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NATAL
ÍNDICE
CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
Avaliação Dos Teores De Metais Pesados Em Lodo Do Tratamento De Resíduos Industriais Para
Uso Na Recuperação De Áreas Degradadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Diversidade Arbórea Da Praça Veiga Cabral, No Município De Macapá, Amapá, Brasil 233
Espécies Arbóreas Utilizadas Na Arborização Dos Canteiros Centrais Das Avenidas Principais De
Dois Loteamentos No Bairro Jardins, São Gonçalo Do Amarante - Rn . . 247
Espécies Florestais Com Potencial De Uso Em Floresta Estacional Decidual Ripária, No Noroeste
Do Rio Grande Do Sul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
Fitossociologia Da Bacia Do Rio Gambá No Projeto De Assentamento Mata Verde, Espírito Santo-
IV
rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315
Grau De Herbivoria Na Interação Das Árvores De Cecropia Spp. Com As Formigas Azteca Spp. . .
..................................................................... 360
Impactos Ambientais Causados Pela Extração De Material Mineral: O Caso Da Lagoa De Santa
Teresina, Russas-ce . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 370
Influência Do Sistema Radicial De Brugmansia Suaveolens (humb. & Bonpl. Ex Willd) Bercht. &
J. Presl Sobre A Proteção Catódica De Dutos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375
Percepção Ambiental Na Unidade De Conservação Parque Natural Municipal Dom Nivaldo Monte
........................................................................ 446
Quantificação Da Arborização Das Vias Públicas Dos Municípios Do Rio Grande Do Norte . . . . .
....................................................................... 466
Ziziphus Joazeiro Mart.: Floração Sincrônica Como Mecanismo Para O Sucesso Ecológico . . . . . .
...................................................................... 517
MANEJO FLORESTAL
VI
Ajuste De Modelos Matemáticos Para Estimativa Da Altura Comercial De Hovenia Dulcis Thunb.
Em Um Fragmento Florestal Localizado Em Dois Vizinhos-pr . . . . . . . . . . . . . 527
Caracterização De Espécies Arbóreas Para Uso Sustentável Em Uma Floresta De Terra Firme Na
Amazônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 583
Densidade Volumétrica Por Classe De Diâmetro De Espécies Florestais Com Alto Valor
Econômico Em Uma Floresta De Terra Firme No Município De Macapá, Amapá-brasil. . . . . . . . .
....................................................................... 612
VII
Disparidade Do Valor Bruto Da Produção Dos Produtos Madeireiros Nativos Nas Microrregiões
627
Da Paraíba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Modelagem Das Relações Forma-dimensão Para Árvores Individuais De Araucária Sob Diferentes
Condições De Crescimento No Sul Do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 719
Método Alternativo De Definição Da Taxa Volumétrica Anual De Corte Via Regressão 740
SILVICULTURA
IX
Alterações Fisiológicas Induzidas Pelo Déficit Hídrico Em Mudas De Eucalyptus Spp. . . . . . . . . . . 837
....................................................................
Avaliação Do Crescimento De Paubrasilia Echinata (lam.) E. Gagnon, H.c. Lima & G.p. Lewis
Em Área Degradada Por Mineração De Areia Na Escola Agrícola De Jundiaí, Macaíba-rn . . . . . . .
............................................................. 873
Correlação Entre Parâmetros Não Destrutivos E Índice De Qualidade De Dickson Para Mudas De
Crataeva Tapia L. Produzidas Em Diferentes Níveis De Fósforo. . . . . . . . . 1014
Deficit Hídrico Induzido Por Nacl Na Germinação De Sementes De Ormosia Paraensis Ducke . . .
...................................................................... 1055
XI
Deficit Hídrico Induzido Por Nacl Na Germinação De Sementes De Tabebuia Caraiba (mart.)
Bureau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1061
Descritores Morfológicos Mínimos Para Diferenciar Mudas Clonais De Tectona Grandis L.f. . . . .
................................................................... 1067
Desenvolvimento De Espécies Madeireiras Nativas Após Dez Anos De Plantio Na Região Central
Do Rio Grande Do Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1083
Determinação De Área Foliar E Comprimento Médio Das Folhas De Cinco Espécies Nativas
Típicas Da Caatinga Paraibana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1116
Diversidade Genética Entre Árvores Matrizes De Swietenia Macrophylla King Com Base Em
Caracteres Morfológicos De Sementes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1126
Emergência De Mudas De Myracrodruon Urundeuva Irrigadas Com Água Salina Do Mar . . 1151
Estresse Salino Induzido Por Adições De Doses De Na+cl- No Processo Germinativo E Vigor De
Sementes De Adenathera Pavonina L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1196
Fauna De Formigas Em Plantio De Acacia Mearnsii De Wild No Sul Do Estado Do Rio Grande
Do Sul. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1206
XIV
Potencial Alelopático De Extratos Aquosos De Folha De Anadenanthera Colubrina (vell.) Brenan
1391
Sobre Germinação E Vigor De Sementes De Alface . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Produção De Desbaste Aos Quinze Anos De Idade De Povoamento De Teca Regenerado Por Alto
Fuste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1412
Relação De Massa De Madeira E Casca De Nim Indiano (azadirachta Indica A. Juss) Em Função
Da Idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1453
XV
Trocas Gasosas De Clones De Eucalipto Submetidos A Salinidade No Solo . . . . . . . . . . . 1504
Variabilidade Genética Estimada Com Marcadores Issr Em Uma População Natural De Copernicia
Prunifera (miller) H. E. Moore (arecaceae) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1514
Avaliação De Três Métodos Não Destrutivos Para Classificação De Lamelas De Tauari (couratari
Oblongifolia Ducke Et R. Knuth) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1594
Avaliação Físico Química E Mecânica Dos Briquetes Produzidos A Partir Da Coroa Do Abacaxi .
...................................................................... 1599
Caracterização Química Das Espécies Pau Branco (cordia Oncocalyx Allemão), Pereiro
(aspidosperma Pyrifolium Mart. & Zucc) E Eucalipto (eucalyptus Urograndis) . . . 1628
Colorimetria E Rugosidade Das Madeiras De Sete Espécies Da Caatinga, Frente Ao Uso De Dois
Tipos De Verniz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1653
Efeito Do Preparo Do Solo Nas Dimensões Das Fibras De Eucalyptus Sp Implantados Em Área
De Relevo Acidentado No Município De Maceió Al . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1736
O Potencial Da Oiticica (licania Rigida Benth (chrysobalanaceae)) Como Produto Florestal Não
Madeireiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1790
Relação Entre Carga De Álcali Efetivo E Os Ácidos Hexenurôricos Das Polpas De Eucalyptus Sp.
.................................................................... 1845
Relação Entre Massa De Madeira, Casca E O Teor De Substâncias Tânicas Presentes No Sabiá
(mimosa Caesalpiniifolia Benth.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1850
Uso Da Constante Dielétrica Para Estimar Teores De Umidade Da Madeira De Três Espécies Da
Caatinga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1880
Uso De Veículo Aéreo Não Tripulado Na Obtenção De Ortomosaicos De Alta Resolução Espacial
....................................................................... 1896
XIX
Organização
Comitê de Programa
ALYNE CRISTINE GOMES DO EGITO
ANA CAROLINA DE CARVALHO
ANDERSON AURELIO DE AZEVEDO CARNAVAL
CYNTHIA PATRÍCIA DE SOUSA SANTOS
EDUARDO LUIZ VOIGT
ELIAS COSTA DE SOUZA
FABIO DE ALMEIDA VIEIRA
FERNANDA MOURA FONSECA LUCAS
FRANCIVAL CARDOSO FELIX
JOÃO GILBERTO MEZA UCELLA FILHO
JOSENILDA APRIGIO DANTAS DE MEDEIROS
KYVIA PONTES TEIXEIRA DAS CHAGAS
MAURO VASCONCELOS PACHECO
TATIANE KELLY BARBOSA DE AZEVEDO CARNAVAL
VITORIA REGIA ALVES CAVALCANTE
XX
Composição e diversidade da arborização da Praça Floriano Peixoto –
Macapá - AP - Brasil
Pedro Cássio da Silva Pantoja 1, Paulo Adller Alves de Araújo 2, Yara Soares Sales de Barros 1,
Camila de Oliveira e Silva 4; Luzimar Rebello Azevedo 5 e Breno Marques da Silva e Silva6
1
Universidade do Estado do Amapá (spedrocassio@gmail.com), 2Universidade do Estado do Amapá
(pauloadller19@gmail.com), 3Universidade do Estado do Amapá (yarasoaresb@gmail.com), 4Universidade do
Estado do Amapá (Kamilaoliveira@gmail.com), 5Universidade do Estado do Amapá
(luzimarazevedo@yahoo.com.br), 6Universidade do Estado do Amapá (silvabms@hotmail.com.br).
1 Introdução
A vegetação urbana, imprescindível às cidades, é responsável por uma série de
benefícios ambientais, sociais e econômicos capazes de melhorar a qualidade de vida nas
cidades e a saúde física e mental da população (Santos et al., 2016).
De acordo com Nucci & Cavalheiro (1999), as áreas verdes em ambientes urbanos
devem satisfazer três objetivos fundamentais, tais como: o ecológico-ambiental, auxiliando
na diminuição dos impactos da urbanização, ou seja, estabilizar o solo, criar obstáculos
para o vento, manter a qualidade da água e do ar, fornecer alimento, entre outros; o
objetivo estético relaciona-se a organização e composição de espaços no desenvolvimento
das atividades humanas, valorização visual e ornamental, e quebra da monotonia das
cidades e o terceiro objetivo, caracteriza-se pelas áreas verdes urbanas servirem
1
principalmente à recreação e lazer da população.
Os inventários quali-quantitativos da arborização de praças, logradouros e vias
públicas, apresentam-se como uma excelente ferramenta para o planejamento urbano,
devendo, portanto, estar inserido nós programas, planos e projetos de gestão urbana, sendo
essencial para que os planejadores tenham o conhecimento do comportamento de cada
espécie que será utilizada no projeto de arborização dos espaços públicos e os resultados
obtidos auxiliam em seu planejamento e em possíveis intervenções (Assunção et al., 2014).
Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo determinar a diversidade e
composição de espécies arbóreos-arbustivas utilizadas na arborização da Praça Floriano
Peixoto no município de Macapá, AP, Brasil.
2 Material e Métodos
Para coleta dos dados foi utilizado o censo da arborização da praça, mensurando
todos os indivíduos arbóreos-arbustivas com perímetro na altura do peito (medido a 1,3 m
de altura do solo) igual ou maior a 10 cm, presentes na arborização da Praça Floriano
Peixoto, Macapá, AP, Brasil.
A partir da identificação das espécies, realizada por meio de comparação com
materiais já depositados na Coleção Didática da Universidade do Estado do Amapá e por
meio de consulta a literatura, foi classificado se elas são nativas ou exóticas da região. Em
seguida foram calculados o número de espécies por famílias e as frequências absolutas e
relativas (Santos-Júnior & Costa, 2014).
3 Resultados e Discussão
Na Praça Floriano Peixoto foram inventariados 141 indivíduos, pertencentes a 22
espécies, distribuídos em 10 famílias botânicas. As famílias com maior riqueza de espécies
foram a Arecaceae (7 espécies) e Fabaceae (4 espécies), e as com maior número de
indivíduos foram Arecaceae (42 indivíduos), Fabaceae (39 indivíduos) e Anacardiaceae
(27 indivíduos). A família Arecaceae é composta pelas palmeiras que apresentam
importância na alimentação, construção civil e como plantas ornamentais, sendo utilizadas
no paisagismo de praças e jardins públicos (Lima et al., 2015). Na arborização urbana de
Sorocaba entre as famílias que apresentaram maior número de espécies estão Fabaceae e
Arecaceae (Cardoso-Leite, 2014) (Tabela 1).
2
TABELA 1. Espécies e famílias das árvores que compõem a praça Floriano Peixoto, Macapá, Amapá, Brasil.
Família Espécie N. V. Orig. Ind. FR
Mangifera indica L. Mangueira E 23 16,31
Anacardiaceae
Anacardium occidentale L. Cajueiro N 4 2,84
Arecaceae Palmeira
Roystonea oleracea (Jacq.) O.F. Cook E 2 1,42
imperial
Palmeira
Veitchia merrillii (Becc.) H.E. Moore E 1 0,71
francesa
Palmeira
Wodyetia bifurcata A.K. Irvine rabo de E 1 0,71
raposa
Jambo-
Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M. Perry E 6 4,26
Myrtaceae vermelho
3
A espécie mais frequente foi a Mangifera indica (16,31%), seguida da Euterpe
oleracea (14,18%), Andira inermis (12,06%), Clitoria fairchildiana (9,93%) e
Handroanthus serratifolius (7,80%). A espécie Mangifera indica, também ocorre na Praça
Nossa Senhora da Conceição em Macapá como espécie de maior frequência relativa,
representando 36,66% dos indivíduos encontrados (Gomes et al., 2016). Essa espécie é
muito utilizada na arborização urbana devido sua adaptabilidade a diferentes ecossistemas e
aceitação da população (Lima et al., 2015).
Dantas et al. (2016) encontraram valores e espécies semelhantes para a praça
Floriano Peixoto. No entanto, Tabebuia aurea e Andira parvifolia, correspondem a
Handroanthus serratifolius e Andira inermis, respectivamente.
Foi verificado que a maioria das espécies identificadas, bem como o maior número
de indivíduos, é de origem nativa, correspondendo a 54,55% e 62,41%, respectivamente. De
forma semelhante, Gomes et al. (2016) constatou a predominância de espécies nativas na
Praça Nossa Senhora da Conceição.
4 Conclusões
A maioria das espécies que compõem a arborização da Praça Floriano Peixoto é de
origem nativa, indicando representatividade. Entretanto, Mangifera indica é a espécie com
maior número de indivíduos.
Das 10 famílias botânicas, a Arecaceae apresentou maior riqueza, porém a maioria
das espécies desta família é de origem exótica. Duas famílias apresentaram somente um
indivíduo (Malpighiaceae e Rubiaceae), e por serem ambos de espécies nativas poderiam
ser mais exploradas na arborização, em virtude dos benefícios que a utilização de espécies
locais proporciona.
5 Literatura Citada
Assunção, K.C.; Luz, P.B. Neves, L.G.; Sobrinho S.P. Levantamento quantitativo da
arborização de praças da cidade de Cáceres/MT. Revista da Sociedade Brasileira de
Arborização Urbana, v. 9, p. 123-132, 2014.
Cardoso-Leite, E.; Faria, L.C.; Capelo, F.F.M.; Tonello, K.C.; Castello, A.C.D.
Composição florística da arborização urbana de Sorocaba/SP, Brasil. Revista da Sociedade
4
Brasileira de Arborização Urbana, v. 9, n. 1, p. 133-150, 2014.
Dantas, A.R.; Gomes, E.M.C.; Pinheiro, A.P. Diagnóstico florístico da Praça Floriano
Peixoto na cidade de Macapá, Amapá. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização
Urbana, Piracicaba, v.11, n.4, p. 32-46, 2016.
Gomes, E.M.C.; Rodrigues, D.M.S.; Santos, J.T.; Barbosa, E.J. Análise Quali-Quantitativa
da Arborização de Uma Praça Urbana do Norte do Brasil. Nativa, v. 4, p. 179-186, 2016.
Lima, J.P.; Kreutz, C.; Pereira, O.R. Levantamento florístico das espécies utilizadas na
arborização de praças no município de Nova Xavantina – MT. Revista da Sociedade
Brasileira de Arborização Urbana, v. 10, n. 3, p. 60-72, 2015.
Nucci, J.C.; Cavalheiro, F., Cobertura vegetal em áreas urbanas: conceito e método.
GEOUSP, no. 6, pp. 29-36. 1999. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2179-
0892.geousp.1999.123361.
Santos, L.J.S.; Cordeiro, K.A.; Silva, G.P.; Cunha, D.V.P.; Fernandes, L.D.C.C. Inventário
da arborização de ruas do bairro Bateias da cidade de Vitória da Conquista, Bahia. Revista
Biociências, v. 22, n. 1, p. 110-122, 2016. Disponível em: http://periodicos.unitau.br/ojs-
2.2/index.php/biociencias/article/viewFile/2223/1626. Acesso em: 2 de maio. 2018.
5
Levantamento florístico de vegetação na caatinga em estágio
sucessional intermediário
Luana Thayná Dantas de Souza1, Bruna Rafaella Ferreira da Silva1, Nathally Stephany Silva
Mousinho1, Tatiane Kelly Barbosa de Azevedo1
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (luanathaynaflorestal@gmail.com),
(brunarafaellaf@hotmail.com), (nathallymousinho@gmail.com),
(tatianekellyengenheira@gmail.com)
1. Introdução
A caatinga é um dos biomas brasileiros que possui características peculiares
como fisionomia xerófila e florística variada, alta capacidade adaptativa, apresenta
elevado grau de endemismo o que não propicia uma boa definição da vegetação, devido
sua heterogeneidade (Rodal et. Al.,1992; Prado, 2003; Dias e Kiill, 2008).
Segundo Trindade et al. (2007), os levantamentos florísticos contribuem para a
indicação dos estádios sucessionais e para melhor avaliação das influências de fatores
como clima, solo e ação antrópica nas comunidades vegetais.
Baseado nisso, este estudo teve como objetivo, realizar o levantamento florístico
em uma vegetação de estagio sucessional intermediário na caatinga.
6
2. Material e métodos
O experimento teve duração de 13 meses (dezembro de 2007 a dezembro de
2008) e foi conduzido na Fazenda Tamanduá, no município de Santa Terezinha – PB.
De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo BSh, ou seja,
quente e seco.
As 3 parcelas foram alocadas (30mx 60m) e cercadas, e no interior das mesmas
foi delimitada uma sub-parcela de 20m x 50m (Figura 1), com o objetivo de manter uma
área (10m de largura) para a movimentação do pessoal técnico na coleta de dados,
causando o mínimo de dano à vegetação. Por esta razão, o levantamento florístico foi
realizado nas laterais das sub-parcelas a uma distância de 5m para ambos os lados de
cada extremidade, totalizando assim uma distância de 10m por laterais.
FIGURA 1. Parcelas alocadas com 60m x 30m e sub-parcela com 50m x 20m.
Foi realizado o levantamento florístico, onde partes das espécies vegetais foram
coletadas (folhas, flores e frutos), preferencialmente, em estado de reprodução, sendo
um representante de cada espécie encontrada nas bordas das parcelas amostradas, e
armazenada em Herbário localizado na UFCG, campus de Patos-PB. E identificou-se
taxonomicamente conforme o sistema proposto por APG IV (Byng et al., 2016).
.
3. Resultados e discussões
7
No levantamento florístico do estagio sucessional intermediário foi encontrado
espécies com DAP de até 5cm. Nas parcelas foram identificados 8 (oito) indivíduos
participantes desse estagio, como pode-se perceber na figura 2, sendo a Mimosa
tenuiflora a que mais se destacou das espécies.
1%
Espécies
2% 1% Mimosa tenuiflora
1% Piptadenia stipulacea
7% Caesalpinia pyramidalis
Aspidosperma pyrifolium
50%
Capparis flexuosa
37% Jatropha mollissima
Cnidoscolus quercifolius
Bauhinia cheilantha
1%
8
TABELA 1. Lista de famílias e espécies, frequência absoluta (FA) e a frequência relativa (FR) do
levantamento florístico em estagio sucessional intermediário.
Espécie Nome Vulgar Família FA (%) FR (%)
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema Preta Fabaceae 10700 49,76744
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke. Jurema branca Fabaceae 200 0,930233
Caesalpinia pyramidalis (Tul.) Catingueira Fabaceae 7900 36,74419
Aspidosperma pyrifolium (Mart.) Pereiro Apocynaceae 300 1,395349
Capparis flexuosa (L.) Feijão bravo Brassicaceae 1600 7,44186
Jatropha mollissima (Muell.) Arg. Pinhão bravo Euphorbiaceae 400 1,860465
Cnidoscolus quercifolius (Mart). Pax et Hott. Faveleira Euphorbiaceae 100 0,465116
Bauhinia cheilantha (Bong.) Stend. Mororó Fabaceae 300 1,395349
Total 215 21500 100
4. Conclusões
Concluiu-se que as parcelas analisadas apresentaram boa variedade de espécies
mesmo encontrando-se em estagio sucessional intermediário.
5. Literatura citada
Byng, J, W. et al. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the
orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean
Society, v. 181, n. 1, p. 1-20, 2016.
9
Forzza, R. G.; Baumgratz, J. F.; Costa, A.; Hopkins, M.; Leitman, P. M.; Lohmann, L.
G.; Martinelli, G.; Morin, M. P.; Coelho, M. A. N.; Peixoto, A. L.; Pirani, J. R.;
Queiroz, L. P.; Stehmann, R.; Walter, B. M. T.; Zappi, D. As angiospermas do Brasil.
In: Forzza, R. C.; Baumgratz, J. F. A.; Bicudo, C. E. M.; Carvalho Jr., A. A.; Costa, A.;
Costa, D. P.; Hopkins, M.; Leitman, P. M.; Lohmann, L. G.; Maia, L. C.; Martinelli, G.;
Menezes, M.; Morim, M. P.; Coelho, M. A. N.; Peixoto, A. L.; Pirani, J. R.; Prado, J.;
Queiroz, L. P.; Souza, V. C.; Stehmann, J. R.; Sylvestre, L. S.; Walter, B. M. T.; Zappi,
D. (Eds.). Catálogo de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico, 2010. v. 1. p. 78-88.
Sarmiento, G. The dry plant formations of South America and their forest connections.
Journal of Biogeography, v. 2, p. 233-251, 1975.
10
A arborização urbana e o conforto térmico no semiárido da Paraíba
Álvaro Renan Vieira Nunes1, César Henrique Alves Borges2, Felipe Silva de Medeiros1, Luanna
Alertsea Rodrigues Cintra1, Jacob Silva Souto1, Patrícia Carneiro Souto1
1
Universidade Federal de Campina Grande (engalvarorenan@gmail.com,
fsmedeiros.eng@gmail.com, luannaalertsea@gmail.com, jacob_souto@yahoo.com.br,
carneirosouto@yahoo.com.br), 2Universidade Federal Rural de Pernambuco
(cesarhenrique27@yahoo.com.br)
1. Introdução
A arborização urbana é considerada o método mais natural para a mitigação das
consequências nocivas da intensa radiação solar à saúde humana. Ao planejar a
arborização urbana deve-se levar em conta diferentes critérios, como forma e disposição
das raízes, altura da árvore adulta, estética e outros. Contudo, praticamente não se tem
considerado o conforto térmico urbano como parte dessa análise (Ferreira & Herrman,
2016).
O conforto ambiental consiste no conjunto de fatores que incluem o conforto
térmico, e os outros componentes como qualidade do ar, a luminosidade e ruídos. Esta é
uma área de investigação muito importante, onde se busca entender de que forma são
influenciadas as condições do meio, sejam elas positivas ou negativamente diante da
percepção do conforto humano (Gonçalves et al., 2007).
Os benefícios promovidos pela arborização urbana ao equilíbrio local têm
contribuindo com a conservação do meio ambiente. Estudos específicos sobre a
importância da arborização e suas características individuais sobre diferentes ambientes
11
são relevantes, a fim de esclarecer determinadas funções que o ambiente arborizado pode
proporcionar a população.
O presente estudo objetivou estimar o índice de conforto térmico em áreas
arborizadas e sem arborização na cidade de Catolé do Rocha-PB.
2. Material e Métodos
A pesquisa foi realizada na cidade de Catolé do Rocha-PB, localizada na
mesorregião Sertão Paraibano, a 277 m de altitude. O clima da região segundo a
classificação de Köppen (Álvares et al., 2014), é o BSh semiárido, quente com chuvas de
verão. De acordo com dados do IBGE (2010) a cidade apresenta uma área total de 552,11
km², com uma população de 28.759 habitantes, distribuída em 20 bairros.
Para avaliar as condições de conforto térmico na cidade foram selecionadas, através
de imagens por drone, as seguintes áreas amostrais: Ruas arborizadas (3), Ruas sem
arborização (3) e Áreas verdes (3 praças principais), totalizando nove áreas amostrais. Na
escolha das ruas com arborização e sem arborização procurou-se seguir como critério de
seleção a disposição das ruas no mesmo sentido geográfico de modo a diminuir as
interferências urbanas. A área amostral das ruas com e sem arborização foram delimitadas
com comprimento de 100 m.
Para estimar o conforto térmico nas áreas selecionadas através dos índices de
temperatura e umidade (ITU) foram medidas in loco as variáveis meteorológicas,
temperatura do ar (ºC) e a umidade relativa do ar (%), sendo para isso utilizado termo
higrômetros que foram instalados numa base de madeira à altura de 1,5 m da superfície do
solo, na parte central da área delimitada nas ruas (100m) e na área central das praças.
O índice de Temperatura e Umidade (ITU), devido a sua praticidade é comumente
usado nos trópicos, segundo Barbirato et al. (2007), permitindo quantificar o “stress” no
ambiente urbano, sendo para isso utilizada a seguinte equação: ITU =0,8 * Tar + [( UR * T
ar) / 500], onde: ITU= índice de temperatura e umidade; Tar= temperatura do ar (°C);
UR=umidade relativa (%).
12
De posse dos resultados obtidos do ITU, foram usados os critérios de classificação
para o índice, conforme Nóbrega e Lemos (2011), e que consta na Tabela 1. A comparação
das médias dos resultados de temperatura ambiente foi feita pelo teste de Tukey (p < 0,05).
3. Resultados e Discussão
Na Tabela 2 são apresentadas as médias das variáveis microclimáticas para cada
ambiente. Nas praças a temperatura foi menor do que nas ruas com e sem arborização,
registrando uma diferença de até 2,1ºC em uma das praças para uma das ruas sem
arborização, e 1,3ºC de uma das praças para uma das ruas com arborização.
13
registrada às 14:00 horas, e a mínima (0,05 °C) às 17:15 horas. O mesmo ocorreu com a
espécie Tabebuia aurea onde registrou uma diferença de 1,09 °C em relação à temperatura
média obtida fora da influência da copa das árvores, e a maior a amplitude térmica (1,48
°C) foi registrada às 14:30, horas e a mínima (0,15 °C) às 17:30 horas. Diante dos
resultados o autor afirma que as espécies estudadas têm uma função importante na
diminuição da temperatura em nível microclimático nos ambientes onde estão inseridas
Em todos os ambientes avaliados os valores do ITU se encontra na última categoria
sendo classificado como extremamente desconfortável (Figura 1), com os maiores valores
registrados na rua não arborizada Marechal Deodoro da Fonseca, sendo esta rua que
apresentou a maior média de temperatura e a menor média percentual de umidade relativa
do ar (Tabela 2), obtida durante todas as coletas realizadas.
Figura 1 — Índice de Temperatura e Umidade (ITU) das áreas arborizadas e sem arborização na cidade de
Catolé do Rocha-PB.
4. Conclusão
Os valores elevados do Índice de Temperatura e Umidade (ITU), tanto nas áreas
arborizadas como nas sem arborização classifica a cidade de Catolé do Rocha com
microclima extremamente desconfortável.
14
Ambientes com aglomerados de indivíduos arbóreos como as praças são mais
eficientes na redução da temperatura ambiente e aumento na umidade relativa do ar,
proporcionando uma condição de conforto térmico à população.
A distribuição mais densa e estratificada nas praças da cidade, principalmente da
Praça Sérgio Maia que é a maior e mais diversificada, interfere positivamente na
interceptação da radiação solar e na redução da temperatura do ar, alterando a sensação
térmica da população que indica menor desconforto com o calor nesses ambientes.
5. Literatura Citada
Álvares, C.A.; Stape, J.L.; Sentelhas, P.C.; Moraes, J.L.; Gonçalves, J.L.M.; Gerd
Sparovek. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v.
22, n. 6, p.711 – 728, 2014. http://dx.doi.org/10.1127/0941-2948/2013/0507.
Barbirato, G.M.; Souza, L.C.L.; Torres, S.C. Clima e cidade: a abordagem climática como
subsídio para estudos urbanos. Maceió: EDUFAL, 2007. 164 p.
Ferreira, R.C.; Herrman, C.R.A. Influência de espécies arbóreas no microclima e conforto
térmico de seu entorno imediato sob condições climáticas do cerrado goiano. Revista da
Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.11, n.1, p. 14-33, 2016.
http://www.revsbau.esalq.usp.br/pt-br/volume11numero12016.html.
Gonçalves, W.; Stringheta, A.C.O.; Coelho, L.L. Análise de árvores urbanas para fins de
supressão. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.2, n.4, dez. 2007, p.
1-19. http://www.revsbau.esalq.usp.br/volume2numero42007/artigos_cientificos.php.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sinopse do censo demográfico.
Nóbrega, R.S.; Lemos, T.V.S. O microclima e o (des)conforto térmico em ambientes
abertos na cidade de Recife. Revista de Geografia, v.28, n.1, 2011.
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistageografia/issue/view/2101/showToc
Zea-Camaño, J.D. Serviços ecossistêmicos de regulação climática e da qualidade do ar
pela arborização em Patos-PB. 2016. 79f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) –
Universidade Federal de Campina Grande. Patos-PB, 2016.
15
A contribuição da comunidade de entorno do Parque Natural Municipal
das Nascentes do Mundaú à elaboração do seu plano de manejo
Lorena de Moura Melo1, Marcos Renato Franzosi Mattos 2, Walter Filho de Almeida Leal2, Géssyca
Fernanda de Sena Oliveira 1, Mayara Fernandes Costa Pedrosa 1
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco - Campus Recife (lorem.moura@gmail.com;
eng.gessycasena@gmail.com; maynandes202@gmail.com), 2Universidade Federal Rural de
Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns (mrfmattos75@gmail.com;
walteralmeidaleal@gmail.com)
1. Introdução
16
a partir de então, efetuar a tomada de decisão sobre as necessidades (Brasil, 2009). Além
dos aspectos supracitados, ressalta-se a importância da participação social efetiva na gestão
das áreas protegidas. Uma forma de consolidar a participação social nos processos de
gestão de UCs, é por meio da própria construção (e implantação) do PM (Brasil, 2015).
Um exemplo de PM que contou com a significativa participação da comunidade em
sua elaboração foi o plano elaborado para o Parque Natural Municipal das Nascentes do
Mundaú (PNMNM). Esta UC, criada por Decreto Municipal em 2011, está situada na Zona
Rural de Garanhuns-PE, limítrofe ao bairro Várzea e próximo ao bairro Manoel Xéu.
Dentro da comunidade integralizada no processo de elaboração do plano está esta
população de entorno do parque, que, em muitas vezes, é marginalizada por sua posição
social, mas que contribuiu significativamente com informações para o PM (Econordeste,
2015; Mattos et al., 2017). Assim, este trabalho visa expor como a comunidade de entorno
da UC foi uma aliada no processo de elaboração do documento técnico citado.
2. Material e Métodos
FIGURA 1. Oficina de discussão sobre o plano de manejo e educação ambiental inclusiva do PNMNM
(1A). Dia de campo junto à comunidade da UC (1B). Econordeste (2017)
17
individual da comunidade de entorno, que colaboraram com seus conhecimentos de
vivência, com suas memórias e com suas experiências (Mattos, 2017).
3. Resultados e Discussão
18
conservação e benefícios gerados através do PNMNM, o que contribui para que se tornem
atores ativos na UC e, assim, retirando-os da situação de exclusão destes processos que
acontecem no entorno de onde residem (Mattos et al., 2017)
Vale ressaltar que o uso hoje não regulamentado pelos moradores na ZA para
produção de alimentos de forma tradicional, também foi considerado sustentável e possível
de continuidade pelo PM, o que está em acordo com a premissa de que, assim como o meio
ambiente é um bem público, as UCs devem ser enxergadas também como espaços públicos
em que a participação social deve ser garantida (Silva, 2013). Assim como na Área de
Proteção Ambiental (APA) Baleia Franca (Brasil, 2015), foi percebido durante o estudo
que a inclusão da população do entorno no processo de conservação da UC, sobretudo
destes moradores que utilizam a área de forma sustentável, gerou maior comprometimento
dos mesmos na preservação dos recursos naturais, por exemplo, agindo em muitas vezes
como verdadeiros “guardas florestais” contra ações degradantes ao PNMNM.
4. Conclusão
5. Literatura Citada
Brasil. Lei Nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, parágrafo 1º, incisos I,
II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza - SNUC. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
Senado Federal, Brasília, DF, 19 de jul. 2000.
Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade. Série educação ambiental e comunicação em unidades de conservação: A
19
participação social e a ação pedagógica na implementação da unidade de conservação.
ICMBio: Brasília, 2015.
Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade. Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo de Florestas
Nacionais. ICMBio: Brasília, 2009.
Brasil. Ministério do Meio Ambiente. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza: Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340, de 22 de
agosto de 2002; Decreto nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico Nacional de
Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006. Brasília: MMA, 2011.
Econordeste. Parque Natural Municipal das Nascentes do Mundaú: plano de manejo e
educação ambiental inclusiva. Projeto submetido ao Edital 01/2015 da Fundação Pró-SOS
Mata Atlântica. Econordeste: Garanhuns, 2015.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2017. Informações sobre as cidades.
Garanhuns – PE. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br>. Acesso em 16/03/2017.
Mattos, M. R. F. Melo, L. M.; Lopes, A. S.; Oliveira, I. V. S. Aspectos socioeconômicos
da comunidade do entorno. In: Pernambuco. Garanhuns. Econordeste. Parque Natural
Municipal das Nascentes do Mundaú: Plano de Manejo e Educação Ambiental Inclusiva.
Garanhuns-PE: Econordeste, 2017.
Mattos, M. R. F. Introdução e aspectos metodológicos. In: Pernambuco. Garanhuns.
Econordeste. Parque Natural Municipal das Nascentes do Mundaú: Plano de Manejo e
Educação Ambiental Inclusiva. Garanhuns-PE: Econordeste, 2017.
Silva, P. A. Instrumentos de participação da sociedade civil nas unidades de conservação
no Brasil: a criação de conselhos consultivos e os planos de manejo. In: Encontro
Fluminense - Uso Público em Unidades de Conservação: Gestão e Responsabilidades.
Niterói. Anais do Encontro Fluminense - Uso Público em Unidades de Conservação:
Gestão e Responsabilidades, v. 1. p. 1-12, 2013.
20
A Lei brasileira n. 11.284, de 2006: Uma discussão sistêmica
1. Introdução
Um novo rumo está sendo tomado pelas empresas florestais frente à vigência da Lei
n. 11.284, de 2 de março de 2006, denominada também de “Gestão verde”, que trata
especificamente da Gestão de Florestas Públicas que viabilizada a exploração, através de
concessões, por processos licitatórios. A lei foi criada determinando a preservação de áreas
já ocupadas pelas comunidades locais (art. 6°) propiciando, nessa vertente um “manejo
sustentável”. Todavia deixa transparecer, de forma explícita a possibilidade da exploração
de grandes áreas por oligopólios nacionais e empresas transnacionais viabilizadas através
de concessões por processos de ordem legal.
Quanto ao manejo florestal sustentado é apenas uma justificativa, porém pífia, pois
essa afirmativa está amparada no entendimento de Grassi (2011, p. 354) quando aborda a
questão da extração de madeira na Amazônia sem ferir o princípio do desenvolvimento
sustentado é na ordem de “cinco a seis árvores por hectare – e isso a cada 30 anos”. Pelo
visto não é o suficiente que as florestas brasileiras estejam legalmente protegidas por uma
21
vasta legislação florestal, a destruição continua célere, “não mais pelo fogo ou pelo
machado”, pois hoje o processo de corte é extremamente tecnificado.
Propõe-se, neste trabalho, uma abordagem crítica da lei n.11.284 demonstrando
determinados pontos de estrangulamento que de uma forma explicita demonstram
inconstitucionalidade e, apesar disso ela prosperou.
2. Material e Métodos
3. Resultados e Discussão
A Lei vigente n.11.284 que se refere à “unidade de manejo licitada” não especifica
a área da unidade a ser licitada, porque o Poder Executivo vetou o § 4° do art. 10, do
Projeto de Lei aprovado pelo Congresso Nacional, o qual determinava que, cada lote a ser
licitado, fosse de 2.500 ha ferindo, dessa forma o inc. XVII, do art. 49 da Constituição
Federal. Assim, devido ao veto abriu-se uma brecha na lei, ficando muito fácil aumentar a
área de cada lote a ser licitada porque não há mais razão legal impeditiva. A Constituição
dispõe, em seu art. 49, caput: “É da competência exclusiva do Congresso Nacional” e o
inciso XVII conclui a questão de forma pontual: “aprovar, previamente, a alienação ou
concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares”. Esse fato
gerou a inconstitucionalidade da Lei n. 11.284.
Prevaleceu nesse caso, de forma cristalina, interesses políticos e econômicos,
tomando os direitos da sociedade apenas como uma cortina de fumaça ficando assim,
marginalizado o direito do ambiente. Frente a esses fatos se pergunta: qual a importância e
a finalidade da Constituição de um país? A quem cabe o direito e o dever de exigir o
cumprimento da Lei Maior de um país que é a sua Constituição? Nesse mundo de
incertezas chega-se então a conclusão de que, o veto de um parágrafo, de lei (nesse caso),
pelo Executivo de uma Nação é o suficiente para rasgar uma página da Constituição
elaborada pelo Legislativo considerando ainda que, este veto repousa na
inconstitucionalidade.
22
Nesse contexto o processo da exploração do ambiente, na busca da obtenção de
commodities madeireiras para fortalecer o PIB nacional propicia uma redução quali-
quantitativa e gradativa na linha do tempo, no que tange aos bens ambientais. A
Constituição brasileira de 1988, vem na contramão dessa colocação. É o que se conclui
pela leitura do artigo 225, caput (vida digna); art. 5º, caput, parte final e inciso XXII
(direito à propriedade); art. 170, inciso III (função social) e em um terceiro momento o
parágrafo único desse mesmo artigo dispõe: “livre exercício de qualquer atividade
econômica”.
Nessa discussão cabe ressaltar que o procedimento adotado pelo modelo eletivo de
extração madeireira provoca uma desestruturação tanto no aspecto econômico (em curto
prazo) quanto na biodiversidade porque os animais possuem também um valor econômico-
ambiental que, na verdade, não é valorado quando da aplicação dos estudos de impactos
ambientais em razão de que, os animais, na sua grande maioria, não apresentam valor de
mercado. A questão está devidamente colocada, pois, a cada exploração que se sucede o
rendimento do produto florestal/ha e a biodiversidade, teoricamente, tendem a decrescer.
Uma exploração sob a égide da Lei n. 11.284 definida em seu art. 3º, inc. VI, é um
procedimento legal (conforme a lei), porém um simples processo licitatório autoriza a
“destruição” de milhares de hectares de floresta nativa primária anualmente. Portanto, a lei
ampara o procedimento, mas jamais terá condições ou força para recriar uma natureza
autorregulada, como numa situação particularizada de resiliência ou de autopoiese.
Essa lei, quanto ao aspecto ambiental jamais seria promulgada por tratar-se apenas
de interesse político e econômico compartilhado com oligopólios nacionais e
internacionais. Para certificar-se dessa afirmativa, basta tomar conhecimento da Lei n.
11.284, aprovada pelo Executivo da Nação brasileira e conferir o que diz o inc. XVll, do
art. 49 da Constituição Nacional de 1988. Nesse caso, a aprovação da nova lei teve como
justificativa legal, no fundo, o art. 6º (para manter protegidos povos em minoria: índios,
quilombolas, pequenos agricultores...), e escancarou-se a inconstitucionalidade frente ao
veto do § 4º, do art. 10 da nova lei.
Não se percebe uma justificativa plausível, fundamentada em medidas ditas legais
(considerando as normas constitucionais ou mesmo a legislação infraconstitucional) para a
exploração de Florestas Nacionais em qualquer município ou estado sob qualquer hipótese.
23
Muitas das normas postas em prática foram criadas ao arrepio da racionalidade humana
(trata-se, particularmente da Lei n. 11.284 denominada de “Lei de Gestão Ambiental”).
Desfragmentando essa questão, há que se registrar que, dos biótipos que sofrem a ação
antrópica, a maioria das espécies se encontra, invariavelmente, na copa das árvores
(artrópodes, aves, pequenos mamíferos...). É importante esse registro em razão de que,
mais de 50% das espécies de animais existentes estão relacionadas, direta ou
indiretamente, somente a esse biótipo, conforme Nadkarni (1997).
De qualquer forma, os procedimentos retro citados vêm de encontro ao que a
Constituição brasileira preceitua no inciso VII, § 1º, do art. 225: “proteger a flora e a fauna,
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies” além dos incs. VI e VII, do art. 23. Nesse viés, é
importante mencionar que ocorre, inclusive, uma conotação com o inciso II, do § 1º,
quando o legislador postula pontualmente: “preservar a diversidade e a integridade do
patrimônio genético”. O fato é que se a “Lei de Gestão Ambiental” simplesmente foi
ignorada pelo executivo sobre o que determina a Constituição brasileira enveredando, pois,
por caminhos obscuros servindo apenas de palco de manobras de interesses políticos e
econômicos.
As ações praticadas (embora protegidas por lei em vigor) estão inseridas em um
paradigma teórico que, paradoxalmente é uma realidade em decorrência do
antropocentrismo corroborado de forma passiva pelo Estado. Há que se questionar a
redação do art. 225, caput, primeira parte, quando dispõe que: “todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado”. Nesse caso, o constituinte deu a entender
implicitamente que o homem é, verdadeiramente, egocêntrico. Partindo dessa premissa, a
questão pode ter várias interpretações, portanto, a colocação constitucional é subjetiva e,
quanto à decisão tomada, também será no campo “subjetivo” amparado pela
discricionariedade, podendo ser estabelecido, a partir dessa decisão, o caos. Não há como
não se admitir que ocorram ranhuras profundas no ambiente com procedimentos dessa
natureza e que, o ambiente não permanecerá “ecologicamente equilibrado” inserido na
matriz estabelecida pelo art. 225, caput, da Carta Magna brasileira.
4. Considerações finais
24
Com esse procedimento globalizante, a sociedade, estribada no campo político,
social, econômico e cultural (exceto o ambiental), estará contribuindo, consciente ou
inconscientemente, para a aceleração de um colapso ambiental, quer pelo esgotamento de
suas reservas naturais quer pela degradação e poluição ambiental em decorrência do mau
uso dos vetores ambientais. No entanto, foi atribuído, constitucionalmente, ao cidadão o
direito de retirar seu sustento da natureza ou desenvolver atividades econômicas, é o que
dispõe o art. 170 da Constituição brasileira. Deve-se mencionar também que existe um
gargalo entre o art. 250, caput, determinando a qualidade do ambiente: “ambiente
ecologicamente equilibrado” e o art. 170, que libera, constitucionalmente, o homem a tirar
seu sustento da terra e, ainda, sem degradar o ambiente.
5. Literatura Citada
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de
1988. São Paulo: Saraiva, 2005.
Brasil. Lei n. 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o
Serviço Florestal Brasileiro – SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal –
FNDF; altera as Leis n. 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972,
9.605, de 12 de fevereiro de 1988, 4.771, de 15 de dezembro de 1965, 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 03 mar. 2006. Disponível em:
<http:/www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/Lei/LI>. Acesso em: 20 abr. 2017.
Nadkarni, N. Proclamation of forests canopy week. Whats up? The Newsletter of the
international Canopy Network, v. 3, n. 3, p.1, 1997.
25
Alometria de uma população de Protium heptaphyllum (Aubl.) March em
um fragmento de Mata Atlântica
Ageu da Silva Monteiro Freire 1, Kyvia Pontes Teixeira das Chagas 1, Fernanda Moura Fonseca
Lucas1, Luciana Gomes Pinheiro1, Fábio de Almeida Vieira 1
¹Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mails: ageufreire@hotmail.com,
kyviapontes@gmail.com, fernanda-fonseca@hotmail.com, luciana.gpinheiro@yahoo.com,
vieirafa@gmail.com
1. Introdução
A alometria é um recurso usado para medir a biomassa arbórea, tendo o objetivo de
observar os padrões de crescimento dos seres vivos e as dimensões entre razões específicas ou
relativas de crescimento (Tito et.al., 2009). Na Mata Atlântica as práticas silviculturais em
espécies nativas são importantes para gerarem informações sobre as mesmas, como
características do crescimento em diâmetro, altura e volume, efetivando a conservação do
bioma por meio de técnicas sustentáveis (Mendonça et al., 2017).
Protium heptaphyllum (Aubl.) March é uma espécie nativa e não endêmica do Brasil,
que pertence à família Burseraceae, apresentando ampla distribuição no Brasil e situando-se
nos domínios fitogeográficos Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (Daly, 2015).
Possui importância na medicina tradicional, tendo em suas estruturas componentes com
propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas, inseticidas, analgésicas e cicatrizantes
(Carvalho et al., 2017; Carvalho et al., 2015; Mobin et al., 2016), sendo de interesse para a
26
pesquisa (Martinelli & Moraes, 2013), principalmente em estudos ecológicos, onde ainda há
carência de informações para a espécie.
Diante disto, o objetivo do estudo foi caracterizar a alometria de uma população de
Protium heptaphyllum (Aubl.) March em um fragmento de Mata Atlântica.
2. Material e Métodos
Foram selecionados 15 indivíduos adultos de P. heptaphyllum em um fragmento de
Mata Atlântica no município de Macaíba, RN. O fragmento está localizado nas coordenadas
5°53”30’ S e 35°21”30 W em altitude média de 50 m, possuindo vegetação classificada como
Floresta Estacional Semidecidual de Terras Baixas (IBGE, 1992). O clima no local é uma
transição entre os tipos As’ e BSh’, conforme a classificação de Köppen, apresentando
temperaturas elevadas ao longo de todo o ano e estação chuvosa de outono a inverno (Cestaro,
2002), com precipitação média anual de 1.086,1 mm (Emparn, 2017).
Em cada indivíduo foi mensurado a altura total (m), altura do fuste (m), circunferência
a altura do peito – CAP (cm) e área da copa (m²). A altura total foi determinada pela distância
entre a superfície do solo e a última estrutura viva da planta. Já a altura do fuste correspondeu
à distância entre a superfície do solo e a base da primeira ramificação.
A CAP foi aferida com o auxílio de uma fita métrica, em que foram contabilizados
todos os CAPs, determinando-os por meio da equação Ct= √(𝑐1² + 𝑐2² + ⋯ 𝑐𝑖n), conforme
Scolforo & Mello (1997), onde “Ct”é a circunferência total e “𝑐𝑖” as medidas dos CAPs
aferidas em campo (a 1,30 m do solo). Depois, converteu-se o valor de “Ct” no valor de DAP
por meio da fórmula: DAP= 𝐶𝑡/𝜋. Já a área da copa foi delimitada com o uso da medida de
uma fita métrica em forma perpendicular entre os limites de sua projeção, em que o produto
das medições gerou a área da copa em metros quadrados.
Os dados coletados foram analisados por meio do programa estatístico BIOESTAT
versão 5.3 (Ayres, 2007), obtendo-se a estatística descritiva com as medidas de posição e
medidas de dispersão. Por meio do teste de normalidade de Lilliefors verificou-se a
distribuição normal das variáveis da alometria, sendo então aplicada a correlação de Pearson
para dados paramétricos.
27
3. Resultados e Discussão
A população apresentou altura total média de 9,53 metros (Tabela 1). Conforme o
coeficiente de variação, a área da copa foi a que mais teve variação, seguida do DAP,
mostrando que elas possuem maior variabilidade com relação a altura total e do fuste. Com
relação a assimetria (S), somente a altura do fuste apresentou valor negativo, indicando que há
predominância de indivíduos com maiores dimensões para esta variável. As demais variáveis
apresentaram S positivo, sugerindo que prevaleceram plantas com menores dimensões para o
DAP, altura e área de copa.
TABELA 1. Estatística descritiva das características de alometria de uma população de Protium heptaphyllum.
N: número de indivíduos amostrados; Máx: máximo; Mín: Mínimo; EP: Erro Padrão; DP: Desvio padrão; CV:
Coeficiente de variação; S: assimetria e K: curtose.
Variáveis CV
N Máx. Mín. Média ± EP DP S K
Alométricas (%)
DAP (cm) 15 35,01 8,28 17,42 ± 2,09 8,09 46,42 0,8644 0,0916
Altura (m) 15 14 5,5 9,53 ± 0,64 2,46 25,88 0,1926 -0,8087
Altura do Fuste (m) 15 6,2 1 3,59 ± 0,40 1,54 42,73 -0,0156 -0,7162
Área de Copa (m²) 15 63,33 9,9 31,34 ± 4,00 15,48 49,40 0,9630 -0,7491
Os resultados da curtose (K) mostraram que o DAP foi a única variável em que os
dados foram concentrados ao redor da média (K > 0), indicando distribuição de frequência
leptocúrtica. As demais variáveis apresentaram distribuição platicúrtica, com maior amplitude
na distribuição das dimensões (K < 0).
