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AUDITORIA EM PASSIVOS AMBIENTAIS

CINTIA CARDOSO (G-UEM)


JULIANA BAU SILVEIRA (G-UEM)
LUCIMARA ALBINO BENETON (G-UEM)
NAYARA G. BERTO (G-UEM)
SYLMARA MALTA ROCHA (G-UEM)
ALICE FATIMA RODRIGUES (UEM)
REINALDO RODRIGUES CAMACHO (UEM)

Resumo

Os Passivos Ambientais são todos os investimentos feitos no sentido de preservar o meio ambiente ou prevenir
acidentes que possam lhe causar danos. Nesses investimentos está inserido o quanto a empresa gasta com
adequação de suas máquinas, pessoal, estrutura, compra da matéria-prima, conscientização da população, multas
decorrentes de danos causados pela entidade. Através de pesquisas feitas para a elaboração desse estudo pôde-se
observar que esses passivos estão se tornando cada vez mais importantes e imprescindíveis mediante o número
de acidentes que vêem ocorrendo contra a natureza e cada vez mais as empresas estão se conscientizando com
relação a esse fato e investindo na forma de evitar tais acidentes que acarretem danos à sociedade, mesmo porque
as mesmas serão cobradas, nesse sentido, principalmente diante de transações entre empresas. Neste contexto a
contabilidade como ciência social, responsável por gerar informações sobre o patrimônio das empresas, busca
adequar a forma de evidenciar e controlar as contas do Passivo Ambiental, gerando assim a necessidade de
verificação de sua adequação e procedimentos, como qualquer outra conta patrimonial. Com isso surge a
Auditoria Ambiental com o intuito de orientar as empresas na escrituração, mensuração de valores, evidenciação
de passivos ambientais e prevenção de gastos. A auditoria funciona como uma garantia à sociedade de que a
empresa está recuperando os danos que sua atividade operacional está causando ao meio ambiente.

Palavras-chave: Meio Ambiente; Passivo Ambiental; Auditoria.

Introdução

Esse estudo está focado na importância de se evidenciar corretamente os Passivos


Ambientais, bem como se procede à auditoria desses passivos e as dificuldades para
confirmação de sua real existência e mensuração de valores.
A pesquisa foi desenvolvida com o intuito de mostrar como é importante que às
empresas procurem reconhecer e evidenciar seus Passivos Ambientais, se preocupando com o
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bem estar da sociedade onde estão inseridas, mesmo porque isso pode inclusive demandar sua
continuidade.
Será abordado ainda que com o surgimento de Passivos Ambientais surgem também à
necessidade de verificação das normas de contabilização, de mensuração de valores, de
conformidades de procedimentos contábeis, daí a Auditoria em Passivos Ambientais, para,
exatamente, garantir que estes registros sejam feitos de maneira correta de modo a assegurar
os direitos da população, que não podem arcar com os danos causados pela empresa no seu
processo produtivo e até mesmo com um acidente ecológico. Evidenciasse-a ainda como é
difícil o trabalho do auditor nesse ramo, pois o mesmo para executar sua tarefa tem que partir
para busca de dados fora da empresa, ou seja, não basta apenas conferir contas e identificar
quais empréstimos, por exemplo, foram feitos para pagarem multas de danos causados, é
preciso que ele saia a campo para observar se realmente existem os tais passivos ambientais
na prática, para isso ele se utiliza de fotos e observações.
O objetivo maior desse estudo está no fato de mostrar que as empresas precisam se
conscientizar de que, se elas danificaram o meio ambiente, é seu dever recuperá-lo. A melhor
opção para evitar danos ao meio ambiente, multas, acidentes ecológicos e perda da
credibilidade da empresa, é se prevenir, ou seja, as empresas devem tomar medidas com o
intuito de evitar tais conseqüências danosas decorrentes de suas atividades operacionais. Tem
como objetivo ainda contribuir literariamente com esse assunto que pouco tem sido abordado
mesmo diante de sua importância e relevância nos últimos anos, principalmente quando se
trata de danos ao meio ambiente acarretando conseqüências a sociedade que acaba sofrendo,
muitas vezes, por essa degradação.
Para a elaboração deste estudo foi utilizado pesquisas bibliográficas em livros, artigos
e internet com o intuito de levantar dados para o esclarecimento e maior entendimento desse
assunto que se torna cada vez mais presente nas empresas.

Passivo Ambiental: conceito, origem e formas de aquisição.

