumologia, Cardio-
te do SUS. Na atenção primária, são 12 Unida-
logia e Medicina Interna).
des Básicas de Saúde (UBS) e 16 equipes da
Estratégia de Saúde da Família (ESF). No nível
Perfil epidemiológico
intermediário de complexidade do atendimen-
Segundo dados do Departamento de In- to, o município possui três unidades de pronto
formática do Sistema Único de Saúde (Datasus, atendimento (infantil, adulto e odontológico),
2010), são registradas 14,9 mil internações na um ambulatório de saúde mental, quatro Cen-
rede pública e conveniada com o sistema em tros de Atenção Psicossocial (Caps) e um Cen-
Santa Maria. Além das causas obstétricas (gra- tro de Testagem e Aconselhamento.
videz, parto e puerpério), a maior parte das O Hospital Universitário de Santa Maria
internações ocorre em função de neoplasias (HUSM), da Universidade Federal de Santa Ma-
e doenças do sistema respiratório, digestivo e ria (UFSM), é um hospital geral de alta complexi-
circulatório. As cinco principais causas de óbi- dade que atende exclusivamente aos usuários
to na população residente em Santa Maria são do SUS. Hospital-escola, a unidade é referência
as doenças do aparelho circulatório (241 mor- para casos de complicações clínicas ou cirúrgi-
tes/100.000mil habitantes). Em seguida, vêm as cas e atendimento em transplantes, de gestan-
neoplasias (170/100.000), doenças do aparelho tes de alto risco e de recém-nascidos na área
respiratório (81/100.000), além de causas exter- de abrangência da 4ª CRS-RS. O hospital aten-
nas de morbimortalidade (60/100.000). O índice de mais de 44 especialidades, dispondo de 400
de mortes por causas mal definidas é de 1,4%. leitos e um ambulatório com58 consultórios.
Entre as causas neoplásicas malignas de Após o desastre da Boate Kiss, o municí-
óbito, destacam-se o câncer de pulmão (30 piorecebeu auxílio para a estruturação de uma
mortes/100.000 h
abitantes), o câncer de mama rede de apoio à população . Contribuíram, a
120
Força Tarefa Nacional do SUS; voluntários; or- Já o Setor de Farmácia Hospitalar (SFH) do
ganizações não governamentais, como a Cruz HUSM conta com 18 farmacêuticos, 11 técni-
Vermelha e Médicos Sem Fronteiras; e consul- cos, 18 almoxarifes, dois serventes de limpeza
tores do Ministério da Saúde (MS) e da Políti- e uma recepcionista. O serviço é responsável
ca Nacional de Humanização. Foram criados pela AF a pacientes internados e ambulato-
serviços específicos como o Centro Integrado riais, realizando a seleção, programação, ar-
de Atenção as Vítimas de Acidentes (Ciava) do mazenamento, distribuição, dispensação de
HUSM e o Acolhe-Saúde, estruturado pelo mu- medicamentos e materiais médico-hospitala-
nicípio, para a atenção psicossocial. res; preparo de quimioterapia antineoplásica;
e atenção farmacêutica a pacientes oncológi-
O Ciava foi criado para reunir a equipe cos e a pessoas vivendo com HIV/Aids, além
de assistência em um só lugar e coordenar os de apoiar a Unidade de Compras no processo
atendimentos das diferentes áreas, além de de aquisição de medicamentos e materiais do
possibilitar o acompanhamento em longo pra- hospital, visando ao uso seguro e racional dos
zo dos sobreviventes. Antes, os pacientes se mesmos.
deslocavam a vários serviços. Com o Ciava, toda
O SFH é campo de ensino para o curso
a equipe participava do acompanhamento, in- de graduação em Farmácia e para o Programa
cluindo médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, de Residência Multiprofissional Integrada em
farmacêutico e outros. Gestão e Atenção Hospitalar no SUS. Junto ao
programa de residência, o SFH está especiali-
Assistência farmacêutica zando seis farmacêuticos: dois na área de con-
centração das doenças crônico-degenerativas,
A assistência farmacêutica (AF) municipal dois em hemato-oncologia e dois em vigilância
conta com três farmácias que dispensam os em saúde. Os residentes das doenças crônico-
medicamentos da Relação Municipal de Medi- -degenerativas e vigilância em saúde estão em
camentos (Remume), conforme prescrição mé- duas unidades de internação desenvolvendo a
dica, em receituário do SUS. prática da Farmácia Clínica.
121
A assistência farmacêutica em
uma situação de desastre - o incêndio
na Boate Kiss, em Santa Maria
RELATO DA EXPERIÊNCIA no Rio Grande do Sul, o desastre na Boate
Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, foi
Os desastres são alterações súbitas de responsável pela morte de 242 pessoas, dei-
pessoas, de seu meio ambiente ou de seus xando mais de mil outras vítimas diretas e
bens, causados por fatores externos de ori- indiretas, com danos físicos e psicossociais.
gem natural ou pela ação humana, que de- Segundo Albuquerque et al. (2013), os sobre-
mandam uma ação imediata por parte das viventes foram expostos ao gás cianeto de
autoridades de saúde, visando à diminuição hidrogênio e tiveram danos causados pela
das conseqüências e acabam por exceder a inalação de fumaça, desordens músculo-es-
capacidade de resposta, necessitando ajuda queléticas e queimaduras.
externa de ordem nacional ou internacio- O objetivo é descrever o processo de assis-
nal (Brasil, 2012). Na cidade de Santa Maria, tência farmacêutica (AF) em uma situação de
122
desastre decorrente do incêndio na Boate Kiss. UFSM e farmacêuticos voluntários. Após o
A experiência tem como base os relatos de aca- desastre, a partir de maio/2013, onze aca-
dêmicos e profissionais da área da saúde que dêmicos de diferentes cursos de graduação
atuaram na atenção às pessoas atingidas. Como (principalmente da Farmácia), juntamente
resultados, foram identificadas iniciativas sim- com professores tutores, inseriram-se no
ples que a equipe de AF desenvolveu frente à processo por meio do PET-Saúde/Vigilância
demanda, como a segregação das pastas dos em Saúde e passaram a compartilhar os seus
pacientes e a criação de um sistema on-line desafios diários. A equipe de AF acompa-
de acompanhamento dos sobreviventes, além nhou 485 sobreviventes (considerados como
da confecção de um protocolo registrando, de vítimas diretas), além das vítimas indiretas
forma clara e concisa, o fluxo de condutas to- (312 familiares, 190 voluntários ou equipe do
madas pela AF naquela situação inesperada e exército, 19 profissionais da área da saúde,
emergencial. policiais ou bombeiros).
Nesse contexto, foi importante o planeja- Os resultados das intervenções da equi-
mento de ações voltadas aos sobreviventes, pe de AF puderam ser observados logo após o
considerando as diferentes etapas do ciclo
desastre, quando se iniciou a busca da equipe
da AF. O PET-Saúde/Vigilância em Saúde da
de AF por medicamentos em quantidade sufi-
UFSM (Programa de Educação Tutorial pelo
ciente para atendimento aos 577 sobreviventes.
Trabalho para a Saúde) foi o mediador entre
Desses, 82 foram internados em hospitais de
as discussões teórico-científicas da universi-
Santa Maria e 59 foram removidos para Porto
dade e as necessidades práticas dos serviços
Alegre.
de saúde em relação aos cuidados farmacêu-
ticos. A reestruturação do ciclo da AF realiza- A equipe de AF organizou as doações rece-
da “de acordo com a demanda” e “por muitas bidas de todo o Brasil. Houve remanejamento
e diferentes mãos” foi importante para pro- de medicamentos de outras Coordenadorias
mover o acesso aos medicamentos e, conse- Regionais de Saúde e do Almoxarifado Central
quentemente, melhorar a qualidade de vida do Rio Grande do Sul. Neste aspecto, conse-
dos sobreviventes ao desastre. guiu-se a liberação de medicamentos que
A integração da academia com os ser- haviam sido judicializados, mas que estavam
viços foi concretizada de diferentes formas, estocados há mais de trinta dias, sem procura.
pela presença de acadêmicos de graduação e Além disso, a SMS comprou alguns itens por
pós-graduação que tinham a 4ª CRS-RS como licitação e a 4ª CRS-RS fez compra emergen-
campo de estágios e práticas (do PET-Saúde/ cial em farmácias. Realizou-se a busca ativa
Vigilância em Saúde e do PRMISPS/UFSM - dos medicamentos que seriam necessários
Programa de Residência Multiprofissional nos hospitais do município, a partir de infor-
Integrada em Sistema Público de Saúde da mações in loco, com os farmacêuticos e pres-
UFSM), contribuindo efetivamente no mapea- critores. Durante esse processo, 835 pessoas
mento das ações relativas ao desastre. A par- realizaram cadastro no Form-SUS buscando
tir de uma reconstituição histórica realizada atendimento. Durante os mutirões de aten-
com acadêmicos, tutores, farmacêuticos resi- dimento ambulatorial, realizados no Ciava/
dentes e farmacêuticos indicados pelos ges- HUSM, foram atendidos 82 pacientes pela
tores da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde equipe de AF.
do Estado (CRS-RS) e da Secretaria Municipal No momento em que os sobreviventes re-
de Saúde (SMS), este relato pretende descre- ceberam alta hospitalar e passaram a buscar
ver algumas características do processo de seus medicamentos na sede da 4ª CRS-RS,
AF e as estratégias que foram implementadas destacaram-se as iniciativas da equipe de AF
pela equipe de AF no período pós-desastre, para desburocratização na liberação dos medi-
em Santa Maria, RS. camentos que atenderiam aos 65 processos de
A equipe de AF foi constituída, no mo- pacientes de forma emergencial. Na prática, to-
mento do desastre pelos farmacêuticos e dos os medicamentos que estavam no estoque
funcionários da 4ª CRS-RS, farmacêuticos da da 4ª CRS-RS e que poderiam atender a esta
SMS, farmacêuticos residentes do PRMISPS/ demanda foram dispensados, além do cuidado,
123
atenção da equipe em relação a cada atendi- a ajuda dos peritos, que priorizaram a análise
mento realizado. Essa agilidade na liberação de dos processos das vítimas e os deferiram rapi-
medicamentos também foi conquistada com damente.