De acordo com o nível de significância (p < 0,05) referentes à correlação de Pearson,
as correlações entre DAP x Altura, DAP x Área de copa, e Altura total x Área de copa foram
positivas e significativas (Tabela 2), mostrando que essas características proporcionam
alterações umas nas outras, onde um aumento ou diminuição dimensional de uma
característica ocasionará o mesmo na outra, sendo benéfico ou prejudicial.
TABELA 2 – Análise de correlação de Pearson para os dados de alometria de uma população de Protium
heptaphyllum. p: nível de significância e rp: correlação de Pearson.
Correlação Pearson
Relação
rp p
DAP x Altura 0,5832 0,0224
DAP x Altura do fuste -0,2634 0,3428
DAP x Área de copa 0,5410 0,0372
Altura total x Altura do fuste -0,0461 0,8703
Altura total x Área de copa 0,5692 0,0267
Altura do fuste x Área de copa -0,2727 0,3254
28
As correlações negativas e não significativas foram observadas entre o DAP x Altura
do fuste, Altura total x Altura do fuste, e Altura do fuste x Área de copa. Ademais, isso mostra
a importância de estimar a biomassa florestal pelo método indireto, não precisando destruir as
plantas (Pessoa & Martins, 2012).
4. Conclusão
5. Agradecimentos
À Fundação de Apoio à Pesquisa no Rio Grande do Norte/Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Fapern/Capes), pelo auxílio financeiro.
6. Literatura Citada
Ayres, M.; Ayres júnior, M.; Ayres, D. L.; Santos, A. S. 2007. BioEstat: aplicações
estatísticas nas áreas de ciências biométricas. Versão 5.0. Belém: Sociedade Civil
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29
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30
Análise de percepção ambiental da Área de Preservação Ambiental
Jenipabu, em Extremoz/RN
Alex Nascimento de Sousa1, Allyson Gomes da Silva², Caio Matos Rosa³, Lucas Matias de Souza
Frutuoso4, Tatiane Kelly Barbosa de Azevedo Carnaval 5
1-2-4-5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte ¹(alexndsousa@gmail.com), ²(allyson-
gomes@hotmail.com), 4(lucasmatias.77@live.com),
5
(tatianekellyengenheira@hotmail.com);³Universidade Federal de Santa Catarina
³(caiomatosrosa@gmail.com)
RESUMO: As Unidades de Conservação (UC) são regiões que por Lei, precisam ser
tratadas de forma especial. Dentro deste grupo encontram-se as de Uso Sustentável sendo
a Área de Proteção Ambiental pertencente a esta categoria. Na tentativa de criar um
diálogo com a população foi realizado um estudo de percepção, que respondam questões
acerca de preservação e concepção ambiental. De acordo com isso o objetivo do trabalho
é avaliar a percepção ambiental da população que visita a Área de Preservação
Ambiental Jenipabu. A metodologia que orientou este trabalho envolveu pesquisas
bibliográficas, e a aplicação de um roteiro semiestruturado em forma de questionário.
Dispunha de 16 perguntas, sendo 15 objetivas e 1 aberta. Foi visto que 100% dos
entrevistados consideram que é importante conservar e preservar as áreas naturais
protegidas e que quase 1/3 não sabem o que é uma APA. Mais da metade dos
entrevistados não viram nenhuma placa de sinalização. Porém, foi visto que é difícil essa
conscientização devido aos vários anos de estabelecimento do comércio e pela falta de
fiscalização.
1. Introdução
31
estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das
populações humanas. Deste modo, as Unidades de Conservação têm sido decisivas na
formulação da estratégia de proteção da biodiversidade, do meio natural e arquitetônico e
de interesses socioambientais globais e locais (Andrade e Iadanza, 2016).
A partir deste conhecimento teórico, é visto que muitas áreas protegidas são
desconhecidas pela população que acaba influenciando na gestão e no controle da
conservação. Deste modo, a percepção ambiental pode subsidiar um importante
diagnóstico da situação de uma comunidade em relação ao meio, avaliando o valor dado
aos diversos recursos naturais e serviços ecossistêmicos (Munari et al., 2016)
2. Material e Métodos
A Área de Proteção Ambiental Jenipabu foi criada através do Decreto Estadual N°
12.620 de 17 de Maio de 1995, onde fica delimitado que a região situada nos municípios
de Extremoz e Natal, seria uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável. A área
possui um conselho gestor, criado pelo Decreto Estadual N° 19.139 de 05 de Junho de
2006.
32
Ambiental, se considera importante conservar e preservar Áreas Naturais Protegidas e o
motivo disso (aberta), se sabe que aquela área pertence à uma APA, se visualizou alguma
placa de sinalização sobre a APA, se considera que a área está ambientalmente
conservada, se subiu as dunas no local sinalizado como proibido, e se caso houvesse mais
sinalização pararia de subir nas dunas.
3. Resultados e Discussão
Foi visto que a faixa etária dos entrevistados variava em 18-25 (30,8%), 26-30
(19,2%) e cima de 40 anos (19,2%). A escolaridade também variou, sendo o maior
resultado os entrevistados com ensino médio completo (38,5%) e menor quantidade com
fundamental incompleto (3,9%) e doutorado incompleto (3,9%).
33
57,7% afirmaram que sim, e para 73,1% dos mesmos não consideram a localidade bem
conservada. De acordo com Oliveira (2017) verificou-se que as comunidades do entorno
tem conhecimento de que o local que moram faz parte de uma APA, mas que para tal
entendimento foi necessário bastante tempo.
%
Quesitos da avaliação da Área de Proteção Ambiental
Sim Não
Considera importante conserva e preservar áreas naturais protegidas. 100 0
Sabem o que é uma área de proteção ambiental. 69,2 30,8
Ciência que essa é uma área de proteção ambiental. 57,7 42,3
Visualizou alguma placa sinalizando que essa área é uma APA 30,8 69,2
Consideram ambientalmente conservadas. 26,9 73,1
Já escalaram pelo no mínimo uma vez as dunas 46,2 53,8
Se houvesse sinalização clara informando que se trata de uma APA, e por isso, não se pode
61,5 38,5
subir nas dunas pararia ou evitaria com a prática.
De acordo com a tabela 1 ainda se pode observar que 69,2% dos entrevistados não
conseguiram visualizar nenhuma placa informativa sobre a APA, demonstrando que a
unidade de conservação não é bem sinalizada. Quando perguntados se teriam escalado
alguma vez as dunas 46,2% afirmaram que sim. Porém, na ocasião em que se foi
questionado se pararia e/ou evitaria a prática de escalar as dunas com sinalização clara
sobre a restrição 38,5% dos interrogados afirmaram que continuariam com o ato incorreto.
Oliveira (2017) afirma que no decorrer do tempo a região foi sofrendo alterações, e que a
fiscalização precisa melhorar, para que a conservação seja realizada já que essa é uma área
vulnerável a impactos.
Com o presente estudo constatamos que 100% dos entrevistados consideram que é
importante conservar e preservar as áreas naturais protegidas e que quase 1/3 não sabem o
que é uma APA. De acordo com Ryland & Brandon (2005) Unidades de Conservação são
34
a chave para conservar o que ainda resta.
4. Conclusão
A partir dos resultados encontrados com a aplicação dos questionários, conclui-se que
é perceptível verificar que existe um resultado positivo na percepção ambiental da
população que frequenta a região da Área de Preservação Ambiental Jenipabu.
Demonstrando que a população possui conhecimento sobre sustentabilidade, e que deve
preservar a área.
5. Literatura citada
Munari, A. B.; Assunção, V. K.; Menezes, C. T. B. A Memória e A Percepção Ambiental
Como Instrumentos de Educação Ambiental: Estudo de Casos da Lagoa das Capivaras –
Garopaba – Sc, 2016.
Andrade, M. P.; Iadanza, E. E. S. Unidades de Conservação no Brasil: Algumas
Considerações e Desafios. Revista de Extensão e Estudos Rurais, Viçosa, v. 5, n. 1, p.81-
96, 2016.
Oliveira, W. A.. Turismo, Unidades de Conservação e Inclusão Social: Uma análise da
Área de Proteção Ambiental Recifes de Corais (APARC) e Área de Proteção Ambiental
Jenipabu (APAJ), RN. 2017. 121 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Turismo,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/rn, 2017.
Silva, I. X.; Aché, L. M. A gestão das Apas: áreas de proteção ambiental no Estado de São
Paulo. In: Congresso Brasileiro De Geógrafos “Setenta Anos da AGB: As Transformações
do Espaço e a Geografia no Século XXI”, 6, 2004, Caderno de Resumos: Gioânia: UFG,
2004.
35
Análise de percepção socioambiental do público do Parque Estadual
Dunas do Natal
Cyntia Suellen de Araújo Alves 1, Túlio Brenner Freitas da Silva2, Marcela Cristina Pereira dos
Santos3, Vital Caetano Barbosa Junior4, Tatiane Kelly Barbosa de Azevedo Carnaval5
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (cyntia.sull@hotmail.com),
2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (tuliobrenner29@gmail.com)
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (marcelacpsantos@hotmail.com)
4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (vital.caetano_uf@outlook.com)
5
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (tatianekellyengenheira@hotmail.com)
1. Introdução
36
2000) configura Unidades de Conservação (UCs) como sendo um espaço territorial e seus
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção.
2. Materiais e Métodos
Levando em consideração que um bom instrumento de coleta de informações deve
responder às perguntas da avaliação, mostrando como satisfatório na obtenção dos
resultados a metodologia seguiu duas etapas complementares: a primeira parte foi a
discussão e elaboração de questionários dos alunos em sala, identificando o foco da
pesquisa, e o segundo foi por meio da aplicação dos questionários de “avaliação do Parque
pelo visitante”, coletando informações e opiniões do público que possam ser utilizadas
para avaliar possíveis mudanças internas afim de melhorar a estrutura do Parque.
Foram elaborados um total de 30 questionários às pessoas que visitaram o local em
dias de semana e fim de semana, sem distinção de gênero, idade ou formação, escolhidos
de forma aleatória no período de 12 a 15 de abril de 2018. Posteriormente a esta etapa, os
dados foram compilados e inseridos em planilhas para cálculo da frequência das respostas
obtidas.
37
3. Resultado e discussão
Na análise dos dados contidos nos formulários aplicados em entrevista aos
visitantes do Parque Dunas do Natal, os entrevistados consideraram o espaço de
fundamental importância para garantir a preservação ambiental na cidade, assim como
também proporcionar um local alternativo de lazer e prática desportiva.
Segundo Castro et al. (2007), a preservação de ambientes urbanos é de grande
importância, uma vez que serve de aproximação da população local a sentir-se cercado
pela natureza, tratando a natureza com respeito, aprender sobre a conservação da natureza
Do total de entrevistados 56,66% eram mulheres e 43,33% homens, como mostra o
Gráfico 1, com idade média de 21 a mais de 35 anos, Gráfico 2. Destes, 33,33% com
ensino médio completo, 46,67% com ensino superior completo e 20% com ensino superior
incompleto, Gráfico 3.
38
No tocante à frequência no parque, a maior parte dos entrevistados o visitaram mais
de uma vez e na maioria das vezes com intuitos diferentes, como encontros religiosos,
esporte e principalmente o lazer. Entretanto, o papel ambiental do Parque ainda é
esquecido pela população, pois algumas pessoas não sabiam que se tratava de uma
Unidade de Conservação.
Foi constatado, como mostra o Gráfico 4, que 93% do público nunca assistiu às
palestras educacionais oferecidas pelo Parque, assim como 33% não tinham o
conhecimento da existência dessas palestras, mesmo a educação ambiental (E.A) sendo
classificada como atividade mais importante do parque pelos entrevistados, seguido pela
proteção à fauna e flora local, participação social e fiscalização.
39
presenciadas, quanto dos órgãos responsáveis em manter, gerir e prestar manutenção as
Unidades de Conservação. É preciso construir políticas e ações de sensibilização coletiva
acerca dos espaços verdes urbanos, a exemplo do parque, para que se consolide mentes
conscientes e fiscalizadoras das irregularidades ambientais e sociais.
4. Conclusão
A partir da realização do trabalho conclui-se que o público frequentador ainda
possui uma percepção socioambiental sobre a importância do parque como Unidade de
Conservação muito frágil. A consciência sobre o espaço ainda é individual e perceptível
apenas no que se relaciona com a forma como cada um utiliza o espaço. Existe um
consenso sobre a riqueza do município em possuir um espaço verde, porem no tocante a
fiscalização e cuidado, as responsabilidades enquanto sociedade civil são inteiramente
desconhecidas.
5. Literatura Citada
Bryckaert, l. m. c. As condições de parques urbanos para atender a atividade turística:
um estudo sobre o Parque das Dunas - Natal/Rn. 2015. 87 F. Tcc (Graduação) - Curso de
Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015
Castro, j. f.; Faria, h. h.; Pires, a. s.; Silva, f. a. s. O perfil dos visitantes do Parque Estadual
do Morro do Diabo (PEMD – SP). I seminário de iniciação científica do instituto florestal.
Pg. 1-4, 2007.
40
Análise de solo em uma floresta de caatinga de estágio sucessional
intermediário
Isabel Sousa da Fonseca e Silva1, Tatiane Kelly Barbosa de Azevedo2, Jacob Silva Souto3
1-2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 3Universidade Federal de Campina Grande.
(isaaou@gmail.com1), (tatianekellyengenheira@hotmail.com2), (jacob_souto@yahoo.com.br3)
1. Introdução
O Brasil é um país de grande extensão territorial o que faz com que sua diversidade
seja extremamente rica. Por esses motivos possui seis grandes biomas e um deles a
caatinga. Este é um bioma exclusivamente brasileiro, se localiza prioritariamente no
nordeste, mas possui uma pequena parcela no sudeste (norte do estado de Minas Gerais).
As chuvas são irregularmente distribuídas ao longo do ano (de três a cinco meses) com a
precipitação anual variando de 300 a 800 mm, havendo déficit hídrico durante a maior
parte dos meses (Machado et al., 2003). Sua extensão é de aproximadamente 10% do
território nacional, totalizando 734 mil km2 (Silva et al., 2004).
De acordo com Becerra et al. (2015) a sazonalidade climática da região,
especialmente a precipitação, influencia diretamente na sazonalidade da vegetação e seu
ciclo de crescimento. Já alterações causadas devido ao desmatamento em toda caatinga a
41
fazem ser o terceiro bioma brasileiro mais degradado, perdendo apenas para a Floresta
Atlântica e o Cerrado (Myers et al., 2000). Por fim, esse trabalho teve como objetivo
avaliar a fertilidade do solo de uma floresta em estágio sucessional intermediário, em
diferentes posições.
2. Material e Métodos
2.1 Área experimental
O experimento foi conduzido no período de dezembro de 2007 a dezembro de 2008
na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha – PB, nas coordenadas geográficas
de 07 ° 00 ' 00 " S e 37 ° 23 ' 00 " W. O clima da região, de acordo com a classificação de
Köppen, é do tipo BSh, ou seja, quente e seco. A altitude média da área experimental é de
200 m.
42
dentro das subparcelas três amostras de solos abaixo da copa (A.C.), na borda da copa
(B.C.), e fora da copa (F.C.), em três árvores escolhidas aleatoriamente no interior de cada
parcela, totalizando vinte e sete coletas de solos. Todas as amostras coletadas na mesma
posição, A.C., B.C. e F.C. foram homogeneizadas, a fim de representar toda a parcela e
suas respectivas posições.
Após a coleta, o solo foi misturado, identificado e posto para secar por um período
de 72h ao ar livre, até a total perda de umidade; e depois peneirado, em seguida foram
acondicionados em sacos plásticos e encaminhados para o Laboratório de Análises do Solo
e Água CSTR/UFCG, onde foram analisados: pH, fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio
(Mg), potássio (K), sódio (Na), hidrogênio + alumínio (H + Al), SB (Soma de bases), CTC
(capacidade de trocas catiônicas) e V% seguindo metodologia descrita em EMBRAPA
(2007).
Em seguida, os dados foram submetidos à análise de variância e posteriormente, a
uma análise de regressão, o software utilizado foi a SAS.
3. Resultados e Discussão
As análises químicas das camadas de solo (0 - 20 cm) (Tabela 1) destaca-se que não
houve diferença significativa entre as variáveis analisadas (posições de coleta). Os níveis
de P foram considerados muito baixos, valores superiores a estes foram encontrados por
Souto (2006) na RPPN da Fazenda Tamanduá, área esta próxima as parcelas onde foi
conduzido o presente estudo.
No Brasil, assim como na maioria das regiões tropicais, os solos sofrem com a falta
de macronutrientes, principalmente o fósforo, ocorre assim, a exigência da reposição desse
nutriente por adubação fosfatada (Pinheiro et al., 2014), para tornar as áreas produtivas.
Sua presença no solo é indispensável para o crescimento e produção vegetal, pois contribui
para o crescimento prematuro das raízes, qualidade de frutas, verduras, grãos e formação
das sementes.
43
Os teores de K encontrados são considerados altos (> 30 cmc.dm-3). No que se
refere aos teores de Ca e Mg, os quais estão estreitamente relacionados com o pH do solo,
verifica-se que os teores destes nutrientes podem ser considerados altos.
TABELA 1. Valores médios dos atributos químicos dos solos no estágio sucessional intermediário em três
posições (abaixo da copa, na borda da copa e fora da copa).
ANÁLISE QUÍMICA
pH P Ca Mg K Na H+Al SB CTC V
Local
(CaCl2) (mg.dm- ----------------------- cmolc.dm-3---------------------------- %
3
)
A.C. 5,8a 3,1a 5,20a 1,87a 0,48a 0,31a 2,40a 7,85a 10,3a 76,10a
B.C. 6,1a 3,7a 4,46a 1,90a 0,47a 0,32a 2,40a 7,16a 9,56a 73,90a
F.C. 5,7a 2,9a 4,50a 1,76a 0,42a 0,28a 2,10a 6,94a 9,06a 74,60a
4. Conclusão
Não há diferença na qualidade química do solo nas diferentes situações analisadas.
5. Agradecimentos
À Capes/CNPQ, pelo auxílio financeiro.
6. Literatura Citada
44
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737x201865010005.
45
Análise espacial da fragmentação florestal utilizando a linguagem R
1. Introdução
Por diversos anos os desmatamentos vêm ocasionando a destruição dos recursos
naturais devido ao processo de antropização. Com isso, a floresta nativa foi cedendo
espaço para outros usos acarretando na fragmentação dos maciços florestais gerando
diversos impactos negativos no meio ambiente. Entre estes, a extinção de espécies da fauna
e da flora, erosão dos solos, assoreamento dos cursos de água e mudanças climáticas locais
(Rudolpho et al., 2013), além de causar isolamento de espécies, perda de habitat, efeitos de
borda, diminuição da biodiversidade e invasão de espécies exóticas (Calegari et al., 2010).
Desse modo, é visível a necessidade de estudos que caracterizem espacialmente a
distribuição dos fragmentos florestais com o intuito de desenvolver estratégias de
conservação dos mesmos (Pirovani, 2010). Neste âmbito insere-se as métricas de ecologia
da paisagem que auxiliam no entendimento da estrutura da paisagem.
46
De modo a contribuir com os estudos da paisagem, diferentes softwares fornecem
métodos para analisar a estrutura da paisagem baseados em imagens de satélite e técnicas
de sensoriamento remoto (Zaragozí et al., 2012). Contudo, os autores relatam que entre os
quesitos mais importantes de um software é ser de código aberto, uma vez que promovem
melhor interação entre projetos futuros ou já existentes. Neste contexto, o R possui
diversas vantagens que o torna uma ferramenta promissora, pois é flexível no tipo de dado
para análise, é livre e permite que os usuários alterem as funções (Muenchen, 2011).
Contudo, funções em linguagem R para o cálculo de métricas de ecologia da
paisagem são incipientes, assim, é necessário a implementação de funções para suprir esta
necessidade. Com isso, o presente estudo teve por objetivo desenvolver um pacote em
linguagem R para análise da fragmentação florestal, por meio do cálculo de métricas de
ecologia da paisagem.
2. Material e Métodos
As funções compreenderam métricas que não fossem redundantes com o intuito de
englobar diferentes grupos. Dessa forma, as métricas abrangeram os seguintes grupos:
métricas de área e densidade, forma, borda, área central e de proximidade, conforme a
Tabela 1. O cálculo das métricas baseou-se nas fórmulas descritas por McGarigal & Marks
(1994).
Para o desenvolvimento das funções necessitou-se dos pacotes raster (Hijmans,
2017) versão 2.6-7, rgdal (Bivand et al., 2017) versão1.2-16, rgeos (Bivand & Rundel,
2017) versão 0.3-26 e igraph (Csardi& Nepusz, 2006) versão 1.0.1. Utilizou-se o ambiente
de desenvolvimento integrado a linguagem R versão 3.4.3 (R Development Core Team,
2017). Posteriormente as funções foram compiladas em um pacote, o qual foi denominado
Landscape Metrics, empregando-se os pacotes devtools, roxigen2 and Rtools.
De modo a obter maior confiabilidade nos dados gerados, cada função foi
desenvolvida e utilizada em uma área conhecida que permitisse a realização dos cálculos
manualmente. Posteriormente, as funções foram aplicadas a uma imagem do sensor Reis,
satélite RapidEye, obtidas através de um projeto entre a Universidade Federal de Santa
Maria e o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SINDITABACO). A imagem foi
classificada usando o algoritmo de Bhattacharyya com 99% de aceitação e duas classes de
47
uso e cobertura do solo foram definidas como floresta nativa e outros usos.
Número de fragmentos NP -
Área e
3. Resultados e Discussão
48
Em que “Class.tif” correspondente à nomenclatura da imagem importada em
formato .tif.Como exemplo tem-se o cálculo do número de fragmentos (NP), o qual deve-
se proceder da seguinte forma:
4. Conclusão
5. Literatura Citada
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49
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50
Análise estrutural do componente arbóreo em fragmento de Floresta
Atlântica, Pernambuco
Weydson Nyllys Cavalcante Raulino 1, Yana Souza Lopes2, César Henrique Alves Borges 3, Uaine
Maria Felix dos Santos4, Lucidalva Ferreira Sobrinho 5, Ana Lícia Patriota Feliciano6
1
UFRPE (weydsoncavalcante@gmail.com), 2UFRPE (yanalopes0618@gmail.com), 3UFRPE
(cesarhenrique27@yahoo.com.br), 4UFRPE (uaine83@yahoo.com.br), 5UFRPE
(lucidalva.engflorestal@gmail.com), 6UFRPE (ana.feliciano@ufrpe.br)
1. Introdução
A Mata Atlântica é considerada um dos hotspots mundiais, visto que contempla
uma das mais ricas biodiversidades da Terra, que vem sendo, porém, severamente e
progressivamente ameaçada em virtude de séculos de ocupação e encontra-se altamente
fragmentada. Boa parte de sua cobertura original desapareceu, restando aproximadamente
11,73% de florestas (Ribeiro et al., 2009; SFB, 2013). Deste modo, o entendimento dos
processos ecológicos e dinâmicos das populações vegetais são requisitos que visam
desenvolver estratégias de conservação e manejo para proteger os recursos naturais e a
diversidade remanescente nesses ambientes.
O estudo do diagnóstico da estrutura horizontal de uma floresta é importante para
perceber o seu estágio de desenvolvimento e conservação, podendo ser realizado através da
análise de distribuição diamétrica, que é um recurso utilizado em muitos trabalhos,
independentemente da região e do tipo de florestas, para alcance de diferentes objetivos
51
(Lima & Leão, 2013). A avaliação da estrutura vertical também se destaca, visto que pode
fornecer informações importantes que auxiliem no manejo florestal (Souza et al., 2003).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar a estrutura diamétrica e
hipsométrica de um fragmento de mata atlântica localizado no município de Goiana, PE.
2. Material e Métodos
O presente estudo foi desenvolvido em um fragmento de mata atlântica de
aproximadamente 51,32 hectares. A área está localizada na Estação Experimental de
Itapirema, pertencente ao Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Goiana, PE.
Para possibilitar a identificação e classificação das espécies foram alocadas
aleatoriamente 10 parcelas de 10m x 25m, em que os indivíduos com altura maior ou igual
a 5,0 m e circunferência a altura do peito (CAP) igual ou maior que 15cm foram
amostrados.
A avaliação estrutural hipsométrica do fragmento ocorreu dividindo a vegetação em
três classes, representando 0-50%, 50-80% e 80-100% da altura total máxima,
respectivamente e a estrutura diamétrica foi distribuída em 7 classes com intervalos de 5
cm entre elas.
3. Resultados e Discussão
Em termos de estrutura diamétrica, para este estudo foram encontradas sete classes,
a primeira classe abrangeu os indivíduos de 3 a 8 cm e a última classe ≥ 35,5 cm. Como
pode-se perceber na Figura 1, a curva seguiu uma distribuição em “J invertido”, padrão de
florestas nativas, seguindo uma tendência progressiva decrescente, como descrito por
(Lima & Leão, 2013; Longhi et al., 2017).
Resultados semelhantes a este foram encontrados por Alves et al. (2013) em uma
área na fazenda Alto da Cruz, município de Bom Jesus Piauí e por Batista et al. (2012) em
um fragmento de floresta atlântica no município de Moreno, em Pernambuco. Vieira et al.
(2014), descreve que é o comportamento típico de muitas florestas.
Estes resultados indicam que o fragmento é composto por indivíduos que atingiram
a maturidade em tempo recente. De acordo com Eisfeld et al. (2014), este tipo de
distribuição da floresta é o mais desejável, de maneira que permite que os indivíduos
continuem participando da dinâmica natural.
52
FIGURA 1. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos amostrados em fragmento de floresta
atlântica Goiana, Pernambuco 2017.
53
FIGURA 2. Distribuição hipsométrica dos indivíduos arbóreos amostrados em fragmento de floresta atlântica
Goiana, Pernambuco 2017.
4. Considerações Finais
Na análise estrutural realizada no fragmento de mata atlântica, tem-se que, a maior
parte dos indivíduos encontram-se distribuídos nas primeiras classes de diâmetro e altura,
levando a indicar que o fragmento é composto, principalmente, por indivíduos que
atingiram a maturidade recentemente. Este tipo de distribuição da floresta é desejável por
permitir que os indivíduos florestais continuem participando da dinâmica natural no
sistema florestal.
5. Literatura Citada
Alves. A. R.; Ribeiro, I. B.; Sousa, J. R. L.; Barros, S. S.; Sousa, P. S. Análise da
estrutura vegetacional em uma área de caatinga no Município de Bom Jesus, Piauí.
Revista Caatinga, v. 26, n. 4, p. 99 – 106, 2013.
54
Floresta do Brasil em Resumo – 2013: dados de 2007 – 2012. SFB – Serviço Florestal
Brasileiro. Brasília, 188p. 2013.
Lambrecht, F. R.; Dallabrida, J. P.; Trautenmuller, J. W.; Carli, L.; Burgin, M. R. B.;
Fortes, F. DE O. Florística e estrutura em área de floresta estacional decidual na
região do Alto Uruguais, RS. Brazilian Journal of Biosystems Engineering. v. 10, n.
2, p. 198-209, 2016.
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Implications for conservation. Biological Conservation, v. 142, p. 1141-1153, 2009.
Souza, D. R.; Souza, A. L.; Gama, J. R. V.; Leite, H. G. Emprego de análise multivariada
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2003.
Turchetto, F.; Callegaro, R. M.; Conte, B.; Pertuzzatti, A.; Griebeler, A. M. Estrutura de
um fragmento de Floresta Estacional Decidual na região do Alto-Uruguai, RS. Revista
Brasileira de Ciências Agrárias, v. 10, n. 2, p. 280-285, 2015.
Vieira, D. S.; Gama, J. R. V.; Ribeiro, R. B. S.; Ximenes, L. C.; Corrêa, V. V.; Alves, A. F.
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Antônio, estado do Pará. Revista Ciência Florestal, v. 24, n. 4, p. 1067 - 1074, 2014.
55
Análise morfométrica da bacia hidrográfica do rio Capibaribe, PE,
Brasil
Giselle Lemos Moreira1, José Antônio Aleixo da Silva1, Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira¹, Flavio
Cipriano de Assis do Carmo2, Emmanoella Costa Guaraná Araujo1; Luan Henrique Barbosa de
Araujo1
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (celly_eng.florestal@hotmail.com,
jaaleixo@gmail.com, rinaldo.ferreira@ufrpe.com, manuguarana.engflorestal@gmail.com,
araujo.lhb@gmail.com), 2Universidade Federal de Campina Grande (flaviocipriano@hotmail.com)
1. Introdução
As alterações do meio ambiente oriundas de ações antrópicas, tais como a alteração
da cobertura vegetal e da topografia do terreno, associadas a outros fatores, podem
desestabilizar os serviços hidrológicos fornecidos pelos ecossistemas e ocasionar, em
alguns casos, desastres naturais como as enchentes (Qiu & Turner, 2015; Moreira et al.,
2017).
Para compreender os processos que ocorrem na superfície terrestre, a bacia
hidrográfica se torna a unidade apropriada para diversos estudos, sendo considerada ideal
para gestão sustentável dos recursos naturais (Farhan et al., 2015).
Além das mudanças antrópicas, a geração da inundação também é ocasionada por
fatores relacionados tanto à precipitação, como intensidade, duração e distribuição da
chuva, assim como às características morfométricas da própria bacia, tais como, área,
forma e comprimento.
Os parâmetros morfométricos são aspectos físicos, geográficos e topográficos da
56
bacia hidrográfica e que contribuem para o entendimento do comportamento hidrológico
local e regional da bacia, bem como, auxiliam na tomada de decisão de gestores
ambientais.
Neste contexto, objetivou-se com esta pesquisa delimitar automaticamente a bacia
hidrográfica do rio Capibaribe, PE, bem como, analisar suas características morfométricas.
2. Material e Métodos
A bacia hidrográfica do rio Capibaribe (BHRC) está localizada na porção nordeste
do Estado de Pernambuco, entre as coordenadas geográficas 07º 41’20” e 08º 19’30” de
latitude Sul, e 34º 51’ 00” e 36º 41’ 58” de longitude Oeste, contemplando 42 municípios e
uma área de 7.454,88 km² que representa 7,58% da área do Estado (APAC, 2018) (Figura
1).
A BHRC contempla as regiões Agreste, Mata e Litoral do Estado de Pernambuco,
onde é possível observar um ambiente complexo, percorrendo uma grande variedade de
solos, relevo, clima e vegetação (Caatinga e Mata Atlântica). O rio Capibaribe apresenta
um regime fluvial intermitente nos seus alto e médio cursos, tornando-se perene somente a
partir do município de Limoeiro, no seu baixo curso (APAC, 2018).
A manipulação dos dados, a delimitação da bacia do rio Capibaribe e o cálculo dos
parâmetros morfométricos foram realizadas no software ArcGIS 10.3®, licença student e
com auxílio da extensão ArcHydro Tools, disponível no site da ESRI.
Para a delimitação automática da bacia em estudo, foram utilizados os produtos
ASTER GDEM (Global Digital Elevation Model), que constituem informações
altimétricas, com resolução espacial de 30 metros, derivada do satélite TERRA – EOS e
que são disponibilizadas gratuitamente no site do Serviço Geológico dos Estados Unidos
(USGS).
Após a delimitação da BHRC, foram estimados os seguintes parâmetros
morfométricos para a caracterização da bacia: área de drenagem, perímetro, coeficiente de
compacidade, fator de forma, índice de circularidade, padrão de drenagem, comprimento
dos cursos d’água, densidade de drenagem, índice de rugosidade, ordem dos cursos d’água,
altitude e declividade.
3. Resultados e Discussão
57
A BHRC, resultante da delimitação automática, obteve uma área de 7454,3099 Km², com
perímetro de 657,5180 Km (Figura 1, Tabela 1).
Pernambuco
7°40'0"S
7454,3099 Km²
Ü
Declividade (% ) % de área
8°0'0"S
8-20 Ondulado 40,82
Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe
20-45 Forte
17,89
Ondulado
45-75
1,89 0 12,5 25 km
Montanhoso
8°20'0"S
>75 Escarpado 0,09 Datum: SIRGAS 2000
Por meio da Figura 1, pode-se observar que a área obtida pela delimitação
automática da bacia é bem similar à área relatada pela APAC (2018), o que demonstra,
neste caso, que a utilização conjunta do SIG e sensoriamento remoto para auxiliar na
gestão e análise ambiental é eficiente.
TABELA 1. Parâmetros Morfométricos da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe, PE.
Parâmetros morfométricos
Área de drenagem total (A) 7454,3099 Km²
Perímetro total (P) 657,5180 Km
Coeficiente de compacidade (Kc) 2,1324
Fator de forma (Kf) 0,0916
Índice de circularidade (IC) 0,2167
Padrão de drenagem Dendrítico
Densidade de drenagem (Dd) 1,7293 Km/Km²
Índice de rugosidade (Ct) 1,8763
Comprimento do curso d’água principal (L) 285,2981 Km
Comprimento do talvegue (Lt) 198,1527 Km
Comprimento total dos cursos d’água (Ltotal) 12890,8259 Km
Ordem dos cursos d’água 7ª
Altitude máxima 1085 m
Altitude mínima 0m
Amplitude altimétrica (Hm) 1085 m
Declividade média 7,4167 °
Declividade máxima 89,9515 °
Declividade mínima 0°
58
Os valores encontrados para os parâmetros Kc, Kf e IC, demonstram que a BHRC
possui formato alongado e estreito, ou seja, é pouco suscetível a grandes inundações, pois
menor será a possibilidade da ocorrência de chuvas em toda a sua extensão. Este formato
alongado também favorece o processo de escoamento superficial.
Observa-se ainda que a BHRC apresenta um padrão de drenagem dendrítico, com
grau 7 de ramificação, sendo considerada bem ramificada. Isto indica que a erosão
ocasional é bem distribuída, não havendo concentração em nenhuma área específica, de
forma que minimiza a ocorrência de erosão intensa, como as voçorocas. Em relação ao Ct,
o mesmo foi considerado baixo e pouco representativo, indicando que a BHRC possui
baixa propensão à erosão, corroborando com os resultados encontrados pelos parâmetros
anteriores.
Entretanto, segundo classificação proposta por Christofoletti (1980), o parâmetro Dd
foi considerado baixo, o que indica que a bacia apresenta um sistema de drenagem pouco
desenvolvido, comprometendo a eficiência da drenagem da bacia. Este parâmetro é
considerado importante na análise da bacia, uma vez que reflete a influência conjunta do
clima, da vegetação, do relevo, do tipo de solo, entre outros fatores, no sistema de
drenagem, e está relacionado com o tempo que leva para a saída do escoamento superficial
da bacia.
Observa-se ainda na Figura 1 que aproximadamente 41% da área possui relevo
ondulado, o que reflete diretamente na velocidade do escoamento superficial, de forma a
acelerar o a chegada da água da chuva aos leitos fluviais que compõem a rede de
drenagem, bem como, pode contribuir no processo de erosão em locais sem cobertura
vegetal.
Com base nesta análise, pode-se observar que a BHRC não é propensa a ocorrência
de inundações. Entretanto, problemas identificados na avaliação ambiental de algumas
regiões da bacia, contribuem para a inversão do quadro. A cidade do Recife por exemplo,
sofre com inundações de forma recorrente. Isto se deve, em grande parte, pela falta de
planejamento no decorrer do crescimento urbano, uma vez que, rios e regiões de mangues
deram espaço aos aterros, nos quais, inúmeras formas de construções foram erguidas,
obstruindo o fluxo de drenagem das águas pluviais.
59
Outro fator importante a se considerar é que na BHRC áreas com vegetação nativa
são escassas e hoje as unidades de conservação (UC) reúnem menos de 0,1% da área de
bacia (Pernambuco, 2018). Desta forma, com o baixo percentual de vegetação nativa, é
necessário que os órgãos competentes intensifiquem a fiscalização ambiental para
minimizar o desmatamento em desacordo com a legislação florestal brasileira e promovam
campanhas e projetos de reflorestamento, principalmente das Áreas de Preservação
Permanentes, visando aumentar o percentual de áreas florestal na BHRC que possam
contribuir para a regularização do regime de rios e melhoria na qualidade da água.
4. Conclusão
5. Literatura Citada
60
Qiu, J., Turner, M.G. Importance of landscape heterogeneity in sustaining hydrologic
ecosystem services in an agricultural watershed. Ecosphere, v.6, n.11, p.1-19, 2015.
61
Análise quali-quantitativa da arborização urbana do Bairro
Laguinho, Macapá-Amapá-Brasil
Patrícia dos Santos Chaves1, Cyntia Leiliane Neves das graças 1, Camila de
Oliveira e Silva1, Sebastião Chaves Favacho², Breno Marques da silva e Silva 1
1. Introdução
A arborização urbana é um quesito importante para proporcionar um ambiente
físico saudável e está relacionada com a presença de espécies vegetais em espaços
públicos como parques, ruas, avenidas, jardins e praças. Atua sobre o conforto humano
no ambiente por meio das características naturais das espécies, sendo desta maneira, um
tema que vem se destacando nas discussões sobre os problemas das cidades, na busca de
maior qualidade de vida para a população (Westphal, 2000).
62
1
vegetais em áreas urbanas, o que resulta na dificuldade de comparações entre as mesmas
e para a própria população, muitas vezes, se encarregarem de fazer o plantio árvores em
vias públicas, tornando a arborização irregular, descontínua e inadequada na maioria
dos municípios, além de apresentarem problemas de espaço com fiações elétricas,
encanamentos, calhas, calçamentos, muros, postes de iluminação; são muito comuns de
serem visualizados e provocam, na grande maioria das vezes, um manejo inadequado e
prejudicial às árvores ocorrendo em muitos casos o plantio de espécies exóticas (Santos
et al., 2013).
2. Materiais e Métodos
O estudo foi realizado no Bairro Laguinho, no município de Macapá, capital do
Estado do Amapá, Brasil. A coleta de dados foi realizada por meio de visitas aos locais, no
mês de Outubro de 2017 à Fevereiro de 2018. Os registros das informações foram feitos
com auxílio de máquina fotográfica, anotações, GPS, fita métrica e planilhas. O modelo da
planilha foi igual para todos os locais. As espécies foram identificadas com consultas a
literatura. Após a coleta dos dados, os mesmos foram processados no programa Microsoft
Excel® versão 2010 para a realização da análise descritiva.
3. Resultados e Discussão
63
2
No inventário quali-quantitativo constatou-se 272 indivíduos, distribuídos em 22
espécies, com a predominância de 6 espécies, correspondendo a um percentual de 85%
destas, como mostra a Figura 1. Sendo que apenas 15% das árvores estão distribuídas
entre os outros 272 indivíduos.
Fonte: FAVACHO, S. C.
Os indivíduos apresentaram DAP maior que 10 cm, demonstrados nos centros de
classe descritos na Figura 2, destacando-se os centros de classes 23,33 e 56,33 cm. Um
estudo realizado em Lavras da Mangabeira/CE constatou que o maior número de
árvores presentes foi abaixo de 10 cm indicando uma recente arborização (Calixto
Júnior et al 2009).
FIGURA 2. Classe de diâmetro de árvores do Bairro Laguinho
64
3
Fonte: GRAÇAS, C.L.N, FAVACHO, S. C
FIGURA 3A e 3B. Classe de altura e classe de copa das arvores do bairro Laguinho
4. Considerações Finais
O bairro do Laguinho é predominantemente arborizado pela espécie de nome
científico Mangifera indica L. conhecida popularmente por Mangueira, a mesma
65
4
apresentou o maior número com 125 árvores, representando 45,9% do total de plantas
analisadas. A arborização do Bairro Laguinho é antiga e ocorreu a falta do planejamento
para a realização da mesma o que evidencia a necessidade de novos planejamentos para
a cidade de Macapá, em especial para o Bairro Laguinho.
5. Literatura Citada
Andreatta, T. R.; Backes, F. A. A. L.; Bellé, R. A.; Neuhaus, M.; Girardi, L. B.;
Schwab, N. T.; Brandão, B. S. Análise da arborização no contexto urbano de avenidas
de Santa Maria, RS. REVSBAU, v.6, n.1, p.36-50, 2011.
Dantas I.C. & Souza, C.M.C. Arborização urbana na cidade de Campina Grande- PB:
Inventário e suas espécies. Revista de Biologia e Ciências da Terra. v.4, n.2, 2004.
Lacerda, M. A., Soares, S. F., Costa, J. P. M., Medeiros, S. R., de Medeiros, E. N., de
Carvalho, J. A., & da Silva, Z. L. Levantamento florístico da arborização urbana nas
principais vias públicas do município de Boa Ventura–PB. Revista Brasileira de Gestão
Ambiental, v. 7, n. 4, p. 12-16, 2014.
Santos, E. M.; Silveira, B. D.; Souza, A. C.; Schmitz, V.; Silva, A. C.; Higuchi, P.
Análise quali-quantitativa da arborização urbana em Lages, SC. Revista de Ciências
Agroveterinárias, v. 12, n. 1, p. 59-67, 2013.
66
5
Análise quantitativa da arborização da Praça Casa Forte em Recife, PE
Camila Costa da Nóbrega1, Luan Henrique Barbosa de Araújo 2, César Henrique Alves Borges 2,
Lyanne dos Santos Alencar 2
1
Universidade Federal da Paraíba – UFPB. E-mail: camila_cnobrega@hotmail.com, 2 Universidade
Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. E-mails: araujo.lhb@gmail.com,
cesarhenrique27@yahoo.com.br, lyanne.florestal@hotmail.com
1. Introdução
A carência de áreas verdes nos grandes centros urbanos provoca aumento das
temperaturas e reduz a umidade do ar, problemas que podem ser solucionados com
arborização (Souza et al., 2017). Praças, parques e outros tipos de vegetação presente em
uma cidade, com a finalidade de gerar benefícios ao homem e ao ambiente, podem ser
considerados áreas verdes (Nóbrega et al., 2014). A arborização urbana, exerce diversas
funções como a melhoria no microclima, diminuição de poluição do ar, sonora e visual,
abrigo para a fauna, entre outras (Basso & Corrêa, 2014). Objetivou-se analisar
quantitativamente a vegetação arbórea presente na Praça de Casa Forte localizada na zona
urbana da cidade de Recife-PE, a fim de fornecer subsídios para o manejo de áreas verdes
da cidade.
2. Material e Métodos
O estudo foi realizado na Praça de Casa Forte, localizada nas coordenadas
8°02’06.95''S e 34°55'10.04''O, com elevação de 12 m, no município de Recife, PE. O
67
clima da cidade é classificado como tropical úmido, com precipitação média anual em
torno de 1.804,0 mm e temperatura média de 27,6°C, com 74% de umidade relativa do ar.
Foram realizadas visitas semanais ao local de estudo entre os meses de novembro e
dezembro de 2017, onde para a avaliação quantitativa e qualitativa dos indivíduos
arbóreos, catalogaram-se aqueles que apresentaram Circunferência na Altura do Peito
(CAP) ≥ 15 cm. Esses tiveram os comprimentos do caule mensurados com auxílio de fita
métrica e a altura total das árvores (H) foi estimada com auxílio hipsômetro de Christen.
Após as circunferências totais obtidas, esses valores foram transformados em
diâmetro (DAP) para obtenção das classes diamétricas e representação gráfica nos
histogramas dos indivíduos com DAP ≥ 4,78 cm, onde as distribuições dos indivíduos por
classes de diâmetro e o intervalo de classe de amplitude foi determinado com o auxílio do
software Biostat 5.3. A mensuração da área das copas foi determinada a partir da medição
do diâmetro da copa (DC), sendo duas medições, uma no sentido norte-sul e outra no
sentido leste-oeste, com intuito de obter o índice de cobertura arbórea da praça. Em
seguida, foi calculado o Percentual de Cobertura Vegetal (PCV) de acordo com a Equação
sugerida por Abreu et al. (2012). Conforme a metodologia utilizada por Alencar et al.
(2014), os indivíduos arbóreos foram classificados de acordo com o porte em relação à
altura, sendo indivíduos de pequeno porte (até 4 m), médio (de 4 a 7 m) e grande porte
(maior que 7 m).
3. Resultados e Discussão
Foram catalogados 120 indivíduos, em que, 113 são espécies arbóreas e sete são
palmeiras. Esses 120 indivíduos estão distribuídos por 27 espécies, das quais, cinco não
foram identificadas. As 22 espécies identificadas são pertencentes a 12 famílias botânicas.
Entre as árvores, as espécies Filicium decipiens e Delonix regia tiveram maior frequência
relativa na arborização, sendo a primeira responsável por 24,2% do total de indivíduos e a
segunda por 14,2%, excedendo o limite de 10,0% do total de indivíduos da população
arbórea da praça, sugerido por Milano & Dalcin (2000) como uma condição para um
planejamento urbano desejável. Observou-se que a família Fabaceae apresentou a maior
quantidade de espécies, sendo representada por 33,3% das espécies arbóreas presentes na
praça, respectivamente, ultrapassando o valor de 30,0% sugerido por Santamour Júnior
68
(2002), como um valor limite recomendado para espécies da mesma família para um bom
planejamento urbano e com diversidade, valores necessários para garantir a proteção
dessas espécies contra pragas e doenças.
69
encontraram resultados semelhantes, os autores constataram um relativo equilíbrio na
distribuição entre espécies exóticas e nativas. Vale salientar que o uso de plantas exóticas
em grande quantidade, pode causar danos ao meio, ocasionando perda da biodiversidade de
fauna e flora (Sousa Júnior et al., 2015).
3.1 Intervalos de DAP
No estudo realizado, a média aritmética do diâmetro dos indivíduos da praça foi de
44,47 cm, com variação diamétrica entre 6,37 cm (Cassia grandis) 155,97 cm (Ficus
elliotiana). A distribuição de frequência diamétrica destaca uma elevada proporção de
indivíduos com DAP inferior a 64,56 cm, representando 83,33% dos indivíduos (Figura 1).
FIGURA 1. Distribuição dos indivíduos por classe de diâmetro, das espécies registradas na Praça Casa Forte,
Recife-PE, 2017.
40
Porcentagem (%)
30
20
10
0
4.55 |— 24.55 44.55 64.56 84.56 104.57 124.57 144.58
24.55 |— |— |— |— |— |— |—
44.55 64.56 84.56 104.57 124.57 144.58 164.58
Intervalo de diâmetro (cm)
70
alta (PCV > 30%). Baseando-se nessa classificação, a praça é considerada de alta
qualidade ambiental.
4. Conclusão
A praça apresentou boa divisão entre espécies nativas e exóticas, salientando -
se a importância do uso de mais espécies nativas e apresentando alta qualidade
ambiental. A maior parte dos indivíduos foram classificados como de grande porte.
5. Literatura Citada
Abreu, E.L.; Moura, H.F.N.; Lopes, D.S.; Brito, J.S. Análise dos índices de cobertura
vegetal arbórea e sub-arbórea das praças do centro de Teresina-PI. In: 3º Congresso
Brasileiro de Gestão Ambiental, Anais...Goiânia: Ibeas, p.1-11, 2012.
Alencar, L.S.; Souto, P.C.; Moreira, F.T.A.; Souto, J.S.; Borges, C.H.A. Inventário quali-
quantitativo da arborização urbana em São João do Rio do Peixe – PB. Agropecuária
Científica no Semiárido, v. 10, n.2, p.117-124, 2014.
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11, n. 1, p. 65-71, 2015.
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Borges, C.A.R.F.; Marim, G.C.; Rodrigues, J.E.C. Análise da cobertura vegetal como
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Agriculture Washington, D.C. p.57-66, 2002.
Sousa Júnior, E.J.S.; Silva, W.G.; Oliveira Júnior, W.M.; Araújo, C.T.D.; Machado, AV.M.
Diagnóstico quali-quantitativo da arborização urbana no bairro sobradinho em Patos de
Minas – MG. Revistas Congressos UNIPAM, v.1, n.1, p.1-4, 2015.
http://revistas.unipam.edu.br/index.php/cenar/article/view/115/60. 12 Abr. 2018.
Souza, M.G.S.; Goulart, L.R.; Oliveira, E.S.; Agostino, T.H.; Rocha, K.G. Influência da
arborização urbana no microclima de São José do Rio Preto-SP. Revista eletrônica
71
engenharia estudos e debates, v.1, n.1, p.1-10, 2017.
http://www.reeed.com.br/index.php/reeed/article/view/19/23. 04 Abr. 2018.