Passivo ambiental é todo gasto decorrente da conservação ou recuperação do meio


ambiente. Nesse contexto pode-se citar: as multas decorrentes das infrações cometidas contra
o meio ambiente, os investimentos em mão-de-obra especializada em gestão ambiental,
campanhas populacionais através de programas de incentivo a conservação do meio ambiente,
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treinamentos dos funcionários, etc. com o intuito de preservar e recuperar o ambiente


danificado ou que poderá vir a se danificar. Ribeiro (2005, p. 75 e 76) conceitua:
Passivo ambiental se refere aos benefícios econômicos ou aos resultados que serão
sacrificados em razão da necessidade de preservar, proteger e recuperar o meio
ambiente, de modo a permitir a compatibilidade entre este e ao desenvolvimento
econômico ou em decorrência de uma conduta inadequada em relação a estas
questões.

O IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), segundo NPA 11 –


Balanço e Ecologia conceitua o Passivo Ambiental como: “(...) toda agressão que se
praticou/pratica contra o Meio Ambiente e consiste no valor dos investimentos necessários
para reabilitá-lo, bem como multas e indenizações em potencial”.
Conforme Ribeiro (2005, p. 77 e 78) a origem dos passivos ambientais ocorrem dentro
de algumas empresas através das suas atividades operacionais que implicam na destruição ou
consumo de elementos da natureza. Outros passivos ambientais podem surgir
antecipadamente a um possível acidente ecológico e trazem um retorno positivo no sentido de
reconhecimento social para a entidade. Outras ainda, não reconhecem as obrigações a partir
do seu fato gerador o que provoca o não conhecimento dos possíveis efeitos que a degradação
do meio ambiente poderá ocasionar em seu patrimônio. Ainda segundo Ribeiro (2005), as
obrigações de Passivos Ambientais decorrem de três tipos, tais como: Legais ou Implícitas,
Construtivas e Justas.
• Legais ou Implícitas: as obrigações legais procedem de Legislação ou de uma outra
forma prevista em Lei. Faz com que a empresa devolva ao meio ambiente o que ela
utilizou no seu processo operacional. Por exemplo, uma indústria de papel que utiliza
madeira como matéria-prima será obrigada a reflorestar o lugar onde essas árvores
foram cortadas. Já as obrigações implícitas, decorrem de fatos ocorridos anteriormente
que causaram danos ao meio ambiente e, para evitar maiores gastos com multas, perda
de credibilidade da empresa etc., a mesma se antecipa ao fato e começa a investir na
causa de recuperação dos danos causados.
• Construtivas: parte da consciência da própria entidade, que pensando no bem estar
social, vai além das obrigações legais, trazendo para si um ótimo marketing e fazendo
com que a empresa cresça na aceitação popular pelos seus feitos em prol da sociedade.
Neste caso, podemos citar uma empresa que desembolsa dinheiro para projetos
comunitários como, por exemplo: programas de coleta seletiva, ajuda para instalação
de rede de esgoto e galerias pluviais.
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• Justa: comprovado que a empresa causa degradação do meio ambiente, é justo que a
entidade faça a recuperação do mesmo. Ela pode até se antecipar aos danos e evitar tal
destruição, mostrando com isso uma preocupação social e ética com o meio em que
está inserida. Como exemplo podemos citar o caso de uma usina de cana de açúcar,
antes do corte é feita à queimada da plantação o qual exala muita fuligem e faz com
que polua o ar, trazendo consigo problemas respiratórios para os vizinhos da usina,
uma posição justa para esse caso seria a empresa arcar com o tratamento para as
pessoas afetadas.

Ribeiro (2005) exemplifica várias formas que uma empresa poderia adquirir em seus
relatórios um Passivo Ambiental, tais como:
 Fornecedores: contas a pagar: poderão ser contraídas a partir da compra a prazo de
insumos e equipamentos antipoluentes;
 Salários, encargos trabalhistas: decorrentes de contratação de pessoal qualificado para
desempenhar atividades relacionadas à prevenção ou recuperação ambiental;
 Provisões: deverão ser contabilizadas quando há possibilidade de gastos futuros
decorrentes de multas ambientais, os valores deverão ser estimados com base nos
eventos que poderão incorrer.