O emprego de um recurso simples foi gação dos processos, foi possível a criação
fundamental para a identificação das víti- de uma planilha no Microsoft Excel, que foi
mas do desastre que buscavam adquirir seus compartilhada on-line via Google Drive fi-
medicamentos na 4ª CRS-RS: a marcação das cando acessível aos diferentes serviços de
pastas dos processos dos pacientes referen- atendimento, a fim de facilitar o acompa-
tes a Boate Kiss, com um adesivo colorido nhamento dos sobreviventes.
e a segregação destas 65 pastas em uma
gaveta separada das demais. Esta iniciativa
básica, aplicada por uma farmacêutica resi-
dente, permitiu discriminar, de forma rápida
e efetiva, quem eram as vítimas do desastre
e suas necessidades de medicamentos. Em
uma situação de emergência, com aumento
abrupto da demanda, envolta na comoção e
choque da coletividade, a clareza de visão
e o pensamento altruísta permitiram que a
equipe de AF tomasse essa decisão no mo-
mento certo. Caso contrário, essa tarefa de-
mandaria muito mais tempo, pois as 65 pas-
tas ficariam “perdidas” em meio ao contin-
gente de doze mil processos já existentes. `
A localização por meio informatiza-
do também não seria possível, pois o
Sistema Administração de Medicamentos
(AME) vinculado à Coordenação da Política Figura 4 – Adesivo colorido identificando processos
de Assistência Farmacêutica (CPAF), da
Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande Posteriormente, mas não menos importan-
do Sul, não contava com um código identi- te, aconteceu a criação de uma comissão com
ficador destas pessoas. A partir da segre- especialistas que criaram um protocolo para
124
flexibilizar a dispensação de alguns medica- ajudaram a escrever esta história. É impor-
mentos que não constavam na lista do SUS ou tante ressaltar, ainda, o papel integrador
estavam atrelados a um CID específico, o que da universidade, cuja participação também
inviabilizava sua oferta às vítimas (Resolução veio a ser estimuladora, mediadora deste
646/13 da CIB-RS - Comissão Intergestores processo.
Bipartite do Rio Grande do Sul). A equipe de AF Dessa maneira, vale lembrar que, em uma
teve participação também no Grupo Gestor do situação de desastre, o sistema de prestação
Cuidado, atuando nas reuniões e na elaboração de cuidados em saúde fica sobrecarregado.
de protocolos de atendimento das especiali- Ferramentas que foram desenvolvidas para
dades. Foram realizadas discussões a respeito contornar esta precariedade merecem desta-
dos problemas mais urgentes e tentativas de que como a identificação visual dos proces-
resolução. O grupo reunia representantes do sos administrativos e a criação de planilha
Acolhe Saúde, CEREST, PRAE-UFSM e das esfe- no Excel disponibilizada no Google drive para
ras do poder público. cadastro das informações, o que nos permitiu
Além disso, foi criado o Grupo de Apoio acompanhar e monitorar os 65 pacientes. As
ligado ao gabinete do governador do esta- iniciativas pós-desastre colocadas em prática
do, que acompanhava e apoiava essas pes- pela equipe, atuando em várias etapas do ci-
soas em vários aspectos. O Grupo de Apoio clo da AF (aquisição, seleção, programação e
fez um trabalho de mapeamento, busca ativa, distribuição), propiciaram uma resposta mais
visita domiciliar, organização de novas fon- rápida, de acordo com a gravidade da situa-
tes de trabalho, acesso ao ensino superior, ção, beneficiando, principalmente, quem mais
emprego, qualificação (cursos), qualificação precisava. Para os sobreviventes, o esforço e
de serviços desenvolvidos e até mesmo em dedicação da equipe de AF possibilitou, em
questões familiares, tentando contornar as meio a uma situação de crise, o acesso aos
dificuldades e personificar políticas públicas medicamentos e um atendimento e orienta-
estaduais para atender à demanda pós-de- ção individualizados. Para a gestão, a organi-
sastre. zação da AF possibilitou o acompanhamento
A teorização sobre esta experiência e a dos pacientes, o que facilitou na tomada de
sistematização de um texto apontando as di- decisões.
ficuldades, as necessidades e as opções de
ações que foram as escolhidas e praticadas, REFERÊNCIAS
com seus erros e acertos, faz-se necessária
por si só como um relato histórico. A situa- Albuquerque IM, Pasqualotto AS, Trevisan
ção drástica impetrada por uma emergência ME, Gonçalves MP, Badaró AFV, Moraes JP et
em Saúde Pública como esta, vivida em Santa al. Role of physiotherapy in there habilita-
Maria, provocou a adaptação rápida das ins- tion of survivors of the kiss nightclub trag-
tituições e serviços envolvidos na assistên- edy in Santa Maria, Brazil. Physiotherapy.
cia às vítimas. Isto só foi possível devido à 2013; 99(4):269-70. http://dx.doi.org/10.1016/j.
dedicação comprometida e solidária dos physio.2013.07.001
profissionais da saúde, além da mobilização Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e
conjunta de voluntários e estudantes para Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2010.
atender à demanda das pessoas que necessi- [acessado em 2 de março de 2016]. Disponível
tavam de atenção imediata. em: www.ibge.gov.br
Outras iniciativas e atividades realizadas Brasil. Presidência da República. Lei nº 12.608,
podem ser ainda orientadoras na confecção de 10 de abril de 2012. Institui a Política
de diferentes protocolos a serem utilizados Nacional de Proteção e. Defesa Civil - PNPDEC;
em desastres. Ao mesmo tempo, acredita-se dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção
que a divulgação desta experiência possa e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional
ser um instrumento de valorização e reco- de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC; autoriza
nhecimento dos profissionais da saúde, em a criação de sistema de informações e monito-
especial os farmacêuticos, personagens que ramento de desastres; altera as Leis nos 12.340,
125
INSTITUIÇÃO
Universidade Federal de Santa Maria (HUSM) -
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Educação pelo Trabalho para
Saúde (PET-Saúde/Vigilância em Saúde)
AUTORES
Marinel Mor Dall’Agnol
Liziane Maahs Flores
Regis Carpes Pontel
Daiane Rodrigues de Loreto
Ana Luiza Trindade
Isabel Cristina Reinheimer
Angela Regasson Lena
Juliana dos Santos Oliveira
Melissa de Almeida Corrêa Alfredo
Letícia Aline Fernandes
Mayara Ana Gais
Karolline Pereira de Freitas
Fallon dos Santos Siqueira
Guilherme Ignácio Ritter
Tatiana Margot Muller da Rosa
Fabrícia Lopes Carvalho
Ana Emilia Maixner
Maria Solange Medeiros Ribeiro
Selena Dutra Michel
126
A reconciliação
farmacoterapêutica
na otimização da terapia
RELATO DA EXPERIÊNCIA como na admissão e alta hospitalar, os pacien-
tes ficam expostos a possíveis erros de medi-
A administração de medicamentos no con- camentos, devido, muitas vezes, à pobre comu-
texto hospitalar é um processo complexo e com nicação entre a equipe de saúde e à perda de
múltiplos passos. Nem sempre esse processo é informações em relação aos pacientes3.
suficientemente seguro, ocorrendo erros que Dados mostram que 49% dos pacientes
podem ou não causar danos ao paciente. Estes experimentam pelo menos um erro médico se-
erros, denominados Problemas Relacionados guinte à alta, comumente envolvendo uso de
a Medicamentos (PRM), são discrepâncias não medicamentos, sendo que a maior parte dos
intencionais consideradas eventos adversos erros poderia ser evitada por meio de comu-
passíveis de prevenção1,2. nicação eficiente4 e do planejamento adequa-
Os PRM podem levar a importantes agravos do de alta, pois, este planejamento contribui
à saúde dos pacientes, com relevantes reper- para a continuidade do cuidado no domicílio,
cussões econômicas. São ocorrências comuns podendo evitar reinternações5.
e podem assumir dimensões clinicamente sig- A diminuição nos erros de medicação, nos
nificativas, impõem custos relevantes e sua serviços de saúde onde existe o farmacêutico
ocorrência impacta diretamente na segurança atuando juntamente com a equipe clínica, foi
do paciente. Durante as transições do cuidado, demonstrado por vários estudos, reforçando
127
a hipótese de que a intervenção farmacêuti- ocorrendo nas unidades de internação, por
ca pode reduzir o número de efeitos adversos, meio dos farmacêuticos residentes do Pro-
melhorar a qualidade do atendimento e acar- grama de Residência Multiprofissional, a qual
retar em diminuição dos custos hospitalares6. tem o intuito de formar profissionais capazes
O farmacêutico clínico trabalha diretamen- de trabalhar em equipe interdisciplinar e com
te em contato com a equipe de saúde, atuan- olhar holístico frente aos usuários dos serviços
do na avaliação e monitoramento da resposta de saúde.
terapêutica dos pacientes, realizando interven- Nesse contexto, o SFH, consciente da im-
ções, recomendações e fornecendo informa- portância da prática da Farmácia Clínica na
ções sobre medicamentos. Na prática da Far- garantia de uma farmacoterapia segura e ra-
mácia Clínica, o farmacêutico presta assistência cional, mesmo não contando com profissionais
ao paciente, estimulando e monitorando o uso farmacêuticos clínicos em seu quadro de fun-
racional de medicamentos. Para que esta tenha cionários, presta suporte à atuação dos farma-
resultado satisfatório, é importante o bom re- cêuticos residentes nas unidades de interna-
lacionamento com a equipe multidisciplinar de ção hospitalar.
saúde, atuando com responsabilidade e sigilo7.