72
Análise quantitativa da arborização da Praça Euclides da Cunha em
Recife, PE
Camila Costa da Nóbrega1, Luan Henrique Barbosa de Araújo 2, César Henrique Alves Borges 2,
Lyanne dos Santos Alencar 2
1
Universidade Federal da Paraíba - UFPB. E-mail: camila_cnobrega@hotmail.com, 2Universidade
Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. E-mails: araujo.lhb@gmail.com,
cesarhenrique27@yahoo.com.br, lyanne.florestal@hotmail.com
1. Introdução
O aumento da população urbana levou ao uso excessivo do solo, gerando alterações
no ambiente e formando ilhas de calor, caracterizadas pelas altas temperaturas e baixa
umidade relativa do ar (Souza et al., 2017). A introdução de vegetação no espaço urbano
possibilita a criação de microclimas diferenciados através do sombreamento, redução da
velocidade do vento, redução da temperatura e aumento da umidade (Basso & Corrêa,
2014). Objetivou-se analisar quantitativamente a vegetação arbórea presente na Praça
Euclides da Cunha localizada na zona urbana da cidade de Recife-PE, a fim de fornecer
subsídios para o manejo de áreas verdes da cidade.
2. Material e Métodos
O estudo foi realizado na Praça Euclides da Cunha, localizada nas coordenadas
8°03’32.21''S e 34°54'12.51''O, com elevação de 3 m, no município de Recife, PE. O clima
da cidade é classificado como tropical úmido, com precipitação média anual em torno de
73
1.804,0 mm e temperatura média de 27,6°C, com 74% de umidade relativa do ar.
Foram realizadas visitas semanais ao local de estudo entre os meses de novembro e
dezembro de 2017, onde para a avaliação quantitativa e qualitativa dos indivíduos
arbóreos, catalogaram-se, por meio do censo, todos os indivíduos que apresentaram
Circunferência na Altura do Peito (CAP) ≥ 15 cm. Esses tiveram os comprimentos do
caule mensurados com auxílio de fita métrica e a altura total das árvores (H) foi estimada
com auxílio hipsômetro de Christen.
Após as circunferências totais obtidas, esses valores foram transformados em
diâmetro (DAP) para obtenção das classes diamétricas e representação gráfica nos
histogramas dos indivíduos com DAP ≥ 4,78 cm, onde as distribuições dos indivíduos por
classes de diâmetro e o intervalo de classe de amplitude foi determinado com o auxílio do
software Biostat 5.3. A mensuração da área das copas foi determinada a partir da medição
do diâmetro da copa (DC), sendo duas medições, uma no sentido norte-sul e outra no
sentido leste-oeste, com intuito de obter o índice de cobertura arbórea da praça. Em
seguida, foi calculado o Percentual de Cobertura Vegetal (PCV) de acordo com a Equação
sugerida por Abreu et al. (2012).
Conforme a metodologia utilizada por Alencar et al. (2014), os indivíduos arbóreos
foram classificados de acordo com o porte em relação à altura, sendo indivíduos de
pequeno porte (até 4 m), médio (de 4 a 7 m) e grande porte (maior que 7 m).
3. Resultados e Discussão
Foram catalogados 71 indivíduos distribuídos por 14 espécies, pertencentes a 8
famílias botânicas, sendo 68 representados por espécies arbóreas e 3 por palmeiras. Entre
as árvores, as espécies Handroanthus impetiginosus, Poincianella pyramidalis, Libidibia
ferrea e Tabebuia aurea tiveram maior frequência relativa na arborização, sendo a
primeira responsável por 28,17% do total de indivíduos, a segunda e terceira por 16,90% e
a quarta por 12,68%, enquanto as palmeiras representaram juntas 4,23% (Tabela 1).
Observou-se que as famílias Bignoniaceae e Fabaceae apresentaram a maior
quantidade de espécies, sendo representadas por 40,8% e 38,0% das espécies arbóreas
presentes na praça, respectivamente, ultrapassando o valor de 30,0% sugerido por
Santamour Júnior (2002), como um valor limite recomendado para espécies da mesma
74
família para um bom planejamento urbano e com diversidade, valores necessários para
garantir a proteção dessas espécies contra pragas e doenças.
75
elevada proporção de indivíduos com menores diâmetros, em que 63,38% obtiveram
variação do DAP inferiores a 24,89 cm (Figura 1), evidenciando que classes de menores
diâmetros concentram uma maior quantidade de indivíduos.
FIGURA 1. Distribuição dos indivíduos por classe de diâmetro, das espécies registradas na praça Euclides da
Cunha, Recife-PE, 2017.
80
Porcentagem (%)
60
40
20
0
4,88 |— 24,89 44,90 64,91 84,92 104,93 124,94
24,89 |— |— |— |— |— |—
44,90 64,91 84,92 104,93 124,94 144,95
Intervalo de Diâmetro (cm)
4. Conclusão
A maior parte dos indivíduos são espécies nativas e foram classificada como
de pequeno porte, apresentando alta qualidade ambiental.
76
5. Literatura Citada
Abreu, E.L.; Moura, H.F.N.; Lopes, D.S.; Brito, J.S. Análise dos índices de cobertura
vegetal arbórea e sub-arbórea das praças do centro de Teresina-PI. In: 3º Congresso
Brasileiro de Gestão Ambiental, Anais...Goiânia: Ibeas, p.1-11, 2012.
Alencar, L.S.; Souto, P.C.; Moreira, F.T.A.; Souto, J.S.; Borges, C.H.A. Inventário quali-
quantitativo da arborização urbana em São João do Rio do Peixe – PB. Agropecuária
Científica no Semiárido, v. 10, n.2, p.117-124, 2014.
http://revistas.ufcg.edu.br/acsa/index.php/ACSA/article/view/554/pdf. 04 Abr. 2018.
Borges, C.A.R.F.; Marim, G.C.; Rodrigues, J.E.C. Análise da cobertura vegetal como
indicador de qualidade ambiental em áreas urbanas: Um estudo de caso do bairro da
Pedreira – Belém/PA. In: 6º Seminário Latino Americano de Geografia Física, ACTAS.
Coimbra: Universidade de Coimbra, p.1-13, 2010.
Camaño, J.D.Z. Barroso, R.F.; Souto, P.C.; Souto, J.S. Levantamento e diversidade da
arborização urbana de Santa Helena, no semiárido da Paraíba. Agropecuária Científica no
Semiárido, v.11, n.4, p.54-62, 2015. http://dx.doi.org/10.30969/acsa.v11i4.705. 28 Mai.
2018.
Milano, M.; Dalcin, E. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro: LIGHT, 2000. 226 p.
Nóbrega, C.C.; Souto, P.C.; Araújo, L.H.B.; Silva, A.C.; Pinto, M.G.C. Análise quanti-
qualitativa das espécies arbóreas presentes no Parque Religioso Cruz da Menina, Patos/PB.
Enciclopédia Biosfera, v.10, n.18, p.299-307, 2014.
Santamour Júnior, F.S. Trees for urban planting: diversity uniformity, and common sense.
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Agriculture Washington, D.C. p.57-66, 2002.
Sousa Júnior, E.J.S.; Silva, W.G.; Oliveira Júnior, W.M.; Araújo, C.T.D.; Machado, AV.M.
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Minas – MG. Revistas Congressos UNIPAM, v.1, n.1, p.1-4, 2015.
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Souza, M.G.S.; Goulart, L.R.; Oliveira, E.S.; Agostino, T.H.; Rocha, K.G. Influência da
arborização urbana no microclima de São José do Rio Preto-SP. Revista eletrônica
engenharia estudos e debates, v.1, n.1, p.1-10, 2017.
http://www.reeed.com.br/index.php/reeed/article/view/19/23. 04 Abr. 2018.
77
Aplicação da base de dados do CAR para o monitoramento da
conectividade da paisagem no entorno de Unidades de Conservação
Samantha Ramos Gomes¹, Luis Marcelo Tavares de Carvalho², Lizandra Maria Silva Araújo³,
Isabela Braga Belchior4
¹Universidade Federal de Lavras (samanthargomes@gmail.com), ²Universidade Federal de Lavras
(passarinho@dcf.ufla.br), ³Universidade Federal de Lavras (lizaengflorestal@gmail.com),
4
Universidade Federal de Lavras (isabela_bbelchior@hotmail.com)
Palavras-chave: Cadastro ambiental rural (CAR), uso e ocupação dos solos, ecologia de
paisagens
1. Introdução
O crescimento das atividades antropogênicas tem intensificado as pressões sobre
áreas com vegetação natural que, normalmente, não resistem à rápida ampliação da
fronteira agrícola e de projetos urbanos. As preocupações quanto ao balanço entre áreas
vegetadas e áreas intensamente povoadas têm aumentado, o que contribui para a
implementação de Unidades de Conservação (UCs) (Kurasz et al., 2008).
As estratégias para a conservação e manutenção da diversidade deve ultrapassar os
limites das UCs e considerar as características das áreas vizinhas. No entanto, muitas delas
são pressionadas pelas atividades antropogênicas e/ou apresentam falhas na gestão pela
falta de um planejamento integrado com cenário ambiental (Silva & Souza, 2014; Saito et
al., 2016).
Com a implementação do cadastro ambiental rural (CAR) em 2013, passou a ser
possível identificar a intensidade das atividades antropogênicas nas propriedades rurais
78
vizinhas às UCs e traçar estratégias de conservação mais adequadas. O CAR, uma parceria
entre o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA), é
uma das principais ferramentas para garantir a regularização ambiental das propriedades
rurais de acordo com o novo código florestal, lei número 12.651 de 2012. No CAR estão
reunidas todas as informações ambientais das propriedades e posses rurais, com acesso
público pela internet.
Um dos componentes do CAR é o monitoramento anual, entre 2011 e 2016 dos
remanescentes de vegetação nativa de todas as propriedades cadastradas. Dentre as
diversas aplicações da base de dados do CAR, encontra-se o monitoramento da dinâmica
da paisagem, como a variação do montante de vegetação, num dado local e num
determinado intervalo de tempo. A criação dessa base de dados para o território nacional é
um instrumento essencial para criação e execução políticas públicas eficientes.
Neste trabalho, será demonstrado o potencial dos dados advindos do CAR, usando
como estudo de caso o crescimento acelerado dos municípios de Caldas Novas e Rio
Quente, consequência do processo de urbanização onde áreas de vegetação nativas foram
convertidas para outros usos. Nestes municípios encontra-se o Parque Estadual da Serra de
Caldas Nova (PESCaN), criado em 25 de setembro de 1970 pela lei número 7.282.
Dessa forma, objetivou-se com este trabalho utilizar a base de dados do CAR para
obter um diagnóstico multitemporal e uma análise da conectividade estrutural da paisagem
fragmentada do entorno do PESCaN.
2. Material e Métodos
2.1 Área de estudo
O PESCaN está localizado nos municípios de Rio Quente e Caldas Novas, a 167
km de Goiânia. A pluviosidade média anual da região é de 1.500 mm, a temperatura média
anual da região é da ordem de 23 graus Celsius. Na área domina a vegetação de cerrado
aberto e cerrado denso, respectivamente também denominados de savana arborizada e
savana florestada e, em ambos casos, com florestas-de-galeria. O parque possui 12.159,03
ha. Para o presente estudo foi considerada uma área de amortecimento de 10 km no
entorno do perímetro do parque.
2.2 Base de dados
79
A base temática da cobertura e uso da terra e sua dinâmica de desmatamento foi
gerada para os anos de 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016, realizada a partir do
processamento e classificação digital das imagens do satélite RapidEye, Sentinel-2 e
Landsat-8, respectivamente com 5 metros, 10 metros e 30 metros de resolução espacial.
Para a classificação do uso e cobertura do solo aplicou-se uma metodologia de
processamento baseada em objetos, utilizando algoritmos de aprendizagem de máquina,
são eles: o Suport Vector Machine (SVM), BAYES e o Randon Forest (RF); além de
atributos espectrais (UFLA, dados não publicados).
3. Resultados e discussão
O número de manchas (NP) aumentou com o passar dos anos, isso indica que
houve um processo de fragmentação do ambiente, dividindo os maiores fragmentos em
pedaços menores aumentando seu número absoluto. Reynolds et al., 2016, em um estudo
no Mato Grosso do Sul constatou que a vegetação nativa remanescente no estado se
encontra intensamente fragmentada, e que as maiores manchas de vegetação nativa estão
localizadas em áreas de proteção integral e reservas indígenas. Os mesmos autores
80
destacam que o aumento do número de manchas de vegetação com áreas pequenas pode
ser ameaçador para a espécie de tatu Priodontes maximus, que requer habitats mais
extensos. No processo de fragmentação, os remanescentes nativos ficam menores e mais
isolados em uma matriz que pode ser imprópria para a permanência de algumas espécies
(Haddad et al., 2015).
O índice de conectividade estrutural (COHESION) obteve valores altos para todos
os anos de referência, é um resultado positivo indicando que a área de estudo está
fisicamente bem conectada. Porém, há uma diminuição gradativa desse índice, o que pode
trazer sérios riscos ao ecossistema, principalmente para a unidade de conservação em
questão, já que ainda não foi delimitada a sua zona de amortecimento. Os valores para as
métricas de paisagem calculadas estão dispostos na tabela 2.
TABELA 2. Métricas da paisagem calculadas para o Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (PESCaN).
NP = número de manchas; COHESION = índice de conectividade estrutural.
Ano NP COHESION (%)
2011 1714 99.7604
2012 1753 99.7526
2013 1802 99.7496
2014 1845 99.7461
2015 1856 99.7446
2016 1892 99.7442
81
órgãos governamentais insumos para a análise da situação atual e para a elaboração de
planos e medidas de conservação e manutenção das UCs do país.
5. Literatura Citada
Haddad, N. M.; Brudvig, A.; Clobert, J.; Davies, K. F.; Gonzalez, A.; Holt.; R. D.; Lovejoy, T. E.;
Sexton, J. O.; Austin, M. P.; Collins, C. D.; Cook, W. M.; Damschen, E. I.; Ewers, R. M.; Foster, B.
L.; Jenkis, A. J.; King, A. J.; Laurance, W. F.; Levey, D. J.; Margules, C. R.; Mebourne, B. A.;
Nicholls, A. O.; Orrock, J. L.; Song, D. X.; Townshend, J. R. Habitat fragmentation and its lasting
impact on Earth’s ecosystems. Science Advances, v. 1, n. 2, p.1-9, 2015.
Kurasz G; Rosot N.C.; Oliveira Y.M.M.; Rosot, M.A.D. Caracterização do entorno da reserva
florestal EMBRAPA/EPAGRI de Caçador (SC) usando imagem Ikonos. Floresta, v.38, n.4, p.641-
649, 2008. http://dx.doi.org/10.5380/rf.v38i4.13159.
Luppi, A. S. L.; Santos, A. S.; Eugênio, F. C.; Feitosa, L. S. A. Utilização de Geotecnologias para
Mapeamento de Áreas de Preservação Permanente no município de João Neiva, ES. Floresta
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McGarigal, K; Cushman, S.A.; Neel, M.C.; Ene, E. FRAGSTATS: Spatial pattern analysis program
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Massachusetts, Amherst, 2002. www.umass.edu/landeco/research/fragstats/fragstats.html. 04 Abr.
2018.
Reynolds, J.; Wesson, K.; Desbiez, A.L.J; Ochoa-Quintero, J.M.; Leimgruber, P. Using Remote
Sensing and Random Forest to Assess the Conservation Status of Critical Cerrado Habitats in Mato
Grosso do Sul, Brazil. Land, v.5, n.2, 12, 2016. https://doi.org/10.3390/land5020012
Saito, N. S.; Moreira, M. A.; Santos, A. R.; Eugênio, F. C.; Figueiredo, A. C. Geotecnologia e
Ecologia da Paisagem no Monitoramento da Fragmentação Florestal. Floresta e Ambiente, v. 23, n.
2, p.201-210, 2016. http://dx.doi.org/10.1590/2179-8087.119814.
82
Arborização do Campus universitário da UFCG: a percepção de sua
comunidade
Josias Divino Silva de Lucena 1, Josinalda Ferreira Garrido 2, César Henrique Alves Borges 3, Jacob
Silva Souto4, Patrícia Carneiro Souto5
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (josiaslucenaeng@gmail.com), 2Pessoa Física
(josyferreira06@hotmail.com), 3Universidade Federal Rural de Pernambuco
(cesarhenrique27@yahoo.com.br), 4Universidade Federal de Campina Grande
(jacob_souto@yahoo.com.br), 5Universidade Federal de Campina Grande
(pcarneirosouto@yahoo.com.br)
1. Introdução
Os estudos sobre a percepção do ambiente no requisito da arborização em cidades
criam um encorajamento na população fazendo com que ela construa uma boa relação com
esse habitat, participando do desenvolvimento e do planejamento da região em que se
convive (Rodrigues et al. 2010). Informações obtidas por meio de pesquisas sobre a
percepção da comunidade permitem um maior conhecimento do panorama institucional e o
perfil comportamental da mesma quanto à atuação socioambiental (Almeida et al., 2017).
Estudar a percepção ambiental auxilia de forma significativa os cientistas e
pesquisadores a entenderem como e o porquê de algumas pessoas terem comportamentos
tão ariscos ou tão apropriados para com o meio ambiente. Na busca de explicações sobre
essa situação, Guimarães (2004) descreve que a percepção ambiental é construída por meio
83
de interpretações mediadas por estímulos sensoriais e pela cultura que auxilia na
compreensão das inter-relações entre ser humano e meio ambiente.
No Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina
Grande, em Patos-PB, é perceptível a presença de áreas arborizadas, porém, observa-se que
essas áreas poderiam ser planejadas de modo a deixar o ambiente mais agradável e usando
alguns dos espaços existentes para uma possível ampliação da qualidade ambiental.
Assim, o objetivo da pesquisa foi realizar um diagnóstico da percepção ambiental
dos atores da comunidade universitária (professores, alunos e funcionários) em relação à
arborização do campus da Universidade Federal de Campina Grande em Patos- PB.
2. Material e Métodos
TABELA 1. Quadro de atividades das pessoas que compõem o Campus da UFCG, Patos-PB.
Cursos Alunos Professores Func. Func.
Efetivo Terceirizado
Medicina Veterinária 422 37
Odontologia 378 33
Ciências Biológicas 281 22
98 111
Engenharia Florestal 125 27
Pós-Graduação em Zootecnia 30 9
Pós-Graduação em Eng. Florestal 23 6
TOTAL 1.259 134 209
84
A metodologia utilizada para a realização da pesquisa consistiu na aplicação de um
questionário adaptado contendo 10 questões objetivas relativas à percepção ambiental da
população acadêmica em relação à arborização do Campus Universitário. Foram aplicados
100 questionários para alunos dos diferentes cursos de graduação e pós-graduação,
professores e funcionários, os quais foram escolhidos de forma aleatória. Os dados obtidos
foram inseridos em planilha Excel para posteriores análises das frequências de respostas.
3. Resultados e Discussão
FIGURA 1. Percepção dos entrevistados sobre as vantagens da arborização Campus da UFCG, Patos-PB.
85
Quanto às desvantagens da arborização do Campus, 39,9% dos entrevistados
indicaram a falta de planejamento e 34,13% relataram que a arborização causa sujeira no
local (Figura 2). Esses resultados indicam que os entrevistados reconhecem a importância
de se ter um lugar arborizado e, ao mesmo tempo, que é preciso de todos os cuidados
necessários para sua manutenção e para com a limpeza das áreas.
Um lugar bem arborizado e sombreado traz uma sensação de bem estar, pois as
pessoas conseguem sentir o frescor do ar atmosférico que circula nesses lugares, o qual é
mais puro e traz conforto para quem os transita e os frequenta.
FIGURA 3. Percepção dos entrevistados sobre atribuição da responsabilidade pela arborização no Campus da
UFCG, em Patos-PB.
86
Na Figura 3 (acima) observa-se a indicação dos entrevistados em relação à
atribuição da responsabilidade pela arborização do Campus universitário. Segundo 44,8%
dos entrevistados, o curso de Engenharia Florestal deveria ser o maior responsável pela
arborização e 41,4% atribuíram a responsabilidade da arborização a todos. Os resultados
obtidos nesse questionamento reforçam a necessidade da intervenção técnica na
implantação e manutenção de maciços florestais que compõem os espaços internos das
instituições de ensino.
4. Conclusão
Os principais impactos positivos apontados pelos entrevistados estão relacionados à
melhoria da qualidade do ar, seguidos por sombra.
Há necessidade de melhorias na arborização com o enriquecimento de espécies
nativas de modo a destacar mais a presença desses indivíduos, apesar de ser maioria na
arborização do Campus de Patos-PB.
5. Literatura Citada
87
Arborização em um ambiente universitário na cidade de Patos, PB
Josias Divino Silva de Lucena 1, Adriel Lucena de Azevedo2, Jefferson Martins Gonçalves³, Lúcia
dos Santos Rodrigues4, César Henrique Alves Borges 5, Patrícia Carneiro Souto6
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (josiaslucenaeng@gmail.com), 2Universidade Federal
de Campina Grande (adengflo@gmail.com), 3Pessoa Física (jeffersonmartins_jp@hotmail.com),
4
Universidade Federal Rural de Pernambuco (lucia.ufal@gmail.com), 5Universidade Federal Rural
de Pernambuco (cesarhenrique27@yahoo.com.br), 6Universidade Federal de Campina Grande
(pcarneirosouto@yahoo.com.br)
1 Introdução
A qualidade ambiental em áreas urbanas deve ser uma preocupação da gestão
urbana e é importante considerar a arborização como um dos componentes essenciais para
se atingir esse objetivo.
Nos ambientes urbanos, as árvores desempenham um fator de atributo ambiental ao
melhorar a qualidade do ar, da água, dos solos e do clima, amenizando o calor decorrente
do aquecimento do asfalto e elevando a umidade do ar devido à evapotranspiração
(Oliveira et al., 2013).
As instituições acadêmicas estão inseridas na arborização urbana como um espaço
que tem muito a contribuir com um planejamento adequado, pois detêm capacidade para
produzir ciência e subsidiar a elaboração de projetos florísticos que considerem os diversos
88
aspectos relacionados à utilização coerente de espécies vegetais (Eisenlohr et al., 2008).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento da composição
florística em um ambiente universitário na cidade de Patos-PB.
2 Material e Métodos
89
3 Resultados e Discussão
90
TABELA 1. Composição florística da arborização do hospital veterinário da UFCG, Patos-PB. Listagem em
ordem decrescente pelo número de indivíduos por família e espécie. N – número de indivíduos; FR –
frequência relativa.
Família/Nome científico Nome comum Origem N FR%
Fabaceae 194 74,33
Prosopis juliflora (Sw.) DC. Algaroba Exótica 145 55,56
Senna siamea (Lam.) H.S. Irwin & R.C. Barneby Cassia Exótica 19 7,28
Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth. Mata fome Exótica 8 3,07
Poincianella pluviosa var. peltophoroides (Benth.) L.P.Queiroz Sibipiruna Nativa 7 2,68
Albizia lebbeck (L.) Benth. Esponjinha Exótica 3 1,15
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema preta Nativa 3 1,15
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz Catingueira Nativa 3 1,15
Clitoria fairchildiana R.A. Howard Sombreiro Exótica 2 0,77
Leucaena leucocephala (Lam.) R. de Wit Leucena Exótica 2 0,77
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico Nativa 1 0,38
Delonix regia (Hook.) Raf. Flamboyant mirim Exótica 1 0,38
Fabaceae sp. - - 1 0,38
Meliaceae 38 14,56
Azadirachta indica A. Juss Nim Exótica 38 14,56
Bignoniaceae 10 3,83
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & H. f. ex S. Moore Craibeira Nativa 6 2,30
Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth Ipezinho Exótica 4 1,53
Arecaceae 3 1,15
Cocos nucifera L. Coqueiro Nativa 3 1,15
Boraginaceae 3 1,15
Cordia myxa L. Cola Exótica 3 1,15
Anacardiaceae 2 0,77
Mangifera indica L. Mangueira Exótica 1 0,38
Spondias dulcis Parkinson Cajarana Exótica 1 0,38
Annonaceae 2 0,77
Annona squamosa L. Pinha Exótica 2 0,77
Euphorbiaceae 2 0,77
Cnidoscolus quercifolius Pohl Faveleira Nativa 2 0,77
Rutaceae 2 0,77
Citrus limon (L.) Osbeck Limoeiro Exótica 2 0,77
Apocynaceae 1 0,38
Thevetia thevetioides (Kunth) K.Schum. Chapéu de Napoleão Exótica 1 0,38
Caricaceae 1 0,38
Carica papaya L. Mamão Exótica 1 0,38
Chrysobalanaceae 1 0,38
Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Oiti Nativa 1 0,38
Rhamnaceae 1 0,38
Ziziphus joazeiro Mart Juazeiro Nativa 1 0,38
91
introdução de espécies nativas, resultando na recomposição do ambiente e ampliação de
áreas verdes.
4 Conclusão
5 Literatura Citada
Álvares, C. A.; Stape, J. L.; Sentelhas, P. C.; Moraes, J. L.; Gonçalves, J. L. M.; Gerd
Sparovek. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift,
Stuttgart – GER, v. 22, n. 6, p.711 – 728, 2014. doi 10.1127/0941-2948/2013/0507.
Eisenlohr, P.V.; Carvalho-Okano, R.M.; Vieira, M.F.; Leone, F.R.; Stringheta, A.C.O.
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Ceres, v.55, n.4, p.317-326, 2008. http://www.ceres.ufv.br/ojs/index.php/ceres
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praças urbanas - o caso de Cuiabá/MT. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia
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Zea-Camaño, J.D.; Barroso, R.F.; Souto, P.C.; Souto, J.S. Levantamento e diversidade da
arborização urbana de Santa Helena, no semiárido da Paraíba. Agropecuária Científica no
Semiárido, v.11, n.4, p.54-62, 2015.
http://revistas.ufcg.edu.br/acsa/index.php/ACSA/article/view/705. 27 Abr. 2018.
92
As transformações da paisagem em área de caatinga submetida a ações
antrópicas no sertão de Pernambuco
Sandra Teresa Borba Porfírio1, Jessé Moura dos Santos1, Cinthia Pereira de Oliveira1, Mayara Maria
de Lima Pessoa1, Anderson Francisco da Silva 1, Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira1
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mails: sandraborbap@gmail.com,
jmoura96@outlook.com, cinthia.florestal@gmail.com, maypessoa@gmail.com,
anderson.florestal@hotmail.com, rinaldo@dcfl.ufrpe.br
RESUMO: Este trabalho objetivou compreender a influência das ações antrópicas sobre
as transformações da paisagem numa área de Caatinga por meio da análise espaço-
temporal de mapas de uso e ocupação do solo. A pesquisa foi realizada na Fazenda
Itapemirim, localizada no município de Floresta, PE. Foram elaborados mapas de uso e
ocupação do solo para os anos de 2007 e 2016 da área incorporada à de um buffer
circular com raio de 3 km gerado no entorno de seus limites. Este processo foi realizado
no software Spring 5.4.3 e as áreas foram classificadas em vegetação rala e densa, solo
exposto e água. Observou-se na transição entre os mapas de 2007 e 2016 uma dinâmica
no comportamento da cobertura vegetal densa, que decaiu 24%, substituída pela
vegetação rala, que aumentou 23,9%. Destacando-se a substituição das áreas de
vegetação densa por vegetação rala, classe que inclui tanto cobertura natural de menor
porte como também a agricultura/pastagem. Os principais fatores causadores deste
processo são, possivelmente, as atividades antrópicas de exploração florestal e
agropecuária e as condições climáticas desfavoráveis. Sendo necessária a análise
estrutural desta composição por meio do estudo da ecologia da paisagem com fins de
obter informações mais detalhadas.
1. Introdução
93
podem comprometer a conservação e manutenção das funções ecológicas e de proteção à
biodiversidade na área em questão.
Sendo assim, com a premissa de que ao longo do tempo, as transformações da
paisagem podem comprometer a conservação da biodiversidade, este trabalho objetivou
analisar no tempo e espaço, as mudanças da paisagem numa área de caatinga, a fim de
compreender como estas alterações podem influenciar na conservação da área de estudo,
no município de Floresta, PE.
2. Material e Métodos
94
mapas de localização da área e de uso e ocupação do solo foram confeccionados no
software ArcGIS 10.2.
3. Resultados e Discussão
95
período de estiagem (Melo, 2016).
A substituição do solo exposto, pela classe vegetação rala, também merece
destaque neste estudo, o que indica que estes locais sofreram intervenções agropecuárias,
bem como o ingresso de poucos indivíduos regenerantes, em razão da abertura de novas
áreas. No ano de 2016, a classe “Água” aumentou significativamente seu território, devido
ao corpo d’água artificial implantado por meio da obra de transposição do rio São
Francisco do eixo leste, que vai de Floresta (PE) a Monteiro (PB), fato que também
favoreceu à expansão da agropecuária local. A presença da pecuária neste espaço,
evidenciada pela alta incidência de caprinos e bovinos nos pontos visitados, reafirmados
por Melo (2016) e Lana (2017), também pode interferir sobre o alto índice de mortalidade
da vegetação densa.
FIGURA 1. Mapas de uso e cobertura do solo na área de fazenda Itapemirim, Floresta, PE e sua paisagem,
nos anos de 2007 e 2016.
4. Conclusão
As classes de uso e ocupação do solo estudadas passaram por uma transição entre
os anos de 2007 e 2016, destacando-se a substituição das áreas de vegetação densa por
vegetação rala, classe que inclui tanto cobertura natural de menor porte como também a
agricultura/pastagem.
Os principais fatores causadores deste processo possivelmente são as atividades
96
antrópicas de exploração florestal, a agropecuária e as condições climáticas desfavoráveis.
Faz-se necessária a análise estrutural desta composição por meio do estudo da
ecologia da paisagem, com fins de obter informações mais detalhadas sobre o processo de
fragmentação florestal, bem como como a influência do entorno sobre o comportamento da
vegetação remanescente, sobretudo os indivíduos regenerantes.
5. Literatura Citada
97
Aspectos da estrutura da vegetação arbórea em uma área restaurada
com 15 anos no Arboretum da UFAL
Anderson A. L. dos Santos 1*, Nivandilmo L. da Silva 1, Regis V. Longhi1, Tamires L. de Lima 2
1
Universidade Federal de Alagoas (anderson_arthur_salles@hotmail.com;
nivandilmosilva@hotmail.com; regis.longhi@icbs.ufal.br), 2Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (tamires_leal22@hotmail.com)
1. Introdução
A avaliação e o monitoramento de áreas em processo de restauração são
importantes para verificar o seu desenvolvimento, a identificação de perturbações e a
consequente necessidade de interferência por meio de manejo ou replantios (Silva et al.,
2016), sendo relevante o conhecimento da dinâmica e da estrutura do componente arbóreo
para entendimento e elaboração de métodos que visam promover ações conservacionistas e
de reconstituição de fragmentos florestais (Souza, 2017).
Para tanto, levantamentos florísticos e fitossociológicos são amplamente utilizados
para o monitoramento das espécies plantadas e da regeneração natural, podendo-se
quantificar as espécies que melhor se adaptam a área restaurada ou as espécies que
constituirão o estrato arbóreo no futuro.
Diante do exposto, a presente pesquisa partiu do princípio que no método de
98
implantação do Arboretum da UFAL, localizado no Campus A. C. Simões em uma antiga
área com histórico agrícola e de depósito constante de lixo, com o plantio de mudas com
alta diversidade de espécies, pode ser considerado como um modelo de restauração
florestal possível de ser implantado em outras áreas com histórico de degradação
semelhante. Assim, objetivou-se realizar a caracterização da estrutura horizontal e
diamétrica dessa vegetação após 15 anos do plantio das mudas, visando fornecer
informações fundamentais sobre o comportamento das espécies implantadas e de sua
regeneração natural na sucessão natural da floresta formada.
2. Material e Métodos
O estudo foi desenvolvido no Arboretum de Alagoas, situado no interior do
Campus A.C. Simões da UFAL, sob a coordenada central 09º33’13,80” S e 35º46’07,80”
O, estando inserida na região Metropolitana de Maceió - tabuleiros costeiros de Alagoas. O
Arboretum abrange uma área de aproximadamente 4,2 hectares, em que foram lançadas de
forma aleatória 21 parcelas de 20 x 20 m (400 m²) cada, perfazendo uma área amostral de
0,84 ha. O critério de inclusão dos indivíduos arbóreos usado foi o Diâmetro à Altura do
Peito (DAP) ≥ 5cm. Os indivíduos presentes em cada parcela tiveram medidos o DAP e
identificados botanicamente com base nos levantamentos anteriores e bibliografia
especializada.
A estrutura horizontal da população foi avaliada considerando-se os seguintes
parâmetros fitossociológicos: Densidade Absoluta e Relativa (DA e DR), Dominância
Absoluta e Relativa (DoA e DoR), além do Valor de Importância (VI%) dado pelo
somatório da densidade, frequência e dominância relativa. Para a estrutura diamétrica, os
indivíduos foram dispostos em classes de diâmetro com intervalo de 10 cm. A diversidade
florística foi estimada pelo índice de diversidade de Shannon (H’). Os dados foram
processados com auxílio do software Mata Nativa 2 e planilha eletrônica do Microsoft
Excel 2010 ®.
3. Resultados e Discussão
3.1 Riqueza e diversidade de espécies
Na amostragem foram contabilizados 566 indivíduos arbóreos, sendo distribuídos em
71 espécies, pertencentes a 59 gêneros e 27 famílias botânicas. As famílias que apresentaram
99
maior diversidade foram a Fabaceae (29 espécies), Bignoneaceae (8 espécies), Malvaceae (5
espécies) e Anacardiaceae (4). Estas famílias constituíram 64,8% do total de espécies
amostradas.
A alta diversidade de espécies encontrada no Arboretum da UFAL, dado pelo Índice
de Shannon de 3,78 nats.ind-1, mostra-se semelhante a muitos trabalhos desenvolvidos em
regiões de Mata Atlântica no Nordeste do Brasil. Nascimento et al. (2014), em seu trabalho
de levantamento comparativo, relativo à riqueza e diversidade de espécies de alguns
fragmentos de Floresta Atlântica no estado de Pernambuco, verificaram que o Índice de
diversidade de Shannon (H’) apontou alta diversidade de espécies entre os trabalhos
analisados, variando de 3,41 a 3,91 nats.ind-1, corroborando com os resultados do presente
trabalho.
DA DR FA FR DoA DoR VI
Nome Científico
(nº/ha) (%) (%) (%) (m²/ha) (%) (%)
Enterolobium contortisiliquum 19,05 2,83 38,10 2,45 2,64 14,30 6,53
Inga edulis 29,76 4,42 28,57 1,84 2,16 11,73 6,00
Handroanthus impetiginosus 39,29 5,83 52,38 3,37 1,26 6,85 5,35
Cecropia pachystachya 35,71 5,30 66,67 4,29 0,94 5,09 4,90
100
Bowdichia virgilioides 33,33 4,95 66,67 4,29 0,91 4,92 4,72
Tabebuia cassinoides 50,00 7,42 66,67 4,29 0,37 1,98 4,56
Tabebuia aurea 33,33 4,95 66,67 4,29 0,53 2,87 4,04
Apeiba tibourbou 16,67 2,47 38,10 2,45 1,10 5,99 3,64
Handroanthus heptaphyllus 29,76 4,42 66,67 4,29 0,29 1,57 3,43
Genipa americana 23,81 3,53 42,86 2,76 0,22 1,18 2,49
Tapirira guianensis 16,67 2,47 38,10 2,45 0,43 2,33 2,42
Syzygium cumini 11,91 1,77 28,57 1,84 0,66 3,60 2,40
Xylopia frutescens 21,43 3,18 47,62 3,07 0,13 0,71 2,32
Schinus terebinthifolia 15,48 2,30 33,33 2,15 0,44 2,37 2,27
Paubrasilia echinata 17,86 2,65 38,10 2,45 0,17 0,90 2,00
Demais espécies (56) 279,75 41,56 833,31 53,73 6,19 33,61 42,91
Total 673,8 100 1552,4 100 18,42 100 100
Pode-se observar que o Arboretum da UFAL apesar ser uma área de restauração
florestal com apenas 15 anos de implantação, apresenta uma característica marcante de
floresta natural, caracterizado pela distribuição diamétrica decrescente, semelhante a um
“J-invertido” (Figura 1), isso porque indivíduos de classes com diâmetro menores estão em
maior quantidade, diminuindo exponencialmente com o aumento no tamanho das classes
diamétricas. Essa constatação pode ser atribuída ao elevado número de indivíduos que já se
encontram em regeneração natural e estão ingressando no estrato arbóreo, fazendo com
que essa área já apresente características de uma floresta inequiânea. Tal estrutura também
foi observada em outros trabalhos como o de Souza (2017); Batista (2014); Imaña-Encinas
et al. (2013); Brandão (2013) e outros.
500
400
Nº Ind./ha
300 Y=exp6,7382-0,0883*ccDAP
200 R²=0,97
100
0
10 20 30 40 50 60 70 80
Centro de Classe diamétrica (cm)
101
4. Conclusão
O Arboretum da UFAL apresentou estrutura diamétrica com traços marcantes de
floresta natural, apesar de ser uma área implantada há apenas 15 anos. A alta diversidade
de espécies, comprovada pelo índice de Shannon de 3,78 nats.ind-1, pode ter contribuído
para o sucesso de restauração dessa área, a qual já apresenta sucessão natural assegurada
pela elevada presença de indivíduos jovens ingressando no estrato arbóreo.
5. Literatura citada
Silva, K. A.; Martins, S. V.; Neto, A. M.; Demolinari, R. A.; Lopes, A. T. Restauração
Florestal de uma Mina de Bauxita: Avaliação do Desenvolvimento das Espécies Arbóreas
Plantadas. Floresta e Ambiente, v. 23, n. 3, p. 309-319, 2016.
102
Souza, R. N. Dinâmica e distribuição diamétrica de espécies arbóreas em fragmento
florestal, São Lourenço da Mata – PE. 2017. 72 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Recife,
BR-PE, 2017.
103
Aspectos fenológicos de Manilkara salzmannii (A. DC.) H. J. Lam. em um
fragmento de Mata Atlântica
Ageu da Silva Monteiro Freire 1, Kyvia Pontes Teixeira das Chagas 1, Fábio de Almeida Vieira1
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mails: ageufreire@hotmail.com,
kyviapontes@gmail.com, vieirafa@gmail.com
1. Introdução
Manilkara salzmannii (A. DC.) H. J. Lam. é uma espécie endêmica e nativa do
Brasil que pertence à família Sapotaceae, situando-se nos domínios fitogeográficos da
Caatinga e Mata Atlântica (Almeida Jr. 2015). A espécie apresenta madeira de qualidade
(Almeida Jr. et al., 2010) e pode ser usada na arborização e reflorestamento de áreas a
serem preservadas (Lorenzi, 1992).
Estudos fenológicos subsidiam estratégias de conservação e manejo por meio das
informações que são geradas sobre os aspectos vegetativos e reprodutivos das plantas por
meio da análise das suas fases de vida (Camilo et al., 2013), contribuindo para a
compreensão das relações entre as fases e as variáveis climáticas das espécies florestais
nativas (Ferrera et al., 2017). Devido aos efeitos antrópicos que podem ocasionar a
diminuição de populações de espécies florestais (Monticelli & Morais, 2015), há a
necessidade de estudos fenológicos que forneçam informações sobre a dinâmica
104
reprodutiva nas populações naturais (Freire et al., 2013).
Diante disto, o objetivo do estudo foi avaliar os aspectos fenológicos vegetativos e
reprodutivos de M. salzmannii.
2. Material e Métodos
Selecionou-se 19 indivíduos adultos de M. salzmannii em um fragmento de Mata
Atlântica no município de Macaíba, RN. Adquiriu-se os dados quinzenalmente, com
observações de agosto de 2015 a julho de 2017, totalizando 52 observações. Registrou-se
duas fenofases vegetativas: desfolhamento e enfolhamento; e quatro fenofases
reprodutivas: botão floral, floração, fruto imaturo e fruto maduro.
Para quantificar os eventos foram utilizados o índice de atividade, que é a presença
ou ausência da fenofase específica, e o índice de intensidade de Fournier, que compreende
uma escala intervalar semiquantitativa de cinco categorias (0 a 4), com intervalo de 25%
entre cada categoria: zero= ausência, 1 = magnitude entre 1 a 25%, 2 = magnitude entre
26% a 50%, 3 = magnitude entre 51% a 75% e 4= magnitude entre 76% a 100%.
Os valores obtidos quinzenalmente foram somados e divididos pelo valor máximo
possível (número de indivíduos multiplicado por quatro), onde depois multiplicou-se por
100, para transformá-los em valor porcentual (D´eça-neves & Morellato, 2004).
3. Resultados e Discussão
O desfolhamento foi frequente em todas as avaliações (Figura 1A), com maior pico de
intensidade nos meses de novembro a dezembro de 2016, sendo observado que a menor
intensidade ocorreu no período de inverno. Estudos explanam que o aumento do
desfolhamento em regiões tropicais ocorre nos períodos de maior déficit hídrico (Talora &
Morellato, 2000), o que não aconteceu neste estudo, onde a perda de folhas pode ter sido
determinada pelo genótipo dos indivíduos e não pelas variáveis ambientais (Morellato, 1991).
105
FIGURA 1. Porcentagem de desfolhamento (A) e enfolhamento (B) em uma população natural de M.
salzmannii em Macaíba, RN.
106
FIGURA 2. Porcentagem de botões florais (A), floração (B), frutos imaturos (C) e frutos maduros (D) em
uma população natural de M. salzmannii em Macaíba, RN.
A baixa taxa de produção de frutos pode ser explicada pela baixa precipitação
no período avaliado, onde Rocha et al. (2015) em estudo de fenologia da palmeira
Copernicia prunifera no munícipio do referido estudo, notaram que houve menor
frutificação no período que ocorreu baixa precipitação. Isso evidencia o estresse
provocado nas plantas pelas variações climáticas, podendo alterar seus eventos
reprodutivos.
4. Conclusão
Os resultados mostram a época e intensidade das fenofases vegetativas e
reprodutivas da M. salzmannii, com possível influência das variáveis ambientais nos
eventos. O estudo demonstra que há necessidade de pesquisas mais detalhadas sobre a
relação das variáveis climáticas com as fenofases. Isso inclui estudos que avaliam a
polinização, maturação e dispersão dos frutos, com o intuito de subsidiar estratégias de
conservação e manejo da espécie.
5. Agradecimentos
107
6. Literatura Citada
Almeida jr., E.B. 2015. Manilkara in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico
do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14482>. 30 mar. 2018.
Almeida jr., E.B.; Lima, L.F.; Lima, P.B.; Zickel, C.S. Descrição morfológica de frutos e
sementes de Manilkara salzmannii (A.DC.) Lam (Sapotaceae). Floresta, v. 40, p. 535-540,
2010.
Camilo, Y.M.V.; Souza, E.R.B.; Vera, R.; Naves, R.V. Fenologia, produção e precocidade
de plantas de Eugenia dysenterica visando melhoramento genético. Revista de Ciências
Agrárias, v. 36, n. 2, p. 192-198, 2013.
Ferrera, T.S.; Pelissaro, T.M.; Eisinger, S.M.; Righi, E.Z.; Buriol, G.A. Fenologia de
espécies nativas arbóreas na região central do estado do Rio Grande do Sul. Ciência
Florestal, v. 27, n. 3, p. 753-766, 2017.
Freire, J.M.; Azevedo, M.C.; Cunha, C.F.; Silva, T.F.; Resende, A.S. Fenologia reprodutiva
de espécies arbóreas em área fragmentada de Mata Atlântica em Itaborai, RJ. Pesquisa
Florestal Brasileira, v. 33, n. 75, p. 243-252, 2013.
Lorenzi, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas
nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. v. 1.
Monticelli, C.; Morais, L.H. Impactos antrópicos sobre uma população de Alouatta
clamitans (Cabrera, 1940) em um fragmento de Mata Atlântica no estado de São Paulo:
apontamento de medidas mitigatórias. Revista Biociências, v. 21, p. 14-26, 2015.
Morellato, L. P. C. Estudo da fenologia de árvores, arbustos e lianas de uma floresta
semidecídua no sudeste do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de Campinas,
Campinas, São Paulo. 1991.
Rocha, T.G.F.; Silva, R.A.R.; Dantas, E.X.; Vieira, F.A. Fenologia da Copernicia prunifera
(Arecaceae) em uma área de Caatinga do Rio Grande do Norte. Cerne, v. 21, p. 673-681,
2015.
Talora, D. C.; Morellato, L. P. C. Fenologia de espécies arbóreas em floresta de planície
litorânea do Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 23, n.1, p. 13-
26, 2000.
108
Assembléia de coleópteros edáficos (Arthropoda; Hexapoda) na Estação
Ecológica do Rio Ronuro, norte de Mato Grosso
1. Introdução
Os insetos constituem um dos mais diversos grupos de fauna do planeta,
representando cerca de 70% de todas as espécies animais conhecidas. Dentre os
representantes da Classe Hexapoda pode-se destacar a Ordem Coleoptera, que contém em
torno de 358.900 espécies, representando 40% do número total de insetos descritos
(Lawrence & Britton, 1991; Triplehorn & Johnson, 2005).
Os invertebrados edáficos, incluindo os Coleoptera, são importantes para os
processos que estruturam os ecossistemas terrestres, especialmente nos trópicos (Wilson,
1987), pois exercem um papel fundamental na decomposição de material vegetal do solo,
na ciclagem de nutrientes e na regulação indireta dos processos biológicos nesse habitat,
109
estabelecendo interações em diferentes níveis com os microrganismos, que são
fundamentais para a manutenção da fertilidade e produtividade do ecossistema (Correia &
Oliveira, 2005). Assim, esse estudo objetiva avaliar a composição da assembléia de
coleópteros edáficos coletados na Estação Ecológica do Rio Ronuro, evidenciando a
biodiversidade da região norte de Mato Grosso, especificamente na transição entre Cerrado
e Amazônia.
2. Material e Métodos
110
(ABAM).
3. Resultados e Discussão
111
(Coleoptera) que constituem o maior grupo de insetos, distribuídos em mais de cem
famílias que ocupam praticamente todos os ambientes, os quais podem ocorrer
alimentando-se das mais variadas fontes de alimento (Audino et al., 2007). A composição
de Coleoptera no nível de famílias foi similar a outros estudos envolvendo fauna de solo.
As famílias mais abundantes foram Staphylinidae, Histeridae, Colydiidae, Nitidulidae e
Curculionidae.
4. Conclusão
5. Literatura Citada
Arnett, R. H. JR. 1963. The beetles of the United States. Washington, D.C.,The Catholic
University of America Press, xi +1112 p.Audino, L. D.; Nogueira, J. M.; Silva, P. G.;
Neske, M. Z.; Ramos, A. H. B.; Moraes, L. P.; Borba, M. F. S. 2007. Identificação dos
coleópteros (Insecta: Coleoptera) das regiões de Palmas (município de Bagé) e Santa
Barbinha (município de Caçapava do Sul), RS, Embrapa.Battirola, L.D.; Silva, L.S.;
Almeida, F.M.; Battistela, D.A. ; Pena-Barbosa, J.P.P.; Chagas Junior, A.; Brescovit,
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112
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Publishing.Triplehorn, C. A.; Johnson. N. F. Borror and Delong’s Introdution to the Study
of Insects, 7 th edition. Thomson Brooks/Cole. P. 864. 2005.Wilson. E. O. The things that
run the world: the importance and conservation of invertebrates. Conservation Biology, v.
1, p. 344-346, 1987.
Wolda, H. & D. Chandler 1996. Diversity and seasonality of Tropical Pselaphidae and
Anthicidae (Coleoptera). Proc. Kon. Ned. Acad. Wetensch. C. 99: 313-333.Wolda, H.
1987. Altitude, habitat and tropical insect diversity. Biological Journal of the Linnean
Society 30: 313-323.
113
Atributos funcionais relacionados à folha das cinco espécies de maior
representatividade em um trecho de Floresta Estacional Decidual, RS.
Ana Claudia Bentancor Araújo¹, Francieli de Fátima Missio 2, Camila Andrzejewski², Solon Jonas
Longhi²
1
Instituto Federal Farroupilha (claudiaaraujo9@yahoo.com.br), 2Universidade Federal de Santa
Maria (franmissio@yahoo.com.br; ²Universidade Federal de Santa Maria (camila_
andrzejewski@hotmail.com), ²Universidade Federal de Santa Maria (longhi.solon@gmail.com)
1. Introdução
Atributos funcionais são assim definidos como as características morfológicas,
fisiológicas e fenológicas que influenciam no desempenho de cada espécie quanto ao
estabelecimento, reprodução e sobrevivência (Violle et al., 2007).