Ainda de acordo com Ribeiro (2005), os valores dos Passivos deverão ter todos os
gastos possíveis para serem efetuados, e devem ser contabilizados a partir do momento que o
fato gerador ocorrer. No caso de um gasto (custo / despesa) ambiental o fato gerador fica
caracterizado e passível de registro no consumo de recursos econômicos, para o registro como
exigibilidade / obrigação o fato gerador caracteriza-se ao assumir a obrigação seja pôr força
legal ou pelo conservadorismo. No caso das estimativas (provisões) ela poderá ser feita
quando houver dificuldade de avaliar o total do Passivo Ambiental e terá como base as
experiências anteriores da empresa ou conhecimentos sobre técnicas e legislação.

Classificação e mensuração do Passivo Ambiental.

De acordo com Paiva (2003), podem existir dois tipos de passivos ambientais,
classificados por normais e anormais, sendo que os normais são gerados no processo
produtivo, como por exemplo, fábricas que exalam por suas chaminés gases tóxicos e
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poluentes; uma maneira para amenizar essa exalação seria a utilização de filtros nas chaminés
ou trocar os insumos por outros menos poluentes. Os passivos anormais são aqueles que não
são previstos como, por exemplo, a liberação de gases poluentes ou líquidos ocasionados por
um fenômeno natural (terremotos, maremotos, raios, etc.).
Muitas vezes, ao nos referirmos ao Passivo Ambiental, temos a idéia de que o mesmo
deverá ser mensurado dentro do Balanço Patrimonial. Mas segundo a NBC T 15 –
Informações de Natureza Social e Ambiental, aprovada pelo CFC (Conselho Federal de
Contabilidade) e também aceita por diversos outros órgãos como por exemplo: o IBRACON e
a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pela intercessão da Resolução 1.003/04 de 19 de
agosto de 2004 que entrou em vigor desde 1º de janeiro de 2006, eles podem também, ser
representado em outros tipos de demonstrações. Ela deverá ser uma espécie de apêndice das
demonstrações contábeis, não podendo fazer parte das notas explicativas e sim como objeto
de comparação entre exercícios atuais e anteriores. Esta norma estabelece procedimentos para
demonstração de informações ambientais e sociais e salienta que nenhuma organização está
obrigada a elaborar ou divulgar Informações de Natureza Social ou Ambiental, mas as que
optarem, deve seguir as regras estabelecidas pela Norma citada.
De acordo com o item 1.5.1.3. da Resolução CFC nº. 1.003/04:
A Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental, ora instituída,
quando elaborada, deve evidenciar os dados e as informações de natureza social e
ambiental da entidade, extraídos ou não da contabilidade, de acordo com os
procedimentos determinados por esta norma.

Segundo a NBC T 15 (Informações de Natureza Social e Ambiental) as informações


que possui caráter ambiental e social são:
• Interação com o meio ambiente;
• Interação da empresa com o meio externo;
• Os recursos humanos;
• A geração e a distribuição de riquezas.

Toda a responsabilidade pelas informações apresentadas nas demonstrações contábeis


obrigatórias ou não, como é o caso de demonstrações acerca do Passivo Ambiental é do
contador, que deverá estar devidamente registrado no CRC.
De acordo com a Norma (NBC T 15), as informações que estarão contemplando a
Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental são as seguintes:
• Investimentos e gastos com manutenção nos processos operacionais para a
melhoria do meio ambiente;
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• Investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes


degradados;
• Investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados, terceirizados,
autônomos e administradores da entidade;
• Investimentos e gastos com educação ambiental para a comunidade;
• Investimentos e gastos com outros projetos ambientais;
• Quantidade de processos ambientais, administrativos e judiciais movidos contra a
entidade;
• Valor das multas e das indenizações relativas à matéria ambiental, determinadas
administrativa e/ou judicialmente;
• Passivos e contingências ambientais.
Pode-se citar como exemplo de classificação a que a empresa PETROBRAS utiliza em
suas demonstrações contábeis, no seu Passivo a empresa apresenta a conta Provisão para
contingência a qual é detalhada em notas explicativas. Nesse caso ela relata que a Provisão
refere-se a envolvimentos em processos legais de diversas naturezas inclusive ambiental os
quais foram provisionados em decorrência a acidentes que causaram a degradação / poluição
do meio ambiente, os valores ali mencionados são os que a companhia poderia estar pagando
de multas pelo ocorrido.
O IBRACON recomenda que as contas do passivo ambiental tenham um grupo
específico e sejam bem identificadas. Por exemplo, se a empresa solicita um empréstimo para
aquisição de materiais de prevenção de acidentes ambientais, esse empréstimo deverá ser
contabilizado de forma a evidenciar sua utilização como passivo ambiental, sem que se
confunda com empréstimos para atividades operacionais. Dessa forma, o usuário terá mais
facilidade em visualizar e tomar as decisões necessárias. Infelizmente, muitas vezes essa
recomendação não vem sendo cumprida pelas empresas, tornando assim a identificação de
seus passivos ambientais muito difíceis e trabalhosas, principalmente nos processos de
auditoria.
Uma maneira de ser mensurados os passivos ambientais é proposta por Ribeiro (2005,
p. 112-113) que determina a evidenciação em subgrupo especifico das exigibilidades, se
forem não relevantes os seus valores e componentes deverão ser descritos em notas
explicativas e em caso de ser relevante ele deverá fazer parte do Balanço Patrimonial e terá
uma conta especifica. A autora Ribeiro (2005), coloca ainda que em caso de obrigações não
passiveis de mensurações estas deverão também constar em notas explicativas explicando o
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porquê da não mensuração e a data de quando essa exigibilidade deverá ser quitada. E para os
casos de provisões também deverá ser apresentados em notas explicativas devendo conter em
sua apresentação “a natureza e a estimativa dos gastos ambientais, as incertezas relativas à sua
realização e o momento de possível realização.”.