No ano de 2015, com o farmacêutico re-
De acordo com a Resolução nº 585 do Con- sidente já inserido na unidade de internação
selho Federal de Farmácia (CFF), de 29 de agos- hospitalar, percebeu-se a necessidade de ini-
to de 2013, que dispõe sobre as atribuições ciar a prática da RF, visto que muitos pacientes,
clínicas do farmacêutico, esse profissional pro- no momento da hospitalização, interrompiam
move o uso racional de medicamentos, desen- seus tratamentos prévios à internação. Além
volvendo práticas como o seguimento farma- disso, foram observados muitos casos de du-
coterapêutico, a conciliação medicamentosa e plicidade terapêutica e erros de prescrição.
a revisão da farmacoterapia.
Nesse contexto, a Reconciliação Farmaco- METODOLOGIA
terapêutica (RF) apresenta-se com um proces-
so no qual se obtém uma lista completa, pre- A prática da RF desenvolvida no Hospital
cisa e atualizada dos medicamentos que cada Universitário de Santa Maria (HUSM) ocorre
paciente utiliza em casa (incluindo nome, do- em duas unidades de internação onde os far-
sagem, frequência e via de administração). A macêuticos residentes estão inseridos. Nestas
partir desta lista, faz-se uma comparação com unidades são internados pacientes para trata-
as prescrições médicas feitas na admissão hos- mento nas especialidades de Neurologia, Do-
pitalar, transferência, consultas ambulatoriais enças Infectocontagiosas, Cabeça e Pescoço/
com outros médicos e/ou alta hospitalar. Oncologia, Angiologia/Clínica Vascular, Pneu-
Essa lista, obtida por meio da RF, é utiliza- mologia, Cardiologia e Medicina Interna.
da para otimizar o uso dos medicamentos em O atendimento farmacêutico ao paciente
todos os pontos de transição do paciente den- é realizado em até 48 horas após sua interna-
tro do sistema de saúde. Tem como principal ção na unidade. Antes de abordar o paciente, o
objetivo diminuir a ocorrência de PRM quando farmacêutico consulta o prontuário do mesmo
o paciente muda de nível de assistência à saú- para verificar a anamnese. A partir da anam-
de e, principalmente, busca evitar ou minimizar nese, são verificados a idade do paciente, o
os erros de transcrição, omissão, duplicidade histórico de doenças e da internação, além do
terapêutica e interações medicamentosas8,9. histórico de alergias.
Os estudos sobre a implantação da RF nos Ao abordar o paciente, o farmacêutico leva
serviços de saúde ainda são escassos e precisam consigo a Ficha de Reconciliação Farmacote-
ser incrementados a fim de melhorar este pro- rapêutica, instrumento utilizado para a coleta
cesso importante para a segurança do paciente3. dos dados referentes aos medicamentos que o
O SFH não conta com profissionais farma- paciente utilizava em casa e histórico de aler-
cêuticos clínicos em seu quadro de funcioná- gias. Quando o paciente não tem condições de
rios. Dessa forma, a inserção do farmacêutico, prestar estas informações, o acompanhante é
atuando na prática da Farmácia Clínica, está quem responde aos questionamentos.
128
Desfecho da
Medicamentos Intervenção Observações
Frequência de Segue prescrito o uso durante o Número da
Utilizados Dose/Via ACEITA:
administração período de internação no hospital? discrepância
Sim (S) Não (N)
em domicílio Não se aplica
(NA)
□Sim, c/
1 □Sim alteração □Não
□Sim, c/
2 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
3 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
4 □Sim alteração □Não
□Sim, c/
5 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
6 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
7 □Sim alteração □Não
□Sim, c/
8 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
9 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
10 □Sim alteração □Não
□Sim, c/
11 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
12 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
13 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
14 □Sim □Não
alteração
□Sim, c/
15 □Sim □Não
alteração
Data/Hora – Realização da RF Farmacêutico(a): Data/Hora – Desfecho:
Tempo até o desfecho:
ALERGIAS:
REAÇÕES ADVERSAS:
Guia de Discrepâncias
Observações:
25
Realização da Reconciliação
20
Farmacoterapêutica com a paciente 15 11 11
e acompanhante. 10
8
6 7
5
0
Discrepâncias Intencionais
No período de março a dezembro de 2015,
foram analisadas 282 prescrições durante a Substituição de um medicamento
por outro padronizado no hospital 10,32%
realização das RF. A partir da análise das RF,
observou-se que a idade média dos pacien- Troca de dosagem, frequência
tes foi de 57 anos. Entre os pacientes avalia- de administração ou via
baseado na situação clínica
9,04%
paciente/acompanhante.
Leito:
Apresenta-se como desafio a manutenção 1 Cassiani SHB, Deus NN, Capucho HC. Admi-
da RF de forma contínua e sistemática, uma nistración segura de medicamentos. In: Co-
vez que o hospital não conta com farmacêuti- metto MC, organización. Enfermería y segu-
co clínico, sendo desempenhada esta atividade ridade de los pacientes. Washington (EUA):
pelo farmacêutico residente. Porém, a RF deve Organización Panamericana de La Salud;
ser uma responsabilidade partilhada por pro- 2011.
fissionais da saúde, tanto os farmacêuticos, 2 Vira T, Colquhoun M, Etchells E. Reconciliable
quanto os médicos e os enfermeiros, conjunta- differences: correcting medication errors at
mente com pacientes e cuidadores. hospital admission and discharge. QualSaf
A continuidade das ações de RF é impor- Health Care 2006;15:122-26.
tante para que maior visibilidade seja dada ao 3 Anacleto TA, Rosa MB, Neiva HM, Martins
trabalho do farmacêutico como integrante da MAP. Erros de medicação. Pharmacia Brasi-
equipe de saúde, sensibilizando, assim, os ges- leira 2010;74:1-24.
tores sobre a importância da prática da Farmá-
4 Forster AJ, Murff HJ, Petersom JF, Gandhi TK,
cia Clínica dentro do hospital.
Bates DW. Adverse drug events occurring
Para que a RF se torne prática vigente na following hospital discharge. J GenIntern
instituição e alcance as demais clínicas aten- Med 2005;20:317-23.
didas no HUSM, o grande desafio é possuir no
5 Huber DL, Mcclelland E. Patient preferences
quadro da instituição o farmacêutico clínico
que poderá priorizar a sua atuação na coorde- and discharge planning transitions. J Prof-
nação e monitorização do processo de RF. Nurs. 2003;19(4):204-10.
Outro desafio a ser enfrentado é a reali- 6 Nunes PH, Pereira BM, Nominato JC. Phar-
zação da RF no momento da alta do pacien- maceutical intervention and prevention of
te, pois, no período do estudo, foram reali- drug related problems. Braz. J. Pharm. Sci,
zadas 12 RF, o que representou apenas 11,4% 2008;44(4):691-9.
do total das RF. Na RF de alta é realizada a 7 Santos L, Torrian MS, Barros E. Medicamen-
orientação ao paciente quanto aos medica- tos na prática da farmácia clínica. São Paulo:
mentos que deverão seguir sendo usados em Artmed, 2013.
132
8 Aspden P, Wolcott J, Bootman JL, Cronenwett AUTORES
LR. Preventing medication errors. Quality
Juliana dos Santos de Oliveira
chasm series. Washington (DC): The National
Laura Vielmo
Academies Press; 2007.
Sandra Trevisan Beck
9 American Society of Health-System Phar- Cláudia Sala Andrade
macists. ASHP statement on the pharma- Luma Elsenbach Schutkoski
cist’s role in medication reconciliation. Am J Marília Buss de Marchi
Health-Syst Pharm. 2013;70:453–6. Andriely Bersch
10 Role of Pharmacist Counseling in Preventing Débora Hermes
Adverse Drug Events After Hospitalization
Arch Intern Med. 2006;166(5):565-571. CONTATOS
juoliveirafarma@gmail.com
INSTITUIÇÃO lauravielmo@yahoo.com.br
Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) stbeck.beck@gmail.com
clausala@gmail.com
luuma.ie@gmail.com
lilabuss@bol.com.br
berschandriely@gmail.com
debora.hermes@hotmail.com
133
Pomerode/SC
Aquisição de medicamentos em
embalagem fracionável: uma estratégia
para o uso racional de medicamentos
CARACTERIZAÇÃO dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (AMM-
VI), composta por 14 municípios, e cujo centro
Pomerode tem 27.759 habitantes, sendo polarizador é Blumenau.