Considerar os atributos funcionais como aliados na caracterização e composição das
espécies frente às mudanças locais e temporais, tem-se tornado importante ferramenta na
ecologia de comunidades (Violle et al., 2007), principalmente, na compreensão das
estratégias que as mesmas desempenham em ambientes heterogêneos, bem como
identificar o padrão e dinâmica de montagem das comunidades de espécies florestais
(Swenson, 2013).
A área foliar e área foliar específica são consideradas importantes na análise da
114
performance das espécies, uma vez que representam a condição da planta em relação a
captação de luz, ao equilíbrio hídrico e trocas gasosas, ao crescimento relativo e
investimento em defesa.
Assim, o principal objetivo deste trabalho foi avaliar dois atributos funcionais
relacionados a folha, área foliar e área foliar específica, das cinco espécies arbóreas nativas
de maior importância em um trecho de vegetação secundária de Floresta Estacional
Decidual, a fim de verificar a variação dos mesmos entre as espécies selecionadas.
2. Material e Métodos
Este trabalho contempla como parte do banco de dados do projeto de doutorado da
segunda coautora, dados ainda não publicados, pelo programa de Pós-Graduação em
Engenharia Florestal, UFSM.
O estudo foi realizado em um trecho de vegetação secundária de Floresta Estacional
Decidual, nas coordenadas 29°35'29.73"S e 53°21'46.36"W, no município de Dona
Francisca, RS. Primeiramente foi realizado o levantamento florístico e fitossociológico, em
1ha de floresta, a partir da instalação de 50 parcelas permanentes de dimensões 10x210 m
(200m²). Todos os indivíduos arbóreos adultos com DAP≥5cm foram amostrados para
determinar a estrutura horizontal. Posteriormente, foram selecionadas, as cinco espécies
arbóreas nativas, com maior valor de importância, no respectivo trecho florestal, para a
análise dos atributos funcionais: área foliar e área foliar específica.
Para a quantificação dos atributos funcionais foram coletadas 20 folhas em cada 10
indivíduo por espécie, totalizando 1000 folhas. Dessas folhas foi determinado a área foliar
(AF em cm²), e, a área foliar específica que é dada pela razão entre massa seca das folhas e
a área foliar (AFE em g/cm²).
Para a análise dos dados foi calculado a média de cada atributo por espécie, bem
como o seu desvio padrão. Ainda, para melhor visualização dos dados foram elaborados
gráficos de barras no programa estatístico R (R Development Core Team, 2018).
3. Resultados e Discussão
As cinco espécies arbóreas de maior representatividade no trecho florestal foram:
Casearia sylvestris Sw., Nectandra lanceolata Nees, Cupania vernalis Cambess., Guarea
macrophylla Vahl e Ocotea puberula (Rich.) Ness.
115
Dentre essas espécies as que apresentaram folhas maiores (Figura 1), foram as de
folhas compostas Guarea macrophylla e Cupania vernalis. Folhas menores foi a espécie
Casearia sylvestris. Para essas mesmas espécies também foi verificado a maior e menor
dispersão dos valores em área foliar, representado pelo desvio padrão (Figura 2), isto é,
Cupania vernalis apresentou maior variação no tamanho das suas folhas e Casearia
sylvestris apresentou um padrão mais uniforme no atributo área foliar.
Figura 1-Média da área foliar (cm²), das cinco espécies arbóreas nativas de maior valor de
importância em um trecho de vegetação secundária, em Floresta Estacional Decidual, RS.
Figura 2-Desvio padrão dos valores de área foliar das cinco espécies de maior valor de
importância, amostradas em um trecho de vegetação secundária, em Floresta Estacional
Decidual, RS
Já quanto a área foliar específica e seu respectivo desvio padrão podem ser
observados na figura 3 e figura 4. A Ocotea puberula se destacou das demais, seguida de
Casearia sylvestris e Nectandra lanceolata, ou seja, com folhas mais membranáceas
quando comparado à Cupania vernalis e Guarea macrophylla de folhas mais coriáceas.
116
Figura 3-Média da área foliar específica (g/cm²), das cinco espécies arbóreas nativas de
maior valor de importância em um trecho de vegetação secundária, em Floresta Estacional
Decidual, RS.
Figura 4-Desvio padrão dos valores de área foliar específica das cinco espécies de maior
valor de importância, amostradas em um trecho de vegetação secundária, em Floresta
Estacional Decidual, RS
117
reduzido, ao contrário das de menor área foliar que investem na construção da folha e nos
mecanismos de defesa (Poorter et al., 2009).
Além disso, a variação dos atributos foliares podem refletir tanto na capacidade de
crescimento das espécies como pela capacidade na eficiência fotossintética, em áreas de
vegetação secundária, isto é, devido as perturbações ambientais na floresta, as mudanças
ocasionadas por este efeito causam alterações na taxa de luminosidade, tornando-o
ambiente, por exemplo, com maior número de clareiras, o que influencia na plasticidade
dessas espécies arbóreas quanto ao seu estabelecimento e desenvolvimento em condições
menos favoráveis à suas características morfológicas, resultando assim na capacidade de
resiliência das comunidades (Pillar et al., 2013).
4. Conclusão
As espécies arbóreas apresentaram variações em seus atributos foliares como já
esperado, demonstrando suas estratégias ecológicas em alocar os recursos disponíveis no
ambiente, principalmente os relacionados ao gradiente luz.
5. Literatura Citada
Gratani, L. Plant Phenotypic Plasticity in Response to Environmental Factors.
Advances in botany, p.1-17, 2014.
Pillar, V.D., Blanco, C.C., Müller, S.C., et al., 2013. Functional redundancy and
stability in plant communities. Journal Vegetation. Scienc, v.24, 2013.
Poorter, H.; Niinemets, U.; Poorter, L.; Wright, I. J.; Villar, R. Causes and
consequences of variation in leaf mass per area (LMA): a meta-analysis. New Phytologist,
v.182, p.565-588, 2009.
R Development Core Team. R: A language and environment for statistical
computing. R Foundation for Statistical Computing, 2018. Disponível em:
<(http://www.R-project.org).
Swenson, N.G. The assembly of tropical tree communities – the advances and
shortcomings of phylogenetic and functional trait analyses. Ecography, v.36, p. 264– 276,
2013.
118
Violle, C; Navas, M. L.; Vile, D.; Kazakou, E.; Fortunel, C.; Hummel, I.; Garnier,
E. Let the concept of trait be functional! Oikos, Copenhagem, v. 116, n. 5, p. 882-892,
2007.
119
Avaliação do potencial do lodo de esgoto para uso na recuperação de
áreas degradadas
Aline da Silva Veloso 1, William Ramos da Silva 1, Ygor Jaques Agra Bezerra 1, Clístenes Williams
Araújo do Nascimento1, Diogo Henrique Ximenes 1,Franklone Lima1
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (alineveloso888@gmail.com),
(williamramos_17@hotmail.com), (ygorufrpe@yahoo.com.br), (cwanascimento@hotmail.com),
(diogohenriqueximenes@gmail.com), (franklone@hotmail.com)
1. Introdução
No Brasil existe uma estimativa da produção de lodo de esgoto de mais de 200 mil
toneladas por ano. Este resíduo, oriundo das descargas domésticas e industriais contém em
média 99,9% de água e 0,1% de sólidos, dos quais 70% são de material orgânico (Moretti et
al., 2014). Coletados pelas estações de tratamento, depois de processados, geralmente,
destinado a aterros sanitários, gerando um elevado custo e potencial contaminação do meio
(Bai et al., 2017). Dessa forma a destinação segura e mais adequada para esse resíduo tem
sido uma das principais preocupações atuais (Singh & Agrawal 2008).
120
Uma alternativa promissora tem sido o uso deste resíduo em áreas agrícolas, plantios
florestais, produção de mudas e na recuperação de áreas degradadas, sendo considerada
atualmente uma prática econômica, social e ambientalmente mais aceita (Kirchmann et al.,
2017). Isso se torna possível por que o lodo pode ser utilizado no fornecimento de
nutrientes, principalmente de nitrogênio e fósforo, podendo suprir total ou parcialmente a
demanda das plantas por esses nutrientes o que favorece o desenvolvimento vegetal e
diminuir os custos com fertilizantes minerais (Teixeira et al., 2015;Yang et al.; 2016). Além
do fornecimento de nutrientes o alto teor de matéria orgânica contido neste resíduo pode
condicionar propriedades físicas e biológicas do solo (Kirchmann et al., 2017).
2. Material e Métodos
As amostras de lodo de esgoto foram obtidas em uma estação comercial de
tratamento de efluentes biodegradáveis, localizada no município do Cabo de Santo
Agostinho – PE. A empresa AFC soluções ambientais coletas efluentes industriais
provenientes do complexo de Suape, no município de Ipojuca – PE e sanitário oriundo da
Região Metropolitana do Recife. Esses efluentes são tratados física, química e
biologicamente, gerando como resíduo o lodo de esgoto. Nesta empresa são gerados
diariamente cerca de 10 t de lodo, e tem-se buscado uma destinação o mais segura possível
para este resíduo.
As amostras coletadas foram postar para secar ao ar e passadas em peneiras de
abertura de dois milímetros. Seguindo as exigências do CONAMA resolução nº
121
1:10, N total extraído por digestão sulfúrica, com posterior destilação por arraste de
vapores pelo método de Kjedahl e titulado com HCl 1,0 mol– L-1 (EMBRAPA, 1999) e
carbono orgânico (CO) determinado pelo método de Walkley-Black modificado (Silva et
al., 1999).
Amostras pulverizadas em almofariz de ágata e passadas em peneira com abertura
de 0,3 mm foram digeridas utilizando o método 3051 A (USEPA, 1998), que consiste em
adicionar meio grama da amostra juntamente com 9 mL de HNO3 e 3 mL de HCl em tubos
de teflon. Em seguida as amostras foram digeridas em conjunto com sistema fechado no
forno microondas (Mars Xpress) por 15 min. em temperaturas de rampa e 4,5 min. após
atingir 175 ºC. Depois do resfriamento, as amostras foram filtradas através de papel de
filtro lento e transferidas para balão volumétrico de 50 mL, completando-se o volume com
água ultrapura. Para controle de qualidade foram feitas soluções multielementares de
referências (spikes) com concentrações conhecidas dos elementos e iguais ao ponto central
da curva de calibração a partir de soluções estoque de 1000 mg- L-1 (TITRISOL®, Merck).
3. Resultados e Discussão
O lodo de esgoto gerado na estação de tratamento de efluentes biodegradáveis da
empresa AFC soluções ambientais apresentam altos teores de nutrientes para as plantas
(Tabela 1). Portanto, além de contribuir com a sustentabilidade ambiental por meio da
reciclagem dos nutrientes e da energia contida nesses resíduos (Romeiro, 2014; Saruhan,
2015), a utilização desse resíduo em áreas em que o estabelecimento vegetativo é
inviabilizado pela degradação do solo pode promover o condicionamento químico do solo
facilitando a recuperação de áreas degradas.
122
____________________________
1:2,5 g kg-1 _____________________________________
O alto teor de carbono orgânico no logo de esgoto (372,6 g -kg-1) indica que a
disposição final desse material em solos de áreas degradadas também tem potencial para
melhorar as propriedades físicas e biológicas do solo. A incorporação do lodo no solo
permite uma melhor utilização dos nutrientes pelas plantas, uma vez que se encontram na
forma orgânica e são liberados gradualmente, fazendo com que as necessidades sejam
supridas de forma adequada durante todo o ciclo (Costa et al., 2014).
4. Conclusão
O lodo de esgoto gerado na estação de tratamento de efluentes biodegradáveis
apresenta altos teores de carbono orgânico e de nutrientes para as plantas, o que torna o
lodo uma fonte alternativa e promissora para o fornecimento de nutrientes e matéria
orgânica em áreas degradadas.
5. Literatura Citada
Bai, Y.; Zang, C.; Gu, M.; Gu, C.; Shou, H.; Guay, Y.; Wang, X.; Zhou, X.; Shana, Y.;
FENG, K. Sewage sludge as na initial fertility driver for rapid improvement of mudflat salt
soils. Science of the Total Environment, v.578, p.47-55, 2017.
123
Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente). Resolução n. 375, de 29 de agosto de
2006. Define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em
estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados. Brasília, 2006.
Costa, V. L.; Maria, I. C.; Camargo, O. A.; Grego, C. R.; Melo, L. C. A. Distribuição
espacial de fósforo em Latossolo tratado com lodo de esgoto e adubação mineral. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.18, n.3, p.287–293, 2014.
Kirchmann, H.; Borgesson, G.; Katterer, Y.; Cohen, Y. From agricultural use of sewage
sludge to nutrient extraction: A soil science Outlook. Ambio, v.46, p.143–154, 2017.
Saruhan V.; Kusvuran, A.; Kokten, K. Effects of sewage sludge used as fertilizer on the
yield and chemical contents of common vetch (Vicia sativa L.) and soil. Legume Research,
v.38, n.4, p.488-495, 2015.
124
Silva, A. C.; Torrado, P. V.; Abreu Junior, J. S. Métodos de quantificação da matéria
orgânica do solo. R. Um. Alfenas, v.5, p.21-26, 1999.
Singh, R.P.; Agrawal, M. Potential benefits and risks of land application of sewage sludge.
Waste Management, v.28, p.347–358, 2008.
Vieira, R. F. & Pazianotto, R. A. A. Microbial activities in soil cultivated with corn and
amended with sewage sludge. Springer Plus, v. 5, p.1844, 2016.
Yang, L.; Yang, Y.; Feng, Z.; Zheng, Y. Effect of maize sowing area changes onagricultural
water consumption from 2000 to 2010 in the West Liaohe Plain, China. Journal of
Integrative Agriculture, v.15, n.6, p. 1407–1416, 2016.
125
Avaliação do risco de incêndios florestais no município de Caicó-RN,
utilizando a Fórmula de Monte Alegre
Túlio Brenner Freitas da Silva¹, Fernanda Moura Fonseca Lucas¹, João Gilberto Meza Ucella Filho¹,
Débora de Melo Almeida¹, Arthur Antunes de Melo Rodrigues¹, José Augusto da Silva Santana¹.
1. Introdução
126
floresta e o relevo, que determinam a qualidade do material combustível e a forma de
propagação do fogo. O segundo é referente à umidade do material combustível e às condições
climáticas, assim como a direção do vento, temperatura, umidade relativa, precipitação e
instabilidade atmosférica (Nunes, 2005). Estes fatores perturbam de maneira excessiva a
comunidade da Caatinga, pois é uma vegetação altamente inflamável e geralmente sem
nenhum recurso para impedir o alastramento do fogo, como por exemplo, a construção de
aceiros.
Segundo Diógenes (2018), ter o conhecimento e controle das informações que estão
relacionadas às ocorrências dos incêndios, reflete grande importância quando se trata da
prevenção, pois utiliza-se dos índices de periculosidade, através das análises climáticas, para
conseguir determinar o período mais propício para sua ocorrência, além de estudar e combater
de forma mais eficaz.
Nesse ponto de vista, este estudo objetiva determinar a taxa de periculosidade da
ocorrência de incêndios no município de Caicó, cujo apresenta uma cobertura vegetativa
típica da Caatinga e características edafoclimáticas específicas da região que propiciam a
ocorrência de incêndios.
2. Material e Métodos
127
relacionadas à temperatura diária, além da precipitação e umidade relativa do ar.
Inicialmente, foi realizada a determinação do grau de perigo de incêndio através da
Fórmula de Monte Alegre (FMA), utilizando dados diários da umidade relativa do ar e
precipitação (Soares, 1998). A definição dos dados se dá de acordo com a soma diária do
resultado da FMA e o índice acumulado, realizando suas correções a partir dos valores da
precipitação diária. A equação básica da Fórmula de Monte Alegre é:
n
FMA = ∑ (100 / H)
n=1
Onde:
FMA = Fórmula de Monte Alegre;
H = umidade relativa do ar medida às 13 horas;
n = número de dias sem chuva.
3. Resultados e Discussão
128
anos de 1999 a 2004, o nível de periculosidade de incêndios que compreendem os meses de
maio a dezembro chegou à marca dos 87%. Os dias em que há risco médio de ocorrência se
configurou em 17%, enquanto as escalas nulo e pequeno atingiram 13%, o que também está
em conformidade com o mesmo estudo.
De acordo com os valores obtidos, não houve indicativo de incêndio nos meses de
fevereiro a abril, pois, durante esse período do ano, o nível pluviométrico do estado foi
consideravelmente elevado para a região. Os dados referentes à FMA dos índices acumulados
de periculosidade de incêndio desses meses ficaram entre pequeno e nulo. Foi constatado
nestes meses, uma precipitação que oscilou entre 209 a 130 mm, dado semelhante encontrado
por Diógenes (2018), onde a média diária de precipitação destes meses no município de Caicó
aproximou-se a 6 mm durante os anos de 2010 a 2014.
Porém nos meses seguintes, de maio a janeiro, o índice acumulativo de periculosidade
de incêndio oscilou entre alto e muito alto, devido à pouca umidade relativa do ar e baixos
índices pluviométricos, além das altas temperaturas. Com exceção do mês de maio que
apresentou 48 mm de precipitação, não foram constatadas chuvas nos meses seguintes, ou
seja, não ocorreram reduções da FMA calculada até o mês de janeiro. Durante estes meses, foi
constatado uma temperatura média de 30 ºC e umidade relativa oscilando em torno dos 49%,
sem ocorrência de chuvas, semelhante ao encontrado por Santos (2015) em estudos no Parque
Estadual Pico do Jabre na Paraíba e Cunningham (2017) analisando os motivos que
decretaram uma seca no estado do Acre e resultaram em vários incêndios.
No dia 4 de outubro, de acordo com os cálculos da FMA, o risco de incêndio era
considerado alto, e, efetivamente, ocorreu um incêndio de grande escala no município de
Caicó, dentro das dimensões do açude mais importante da região, o Itans, que estava seco até
o mês de fevereiro de 2018 (Tribuna do Norte, 2017). De acordo com o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), o município de Caicó apresentou 30 focos de incêndio durante o
ano de 2017.
4. Conclusão
129
são de origem antrópica. Os meses de maio a janeiro de 2017 apresentaram elevados
índices, ao passo em que não ocorreram chuvas durante este período. Durante fevereiro,
março e abril do mesmo ano, o valor referente à periculosidade de ocorrência de incêndios
mostrou ser baixo devido aos níveis pluviométricos consideráveis para a região, que
corrigiu a FMA com frequência, de acordo com a metodologia descrita.
5. Literatura Citada
Almeida, A.Q.; Mello A.A.; Dória Neto, A.L.; Ferraz, R.C. Relações empíricas entre
características dendrométricas da Caatinga brasileira e dados TM Lansat 5. Revista
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 49, n. 4, p. 306-315, 2014.
Diógenes, F.E.G.; Guimarães, P.P.; Botrel, R.T. Ocorrência de incêndios florestais em Caicó
e Natal – RN. Revista Agropecuária Científica no Semiárido, Patos, v. 14, n. 1, p.80-84, mar.
2018.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de vegetação do Brasil, 2004.
Acesso em: 15 de abril de 2018.
Incêndio queima vegetação do Açude Itans. Caicó, 04 out. 2017. Disponível em:
<http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/inca-ndio-queima-vegetaa-a-o-do-aa-ude-itans/
396399>. Acesso em: 18 abr. 2018.
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Queimadas. Caicó, 2017. Disponível em: http://www.inpe.br/queimadas/portal Acesso em:
18 abr. 2018
Nunes, J.R.S. Um novo índice de perigo de incêndios florestais para o Estado do Paraná –
Brasil. 2005. 150 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) – Setor de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005.
Santana, J.A.S.; Araújo, I.M.M.; Sena, C.M.; Pimenta, A.S.; Fonseca, F.C.E.F.; Determinação
do perigo de incêndio na Estação Ecológica do Seridó, Serra Negra do Norte-RN, Utilizando
a Fórmula de Monte Alegre. Revista Caatinga, Mossoró, v. 24, n. 1, p.43-47, jan.-mar., 2011.
Santos, W.S.; Souto, P.C.; Souto, J.S.; Mendonça, I.F.C.; Souto, L.S.; Maracajá, P.B.
Estimativa dos riscos de ocorrência de incêndios florestais no Parque Estadual Pico do Jabre,
na Paraíba. Revista Agropecuária Científica no Semiárido, Campina Grande, v. 11, n. 1, p.80-
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Soares, R.V. Desempenho da Fórmula de Monte Alegre: Índice brasileiro de perigo de
incêndios florestais. Revista Cerne, v.4, n.1, p.87-99, 1998.
130
Avaliação dos teores de metais pesados em lodo do tratamento de resíduos
industriais para uso na recuperação de áreas degradadas
Aline da Silva Veloso 1, Ygor Jaques Agra Bezerra1, William Ramos da Silva 1, Clístenes Williams
Araújo do Nascimento1, Diogo Henrique Ximenes 1,Rayanna Jaques Agra Bezerra 1
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) (alineveloso888@gmail.com),
(williamramos_17@hotmail.com), (ygorufrpe@yahoo.com.br), (cwanascimento@hotmail.com),
(diogohenriqueximenes@gmail.com), (rayannaufrpe@gmail.com)
1. Introdução
Em Pernambuco, a principal disposição final de lodos de tratamento de efluentes
ainda são aterros que, em sua imensa maioria, não atendem aos padrões ambientais de
qualidade. Mesmo os aterros sanitários que atendem aos critérios técnicos e ambientais,
podem não representar a melhor alternativa de disposição final de resíduos, pois sua
longevidade é restrita devido à grande quantidade de resíduos gerada.
A manutenção desses aterros é também onerosa, demandando grande investimento
por parte do poder público ou do setor privado. Esses aspectos estimulam a busca de
alternativas para destinação final desses resíduos, que tragam benefícios econômicos,
sociais e ambientais. Tendo em vista o potencial do lodo como fonte de Nitrogênio e
131
Fósforo, além de outros micronutrientes, e seus elevados teores de matéria orgânica que
atual como condicionante do solo, induzindo o uso desse resíduo orgânico como eficiente
insumo na recuperação de áreas degradadas.
O uso indiscriminado pode provocar danos ao ecossistema por meio de eutrofização
devido aos altos teores de Nitrogênio e Fósforo presentes neste resíduo (Vieira e
Pazianotto, 2016). Além de contaminantes químicos, como metais pesados, principalmente
no lodo proveniente do tratamento de efluentes industriais, devendo-se avaliar os teores
presentes antes de serem aplicados ao solo (Gomes et al.,2007), compostos orgânicos
sintéticos, como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, dioxinas, furanos, pesticidas,
hormônios sintéticos e naturais (Nascimento et al., 2014), biológicos, uma vez que o lodo
pode conter ainda níveis consideráveis de organismos patogênicos, como bactérias,
protozoários e vírus. A aplicação segura do lodo de esgoto no intuito de evitar possíveis
contaminações segue a resolução do Conama nº 375/2006 que estabelece critérios antes de
serem incorporados ao solo.
Outra perspectiva relevante se compararmos o uso do lodo de esgoto para fins
agrícolas com o seu reúso para recuperação de áreas degradadas, seria a vantagem de que,
no segundo caso, sua aplicação ocorrerá apenas na implantação do projeto, ou seja, de
maneira pontual, não necessitando de uma periodicidade na adição do lodo de esgoto ao
solo como é o caso das culturas de ciclo curto.
Diante desse contexto, esse trabalho objetiva determinar a composição química de
lodos quanto à presença de metais pesados (arsênio, bário, cádmio, chumbo, cobre, cromo,
mercúrio, molibdênio, níquel, selênio e zinco), visando sua adequação às exigências da
resolução Conama 375/2006 para posterior uso na recuperação de áreas degradadas.
2. Material e Métodos
O lodo de esgoto foi coletado em uma estação comercial de tratamento de efluentes
biodegradáveis na empresa AFC soluções ambientais, que coletam efluentes industriais
provenientes do complexo de Suape, no município de Ipojuca – PE e sanitário oriundo da
Região Metropolitana do Recife. Esses efluentes passam por tratamentos físicos, químicos
e biológicos, obtendo como resíduo remanescente do processo de tratamento, o lodo de
esgoto. São gerados diariamente cerca de 10 toneladas de lodo, e tem-se buscado uma
destinação o mais segura possível para este resíduo.
132
Para determinação dos teores de metais pesados, as amostras de lodo foram secas
ao ar, destorroadas, pulverizadas em almofariz de ágata, homogeneizadas e peneiradas em
peneira de abertura de 0,3 mm (ABNT 50), de aço inoxidável para evitar contaminações.
As digestões das amostras de lodo de esgoto foram feitas utilizando o método 3051A
(USEPA, 1998), conforme recomendado pelo CONAMA (2006), consistindo em transferir
um grama das amostras pulverizadas para tubos de teflon, onde serão adicionados 9 mL de
HNO3 e 3 mL de HCl. As amostras foram mantidas em conjunto com sistema fechado, no
forno micro-ondas (Mars Xpesss), por 15 minutos na temperatura de rampa, tempo
necessário para que o equipamento atinja 175ºC, mantendo-se nesta temperatura por mais
4,5 minutos. Após resfriamento, as amostras foram transferidas para balões certificados
(NBR ISSO/IEC) e o volume dos balões completados com água ultra pura (Sistema Direct-
Q 3 Milipore).
As amostras foram digeridas em duplicata e, paralelamente, foram feitas provas em
branco. As curvas de calibração foram elaboradas a partir de padrões 1000 mg L-1
(TITRISOL, Merck), fazendo as diluições com água ultrapura, todas as curvas
apresentaram valores de r superiores a 0,99.
Os elementos Cd, Co, Mo, Pb, Ni, Cr, Ba, Cu, Mn, Zn e Fe foram determinados por
espectrometria de emissão ótica (ICP- OES/Optima 7000, Perkin Elmer) Arsênio, Hg e Se
serão determinados por espectrofotômetro de absorção atômica (AAnalyst 800 Perkin
Elmer) acoplado a um gerador de hidretos (FIAS 100/Flow Injection System/PerkinElmer).
A seleção desses elementos químicos foi baseada na exigência da resolução Nº 375/2006
do Conama (2006).
3. Resultados e Discussão
133
> Zn (2670) > Fe (60833).
Tabela 1. Teores de metais pesados em amostras de lodo do tratamento de resíduos industriais
biodegradáveis
As Ba Cd Co Cr Cu Fe Hg Mn Mo Ni Pb Se Zn
_____________________________________-
mg kg-1 _______________________________________________
0 218 0,3 4,5 53 106 60833 1,1 316 7,4 42 28 0 2670
4. Conclusão
5. Literatura Citada
134
161, 2014.
Nascimento, A. L.; Sampaio, R. A.; Cruz, S. F.; Zuba Junior, G. R.; Barbosa, C. F.;
Fernandes, L. A. Metais pesados em girassol adubado com lodo de esgoto submetido a
diferentes processos de estabilização. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v.18, n.7, p.694–699, 2014.
Vieira, R. F. & Pazianatto, R. A. A. Microbial activities in soil cultivated with corn and
amended with sewage sludge. Springer Plus, v. 5, p.1844, 2016
135
Avaliação florística e fitossanitária da arborização do Instituto Federal
Farroupilha - Campus Alegrete
Ana Claudia Bentancor Araujo 1, Edenir Luis Grimm 2, Yago Machado da Rosa3, Camila
Andrzejewski4, Francieli de Fátima Missio5, Solon Jonas Longhi6
1
Instituto Federal Farroupilha (ana.araujo@iffarroupilha.edu.br;
2
edenir.grimm@iffarroupilha.edu.br), 3Universidade Federal do rio Grande do Sul
(y.machadodarosa@gmail.com), 4,5,6Universidade Federal de Santa Maria
(camiandrzejewski@gmail.com; franmissio@yahoo.com.br; longhi.solon@gmail.com)
1. Introdução
No decorrer da história, são observadas, diferentes percepções sobre as árvores e
suas funções no ambiente. Do extrativismo desordenado, nos últimos séculos, chegamos
aos dias atuais numa situação de grande carência por áreas verdes, também no meio rural,
mas principalmente no ambiente urbano (Brun & Brun, 2006). De acordo com os autores,
o desordenado crescimento das cidades causou problemas, como alta concentração de
poluentes no ar, formação de ilhas de calor, poluição visual e sonora, devido à falta de
planejamento neste crescimento.
Meira et al. (2004) ressalta que planejar a arborização é indispensável para não
acarretar prejuízos ao meio ambiente. Considerando que a arborização é um fator
136
fundamental na salubridade ambiental, por ter influência direta sobre o bem-estar do
homem em razão dos múltiplos benefícios que proporciona ao meio. Locais com grande
circulação de pessoas, quando bem arborizados, contam com a garantia de um ambiente
onde há benefícios ecológicos, sociais e econômicos (Pinheiro & Souza, 2017).
Considerando o valor da arborização e a necessidade de aumentar a consciência do
público sobre este assunto, o presente trabalho teve por objetivo realizar o levantamento
florístico e fitossanitário das espécies arbóreas do Instituto Federal Farroupilha/Campus
Alegrete (IFFar-CA).
2. Material e Métodos
O levantamento foi realizado no IFFar-CA, no município de Alegrete, Rio Grande
do Sul, região compreendida pelo bioma Pampa. O clima é do tipo Cfa segundo Köppen,
subtropical sem estação seca definida e verões quentes, com temperatura média no mês
mais frio maior que 10ºC e no mês mais quente maior ou igual a 22ºC (Peel, 2007).
O método de inventário utilizado no levantamento foi de caráter quali-quantitativo,
do tipo censo. Foram amostrados e identificados todos os indivíduos arbustivo-arbóreos
vivos e mortos com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5 cm. Os dados foram coletados
em formulário específico, com as seguintes informações: nome da espécie, DAP (Diâmetro
à Altura do Peito), origem da espécie e estado fitossanitário.
A origem das espécies foi obtida mediante pesquisa realizada em literaturas
científicas e o estado fitossanitário foi determinado pela presença de pragas ou doenças
visíveis por meio de danos nas diversas partes das árvores.
3. Resultados e Discussão
Foram amostradas 904 indivíduos arbóreo-arbustivos no IFFar-CA, incluindo 9
indivíduos mortos, o inventário identificou 52 espécies diferentes, distribuídas em 26
famílias, destacando-se entre elas: Fabaceae, com 11 gêneros e 13 espécies; Myrtaceae,
com 5 gêneros e 5 espécies, seguida pelas famílias Bignoniaceae e Pinaceae, com 1 gênero
e 3 espécies. Na composição florística da arborização do campus, estas famílias são as
mais importantes, estando representadas ao total por 17 gêneros e por 21 espécies (Tabela
1).
137
TABELA 1. Famílias, nome científico, nome popular, número de indivíduos (Nº) e origem (N=nativa e
E=exótica) das espécies amostradas na arborização do Instituto Federal Farroupilha – Campus Alegrete, RS,
Brasil.
138
Myrcianthes pungens (O.Berg) D.Legrand Guabiju 4 N
Psidium guajava L. Goiaba 3 E
Syzygium cumini (L.) Keels Jambolão 6 E
Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. Figueira-mata-pau 7 N
Moraceae
Morus nigra L. Amora 5 E
Oleaceae Ligustrum japonicum Thunb. Ligustro 12 E
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Jeriva 10 N
Palmaceae
Washingtonia robusta H. Wendel. Palmeira-leque 1 E
Paulowniaceae Paulownia imperialis Siebold & Zucc. Kiri 1 E
Pinus kesiya Royle ex Gordon Pinus 5 E
Pinaceae Pinus patula Schltdl. & Cham. Pinus 13 E
Pinus taeda L. Pinus 16 E
Phytolaccaceae Phytolacca dioica L. Umbu 2 N
Proteaceae Grevillea robusta A. Cunn. ex R. Br. Grevilha 2 E
Rhamnaceae Hovenia dulcis Thunb. Uva-do-japão 38 E
Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica-de-cadela 3 N
Salicaceae Populus deltoides W. Bartram ex Marshall Álamo 1 E
139
Handroanthus heptaphyllus que se encontram infestadas de erva-de-passarinho
(Sthruthanthus flexicaulis).
Para Guia et al. (2008) alguns tipos de danos presentes nos vegetais iniciam-se com
podas mal executadas, deixando exposta a área de corte, foco de entrada e
desenvolvimento de pragas e doença.
4. Considerações Finais
Há necessidade de manejo, como o corte dos galhos infestados com plantas
parasitas, ainda na fase inicial, para evitar que futuramente tenha que se proceder com
podas mais drásticas.
5. Literatura Citada
BRUN, E. J. B.; BRUN, F. G. K. Arborização urbana & qualidade de vida. Revista
CREA-RS, Porto Alegre, n. 18, p. 27, 2006.
GUIA, G. H. de, ALBRETCH, J. M. F, SOARES, T. S., TITON, M. Avaliação qualitativa
das espécies arbóreas do Parque Antônio Pires de Campos em Cuiabá-MT. Revista SBAU,
Piracicaba, v.3, n.3, p. 36-43, 2008
MEIRA, G. R. N., TEIXEIRA, G. G. M., VENTURIN, P. R. F., GOTTSTEIN, P.,
CAXAMBU, M. G. Avaliação quali-quantitativa de espécies arbóreas no perímetro urbano
da cidade de Corumbataí do Sul –PR. Revista SBAU, Piracicaba – SP, v.10, n. 4, p. 36-49,
2015.
SANTAMOUR JÚNIOR, F.S. Trees for urban planting: diversity unifomuty, and common
sense. Washington: U.S. National Arboretum, Agriculture Research Service, 2002.
140
Avalição dos constituintes químicos do solo oriundos de uma floresta
da caatinga em avançado estágio de regeneração
1. Introdução
A Caatinga é uma vegetação tropical xerófila exclusiva do Brasil, caracterizada
pela presença de uma grande quantidade de espécies decíduas (Azevedo,2010). Constitui
um bom exemplo de floresta seca, tornando possível o monitoramento da influência das
variações climáticas sobre a dinâmica das populações (Araújo et al., 2007). A Caatinga é
composta de várias famílias botânicas com capacidade de persistir as condições semiáridas
do Nordeste, suportando baixas precipitações, além de fornecer biomassa como fonte de
energia aos animais (Souza, 2013). Em uma comunidade florestal existe uma interação
intensa entre a vegetação e o solo que ela ocupa, que se expressa no processo cíclico de
entrada e saída de matéria do solo: a ciclagem de nutrientes (Queiroz, 1999). A ciclagem
de nutrientes em florestas pode ser analisada através da compartimentação da biomassa
acumulada nos diferentes estratos e a quantificação das taxas de nutrientes que se
141
movimentam entre seus compartimentos, através da produção de serrapilheira, sua
decomposição, lixiviação e outros (Azevedo, 2010).
Os principais fatores que controlam os processos de transformação da matéria
orgânica no solo (MOS) são a quantidade e qualidade do material, o ambiente físico e
químico e os organismos decompositores (Toledo, 2003).
O semiárido trata-se de um território com um histórico social de organização de
espaço, associado aos problemas do meio ambiente (Teixeira, 2015). Em relação ao meio
ambiente no semiárido, algumas das linhas de pesquisa que devem ser priorizadas são
aquelas voltadas para um melhor conhecimento da interação vegetação-solo e do seu uso
pelas populações locais, o que deve se constituir na base de qualquer programa que vise o
desenvolvimento sustentável da região, isso se justifica pelo fato do semiárido apresentar
uma das biotas mais particulares do mundo, em composição e adaptações às condições do
meio (Azevedo, 2010).
Este estudo teve como objetivo avaliar os constituintes químicos do solo e a
influência da posição de coleta presente em uma floresta de estágio sucessional adulto.
2. Materiais e Métodos
2.1 Área Experimental
O experimento foi conduzido no período de dezembro de 2007 a dezembro de 2008
na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha – PB, nas coordenadas geográficas
de 07 ° 00 ' 00 " S e 37 ° 23 ' 00 " W. O clima da região, de acordo com a classificação de
Köppen, é do tipo BSh, ou seja, quente e seco. A altitude média da área experimental é de
200 m.
2.2 Parcelas amostradas e suas respectivas descrições
As parcelas foram alocadas em um estágio sucessional adulto, foram cercadas, e no
interior das mesmas foi delimitada uma sub-parcela de 20 x 50 m, com o objetivo de
manter uma área (10 m de largura) para a movimentação do pessoal técnico na coleta de
dados e causando o mínimo de dano à vegetação.
2.3 Estágio sucessional adulto
Este estágio caracterizou-se por apresentar uma grande diversidade de espécies
arbóreas com DAP superior a 5 cm e grande quantidade de espécie/área.
142
2.4 Coleta de Solos
A coleta foi realizada em agosto de 2008, final de período chuvoso, utilizando-se
trado a uma profundidade de 0 – 20 cm. A fim de avaliar o estágio sucessional adulto
quanto à disponibilidade de nutrientes no solo, foi coletado dentro das sub-parcelas três
amostras de solos abaixo da copa (A.C.), na borda da copa (B.C.), e fora da copa (F.C.),
em três árvores escolhidas por parcela aleatoriamente totalizando vinte e sete coletas de
solos.
Todas as amostras coletadas na mesma posição, A.C., B.C. e F.C. foram
homogeneizadas, a fim de representar toda a parcela e suas respectivas posições. Após a
coleta, o solo foi misturado, identificado e posto para secar por um período de 72 h ao ar
livre, até a total perda de umidade; e depois peneirado, em seguida foram acondicionados
em sacos plásticos e encaminhados para o Laboratório de Análises do Solo e Água
CSTR/UFCG, onde foram analisados: pH, fósforo (P), cálcio (Ca), magnésio (Mg),
potássio (K), sódio (Na), hidrogênio + alumínio (H + Al), SB (Soma de bases), CTC
(capacidade de trocas catiônicas) e V% seguindo metodologia descrita em EMBRAPA
(2017).
2.5 Delineamento e análises estatísticas
3. Resultados e Discussão
3.1 Análise química do solo
As análises químicas das camadas de solo (0 – 20 cm) nos três estágios sucessionais
(Tabela 1) destacam níveis de P muito baixos, valores superiores a estes foram encontrados
por Souto (2006) na RPPN da Fazenda Tamanduá, área está próxima as parcelas onde foi
conduzido o presente estudo.
143
Os teores de K na vegetação de estágio sucessional adulto, foram baixos (< 30
cmc.dm-3). Isso se deve, em parte, a lavagem do K durante o período chuvoso, ao longo do
tempo, bem como da fertilidade natural alta do solo.
No que se refere aos teores de Ca e Mg, os quais estão estreitamente relacionados
com o pH do solo, verifica-se que os teores destes nutrientes podem ser considerados altos.
TABELA 1. Valores médios dos atributos químicos dos solos no estágio sucessional adulto, em três posições
(abaixo da copa, na borda da copa e fora da copa)
ANÁLISE QUÍMICA
Local pH P Ca Mg K Na H+Al SB CTC V
(CaCl2) (mg.dm-3) -3
----------------------- cmolc.dm ---------------------------- %
A.C. 6,1ª 4,2a 4,50a 1,80a 0,36a 0,27a 1,70a 6,96a 8,70a 80,10a
B.C. 6,0ª 4,1a 4,50a 2,06a 0,33a 0,26a 1,60a 7,18a 8,70a 81,16a
F.C. 6,3ª 3,6a 4,66a 1,86a 0,30a 0,25a 1,50a 7,09a 8,56a 82,00a
4. Conclusão
Não há diferença estatística entre os atributos químicos analisados nas diferentes
áreas de solo coletadas.
5. Literatura Citada
Araújo, E.L.; Castro, C.C.; Albuquerque, U.P. Dynamics of Brazilian Caatinga-A Review
Concerning the Plants, Environment and People. Functional Ecosystems and Communities.
v. 1, n. 1, p. 15-28, 2007.
http://www.globalsciencebooks.info/Online/GSBOnline/images/0706/FEC_1(1)/FEC_1(1)
15-28o.pdf. 17 Abr, 2018.
Azevêdo, T. K. B. Avaliação de áreas de caatinga em diferentes estágios sucessionais.
Patos:Paraíba, UFCG, 2010. p. 55 (Dissertação – Mestrado em Zootecnia).
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp136188.pdf. 18 Abr. 2018.
EMBRAPA - Empresa Brasileira De Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa
de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 3.ed. Brasília, DF, 2017. 199-259p.
144
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/171907/1/Manual-de-Metodos-de-
Analise-de-Solo-2017.pdf. 17 Abr. 2018.
Queiroz, A.F. Dinâmica da ciclagem de nutrientes contidos na serrapilheira em um
fragmento de mata ciliar no estado de são paulo. Revista Botucatu. (Dissertação –
Mestrado em Agronomia) – UNESP, p.93, 1999.
http://www.scielo.br/pdf/rbb/v26n2/a07v26n2.pdf. 18 Abr. 2018.
Souto, P. C. Acumulação e decomposição de serapilheira e distribuição de organismos
edáficos em área de caatinga na Paraíba, Brasil. Tese (Doutorado em Agronomia) –
Universidade Federal da Paraíba, p. 150, 2006.
http://livros01.livrosgratis.com.br/cp001248.pdf. 18 Abr. 2018.
Souza, C. et al. Disponibilidade e valor nutritivo da vegetação de caatinga no semiárido
norte rio-grandense do Brasil. Revista Holos, Apodi, v. 3, n. 29, p.196-204, jun. 2013.
http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/1332/687. 20 Abr. 2018.
Teixeira, M. N. O sertão semiárido. Uma relação de sociedade e natureza numa dinâmica
de organização social do espaço. Revista Sociedade e Estado, Rio de Janeiro, v. 31, n. 3,
p.769-797, 25 mar. 2015. http://www.scielo.br/pdf/se/v31n3/0102-6992-se-31-03-
00769.pdf. 21 Abr. 2018.
Toledo; L. O. Aporte de serrapilheira, fauna edáfica e taxa de decomposição em área de
floresta secundária no município de Pinheiral, RJ. Rio de Janeiro, 2003, 80 f., (Dissertação
de mestrado), UFRJ, Instituto de Florestas.
http://www.ipef.br/servicos/teses/arquivos/toledo,lo-m.pdf. 19 Abr. 2018.
145
Ações de recuperação na boçoroca de Parede em Reserva do Cabaçal,
Mato Grosso
Leonora Stéfani de Assis Goes 1, Weslley Cândido de Oliveira 1, Matheus Marcos Xavier de Souza 1,
Isabela Maria da Silva Ormond 1, Letícia Thommen Lobo Paes de Barros 2
1
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. E-mails: goesflorestal@gmail.com,
wcoflorestal@gmail.com, souza.mmx@gmail.com, isabelaormond@hotmail.com), 2Instituto de
Pesquisa Matogrossense – IPEM. E-mail: leticiatlpb@gmail.com
1. Introdução
Sistemas intensivos e inadequados de uso e manejo do solo podem influenciar em
seus atributos físicos, predispondo-os a degradação e causando prejuízos à sustentabilidade
dos mesmos (Cuiabano et al., 2017). Dessa forma, identificar o potencial erosivo solo e
avaliar a vulnerabilidade ambiental de determinado local é uma importante ferramenta na
implementação de técnicas adequadas para recuperação.
Objetivou-se no presente estudo realizar a recuperação da boçoroca de Parede na
microbacia do córrego Queixada situado na Alta Bacia do córrego Dracena, onde existe
uma condição de instabilidade natural por ser suscetível ao boçorocamento, evidenciado
pela ocorrência de fenômenos de pipings na cobertura pedológica.
Além disso, a boçoroca é palco de diversos fenômenos, tais como, erosão
superficial, erosão interna, solapamentos, desabamentos e escorregamentos, que se
conjugam dotando esta forma de erosão linear de elevado poder destrutivo.
146
2. Material e Métodos
A área objeto de estudo encontra-se situada na Alta Bacia do córrego Dracena, na
microbacia do córrego Queixada, em região de transição conhecida como serra do Cabaçal
no município de Reserva do Cabaçal, Mato Grosso. A variação altimétrica da bacia é de
290 a 670 m, com posicionamento das principais cabeceiras e alto curso do córrego
Dracena situados em superfície rampeada.
Esta é uma área degradada que consiste em um passivo ambiental resultante da
atividade de pecuária, pela remoção da vegetação nativa e implantação de pastagens para
criação de gado bovino. A área de superfície fortemente drenada pela instalação da
boçoroca de parede corresponde a 15,64 hectares, com 15 ramos que ocupam uma área de
4,30 hectares.
O solo da área de estudo é classificado como Neossolo Quartzarênico com
espessura média de 1,70m. Esse mesmo tipo de solo passa pontualmente para
Hidromórfico, isto é, com feições pedológicas condicionadas à acumulação e/ou saturação
por águas subsuperficiais, que anteriormente à instalação da boçoroca, associava-se aos
ambientes ribeirinhos do córrego Queixada.
Após a caracterização da degradação em 2009, o projeto iniciou-se em maio de
2010 e foi finalizado em junho de 2012, utilizando métodos e técnicas fundamentadas nas
concepções gerais de Rodrigues e Gandolfi (2000) para recuperação de ambientes
ribeirinhos.
A área foi isolada com arame farpado com o objetivo de impedir a entrada de
alheios, principalmente do gado bovino, evitando a continuação do processo de
degradação. A partir do levantamento planialtimétrico demarcado com estacas de bambu,
foram aproveitados troncos de árvores mortas distribuídos de acordo com as curvas de
nível, equidistantes em 1m, a fim de disciplinar o escoamento das águas superficiais onde
encontra-se a boçoroca.
Nos ramos primários da boçoroca foram implantadas paliçadas laterais e de fundo
feitas de bambu para reduzir a velocidade de escoamento da água e conter os sedimentos
advindos das áreas de montante. No interior dos ramos, as paliçadas foram utilizadas de
maneira disciplinada em formato de caixas com restos de poda para garantir a estabilização
da base.
147
O taludeamento lateral dos ramos primários foi realizado a partir da redução do
ângulo de inclinação e deposição do solo excedente no fundo dos ramos. Posteriormente,
foram instaladas paliçadas de bambu preenchidas com matéria orgânica, nas quais foram
plantadas gramíneas de rápido crescimento como bambu da região do gênero Guadua,
Pennisetum purpureum Schum. (capim-napier) e Urochloa spp. (braquiária) removidas em
tufos da manutenção das estradas vicinais.
Na montante dos ramos mais elevados foram inseridas mudas de leguminosas,
como Cajanus cajan Hunth., Mucuna pruriens Wall. ex Wight, entre outras, sob palhas de
folhas de coqueiro, assegurando a umidade e proteção das mesmas.
Adotou-se a estratégia de coletar materiais reprodutivos das espécies da
comunidade arbustivo-arbórea, que ocorrem em grande frequência na Floresta Ribeirinha
do córrego Queixada, para identificação e reprodução no viveiro de mudas. Foram
instalados poleiros de bambus em pontos estratégicos com frutas maduras como técnica de
nucleação para atrair principalmente a avifauna (Silveira et al., 2015), de maneira que
pudessem utilizar mais rotineiramente os poleiros, promovendo a dispersão de sementes
presentes nas fezes dessas aves.
Para o controle dos pipings situados na base do ramo primário junto à borda da
cabeceira principal realizou-se a sangria do mesmo, que consiste em abrir, expor e
acompanhar o duto subsuperficial até alcançar o local em que este se inicia.
Posteriormente, preencheu-se a valeta com pedras que passaram a funcionar como dreno.
Deu-se preferência por estabilizar a margem esquerda do leito principal da
boçoroca de Parede, uma vez que esta encontrava-se diretamente ligada ao remanescente
do sistema ribeirinho do córrego Queixada, onde muito provavelmente se tinha Neossolo
Quartzarênico Hidromórfico, o qual fora drenado pela instalação da boçoroca. Foi nessa
condição de base de taludes frágeis que foram construídas paliçadas de cortes e aterros, e
implantados drenos de fundo.
As mudas cultivadas em viveiro foram transferidas para os solos desnudos, bem
como realizada a semeadura das leguminosas Stizolobium aterrimum (mucuna-preta),
Canjanus cajan (feijão-guandu), Stylosanthes spp. (estilozante) e Crotalaria juncea
(crotalária), espécies nativas, pioneiras, espécies-chaves, samambaias e aráceas típicas da
região priorizando o setor de cabeceira principal para garantir estabilidade aos taludes.
148
3. Resultados e Discussão
As ações de restauração na boçoroca de Parede na Reserva do Cabaçal se
mostraram eficientes, especialmente na estabilização dos taludes como observado na
evolução dos processos desde o ano de 2010 até 2012 (Figura 1). Foi possível reproduzir e
simular o processo natural de ciclagem de nutrientes via decomposição pela deposição dos
restos de poda sobre as mudas e sementes, minimizando assim, os efeitos diretos da
radiação solar no desenvolvimento das plântulas.