Importância do Passivo Ambiental nas empresas.

Atualmente muitos bancos e financiadoras nacionais e internacionais tais como BID


(Banco Internacional Desenvolvimento), BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e
Desenvolvimento), IFC (Corporação Financeira Internacional) entre outros estão exigindo que
as entidades tenham projetos de preservação e recuperação do meio ambiente, para só assim
liberarem os créditos solicitados pela empresa. É necessário saber o quanto à entidade é
confiável e respeita o meio ambiente. No caso de uma entidade agredir a natureza no seu
processo industrial e não recuperar os danos causados, os créditos não são liberados, pois
provavelmente essa empresa sofrerá algum tipo de autuação e multas, afetando assim sua
credibilidade.
O ISO (International Organization for Standardization) 14000 foi criado para orientar
gestores de empresas muito poluidoras, inclusive auditores e fiscais. Ele visa à melhoria do
desempenho nas empresas procurando implantar um sistema de gestão ambiental, através de
diretrizes, onde se inclui o planejamento, estruturação, desenvolvimento e implementação de
um sistema de gestão ambiental. Todas as empresas que tem um grande grau de poluição
devem possuir o ISO 14000 para que tenha um maior credenciamento perante o governo e a
sociedade. Através disso, surgiu à auditoria ambiental.
A evidenciação das contas do passivo ambiental se tornou uma importante ferramenta
de gestão, pois elas influenciam na compra, venda, incorporação e outros tipos de ações entre
empresas, pois danos causados anteriormente podem recair sobre o novo proprietário. Ele
funciona como um elemento de decisão no sentido de identificar, avaliar e quantificar
posições, custos e gastos ambientais potenciais que precisam ser atendidos a curto, médio e a
longo prazo.
O Passivo Ambiental muitas vezes é visto como algo negativo para com as empresas
que o possuem, por estarem relacionados com danos ao meio ambiente. Mas ele pode estar
evidenciando medidas de prevenção ou até mesmo recuperação de algum dano inevitável,
como é o caso do reflorestamento realizado pelas empresas de papel, mostrando assim, a
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preocupação em cuidar do meio ambiente. Dessa forma, nota-se que em sua grande maioria a
presença do passivo ambiental no balanço das empresas pode ser algo positivo.
A Petrobrás é uma dessas empresas que investem na preservação do meio ambiente.
Seus investimentos já passaram da marca de 36 milhões em projetos ambientais, conforme
demonstrado no Quadro 1:

Quadro 1 - Investimentos em projetos ambientais patrocinados pela Petrobrás Holding


Valor investido em 2005 (R$)
Seleção Pública 11.324.588,62
Projetos de continuidade 5.976.017,00
Outros 18.912.357,10
Total 36.212.962,72
Fonte: www.petrobras.com.br

Como se pode observar as empresas de um modo geral estão se preocupando cada vez
com a questão de evidenciar seus passivos ambientais, pois os mesmos representam uma
garantia de que a empresa está disposta a evitar e recuperar os danos causados no meio
ambiente em função do seu processo produtivo.

Auditoria Contábil e Ambiental.