50,1% homens e 49,9% mulheres. Destes, 58,3%
têm idade entre 15-49 anos, conforme Censo/ Estruturação da rede de saúde
IBGE 2010. Situa-se no Médio Vale do Itajaí, a
162 km de distância de Florianópolis, capital do O município tem 100% de cobertura de Es-
estado. Os principais centros urbanos em sua tratégia Saúde da Família (ESF), são oito Uni-
proximidade são Blumenau, ao Sul, e Jaraguá dades Básicas de Saúde (UBS), um Centro de
do Sul, ao Norte. A área total do município é de Atenção Psicossocial (Caps), uma Policlínica,
217,80 km2, sendo aproximadamente 70 km2 de um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf)
e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
área urbana (33%) e 141 km2 de área rural (67%).
(Samu). Além disso, a Secretaria Municipal de
A economia baseia-se no setor secundário, Saúde mantém o plantão médico e o sobrea-
tendo como destaque a fabricação de porcela- viso médico do hospital, que é filantrópico. À
nas, malhas, produtos plásticos, produtos de administração municipal de Pomerode com-
metalurgia fina, produtos químicos, esquadrias promete mais de 15% da receita na área da
de madeira e móveis. Em termos de organiza- saúde, o que reflete diretamente na qualidade
ção regional, Pomerode integra a Associação da saúde pública do município.
134
Na tabela 02 é possível observar os valores zer que este valor é advindo, principalmente,
unitários obtidos pelo consórcio em licitações do aumento do preço dos medicamentos de um
dos mesmos medicamentos, nos anos de 2012 ano para outro, pois quando observada a tabela
a 2015. Mesmo observando-se um aumento no 01, que compara licitações realizadas no mesmo
valor unitário dos medicamentos, pode-se di- ano, os valores não diferem tanto.
Tabela 02 - Comparação entre os valores dos medicamentos em embalagem não fracionável e embalagem
fracionável conforme RDC nº 80/2006 em licitações realizadas entre 2012-2015 pelo consórcio
Embalagem
Embalagem não fracionável
MEDICAMENTO fracionável
2012 2013 2014 2015
Amoxicilina 500 mg cápsula R$ 0,05 R$ 0,07 R$ 0,09 R$ 0,18
Azitromicina comprimido R$ 0,35 R$ 0,32 R$ 0,31 R$ 0,34
n-butilescopolamina 10 mg cp* R$ 0,14 R$ 0,13 R$ 0,30 R$ 0,52
Cetoconazol comprimido R$ 0,07 R$ 0,08 R$ 0,08 R$ 0,14
Ciprofloxacino comprimido R$ 0,10 R$ 0,13 R$ 0,13 R$ 0,18
Fluconazol 150 mg caps R$ 0,17 R$ 0,13 R$ 0,18 R$ 0,17
Prednisona 5 mg cp* R$ 0,03 R$ 0,05 R$ 0,06 R$ 0,06
Prednisona 20 mg cp* R$ 0,07 R$ 0,09 R$ 0,15 R$ 0,13
*Em 2015 os medicamentos prednisona e n-butilescopolamina já foram adquiridos em embalagem fracionável
138
Tabela 03 - Comparação do consumo de medicamentos em embalagem não fracionável e embalagem fracionável conforme RDC
nº 80/2006 no período de janeiro a agosto de 2013 a 2016 no município de Pomerode-SC
consumo
MEDICAMENTO 2016
2013 2014 2015 embalagem
fracionável
Amoxicilina 500 mg cápsula 24.779 25.974 30.674 27.836
Azitromicina comprimido 6.207 6.510 7.827 7.559
n-butilescopolamina 10 mg cp* 20.562 23.891 24.887 18.370
Cetoconazol comprimido 3.766 2.420 5.398 3.265
Ciprofloxacino comprimido 21.017 26.629 26.477 25.948
Fluconazol 150 mg caps 6.654 8.900 8.545 6.074
Prednisona 5 mg cp* 14.684 11.778 13.831 9.857
Prednisona 20 mg cp* 11.781 14.202 10.888 9.227
*Em 2015 os medicamentos prednisona e n-butilescopolamina já foram adquiridos em embalagem fracionável
CONCLUSÃO
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Po- POMERODE. Secretaria Municipal de Saúde. De-
líticas de Saúde. Departamento de Políticas creto Municipal n.º 2864/2014. Diário Oficial
de Saúde. Política Nacional de Medicamentos. dos Municípios de Santa Catarina. Edição n°
Brasília. 1999. 1551, pág . 254. Florianópolis. https://www.dia-
riomunicipal.sc.gov.br/site/
BRASIL. Agencia Nacional de Vigilância Sa-
nitária (ANVISA). Lista de medicamentos INSTITUIÇÃO
registrados fracionáveis. Brasília. http://
portal.Anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ Secretaria Municipal de Saúde de Pomerode
f6fe420041091a34894b9b9cca79f4cf/Lista+de+- (SC)
fracionados_02_09_2013.pdf?MOD=AJPERES
AUTORA
BRASIL. Agencia Nacional de Vigilância Sani-
tária (ANVISA). Resolução RDC nº 80, de 11 de Lígia Hoepfner
maio de 2006. Brasília. http://www.Anvisa.gov.
br/hotsite/fraciona/rdc_80.htm CONTATO
Camaçari/BA
Armário desorganizado
Anestésico com prazo de validade expirado
100
70%
Necessários
30%
Recomendáveis
0% Não Recomendáveis
Área externa - Depósito de lixo de unidade de saúde: IV – Avaliação dos serviços ofertados pela
material contaminado no chão sem acondicionamento clínica ou instituição: foi feita de acordo com o
resultado dos itens inspecionados sendo defi-
nidos os seguintes conceitos de avaliação: óti-
II - Julgamento dos dados e classificação mo: 100-90%; bom: 89,9 a 70,0%; regular: 69,9 a
dos itens inspecionados. 50,0%; precário 49,9 e menos.
Em 2007, a rede credenciada ao SUS de Ca-
Imprescindível (I) maçari contava com 21 clínicas e 01 (uma) orga-
Necessário (N)
nização social, com serviços de saúde diversi-
ficados credenciados ao SUS. Considerando-se
ITENS Não Recomendável (NR) que os serviços de saúde devem ter no mínimo
conceito “bom”, observa-se na tabela abaixo o
Informativo (INF)
resultado da avaliação dos serviços ofertados
Recomendável (R) pela rede credenciada ao SUS no município de
Camaçari/BA, junho de 2007:
Gráfico 1 - Comparativo do número total de auditorias Auditoria SUS Camaçari, período de 2012 a 2015.
realizadas no período de 2012 a 2015 na Auditoria SUS 18
Camaçari, 2015 16
14
12
10
8
6
4
2
0
2012 2013 2014 2015
Recepção da Unidade
Sala de diálise com paredes mofadas Área externa da clínica com lixo e poças d’ água
148
Em 2012, foi encaminhado à Auditoria SUS Gráfico 3 - Ressarcimentos recomendados nos processos de
Camaçari novo processo de denúncia contendo auditorias dos prestadores credenciados ao SUS, período de
2012 à 2015, Camaçari-BA, 2015.
19 itens, entre os quais cinco foram considera-
dos procedentes. Neste mesmo ano, resolveu-
R$ 153.644,10
R$ 160.000,00
-se realizar auditoria de acompanhamento para R$ 140.000,00
Fortaleza/CE
Descrição dos impactos gerados com esta Próximos passos, desafios e necessidades
experiência
A percepção da magnitude do processo
Durante os meses de julho a dezembro de saúde-doença-saúde vista por meio da utiliza-
2015 foram realizados 327 atendimentos, com ção dos DIs pelos pacientes com DPOC levou a
uma média de 54,5 pacientes/mês. De acordo um olhar ampliado sobre o cuidado por parte
com os resultados apresentados, verificamos dos farmacêuticos residentes. O próximo pas-
um maior número de pacientes atendidos no so será avaliar a utilização de todos os me-
mês de setembro de 2015, totalizando 76. dicamentos, não somente os DIs, mensurar a
adesão ao tratamento, aspectos relacionados
Após 6 meses de atendimento farmacêu-
à qualidade de vida, perfil dos medicamen-
tico individualizado já se percebeu a redução
tos utilizados pelo paciente e epidemiológico,
do número de falhas no uso dos DIs. As falhas
além da elaboração de uma ficha de seguimen-
principais eram: soltar o ar dos pulmões antes
to farmacoterapêutico. Pretende-se, com isso,
de colocar o DI na boca, segurar a respiração
revisar a farmacoterapia de uso contínuo e, as-
por até 10 segundos após puxar o ar da bombi-
sim, contribuir com o médico acerca das deci-
nha, agitar os DIs de aerosol dosimetrado, fazer sões a serem tomadas em relação à farmacote-
dois jatos em uma única vez, lavar a boca quan- rapia prescrita, visando o empoderamento do
do em uso DIs com corticoide. paciente sobre sua condição de saúde e trata-
Dessas falhas, o erro “não soltar o ar dos mento. Com isso, faz-se necessária a estrutura-
pulmões antes da aspiração”, foi o item que não ção de um consultório farmacêutico fixo e, por
houve redução. Vale ressaltar que o intuito des- conta da grande demanda de pacientes, a con-
te serviço em implantação é o de orientar todos tratação de mais farmacêuticos para o serviço.
os pacientes que estão com consultas marcadas
pelos médicos e, logo após a consulta médica, REFERÊNCIAS
encaminhá-los ao farmacêutico.