Observou-se a reintegração de posse pelas espécies da fauna silvestre afugentadas
na instalação da boçoroca de Parede. Visualizou-se em campo a presença de tocas de tatu,
fezes, pegadas de mamíferos e pequenos roedores, além de movimentos de terras típicos de
pequenos furões. Isso demonstra a efetividade das ações de recuperação no que tange o
restabelecimento da conexão entre o ciclo de vida da fauna e a paisagem.
Foram encontradas várias espécies de basidiomicetos, fungos saprófitos, que
participam da decomposição de folhas, galhos, troncos e estipes. Estes desempenham papel
fundamental na ciclagem de nutrientes na natureza, tais como nitrogênio, fósforo e
potássio, principalmente no ciclo do carbono, por serem excelentes degradadores de
lignina.
É importante reiterar que os materiais utilizados nesse processo de recuperação da
boçoroca da Parede são alternativos, de diferentes tipologias e características, mas todos
são praticamente sem custo, levando-se em conta que grande parte são oriundos de podas
da sede municipal. Isso demonstra que é possível utilizar de técnicas assertivas e eficazes
na contenção de erosão em substratos sensíveis como é o caso do Neossolo Quartzarênico.
FIGURA 1. Evolução da efetividade das ações de recuperação desde 2010 a 2012 em diferentes pontos da
boçoroca de Parede, em Reserva do Cabaçal - MT.
149
4. Conclusão
Conclui-se que as ações de recuperação implementadas na boçoroca de parede na
Reserva do Cabaçal foram eficientes para conter a erosão.
5. Literatura Citada
Cuiabano, M.N.; Neves, S.M.A.S.; Nunes, M.C.M.; Serafim, M.E.; Neves, R.J.
Vulnerabilidade ambiental à erosão hídrica na sub-bacia do córrego do Guanabara/Reserva
do Cabaçal – MT, Brasil. Revista Geociências, v. 36, n. 3, p.543-556,
2017.http://www.revistageociencias.com.br/geociênciasarquivos/36/volume36_3_files/36-
3-artigo-10.pdf.
Silveira, L.P.; Souto, J.S.; Damasceno, M.M.; Mucida, D.P.; Pereira, I.M. Poleiros
artificiais e enleiramento de galhada na restauração de área degradada no semiárido da
Paraíba, Brasil. Revista Nativa, v. 3, n. 3, p. 164-170, 2015. Doi: 10.14583/2318-
7670.v03n03a03.
150
Capacidade de carga turística em trilhas do Jardim Botânico do Recife,
Pernambuco
Anderson Silva de Almeida 1, Gustavo Andrade Coelho 2, Adriano Castelo dos Santos 3,
Géssyca Fernanda de Sena Oliveira 1, Uilian do Nascimento Barbosa 2, Ana Lícia Patriota Feliciano1
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mails: andersonalmeida.asda@gmail.com,
eng.gessycasena@gmail.com, ana.feliciano@ufrpe.br, 2Jardim Botânico do Recife. E-mail:
gg_gustavo@live.com, uilianbarbosa@recife.pe.gov.br, 3Instituto Estadual de Florestas do Amapá.
E-mail: adrianocasteloeng@gmail.com.
1. Introdução
As civilizações durante séculos têm se afastado da natureza para viver em grandes
metrópoles por fatores diversos. Paralelamente a isso, no meio rural, as monoculturas
foram tomando espaço de áreas de vegetação nativa para suprir necessidades dos grandes
centros de consumo. Atualmente a humanidade vem buscando retomar o contato perdido
com a natureza, promovendo aumento do turismo em áreas naturais, sendo essas unidades,
importantes instrumentos de sensibilização ambiental (Oliveira et al., 2017).
Esse contato com ambientes naturais tem sido responsável pela diminuição do
estresse causado por poluição, trânsito e outros problemas das grandes cidades através de
atividades como caminhadas ecológicas e esportes radicais, entre outras vivências (Reis &
Queiroz, 2017).
151
Apesar da importância da conscientização durante a visitação a esses ambientes, é
necessário seguir determinações do plano de manejo, dentre elas, o respeito à capacidade
de visitação do espaço. Isso porque essas atividades de ecoturismo podem causar
degradação ao ambiente e até mesmo colocar em risco a sobrevivência de diversas formas
de vida (Teixeira & Oliveira, 2015).
Neste contexto, surge a necessidade de estabelecer estudos que abordem a
capacidade de carga que um determinado espaço pode receber. Este é um conceito comum
no turismo, onde se estabelece a relação entre visitante, espaço e tempo, isto é, o número
máximo que um local pode receber durante um período determinado de tempo, sem causar
danos (Souza, 2005)
Vários métodos são utilizados para estudos de capacidade de carga em ambientes
naturais, dentre eles, destaca-se o desenvolvido por Miguel Cifuentes. Esse método permite
calcular o número de visitantes que o espaço pode receber durante um dado período em
três níveis: capacidade de carda física (CCF), capacidade de carga efetiva (CCE) e
capacidade de carga real (CCR) (Cifuentes, 1992).
No Jardim Botânico do Recife, unidade ambiental protegida do município de
Recife, Pernambuco, de acordo com Nascimento, Martins & Barbosa (2017), a visitação
tem alcançado números acima dos 100 mil visitantes por ano. Com isso, várias de suas
trilhas tem tido problemas de compactação de solo, exposição de raízes e queda de árvores,
fatores que podem estar relacionados ao excesso de visitação no espaço. Dessa forma, este
estudo teve como objetivo calcular a capacidade de carga turística de duas trilhas da
unidade, de modo a proporcionar um plano de visitação sem riscos de provocar danos ao
espaço, bem como subsidiar informações para elaboração do plano de manejo.
2. Material e Métodos
2.1 Área de estudo
O estudo foi realizado no Jardim Botânico do Recife (JBR), criado pelo decreto
municipal 11.341 de 1º de agosto de 1979. A área está localizada em fragmento de Mata
Atlântica às margens da BR 232, km 7,5, bairro do Curado, em Recife (PE), entre as
coordenadas geográficas de 8º4' e 8º5'; 34º59' e 34º57'.
152
FIGURA 1. Mapa de localização do Jardim Botânico do Recife, Pernambuco.
2.2 Método
O método utilizado para este estudo de capacidade de carga turística foi
desenvolvido por Cifuentes (1992). Foram selecionadas duas trilhas utilizadas livremente
pelos visitantes: Trilha Livre e Bosque da Fama, com 120 m e 30 m de comprimento,
respectivamente.
Primeiramente foi calculada a capacidade de carga física (CCF), a qual define o
máximo de visitantes que o espaço pode receber em um dado período. Para tanto, foi
medido o comprimento das trilhas em metros (S), superfície ocupada por um visitante
(SP), convencionada a 1m2; tempo aberto para visitação (Hv), 7 horas/dia para as trilhas;
tempo de visitação da trilha em horas (Tv), sendo respectivamente em média: 0,33h e
0,25h.
Em seguida, calculada a capacidade de carga real (CCR), pela fórmula: CCR=
CCF x (Fator de correção1 x Fator de correção2 x ...). Os fatores de correção selecionados
foram: Erodibilidade (FCero); Alagamento (FCal); Precipitação (FCprec); Fator de
153
Fechamento Eventual (FCeven). Os cálculos de cada fator foram efetuados a partir da
seguinte fórmula FC=1- (MI/Mt), em que: FC= fator de correção; MI= magnitude
limitante; Mt= magnitude total. Vale salientar que existem outros fatores que podem ser
considerados, mas para a realidade do local, esses foram os selecionados.
Por último, calculada a capacidade de carga efetiva (CCE), a qual demonstra o
máximo de visitação que o local pode receber por dia. Esse cálculo é efetuado a partir da
fórmula CCE=CCR x CM, em que: CCE= capacidade de carga efetiva; CCR= capacidade
de carga real; CM= capacidade de manejo. A capacidade de manejo leva em consideração
diversas questões de gestão que impossibilitam o funcionamento em 100% da capacidade,
tais como pessoal, infraestrutura e equipamentos, convencionada em 75%, dentro do limite
medianamente satisfatório estabelecido por Cifuentes (1999).
3. Resultados e Discussão
TABELA 1. Dados de fatores de correção e capacidade de carga em trilhas no Jardim Botânico do Recife
Pernambuco.
FCero=0,08 47
visitantes/dia
Livre 120 m 2.545 FCal=0,66 FC even=0,84 63 visitantes/dia
FCero=0,16 7
Bosque FCprec=0,56
da fama 30m 840 FCal= 0,16 10 visitantes/dia visitantes/dia
154
4. Conclusão
A metodologia adotada foi eficiente, tendo sido atingido o objetivo inicial na
obtenção do número máximo de visitantes por dia para as trilhas Livre (47 visitantes) e
Bosque da Fama (07 visitantes). Sugere-se que a gestão da unidade protegida reconsidere a
forma de utilização de seus espaços por visitantes, respeitando a capacidade de carga
turística, garantindo o direito de uso por futuras gerações.
5. Literatura Citada
Barbosa, U. N. Aspectos ecológicos e influência de Artocarpus heterophyllus Lam. na
estrutura do componente arbóreo de fragmento florestal urbano, Recife, PE. 2016. 79f.
(Dissertação) (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Federal Rural de Pernambuco,
Recife.
Cifuentes et. al. Capacidad de carga turística de las áreas de uso público del Monumento
Nacional Guayabo, Costa Rica, 1999. 60p.
Nascimento, L. M.; Oliveira, A. M.; Barbosa, U. N. Aspectos históricos e de gestão do
Jardim Botânico do Recife, Pernambuco. Arrudea. v. 3, p. 51-75, 2017.
Oliveira, J.; Nóbrega, W. Sonaglio, K. Turismo e planejamento participativo em áreas
naturais protegidas: O caso do Parque Estadual dos Mangues do Potengi – RN. Revista
Turismo & Desenvolvimento. n. 27/28, p. 611-627, 2017.
Reis, A. F.; Queiroz, O. T. M. M. Visitação no parque estadual da Cantareira (PEC):
Reflexões sobre o uso recreativo de uma unidade de conservação (UC). Revista de
Turismo Contemporâneo. Natal, v. 5, n. 1, p. 42-60, jan/jun, 2017.
Souza, M. C. Ecoturismo de mínimo impacto. 2005. Especialização (Pós-graduação em
Ecoturismo: interpretação e planejamento de atividades em áreas naturais) - Universidade
Federal de Lavras, Lavras.
155
Caracterização climática de áreas com Ligustrum lucidum W. T. Aiton a nível
mundial
1. Introdução
Nativo da porção sul-asiática, Ligustrum lucidum W. T. Aiton foi introduzido em
diversos continentes com a finalidade ornamental (Grin, 2017; Moser et al., 2017). Devido ao
seu rápido crescimento, grande número de sementes e tolerância a áreas tanto úmidas e
sombreadas, quanto secas e expostas ao sol (South Coast Weeds, 2017; Weber, 2017) foi capaz
de se estabelecer e expandir sua população, tornando-se altamente invasor ao redor do mundo.
A explicação dos padrões de distribuição das espécies faz parte dos paradigmas centrais
da ecologia (Pickett et al., 1994). Normalmente, a ocorrência das espécies está muito relacionada
ao clima e, de maneira geral, acredita-se que áreas mais semelhantes à original são locais mais
propícios para novas invasões (Richardson & Thuiller, 2007; Guisan et al., 2014). Devido a
importância de estudos climáticos para auxiliar a modelagem de predição de áreas potenciais de
invasão, o objetivo desse trabalho foi caracterizar climaticamente as áreas com ocorrência de
Ligustrum lucidum, a fim de verificar se as condições climáticas da área de ocorrência natural se
assemelham as das áreas invadidas.
156
2. Material e Métodos
2.1 Obtenção dos dados de ocorrência da espécie e dados climáticos
Os dados de distribuição de ocorrência de L. lucidum foram obtidos a partir de pontos
georreferenciados disponíveis no banco de dados on line Global Biodiversity Information
Facility. Já os dados climáticos foram extraídos do banco de dados WorldClim, na resolução de
10 minutos (~20 km). Foram utilizados a altitude e 19 variáveis climáticas (bio 1: temperatura
média anual; bio 2: média da amplitude térmica diária; bio 3: isotermalidade; bio 4: sazonalidade
térmica; bio 5: temperatura máxima no mês mais quente; bio 6: temperatura mínima no mês
mais frio; bio 7: amplitude térmica anual; bio 8: temperatura média no trimestre mais úmido; bio
9: temperatura média no trimestre mais seco; bio 10: temperatura média no trimestre mais
quente; bio 11: temperatura média no trimestre mais frio; bio 12: precipitação anual; bio 13:
precipitação no mês mais úmido; bio 14: precipitação no mês mais seco; bio 15: sazonalidade da
precipitação; bio 16: precipitação no trimestre mais úmido; bio 17: precipitação no trimestre
mais seco; bio 18: precipitação no trimestre mais quente; bio 19: precipitação no trimestre mais
frio).
3. Resultados e Discussão
A ocorrência de Ligustrum lucidum foi associada a três grupos climáticos distintos, sendo
que, de forma geral, a área de ocorrência natural difere das áreas invadidas (Figura 1A). Foi
possível observar a distribuição cosmopolita da espécie, em quase todos os continentes (Figura
1B). Segundo Pier (2016), a espécie invade uma ampla gama de hábitats, desde florestas nativas,
157
pradarias, até locais próximos a cursos d'água.
FIGURA 1. Agrupamento das áreas de ocorrência natural (azul) e exótica (vermelho e verde) de Ligustrum lucidum,
em função das variáveis climáticas (A). Grupos climáticos em escala global (B).
A B
A ordenação das áreas com L. lucidum explicou 57,35% da variação total dos dados (eixo
1 = 31,74%; eixo 2 = 25,61%). As variáveis climáticas que apresentaram maior correlação com
o primeiro eixo foram bio 7, bio 4 e bio 19 e com eixo 2 bio 2, 12 e 16 (Figura 2).
FIGURA 2. Ordenação das áreas com L. Lucidum por meio de Análise de Componentes Principais, com a indicação
das variáveis climáticas e altitude para a formação dos agrupamentos (azul = predominantemente área em que L.
lucidum ocorre como nativa; vermelho e verde = área de ocorrência exótica).
158
Localizada predominantemente a esquerda da ordenação, a área de ocorrência natural se
caracteriza por apresentar maior amplitude e sazonalidade da temperatura anual, como também
invernos mais secos. As áreas invadidas apresentam: i) locais de maior precipitação e menor
amplitude da temperatura diária (principalmente Brasil, México e sudeste Australiano - litoral) e
ii) áreas menos úmidas e com maior amplitude da temperatura diária (especialmente Europa,
EUA e sudeste Australiano – interior).
Estudos de Aragón & Groom (2003) e Guilhermetti et al. (2013) confirmam que L.
lucidum, embora colonize, principalmente, ambientes úmidos e degradados, apresenta tolerância
ao sombreamento e às baixas temperaturas, como também facilidade na dispersão e alta taxa de
germinação de suas sementes, o que lhe confere facilidade de invasão nas mais variadas
condições.
4. Conclusão
Conclui-se que Ligustrum lucidum apresenta ocorrência em áreas climaticamente
diferentes. A eficiência da espécie em se estabelecer em novas condições refuta o conceito de
que as invasões ocorrem somente entre climas semelhantes.
5. Literatura Citada
Aragón, R.; Groom, M. Invasion by Ligustrum lucidum (Oleaceae) in NW Argentina: early stage
charactesistics in different habitat types. Revista Biología Tropical, v.51, n.1, p.59-70, 2003.
159
https://revistas.ucr.ac.cr/index.php/rbt/article/viewFile/15635/14989 25 Abr de 2018.
Grin. Germplasm Resources Information Network. United States Department of Agriculture,
Agricultural Research Service, National Germplasm Resources Laboratory, Beltsville, MD.
http://www.ars-grin.gov 25 Abr de 2018.
Guilhermetti, G.C.; Vogel, G.F.; Martinkoski, L.; Mokochinski, F. M. Aspectos da distribuição
de Ligustrum lucidum W.T.Aiton em diferentes ecossistemas: revisão bibliográfica. Rev Verde
Agroecol Desenvolv Sustent, v. 8, p. 171–176, 2013.
http://gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/view/2666 26 Abr de 2018.
Guisan, A.; Petitpierre, B.; Broennimann, O. Unifying niche shift studies: insights from
biological invasions. Trends Ecol Evol, v. 29, p. 260–269, 2014. https://doi:
10.1016/j.tree.2014.02.009 http://dx.doi.org/10.1191/0309133306pp490pr.
Moser, P.; Silva, A.C., Higuchi, P.; Schmitz, V. Inventário da arborização e distribuição de
praças-jardim em bairros centrais e periféricos de um município no sul do Brasil. Revista
Espacios, v. 38, n. 38, p. 21-31, 2017.
http://www.revistaespacios.com/a17v38n38/a17v38n38p21.pdf 25 Abr. 2018
Pickett, S. T.; Kolasa, A. J.; Jones, C. G. Ecological understanding: the nature of theory and the
theory of nature. Academic Press: New York, ed.1, 1994.
Pier. Pacific Island Ecosystems at Risk. Honolulu, USA: HEAR, University of Hawaii.
http://www.hear.org/pier/index.html 29 Abr de 2018.
R development core team. r: A language and environment for statistical computing. R Foundation
for Statistical Computing, Vienna. http://www.Rproject.org 01 Abr. 2018.
Richardson, D.M.; Thuiller, W. Home away from home — objective mapping of high‐ risk
source areas for plant introductions. Diversity and distributions, v.13, n.3, p.299-312, 2007.
http://doi.org/10.1111/j.1472-4642.2007.00337.x 29 Abr de 2018
South Coast Weeds. Eurobodalla Shire Council. Description, habitats, dispersal, management
information, and look-alike plants.
http://www.esc.nsw.gov.au/Weeds/Sheets/trees/T%20Privets.htm. Abr. de 2018.
Weber, E. Invasive plant species of the world: a reference guide to environmental weeds. CABI:
Boston, ed. 2, 2017. 595p.
160
Caracterização dendrométrica de uma população de Swietenia
macrophylla King em fragmento urbano da cidade de Marabá/PA
Maila Janaína Coêlho de Souza1, Renildo Medeiros da Silva2, Jaquelyne Rosa Silva2, Gleidson
Ribeiro da Silva2, Karem Santos da Silva 2, Fernanda da Silva Mendes 2
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. E-mail: mailajcsouza@gmail.com;
2
Universidade do Estado do Pará. E-mails: renildomedeiros14@hotmail.com,
jakyrosa19@gmail.com, gleidsonribeiro_1989@hotmail.com, karem_s.silva@hotmail.com,
mendes.fsm@gmail.com
1. Introdução
No Brasil há uma infinidade de espécies florestais nativas exploradas em larga
escala, como o mogno (Swietenia macrophylla King, Meliaceae). Sua ocorrência estende-
se pelo México, América Central, Amazônia Brasileira e Boliviana (Barros & Veríssimo,
2002). De acordo com Meliaceae (2018), é uma árvore de substrato terrícola, nativa, porém
não é endêmica do Brasil, estando distribuídas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
É uma espécie intermediária na escala de sucessão (Teixeira et al., 2013), não reagem bem
em áreas sombreadas e com competição no nível radicular, se desenvolvendo melhor em
ambientes abertos, como áreas queimadas e clareiras sendo indicada para a regeneração
161
artificial (Costa et al., 2013).
O mogno apresenta um alto valor comercial em todo o mundo, cujo valor agregado
a madeira se dá devido as suas características estéticas e tecnológicas. Sua madeira é de
resistência moderada ao apodrecimento e alta resistência contra o ataque de cupins de
madeira seca, além de ser de fácil trabalhabilidade e possuir estabilidade dimensional
(Barros & Veríssimo, 2002; Carvalho, 2007; Souza et al., 2010).
Este estudo propõe-se inventariar a área referente à antiga Praça do Mogno, no
município de Marabá/PA, dando relevância aos indivíduos da espécie Swietenia
macrophylla presentes no local, fornecendo características dendrométricas e fitossanitárias
do povoamento.
2. Material e Métodos
O trabalho foi realizado na antiga Praça do Mogno, uma área de 4.000 m² no município de
Marabá-Pará. A praça foi fundada em 1972, mas os indivíduos de S. macrophylla só foram plantados
em 1974, a área foi desativada em 2001 e desde então a mesma não possui manutenção, somente
capinas esporádicas. O estudo foi realizado no ano de 2014, e primeiramente, foi realizada uma
entrevista com o funcionário Ismaelino Costa do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária), órgão responsável pela fundação da praça. Posteriormente foi realizado um censo
no local, onde se obteve dados em relação ao DAP, diâmetro a altura do peito, das árvores (1,30 m
acima do solo), altura da primeira bifurcação (Hb) e altura total dos indivíduos (HT), e presença de
insetos, principalmente Hypsipyla grandella Zeller. Os dados obtidos foram tabelados, calculadas as
médias para as variáveis referentes a área basal, altura e diâmetro médio, bem como os seus valores
máximos e mínimos e realizada a distribuição diamétrica dos indivíduos, com amplitude de classes
de 5 cm.
3. Resultados e Discussão
A partir do censo in loco realizado constatou-se que a área possui 38 indivíduos de
S. macrophylla, dos quais 23,68% apresentaram algum tipo de dano, podridão, presença de
cipós e /ou insetos. Também foram observadas bifurcações precoces de fuste em todos os
indivíduos.
A altura total média dos indivíduos é 16 m ± 1,88 (HTmínima= 9,5 m; HTmáxima= 19
m), diâmetro médio de 55,29 cm ± 12,59 (DAPmínimo= 24,51 cm; e DAPmáximo= 82,67 cm)
162
e área basal de 95,84 m².ha-1. A altura total da árvore pode alcançar em média de 30 a 40
metros, com circunferências de 3 a 4 m (Rastogi & Mehrotra, 1990), sendo a altura
encontrada considerada baixa. Além disso, a altura tende a não sofrer alterações
consideráveis dos valores, pois o plantio foi realizado em um fragmento urbano, em uma
área aberta, com espaçamento amplo que não proporcionava competição entre os
indivíduos, sem tratamentos silviculturais, além do ataque constante de insetos. A altura
média da primeira bifurcação dos indivíduos foi de 2,75 m ± 0,55 (Hbmínima= 1,8 m; e
Hbmáxima= 4,2 m), a bifurcação diminui o valor comercial da árvore e essa bifurcação pode
estar associada ao ataque da mariposa à gema apical das árvores.
Embora sejam desenvolvidas pesquisas constantes sobre a espécie, sua implantação
em plantios homogêneos não é viável devido a ataques da mariposa Hypsipyla grandella
(Lepidoptera: Pyralidae), originando uma barreira para o estabelecimento comercial de
plantios da espécie (Degen et al., 2013). Observou-se a ocorrência de mariposas na área,
sendo as características de altura e diâmetro supracitadas associadas também à incidência
da mesma, com o ataque da gema apical dos indivíduos, comprometendo o
desenvolvimento do vegetal, pois o ataque do inseto ocasiona bifurcações, nós,
tortuosidades prejudicando ainda o desenvolvimento completo da altura da árvore. O
ataque também pode ocorrer na raiz do vegetal, nesse caso podendo levar a morte (Castro
et al., 2016), o que não foi analisado no presente estudo.
Silva et al. (2013) defendem o consórcio entre espécies como forma de prevenção ao
ataque da H. grandella. O plantio da espécie Azadirachta indica A. Juss (Meliaceae),
popularmente conhecida como nim, no consórcio com S. macrophylla é sugerido, pois a
mesma possui barreiras naturais de proteção contra a mariposa. No referido estudo, a
barreira não foi capaz de evitar os ataques da H. grandella, entretanto não houve
ocorrências de ataques à S. macrophylla no primeiro ano de plantio. Logo, A. indica
retardou e consequentemente minimizou o ataque à plantação.
Quanto a distribuição diamétrica, na Figura 1 observa-se que 26,30% dos
indivíduos situam-se num intervalo de 50-55 cm de diâmetro e 42% dos indivíduos
apresentam diâmetro superior a 55 cm. O diâmetro do povoamento é baixo, pois a
população é jovem. A distribuição tende à normal, com variações que se devem à idade e
ao local de plantio, classificando a área como semelhante ao que ocorre em plantios
163
equiâneos.
FIGURA 1. Gráfico da distribuição por classe diamétrica dos indivíduos de S. macrophylla encontrados na
Praça do Mogno.
12
10
Frequência (nº)
4. Conclusão
A área estudada apresentou um povoamento jovem da espécie S. macrophylla, com
médias de alturas e diâmetros abaixo dos esperados. Foi identificada na maioria indivíduos
a danos causados por H. grandella, contribuindo para a bifurcação nas árvores. Além
disso, foram observados algum tipo de dano, podridão, presença e/ou insetos em pelo
menos 25% dos indivíduos analisados.
Os resultados quanto a distribuição diamétrica foram semelhantes ao observados
em plantios equiâneos. Os valores de área basal, altura média e variação diamétrica
denotaram um fragmento florestal em processo de estruturação.
O desenvolvimento do fragmento em área urbana aberta contribuiu para
estabilização em altura dos indivíduos.
5. Agradecimentos
À Fundação de Apoio à Pesquisa no Rio Grande do Norte/Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Fapern/Capes), pelo auxílio financeiro.
6. Literatura Citada
164
Barros, A.C.; Veríssimo, A. A expansão madeireira na Amazônia: impactos e perspectivas
para o desenvolvimento sustentável no Pará. Belém: Imazon, ed.2, 2002. 166p.
Carvalho, P.E.R. Mogno: Swietenia macrophylla, Embrapa, Circular Técnico, n.140, 2007.
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/313906/1/Circular140.pdf.
12 Mar. 2018.
Castro, M.T.; Montalvão, S.C.L.; Monnerat, R.G. Breeding and biology of Hypsipyla
grandella Zeller (Lepidoptera: Pyralidae) fed with mahogany seeds (Swietenia
macrophylla King). Journal of Asia-Pacific Entomology, v.19, n.1, p.217-221, 2016.
https://doi.org/10.1016/j.aspen.2016.01.008.
Costa, J.R.; Morais, R.R.; Campos, L.S. Cultivo e manejo do mogno (Swietenia
macrophylla King). Embrapa Amazônia Ocidental-Documentos (INFOTECA-E), 2013.
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1007849/1/Doc114A5.pdf. 10 Mar.
2018.
Degen, B.; Ward, S.E.; Lemes, M.R.; Navarro, C.; Cavers, S.; Sebbenn, A. M. Verifying
the geographic origin of mahogany (Swietenia macrophylla King) with DNA-
fingerprints. Forensic Science International: Genetics, v.7, n.1, p.55-62, 2013.
https://doi.org/10.1016/j.fsigen.2012.06.003.
Meliaceae in: Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB23803. 17 Mar. 2018.
Rastogi, R.P.; Mehrotra, B. Compendium of Indian Medicinal Plants. Central Drug
Research Institute: New Delhi, India, 1990. 397p.
Silva, M.C.A.; Rosa, L.S.; Vieira, T.A. Eficiência do nim (Azadirachta indica A. Juss)
como barreira natural ao ataque de Hypsipyla grandella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae),
sobre o mogno (Swietenia macrophylla King). Acta Amazônica. v.43, n.1, p.19-24, 2013.
http://dx.doi.org/10.1590/S0044-59672013000100003.
Souza, C.A.S.; Tucci, C.A. F.; Silva, J.F.; Ribeiro, W. O. Exigências nutricionais e
crescimento de plantas de mogno (Swietenia macrophylla King.) Acta Amazonica, v.40,
n.3, p.515-522, 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S0044-59672010000300010.
Teixeira, W.F.; Fagan, E.B.; Silva, J.O.; Silva, P.G.; Silva, F.H.; Sousa, M.C.; Canedo,
S.C. Atividade da enzima nitrato redutase e crescimento de Swietenia macrophylla King
165
sob efeito de sombreamento. Floresta e Ambiente, v.20, n.1, p.91-98, 2013.
http://dx.doi.org/10.4322/floram.2012.068.
166
Chuva de sementes em duas áreas com diferentes níveis de antropização
Janaína Costa Chaves Silva¹, Alisson de Santana Silva², Cassandra Mendonça de Oliveira³, Cilene
dos Santos4, Dêniver Dehuel Souza de Oliveira5, Milton Marques Fernandes6
¹Universidade Federal de Sergipe (nanna.ccs@gmail.com), ²Universidade Federal de Sergipe
(alisson.santanasilva@hotmail.com), ³Universidade Federal de Sergipe
(cassandramoliveira@gmail.com), 4Universidade Federal de Sergipe (ciforest@hotmail.com),
5
Universidade Federal de Sergipe (deniverddso@hotmail.com), 6Universidade Federal de Sergipe
(miltonmf@gmail.com)
1. Introdução
Em virtude do intenso desmatamento da Mata Atlântica, a mesma se encontra
dividida em fragmentos remanescentes. A fragmentação florestal é considerada uma das
razões predominantes das modificações na estrutura e paisagem das florestas, essa redução
na área original ocasiona a diminuição da biodiversidade, reduzindo a estabilidade e a
eficácia do ecossistema de restabelecer o equilíbrio diante de alguma perturbação (Sartori,
2010).
Uma das garantias do êxito para recuperar áreas de fragmentos degradados, como
os fragmentos remanescentes da Mata Atlântica, é avaliar a chuva de sementes pois irá
permitir identificar em qual estágio de sucessão encontra-se a floresta e qual sua
capacidade de regeneração, sendo a mesma considerada um bioindicador quantitativo
vegetativo (Martins, 2013). Sendo assim, a chuva de sementes apresenta grande capacidade
para manter a regeneração das espécies florestais (Avila et al., 2013). Por meio da chuva de
sementes forma-se o banco de sementes no solo que coopera diretamente com a
167
restauração florestal através da avaliação de sementes viáveis no solo, visto que essas
sementes viáveis germinarão substituindo dessa forma as plantas que morrem ou são
derrubadas nos fragmentos florestais (Calegari et al., 2013).
Para a floresta apresentar boa regeneração natural a chuva de sementes deve possuir
um grande número de sementes de diferentes espécies e pertencentes aos grupos
ecológicos que fazem parte do início e também os que fazem parte do final da sucessão
(Martins, 2013). Diante disso, este trabalho teve como objetivo a caracterização da chuva
de sementes de duas áreas presentes em uma Floresta Ombrófila Semidecidual, com
diferentes níveis de antropização como indicadores do status sucessional.
2. Material e Métodos
168
de Sergipe (ASE). Os táxons foram classificados em nível de família, gênero e quando
possível espécie utilizando o sistema de classificação Angiosperm Phylogeny Group III
(APG III, 2009). Foram também classificadas de acordo com a síndrome de dispersão,
podendo ser caracterizadas em zoocóricas (dispersão por animais), anemocóricas
(dispersão pelo vento) e autocóricas (dispersão por explosão ou gravidade). Para isso, foi
utilizada a classificação de Leendert (1982).
3. Resultados e Discussão
169
Miranda Neto et al. (2014) também observaram maior proporção de zoocoria em um
reflorestamento com 40 anos, indicando avanço no processo sucessional.
A dispersão anemocórica apresentou maior percentual na área aberta em
comparação a área fechada, demonstrando que a área aberta apresenta um estágio
sucessional menos avançado que a área fechada. A dispersão autocórica obteve um baixo
percentual nas duas áreas, sendo os percentuais próximos nas duas áreas.
Figura 1. Síndromes de dispersão encontradas nas áreas de estudo.
4. Conclusão
A área fechada obteve uma maior produção de sementes e uma maior proporção de
síndrome de dispersão zoocorica que a área aberta, indicando um status sucessional mais avançado.
Entretanto as duas áreas apresentam alto percentual de dispersão zoocórica, demonstrando bom
estado de conservação.
5. Literatura Citada
Almeida Junior, P.A.; Barbosa, J.M. Chuva de sementes em fragmentos de mata atlântica
do Parque Estadual da Cantareira, Mairiporã (SP). Acta Biológica Catarinense, v.2, n.2,
p.73-86, 2015. http://dx.doi.org/10.21726/abc.v2i2.215.
APG III. An update of the Angiosperm phylogeny Group classification for the orders and
families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v.161, n.2,
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Avila, A.L.D; Araujo, M.M.; Gasparin, E.; Longhi, S.J. Mecanismos de regeneração natura
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171
Classificação supervisionada do uso e cobertura do solo do município de
Garanhuns – PE, Brasil, utilizando imagens Landsat – 8
José Jorge Monteiro Junior1, Joselane Príscila Gomes da Silva 2, Emanuel Araújo Silva3
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (josejorgemonteirojunior@gmail.com),
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco (joselane.gomess@gmail.com),
3
Universidade Federal Rural de Pernambuco (emanuel.ufrpe@gmail.com)
1. Introdução
A Classificação supervisionada do uso e cobertura do solo ou Classificação Digital
de Imagens - CDI, é utilizada para o mapeamento do uso e da cobertura da terra por
métodos de vetorização, que é quando se rotula um pixel da imagem, atribuindo a ele uma
classe, que identifica como aquela porção do território é usada (Almeida et al., 2018).
Mapas de uso do solo podem ser confeccionados, servindo como ferramenta
necessária, e, de vital importância na formulação de diversos zoneamentos como os
ambientais, agroflorestais e urbanos. E com o mapeamento da área, facilita-se a
identificação de diversas áreas, preservadas, ocupadas ou áreas exploradas de forma
inadequada e, com sua localização precisa, promove a tomada de decisões pelos órgãos
competentes encarregados da fiscalização (Batista, 2017).
172
Incrementando as informações que fomentam e garantem a manutenção ambiental e
ainda, pode monitorar os possíveis impactos ambientais proveniente de exploração ilegal e
crescimento urbano, ajudando na tomada de decisão, tanto em escala municipal, regional e
até mesmo global ( Santos Paz & Vieira, 2018).
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o uso e ocupação do solo do município de
Garanhuns – PE através de técnicas de segmentação de imagens e classificação por região,
utilizando imagem do satélite Landsat - 8/OLI, com o auxílio do software SPRING 5.1.4.
2. Material e Métodos
3. Resultados e Discussão
173
Por meio da análise da imagem de satélite LANDSAT – 8 /OLI, as classes
estabelecidas puderam ser classificadas, a figura 1 representa o mapa do uso e cobertura do
solo no município de Garanhuns.
FIGURA 1- Mapa de uso e classificação do solo no município de Garanhuns – PE, Brasil.
Verificou-se que as áreas classificadas como solo exposto juntamente com a classe
vegetação rasteira possuem os maiores valores de uso do solo no município em estudo
(Figura 2).
A área constituída de solo exposto está relacionada a regiões onde se tem
desenvolvido a pecuária e áreas agrícolas com os principais produtos de cultura
permanente: manga, café e abacate; e culturas temporárias destacam- se a mandioca, feijão
e o tomate, e ainda frutas e hortaliças de menor expressão na região que, no entanto, ocupa
vasta área do município através da atividade de policultura (IBGE, 2015).
FIGURA 2- Dados quantitativos (em hectares -ha) e sua respectiva representação pela imagem do satélite
Landsat – 8, para cada classe estabelecida
174
.
4. Conclusão
A classificação supervisionada do uso e cobertura do solo para o município de
Garanhuns e a metodologia adotada apresentou-se satisfatória com os dados reais na
classificação das classes temáticas apontadas, dessa forma, os resultados podem servir de
instrumento para estudos e futuros diagnósticos de impactos ambientais no município,
subsidiando a tomada de decisões na administração municipal.
5. Literatura Citada
175
Almeida, R.T.S. Moreira, A.N.H. Griebeler, N.P. Sousa, S.B. Influência dos dados e
métodos no mapeamento do uso e da cobertura da terra. Raega - O Espaço Geográfico em
Análise, v.43, p.7-22, 2018. https://revistas.ufpr.br/raega/article/view/48164 23 abr. 2018.
Batista, V.G.P. Uso e cobertura do solo na bacia do Alto Rio Preto: análise do mapeamento
histórico das mudanças nas áreas de Preservação Permanente em Unidade de Conservação
Ambiental, área de uso militar e urbano-rural entre 1970 a 2016. 2017.85 f., il. Dissertação
(Mestrado em Geografia)Universidade de Brasília, Brasília.
Santos Paz, J.P.; Vieira, C.V. Evolução do uso e cobertura do solo no município de São
Francisco do Sul - Estado de Santa Catarina. Boletim Paranaense de Geociências, v. 74,
2018. doi:http://dx.doi.org/10.5380/geo.v74i1.50945. 15 abr. 2018.
176
Classificação supervisionada quanto à vegetação no município de
Piranhas – AL
Rayane Mireli Silva Gomes¹, Carlos Roberto de Lima², Isabelly Meg Freitas do Nascimento³,
Emanuel Araújo Silva4
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco – rayanems.gomes@gmail.com; ²Universidade Federal
Rural de Pernambuco – crlima00@gmail.com; 3Universidade Federal Rural de Pernambuco –
megengflorestal@gmail.com; 4Universidade Federal Rural de Pernambuco –
emanuel.ufrpe@gmail.com
Introdução
Segundo Lillesand e Kiefer (1994) o sensoriamento remoto é a ciência e a arte de
obter informação sobre um objeto (alvo), área ou fenômeno através da análise de dados
adquiridos por um dispositivo (sensor) que não está em contato direto com o objeto, área
ou fenômeno sob investigação. A obtenção desses dados depende de satélites, com
sensores específicos que ficam em órbita ao redor da Terra, que coletam imagens, onde é
possível fazer download e o processamento das imagens através de um SIG (Sistema de
Informação Geográfica, ou GIS, Geographic Information System).
A Caatinga é o bioma exclusivamente brasileiro. Localizada na região nordeste do
país, ocupa área de aproximadamente 845.000 km², o que representa cerca de 11% do
território nacional e se estende por grande parte da região Nordeste e Norte de Minas
Gerais (MMA 2009). Com índices pluviométricos baixos, entre 300 e 800 milímetros por
1
177
ano, a Caatinga apresenta uma variedade de paisagens únicas, onde se destacam as lagoas
ou áreas úmidas temporárias, os refúgios montanhosos e os rios permanentes como o São
Francisco. A savana estépica é um tipo de vegetação conhecida pela presença de cactáceas,
árvores baixas e arbustos que na maioria das espécies, perdem as folhas durante o período
seco (MMA, 2009).
Situado no sertão alagoano, banhado pelo Rio São Francisco, de acordo com a
classificação de Köppen e Geiger, Piranhas possui clima classificado como BSh, que é um
clima semiárido quente (EMBRAPA). Piranhas tem um grande potencial turístico, às
margens do Rio São Francisco que a separa do município de Canindé de São Francisco no
estado de Sergipe, a cidade possui muitos pontos turísticos, como museus, o centro
histórico, passeios para os Cânions do São Francisco, Rota do Cangaço, passeios de
helicópteros sobrevoando a região, a Usina Hidrelétrica de Xingó, entre outros (Silva, et al.
2012). O software utilizado para a realização deste trabalho foi o QGIS 2.18.16.
O objetivo deste presente trabalho foi fazer um levantamento referente às áreas de
vegetação (arbórea, herbácea e áreas de savana estépica).
2. Metodologia
2.1 Obtenção das imagens e software
Foram feitos downloads de duas imagens referentes aos anos de 2014 e 2017,
ambos referentes ao mês de dezembro, do site earthexplorer.usgs.gov/, do satélite LandSat
do sensor Collection 1 Level 1. O software utilizado foi o QGIS versão 2.18.16, baixado
gratuitamente.
2
178
Estatística Por Zona e posterior plug-in Group Stats o cálculo da quantidade de pixels de
cada classe e o total de pixels do município, que possibilitou calcular em porcentagem
quanto cada classe representa do município
3. Resultados e Discussão
A partir da classificação supervisionada de Piranhas, foram obtidos valores em
porcentagem dos três tipos de vegetação: florestas, vegetação herbácea e savana estépica.
Os resultados encontram-se nas figuras 1 e 2 abaixo:
3
179
Com base nas informações citadas nos gráficos acima, é possível notar um
acréscimo de 15,44% de áreas de vegetação arbórea, enquanto que nas áreas de vegetação
rasteira e savana estépica ouve redução de 6,31% e 19,13%, respectivamente. Quando
analisados os dados pluviométricos de 2014 e 2017, nota-se que, além de 2017 ter sido um
ano com pluviosidade superior a de 2014 (406,9 mm em 2014 e 452,8 mm em 2017) as
chuvas foram melhores distribuídas, fator influenciador da alta da vegetação tipo floresta,
como representado na figura 5. Em azul a precipitação de 2017 e em laranja a de 2014.
FIGURA 5: Gráfico das precipitações de 2014 em laranja e 2017 em azul.
4. Conclusão
Baseando-se nos resultados obtidos com a classificação supervisionada do
município de Piranhas, conclui-se que o cenário, quanto à vegetação, pode mudar
significativamente de um período para outro, dependendo das condições climáticas da
região. Nos meses de novembro e dezembro de 2017 houve mais chuva na região do
que em 2014, além da estação chuvosa ser de maior volume em 2017 e melhor
distribuídas. Agosto, que é um dos meses mais secos, em 2017 houve precipitação de
42,3 mm e em setembro 80,5 mm prolongando a estação chuvosa, e resultando em
maior área de cobertura por espécies arbóreas ainda em dezembro.
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Silva, C. R., Lira, C. P., Oliveira, J. F. Análise-Diagnóstico de potencialidade turísticas e
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SEMARH. A Perspectiva De Chuvas Abaixo Da Média Para O Leste Do Nordeste Do
Brasil Se Mantém, Incluindo Todo Estado De Alagoas. Boletim Informativo das condições
climáticas do Estado de Alagoas – Maceió, abril de 2017 – Ano I Nº 03.
Souza, R. B. Sensoriamento Remoto: Conceitos fundamentais e plataformas. IV CEOS
WGEdu Workshop. Santa Maria, RS, Brasil. March 29-31,2010
5
181
Composição florística e estrutura horizontal de um fragmento de
Floresta Tropical úmida urbana
Adão Batista de Araújo 1, Djailson Silva da Costa Júnior1, Yana Souza Lopes1, Paullyne Charllotte
Gonçalves Celestino1, Anália Carmem Silva de Almeida1, Lúcia de Fatima de Carvalho Chaves1
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. E-mails: adao.b@hotmail.com,
djailson_junior@hotmail.com, yanalopes0618@gmail.com, paullyne89@hotmail.com,
analia.almeida@ufrpe.br, lucia.chaves@ufrpe.br
RESUMO: o objetivo deste trabalho foi avaliar a composição e estrutura das espécies
arbustivas e arbóreas de um fragmento de Floresta Tropical úmida urbana. O estudo foi
realizado no Jardim Botânico do Recife/PE. Por meio de amostragem inteiramente
aleatória, foram instaladas 10 parcelas, com dimensões 5 x 5 m, em que foram incluídos
na amostra todos os indivíduos com altura igual ou superior a 1,0 m e que apresentassem
circunferência a altura do peito menor ou igual a 15 cm, sendo posteriormente
identificados. Os indivíduos que atendessem aos critérios de inclusão tiveram medidas sua
circunferência ao nível da base (CAB) e a altura total. A composição florística foi
avaliada pela distribuição dos indivíduos em suas respectivas espécies e famílias, bem
como, por meio do índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’). Os parâmetros
fitossociológicos analisados foram a Densidade, Frequência, Dominância e o Valor de
Importância (VI). Foram contabilizados 312 indivíduos, pertencentes a 20 famílias e 40
espécies. As famílias que apresentaram a maior riqueza de espécies foram Fabaceae,
Moraceae, Rubiaceae e Sapindaceae. O índice de diversidade de Shannon (H’) foi de 2,90
nats.ind.-1.
1. Introdução
Compreender a complexidade dos ecossistemas da Mata Atlântica é essencial para
que se possam subsidiar ações que visem o desenvolvimento de estratégias de conservação
e manejo desses ambientes (Lopes et al., 2016).
Levantamentos fitossociológicos são amplamente utilizados para o monitoramento
da regeneração natural, consistindo na obtenção de informações qualitativas e quantitativas
das espécies presentes na área e estratificação vegetal, de modo a fornecer subsídios para
estudos relacionados à preservação e recuperação de áreas (Chaves et al., 2013). Uma
maneira efetiva de se estimar o estado de conservação e manutenção de uma floresta é por
meio da caracterização de parâmetros estruturais, a fim de se representar toda a floresta
(Lopes, 2011).
182
Diante desta temática, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a composição e
estrutura das espécies arbustivas e arbóreas, em unidades amostrais permanentes, alocadas
em um fragmento florestal urbano, localizado no município de Recife/PE.
2. Material e Métodos
O presente estudo foi realizado no Jardim Botânico do Recife (JBR), nas
coordenadas 08º04’34,57’’ S e 34º58’00,03’’ W, no ano de 2017. Por meio de
Amostragem Inteiramente Aleatória, foram instaladas 10 parcelas, com dimensões 5 x 5 m,
em que foram incluídos na amostra todos os indivíduos com altura igual ou superior a 1,0
m e que apresentassem circunferência a altura do peito menor ou igual a 15 cm, sendo
posteriormente identificados. Os indivíduos que atendessem aos critérios de inclusão
tiveram medidas sua circunferência ao nível da base (CAB) e a altura total.
Para a confirmação do nome científico das espécies, utilizou-se o site do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, tendo por base o sistema de classificação das angiospermas
APG IV (2016). A composição florística foi avaliada pela distribuição dos indivíduos em
suas respectivas espécies e famílias, bem como, por meio do índice de diversidade de
Shannon-Wiener (H’) (Magurran, 1988).
Os parâmetros fitossociológicos analisados foram a densidade, frequência,
dominância (valores absolutos e relativos) e o valor de importância (VI), conforme
propostos por Mueller-Dumbois & Ellenberg (1974). A tabulação, o processamento e a
análise dos dados foram realizados com auxílio dos programas Microsoft Excel e Mata
Nativa®, versão 4.
3. Resultados e Discussão
Foram contabilizados 312 indivíduos, pertencentes a 20 famílias e 40 espécies,
sendo sete identificadas apenas em nível de gênero (Tabela 1). As famílias que
apresentaram a maior riqueza de espécies foram Fabaceae, Moraceae, Rubiaceae e
Sapindaceae, em que juntas, representaram 54,5% dos indivíduos registrados. Em um
trabalho realizado em Floresta Tropical úmida em Pernambuco, Lopes et al. (2016) também
registraram, dentre outras famílias, Moraceae, Fabaceae e Sapindaceae como algumas das
que apresentaram maior riqueza de espécies. A família Fabaceae foi também relatada como
de maior riqueza de espécies por Cruz et al. (2013).
183
Tabela 1. Estrutura horizontal de uma área de Floresta Ombrófila Densa no jardim Botânico do Recife/PE, no
ano de 2017.
DR= densidade relativa (%);FR= frequência relativa (%); DoR = dominância relativa; VI = valor de
importância.
184
As famílias com maior número de indivíduos foram Moraceae, Burseraceae,
Euphorbiaceae e Fabaceae. Juntas, essas famílias formaram 73,4% do número total de
indivíduos. Apenas a família Moraceae contribuiu com 42,9% do número de indivíduos.
As espécies que apresentaram, em ordem decrescente, os maiores valores de
importância foram: Artocarpus heterophyllus, Helicostylis tomentosa, Protium giganteum,
Brosimum guianense, Protium heptaphyllum, Mabea occidentalis, Siparuna guianensis,
Eschweilera ovata, Sorocea hilarii, Dialium guianense. Oliveira et al. (2013) encontraram
resultados semelhantes, onde, entre as espécies com valores de importância mais
significativos destacaram-se Eschweilera ovata, Protium heptaphyllum e Siparuna
guianensis.
O índice de diversidade de Shannon (H’) foi de 2,90 nats.ind.-1. Oliveira et al.
(2013), estudando a regeneração natural em Floresta Ombrófila Densa, encontraram um
índice de diversidade de Shannon-Wiener de 3,45 nats.ind.-1 para o componente regenerante
da Mata da Onça/PE. Lima et al. (2013), também em Pernambuco, encontraram um índice
de diversidade de Shannon-Wiener de 3,20 nats.ind.-1.
4. Conclusão
A composição florística do fragmento estudado sugere a presença de poucas espécies
com grande número de indivíduos e muitas espécies com poucos indivíduos, levando a uma
baixa diversidade. Possivelmente, um aumento no número de unidades amostrais seria
interessante para confirmar a diversidade da área.