A auditoria contábil tem como objetivo emitir um parecer sobre a adequação ou não de
documentos consoantes aos Princípios Fundamentais de Contabilidade a as Normas
Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica.
Para COOK (1983, p. 04), a auditoria contábil se define como:
(...) o estudo e avaliação sistemática de transações, procedimentos, operações e das
demonstrações financeiras resultantes. Sua finalidade é determinar o grau de
observância dos critérios estabelecidos e emitir um parecer sobre o assunto.

A auditoria ambiental surge da necessidade das empresas em se manterem dentro das


normas para não agredirem o meio ambiente, ou seja, essa auditoria trabalha no sentido de
orientar a entidade na prevenção de acidentes que causem danos ao meio e acarretem
prejuízos para a empresa. A auditoria ambiental, então, vem a ser segundo D’AVIGNON
(2003, p. 13): “(...) um instrumento usado por empresas para auxiliá-las a controlar o
atendimento as políticas, práticas, procedimentos e/ ou requisitos estipulados com o objetivo
de evitar a degradação ambiental”.
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Segundo essas definições pode-se dizer que a auditoria trata da vistoria que é feita
dentro de uma empresa, sendo ela na parte contábil onde visa manter a continuidade da
mesma, verificando se suas praticas contábeis estão de acordo com parâmetros estabelecidos
pelos órgãos reguladores e, na parte ambiental propõe verificar e orientar as empresas na
implementação e equipação correta seguindo as orientações da legislação ambiental.
Ribeiro (2005, p. 154) define essas auditorias como:
Enquanto a auditoria contábil se preocupa com a adequação das práticas e
procedimentos a luz dos princípios fundamentais da contabilidade, visando a
continuidade da empresa, a auditoria ambiental volta-se para as práticas e
procedimentos utilizados na operacionalização do controle e conservação
ambientais, comparativamente aos parâmetros estabelecidos no sistema de
gerenciamento adotado, com vistas à continuidade da empresa sem agressão ao meio
ambiente.

Entende-se que a auditoria por si só preocupa-se em manter a entidade nas


conformidades das normas estabelecidas pelos princípios fundamentais de contabilidade, para
manter suas atividades, enquanto que a auditoria ambiental preocupa-se em manter a empresa
em conformidade com o meio ambiente, ou seja, orientando-a para a preservação do meio
onde está inserida. Tanto a auditoria contábil como a auditoria ambiental irão contribuir para a
continuidade da entidade.
As auditorias específicas são, na maioria das vezes, realizadas com intenção de venda
e fusões de empresas e têm a intenção de identificar os passivos ambientais existentes, nos
quais influenciam consideravelmente no valor do bem. Se com a auditoria realizada for
identificado a necessidade de adquirir ou aperfeiçoar os passivos ambientais, a negociação
pode então tomar um novo rumo, dando aos envolvidos informações para uma decisão mais
segura. Além disso, se as empresas tiverem conhecimento dos passivos ambientais antes da
compra ou fusão, saberão quais passivos poderão assumir e no futuro não alegarão
desconhecimento para fugir de suas responsabilidades.
Segundo o Ibracon pela NPA 11 art. 24 determina que:
(...) o auditor independente, no caso das empresas que agridem, em maior
intensidade, o Meio Ambiente (carvão, cimento, ferro, metalúrgicas, minerações,
papel celulose, petroquímica, etc.), deverá aprofundar os seus exames, visando à
transparência dos informes, sua compatibilização e os riscos de comprometimento
da continuidade da empresa-cliente, com base no laudo daqueles especialistas.

Por isso, a consciência de realizar um levantamento dos Passivos Ambientais,


confeccionado por Auditores Ambientais e implantado pelos meios empresariais é um
procedimento dos mais recomendáveis.
Os efeitos ambientais podem ser de ocorrência da atividade produtiva da empresa ou
por causas que já foram previstas, mas que não ocorreram ainda, mas que já foram
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identificadas no presente. Durante o processo de levantamento dos Passivos Ambientais,