Global Initiative for Chronic obstructive
Total de pacientes atendidos individualmente pelos Pulmonary Disease (GOLD). Global strategy
farmacêuticos/Redução do número de falhas
no manuseio dos Dis por paciente
for diagnosis, management, and prevention of
COPD –Updated 2016.
80 76
69
Menezes AMB, Perez-Padilla R, Jardim JRB et al.
70
61 Chronic obstructive pulmonary disease in five
58
Latin American cities (the PLATINO study): a
60
60
50
prevalence study. Menezes AMB, Perez-Padilla
40 30
33 R, Jardim JRB et al. Lancet 2005;366:1875-1881
30
20 INSTITUIÇÃO
10
Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto
0
JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO Studart Gomes, Fortaleza (CE)
40 AUTORES
35
Kamila Maria Maranhão Sidney
Nº de erros detectados
30
Ana Carolina de Souza e Silva
25
Domingos Sávio de Carvalho Sousa
20
Maria Rennê Lopes Feitoza Vieira
15
Paulo Andrei Milen Firmino
10
5
CONTATOS
0
Erros:
1
1.
2 3 4
Não soltar o ar dos pulmões antes da aspiração;
5 kamilasidney@hotmail.com
2.
3.
Não segurar a respiração por 10 segundos após aspirações;
Não agitar DI do tipo aerossol dosimetrado;
carolinasilva89@outlook.com
4.
5.
Fazer 2 jatos de uma só vez;
Não lavar a boca após uso de corticóide oral. dsaviocs@gmail.com
JULHO/15 DEZEMBRO/15 pa_firmino@hotmail.com
154
Teresina/PI
Farmacêutico e a segurança
dos usuários de medicamentos:
aplicação da ferramenta FMEA
no serviço de farmácia de um
hospital público de Teresina
CARACTERIZAÇÃO análise das falhas em potenciais e propostas
de ações de melhoria - que ocorram falhas
Na instituição hospitalar, o serviço de oriundas do planejamento e execução de de-
farmácia é responsável pelo uso seguro e efi- terminado processo.
caz dos medicamentos e deve cumprir o pa- Dessa forma, a proposta deste trabalho é
pel fundamental de integrar os processos de definir ações que minimizem erros, utilizando
prescrição, dispensação e administração. A o método FMEA para identificar falhas, causas e
metodologia designada FMEA ou Análise dos efeitos dos serviços que constituem o processo
Efeitos e Modos de Falhas é uma ferramenta de atendimento do serviço de farmácia hospi-
que busca, em princípio, evitar - por meio da talar de um hospital público de Teresina, bem
155
como estabelecer ações estratégicas para eli- cio de 2010, registrou 88.790 internações, sen-
minar esses erros. do 62,21% de pacientes residentes em Teresina,
30,65% do interior do Piauí, 6,79% do estado do
Para o início do trabalho, foram analisa-
Maranhão e 0,35% do estado do Pará. Entre as
das as prescrições. Do total de prescrições
especialidades médicas, a clínica cirúrgica foi
analisadas (n=756), 9462 itens foram deter-
a que apresentou o maior percentual (32%) de
minados, 9825 doses dispensadas e 2056 er-
internações.
ros foram detectados. O material gerado pelo
FMEA serviu como ferramenta para prognós- No início de 2000, a taxa de mortalidade in-
tico de falhas e auxiliou no desenvolvimento fantil em Teresina era de 32,7% vivos. Em 2010
de um serviço de farmácia eficiente, eficaz essa taxa reduziu 50%, passando para 16,1%
e seguro. Além disso, os resultados obtidos (Semplan, 2016).
também poderão ser usados em programas
de capacitação, proporcionando um melhor Estruturação da rede de saúde
entendimento dos componentes do serviço, e,
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é
na formação de futuros farmacêuticos.
responsável pela gestão e planejamento de
Local - Teresina está localizada ao nor- políticas de saúde do município, coordenando
te do estado do Piauí, numa área conhecida a Fundação Municipal de Saúde (FMS), que, por
como Meio Norte, que constitui uma faixa de sua vez, executa a política de saúde do muni-
transição entre o semiárido nordestino e a re- cípio. Teresina conta com 90 Unidades Básicas
gião amazônica. Por estar situada distante do de Saúde (UBS), assim distribuídas: 36 na Zona
litoral, ocupa posição estratégica para o seu Leste/Sudeste, 25 na Zona Norte e 27 na Zona
desenvolvimento, o que contribui para exercer Sul, além de dispor de seis Centros de Atenção
influência econômica regional, particularmen- Psicossocial (Caps) (SMS; FMS, 2016).
te nos setores de serviço e comércio.
A SMS também dispõe da Fundação Hos-
As principais atividades econômicas de pitalar de Teresina (FHT), que desenvolve e
Teresina são: serviço público, educação, co- executa ações e serviços de saúde no âmbi-
mércio, indústria alimentícia, confecção, avi- to do SUS, em todos os níveis da assistência
cultura, construção e cerâmica. Outro setor hospitalar. A rede hospitalar da FHT distri-
relevante para a economia local, que se cons- bui-se da seguinte forma: 5 unidades na Zona
titui num verdadeiro polo regional, é o setor Norte, 1 unidade na Zona Leste, 3 unidades
da saúde. na Zona Sudeste e 5 unidades na Zona Sul
A capital tem população de 814.230 ha- (FHT, 2016; FORTES, 2010).
bitantes, e é predominantemente feminina O Hospital de Urgências de Teresina (HUT)
(53,25%) e jovem, sendo a proporção de habi- é um hospital municipal subordinado à FHT.
tantes de 0 a 14 anos de 23,4%, de 15 a 29 anos Possui 368 leitos cadastrados no CNES – Ca-
30,2% e com 60 anos ou mais de 8,6%; 59,82% dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
da população se declara parda (FORTES, 2010; (FORTES, 2010).
IBGE, 2016).
Perfil epidemiológico
Mínimo 1 1 É mínima a probabilidade de ocorrência. Processos semelhantes, de maneira geral não apresentam este tipo de falha.
Pequeno 2 2 É pequena a probabilidade de ocorrência. Processos semelhantes, de maneira geral, não apresentam este tipo de falha
Médio 3 4 É média a probabilidade de ocorrência. Processos semelhantes, de maneira geral, apresentam ocasionalmente este tipo de falha.
Alto 4 7 É alta a probabilidade de ocorrência. Processos semelhantes, de maneira geral, sempre apresentam este tipo de falha.
Muito Alto 5 É muito alta a probabilidade de ocorrência. Processos semelhantes, de maneira geral, apresentam com frequência este tipo de falha.
10
Muito Alto 1 1 Alta possibilidade de detecção. O sistema não permite que o processo continue.
Esse parâmetro permite calcular o risco as- res de RPN superiores ou iguais a 100 (FERRACINI,
sociado a uma determinada atividade crítica de 2005). As atividades que representam um maior
um serviço de farmácia hospitalar. Quanto maior risco para o processo foram identificadas e os
o valor do parâmetro, maior o risco associado ao planos de ação foram definidos com o objetivo
mesmo, assumindo como limite inaceitável valo- de eliminar ou reduzir os riscos.
158
Tabela 3 - Índice de gravidade (Is) causada no paciente em casos de erros de medicação
Mínimo
1 O efeito não é reconhecido e não compromete o tratamento.
1
O efeito só é reconhecido por pessoal altamente capacitado (médicos/enfermeiros) e não compromete
Pequeno 2
nenhuma função.
2
Cosmética 3
O efeito é uma perda temporária ou exagero do efeito do medicamento.
O efeito é uma perda temporária de função secundária.
Médio 4
O efeito é uma perda súbita de função secundária e necessita de vigilância.
3 5
O efeito é uma perda de função secundária com necessidade de monitoramento e avaliação
Secundária 6
especializada.
Alto 7 O efeito é uma perda de função principal localizada e necessita de antídotos ou vigilância.
4
Principal 8 O efeito é uma perda de função principal interferindo no tratamento de base.
O efeito é uma perda gradual de função de segurança (médio risco de óbito/sequelas) e necessita
Muito Alto 9
monitoramento e medidas especiais - UTQ.
5
O efeito é uma perda súbita de função de segurança (alto risco de óbito/sequelas) e necessita de
Segurança 10
medidas de suporte avançado.
Fonte: FERRACINI, F.; MENDES, W. (2012).
Descrição dos resultados e impactos gerados dispensadas e 2056 erros. De 584 prescrições,
com esta experiência 77,25% apresentaram algum erro de medica-
ção quanto à prescrição médica, validação da
Do total de prescrições analisadas (n=756), prescrição e dispensação, representando 2,54
9462 itens foram determinados, 9825 doses erros/prescrição médica (tabela 4).