5. Literatura Citada
Chaves, A.D.C.G.; Santos, R.M.S.; Santos, J.O.; Fernandes, A.A.; Maracajá, P.B. A
importância dos levantamentos florístico e fitossociológico para a conservação e
185
preservação das florestas. Revista Agropecuária Científica no Semiárido, Campina Grande,
v.9, n.2, p.43-48, abr./jun, 2013. http://revistas.ufcg.edu.br/acsa/ index.php/ ACSA/article/
view/449/pdf. 31 Jan. 2018.
Lima, A.S.; Feliciano, A.L.P; Marangon, L.C.; Oliveira, L.S.B.; Pessoa, M.M.L.
Regeneração natural de um fragmento de Floresta Ombrófila Densa na Bacia Hidrográfica
do Rio Capibaribe, PE. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Recife, v.8, n.2, p.273-278,
abr./jun, 2013. http://dx.doi.org/10.5039/agraria.v8i2a2369.
Lopes, I.S.; Feliciano, A.L.P.; Marangon, L.C.; Alencar, A.L. Dinâmica da regeneração
natural no sub-bosque de Pinus caribeae Morelet. var. caribaeae na Reserva Biológica de
Saltinho, Tamandaré – PE. Ciência Florestal, Santa Maria, v.26, n.1, p.95-107, jan./mar.,
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Oliveira, L.S.B.; Marangon, L.C.; Feliciano, A.L.P.; Cardoso, M.O.; Lima, A.S.;
Albuquerque, M.J.B. Fitossociologia da regeneração natural de uma Floresta Ombrófila
densa em Moreno, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Recife, v.
8, n.1, p. 119-124, 2013. http://dx.doi.org/10.5039/agraria.v8i1a2097.
186
Composição Florística e Fitossociologia em um fragmento de floresta
estacional semidecidual na Amazônia
Matheus Marcos Xavier de Souza¹, Isabela Maria da Silva Ormond², Weslley Candido de Oliveira 3,
Leonora Stefani de Assis Goes4.
Universidade Federal de Mato Grosso (¹souza.mmx@gmail.com
²isabelaormond@hotmail.com, ³wcoflorestal@gmail.com,
4
goesflorestal@gmail.com).
1. Introdução
O levantamento fitossociológico fornece o conhecimento para a caracterização da
diversidade biológica e estrutura das espécies em uma determinada comunidade. A
fitossociologia descreve a estrutura da comunidade de uma determinada área, possíveis
afinidades entre espécies ou grupos de espécies e acrescenta dados quantitativos a respeito
da vegetação (Carvalho et al., 2016).
Os estudos relacionados à composição florística e à estrutura fitossociológica de
populações florestais são importantes, pois oferecem elementos para a compreensão da
estrutura e da dinâmica destas formações, parâmetros essenciais para o manejo e
regeneração dos distintos grupos de vegetais (Chaves et al., 2013).
Nesse contexto, o presente estudo teve por objetivo caracterizar o componente
arbóreo de uma área de manejo florestal localizada no município de Tabaporã, MT.
187
2. Materiais de Métodos
O diagnóstico florestal foi realizado em uma área de manejo florestal com 684,92
ha, em uma propriedade privada denominada Fazenda Sintonia II no município de
Tabaporã, Mato Grosso, nas coordenadas 56°34’46” W – 11°14’39” S, UTM Sirgas 2000.
A propriedade encontra-se a 20 km das terras indígenas da tribo Erikpatsa. A área em
questão está inclusa no bioma Amazônico com ocorrência de Floresta Estacional
Semidecidual Submontana com dossel emergente, na bacia Amazônica sub bacia do rio
Juruena-Telespires.
Foram aplicadas sete unidades amostrais com extensão de 10 x 250 m totalizando
0,25 ha sendo 5,25 ha ao todo. Foram inventariados todos os indivíduos
arbustivos/arbóreos vivos, com circunferência a altura do peito (CAP a 1,30 m do solo) ≥
10 cm, sendo registrados e identificados com auxílio de uma fita diamétrica. As alturas
totais dos indivíduos foram medidas com uma régua telescópica de 15 m de altura.
Foram realizados as analises fitossociológicas de estrutura horizontal e composição
florística para a vegetação adulta. Para a análise foi utilizado o programa Excel do pacote
Microssoft Office, os cálculos foram baseados no livro Florestas Nativas, estrutura
dinâmica e manejo (Souza & Soares, 2013).
3. Resultados e Discussão
3.1. Composição florística e diversidade
A área amostrada nas 21 parcelas permanentes (5,25 ha) revelou um total de 1649
indivíduos arbóreos, distribuídos em 92 espécies, 79 gêneros e 32 famílias. Dos indivíduos
amostrados 196 (11,82%) não foram identificados e 107 (6,49%) foram identificados
apenas a nível de gênero o restante foi identificado a nível específico. O índice de Shannon
(H’) foi igual a 3,76. De acordo com Saporetti et al. (2003), valores acima de 3,11 para o
índice de Shannon indicam formações vegetais bem conservadas, definição que se
enquadra na área em estudo.
As famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram: Fabaceae (193),
Lauraceae (165), Rutaceae (155), Humiriaceae (123) ne Sapotaceae (99), que juntas
somam 44,58% do número total de indivíduos. As 27 famílias restantes somas 55,43% do
total o que indica que nessa floresta há uma grande concentração de indivíduos arbóreos
188
em poucas famílias botânicas.
Com relação à riqueza florística, houve uma certa discrepância na distribuição das
espécies dentro das famílias. A família Fabaceae foi representada por 25 espécies, que
representa 27,18% do número total de espécies, as demais apresentaram representação
muito inferior, dentre elas Moraceae e Lauraceae com sete espécies, Malvaceae com seis e
Rutaceae com quatro, essas cinto famílias somaram 53,27% das espécies levantadas.
Outros estudos realizados em florestas na região amazônica, também encontraram baixa
riqueza florística, isto é, a diversidade concentrada em poucas famílias botânicas (Almeida
et al., 2012; Silva et al., 2008).
A família Fabaceae foi a mais representativa por apresentar um maior número de
espécies, Condé & Tonini (2013) e Dionisio et al. (2016), também identificaram as espécies
da família Fabaceae as mais representativas na região amazônica. Há uma grande
importância ecológica e econômica dessa família justamente pela grande diversidade de
espécies que ela apresenta e por estarem muito bem distribuídas, sendo considerado a
família botânica mais evoluída em questões de adaptações morfológicas e mecanismos de
dispersão, são muito utilizadas na fixação de nitrogênio no solo, além de fornecer madeira
de boa qualidade (Silva, 2011).
FIGURA 1. Percentual de espécies das famílias mais representativas levantadas na área.
30
25
20
% 15
10
0
Fabaceae Moraceae Lauraceae Malvaceae Rutaceae
189
FIGURA 2. Espécies que apresentaram maior Valor de Importância no estudo Fitossociológico.
Valor de Importância
Cecropia hololeuca Miq.
Qualea dinizii Ducke.
Ocotea neesiana Aubl.
Micropholis venulosa Aubl.
Trattinnickia burseraefolia Mart.
Sclerolobium paraense Huber.
Amaioua guianensis Aubl.
Vantanea guianensis Aubl.
Esenbeckia febrifuga (A. St.-Hil.) ex Mart.
Sloanea grandis Ducke.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
4. Conclusão
Foi observado uma diversidade de famílias botânicas na área em questão, entretanto
ouve predominância em número de indivíduos das famílias Fabaceae, Lauraceae,
Rutaceae, Humiriaceae e Sapotaceae (55,43 % do número total de indivíduos), quanto ao
número de espécies as famílias mais representativas foram Fabaceae, Moraceae,
Lauraceae, Malvaceae e Rutaceae (53,27 % do número total de espécies). As três espécies
de maior valor de importância foram Sloanea grandis (15,95) Esenbeckia febrifuga
(12,97) e Vantanea guianensis (12,69). Houve uma predominância de determinados
grupos na área em questão o que sugere práticas de manejo que favoreça as espécies
menos encontradas favorecendo a riqueza florística da área.
5. Literatura Citada
Almeida, L. S.; Gama, J. R. V.; Oliveira, A. S.; Carvalho, J. O. P.; Gonçalves, D. C. M.;
Araújo, G. C. Fitossociologia e uso múltiplo de espécies arbóreas em floresta manejada,
190
comunidade Santo Antônio, município de Santarém, estado do Pará. Acta Amazônica,
Manaus, v. 42, n. 2, p. 185-194, 2012.
Carvalho, M. A. F.; Bittar, P. A.; Souza, P. B.; Ferreira, R. Q. S. Florística, fitossociologia
e estrutura diamétrica de um remanescente florestal no município de Gurupi, Tocantins.
Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v.11, n.4, p.59- 66, 2016.
Condé, T. M.; Tonini, H. Fitossociologia de uma Floresta Ombrófila Densa na Amazônia
Setentrional, Roraima, Brasil. Acta volumetria registrados estão dentro do Amazônica, v.
43, p. 247-259, 2013.
Chaves, A. D. C. G. A. Importância dos levantamentos florístico e fitossociológico para a
conservação e preservação das florestas. ACSA – Agropecuária Científica no Semiárido, 9,
43-48. 2013.
Dionisio, L. F.; Bomfim, O. S.; Crivelli, B. R. S.; Gomes, J. P.; Oliveira, M. H. S.;
Carvalho, J. O. P. Importância de um Fragmento de Floresta Ombrófila Densa no Estado
de Roraima, Brasil. Revista Agro@mbiente. Centro de Ciências Agrárias – Universidade
Federal de Roraima, Boa Vista, RR. v. 10, n. 3, p. 243-252, 2016.
Saporetti, JR, A.; Meira. N, J.A.; Almado, R.P. Fitossociologia de cerrado sensu stricto no
município de Abaeté, MG. Árvore, 27(3): 413-419. 2003.
Silva, P. E. S. Atividade antimicrobiana de Derris negrensis Benth (Fabaceae). Dissertação
(Mestrado em Biotecnologia e Recursos Naturais) – Universidade do Estado do Amazonas,
Manaus, 70 p. 2011.
Silva, K. E.; Matos, F. D. A.; Ferreira, M. M. Composição florística e fitossociologia de
espécies arbóreas do Parque Fenológico da Embrapa Amazônia Ocidental. Acta
Amazonica, Manaus, v. 38, p. 213-222, 2008.
Souza, A. L. de; Soares, C. P. B. Florestas Nativas: estrutura, dinâmica e manejo. 322p.
Viçosa, MG: UFV, 2013.
Vieira, D. S.; Gama, J. R. V.; Oliveira, M. L. R.; Ribeiro, R. B. S. Análise estrutural e uso
múltiplo de espécies arbóreas em florestas manejadas no médio vale do rio Curuá-Una,
Pará. Revista Floresta, Curitiba, v. 45, n. 3, p. 465 – 476, 2015.
191
Composição florística em um fragmento de Floresta Ombrófila na
Amazônia Oriental
Isabela Maria da Silva Ormond 1, Matheus Marcos Xavier de Souza², Weslley Candido de
Oliveira3, Leonora Stefani de Assis Goes 4.
Universidade Federal de Mato Grosso (¹isabelaormond@hotmail.com,
²souza.mmx@gmail.com, ³wcoflorestal@gmail.com, 4goesflorestal@gmail.com).
1. Introdução
Estudos sobre a conservação da comunidade vegetal, os levantamentos florísticos e
fitossociológicos são ferramentas para a determinação da riqueza e diversidade locais e regionais
(Carvalho et al., 2016). Além disso, pesquisa dessa natureza, fornecem subsídios para posteriores
estudos de dinâmica, recuperação de áreas degradadas e delimitação de unidades de conservação,
bem como para estudos fitogeográficos, essenciais na determinação de estratégias de manejo
(Chaves et al., 2013).
Conforme Valério et al. (2008), trabalhos fitossociológicos fornecem uma base de estudo
com relação ao potencial de cada espécie, bem como características e peculiaridades em cada
ambiente, sendo assim, possibilita uma intervenção de forma correta no sistema ecológico.
Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo determinar a composição florística
192
do componente arbóreo em uma área de Floresta Ombrófila localizada na Fazenda Glória no
município de Colniza/ MT, fornecendo assim subsídios para o manejo florestal sustentável.
2. Material e Métodos
O diagnóstico florestal foi realizado em uma área de manejo florestal com 1.029,93 ha, em
uma propriedade privada denominada Fazenda Glória no município de Colniza/ MT (coordenadas
09°31’31,61” S e 59°31’32,61” W), UTM Sirgas (2000). A propriedade encontra-se dentro da zona
de amortecimento das terras indígenas da tribo Arara do Rio Branco. A área em questão está inclusa
no bioma Amazônico com ocorrência de Floresta Ombrófila Aberta Submontana com presença de
palmeiras, na bacia Amazônica sub bacia do rio Aripuanã.
Foram aplicadas sete unidades amostrais com extensão de 10 x 250 m, totalizando 0,25 ha,
sendo 1,75 ha ao todo. Sendo assim, foi inventariado todos os indivíduos arbustivos/arbóreos vivos,
com circunferência a altura do peito (CAP a 1,30 m do solo) ≥ 10 cm, sendo registrados e
identificados com auxílio de uma fita diamétrica. As alturas totais dos indivíduos foram medidas com
uma régua telescópica de 15 m de altura.
Realizando as análises fitossociológicas de estrutura horizontal e composição florística para a
vegetação adulta. Para a análise foi utilizado o programa Excel do pacote Microsoft Office, os
cálculos foram baseados no livro Florestas Nativas, estrutura dinâmica e manejo (Souza & Soares,
2013).
3. Resultados e Discussão
A área amostrada nas 7 parcelas permanentes (1,75 ha) revelou um total 585 indivíduos
arbóreos (DAP ≥ 10 cm) distribuídos em 84 espécies, 71 gêneros e 29 famílias botânicas. Entre as 84
espécies amostradas, 83 (98,80%) foram identificadas em nível de espécie e 1 (1,2%) não foi possível
identificar. O índice de Shannon (H’) para florestas tropicais normalmente varia de 3,83 a 5,85
comparado a outros tipos de floresta (Knight, 1975). Neste estudo, o índice de Shannom foi de 3,76,
ou seja, um pouco abaixo do esperado para florestas tropicais.
As famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram: Fabaceae (140),
Lecythidaceae (45), Sapotaceae (43), Arecaceae (39) e Burceraceae (36) (Figura 1). Juntas, essas
cinco famílias representam 51,79% do total de indivíduos amostrados.
193
FIGURA 1. Número de indivíduos das principais famílias amostradas nas parcelas permanentes.
300
Numero de Individuos
250
200
150
100
50
Família
A família Fabaceae apresentou uma densidade estimada foi de 334,28 indivíduos.ha-1 (CAP
≥ 10 cm) sendo a família mais representativa, o que já é esperado, uma vez que essa família é
característica dessa formação florestal, resultados semelhantes foram encontrados por Condé e Tonini
(2013), Dionisio et al. (2016), Jesus et al. (2016). A grande ocupação dessa família se da justamente
pela abundância de espécie e por serem muito bem adaptadas aos diferentes ecossistemas,
consequentemente é o grupo com representantes de grande importância ecológica, medicinal e
econômica (Silva, 2011).
FIGURA 2. Espécies com maiores valores de importância
Simarouba amara
Pouteria caimito
Sclerolobium paraense
Protium heptaphyllum
Eschweilera coriacea
194
paraense Huber, que são as espécies responsável pela estrutura da floresta as demais pela
composição e diversidade.
Oliveira & Amaral (2004) apontaram que o (VI) estimado para as espécies vegetais
pode ser utilizado como indicador da importância ecologia em planos de manejo, devido à
influência das espécies mais frequentes e dominantes nos processos de equilíbrio da flora e
manutenção da fauna. A espécie Eschweilera coriacea se destacou por apresentar valor de
importância maior, também se encontra entre as cinco espécies com maiores valores de
densidade 4,27% e dominância 2,90%.
4. Conclusão
A floresta de estudo apresenta bem diversificada em Fabaceae, Lecythidaceae,
Sapotaceae, Arecaceae e Burceraceae. As espécies Eschweilera coriácea, Protium
heptaphyllum e Sclerolobium paraense são as mais importantes na composição florística
do ambiente avaliado. Deve-se atentar, porém, para o planejamento estabelecido de sistema
de manejo e condução da floresta com práticas silviculturas adequadas, voltando
principalmente, para as espécies que não se destacaram na composição florística da
Fazenda Gloria.
5. Literatura Citada
Carvalho, M. A. F.; Bittar, P. A.; Souza, P. B.; Ferreira, R. Q. S. Florística, fitossociologia
e estrutura diamétrica de um remanescente florestal no município de Gurupi, Tocantins.
Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v.11, n.4, p.59- 66, 2016.
Chaves, A. D. C. G. A. Importância dos levantamentos florístico e fitossociológico para a
conservação e preservação das florestas. ACSA – Agropecuária Científica no Semiárido, 9,
43-48. 2013.
Condé, T. M.; Tonini, H. Fitossociologia de uma Floresta Ombrófila Densa na Amazônia
Setentrional, Roraima, Brasil. Acta volumetria registrados estão dentro do Amazônica, v.
43, p. 247-259, 2013.
Dionisio, L. F.; Bomfim, O. S.; Crivelli, B. R. S.; Gomes, J. P.; Oliveira, M. H. S.;
Carvalho, J. O. P. Importância de um Fragmento de Floresta Ombrófila Densa no Estado
de Roraima, Brasil. Revista Agro@mbiente. Centro de Ciências Agrárias – Universidade
Federal de Roraima, Boa Vista, RR. v. 10, n. 3, p. 243-252, 2016.
Jesus, E. N.; Santos, T. S.; Ribeiro, G. T.; Orge, M. D. R.; Amorim, V. O.; Batista, R. C.
195
R. C. Regeneração natural de espécies vegetais em jazidas revegetadas. Floresta e
Ambiente, Seropédica, v.23, n.2, p.191-200, 2016.
Knight, D. H. A phytosociological analysis of species-rich tropical forest on Barro
Colorado Island, Panama. Ecological Monographs, v.45, n.3, p.259-28, 1975.
Lopes, I. S.; Feliciano, A. L. P.; Marangon, L. C.; Alencar, A. L. Dinâmica da regeneração
natural no sub-bosque de Pinus caribaea Morelet. var. caribaea na Reserva Biológica de
Saltinho, Tamandaré-PE. Ciência Florestal, v.26, n.1, p.95-107, 2016.
Oliveira, A. N.; Amaral, I. L. Florística e fitossociologia de uma floresta de vertente na
Amazônia Central, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, Manaus, v.34, n.1, p.21-34, 2004.
Souza, A. L. de; Soares, C. P. B. Florestas Nativas: estrutura, dinâmica e manejo. 322p.
Viçosa, MG: UFV, 2013.
Silva, K. E.; Matos, F. D. A.; Ferreira, M. M. Composição florística e fitossociologia de
espécies arbóreas do Parque Fenológico da Embrapa Amazônia Ocidental. Acta
Amazonica, Manaus, v. 38, p. 213-222, 2008.
Valério, A. F.; Watzlawick, L. F.; Saueressig, D.; Puton V.; Pimentel, A. Análise da
composição florística e da estrutura horizontal de uma Floresta Ombrófila Mista Montana,
Município de Irati, PR – Brasil. Rev. Acad. Ciênc. Agrár. Ambient., v.6, n.2, p.137-147,
2008.
196
Conflitos de uso e ocupação do solo em áreas de preservação permanente
na bacia hidrográfica do rio Pardinho, ES
Giselle Lemos Moreira1, José Antônio Aleixo da Silva1, Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira¹,
Emmanoella Costa Guaraná Araujo1, Luan Henrique Barbosa de Araujo1, Pedro Nicó de Medeiros
Neto²
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (celly_eng.florestal@hotmail.com,
jaaleixo@gmail.com, rinaldo.ferreira@ufrpe.br, manuguarana.engflorestal@gmail.com,
araujo.lhb@gmail.com), 2Universidade Federal de Campina Grande (pedroflorestal@gmail.com)
1. Introdução
As florestas naturais apresentaram, ao longo dos anos, perda progressiva da sua
cobertura original. A Mata Atlântica, uma das florestas mais ricas em biodiversidade do
mundo, teve sua vegetação nativa reduzida a cerca de 22% (MMA, 2017; SOS Mata
Atlântica, 2017), o que acentua sua fragilidade.
Várias são as causas desse desmatamento, sendo as mais recorrentes a conversão
das terras para as práticas agrícolas e pecuárias, a exploração da madeira sem devido
manejo adequado, a urbanização e a criação de infraestruturas como pontes, estradas e
barragens.
Com o intuito de disciplinar o uso da terra, minimizar os impactos antrópicos ao
meio ambiente e monitorar a exploração dos recursos naturais, o Código Florestal
Brasileiro (Lei nº 12 651, de 25 de maio de 2012/ Lei nº 12.727, de 17 de outubro de
2012), institui as regras gerais sobre a proteção da vegetação no território brasileiro
(BRASIL, 2012).
A implementação das APPs, obrigatórias segundo o Código Florestal, apresentam
197
um papel importante no ecossistema, uma vez que desempenham diversos serviços
ambientais como: abrigo para fauna, proteção das nascentes, fluxo gênico faunístico e
florístico, abastecimento do lençol freático e minimização das transformações provocadas
pelo homem (BRASIL, 2012).
Neste contexto, objetivou-se com esta pesquisa mapear as classes de uso e
ocupação do solo e seus respectivos conflitos nas APPs na bacia hidrográfica do rio
Pardinho, ES.
2. Material e Métodos
A bacia hidrográfica do rio Pardinho (BHRP) está localizada na região sul do
estado do Espírito Santo, microrregião administrativa do Caparaó, contemplando os
municípios de Iúna e Irupi. A vegetação na área de estudo se encontra nos domínios do
bioma Mata Atlântica e a principal atividade econômica dos municípios presentes na área é
a cafeicultura, seguida da pecuária (leiteira e de corte) e de reflorestamento de eucaliptos
(INCAPER, 2012).
A delimitação da bacia hidrográfica do rio Pardinho, e os mapeamentos do uso e
ocupação do solo e das APPs foram realizados no aplicativo computacional ArcGIS 10.3®,
licença student. Para a delimitação automática da bacia em estudo, foram utilizados os
produtos ASTER GDEM (Global Digital Elevation Model), que constituem informações
altimétricas, com resolução espacial de 30 metros, disponibilizadas gratuitamente no site
do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). A delimitação foi realizada com
auxílio da extensão do ArcGIS ArcHydro Tools, disponível no site da ESRI.
Para a obtenção das classes de uso e ocupação da terra se realizou a
fotointerpretação, na escala cartográfica de 1:1.500, de ortofotomosaicos (resolução
espacial de 0,25 m) do ano de 2015, cedidos pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA).
A delimitação das APPs foi realizada de acordo com a metodologia proposta por
Peluzio et al. (2010), levando em consideração os critérios estabelecidos pelo Código
Florestal vigente. Os produtos ASTER GDEM foram utilizados como input para a
delimitação das APPs de topo de morro e de declividade. As APPs de rios e nascentes
foram delimitadas a partir da rede de drenagem fotointerpretada dos ortofotomosaicos.
198
Para identificar as áreas de conflitos de uso e ocupação do solo em APPs, utilizou-
se a álgebra de mapas por meio da técnica de sobreposição.
3. Resultados e Discussão
A BHRP, resultante da delimitação automática, obteve uma área de 85,48 km². No
mapeamento do uso e cobertura da terra foram identificadas 15 classes distintas (Figura 1).
FIGURA 1. Uso e ocupação do solo na área de contribuição da bacia hidrográfica do rio Pardinho, ES.
0
Ü 2 4 km
Pastagem
Reflorestamento - Eucalipto
20,91
1,86
24,46
2,18
Regeneração 2,90 3,39
Hidrografia 0,20 0,23
Projeção Universal Transversa de Mercator
Solo Exposto 1,05 1,22
Elipsóide: SIRGAS 2000
ZONA 24 S Total 85,48 100,00
TABELA 1. Áreas de Preservação Permanentes mapeadas na área de contribuição da bacia hidrográfica do rio Pardinho,
ES.
Classe de APPs km² % - Total de APPs % - Área da BH
APP de Topo de Morro 14,55 49,19 17,02
APP de Declividade 0,29 0,98 0,34
199
APP de Rios 12,71 42,97 14,87
APP de Nascentes 2,03 6,86 2,37
Total 29,58 100,00 34,60
Resultado semelhante foi encontrado por Luppi et al. (2015) ao mapear as APPs no
município de João Neiva, ES, onde observaram que as APPs totais representam apenas
32,55% da área total do município.
A partir dos resultados obtidos para APPs de topo de morro (maior
representatividade na área) pode-se inferir que a área de estudo possui relevo ondulado, o
que evidencia a importância da preservação da vegetação nessas áreas, visando proteger
encostas, atenuar deslizamentos, minimizar o impacto das precipitações sobre o solo,
reduzir a erosão e preservar mananciais e nascentes de rios.
A partir dos dados apresentados na Tabela 2, em relação ao conflito de uso e
ocupação do solo em áreas de APPs, é possível observar que 23,47 dos 29,58 km²
(79,35%) de áreas que deveriam ser destinadas às APPs estão em conflito, com
predominância das classes café e pastagem, com respectivamente, 56,97 e 31,72% da área
total de conflitos.
TABELA 2. Conflito de uso do solo e ocupação em APPs na Bacia Hidrográfica do Rio Pardinho, ES.
Classe de Confronto km² %
Área Edificada 1,29 5,51
Café 13,37 56,97
Cultivo Agrícola Permanentes 0,02 0,07
Cultivo Agrícola Temporários 0,05 0,20
Estrada Pavimentada 0,04 0,17
Mineração 0,01 0,03
Pastagem 7,45 31,72
Reflorestamento - Eucalipto 0,92 3,94
Solo Exposto 0,32 1,38
Total 23,47 100,00
As áreas de vegetação nativa estão presentes em apenas 20,63% das APPs totais da
BHRP. Esse é um dado alarmante diante da importância e necessidade de se manter nessas
áreas a vegetação nativa intacta a fim de proporcionar o equilíbrio do regime hidrológico,
promovendo a estabilização das linhas de drenagem natural e suas áreas marginais.
Esse baixo percentual de vegetação nativa preservada, principalmente em topo de
200
morro, afeta diretamente o escoamento superficial e subsuperficial das águas, além de
favorecer o processo de erosão e o assoreamento de rios.
Nesse contexto, a utilização de mais da metade das áreas destinadas às APPs com
atividades agropecuárias, pode comprometer o uso sustentável da água e do solo,
principalmente ao se considerar a dependência das práticas agropecuárias pela
disponibilidade quantitativa e qualitativa destes recursos (Coutinho et al, 2013).
Por fim, remete-se à necessidade de implementação de políticas públicas capazes de
fiscalizar e prover a adequação ambiental das propriedades rurais e incentivar práticas
conservacionistas dos ambientes naturais.
4. Conclusão
5. Literatura Citada
201
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Mata Atlântica. 2018.
http://www.mma.gov.br/biomas/mata-atlantica. 22 fev. 2018.
Peluzio, T.M.O.; Santos, A.R.; Fiedler, N.C. Mapeamento de áreas de preservação
permanente no ArcGIS 9.3. 1. CAUFES: Alegre, 2010.
SOS Mata Atlântica. Florestas: A Mata Atlântica. 2018. https://www.sosma.org.br/nossa-
causa/a-mata-atlantica/. 10 fev. 2018.
202
DECOMPOSIÇÃO DA SERAPILHEIRA EM UM FRAGMENTO DA CAATINGA
EM MOSSORÓ-RN
Keverson Assis Soares1, Mary Regina de Souza 2 Daniel Tavares de Farias3, Francisco Rodolfo da
Silva Barreto4, Thayna Cristine Souza Bastos5, Carlos José da Silva6
1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (soareskeverson@gmail.com), 2Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (maryrsouz@yahoo.com.br), ³Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(daniel.bky@gmail.com), 4Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(rodolfo_eng.florestal@hotmail.com), 5Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(thay_nabastos@hotmail.com), 6Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(carlos.silva@ufersa.edu.com)
1. Introdução
O bioma Caatinga ocupa na sua porção nordeste uma área superior a 10% do
território brasileiro. Sua vegetação é dotada de várias adaptações fisiológicas e fenológicas,
que possibilitam a sobrevivência em meio à aridez. A presença de cactos, plantas
arbustivas e caducifólias, ou seja, que perdem suas folhas durante os períodos de estiagem,
são características marcantes desse complexo florestal (Beuchle et al., 2015).
A serapilheira é um dos compartimentos mais importantes do ecossistema florestal.
Atua como um sistema de entrada e saída, recebendo resíduos via vegetação e, por meio do
processo de decomposição, libera nutrientes para a biota e promove a dissipação do
dióxido de carbono. Sendo assim, a velocidade de decomposição da serapilheira regula o
acúmulo de matéria orgânica no solo e a ciclagem de nutrientes (Cunha Neto et al., 2013),
favorecendo a fertilidade do solo e produtividade do ecossistema.
203
Por ser um fator chave na manutenção dos nutrientes no ecossistema, o processo de
deposição da serapilheira, incluindo as taxas anuais de queda do material decíduo e o
processo de decomposição desse material, devem ser mais amplamente estudados e
conhecidos, especialmente nas condições dos trópicos, onde há grande ocorrência de solos
com baixos níveis de nutrientes (Santana & Souto, 2011).
Sendo assim objetivou-se com esse trabalho avaliar a decomposição da serapilheira
foliar de um fragmento de floresta nativa da caatinga.
2. Metodologia
O experimento foi instalado em uma parcela de 1 hectare na fazenda experimental
Rafael Fernandes no município de Mossoró – RN, a qual fica a 20 km do perímetro
urbano, O clima de Mossoró, segundo a classificação climática de W. Koppen, é do tipo
BSwh’, que significa “clima seco, muito quente e com estação chuvosa no verão e início
do outono. Amostras das frações folhas e galhos secos recém caídos sobre o solo foram
coletadas, secadas em estufa de circulação forçada de ar a 650C por 72 horas e
posteriormente foram pesadas e acondicionadas em bolsas de náilon de 30 cm x 30 cm,
com malha de 1-2 mm de diâmetro. Em cada bolsa decompositora devidamente
identificada, foram colocadas cerca de 10 gramas de material, considerando o peso de cada
fração separadamente. As bolsas (65 repetições) foram expostas às condições ambientais
das parcelas.
204
A perda de massa seca das frações constituídas da serapilheira foi determinada por
meio da diferença entre o peso inicial das litter bags e o peso final encontrado pós secagem
em estufa.
3. Resultados e Discussão
Durante o período experimental a precipitação pluviométrica apresentou uma
variação de de zero mm a 218 mm, já a temperatura variou de 32ºC a 37 ºC (Figura 1).
T MAX P
Precipitação pluviométrica
250 38,0
Temperatura (ºC)
200 36,0
150
34,0
(mm)
100
50 32,0
0 30,0
ago/16
dez/16
out/16
nov/16
fev/17
abr/16
mai/16
jun/16
mar/17
jul/16
jan/17
set/16
Meses
Figura 2 – Relação perda de massa seca e temperatura (ºC) durante o período experimental.
205
Perda de massa % T MAX
Perda de massa seca % 100 38
90 37
Temperatura (ºC)
80 36
70
60 35
50 34
40 33
30 32
20
10 31
- 30
nov/…
mar…
mai/…
abr/…
out/…
abr/…
ago/…
dez/…
jun/16
fev/17
jul/16
jan/17
set/16 Meses de coleta
A amior perda de massa seca foi observada no mês de março de 2017 cerca de
67,28%, isso pode ser explicado com chegada do período chuvoso que correspondem aos
meses de dezembro de 2016 a abril 2017, neste período o material vegetal sofre forte
influência, não só dos fatores bióticos que necessitam de umidade para realizar os
processos de degradação e mineralização, mas também de fatores abióticos, que agem de
forma física sobre o material que se encontra seca e que pode ser facilmente fragmentado
pelo impacto da gota da chuva, além disso os componentes como a lignina podem
funcionar como controladores do processo de decomposição, dados semelhantes foram
evidenciados nos trabalhos de (Neto Cunha et al., 2017; Alves et al., 2006)., o qual
analisou a perda de massa seca em diferentes épocas do ano em área de caatinga na
Paraíba, (Figura 3).
Figura 3 – Relação da Precipitação pluviométrica (mm) com a Perda de Massa durante no período
experimental.
250 80,00
Perda de massa seca (%)
200 60,00
150
40,00
(mm)
100
50 20,00
0 -
ago/16
dez/16
nov/16
jun/16
fev/17
mar/17
abr/16
jul/16
jan/17
mai/16
set/16
out/16
Meses de coleta
206
não foi suficiente para decomposição total do material, o mesmo ocorreru nesse
experimento.
4. Considerações Finais
Diante do exposto pode-se considerar que o período de maior decomposição na
área de caatinga estudada foi o período chuvoso, e o de menores índices de decomposição
foram observados no período seco do ano.
5. Referências
BEUCHLE R. et al. Land cover changes in the Brazilian Cerrado and Caatinga biomes
kfrom 1990 to 2010 based on a systematic remote sensing sampling approach. Appl Geogr.
v. 58, p. 116-127, 2015. CALDATO, S. L. et al. Producción y descomposición de
hojarasca en la selva ombrófila mixta en el sur de Brasil. Bosque, v. 31, n. 1, p. 3-8, 2010.
CUNHA NETO, VIEIRA, Felipe, Santos Leles, Paulo Sérgio, Gervasio Pereira, Marcos,
Helmeer Bellumath, Vinicius Geraldo, Makhlouta Alonso, Jorge, ACÚMULO E
DECOMPOSIÇÃO DA SERAPILHEIRA EM QUATRO FORMAÇÕES FLORESTAIS.
Ciência Florestal [en linea] 2013, 23 (Julio-Septiembre) : [Fecha de consulta: 18 de
diciembre de 2017]
LIMA, Rissele Paraguai et al. Litter contribution and decomposition in the Caatinga in
Southern Piauí State, Brazil. Floresta e Ambiente, v. 22, n. 1, p. 42-49, 2015.
207
Dependência espacial do carbono estocado em unidade de conservação no
bioma Mata Atlântica
Laís Cândido Silva¹, Anna Luiza Sousa Oliveira¹, Julyana Gomes da Silva¹, Alexandre Miguel
Nascimento¹, Marco Antonio Monte¹, Emanuel José Gomes de Araújo¹.
Introdução
208
composição de espécies, da idade, dos estágios sucessionais e do manejo florestal. Em
decorrência da dificuldade de obtenção de dados confiáveis, o uso de ferramentas da
Geoestatística em florestas naturais (Wojciechowski et al., 2015) ainda é escasso.
Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi analisar e avaliar a estrutura de
dependência espacial do carbono estocado em floresta no bioma Mata Atlântica.
2. Material e Métodos
2.1 Área de estudo e coleta de dados
Os dados foram coletados em área de 10 ha, no Parque Natural Municipal do Curió
(PNMC), Paracambi, RJ, localizado nas coordenadas geográficas 22°36’39” S e 43°42’33”
W. O clima da região, segundo a classificação de Köeppen, é do tipo Aw, com altitudes
entre 100 e 690 m. A temperatura e a precipitação médias são de 23,4°C e 1.050 mm,
respectivamente (Fraga et al., 2012).
Foram alocados 40 pontos quadrantes, com distribuição sistemática e eixo das
ordenadas no sentido Norte-Sul. Em cada quadrante foi mensurado o diâmetro a 1,30 m do
solo (DAP) e a altura total (Ht) da árvore mais próxima da origem, com DAP ≥ 5,0 cm.
209
desempenho de cada modelo foi avaliado por meio do erro médio reduzido (EMR),
coeficiente de determinação (R2) e validação cruzada.
Após o ajuste e obtenção dos parâmetros efeito pepita, contribuição, patamar e
alcance, estimou-se o índice de dependência espacial (IDE) para cada modelo. Este índice
é proposto por Zimback (2003) e classifica a dependência espacial como: dependência
espacial baixa (IDE ≤ 0,25), moderada (0,25 < IDE ≤ 0,75) e forte (IDE > 0,75).
Comprovada a dependência espacial da variável CO2 (t.ha-1), aplicou-se a krigagem
ordinária a fim de gerar os mapas com a espacialização do estoque de CO2. O estimador da
krigagem ordinária é dado por 𝑍(𝑥0 ) = ∑𝑛𝑖=1 𝜆𝑖 𝑍(𝑥𝑖 ), em que 𝑍(𝑥0 ) é igual a estimativa no
ponto não amostrado, 𝑍(𝑥𝑖 ) o valor observado no i-ésimo ponto amostral, 𝑛 o número de
pontos amostrados e 𝜆𝑖 o peso associado aos i-ésimos pontos amostrados.
3. Resultados e Discussão
As variáveis estimadas no PNMC apresentaram alta variabilidade, com valores de
coeficiente de variação (CV%) próximos de 200%. Esse comportamento é intimamente
relacionado com a dinâmica da biomassa em florestas inequiâneas e corrobora com a
rejeição da hipótese de normalidade dos dados, típica de florestas naturais.
Amaral et al. (2010) encontraram valores de CV% inferiores aos encontrados nesse
estudo, uma vez que foram avaliadas as variáveis biomassa e carbono totais, que possuem
menor grandeza e variabilidade do que a variável de interesse deste trabalho. Porém os
valores do IDE foram todos 100% (Tabela 1), indicando forte dependência espacial na
área, assim como foi encontrado pelos mesmos autores supracitados.
TABELA 1. Parâmetros e estatísticas dos modelos ajustados de semivariância para a variável gás carbônico.
Modelo Efeito Pepita Contribuição Patamar Alcance EMR R² IDE
Exponencial 0,00 111.743,56 111.743,56 46,29 319,85 0,0384 100%
Esférico 0,00 106.430,10 106.430,10 100,35 289,79 0,0345 100%
Gaussiano 0,00 107.735,05 107.735,05 47,77 235,78 0,0280 100%
210
cada um. Quando a variável não se apresenta estruturada espacialmente, as análises
baseadas na estatística clássica são mais recomendadas (Mello et al., 2009).
FIGURA 1. Espacialização do Gás Carbônico Equivalente em floresta do bioma Mata Atlântica para os
modelos exponencial (a), esférico (b) e gaussiano (c), por meio da krigagem ordinária.
4. Conclusões
A variável CO2eq estocado na vegetação arbórea possui forte dependência espacial,
permitindo a estimativa e espacialização, em locais não amostrados, por meio da krigagem
ordinária. Os estudos com a espacialização de variáveis em vegetações do bioma Mata
Atlântica são fundamentais para subsidiar a tomada de decisão e gestão das Unidades de
Conservação.
211
5. Literatura Citada
Amaral, L.P.; Ferreira, R.A.; Watzlawick, L.F.; Genú, A.M. Análise da distribuição
espacial de biomassa e carbono arbóreo acima do solo em floresta ombrófila mista.
Ambiência, v.6, ed. especial, p.103-114, 2010.
http://revistas.unicentro.br/index.php/ambiencia/article/view/885. 20 Fev 2018.
Fraga, M.E.; Braz, D.M.; Rocha, J.F.; Pereira, M.G.E.; Figueiredo, D.V. Interação
microrganismo, solo e flora como condutores de biodiversidade na Mata Atlântica. Acta
Botânica Brasilica, v.26, n.4, p.857-865, 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
33062012000400015.
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC. Determinação de equações de
volumétricas aplicáveis ao manejo sustentável de florestas nativas no estado de Minas
Gerais e outras regiões do país. Belo Horizonte: SAT/CETEC, 1995. 295p.
Isaaks, E.H.; Srivastava, R.M. An introduction to applied geostatistics. New York: Oxford
University Press, 1989. 592p.
Mello, J.M.; Diniz, F.S.; Oliveira, A.D.; Mello, C.R.; Scolforo, J.R.S.; Acerbi Junior, F.W.
Continuidade espacial para características dendrométricas (número de fustes e volume) em
plantios de Eucalyptus grandis. Revista Árvore, v.33, n.1, p.185-194, 2009.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622009000100020.
Smith, D.M. Maximum moisture content: method for determining specific gravity of small
wood samples. Madison: USDA, Forest Products Laboratory, report n.º2014, 1954. 8p.
Wojciechowski, J.C.; Arce, J.E.; Weber, S.H.; Ribeiro Junior, P.J.; Pires, C.A.F. Log-
verossimilhança combinada para comparação de estruturas de continuidade espacial em
floresta estacional decidual. Revista Floresta, v.45, n.4, p.797-808, 2015.
http://dx.doi.org/10.5380/rf.v45i4.37289.
Yamamoto, J.K.; Landim, P.M.B. Geoestatística: conceitos e aplicações. São Paulo:
Oficina de Textos, 2013. 215p.
Zimback, C.R.L. Geoestatística. Botucatu: UNESP, 2003. 25p.
212
Levantamento florístico e identificação da acessibilidade de seis praças
localizadas no município de Jaboatão dos Guararapes – PE
Heitor Bruno Barbosa de Azevêdo1, Tatiane Kelly Barbosa de Azevedo2, João Gilberto Meza
Ucella Filho3, Anderson Aurelio de Azevêdo Carnaval4, Beatriz Farias Lucena de Mota e Silva5
1. Introdução
Para conhecer a arborização da cidade é necessário fazer um levantamento
florístico com a finalidade de avaliar a situação e por meio dos resultados obtidos, verificar
as soluções possíveis para cada local (Assunção et al., 2014). Realizar o diagnóstico de
praças é importante para a elaboração do planejamento da arborização de uma cidade
(Schwab et al., 2014). As cidades brasileiras enfrentam sérios problemas acarretados pelo
mau planejamento da arborização urbana, podendo causar sérios danos, como o uso
inadequado de espécies arbóreas como queda de árvores de grande porte (Moser et al.,
2010), ou uso de plantas tóxicas e alergênicas.
No Brasil conforme o Censo 2010 da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República – SDH-PR (2012), a Região Nordeste apresentou a maior taxa de
prevalência de pessoas com deficiência, com 26,62% e no Pernambuco a taxa foi de
213
27,58%, o que gera uma expectativa da população de maior implementação de ações
voltadas à melhoria da acessibilidade, por conseguinte de um fortalecimento da cidadania.
Esta percepção subjetiva do espaço público, com ênfase nas praças, tem sido trabalhada
por Duarte et al. (2013) cujo estudo de metodologia para diagnóstico de acessibilidade em
centros urbanos se apoia no conceito de eliminação da Exclusão Espacial.
Baseado nisso, este estudo teve como objetivo, realizar o levantamento florístico e
acessibilidade de praças do Município de Jaboatão dos Guararapes.
2. Material e Métodos
Este estudo foi realizado por meio de levantamento de dados com visita in loco em
junho de 2015 as seis praças localizadas no Município de Jaboatão dos Guararapes, PE,
conforme as localizações na Tabela 1.
TABELA 1. Seis praças localizadas no município de Jaboatão dos Guararapes e suas respectivas
informações quanto a acessibilidade, espécies arbóreas e depósito de lixo.
Praças Localização
Praça do Cemitério de Prazeres 08°09’13.7” S/ 34°55’29.9” O
Praça do Cruzeiro 08°10’15.9” S/ 34°55’48.0” O
Praça da Igreja de Piedade 8°10’09.96’’S/ 34°54’52.07’’O
Praça da Prefeitura de Jaboatão 08°09’53.5” S/ 34°55’21.5” O
Praça da Ruína 08°09’18.4” S/ 34°54’36.9” O
Praça da Igreja Nossa Senhora do Rosário 08°10’18.0” S/ 34°59’56.4” O
3. Resultados e Discussão
Ao realizar levantamento florístico dos indivíduos arbóreos e palmeiras existentes
na arborização das praças (Tabela 2), observou-se que a maior diversidade de espécies foi
encontrada na Praça da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, com 12 espécies e 42
214
indivíduos, entre árvores e palmeiras, porém destas, apenas três são nativas. A Praça do
Cruzeiro e a Praça de Nossa Sa. do Rosário apresentaram três espécies cada, porém para
ambas se sobressaíram origem exótica, retratando a desvalorização das espécies locais, ou
ainda, pela falta de conhecimento sobre.
TABELA 2. Levantamento florístico das seis Praças avaliadas, com seus respectivos nomes populares,
científicos e origem.
Praças Nome popular Nome científico Indivíduos Origem
Praça do Cemitério
Oiti Licania tomentosa (Benth.) Fritsch 19 N
de Prazeres
Praça do Cruzeiro Espirradeira Nerium oleander L. 1 E
Castanhola Terminalia catappa L. 2 E
Handroanthus impetiginosus (Mart. ex
Ipê roxo 1 N
DC.) Mattos
Praça da Igreja de
Côco Cocos nucifera L. 5 E
Piedade
Praça da Prefeitura de
Côco Cocos nucifera L. 3 E
Jaboatão
Palmeira Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex
4 N
macaíba Mart.
Palmeira NI 6 NI
Olho de pomba Adenanthera pavonina Linnaeus. 2 N
Ficus Ficus benjamina L. 1 E
Dendê Elaeis guineenses Jacq. 5 E
Palmeira anelada Hyophorbe verschaffeltii 1 E
Mangueira Mangifera indica L. 2 E
Tamarindo Tamarindus indica L. 1 E
Castanhola Terminalia catappa L 6 E
Ipê Tabebuia sp. 5 N
Palmeira leque Livistona chinensis (Jacq.) R.Br. ex Mart. 2 E
Praça da Ruína Brasileirinha Erythrina variegata 1 E
Praça da Igreja N. Sa.
Ficus Ficus benjamina L. 7 E
do Rosário
Paubrasilia echinata (Lam.) E. Gagnon,
Pau brasil 1 N
H.C. Lima & G.P. Lewis
NI NI 2 NI
*NI = Não identificada, N= Nativa, E= Exótica
Bastos et al. (2016), analisando praças em Santa Catarina, identificou uma
diversidade de 50 espécies, mostrando uma maior riqueza que a encontrada neste trabalho.
215
Das seis praças analisadas, 50% não apresentaram aspectos relacionados a
acessibilidade, como rampas de acesso, situação esta que causa dificuldades ao cadeirante
no momento de locomoção de entrada a calçada. Foi observada, também, a ausência de
pavers, destinados a deficientes visuais, dificultando a mobilidade destas pessoas. Pessoas
com deficiências encontram muitas limitações em seu cotidiano, e os pavers são estratégias
eficientes (Wagner et al., 2010).
Na Figura 1 observa-se que duas das praças avaliadas, não apresentam
pavimentação (Praça do Cemitério de Prazeres e Praça Igreja de Piedade), e que a Praça da
Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes apresenta uma grade que a circunda, sendo
considerada uma barreira de acesso a população, fator este que descaracteriza o objetivo
destas áreas para o município.
FIGURA 1. Seis praças localizadas no Município de Jaboatão dos Guararapes -PE, com suas respectivas
arborizações e acessibilidades.
4. Conclusão
As praças analisadas apresentaram maior quantidade de espécies de origem exótica,
reforçando a falta de planejamento existente por parte dos órgãos públicos. Em se tratando
216
de acessibilidade nas Praças, registrou-se falta de estrutura adequada, acreditando que não
se trata apenas de uma questão de atendimento às leis e normas, mas a falta de uma cultura
de inclusão.
5. Literatura Citada
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050: Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.
Byng, J. W. et al. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the
orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society,
v. 181, n. 1, p. 1–20, 2016.
Moser, P.; Silva, A.C.; Higuchi, P.; Santos, E. M.; Schmitz, V. Avaliação pós tempestade
da arborização do campus da Universidade do Estado de Santa Catarina em Lages, SC.
Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Piracicaba, v. 5, n.2 p.36-46,
2010.
Schwab, N. T.; Girardi, L. B.; Neuhaus, M.; Backes, F. A. A. L.; Bellé, R. A.; Menegaes, J.
F. Diversidade florística do bairro Nossa Senhora das Dores em Santa Maria, RS. Revista
Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v. 20, n. 2, p.155-162, 2014.
217
Distribuição de indivíduos da ordem Hymenoptera em um fragmento de
Mata Atlântica
Letícia Siqueira Walter1, Roberto de Freitas Morais Sobrinho2, Tarcila Rosa da Silva Lins3,
Emmanoella Costa Guaraná Araujo4, Thiago Cardoso Silva5, Tarcísio Viana de Lima6
1
Universidade Federal do Paraná (leticiasiqueira.walter@gmail.com), 2 Universidade Federal Rural
de Pernambuco (robertomorais8@gmail.com), 3 Universidade Federal do Paraná
(tarcila.lins@hotmail.com), 4 Universidade Federal Rural de Pernambuco
(manuguarana@hotmail.com), 5 Universidade Federal Rural de Pernambuco
(thiagocardoso.pe@gmail.com), 6 Universidade Federal Rural de Pernambuco
(t.viana.delima@bol.com.br)
RESUMO: Dos organismos presentes no solo, a fauna edáfica, é responsável por funções
fundamentais para a manutenção dos ecossistemas. Seus integrantes podem ser utilizados
como bioindicadores, como por exemplo os da ordem Hymenoptera, presentes nos
ambientes terrestres e sensíveis a alterações edafoclimáticas. Objetivou-se analisar
quantitativa e qualitativamente a distribuição vertical de indivíduos da ordem
Hymenoptera, em área sob dossel e em área de clareira, em fragmento de Mata Atlântica.