devemos levar em consideração algumas observações como mostra o site (2006,
www.gestiopolis.com) tais como:
 Inspeção da entidade ou processo no âmbito ambiental;
 Fotografar os itens do passivo, caso seja encontrado;
 Fazer uma identificação dos processos que levaram a existência dos passivos;
 Fazer uma identificação dos processos que levaram a existência dos passivos;
 Caracterizar os itens do Passivo Ambiental e seus processos que ocasionaram sua
origem;
 Classificar o passivo, levando em conta sua representatividade e também os de seus
processos geradores;
 Estabelecer medidas preventivas e corretivas para cada conta do Passivo Ambiental e
orçar os custos destas medidas (levantamento utilizado quando a entidade procura
manter atividades de prevenção e correção do meio ambiente).
O trabalho do auditor é complementado com investigações de campo rápidas e
abrangentes. O objetivo da auditoria é eliminar as situações de não-conformidade e seus
respectivos custos.
As informações sobre o Passivo Ambiental deverão ser auditadas por um Auditor
Independente, conforme nos mostra a NBC T 15 item 1.5.3.3: “A Demonstração de
Informações de natureza Social e Ambiental deve ser objeto de revisão por auditor
independente, a ser publicada como relatório deste, quando a entidade for submetida a esse
procedimento”.
Um dos problemas enfrentados para os auditores nesse tipo de auditoria em passivos
ambientais é a não classificação correta das contas, pois em muitas empresas não é titulada
como uma obrigação ambiental, o Ibracon recomenda, pela NPA 11 art. 21, a utilização da
nomenclatura que determina se a obrigação decorre ou não da gestão ambiental, conforme
segue:
Seria recomendável que, seja no Ativo seja no Passivo Ambiental, os valores
decorrentes de investimentos na área de Meio Ambiente fossem apresentados em
títulos contábeis específicos, identificando, numa segmentação adequada, (...) os
Passivos Ambientais (Financiamentos Específicos, Contingências Ambientais
definidas, etc.).

Sendo classificada desta forma ou não, o Ibracon (NPA 11 art. 23) determina que o
auditor independente deve examinar e certificar que todos os Passivos Ambientais estão
evidenciados nas demonstrações contábeis e em suas notas explicativas.
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O projeto de lei 1254/2003 criado pelo deputado César Medeiros do PT/MG que ainda
está em tramitação na câmara, obriga que as empresas realizem periodicamente auditorias
ambientais. De acordo com o Artigo 11, § 5 desse projeto de lei: ”O passivo e o ativo
ambiental verificados na forma do § 4º devem constar dos sistemas, balanços e registros de
controle contábil da empresa ou entidade, sob pena de nulidade dos mesmos.”.
Se esse projeto de lei for aprovado, fica obrigatório, então, as auditorias ambientais.
Isso ajudará a qualificar e quantificar o passivo ambiental das empresas. Com a obrigação de
contabilização desse passivo, todos terão acesso a essas informações e não só algumas
pessoas da empresa.
Embora muitas empresas pequenas acreditem que não haja necessidade da realização
dos processos de auditoria, o que deve determinar essa necessidade ou não, é o seu potencial
de poluição e não o tamanho da empresa. Além do mais, esses processos não são úteis apenas
para evitar multas, mas sim para evitar que danos sejam causados ao meio ambiente.
Alguns estados como Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná já possuem leis sobre
auditoria ambiental para regulamentar o cumprimento das leis ambientais.

Conclusão

Observou-se através deste estudo, que o reconhecimento dos passivos ambientais pelas
empresas se torna cada vez mais importante, pois asseguram os direitos da população em
relação à destruição da natureza e a própria continuidade da empresa. Esse elemento merece
tal importância por causa dos problemas que surgiram a respeito de efeitos danosos e poluição
decorrente do processo produtivo das empresas, fazendo com que as entidades se preocupem
com esse elemento tanto na sua gestão estratégica quanto para sua situação patrimonial, que
poderá ser afetada no caso de multas decorrentes de acidentes ecológicos ou a não aprovação
de financiamentos junto aos Bancos Internacionais.
A Auditoria Ambiental surge com o objetivo de checar se o reconhecimento foi feito
corretamente pelas empresas e orientar os registros dos Passivos Ambientais, dando às
entidades meios para as mesmas mensurarem valores, desenvolverem seus procedimentos,
elaborarem relatórios e orientando a não agressão ambiental, mostrando que essa atividade
não é fácil de se desenvolver, mas que se torna cada vez mais imprescindível principalmente
em transações entre empresas.
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As empresas que em suas atividades tem ligação com o meio ambiente, precisam se
adequar a este novo cenário que é a inserção nos seus relatórios de sua contribuição junto ao
meio ambiente, mensurando nestes os seus Passivos Ambientais, pois isso irá demandar sua
continuidade.

Referências

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Visitado em 01 de Junho de 2006.

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via www.camara.gov.br/sileg/integras/227253.htm. Visitado em 06 de Junho de 2006.

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D’AVIGNON, Alexandre; et al. Manual de Auditoria Ambiental. 2ª ed. Rio Janeiro:


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