Etapa do serviço Modo de falha Efeito potencial da falha Causas Causa (%) Controle atual O D S RPN Ações recomendadas
Adoção de outro tipo de
Prescrição normal Não há prescrição
40
Necessidade terapêutica não Reunião para discussão e
Prescrição rasurada e/ou
atendida devido a não liberação 2 1 3 6 sensibilização sobre o tema
ilegível Farmacêutico às
da prescrição médica
60 vezes entra em
Falhas humanas Elaboração do manual do
contato com a
clínica prescritor
Desconhecimento sobre
a lista de medicamentos 60 Não há Anexar lista com medicamentos
padronizados padronizados nas clínicas
Necessidades terapêuticas não
Prescrição de medicamento
atendidas devido a não liberação 8 2 8 128
não padronizado CFT não atuante 20 Não há
das doses da prescrição médica Realizar reuniões com os
Não preenchimento de gerentes médicos para divulgar
20 Não há as ações e normas da CFT
solicitação
Prescrição de medicamento Necessicade terapêutica não Falhas humanas 50 Reuniões para discussão e
sem dados suficientes para atendida devido a não liberação Farmacêuticos às sensibilização sobre o tema
dispensação adequada da prescrição médica Prescrição feita por vezes entra em
30 3 4 10 120
(concentração, forma estudantes contato com a
farmacêutica, via de clínica Elaboração do manual
Evento adverso
Prescrição Médica
Causa
Etapa do serviço Modo de falha Efeito potencial da falha Causas Controle atual O D S RPN Ações recomendadas
(%)
Elaboração do manual de
Falhas
Validação da Prescrição
50 aviamento e dispensação
humanas
As técnicas de Organização do horário de
Evento adverso devido
enfermagem às chegada das prescrições
Durante o aviamento não a ineficiência terapêutica
Excesso vezes detectam 4 5 5 140
houve a liberação de doses (subdose) ou 40
de trabalho o erro antes da Contratação de
toxicidade (sobredose)
dispensação novos servidores
Ambiente agitado que Melhoria do ambiente
10
dificuta a concentração de trabalho
Etapa do serviço Modo de falha Efeito potencial da falha Causas Causa (%) Controle atual O D S RPN Ações recomendadas
Falhas Elaboração do manual de
40
Humanas aviamento e dispensação
Evento adverso devido à Erro no aviamento Normatizar etapa
10
administração inadequada de da prescrição de conferência
uma forma farmacêutica
Não existe noma de Cobra-se a Melhoria do ambiente
10
checagem na etapa conferência de trabalho
das técnicas de
Troca de forma Ambiente Treinamento sobre boas
05 enfermagem dos 1 5 10 50
farmacêutica agitado práticas de dispensação
outros setores.
Desconhecimento Geralmente essa Adoção de outro
Necessidade terapêutica 10
sobre medicamentos etapa é cumprida tipo de prescrição
não atendida devido
à impossibilidade de Prescrição Organização do horário
administração do 20
manual da chegada das prescrições
medicamento dispensado
Excesso Contratação de
05
de trabalho novos servidores
Falhas Elaboração do manual de
30
Humanas aviamento e dispensação
Evento adverso devido à
Não existe norma de Melhoria do ambiente
administração inadequada 20
checagem na etapa Cobra-se a de trabalho
de outro medicamento
Ambiente conferência Treinamento sobre boas
10 das técnicas de
Troca de agitado práticas de dispensação
enfermagem dos 1 10 10 100
princípio ativo Desconhecimento Adoção de outro
10 outros setores.
sobre medicamentos Geralmente essa tipo de prescrição
Necessidade terapêutica
não atendida devido etapa é cumprida
Prescrição Organização do horário
15
à impossibilidade de manual da chegada das prescrições
Dispensação
administração do medicamento
Excesso Contratação de
15
de trabalho novos servidores
Falhas Elaboração do manual de
10
Humanas aviamento e dispensação
Erro no aviamento Normatizar etapa
40
da prescrição de conferência
Não existe norma de Cobra-se a Melhoria do ambiente
10
checagem na etapa conferência de trabalho
Evento adverso devido à das técnicas de
Erro na quantidade Ambiente Treinamento sobre boas
ineficácia terapêutica (subdose) 10 enfermagem dos 5 7 8 280
de doses liberadas agitado práticas de dispensação
ou toxicidade (sobredose) outros setores.
Desconhecimento Geralmente essa Adoção de outro
10 etapa é cumprida
sobre medicamentos tipo de prescrição
Prescrição Organização do horário
10
manual da chegada das prescrições
Excesso Contratação de
10
de trabalho novos servidores
Falta de comunicação da Normatizar etapa
40
Farmácia com o prescritor Não há de conferência
Necessidade terapêutica Falha no controle de Melhoria do ambiente
não atendida devido à 30
Medicamentos com estoque da CAF Geralmente é de trabalho
não liberação das doses da 7 3 6 126
estoque zerado enviado um
prescrição médica e não relatório com as
substituição do medicamento Pendências do pendências dos Treinamento sobre boas
30
fornecedor fornecedores para a práticas de dispensação
diretoria
Anexar a lista
Falta de comunicação da
Necessidade terapêutica 60 com medicamentos
Farmácia com o prescritor
Medicamentos com não atendida devido à padronizados nas clínicas
Não há 7 2 8 112
estoque zerado não liberação das doses da Realizar reuniões com os
prescrição médica CFT não
40 gerentes médicos para divulgar
atuante
as ações e normas da CFT
Entre as várias causas que podem desenca- mentos ineficientes ou mesmo problemas com
dear as falhas podemos citar fatores individuais os produtos utilizados na medicação do pacien-
como: falta de atenção, lapsos de memória, te (COHEN, 2000; SILLOT, 2009). No contexto dos
deficiências da formação acadêmica, inexpe- serviços de saúde, a farmacoterapia não pode
riência, negligência e desatualização quanto ser bem sucedida se o processo de prescrição,
aos avanços tecnológicos e científicos (COHEN, aviamento farmacêutico e dispensação não fo-
2000). Outros fatores também devem ser consi- rem realizados corretamente.
derados: iluminação inadequada, nível alto de
barulho, interrupções frequentes, falta de trei- Os baixos valores encontrados nos itens:
namento e de profissionais, políticas e procedi- 1) ilegibilidade;
162
2) dados insuficientes sobre o medica- uma avaliação do impacto dessas ações na eta-
mento e o seu uso; pa da prescrição médica.
3) dose errada; Também foram observadas taxas relativa-
mente baixas de erros de dispensação (tabe-
4) pendências na prescrição de medica- la 4). Esses dados são explicados em razão da
mentos restritos demonstram um possí- metodologia empregada ter sido retrospectiva.
vel comprometimento na comunicação Foram identificados apenas os medicamentos
efetiva entre o prescritor e dispensador, dispensados e as falhas durante a etapa do
e consequentemente, o entendimento aviamento farmacêutico. Contudo, não houve a
da enfermagem sobre o medicamento e conferência diária das doses dispensadas.
sua administração. Na etapa de dispensação, com exceção da
contratação de novos servidores, as demais
Entretanto, foram encontrados dados alar- ações recomendadas (figura 5) para minimizar
mantes a respeito: os dados encontrados serão implementadas
- da prescrição de medicamentos não pa- rapidamente, pois a criação do manual de dis-
dronizados; pensação é iminente, bem como a execução do
projeto de nova organização do setor para ga-
- da prescrição de medicamentos com rantir uma otimização do espaço e das rotinas
uso se necessário (SN), sem indicação de trabalho.
e/ou frequência; Além disso, o aumento da frequência de
- com o estoque zerado. reuniões com as gerências de enfermagem irá
contribuir para melhorar o fluxo do horário de
Os dados alarmantes encontrados na
chegada das prescrições e assim garantir a or-
etapa da prescrição médica desencadearam: ganização e melhor eficiência no desempenho
discussões, reflexões, elaboração e execução da atividade de dispensação dos medicamen-
das ações recomendadas listadas na tabe- tos para as clínicas.
la 4. Nesse contexto, a discussão a respeito
Dessa forma, um novo estudo prospectivo
do tema com a equipe médica, a inclusão de baseado na metodologia FMEA será necessário
medicamentos pela Comissão de Farmácia e para uma avaliação mais aprofundada da eta-
Terapêutica (CFT), adoção de intervenções far- pa de validação da prescrição bem como das
macêuticas e a disseminação da lista com os ações recomendadas que serão executadas na
medicamentos padronizados promoveram uma etapa da dispensação de medicamentos.
diminuição significativa no índice de falhas en- A análise quanto à presença de modos de
contradas atualmente. A relação de modo de falha mostrou que houve distribuição de erros
falha e efeito empregado no presente estudo com RPN acima de 100 (n=10) nas 3 etapas ana-
será aplicada novamente em outro estudo para lisadas (tabela 5).
Tabela 5 - Modos de falha com valores de índice de prioridade de risco (RPN) inaceitáveis
Natal/RN
mento mensal per capita era de R$ 818,00 (BRA- de infantil. Segundo o plano plurianual 2016-
SIL, 2010b). 2019, os grupos de causas de doenças que são
os principais fatores de mortalidade no estado
Perfil epidemiológico são doenças do aparelho circulatório, respira-
tório e endócrino/metabólico.