As coletas foram realizadas no Jardim Botânico do Recife, totalizando dez amostras (cinco
de cada situação). As amostras foram beneficiadas em laboratório para a contagem e
identificação a nível de ordem dos indivíduos. Foi observado que a intensidade luminosa
foi superior nas áreas de clareira, apresentando também maior temperatura. A ordem
Hymenoptera foi encontrada em todas as áreas em avaliação, apresentando maior
ocorrência nas áreas de clareira, com maior densidade em relação com as demais ordens.
Palavras-chave: fauna edáfica, ecologia, Jardim Botânico.
1. Introdução
Os componentes da fauna edáfica têm influência na biodiversidade e desempenham
um importante papel para a manutenção dos ecossistemas, algumas das principais
atividades desempenhadas pela fauna de solo são a ciclagem de nutrientes, decomposição
da matéria orgânica e produção de húmus (Berude et al., 2015).
218
por meio da abertura de galerias, interligando os seus horizontes (Balin et al., 2017).
Formigas são insetos que podem ser utilizados como bioindicadores, pois ocupam quase
todos os nichos disponíveis em ambientes terrestres, podendo construir seus ninhos desde a
copa das árvores até alguns metros de profundidade no solo (Oliveira et al., 2016).
2. Material e Métodos
O estudo foi feito no Jardim Botânico do Recife. Segundo a classificação de
Koppen, o clima da região é caracterizado como As’ Tropical costeiro ou “pseudo” tropical
da costa nordestina, quente e úmido, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano com
precipitação média anual de 1651 mm, e temperatura média de 24 ºC variando entre 18 e
32 ºC (Vasconcelos & Bezerra, 2000).
Foram coletadas dez amostras de necromassa e solo em área de cobertura de dossel
e dez em área de clareira, com a utilização de gabaritos de madeira (25 cm x 25 cm)
distribuídos em ziguezague a cada 10 metros. Em cada ponto, a necromassa foi retirada até
a exposição o solo e o solo foi amostrado até 20 cm de profundidade. A coleta foi realizada
às 10 horas, para a obtenção da temperatura na superfície do solo e de cada ponto de
retirada de material, bem como a incidência luminosa. Para as aferições foram utilizados
um termômetro convencional e um luximetro (marca Minipa, modelo MLM 1011).
As amostras foram levadas ao laboratório de Ecologia Florestal do Departamento
de Ciência Florestal da UFRPE, onde foram realizadas as triagens do material coletado
para retirada e separação dos indivíduos da macrofauna, que permaneceram
acondicionados em recipientes com álcool etílico a 70%, para posterior contagem e
identificação. Em seguida as amostras foram colocadas em funis Berlese-Tüllgren, onde
permaneceram por sete dias. Os indivíduos foram identificados à nível de ordem,
utilizando uma lupa e prancha de identificação e contabilizados. A partir dos dados, foram
calculados os índices de diversidade de Shannon-Wiener (H’) de uniformidade de Pielou
(J).
219
3. Resultados e Discussão
Foi possível observar que a ordem Hymenoptera apresentou maior ocorrência nas
áreas de clareira, em relação a áreas sob dossel. Além disso, a intensidade luminosa foi
superior nas áreas de clareira, apresentando também maior temperatura.
Os resultados apresentados na Tabela 1 indicam que as áreas de clareira, na
superfície, apresentaram maiores médias de temperatura quando comparadas com a área
sob dossel e a 20 cm de profundidade nas duas áreas em estudo, o que é esperado visto que
a intensidade luminosa na superfície do solo é maior do que nas áreas com cobertura
vegetal.
Tabela 1. Médias das temperaturas e intensidade luminosa no solo nas áreas de clareira e sob dossel, onde
foram analisados os contingentes populacionais de fauna edáfica na mata do Curado, Recife, Pernambuco,
2014.
Temperatura média do solo (ºC) Intensidade Luminosa (Lux)
Clareira Sob Dossel
20 cm de 20 cm de Clareira Sob Dossel
Superfície Superfície
profundidade profundidade
28,7 26,9 26,2 24,7 86.756.000 6.740.000
220
Tabela 2. Valores encontrados para número de indivíduos, Densidade Relativa, Índice de Diversidade de
Shannon e Índice de Uniformidade de Pieolou, dos contingentes populacionais de fauna edáfica, em área de
clareira e sob dossel, na mata do Curado, Recife, Pernambuco, 2014.
ÁREA DE CLAREIRA
Densidade Relativa Índice de Shannon Índice de Pielou
Fauna Edáfica
Necro Solo Necro Solo Necro Solo
Hymenoptera 37,5 55,71 0,1597 0,1415 0,2654 0,2966
Demais ordens 62,5 44,29 0,4140 0,1726 0,6874 0,3616
TOTAL 100 100 0,5737 0,3141 0,9528 0,6582
ÁREA SOB DOSSEL
Densidade Relativa Índice de Shannon Índice de Pielou
Fauna Edáfica
Necro Solo Necro Solo Necro Solo
Hymenoptera 6,12 14,06 0,0743 0,1198 0,0879 0,1714
Demais ordens 93,88 85,94 0,5915 0,2879 0,7000 0,4119
TOTAL 100 100 0,6658 0,4077 0,7879 0,5833
Legenda: Necro - Necromassa
3. Conclusões
A ordem Hymenoptera apresentou maior ocorrência nas áreas abertas (de clareira) e
foi contabilizada em todas as áreas de estudo, mostrando que são insetos com mais
possibilidades de estabelecimento em locais com características diferentes.
4. Literatura Citada
221
Balin, N.M; Bianchini, C; Ziech, A.R.D; Luchese, A.V; Alvez, M.V; Conceição, P.C.
Fauna edáfica sob diferentes sistemas de manejo do solo para produção de cucurbitáceas.
Revista Scientia Agraria. v. 18 n.3, p. 74-84, 2017. DOI:
http://dx.doi.org/10.5380/rsa.v18i3.52133
Brescovit, A.D. Inventário de fauna edáfica como instrumento na avaliação de qualidade e
biodiversidade de solos urbanos: estudo de caso do parque CienTec. Boletim Paulista de
Geografia v. 96, 2017, p.66-90. http://www.agb.org.br/publicacoes/index.php/boletim-
paulista/article/download/667/574. 15 abr. de 2018
Oliveira, I.R.P; Ferreira, A.N; Viana Júnior, A.B; Dantas, J.O; Santos, M.J.C; Ribeiro,
M.J.B. Diversidade de formigas (Hymenoptera; Formicidae) edáficas em três estágios
sucessionais de Mata Atlântica em São Cristóvão, Sergipe. Agroforestalis News, v.1, n.1,
2016. DOI:http://orcid.org/0000-0002-7481-3982
Patucci, N.N; Oliveira Filho, L.C.L; Oliveira, D; Baretta, D; Bartz, M.L.C; Berude, M.C;
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Riqueza de formigas (Hymenoptera, Formicidae) da serapilheira em fragmentos de
floresta semidecídua da Mata Atlântica na região do Alto do Rio Grande, MG, Brasil.
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Vasconcelos, R.F.A. & Bezerra, O.G. Atlas Ambiental da Cidade do Recife. Recife:
Prefeitura da Cidade do Recife/Secretaria de Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente,
2000.
222
Distribuição vertical de indivíduos da ordem Diptera em fragmento
urbano de Mata Atlântica
Tarcila Rosa da Silva Lins 1, Roberto de Freitas Morais Sobrinho², Emmanoella Costa Guaraná
Araujo3, Thiago Cardoso Silva4, Elton Januario Silva 5 Tarcísio Viana de Lima6
UFPR (tarcila.lins@hotmail.com) ¹, UFRPE (roberto.morais@bol.com.br) ², UFRPE
(manuguarana@gmail.com) ³, UFRPE (thiagocardoso.pe@gmail.com)4 , UFRPE
(eltonjsilva@outlook.com) 5, UFRPE (t.viana.delima@bol.com.br)6
1. Introdução
O sistema solo-serapilheira é o habitat de uma série de organismos, que em
conjunto são conhecidos como fauna edáfica, e podem ser classificados de acordo com a
sua função, morfologia e categorias ecológicas. Esses organismos vivem permanentemente
ou parte da sua vida (como as larvas) no solo ou serapilheira, diferem entre si no tamanho e
no tipo de metabolismo. Os indivíduos da fauna edáfica participam de processos
fundamentais para a manutenção dos ecossistemas tais como a decomposição da matéria
orgânica e ciclagem de nutrientes (Machado et al., 2015; Brito et al., 2016; Almeida et al.,
2017).
Parâmetros biológicos têm sido muito utilizados como indicativos da qualidade do
solo, pois são sensíveis a alterações físicas e químicas do ambiente em que estão inseridos.
Atualmente os bioindicadores são recursos muito utilizados no monitoramento ambiental,
223
pois eles se adaptam para sobreviver, se reproduzir e dar andamento às suas funções no
ecossistema em condições diferentes das que estão acostumados (Costa et al., 2016).
O uso de invertebrados como bioindicadores se dá devido à grande sua diversidade,
que facilita a amostragem e possibilita a captura de uma quantidade maior de grupos e
proporciona uma análise mais robusta. Os indivíduos da classe Insecta são utilizados para
avaliar impactos ambientais, como em casos de fragmentação florestal, pois sua dinâmica é
facilmente afetada pelas alterações do meio. As ordens de maior potencial para o
monitoramento de impactos ambientais são Coleoptera, Hemiptera, Hymenoptera,
Lepidoptera, Orthoptera e Díptera. Os indivíduos desta última classe que têm potencial
como bioindicadores têm acentuada sensibilidade às alterações ambientais, de maneira que
dão respostas rápidas como alterações na composição das espécies (Gomes, 2017).
O estudo teve por objetivo analisar quantitativa e qualitativamente a distribuição
vertical de indivíduos da ordem Diptera, em serapilheira e solo, sob dossel e em área de
clareira de um fragmento de floresta ombrófila densa.
2. Materiais e Métodos
O estudo foi realizado no Jardim Botânico do Recife, que se situa no bairro do
Curado, cidade do Recife/PE. Segundo a classificação de Koppen, a região possui clima
As’ Tropical costeiro ou “pseudo” tropical da costa nordestina, quente e úmido, com
chuvas bem distribuídas no ano e com temperatura média de 24°C, variando entre 18 e
32°C (Vasconcelos & Bezerra, 2000).
Na área de estudo, dez amostras de necromassa e dez de solo, em área de cobertura
de dossel e em área de clareira foram coletadas. Foram utilizados gabaritos de madeira (25
cm x 25 cm), lançados em zigue-zague com 10 metros de distância entre eles. Em cada
ponto, a necromassa foi retirada até a exposição do solo do solo em aproximadamente 20
cm de profundidade. A coleta foi realizada às 10 horas da manhã, para a obtenção da
temperatura na superfície do solo e de cada ponto de retirada de material, bem como para
verificar a incidência luminosa. Para obter esses valores, foram utilizados um termômetro
convencional e um luximetro (marca Minipa, modelo MLM 1011).
A triagem do material foi realizada no laboratório de Ecologia Florestal do
Departamento de Ciência Florestal da UFRPE, para separação dos indivíduos da
224
necromassa, que permaneceram acondicionados em recipientes com álcool etílico a 70%.
Posteriormente, os indivíduos foram contados e identificados em nível de ordem e as
amostras foram postas em funis Berlese-Tüllgren, onde permaneceram por sete dias.
A partir dos dados, foram calculados os índices de diversidade de Shannon-Wiener
(H’) de uniformidade de Pielou (J).
3. Resultados e discussões
A partir dos resultados apresentados (Tabela 1), pode-se entender que as áreas de
clareira apresentaram maiores médias de temperatura quando comparadas com a área sob
dossel, bem como as áreas de superfície comparadas às de 20 cm de profundidade nas duas
áreas em estudo. Esse comportamento é esperado, pois a intensidade luminosa recebida
pela superfície do solo em áreas de clareira é maior que em áreas cobertas pelo dossel das
árvores.
TABELA 1. Médias das temperaturas e intensidade luminosa no solo nas áreas de clareira e sob dossel, onde
foram analisados os contingentes populacionais de fauna edáfica na mata do Curado, Recife, Pernambuco,
2014.
Tais resultados corroboram com Freitas e Barreto (2008), que explicam que áreas
de mata fechada possuem melhores condições ecológicas de temperatura e umidade,
favoráveis a reprodução e alimentação dos organismos edáficos. Ferreira e Marques (1998)
citam também que áreas de clareira facilitam a evaporação da umidade presente no solo e
que este fator, juntamente com uma maior variação de temperatura e impacto da chuva,
causa redução na fauna presente nestas áreas.
Na necromassa da área de clareira foi encontrada uma maior densidade relativa da
ordem Diptera, quando comparado com a área sob influência do dossel (Tabela 2). Esses
resultados são contrários ao que se esperava, visto que a área sob o dossel proporciona
225
melhores condições para o estabelecimento e desenvolvimento dos indivíduos da ordem
em questão que estão presentes na fauna edáfica na forma larval.
TABELA 2. Valores encontrados para número de indivíduos, Densidade Relativa, Índice de Diversidade de
Shannon e Índice de Uniformidade de Pieolou, dos contingentes populacionais de fauna edáfica, em área de
clareira e sob dossel, na mata do Curado, Recife, Pernambuco, 2014.
ÁREA DE CLAREIRA
Densidade Relativa Índice de Shannon Índice de Pieolou
Fauna Edáfica
Necro Solo Necro Solo Necro Solo
Diptera 12,5 0 0,1129 0 0,1876 0
Outras ordens 87,5 100 0,4608 0,3141 0,7652 0,6582
TOTAL 100 100 0,5737 0,3141 0,9528 0,6582
ÁREA SOB DOSSEL
Densidade Relativa Índice de Shannon Índice de Pieolou
Fauna Edáfica
Necro Solo Necro Solo Necro Solo
Diptera 2,04 0 0,0345 0 0,0408 0
Outras ordens 97,96 100 0,6313 0,4077 0,7471 0,5833
TOTAL 100 100 0,6658 0,4077 0,7879 0,5833
4. Considerações Finais
A ordem Diptera apresentou ocorrência apenas na necromassa em ambas as áreas
estudadas, o que provavelmente ocorreu devido à preferência alimentar desta ordem por
material em decomposição.
226
5. Literatura citada
Almeida, H.S.; Silva, R.F.; Grolli, A.S.; Scheid, D.L. Ocorrência e diversidade da fauna
edáfica sob diferentes sistemas de uso do solo. Revista Brasileira de Tecnologia e
Agropecuária, v.1., n.1., p.15-23, 2017.
Brito, M.F.; Tsujigushi, B.P.; Otsubo, A.A.; Silva, R.F.; Mercante, F.M. Diversidade da
fauna edáfica e epigeica de invertebrados em consórcio de mandioca com adubos verdes.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.51, n.3, p.253-260, 2016.
Costa, R.M.C.; Borges, C.H.A.; Amorim, F.S.; Souto, J.S.; Souto, P.C. Abundância de
invertebrados do solo em mata ciliar no semiárido da Paraíba. Gaia Scientia, v.10, n.4., p.
424-431, 2016.
Freitas, A.C.S.; Barreto, L.V. Qualidade biológica do solo em ecossistemas de mata nativa
e monocultura do café. Enciclopédia Biosfera N.05. Goiânia. Instituto Construir e
Conhecer. 2008.
Machado, D.L.; Pereira, G.M.; Correia, M.E.F.; Diniz, A.R.; Menezes, C.E.G. Fauna
edáfica na dinâmica sucessional da Mata Atlântica em floresta estacional semidecidual na
bacia do Rio Paraíba do Sul – RJ.Ciência Florestal, Santa Maria, v. 25, n. 1, p. 91-106,
2015 .http://www.scielo.br/pdf/cflo/v25n1/0103-9954-cflo-25-01-00091.pdf. 25 abril 2018.
227
Distribuição vertical de indivíduos da ordem Polydesmida em fragmento
urbano de Mata Atlântica
Cibelle Amaral Reis 1, Roberto de Freitas Morais Sobrinho 2, Elton Januario da Silva3, Emmanoella
Costa Guaraná Araujo4, Thiago Cardoso Silva4,Tarcísio Viana de Lima4
1
Universidade Federal do Paraná - UFPR. E-mail: cibelleamaralreis@hotmail.com;
2
E-mail: robertomorais8@gmail.com; 3E-mail: eltonjsilva@outlook.com;
4
Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. E-mails: manuguarana@gmail.com,
thiagocardoso.pe@gmail.com, t.viana.delima@bol.com.br
1. Introdução
Os organismos presentes no sistema solo possuem uma grande variedade de
espécies, tamanhos e metabolismos, sendo responsáveis por inúmeras funções no ambiente
edáfico. Dentre os invertebrados do solo, a macrofauna é essencial para o funcionamento
do ecossistema, pois afeta a produção primária da decomposição da matéria e a ciclagem
de nutrientes, participando também da estruturação do solo e importante elo na teia trófica
(Socarrás, 2013; Almeida; Xavier; Souto, 2015). Portanto, o uso destes organismos como
indicadores da qualidade do solo é bastante relevante, principalmente em ambientes que
sofreram perturbações antrópicas.
Um ecossistema é uma unidade funcional caracterizada por fatores bióticos e
abióticos e a interação destes regula a dinâmica deste sistema de forma interdependente,
portanto, qualquer alteração interna ou externa que afete essas relações, afetará o equilíbrio
da unidade como um todo. As atividades antrópicas exercem grandes pressões nos
ecossistemas, especialmente naqueles em sua proximidade, situação recorrente em diversos
228
fragmentos de Mata Atlântica. A atenção em relação às atividades impactantes e suas
consequências neste ecossistema tem ganhado cada vez mais notoriedade nos relatórios de
avaliação de impactos e levado a considerações na elaboração de políticas públicas para a
sua conservação (SCHERER, 2011).
Dentre as inúmeras ferramentas de diagnóstico, a riqueza de espécies em um
ambiente pode ser utilizada, em conjunto com outras análises, para identificar uma possível
alteração no equilíbrio e auxiliar na avaliação ecológica de uma área. Essa riqueza pode ser
verificada pela abundância de indivíduos presentes, levando em consideração aspectos
como a uniformidade (equitabilidade),
O estudo teve por objetivo analisar quantitativa e qualitativamente a distribuição
vertical de indivíduos da ordem Polydesmida, em serapilheira e solo, sob dossel e em área
de clareira de um fragmento de floresta ombrófila densa, utilizando índices de abundância.
2. Material e Métodos
O estudo foi realizado no Jardim Botânico do Recife, situado no bairro do Curado,
cidade do Recife/PE. De acordo com a classificação de Köppen, a região possui clima As’
Tropical costeiro ou “pseudo” tropical da costa nordestina, quente e úmido, com chuvas
bem distribuídas no ano e com temperatura média de 24°C, variando entre 18 e 32°C
(Vasconcelos & Bezerra, 2000).
Dez amostras de necromassa e dez de solo foram coletadas em área de cobertura de
dossel e de clareira utilizando-se de gabaritos de madeira (25 cm x 25 cm), lançados em
zigue-zague com 10 metros de distância entre eles. Em cada ponto, a necromassa foi
retirada até o solo exposto e o solo na profundidade de aproximadamente 20 cm. A coleta
foi realizada às 10 horas, para anotação da temperatura na superfície do solo em cada ponto
de retirada de material, bem como a incidência luminosa. Para obter esses valores, foram
utilizados um termômetro convencional e um luxímetro (marca Minipa, modelo MLM
1011).
Em seguida, realizou-se a triagem em laboratório e posterior acondicionamento dos
indivíduos em recipientes com álcool etílico a 70% em sequência com triagem em funis
Berlese-Tüllgren por sete dias.
229
A partir dos dados, foram calculados os índices de diversidade de Shannon-Wiener
(H’) de uniformidade de Pielou (J).
3.Resultados e Discussão
As temperaturas em área de clareira foram mais elevadas em ambos os pontos em
comparação com as medidas tomadas em área sob dossel, fator explicado pela maior
intensidade luminosa na primeira área (Tabela 1).
TABELA 1. Médias das temperaturas e intensidade luminosa no solo nas áreas de clareira e sob dossel, onde
foram analisados os contingentes populacionais de fauna edáfica na mata do Curado, Recife, Pernambuco,
2014.
TABELA 2. Valores encontrados para número de indivíduos, Densidade Relativa, Índice de Diversidade de
Shannon e Índice de Uniformidade de Pielou, dos contingentes populacionais de fauna edáfica, em área de
clareira, na mata do Curado, Recife, Pernambuco, 2014.
ÁREA DE CLAREIRA
Densidade Relativa Índice de Shannon Índice de Pielou
Fauna Edáfica
Necro Solo Necro Solo Necro Solo
Polydesmida 0 0,71 0 0,0153 0 0,0321
Outras ordens 99,29 99,29 0,4608 0,2988 0,7652 0,6261
TOTAL 100 100 0,5737 0,3141 0,9528 0,6582
230
Os baixos índices de Shannon e de Pielou obtidos neste trabalho demonstram a
baixa diversidade e riqueza destes indivíduos nas comunidades. Por serem organismos
detritívoros, tem relação com a dinâmica nutricional do solo e serapilheira, portanto, o
baixo número de espécimes pode indicar uma redução da disponibilidade de alimento ou
alterações na composição da serapilheira (Silva, 2017). Como esses invertebrados estão
sujeito à sazonalidade e variações bruscas nas condições ambientais, outra hipótese de seu
reduzido número pode estar relacionada à migração do ambiente em busca de condições
mais favoráveis (Mesa-Pérez et al., 2016; Santos-Silva et al, 2018). Sua ausência portanto
pode indicar desequilíbrio no sistema (Cabrera; Robaina; Léon, 2011), hipótese suportada
pelas pressões antrópicas sofridas pelo fragmento e seu isolamento, já que este complexo
processo afeta a quantidade e qualidade do habitat em questão. Este processo é ainda mais
grave na Mata Atlântica, que possui alto índice de fragmentação e considerável isolamento
de seus fragmentos, que muitas vezes possuem pequenas extensões inseridos em matrizes
altamente impactantes, sendo de suma importância o conhecimento de sua estrutura,
composição e dinâmica de seus componentes.
4. Conclusão
5. Literatura Citada
231
Almeida, M.A.; Xavier, A.; Souto, J.S. Sazonalidade da macrofauna edáfica do Curimataú
da Paraíba, Brasil. Ambiência Guarapuava (PR), v. 11, n. 2, p.393-407, 2015.
232
Diversidade arbórea da praça Veiga Cabral, no município de Macapá,
Amapá, Brasil
Kleber Luiz Rodrigues Pires1, Paulo Adller Alves de Araújo 1, Yara Soares Sales Barros1, Patrícia
dos Santos Chaves1, Camila de Oliveira e Silva1, Breno Marques da Silva e Silva1
1
Universidade do Estado do Amapá (UEAP). E-mails: klrp10@uol.com.br,
pauloadller19@gmail.com, yarasoaressb@gmail.com, patyscfavacho@gmail.com,
kamilaoliveira@gmail.com, breno.silva@ueap.edu.br
1. Introdução
O crescimento desordenado das cidades gera problemas notórios como poluição,
falta de infraestrutura, saneamento sanitário precário, que culminam em inúmeros
problemas de saúde. Além disso, o avanço da urbanização influencia na perda de espaços
verdes, gera a fragmentação dos habitats e a introdução de espécies exóticas (Isernhagen et
al., 2009).
Porém, com a implantação adequada da arborização urbana, é possível amenizar
conflitos entre a urbanização, a estrutura da cidade e a qualidade de vida da população
(Mazioli, 2012).
As praças são espaços urbanos de fundamental importância, pois as árvores
contribuem com a melhoria da qualidade do ar através do processo fotossintético, onde há
fixação de carbono (CO2) e liberação de oxigênio (O2) para o meio e seu espaço físico
233
serve para recreação das famílias e prática de atividades físicas, o que contribui também
para saúde do homem (Freitas et al., 2015; Pereira et al., 2016).
Assim, como os demais ambientes urbanos, as praças devem ter sua arborização
bem planejada. Nesse contexto, inventários quali-quantitativos são recomendados para que
se conheça a situação atual da arborização urbana, e os resultados obtidos auxiliam no
planejamento e na tomada de decisão em possíveis intervenções (Assunção et al., 2014).
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo determinar a diversidade de
espécies arbóreas presentes na praça Veiga Cabral, Macapá, Amapá, Brasil.
2. Material e Métodos
A praça Veiga Cabral está localizada no bairro do Trem, área urbana do município
de Macapá, Estado do Amapá, Brasil.
O levantamento arbóreo, foi realizado pelo método de inventário quali-quantitativo
do tipo censo, onde todos os indivíduos arbóreos, com circunferência acima do peito
(CAP) ≥ 10 cm e altura ≥ 1,3m, presentes nas calçadas e canteiro central, foram incluídos.
Em seguida, para os indivíduos, foram calculados o número de espécies por famílias e as
frequências absolutas e relativas (Santos-Junior & Costa, 2014).
Para identificação das espécies, o material fértil, com flor e/ou fruto foram
coletados, herborizados e tombados na Coleção Didática de Plantas da Universidade do
Estado do Amapá (UEAP). Em seguida, a identificação foi realizada por meio de
bibliografias especializadas e por meio de comparação com materiais depositados no
HAMAB do IEPA e Coleção Didática de Plantas da UEAP e classificados de acordo com
o APG IV (Angiosperm Phylogeny Group, 2016). A grafia dos nomes foi confirmada no
Site do Missouri Botanical Garden (www.tropicos.org).
3. Resultados e Discussão
Na praça Veiga Cabral foram encontrados 41 indivíduos, pertencentes a 12
espécies, distribuídos em 7 famílias botânicas. As famílias com maior riqueza de espécies
foram a Fabaceae (5 espécies) e Arecaceae (2 espécies). E as com maior número de
indivíduos foram Fabaceae (22 indivíduos), Anacardiaceae (7 indivíduos) e Arecaceae (5
indivíduos) (Tabela 1). De forma diferente, na praça Floriano Peixoto, Macapá-AP, são
234
encontrados 240 indivíduos, distribuídos em 10 famílias, 18 gêneros e 19 espécies (Dantas
et al., 2016).
TABELA 1. Diversidade de espécies arbóreas da praça Veiga Cabral, Macapá - Amapá - Brasil. *Or -
Origem fitogeográfica, FA - Frequência absoluta, FR - Frequência relativa.
Família Espécie Or* FA* FR*
E 1 2,4
Dypsis lutescens (H. Wendl.) Beentje & J. Dransf.
Veitchia merrillii (Becc.) H.E. Moore
Arecaceae E 4 9,8
235
4. Conclusão
Na praça Veiga Cabral há baixa diversidade arbórea, um pequeno número de
famílias, com poucas espécies, na maioria de origem exótica, bem como poucos
indivíduos.
5. Literatura Citada
Dantas, A.R.; Gomes, E.M.C.; Pinheiro, A.P. diagnóstico florístico da Praça Floriano
Peixoto na cidade de Macapá, Amapá. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização
Urbana, v.11, n.4, p. 32-46, 2016.
Gomes, E.M.C; Rodrigues, D.M.S.; Santos, J.T.; Barbosa, E.J. Análise quali-quantitativa
da arborização de uma praça urbana do Norte do Brasil. Nativa, v.4, n.3, p.179-186, 2016.
Isernhagen, I.; Bourlegat, J.M.G.L.; Carboni, M. Trazendo a riqueza arbórea regional para
dentro das cidades: possibilidades, limitações e benefícios. Revista da Sociedade Brasileira
de Arborização Urbana, v.4, n.2, p.117-138, 2009.
Freitas, W.K.; Pinheiro, M.A.S.; Abrahão, L.L.F. Análise da arborização de quatro praças
no bairro da Tijuca, RJ, Brasil. Floresta e Ambiente, v. 22, n. 1, p. 23-31, 2015.
Assunção, K.C.; Luz, P.B.; Neves, L.G.; Paiva Sobrinho, S. Levantamento quantitativo da
arborização de praças da cidade de Cáceres/MT. Revista da Sociedade Brasileira de
Arborização Urbana, v. 9, p. 123-132, 2014.
Pereira, L.B.P.; Silva, T.R.; Delbim, L.R.; Hunger, M.S.; Zavarize, S.A.M. O profissional
de Educação Física e o meio ambiente: uma experiência de educação ambiental e a
melhora da qualidade de vida dos moradores dos centros urbanos. Arch Health Invest, v.5
n.4, p. 223-228, 2016.
236
Diversidade da arborização da Praça Nossa Senhora da Conceição no
município de Macapá, Amapá, Brasil
Greyci Alves de Sousa 1, Paulo Adller Alves de Araújo 2, Yara Soares Sales Barros 3, Patrícia dos
Santos Chaves4, Camila de Oliveira e Silva 5e Breno Marques da Silva e Silva6
1
Universidade do Estado do Amapá (UEAP)(greycialvess@gmail.com.),
2
UEAP)(pauloadller19@gmail.com), 3UEAP (yarasoaressb@gmail.com), 4UEAP
(patyscfavacho@gmail.com), 5UEAP (kamilaoliveira@gmail.com) e 6UEAP
(breno.silva@ueap.edu.br)
1. Introdução
O crescimento desordenado das cidades gera problemas notórios como poluição,
falta de infraestrutura, saneamento sanitário precário que culminam em inúmeros
problemas de saúde. Além disso, o avanço da urbanização influencia na perda de espaços
verdes, gera a fragmentação dos habitats e a introdução de espécies exóticas
(ISERNHAGEN et al., 2009). Para Gomes et al., (2016) o crescimento das cidades
representa parcela significativa na mudança física natureza causada pelo avanço da
antropização.
Vieira et al., (2016) afirma que com a expansão da urbanização parte do ambiente
natural é removido dando espaço para as construções de prédios, imóveis e rodovias e a
introdução de espécies exóticas. No entanto, esse autor enfatiza que espécies exóticas
podem trazer problemas a natureza e ou a humanos e que a arborização urbana deve
priorizar a utilização de espécies nativas para fins de conservação de espécies.
237
Para Pereira et al., (2016), as praças configuram um espaço ideal para o
planejamento da arborização urbana, por apresentarem menor confronto com a rede
elétrica e as edificações, além disso, as praças são usadas como área recreativa para as
famílias e prática de atividades física, que contribuem para a saúde física e mental do
homem.
Ademais, a arborização dos espaços livres das cidades é caracterizada por
apresentar inúmeros benefícios à população e a fauna, tais como melhoramento do
microclima, diminuição das ondas de calor, auxiliando na diminuição do consumo de
energia elétrica, diminuição de ruídos, atua como filtro na purificação do ar, além de servir
de abrigo e fornecer alimentos para a fauna, espaço recreativo para a população e de
valorizar áreas urbanas (GONÇALVES et al., 2012).
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo determinar a diversidade da
arborização urbana da Praça Nossa Senhora da Conceição, Macapá, Amapá, Brasil.
2. Material e Métodos
A Praça Nossa Senhora da Conceição está localizada no bairro do Trem, área
urbana do município de Macapá, Estado do Amapá, Brasil.
O levantamento arbóreo, foi realizado pelo método de inventário quali-quantitativo
do tipo censo, onde todos os indivíduos de porte arbóreo e arbustivo presentes nas calçadas
e canteiro central com circunferência acima do peito (CAP) ≥ 10 cm e com altura ≥ 1,3m
foram incluídos.
O material fértil, com flor e/ou fruto foi coletado, herborizado e tombadas na
Coleção Didática de Plantas da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), segundo
Fidalgo e Bononi (1989). Em seguida, a identificação foi realizada por meio de bibliografia
especializada (LORENZI, H., 2000; LORENZI, H., 2003; LORENZI, H., 2009) e por meio
de comparação com materiais depositados no HAMAB do IEPA e Coleção Didática de
Plantas da UEAP e classificados de acordo com o APG IV (ANGIOSPERM
PHYLOGENY GROUP, 2016). A grafia dos nomes foi confirmada no Site do Missurri
Botanical Garden (www.tropicos.org).
3. Resultados e Discussão
238
Fora encontrados 166 indivíduos distribuídos em 7 famílias botânicas, 18 gêneros e
21 espécies, sendo que as famílias Fabaceae (8), Bignoniaceae (4) Anacardiaceae (3) e
Myrtaceae (3) apresentaram os maiores números de espécies, (Tabela 1). Dantas et al.,
(2016), ao inventariarem a Praça Floriano Peixoto, encontraram 240 indivíduos,
distribuídos em 10 famílias, 18 gêneros e 19 espécies.
TABELA 1. Diversidade de espécies da arborização urbana da Praça Nossa Senhora da Conceição, Macapá -
Amapá - Brasil.
239
De acordo com estudos realizado por Barbosa e Lopes (2015) nas praças de São
João dos Patos (TO) foram registrados 290 indivíduos, pertencentes a 37 espécies e 23
famílias botânicas, sendo que as famílias com maiores números de espécies arbórea-
arbustivas foram Fabaceae (4), Myrtaceae (3) e Apocynaceae (3), resultados que não
corroboram com os encontrados na Praça Nossa Senhora da Conceição.
A espécie mais frequente foi Mangifera indica L. com 61 indivíduos, o que
representa (36,75%) do total de indivíduos amostrados, seguida das espécies Andira
inermis (Sw.) Kunth com 27 indivíduos (16,26%), Anacardium occidentale L. com 14
indivíduos (8,43%), Clitoria fairchildiana R.A. Howard e Licania tomentosa (Benth.)
Fritsch com 12 indivíduos (7,23%) cada uma. Quanto à origem fitogeográfica das espécies
inventariadas, do total de 21 espécies encontrada na arborização, 5 espécies são exóticas
(representando 23,81%) e 16 são nativas (representando 76,19%), Dantas et al.; (2016),
afirma que Clitoria fairchildiana R.A. Howard é exótica, mas, para Silva et al., (2017), a
espécie é nativa.
4. Conclusão
A arborização da praça Nossa Senhora da Conceição apresenta diversidade
semelhante à outras cidades da Amazônia Brasileira.
5. Literatura Citada
Almeida, D.N; Rondon, R. M. Análise da arborização urbana de três cidades da região
norte do Estado de Mato Grosso. Instituto Nacional de Pesquisas da AmazôniaVol. 40(4)
2010: 647 – 656.
ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP (APG) III. An update of the Angiosperm
Phylogeny Group Classification for the orders and families of flowering plants: APG III
Botanical. JournaloftheLinneanSociety, [s.n.], não paginado, 2009.
ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP (APG) III. An update of the Angiosperm
Phylogeny Group Classification for the orders and families of flowering plants: APG III
Botanical. Journalofthe LinneanSociety, [s.n.], não paginado, 2016.
Barbosa, L.A.; Lopes, C.G.R. Levantamento Das Espécies Vegetais Das Praças De São
João Dos Patos - MA. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v.10, n.1, p.
19-29, 2015.
240
Dantas, A.R.; Gomes, E.M.C.; Pinheiro, A.P. diagnóstico florístico da Praça Floriano
Peixoto na cidade de Macapá, Amapá. REVSBAU, v.11, n.4, p. 32-46, 2016.
Gomes, E.M.C; Rodrigues, D.M.S.; SANTOS, J.T.; Barbosa, E.J. Análise quali-
quantitativa da arborização de uma praça urbana do Norte do Brasil. Nativa, v.4, n.3,
p.179-186, 2016.
Gonçalve, S,A.; Camargo, L. S.; Soares, P. F. Influência da vegetação no conforto térmico
urbano: Estudo de caso na cidade de Maringá – Paraná. Anais do III Seminário de Pós-
Graduação em Engenharia Urbana, 2012.
Isernhagen, I.; Bourlegat, J.M.G.L.; Carboni, M. Trazendo a riqueza arbórea regional para
dentro das cidades: possibilidades, limitações e benefícios. Revsbau, v.4, n.2, p.117-138,
2009.
Lorenzi, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas
nativas do Brasil. 3. ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudo da Flora, 2000. v.1. 352
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Lorenzi, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas
nativas do Brasil. 3 vols. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2009.
Lorenzi, H. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova
Odessa: Plantarum, 2003. 384 p.
Pereira, L.B.P.; Silva, T.R.; Delbim, L.R.; Hunger, M.S.; Zavarize, S.A.M. O profissional
de Educação Física e o meio ambiente: uma experiência de educação ambiental e a
melhora da qualidade de vida dos moradores dos centros urbanos. Arch Health Invest, v.5
n.4, p. 223-228, 2016.
Silva, B.M.S.; Santos, I.M.B.; Araújo, P.A.A.; Soares, R.N.; Silva, C.O. emergência de
plântulas de faveira (Clitoria fairchildiana R.A. Howard) em diferentes substratos. Revista
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Vieira, J.G.P.; Gonçalves, T.C.; Pasin, L.A.A.P. Levantamento florístico de espécies
arbóreas na Praça Coronel José Vieira em Paraisópolis/MG. Revista Brasileira de Gestão
Ambiental, v. 10, n.1, p.30-34, 2016.
241
Eficácia dos poleiros artificiais na restauração de área degradada no
semiárido da Paraíba
1. Introdução
A conservação da caatinga está intimamente associada ao combate à desertificação,
processo de degradação ambiental que ocorre em áreas áridas, semiáridas e sub-úmidas
secas. No Brasil, 62% das áreas susceptíveis à desertificação estão em zonas originalmente
ocupadas por caatinga, sendo que muitas já estão bastante alteradas (Souto et al., 2017).
Alterações na caatinga tiveram início com o processo de colonização do Brasil. Ao
longo do tempo, além da pecuária e práticas agrícolas rudimentares, outras formas de uso
242
da terra no semiárido brasileiro foram adotadas, a exemplo da diversificação da agricultura
e da pecuária, com a inserção dos caprinos e ovinos, aumento da extração de lenha para
fins madeireiros, produção de carvão e uso em cerâmicas, olarias e panificadoras, dentre
outros.
Vê-se pelo exposto que as ações antrópicas têm sido imperativas em relação ao
meio natural, com o homem enfrentando grandes desafios referentes à capacidade limitada
dos ecossistemas em sustentar o atual nível de consumo material decorrente das atividades
econômicas e crescimento populacional. Diante dessa constatação torna-se crescente a
ideia da conservação dos ecossistemas naturais e da restauração dos ecossistemas
degradados pelo homem.
Para Reis e Kageyama (2003) a interação fauna-flora cria um cenário favorável à
restauração de áreas degradadas, haja vista que a polinização das flores e a dispersão das
sementes são as duas interações mais importantes entre animais e plantas. Isso também é
ratificado por Souto et al. (2017) ao afirmarem que a fauna faz parte do ecossistema
florestal e possui papel fundamental na manutenção do equilíbrio de uma floresta tropical,
atuando principalmente nos processos de polinização e dispersão de sementes.
Assim como em outros ecossistemas, as espécies arbóreas da caatinga também
necessitam de agentes dispersores para transportarem as sementes dos fragmentos de
floresta às áreas degradadas. Neste sentido, as aves e os répteis apresentam papel
fundamental para que as sementes das árvores dos fragmentos de floresta preservada
possam promover o processo de regeneração em área degradada ou em processo de
restauração.
Para Silveira et al. (2015) a necessidade de iniciativas para restaurar as áreas
degradadas surge como algo necessário para o estado da Paraíba. A retirada da cobertura
vegetal de áreas degradadas provoca danos à biodiversidade, uma vez que de interfere nas
condições físicas e afetam o desenvolvimento e a manutenção de atividades ligadas ao
social, econômico e ambiental. Enfim, ocasiona impactos em áreas que estão direta ou
indiretamente relacionadas à manutenção do bioma Caatinga.
No presente estudo objetivou-se avaliar a eficiência do uso de poleiros artificiais na
restauração de área degradada no Núcleo de Desertificação do Seridó/Paraíba.
2. Material e Métodos
243
Foram instalados, em agosto de 2017, poleiros do tipo “seco” com 2,0 m de altura
e coletores de sementes fixados em sua base. Os coletores, confeccionados com tela de
náilon de 1,0 m², foram dispostos no intuito de formar uma estrutura côncava, com cerca
de 0,20 m de profundidade, com auxílio de arame de 1,0 mm, fixado ao solo com piquetes
de ferro.
Utilizou-se delineamento em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro
repetições. Os tratamentos consistiram do espaçamento entre poleiros: 1) 5,0m x 5,0m; 2)
10,0m x 10,0m; 3) 15,0m x 15,0m; 4) 20,0m x 20,0m e 5) tratamento controle, inserido em
área de caatinga preservada. Cada unidade experimental consistiu do conjunto de quatro
poleiros, inclusive o tratamento controle, onde foram instalados os poleiros dentro de área
de caatinga contígua.
Mensalmente, durante seis meses foram coletadas as sementes e excretas de aves
nos coletores de cada tratamento. Em seguida, esse material foi conduzido ao Laboratório
de Nutrição Mineral de Plantas do Centro de Saúde e Tecnologia Rural da Universidade
Federal de Campina Grande, onde foram quantificados, pesados e identificadas as
sementes das espécies ali depositadas.
3. Resultados e discussão
Ao se visualizar a tabela 1 verifica-se que o número e o peso médio das sementes
coletadas foram maiores no tratamento em que os poleiros estavam espaçados 10,0m x
10,0m.
5,0m x 5,0m 0 0
Controle 5 0,60
Total 19 2,38
244
Os resultados mostrados acima são um indicativo de que as aves que frequentam a
área experimental são de porte intermediário, onde o seu voo se dá a pequenas distâncias.
O número de sementes observado na tabela 1 está relacionado à sazonalidade da
frutificação das espécies pertencentes ao fragmento florestal próximo à área degradada. As
principais sementes coletadas foram de umburana (Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.
Gillett) e faveleira (Cnidoscolus quercifolius Pohl).
O número e peso das excretas de aves que visitaram os poleiros artificiais na área
experimental são observados na tabela 2. Nota-se que foram recolhidas 286 excretas, sendo
que, o maior número foi encontrado nos coletores que estavam dispostos no tratamento em
que os poleiros distavam 20,0 m entre si. Resultados similares foram encontrados por
Guedes (2017) ao desenvolver trabalho na mesma área experimental.
Tabela 2. Número e peso médio de excretas (g) de aves coletadas em poleiros artificiais distribuídos em
diferentes espaçamentos no semiárido da Paraíba.
Controle 5 0,45
245
O uso de poleiros é de fundamental importância para o estudo da excreta das aves
que frequentam a área em processo de restauração.
Agradecimentos
Agradecemos à FAPERN/CAPES, pelo auxílio financeiro.
5. Literatura Citada
246
Espécies arbóreas utilizadas na arborização dos canteiros centrais das
avenidas principais de dois loteamentos no Bairro Jardins, São Gonçalo do
Amarante - RN
João Gilberto Meza Ucella Filho1, Débora de Melo Almeida2, Heitor Bruno Barbosa de Azevedo³,
Fernanda Moura Fonseca Lucas4, Túlio Brenner Freitas da Silva5,Tatiane Kelly Barbosa de Azevedo6
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (16joaoucella@gmail.com); ²Univerisdade Federal do Rio
Grande do Norte (debooraalmeida@gmail.com); ³Instituto de Educação Superior da Paraíba
(heitorazevedo@live.com); 4Universidade Federal do Rio Grande do Norte (fernanda-
fonseca@hotmail.com); 5Universidade Federal do Rio Grande do Norte (tuliobrenner29@gmail.com);
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte(tatianekellyengenheira@hotmail.com)
RESUMO: A arborização presente nos canteiros centrais das avenidas das cidades brasileira
são bastante diversificadas, variando de acordo com os fatores econômicos, culturais e sociais.
Diante o exposto, este trabalho teve por objetivo identificar a variabilidade de
espécies presentes na arborização dos canteiros centrais de dois loteamentos
planejados no bairro Jardins, São Gonçalo do Amarante -RN. O estudo foi
realizado nos canteiros centrais dos loteamentos Cidade das Rosas e Cidade das
Flores, durante o mês de março de 2018. As espécies que foram identificadas in
loco, tiveram seu nome popular ou científico anotado, enquanto para as
desconhecidas realizou-se anotações das características morfológico da planta.
Os dados obtidos foram estruturados em uma planilha e submetidos a análise
estatística descritiva, para à estruturação de tabelas e gráficos no programa
Microsoft Excel® versão 2010. Foram encontrados 402 indivíduos, pertencentes a
11 famílias e distribuídos em 22 espécies arbóreas, onde 11 foram classificad as
como nativas, 10 exóticas e 1 não identificada. A família e espécie mais
representativa foi a Fabaceae (27,27%) e a Azadirachta indica A. Juss. (42,79%),
respectivamente. O levantamento constatou um número de espécies nativas
superior as exóticas, porém, o número de indivíduos exóticos foi superior aos
indivíduos nativos.
1. Introdução
Os ambientes urbanos arborizados possuem papel importante na qualidade de vida e
bem-estar de uma população, não só relacionados ao embelezamento do ambiente, mas também
a capacidade de desempenhar funções ecológicas de grande relevância, estando presente em
áreas particulares, praças, parques, calçadas e canteiros (Gonçalves, 2015).
247
Os canteiros centrais das avenidas das cidades brasileiras apresentam, em sua
composição, uma grande diversidade, variando de acordo com os fatores econômicos, culturais e
sociais (Lucena et al., 2015). Esses espaços exercem influência positiva no bem estar dos
transeuntes, assim como confere um caráter plástico a paisagem, fazendo-se necessário um bom
planejamento, selecionando espécies arbóreas adequadas e prezando pela boa diversidade,
evitando que surja conflitos da vegetação com as estruturas urbanas (Andreatta et al., 2011;
Moraes e Machado, 2014).
Diante o exposto, este trabalho teve por objetivo identificar a variabilidade de espécies
presentes na arborização dos canteiros centrais de dois loteamentos planejados no bairro Jardins,
São Gonçalo do Amarante-RN.
2. Material e Métodos
Os loteamentos Cidade das Rosas e Cidade das Flores estão localizados no bairro Jardins,
município de São Gonçalo do Amarante – RN, situado na mesorregião do Leste Potiguar, entre
as coordenadas 5º47’36” S e 35º19’46” O. O clima local é caracterizado como tropical chuvoso
com verão seco, de acordo com a classificação de Köppen, com temperatura média de 27,0°C,
umidade relativa de 76% e precipitação pluviométrica média anual de 1.193.0 mm (Idema,
2013).
O levantamento das espécies arbóreas presentes nos canteiros centrais, foi realizado nas
avenidas Cidade das Rosas, Cidade das Flores, Flores dos Campos e Flores Silvestres, durante o
mês de março de 2018. As espécies que foram identificadas in loco, tiveram seu nome popular
ou científico anotado, enquanto para as desconhecidas realizou-se anotações das características
morfológico da planta, além da retirada de flores, frutos e folhas (Lima et al., 2015; APG IV,
2016).
As famílias e espécies foram classificadas de acordo com sua origem (exóticas e nativas).
Os indivíduos tiveram a sua frequência absoluta (somatório do número de indivíduos de uma
espécie) e relativa (razão entre o número de indivíduos da espécie e o número total de
indivíduos, multiplicada por 100) calculada, tal como Camaño et al. (2015).
Os dados obtidos foram estruturados em uma planilha e submetidos a análise estatística
descritiva, para à estruturação de tabelas e gráficos no programa Microsoft Excel® versão 2010.
248
3. Resultados e Discussão
249
(E=Exótica; N=Nativa; N°= Número de indivíduos; NI=Não identificadas; FA=Frequência Absoluta; FR=
Frequência relativa)
O uso das espécies da família Fabaceae é bastante comum na arborização urbana das
cidades brasileiras, devido a sua capacidade adaptativa e boa cobertura vegetal, sendo utilizadas
para fins paisagísticos e ornamentais (Camaño et al., 2015; Cabreira e Canto-Dorow, 2016).
Quanto a origem dos indivíduos encontrados, 61% foram classificados como exóticos,
36% como nativos e 3% não foram identificados (Figura 1). Resultado menos positivo foi
encontrado na pesquisa realizada por Lucena et al. (2015), onde constatou-se a predominância
de indivíduos exóticos acima de 70% em relação aos nativos. As avenidas e ruas das cidades do
Brasil possuem uma predominância de árvores exóticas, causando problemas como a invasão
biológica, ocupando o lugar de espécies nativas, por apresentarem desenvolvimento mais
agressivo (Souza et al., 2015; Silva, 2009).