A rede pública do RN conta com oito regio-
nais de saúde, 23 unidades hospitalares e sete Estruturação da rede de saúde
unidades de referência. O Hemocentro Dalton
Cunha é uma entidade de natureza pública de A hemorrede nacional, a depender do
referência na área de sangue e hemoderivados, escopo das atividades que desenvolvem, é
atendendo 100% dos leitos do Sistema Único classificada nos quatro níveis de complexida-
de Saúde (SUS). Concomitantemente, promove de: nível I ou II - Hemocentro Coordenador (HC)
ações nas áreas de ensino e pesquisa, forma- e Hemocentro Regional (HR), Núcleo de Hemo-
ção de recursos humanos, controle de qualida- terapia (NH); nível III - Central de Triagem Labo-
de, suporte técnico e gerencial para toda a He- ratorial de Doadores (CTLD), Unidade de Coleta
morrede, integração das instituições públicas e e Transfusão (UCT), Unidade de Coleta (UC) (fixa
filantrópicas, e apoio técnico na formulação da e móvel) e nível IV - Agência Transfusional (AT).
Política de Sangue e Hemoderivados no estado Os serviços de hemoterapia do RN estão
(BRASIL, 2009; BRASIL, 2013), de acordo com o enquadrados e classificados conforme deter-
Sistema Nacional de Sangue e Hemoderivados mina a RDC nº Nº 151/2001 (Figura 2). A He-
(SINASAN) e o Plano Nacional de Sangue e He- morrede se caracteriza por possuir serviços
moderivados (PLANASHE), em articulação com localizados em diferentes regiões de saúde
as vigilâncias sanitária e epidemiológica (BRA- do estado, sendo composta por 01 hemocen-
SIL, 2001a). tro coordenador; 02 hemocentros regionais;
De acordo com as condições de vida e 02 unidades de coleta e transfusão; 02 uni-
ações de saúde, no estado do RN há um pro- dades de coleta fixa e 02 móveis, além de 10
cesso de envelhecimento da população, carac- agências transfusionais. Conta ainda com 01
terizado pelo aumento da expectativa de vida, núcleo de hemoterapia, de natureza privada,
redução da fecundidade e queda da mortalida- localizado em Natal (RN).
HR de Mossoró
01 UC Móvel Tibau
Grossos
HC Hemonorte
Areia
Branca
AT Apodi
Baraúna Porto do
Mangue S. Bento
Macau Guamaré Galinhos Caiçara do Pedra
S. Miguel
Norte Grande de Gostoso
Mossoró Serra do Mel do
Norte Touros
Carnaubais
Pendências Parazinho
Alto do Jandaíra
Rodrigues Rio
Gov. Dix-Sept Rosado do Fogo
06 AT
Afonso Bezerra Pureza Maxaranguape
Assú João
UCT de Pau dos Ferros
Pedra
Felipe
Guerra
Ipanguaçu Pedro Avelino Preta Câmara Poço
Upanema Jardim Branco Ceará Mirim
de Taipu
Apodi Angicos
Itajá Angicos Bento Fernandes Extremoz
Lajes Caiçara
Espírito Santo Fernando Pedroza Ielmo
Severiano Caraúbas do rio do
02 UCs Fixas
Riachuelo S. Gonçalo
Melo do Oeste Vento Sta. Marinho do Amarante
São Rafael
Rodolfo Itaú
Fernandes Riacho
Campo Grande Ruy
Barbosa
Maria NATAL
Triunfo S. Pedro Macaíba Parnamirim
01 UC Móvel
Tabuleiro da Cruz Santana do Matos
Potiguar S. Paulo
S. Fco.
Grande Olho d’Água Bodó São Tomé Barcelona do Potengi
do Oeste Portalegre
Viçosa Umarizal dos
Lagoa Bom
S. José
Borges Janduís Jucurutu Cerro Corá de Velhos Vera Cruz de
Fco. Sen. Elóy Jesus Nísia
Dr. Dantas Martins
Rafael Patu Messias Sítio
de Souza Mipibu Floresta
Mte.
Godeiro Florânia Serra
Severiano
Encanto
Pau dos Serrinha Lucrécia Targino
Ten. Lau-
Lagoa Nova Lajes Novo Caiada Lagoa Alegre
Ferros Almino Sen. George
dos rentino Pintadas Boa Salgada Avelino
São Frutuoso Afonso Tangará Lagoa
Água Pintos Cruz Saúde Arês
Santa
Rafael Gomes São Tibau
Miguel Nova de Pedras
Cel. João Riacho deFernandes Antônio Martins Vicente Currais Novos Campo Serrinha
Brejinho
Goianinha
do Sul
Venha
Pessoa Santana Marcelino Pilões João
Dias Jardim
Redondo Cruz S. José do Passagem Jundiá Vila
José da Vieira São Sto. Esp.
Flor
Ver Luís Penha de Cel. S. Bento Campestre Lagoa
Piranhas Fernando Cruzeta Ezequiel do Antônio Várzea Santo Canguaretama
Gomes Major Alexandria Serra d’Anna
AT Parnamirim
Sales Ten. Acari Jaçanã Trairi Mte. de Passa Baía
Paraná Ananias Timbaúba Japi das S. Bento e Fica Nova Cruz Pedro Formosa
dos São José Gameleiras Velho
Batistas
Caicó do Seridó
Carnaúba Montanhas
Jardim do Seridó dos Dantas
Serra Negra
do Norte Ouro
São João Parelhas
AT Santo Antônio
Branco
do Sabugi Santana
do Seridó
Equador
AT Santa Cruz
HR de Caicó
1ª Região 3ª Região 5ª Região 7ª Região
2ª Região 4ª Região 6ª Região 8ª Região
Continua>>>>>
171
A AT não possui protocolo específico para Instituir rotina escrita para dispensação de
autorização do atendimento à solicitação hemocomponentes em situações de extre-
de extrema urgência, principalmente nas ma urgência, incluindo a autorização por
liberações de sangue para o centro cirúrgico, escrito do médico solicitante nas requisi-
não seguindo à risca as recomendações da ções sanguíneas para liberação de sangue
legislação vigente. sem prova de compatibilidade.
100%
Percentual de Conformidades
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
s
or
ão
ia
e
i
ur
ad
ra
nc
pt
us
ut
Ge
id
lâ
ce
sf
tr
al
gi
Re
an
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ov
Tr
o
aç
da
un
He
m
Im
tia
r
fo
itê
n
In
ra
m
Ga
Co
100%
Percentual de Conformidades
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
s
ra
ão
ia
e
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Co
Sergipe
Cuidados farmacêuticos
em farmácias populares do estado de
Sergipe: resultados alcançados
CARACTERIZAÇÃO as farmácias estão sediadas reside na área
urbana (76,7%).
O estado de Sergipe é subdividido em
microrregiões. As farmácias populares de Perfil epidemiológico
Estância, Propriá, Nossa Senhora da Glória
e Tobias Barreto abrangem as regiões Sul, Em análises realizadas entre os anos de
Baixo São Francisco, Alto Sertão e Centro-Sul 2007 e 2011, no estado de Sergipe o coeficiente
sergipanos, respectivamente. Juntas, as far- de mortalidade geral tem se mantido estável,
mácias atendem uma área de 13.498,67 km² variando de 4,8 a 5,4 por 1.000 habitantes. Ob-
com uma população de 743.161 habitantes serva-se que o coeficiente tem sido maior na
(IBGE/2010). Entre esses, 50,3% são do sexo população do sexo masculino. Acompanhan-
feminino, 70,8% são alfabetizados. A maior do a evolução da mortalidade em diferentes
parte da população dos municípios onde faixas etárias, mostra-se uma diminuição da
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proporção de óbitos em menores de um ano, e cio, e à orientação para a prática clínica, objeti-
consequente aumento da expectativa de vida. vando a melhor escolha farmacológica e o uso
Proporcionalmente, as doenças do aparelho racional dos medicamentos.
circulatório representaram o principal grupo O programa Farmácia Popular do Brasil foi
de causas de mortalidade em Sergipe, no pe- implantado com o objetivo de ampliar o acesso
ríodo avaliado. Em seguida vieram as causas da população aos medicamentos. Associado à
externas e neoplasias. Recentemente, o esta- distribuição do medicamento às farmácias ge-
do, assim como os demais estados nordesti- ridas pelo estado de Sergipe, por meio da Fu-
nos, vem sofrendo com o crescente número de nesa, promovem o uso racional de medicamen-
casos de dengue, chikungunya e zika. tos entre a população atendida por meio da
oferta de serviços farmacêuticos. No trabalho
Estruturação da rede de saúde de implantação dos serviços farmacêuticos nas
FPBs foram treinados 12 farmacêuticos, e atual-
Os registros do Cadastro Nacional de Esta- mente as unidades contam com 8 profissionais
belecimentos de Saúde (CNES) mostram que o desenvolvendo os serviços farmacêuticos.
estado de Sergipe possui 2.819 estabelecimen-
tos de saúde, sendo esses: central de regula- RELATO DA EXPERIÊNCIA
ção de serviços de saúde (2); centro de atenção
hemoterápica e ou hematológica (2); Centro de As farmácias populares do Brasil geridas
Atenção Psicossocial – Caps (32); centro de parto pela Funesa são pólos regionais que surgiram
normal (2); centro de saúde/unidade básica de para expandir o acesso da população do estado
saúde (382); clínica especializada/ambulatório de Sergipe aos medicamentos. Têm edificações
especializado (151); consultório isolado (1.572); próprias nos municípios de Estância, Propriá,
cooperativa (15); farmácia de medicamentos e Nossa Senhora da Glória e Tobias Barreto, que
dispensação excepcional e programa Farmácia abrangem as regiões do Baixo São Francisco,
Popular (9). Dessas, 4 Farmácias Populares do Alto Sertão, Centro-Sul e Sul.
Brasil (FPB), geridas pela Fundação Estadual de
Desde o princípio, a gestão teve como foco
Saúde (Funesa), serão o cenário da experiência
a implantação de serviços voltados ao cuidado
relatada neste trabalho.
farmacêutico, com ênfase na promoção da saú-
A rede de saúde de Sergipe também
de, uso correto de medicamentos e melhora da
possui hospital dia (15); hospital especializado
qualidade de vida dos pacientes. No ano de
(8); hospital geral (37); Laboratório Central de
2010, três farmácias foram inauguradas ainda
Saúde Pública - Lacen (1); policlínica (87); posto
sem a estruturação desses serviços.
de saúde (245); pronto atendimento (3); pronto-
-socorro especializado (1); pronto-socorro geral No ano de 2012 uma consultoria foi contra-
(5); secretaria de saúde (76); unidade básica de tada para a capacitação da equipe farmacêuti-
saúde mista com atendimento 24h; internação/ ca e a elaboração de material gráfico persona-
urgência (10); unidade de serviço de apoio de lizado para que houvesse condições de iniciar
diagnose e terapia (153); unidade de vigilância serviços de dispensação de medicamentos do-
em saúde (3); unidade móvel pré-hospitalar - cumentados, aferição de parâmetros clínicos,
urgência/emergência (4); unidade móvel terres- bioquímicos e antropométricos, revisão da far-
tre (4). macoterapia e atenção farmacêutica.
Nesse período, foram definidos os concei-
Assistência farmacêutica tos de cada serviço. A dispensação de medica-
mentos era contabilizada quando o farmacêu-
Em Sergipe, após a reforma sanitária e ge- tico orientava o paciente quanto ao uso correto
rencial do SUS, a assistência farmacêutica pas- do medicamento a ser utilizado e/ou educação
sou a ser pautada por ações de saúde voltadas em saúde. Já a revisão da farmacoterapia era
para uma maior efetividade na gestão de insu- computada nas estatísticas quando o paciente
mos farmacêuticos. As ações visavam à amplia- tinha seus problemas relacionados a medica-
ção do acesso a medicamentos de qualidade, mentos (PRM) resolvidos em até três consultas.
eficazes e seguros, com melhor custo-benefí- Caso contrário, o mesmo era acompanhado na
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atenção farmacêutica. A aferição de parâme- No ano de 2014, com toda a base definida
tros clínicos, bioquímicos e antropométricos e padronizada, iniciou-se o período de conso-
era ofertada a toda a população como serviços lidação, em que a prática era constante para
auxiliares para o monitoramento da efetivida- o alcance do melhor desempenho de cada
de do uso dos medicamentos e, quando ne- farmacêutico envolvido no programa, além de
cessário, os pacientes eram encaminhados aos os farmacêuticos receberem coaching men-
demais serviços. salmente. A equipe administrativa também foi
envolvida em todo o processo teria papel es-
Em 2013 aconteceu a implementação dos sencial na captação de pacientes para os servi-
serviços farmacêuticos com a busca da ex- ços de aferição de parâmetros clínicos, bioquí-
celência, moldando e padronizando tudo o micos e antropométricos e para a dispensação
que já era ofertado ao paciente de modo que farmacêutica. Com a consolidação dos serviços
um serviço prestado em uma farmácia fosse farmacêuticos, veio a inauguração da quarta
o mais semelhante possível ao de outra uni- unidade de FPB, com farmacêuticas capacita-
dade do grupo. O número de pacientes aten- das pela própria equipe. Ao final desse ano, a
didos cresceu exponencialmente no decorrer equipe se despediu da consultoria e, em 2015,
dos anos. retomou o trabalho, que continua até hoje.
Capacitação da equipe de atendentes e farmacêuticos das Farmácias Populares geridas pela Funesa
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DAS FÁRMÁCIAS meira vez que ele está usando o medicamento
POPULARES DE SERGIPE e como este está sendo utilizado, entre outras
questões. O objetivo é sondar a necessidade
O paciente, ao entrar na Farmácia Popu- ou não de o paciente passar pela dispensação
lar em busca de medicamentos, é orientado farmacêutica no final do atendimento.
pelo segurança a retirar uma senha para ser Em caso de medicamentos como antimi-
pré-atendido e adquirir seus medicamentos. crobianos, antifúngicos, antiparasitários ou
Segue para o caixa e para o balcão de entre- com necessidade de preparo para a adminis-
ga de medicamentos. tração, como pós para suspensão e para uso de
No pré-atendimento e na entrega dos me- cremes vaginais, o paciente passa, necessaria-
dicamentos o assistente administrativo res- mente, pela dispensação farmacêutica. Nesses
ponsável pelo setor submete o paciente a um casos, há peculiaridades que precisam ser ex-
questionário padrão para verificar se é a pri- plicadas ao paciente.
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Caso o atendente identifique que o pa- pela própria equipe, como envelopes colo-
ciente precisa de alguma informação extra ridos, etiquetas adesivas, tabelas de datas
sobre seu medicamento ou sua doença, um e horários, entre outros, a fim de assegurar
post-it com a inscrição da palavra “DISPEN- que o paciente saia da farmácia com as in-
SAÇÃO”, é anexado a sua prescrição. Após formações necessárias sobre como usar e
receber seus medicamentos, o paciente se armazenar seu medicamento corretamente
dirige à mesa do farmacêutico, que o orien- e conseguir os melhores resultados no uso
ta utilizando-se de instrumentos produzidos de sua farmacoterapia.
Nas quatro farmácias comunitárias descri- sação. Tendo em vista que a maioria dos pacien-
tas, no período de 2014 a 2015, 97.783 receitas fo- tes que passam pela dispensação adquire os
ram aviadas para a população e 7.419 pacientes medicamentos nas FPBs, podemos afirmar que
foram orientados pelo farmacêutico na dispen- 7,6% das receitas aviadas foram orientadas.
Descrição dos impactos gerados com esta Após avaliar o quantitativo de atendimen-
experiência tos farmacêuticos (aferição de pressão arterial,
glicemia capilar, peso, altura, cálculo de IMC,
Para avaliação dos resultados alcançados, medida de circunferência abdominal, dispen-
os números de serviços e vendas foram con- sação documentada, consultas de revisão da
tabilizados e tabulados utilizando o programa farmacoterapia e atenção farmacêutica) o nú-
Excel 2013 da Microsoft®, versão para Windows mero de distribuição e venda de medicamen-
10. A partir das tabelas, foram feitas as análi- tos nas farmácias de Estância, Propriá, Tobias
ses estatísticas descritivas. Barreto e Nossa Senhora da Glória, pode-se
Em quatro anos, um total de 21 trabalhos definir o perfil dos serviços prestados no ano
científicos baseados nos serviços ofertados de 2015. Ao observar o gráfico 2 percebe-se a
nas farmácias foi publicado em congressos na- grande relevância do quesito serviços de cui-
cionais e internacionais, e todos foram desta- dados farmacêuticos comparado ao número de
que ou receberam prêmio. receitas aviadas.
Aracaju/SE
Com o objetivo de estruturar as ações para Figura 4 - roda de conversa com os usuários e profissionais
da UBS Manoel de Souza Pereira
implantação da Farmácia Viva nas unidades de
saúde foi construído o horto medicinal da UFS. O
Ações no Centro de Atenção Psicossocial (Caps)
projeto se baseou na RDC 18/2013, sobre as boas
práticas de processamento e armazenamento No que diz respeito às atividades reali-
de plantas medicinais, preparação e dispensa- zadas no Caps, estas foram construídas em
ção de produtos magistrais e oficinais de plan- conjunto com os alunos do projeto e da re-
tas medicinais e fitoterápicos em farmácias vi- sidência multiprofissional em saúde mental
vas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). da UFS, para 30 usuários do Caps. As ações
Este horto serviu de instrumento pedagó- buscavam orientar quanto ao uso responsá-
gico para as disciplinas da graduação em Far- vel de plantas medicinais, possíveis intera-
mácia que possuem interface com o estudo das ções com os medicamentos que os usuários
plantas medicinais (Farmacobotânica, Farma- utilizavam, além de incluir atividades lúdi-
cognosia, Fitoquímica e Fitoterapia), além de cas com os usuários, como peças de teatro e
receber periodicamente a visita de alunos do oficinas de produção de sabonetes caseiros,
ensino fundamental e médio, das redes muni- manejo do solo e cultivo e armazenamento
cipal e estadual do estado. de plantas medicinais.
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O projeto tem obtido grande aceitação por
parte da comunidade, profissionais da saúde
e gestores, sendo a experiência solicitada por
outros municípios do estado de Sergipe.
REFERÊNCIAS