FIGURA 1. Percentual dos indivíduos, quanto a origem (espécies nativas e espécies exóticas), encontrados nos
canteiros centrais das avenidas principais dos loteamentos Cidade das Rosas e Cidade das Flores, Bairro Jardins,
São Gonçalo do Amarante – RN.
3%
Exótica
Nativa
36% NI
61%
A espécie com o maior número de indivíduos presentes nos canteiros centrais das
avenidas principais dos loteamentos estudados foi Azadirachta indica, conhecida popurlamente
como nim, com 42,79% do número total de indivíduos amostrados. O mesmo foi observado
também por Lucena et al. (2015), em que a espécie apresentou a maior frequência relativa com
42,42%. Alguns autores como Milano e Dalcin (2000) afirmam que, para um bom planejamento
da arborização urbana é necessário que cada espécie a ser usada não ultrapasse 15% do total de
indivíduos de uma população, para que seja evitado problemas como ataque de fungos e pragas.
4. Conclusão
Embora o número de espécies nativas tenha sido superior ao número de exóticas, é
possível constatar que apesar dos loteamentos em estudos serem planejados, não houve a
250
preocupação com a arborização do local, devido à baixa variabilidade de espécies e o grande
número de indivíduos exóticos.
5. Literatura citada
Andreatta, T.R.; Backes, F.A.A.L.; Bellé, R.A; Neuhaus, M.; Girardi, L.B.; Schwab, N.T.;
Brandão, B.S. Análise da arborização no contexto urbano de Avenidas de Santa Maria, RS.
Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v. 6, n.1, p.36-50, 2011.
Angiosperm Phylogeny Group (APG). 2016. An update of the Angiosperm Phylogeny Group
classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the
Linnean Society 181: 1-20.
Cabreira, T.N.; Canto-Dorow, T.S. Florística dos componentes arbóreo e arbustivo do campus
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS. Ciência e Natura, Santa
Maria, v. 38, n. 1, p.9-23, 2016.
Camaño, J.D.Z.; Barroso, R.F.; Souto, P.C.; Souto, J.S. Levantamento e diversidade da
arborização urbana de Santa Helena, no semiárido da Paraíba. Agropecuária Científica no
Semiárido, Patos, v. 11, n. 4, p. 54-62, 2015.
Lima, J.P.; Kreutz, C.; Pereira, O.R. Levantamento florístico das espécies utilizadas na
arborização de praças no município de Nova Xavantina – MT. Revista da Sociedade Brasileira
de Arborização Urbana, v.10, n.3, p. 60-72, 2015.
Lucena, J.N.; Souto, P.C.; Camaño, J.D.Z.; Souto, J.B.; Souto, L.S. Arborização em canteiros
centrais na cidade de Patos, Paraíba. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento
Sustentável, v. 10, n. 4, p.20-26, dez. 2015.
Milano, M.; Dalcin, E. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro: LIGHT, 2000. 226p.
Silva, P.S. 2009. Controles Operacionais na Arborização Pública. 35f. Monografia (Especialista
em Engenharia de Produção) – Instituto a vez do Mestre, Universidade Candido Mendes, Rio de
Janeiro.
251
Souza, P. F.; Bourscheid, C.B.; Pompéo, P. N.; Stang, M.B.; Manfroi, J.; Rodrigues, M.D.S.;
Silva, A.C.; Higuchi P. Inventário e recomendações para a arborização do centro da cidade de
São Joaquim, SC. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v. 9, n. 4, p. 99-112,
2015.
252
Espécies florestais com potencial de uso em Floresta Estacional Decidual
ripária, no noroeste do Rio Grande do Sul
Camila Andrzejewski1, Solon Jonas Longhi2, Rafael Marian Callegaro 3, Ana Claudia Bentancor
Araujo4, Fernanda Dias dos Santos1, Francieli de Fatima Missio1
1
Universidade Federal de Santa Maria (camiandrzejewski@gmail.com;
fernandadiotti@hotmail.com; franmissio@yahoo.com.br), 2Universidade Federal de Santa Maria
(longhi.solon@gmail.com), Universidade Federal do Espírito Santo (rafael.callegaro@ufes.br),
3
Instituto Federal Farroupilha (ana.araujo@iffarroupilha.edu.br)
1. Introdução
O desmatamento e a exploração insustentável têm diminuído os recursos naturais
oriundos de florestas. Contudo, a riqueza de espécies arbóreas presentes nos remanescentes
permite a obtenção de produtos não madeireiros e madeireiros de forma a causar impactos
reduzidos, desde que o processo esteja associado ao manejo adequado desses recursos.
Para determinar o uso potencial de espécies arbóreas em fragmentos florestais é necessário
realizar o inventário florestal, o que permitirá conhecer as espécies ocorrentes e a
capacidade de suas populações de suportar os diferentes tipos de exploração.
As florestas existentes são poucos utilizadas devido à falta de conhecimento das
espécies e a existência de legislação limitativa na maioria dos estados. Assim, o
253
aproveitamento de material oriundo de remanescentes florestais poderia ser associado ao
uso alternativo da terra, obtendo assim, produtos diversos através de manejo sustentável.
Essas ações acarretariam em incentivo ao proprietário rural, ou população como um todo, a
preservar e manter os recursos florestais renováveis (Aguiar et al., 2004). Diante do
exposto, o presente estudo teve como objetivo a realização de levantamento florístico de
um fragmento florestal e a determinação dos potenciais usos das espécies encontradas,
valorizando os recursos naturais da região.
2. Metodologia
O estudo foi desenvolvido no município de Guarani das Missões, região noroeste
do estado do Rio Grande do Sul, em Floresta Estacional Decidual ripária. Para amostragem
da vegetação foram instaladas 18 parcelas de dimensões 10 x 20 m (200 m²) em um
fragmento florestal, nas coordenadas centrais 28º13’10,88” S e 54º36’03,36” O. As
parcelas foram distribuídas em três faixas perpendiculares ao leito do Rio Ijuí. A
vegetação foi inventariada em todas as parcelas, onde se incluiu os indivíduos arbóreos
com diâmetro à altura do peito (DAP, medido a 1,3 m de altura do solo) ≥ 5 cm. Para
determinação dos usos múltiplos das espécies encontradas utilizou-se consulta em
bibliografias e a partir disto, as espécies foram distribuídas em classes de potencial uso: a)
madeira; b) paisagismo; c) recuperação de áreas degradadas (RAD); d) medicinal; e)
alimentícia.
3 Resultados e Discussão
Foram amostrados 514 indivíduos (1428 indivíduos/ha), pertencentes a 42 espécies
identificadas e uma espécie não identificada (Tabela 1).
TABELA 1: Espécies amostradas com valores de densidade e classificação de uso potencial. Guarani das
Missões, RS, Brasil, 2018.
Família Nome científico Ind.ha-1 Uso
Achatocarpaceae Achatocarpus praecox Griseb. 6 a1
Annonaceae Annona neosalicifolia H.Rainer 3 ad1,2
Boraginaceae Cordia americana (L.) Gottschling & J.S.Mill. 31 abcd2
Boraginaceae Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. 3 abcd3
Euphorbiaceae Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. 269 a4
Euphorbiaceae Gymnanthes klotzschiana Müll.Arg. 64 abcd3
Euphorbiaceae Sebastiania brasiliensis Spreng. 119 abcd4,5
Fabaceae Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart 3 abc2
Fabaceae Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. 3 abcde3,6
Fabaceae Lonchocarpus nitidus (Vogel) Benth. 67 ab2,6
254
Fabaceae Machaerium paraguariense Hassl. 56 abc1,2,14
Fabaceae Machaerium stipitatum Vogel 6 abcd1,7,8
Fabaceae Myrocarpus frondosus Allemão 33 abcd3,5,6,14
Fabaceae Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan 6 abcd3
Fabaceae Senegalia sp. 3 -
Lamiaceae Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke 14 abcde2,5
Lauraceae Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez 86 abcd4
Loganiaceae Strychnos brasiliensis Mart. 19 cd4,14
Malvaceae Luehea divaricata Mart. & Zucc. 19 abc1,3,5
Meliaceae Trichilia elegans A.Juss. 39 c14
Moraceae Morus nigra L. 3 abde9,10
Moraceae Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. 6 abcd3,5
Myrtaceae Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg 11 acde1,11
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg 119 abcde4
Myrtaceae Eugenia involucrata DC. 8 abce1,3,12,14
Myrtaceae Eugenia pyriformis Cambess. 14 abcde4
Myrtaceae Eugenia uniflora L. 8 abcde3
Myrtaceae Plinia rivularis (Cambess.) Rotman 139 abce12,13
Phytolaccaceae Seguieria aculeata Jacq. 6 c14
Polygonaceae Ruprechtia laxiflora Meisn. 42 abc7,11
Rutaceae Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. 11 abc3
Rutaceae Pilocarpus pennatifolius Lem. 17 abd1,7
Rutaceae Zanthoxylum petiolare A.St.-Hil. & Tul 6 a14
Salicaceae Banara tomentosa Clos 17 c4,14
Salicaceae Casearia decandra Jacq. 39 abcd4,13
Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. 14 abcde1
Sapindaceae Allophylus guaraniticus (A. St.-Hil.) Radlk. 8 bc4
Sapindaceae Cupania vernalis Cambess. 6 abcd4
Sapindaceae Diatenopteryx sorbifolia Radlk. 11 abcd4,13
Sapindaceae Matayba elaeagnoides Radlk. 72 abc4
Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl. 3 ace1,13
Verbenaceae Citharexylum montevidense (Spreng.) Moldenke 3 c14
NI NI 19 -
NI: não identificada; a: madeira; b: paisagismo; c: recuperação de áreas degradadas; d: medicinal; e:
alimentícia; 1: Zuchiwschi et al. (2010); 2: Saueressig (2014); 3: Leite & Pinha (2011); 4: Aguiar et al.
(2012); 5: Backes & Irgang (2004a); 6: Marchiori (2007); 7: Reitz et al. (1988); 8: Campos Filho & Sartorelli
(2015); 9: Backes & Irgang (2004b); 10: Boscolo & Valle (2008); 11: Lorenzi (2002); 12: Marchiori &
Sobral (1997); 13: Lorenzi (1998); 14: autores.
255
planejamento da restauração ecológica nas regiões onde ocorrem e atuar como fontes de
propágulos das espécies colonizadoras de áreas com algum grau de perturbação. A
vegetação arbórea utilizada no paisagismo assume o papel de amenizar as temperaturas,
promover sombreamento e proporcionar conforto visual (embelezamento). Percebe-se a
abundância de espécies que podem compor os projetos paisagísticos de praças, cidades,
jardins, entre outros.
FIGURA 1: Proporção de uso potencial de espécies e de indivíduos amostrados. Guarani das Missões, RS,
Brasil, 2018.
Mad: madeira; Pai: paisagismo; RAD: recuperação de áreas degradadas; Med: medicinal; Alim: alimentícia.
Boscolo & Valle (2008) relataram que a utilização de plantas medicinais está
associada as gerações de mais idade, que vivem em áreas rurais. De acordo com os autores,
residir distante de recursos médicos e farmacêuticos também estimula a população a buscar
plantas medicinais próximas de suas casas ou que cultivadas em sua residência. Da mesma
maneira, as plantas alimentícias também são, em sua maioria, cultivadas em proximidades
das residências, demonstrando que as plantas com partes comestíveis encontradas nos
fragmentos florestais são pouco utilizadas pela população.
4. Considerações Finais
Os diferentes usos potenciais de espécies arbóreas nativas fornecem subsídios para
a valorização da flora natural da região. O potencial madeireiro das espécies expõe a
possibilidade de explorar com impacto reduzido remanescentes florestais e de plantio. A
implantação da flora nativa no ambiente urbano torna as cidades mais harmônicas com o
ambiente natural adjacente ao perímetro urbano. O uso potencial para a recuperação de
áreas degradadas, como fonte de alimento ou medicamento podem suprir demandas
futuras da sociedade e ainda, associar usos alternativos às florestas nativas.
256
Literatura Citada
Aguiar, M. D. de; Silva, A. C. da; Higuchi, P.; Negrini, M.; Fert Neto, J. Potencial de uso
de espécies arbóreas de uma floresta secundária em Lages, Santa Catarina. Revista de
Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 11, n. 3, p. 238-247, 2012.
http://revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/5259/3468. 23 Mar. 2018.
Backes, P.; Irgang, B. Mata Atlântica: as árvores e a paisagem. Porto Alegre: Paisagem do
Sul, 2004. 396 p.
Backes, P.; Irgang, B. Árvores cultivadas no sul do Brasil: guia de identificação e interesse
paisagístico das principais espécies exóticas. Porto Alegre: Paisagem do Sul, 2004. 204 p.
Boscolo, O. H.; Valle, L. de S. Plantas de uso medicinal em Quissamã, Rio de Janeiro,
Brasil. Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, v. 63, n. 2, p. 263-277, 2008.
http://www.fzb.rs.gov.br/upload/20140328114019ih63_2_p263_278.pdf. 20 Mar. 2018.
Campos Filho, E. M.; Sartorelli, P. A. R. Guia de árvores com valor econômico. São
Paulo: Agroicone, 2015. 139 p.
Leite, L. L.; Pinha, P. R. S. Síntese dos resultados. In: Coradin, L.; Siminski, A.; Reis, A.
(Org.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas
para o futuro - Região Sul. Brasília: MMA, 2011. 934 p.
Lorenzi, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do
Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum da Flora, 1998. v. 2. 352 p.
Lorenzi, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas
nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 1 368 p.
Marchiori, J. N. C.; Sobral, M. Dendrologia de angiospermas: myrtales. Santa Maria:
Editora da UFSM, 1997. 304 p.
Marchiori, J. N. C. Dendrologia de angiospermas: leguminosas. Santa Maria: Editora da
UFSM, 2007. 199 p.
Reitz, R.; Klein, R. M.; Reis, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
SUDESUL/SEC. AGRIC. e DES./HBR, 1988. 525 p.
Saueressig, D. Plantas do Brasil: árvores nativas. Irati: Editora Plantas do Brasil, 2014.
432p.
257
Zuchiwschi, E.; Fantini, A. C.; Alves, A. C.; Peroni, N. Limitações ao uso de espécies
florestais nativas pode contribuir com a erosão do conhecimento ecológico tradicional e
local de agricultores familiares. Acta Botanica Brasilica, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p.
270-282, 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062010000100029.
258
Estrutura da vegetação em três trechos de Caatinga sob diferentes
condições no município de Girau do Ponciano, Alagoas
1. Introdução
A exploração da Caatinga tem levado a uma rápida degradação ambiental (Ferraz et
al., 2014) causando um processo de regeneração natural, que consiste no mecanismo
predominante de resiliência de ecossistemas florestais naturais (Lucena et al., 2017). Ao
estudarem a estrutura da vegetação sob diferentes históricos de perturbação em
Cajazeirinhas (PB), Holanda et. al. (2015) perceberam variações diretamente na estrutura
da vegetação arbustiva-arbórea adulta e no processo de regeneração natural.
Desta forma, este trabalho teve como objetivo comparar a estrutura e fisionomia da
vegetação arbustiva-arbórea de três trechos de Caatinga sujeito a diferentes condições no
Assentamento Dom Hélder Câmara, no município de Girau do Ponciano, Alagoas.
259
2. Material e Métodos
2.1 Área de estudo
O Assentamento Dom Hélder Câmara está situado na Zona Rural do município de
Girau do Ponciano, Alagoas, cuja região possui vegetação do tipo xerófila e clima
semiárido. Dados da Seplag (2015), indicam temperatura mínima de 21°C e máxima de 38
°C na região.
Para este trabalho foi realizada uma comparação entre três trechos. Área I: Área de
Reserva Legal (ARL) sujeita a pastagem, Área II: Contínua com uma Área de Reserva
Legal (ARL), mas inserida num lote de produção. A área I e a área II estão localizadas
dentro de um fragmento que possui 1413 ha, sendo a área I mais no interior e a área II mais
próximo as residências dos assentados; já Área III consiste em uma faixa descontínua com
a ARL encontrada no interior dos lotes dos assentados em um fragmento isolado que mede
100 ha; a menor distância entre a ARL e área descontinua é de 700 m.
260
apresentam distribuição normal aplicou-se o teste de normalidade Shapiro-Wilk (W).
3. Resultados e Discussão
3.1 Fisionomia
A Área I apresentou uma densidade de 1323 individuos.ha-1, menor que a Área II
(4543 individuos.ha-1) e a Área III (7156 indivíduos.ha-1). Verificou-se diferença (H =
32.007, GL= 2, p = 0) entre as áreas I e II (p < 0.0002) e entre as áreas I e III (p < 0.0001).
A baixa densidade da área I pode estar relacionada ao raleio para favorecer ervas, típico na
pecuária extensiva (Oliveira & Sales, 2015).
As áreas apresentaram diferenças quanto as médias de altura (F= 20.19; p= <0.0001
e GL= 2) e diâmetro (H = 31.7308; p = 0 e GL= 2): a) a altura média dos indivíduos da
área I (3.2 m) apresentou diferença em relação a área II (2.3 m) e área III (2.5 m) com
valor de p < 0.01. b) quanto ao diâmetro, foi possível verificar que a área I (µ= 4.36 cm) é
diferente da área II (µ= 9.3 cm) e da área III (µ= 8.17 cm) com valor de p < 0.0001. Estes
valores foram próximos ao encontrado por Alves et. al. (2013), que encontram indivíduos
com diâmetros entre 3.5 a 6.5 cm e altura média de 3,4 m, e inferiores ao encontrado por
Souza et. al. (2017), que encontraram indivíduos com altura média de 6,7 m e diâmetro
médio de 11,22 cm. Os baixos valores de diâmetro e altura são característicos de áreas que
possuem perturbação e que se encontram em processo de regeneração.
3.2 Estrutura
261
(2013) verificaram a representatividade do Croton blanchetianus em todos os parâmetros
fitossociológicos. A predominância de espécies como o Croton blanchetianus e Croton
rhamnifolius, indica que as áreas estão em processo de sucessão secundária, visto que as
espécies de Croton spp. são espécies colonizadoras das caatingas sucessionais pois se
desenvolvem bem em áreas perturbadas.
4. Conclusão
5. Literatura Citada
Alves, A.R.; Ribeiro, I.B.; Sousa, J.R.L.; Barros, S.S.; Sousa, P.S. Análise da estrutura
vegetacional em uma área de caatinga no município de Bom Jesus, Piauí. Revista Caatinga,
v.26, n.4, p.99-106, 2013.
ttps://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/caatinga/article/view/2847/pdf_75. 25 Mai. 2018
Ayres, M.; Ayres, M.J.; Ayres, D.L.; Santos, A.S. BioEstat 5.0: Aplicações estatísticas nas
áreas das ciências biológicas e médicas. Instituto de desenvolvimento sustentável
Mamirauá. 2005. 364p.
Ferraz, J.S.F.; Ferreira, R.L.C.; Silva, J.A.A.S.; Meunier, I.M.J.; Santos, M.V.F. Estrutura
do componente arbustivo-arbóreo da vegetação em duas áreas de caatinga, no município de
Floresta, Pernambuco. Revista Árvore, v.38, n.6, p.1055-1064, dic. 2014.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622014000600010.
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The West Of England, Fenchay Campus, Bristol, v.30, n.1, p.1391-1403. 2003.
https://doi.org/10.1046/j.1365-2699.2003.00930.x
Holanda, A.C.; Lima, F.T.D.; Silva, B.M.; Dourado, R.G.; Alves, A.R. Estrutura da
vegetação em remanescentes de caatinga com diferentes históricos de perturbação em
Cajazeirinhas (PB). Revista Caatinga, v.28, n.4, 2015, pp. 142-150.
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=237142689016. 29 Mai. 2018
262
Lucena, M.S.; Alves, A.R.; Bakke, I.A. Regeneração natural da vegetação arbóreo-arbustiva
de Caatinga em face de duas formas de uso. Agropecuária Científica no Semiárido, v.13,
n.3, p.212-222, set. 2017.
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Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995. 93p.
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estrutura da vegetação de caatinga no sul do Piauí, Brasil. Revista Verde de Agroecologia e
Desenvolvimento Sustentável, v.12, n.2, p.210-217, 2017. Grupo Verde de Agroecologia e
Abelhas. http://dx.doi.org/10.18378/rvads.v12i2.4588.
263
Estrutura de duas comunidades vegetais da caatinga com diferentes
níveis de perturbação
Ingrid Bezerra Silvestre ¹, Diego Fernandes Lima ², Mairlis Almeida de Menezes³, Carlos Leandro
Costa Silva4, Maria Amanda Menezes da Silva5
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (ingridbezerra96@gmail.com),
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (ferdiegolima@gmail.com),
3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (mairles.almeida@gmail.com),
4
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (carlosleandro232@gmail.com),
5
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (amanda.menezes@ifce.edu.br)
1. Introdução
A Caatinga apresenta alta heterogeneidade ambiental e varia de acordo com o
volume das precipitações, da qualidade dos solos, da rede hidrológica e da atividade de
seus habitantes. É costumeira a divisão da caatinga, assim concebida, em duas faixas de
vegetação que são também dois tipos distintos de paisagem, com base nos graus de
umidade: agreste, possuidor de maior umidade por estar próximo ao mar e o solo mais
profundo, com vegetação mais alta e densa; sertão, mais seco, com solo raso e/ou
pedregoso, e vegetação mais baixa e pobre, ocupando enormes extensões para o interior. O
aspecto da vegetação, de modo geral, caracteriza-se por árvores e arbustos de porte
pequeno, folhas pequenas e caducifólias, com mecanismos de adaptação como espinhos,
264
desenvolvidos como forma de recolher o excesso de transpiração causada pelo longo
período de estiagem (Drumond et al., 2002).
A alternância de períodos de seca com outros com chuvas torrenciais, o
desmatamento, as queimadas, a mineração, a pecuária extensiva e o aumento da população
e das áreas de cultivos na terra seca, entre outras atividades do homem no sertão,
contribuem para acentuar o processo de desertificação que tem sido identificado em muitas
áreas do semiárido (Ramalho, 2013). Esses problemas são agravados pelos demais fatores
associados com ação antrópica, que tendem a retirar a cobertura vegetal do ecossistema,
deixando o solo empobrecido, sem nutrientes e comprometendo a estrutura das
comunidades naturais.
Sabe-se que a caatinga encontra-se em acentuado processo de degradação,
provocada principalmente pelo desmatamento, devido à ocupação de áreas com atividade
agrícola e pecuária, bem como pelo uso inadequado dos recursos naturais. Portanto, o
objetivo deste trabalho é comparar a estrutura da comunidade de duas áreas de caatinga,
com diferentes graus de perturbação. Deste modo, será possível identificar como ações
causadas pelo homem interferem nos ambientes naturais.
2. Material e Métodos
Este trabalho foi desenvolvido na área de preservação ambiental no entorno do
Açude do Cedro, localizado no município de Quixadá-CE. Segundo o Instituto de Pesquisa
e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE, 2016), o município se enquadra dentro de um
clima tropical quente semiárido, com precipitação anual de 838,1 mm e temperatura média
de 26° a 28°C. A vegetação do município é constituída principalmente por caatinga
arbustiva densa, caatinga arbustiva fechada e floresta caducifólia espinhosa.
Foram escolhidas duas áreas com 300 m de distância uma da outra para coleta de
dados relacionados à comunidade vegetal com diferentes níveis de degradação por ação
antrópica: Área I, localizada na borda da mata, de fácil acesso e claramente devastada para
corte seletivo de madeira; e Área II, localizada no interior da mata, de difícil acesso, com
maior nível de preservação, indicando pouca interferência do homem.
265
Para analisar os dados estruturais das duas comunidades, em cada área, foram
instaladas três parcelas de 10 x 10 m distribuídas de forma sistemática, com distância de
1m entre elas. Nas parcelas foram medidos altura e diâmetro de todos os indivíduos com
circunferência ao nível do solo (CNS) maior ou igual a 9,0 cm. As variáveis analisadas
foram: número de indivíduos, de espécies e de famílias, densidade, área basal e volume
total, diversidade e equabilidade. As análises foram realizadas com auxílio do software
Fitopac2.
3. Resultados e discussão
Os resultados obtidos mostraram que as comunidades são diferentes
estruturalmente. Tais mudanças podem ser explicadas como um reflexo da ação do
homem, sendo a Área I a mais usada para corte de madeira e, portanto, apresentando
menor número de indivíduos e densidade total, em comparação com a Área II. No
entanto, foi observado que os indivíduos da Área I são mais grossos, pois mesmo com
menos indivíduos possui área basal e volume bem maiores (Tabela 1). Analisando a área
basal, em ambas as áreas, os valores de 0,554m2 e 0,271m2 foram extremamente baixos
em comparação com outros trabalhos que também analisaram a vegetação da caatinga,
como no trabalho de (Costa et al. 2009) que, atribuindo critérios de inclusão mais
abrangentes como diâmetro basal maior ou igual a 1 cm e altura maior ou igual 1 m,
obtiveram o menor valor igual a 2,12m2 e o maior de 14,41m2. Situações em que o critério
de inclusão se assemelha ao adotado nesse trabalho, também encontraram valores maiores
(Calixto Júnior & Drumond, 2014; Sabino et al. 2016).
Os valores do Índice de Shannon-Wiener (H´) estão de acordo com o esperado, já
que o maior valor está na área menos perturbada, indicando que há maior riqueza e
uniformidade nessa área, enquanto que o valor na área I é praticamente igual ao de
indivíduos adultos de um ambiente usado para criação de ovinos e bovinos encontrado no
trabalho de Holanda et al (2015).
Na área II foram encontradas 11 espécies e a equabilidade de 0,901, enquanto que
na Área I a riqueza foi de oito espécies e a equabilidade de 0,713 (Tabela 1). Essas
equabilidades podem ser consideradas altas quando comparadas as encontradas por
266
Pereira Júnior et al. (2013) na Fazenda Mocó de Baixo no município de Monteiro, PB,
que fizeram um estudo fitossociológico em uma área de caatinga conservada, visando um
projeto de preservação futuro. Porém, os valores para equabilidade foram semelhantes aos
encontrados por Calixto Júnior e Drumond (2011) que também fizeram comparações
fitossociológicas em dois fragmentos de caatinga com diferentes níveis de conservação
em Petrolina, PE, mostrando que não houve domínio considerável de nenhuma espécie
sobre as outras, indicando, assim, a heterogeneidade dos fragmentos estudados por eles,
ocorrendo o mesmo nas áreas estudadas em Quixadá.
Tabela 1- Parâmetros estruturais das comunidades de caatinga estudadas no Município de Quixadá, CE.
PARÂMETROS ÁREA I ÁREA II
No. de indivíduos 33 48
No. de espécies 8 11
No. de famílias 8 7
Densidade Total 1100 1600
Área Basal Total 0,554 0,271
Volume Total 7,303 1,352
Índice de Shannon-Wiener 1,482 2,161
Equabilidade 0,713 0,901
4. Conclusão
Apesar de a Área I e II fazerem parte de uma área de preservação, as duas
localidades apresentam níveis de perturbação diferentes, e por isso estão em estágios de
recuperação distintos. Por isso, estudos como esse, que podem ajudar na compreensão da
estrutura das comunidades são de extrema importância, contribuindo para conservação
mais eficaz da caatinga.
5. Literatura Citada
Calixto Júnior, J. T.; Drumond, M. A. Estudo comparativo da estrutura fitossociológica
de dois fragmentos de Caatinga em níveis diferentes de conservação. Pesquisa Florestal
Brasileira, Colombo, v. 34, n. 80, p. 1-11, out./dez. 2014.
http://doi.org/10.4336/2014.pfb.34.80.670.
Calixto Júnior, J. T.; Drumond, M. A. Estrutura fitossociológica de um fragmento de
caatinga sensu stricto 30 anos após corte raso, Petrolina-PE, Brasil. Revista Caatinga,
Mossoró, v. 24, n. 2, p. 67-74, 2011.
267
Costa, T. C. C.; Accioly, L. J. O; Oliveira, M. A. J.; Silva, F. H. B. B. Análise da
degradação da caatinga no núcleo de desertificação do Seridó (RN/PB). Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 13, p. 961–974,
2009. http:// dx.doi.org/10.1590/S1415-43662009000700020.
Drumond, M. A.; Kill, L. H. P.; Nascimento, C. E. S. Inventário e sociabilidade de
espécies arbóreas e arbustivas da Caatinga na região de Petrolina, PE. Brasil Florestal,
Brasília, v. 21, n. 74, p. 37-43, set. 2002.
Holanda, A. C.; Alves, A. R; Dourado, R. G.; Lima, F. T. D.; Silva, B. M. Estrutura da
vegetação em remanescentes de caatinga com diferentes históricos de perturbação em
Cajazeirinhas (PB). Revista Caatinga, Mossoró, v. 28, n. 4, p. 142-150, out./dez. 2015.
http://dx.doi.org/10.1590/1983-21252015v28n416rc.
INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ (IPECE).
Perfil Básico Municipal 2016 Quixadá. Ceará, 2016.
Pereira Júnior, L. R.; Andrade, A. P.; Araújo, K. D. Composição florística e
fitossociológica de um fragmento de caatinga em Monteiro, PB. Revista Holos, Natal, v.
6, n. 8, p. 73-87, 2013. http://doi.org/10.15628/holos.2012.1188.
Ramalho, M. F. J. L. A fragilidade ambiental do Nordeste brasileiro: o clima semiárido e
as imprevisões das grandes estiagens. Revista Sociedade e Território, Natal, v. 25, n. 2,
p. 104-114, Edição Especial, 2013.
Sabino, F. G. S.; Cunha, M. C. L.; Santana, G. M. Estrutura da Vegetação em Dois
Fragmentos de Caatinga Antropizada na Paraíba. Floresta e Ambiente, v. 14, n. 1, p. 26-
37, 2016.
268
Estrutura e conservação de espécies florestais nativas, presentes em
quintais agroflorestais na Caatinga
Lúcia dos Santos Rodrigues1, Jonathan Garcia Silva2, Josias Divino Silva de Lucena³, Henrique
Costa Hermenegildo da Silva 4
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco (lucia.ufal@gmail.com), 2Universidade Federal de
Alagoas (silva.jonathangarcia@gmail.com), 3 Universidade Federal Rural de Pernambuco
(josiaslucenaeng@gmail.com), 4Universidade Federal de Alagoas (hhermenegildo@gmail.com)
1. Introdução
A Caatinga possui uma rica biodiversidade vegetal. Sua cobertura vegetal na região
Nordeste abrange mais de 800.000 Km², o que corresponde a 70% da região (MMA,
2017). Ao longo do tempo, os processos de extrativismo, pecuária extensiva, construção de
barragens e agricultura de subsistência têm causado a perda da biodiversidade vegetal de
plantas da Caatinga, além de provocar erosão e desertificação no ambiente (Souza et al.,
2015).
Na Caatinga, parte das plantas nativas está dentro de quintais agroflorestais, que
são áreas de sistema de manejo tradicional sustentável em que são feitos plantios de
árvores, cultivo de grãos, hortaliças, plantas medicinais, ornamentais e criação de animais,
na mesma unidade de terra e em associação com a vegetação já existente na área (Freitas et
al., 2012).
269
Muitos quintais agroflorestais servem como refúgio para espécies nativas que
muitas vezes estão em perigo ou ameaçadas de extinção em seu ecossistema natural e são
mantidas em quintais para que sejam conservadas. Os quintais agroflorestais podem
fornecer subsídios para composição de iniciativas de produção capazes de conciliar
conservação da biodiversidade, uso sustentável dos recursos naturais e qualidade de vida
dos habitantes do semiárido brasileiro (Carvalho et al., 2013).
Nessa perspectiva, a presente pesquisa objetivou avaliar quintais agroflorestais
quanto à conservação de espécies florestais nativas em uma região de Caatinga no
município de Girau do Ponciano – Alagoas.
2. Material e Métodos
270
Os dados foram trabalhados no software de dados estatísticos FITOPAC® 2 para
obtenção dos parâmetros fitossociológicos relativos (Densidade, Dominância e Frequência)
e Valor de Importância (VI).
3. Resultados e Discussão
Tabela 1 – Lista das famílias e espécies mais representativas na área estudada, onde Nind (Número de
Indivíduos), DR (Densidade Relativa), FR (Frequência Relativa), DR (Dominância Relativa) e VI (Valor de
Importância).
Família/Nome científico Nome local Nind DR FR DR VI
Euphorbiaceae
271
Croton blanchetianus Baill Marmeleiro 2679 49,56 8,25 42,86 100,67
Croton rhamnifolius (Kunth.) Muell. Arg. Velame 1167 21,59 7,73 17,07 46,39
Jatropha molissima (Pohl) Baill. Pinhão-bravo 101 1,87 7,22 0,53 9,62
Fabaceae
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz Catingueira 588 10,88 12,37 18,49 41,73
Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler & Ebinger Espinheiro-branco 278 5,14 11,34 6,85 23,33
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema-preta 70 1,29 4,12 3,76 9,17
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud Pata-de-vaca 60 1,11 6,44 0,76 8,31
4. Conclusão
Álvares, C. A.; Stape, J. L.; Sentelhas, P. C.; Moraes, J. L.; Gonçalves, J. L. M.; Gerd
Sparovek. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift,
Stuttgart – GER, v.22, n.6, p.711 – 728, 2014. doi 10.1127/0941-2948/2013/0507.
Byng, J. W. et al. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the
orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society,
v.181, p.1–20, 2016.
http://reflora.jbrj.gov.br/downloads/2016_GROUP_Botanical%20Journal%20of%20the%2
0Linnean%20Society.pdf. 04 Mai. 2018.
272
Alegre, v.10, n.1, p.48-59, 2012.
http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/view/1833. 02 Mai. 2018.
273
Estrutura fitossociológica com grupos ecológicos do componente arbóreo
em um fragmento de floresta ombrófila densa do estado de Pernambuco
Mariana da Silva Leal1, Stheffany Carolina da Silva Lóz2, Clara Andrezza Crisóstomo Bezerra
Costa3, Raquel Elvira Cola4, Andréa de Vasconcelos de Freitas Pinto 5, Carlos Frederico Lins e
Silva Brandão6
1
Graduanda do Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas
(marianaleal_@hotmail.com), 2Graduanda do Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de
Alagoas (stheffanyloz@gmail.com), 3Graduanda do Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal de Alagoas (clara.crisostomo@hotmail.com), 4Graduanda do Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal de Alagoas (raquelelvira@outlook.com), 5Docente do Centro de Ciências
Agrárias, Universidade Federal de Alagoas (andrea.pinto@ceca.ufal.br), 6Docente do Centro de
Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas (cflsbrandao@hotmail.com)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo realizar uma análise florística e
fitossociológica do componente arbóreo em um fragmento florestal. Foi realizado um
levantamento do componente arbóreo em uma área de 71 ha no município de Moreno,
localizado na região metropolitana de Recife, Pernambuco. Foram mensurados dados de
15 parcelas sobre os indivíduos arbóreos com circunferência a altura do peito (CAP)≥15
cm, além da mensuração da altura e identificação botânica das espécies. Foi realizado o
levantamento florístico e dos parâmetros fitossociológicos. Os parâmetros
fitossociológicos identificaram como espécies de maior valor de importância, em ordem
decrescente, as seguintes: Tapirira guianensis, Miconia prasina, Protium heptaphyllum,
Schefflera morototoni, Inga edulis e Eschweilera ovata.
1. Introdução
A cobertura vegetal natural de um determinado território é uma expressão local dos
fatores ambientais como o solo, o clima e a topografia, sendo resultado da adaptação,
interação e evolução das espécies que se instalaram em determinado ambiente (Floriano,
2014).
Neste contexto, a Floresta Atlântica, em particular com fisionomia de ombrófila
densa, é considerada um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, pois abrange um
vasto número de espécies endêmicas e apresenta elevado grau de ameaça aos seus
remanescentes florestais, prejudicando sua riqueza biológica (Guedes, 2016).
Devido a sua importância, é necessária a realização de estudos e levantamentos
fitossociológicos, pois geram dados qualitativos e quantitativos que permitem fazer a
avaliação momentânea da estrutura, do grau de conservação da vegetação e têm como
274
objetivo a descrição das características quantitativas das comunidades vegetais naturais de
maneira sistematizada, abrangendo a composição florística, a estrutura horizontal e vertical
da vegetação, a regeneração natural, as associações e os relacionamentos entre as espécies
e sua distribuição (Negrelle 2016).
Conforme Callegaro et al. (2016) outra forma de conhecer sua estrutura é através da
composição das categorias sucessionais, a partir da classificação das espécies em grupos
ecológicos, ferramenta essencial para o entendimento do funcionamento de uma floresta,
seja para uso no manejo, conservação ou recuperação florestal.
Desta forma, é possível avaliar através de parâmetros fitossociológicos as espécies
e caracterizá-las quanto ao estágio de desenvolvimento, qualidade e produtividade
(Dionisio et al, 2016). Diante do exposto, o objetivo principal deste trabalho foi realizar
um levantamento florístico e fitossociológico com a classificação sucessional do
componente arbóreo em um fragmento florestal no município de Moreno – PE.
2. Material e métodos
Área de estudo
O estudo foi realizado em um fragmento florestal cuja fisionomia é de floresta
ombrófila densa, localizado no município de Moreno, no estado de Pernambuco à
aproximadamente 33 km da capital do estado, Recife. A área municipal ocupa 191,3 km² e
representa 0,19% do estado de Pernambuco (CPRM 2005). O clima da região é tropical
chuvoso, uma temperatura média de 24.5 °C, e tem como índice pluviométrico de 1.271
mm.ano-1 (Climate-Data.Org 2018).
Coleta e análise de dados
Em toda a área estudada (71 ha), foram colocadas 15 parcelas de 10 x 20 m (200
m2) gerando uma área amostral de 3.000 m2. Nas parcelas foram consideradas todas as
árvores mensuráveis com circunferência acima do peito ≥ 15 cm, medido a 1,30 m do solo.
A altura dos indivíduos que se enquadravam no levantamento foi estimada com auxílio de
uma régua graduada em metros (m) e quando não foi possível a utilização desta, houve a
estimativa visual. A identificação botânica procedeu-se in loco para cada uma das árvores
amostradas com auxílio de um especialista.
275
Foram realizados os cálculos dos parâmetros fitossociológicos do componente
arbóreo (Martins, 1993) como densidade, densidade relativa, dominância, dominância
relativa, frequência, frequência relativa e valor de importância (VI), que representa a soma
dos valores relativos dos três parâmetros anteriormente citados (dominância, densidade e
frequência). Para o cálculo dos parâmetros fitossociológicos e também do índice de
diversidade de Shannon, foi utilizado o Microsoft office Excel.
A classificação dos grupos ecológicos foi realizada de acordo com Budowski
(1965), dessa forma as espécies foram distribuídas em: pioneira, secundária inicial,
secundária tardia e clímax.
3. Resultados e discussão
Nas 15 parcelas amostradas, foram encontradas 54 espécies arbóreas, pertencentes a
29 famílias botânicas, entre elas 45 foram identificadas no nível específico, 6 em nível de
gênero, 2 em nível de família e 1 espécie não foi identificada. Em relação aos parâmetros
fitossociológicos encontrados, o presente estudo permitiu a mensuração de 433 indivíduos
gerando uma densidade de 1.443 ind.ha-1, valor acima do que foi encontrado por Lima et
al. (2017), cuja densidade apresentada foi de 609 ind.ha-1 e abaixo dos valores encontrados
nos trabalhos de Oliveira et al. (2013) e Lima et al. (2013), cujas densidades apresentadas
foram respectivamente, 10.853 e 8.160 ind.ha-1. A área basal estimada foi de 13,35 m².ha-1,
valor abaixo do que foi encontrado no trabalho de Lima et al. (2017), com uma área basal
total de 56,53 m².
Em relação a ordem decrescente de valor de importância (VI), segue na figura 1 as
espécies com maior VI do remanescente florestal.
As espécies de maior valor de importância (VI) da área estudada foram
respectivamente, Tapirira guianensis e Miconia prasina. Ambas são espécies pioneiras
com ampla ocorrência podendo ser encontradas na restinga e em diversas formações da
floresta atlântica. São espécies presentes nas bordas de remanescentes florestais e em
médias e grandes clareiras (Lorenzi, 2015).
Figura 1. Seis espécies com maior valor de importância (VI), representado pela soma de densidade (DR),
frequência (FR) e dominância (DoR) relativas, no fragmento florestal de Moreno, em Recife – PE.
276
Schefflera morototoni
DR
Inga edulis Mart.
FR
Eschweilera ovata
DoR
Protium heptaphyllum
Tapirira guianensis
Miconia prasina
0 10 20 30 40 50
O índice de diversidade de Shannon neste estudo foi de 3,34 nats.ind-1, valor acima
dos trabalhos descritos por Lima et al. (2013) e Estigarribia (2017) que encontraram
respectivamente 3,20 e 3,12 nats.ind-1 por hectare, e abaixo dos trabalhos de Oliveira et al.
(2013) e Lima et al. (2017), onde foram encontrados respectivamente 4,00 e 3,45 nats.ind-1
por hectare.
Em relação aos grupos ecológicos das espécies amostradas, 42,59% foram
classificadas como secundárias iniciais, 20,37% secundárias tardias, 18,51% não foram
classificadas, 16,6% pioneiras e 1,85% clímax. Somando as espécies pioneiras e
secundárias iniciais é possível verificar que a área encontra-se em estágio inicial a médio
de sucessão e que juntamente com os parâmetros de densidade e área basal percebe-se que
está em desenvolvimento.
4. Conclusão
Os parâmetros de densidade e dominância (área basal) juntamente com os grupos
ecológicos das espécies arbóreas amostradas demonstra que o fragmento apresenta-se em
estágio inicial a médio de sucessão, dado que houve um grande número de espécies
secundárias iniciais somadas às pioneiras e que o remanescente se encontra em
desenvolvimento.
5. Literatura Citada
Budowski, G. Distribution of tropical American rain forest species in the light of
sucessional precesses. Turrialba, San José, v.15, n.1, p. 40-42, 1965.
Callegaro et al. R. M. Composição das categorias sucessionais na estrutura horizontal,
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277
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2018.
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Oliveira, L.; Marangon, L.; Feliciano, A.; O. Cardoso, M.; de Lima, A.; J. B. de
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278
em Moreno, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, 2013. pp.119-
124. http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=119025752011. 05 Abr. 2018.
279
Estágio sucessional de um fragmento de Mata Atlântica na Paraíba de
acordo com a Resolução CONAMA 391/2007
1. Introdução
A correta classificação dos estágios sucessionais das florestas da Mata Atlântica
possui inferência direta na possibilidade ou restrição de uso da terra, uma vez que é
utilizada por órgãos ambientais como parâmetro balizador para o licenciamento de
atividades impactantes. Para o Estado da Paraíba, a resolução CONAMA 391/2017 é a que
define a vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de
regeneração. Entretanto, a falta de uma normatização padronizada da amostragem
compromete os valores limites das variáveis estabelecidas para diferenciar os estágios de
regeneração (Siminisk et al., 2013; Andreacci & Marenzi, 2017)
Além dos parâmetros quantitativos (área basal, DAP médio, altura média) e
espécies indicadoras, a CONAMA 391/2017 apresenta também parâmetros qualitativos
como características da comunidade de epífitas, trepadeiras, da serapilheira e do sub-
bosque da floresta, sendo estes subjetivos se considerar que para adjetivos como “finos”,
280
“abundantes”, “expressivos” e outros descritos na Resolução, não há uma definição
padronizada, dendrométrica, que garanta que pessoas distintas ao mensurar uma
determinada vegetação encontre os mesmos dados levantados por outro pesquisador.
Diante do exposto, a presente pesquisa possui como objetivo principal realizar um
estudo de caso em um fragmento de Floresta Ombrófila Densa na Paraíba, com intuito de
caracterizar quali-quantitativamente a comunidade e, assim, verificar a eficiência da
aplicação dos parâmetros indicadores na classificação de seu estágio sucessional.
2. Material e Métodos
O estudo foi conduzido em um fragmento de Floresta Ombrófila Densa, localizada
no município de Pedras de Fogo, PB. O clima da região, segundo a classificação de
Köppen, é do tipo As, tropical com estação seca de verão, apresentando temperatura média
de 25,4ºC e precipitação anual de 1436 mm (Alvares et al., 2013).
No fragmento florestal com área de 5,25 hectares foram alocadas de forma aleatória
13 parcelas de 10 x 20 m (200 m²) cada, perfazendo uma área amostral de 2600 m². Os
indivíduos arbóreos com circunferência à altura do peito (CAP) ≥ 10cm presentes no
interior da parcela foram identificados botanicamente e mensuradas a CAP e altura total.
As espécies indicadoras ocorrentes no local foram determinadas de acordo com as espécies
de maior valor de importância na estrutura horizontal da comunidade. Além disso, cada
espécie foi classificada de acordo com seu grupo sucessional, tendo como base os trabalhos
desenvolvidos por Brandão et al. (2009) e Lima et al. (2017). A camada de serapilheira foi
medida com uma régua em 2 pontos aleatórios no interior de cada parcela. A presença de
sub-bosque, trepadeiras e epífitas foi avaliada por observação visual. Todas as variáveis
foram confrontadas com os parâmetros indicadores da Resolução CONAMA 391/2007
para avaliar as possíveis subjetividades na classificação do estágio sucessional do
fragmento. Os dados foram processados com auxílio do software Mata Nativa 2 e planilha
eletrônica do Microsoft Excel 2010 ®.
3. Resultados e Discussão
O fragmento florestal em estudo apresentou a ocorrência de 20 espécies,
pertencentes a 16 famílias botânicas. As espécies Xylopia frutescens, Tapirira guianensis,
Byrsonima sericea e Schefflera morototoni foram consideradas as espécies indicadoras do
281
estágio sucessional da comunidade, pois apresentaram maior valor de importância, juntas
somando 76,9% do VI (Tabela1). Constatou-se que 92% dos indivíduos amostrados
pertencem a espécies pioneiras e secundária inicial, e apenas 8% (25 indivíduos)
classificadas como espécies do grupo ecológico secundária tardia. Considerando a
Resolução CONAMA 391/2007, a predominância de indivíduos de espécies pioneiras é um
indicador de vegetação secundária em estágio inicial de regeneração, podendo tal
inferência ser considerada também para as espécies secundárias iniciais, uma vez que
possuem características semelhantes. Além disso, as espécies indicadoras encontradas no
presente constam todas no estágio inicial de regeneração (Tabela 2).
282
15 (quinze) metros emergentes com altura total superior
a 15 (quinze) metros
- Espécies lenhosas com distribuição
diamétrica de pequena amplitude; com
- Distribuição diamétrica apresentando - Distribuição diamétrica de grande
Diâmetro à Altura do Peito - DAP médio
amplitude moderada com DAP médio amplitude, com DAP médio superior
inferior a 8 (oito) cm, podendo ocorrer
de 8 (oito) a 15 (quinze) centímetros a 15 (quinze) centímetros
árvores isoladas remanescentes, com DAP
médio superior ao citado;
- Epífitas, se existentes, são representadas - Tendência de aparecimento de
- Epífitas presentes em grande
principalmente por líquens, briófitas, epífitas vasculares com maior nº de
número de espécies e com grande
pteridófitas e bromeliáceas, com baixa indivíduos e espécies em relação ao
abundância
diversidade estágio inicial
- Diversidade biológica variável com poucas
- Cobertura arbórea fechada, com
espécies arbóreas, podendo apresentar - Copas superiores horizontalmente
ocorrência eventual de indivíduos
plântulas de espécies características de amplas
emergentes
outros estágios
- Trepadeiras, se presentes, sendo - Trepadeiras, quando presentes, são
- Trepadeiras geralmente lenhosas
geralmente herbáceas predominantemente lenhosas
- Serrapilheira, quando existente, formando - Serrapilheira presente, variando de
camada fina pouco decomposta, contínua ou espessura de acordo com as estações do - Serrapilheira abundante
não ano
- Maior diversidade de espécies - Eventual ocorrência de espécies
- Espécies pioneiras abundantes
lenhosas em relação ao estágio inicial dominantes
283
que há parâmetros iguais mencionados para os estágios médio e avançado, diferindo
apenas nos adjetivos “geralmente” e “predominantemente”, permitindo assim a influência
do profissional ou pesquisador quando da aplicação da Resolução CONAMA 391/2007.
4. Considerações Finais
A aplicação da Resolução CONAMA 391/2007 mostrou-se eficiente quanto aos
parâmetros dendrométricos da vegetação, indicando estágio médio de regeneração, porém, as
espécies indicadoras do fragmento estudado, apontam para estágio inicial de regeneração. Os
demais parâmetros de presença de epífitas, trepadeiras e camada de serrapilheira mostraram-
se subjetivos para a correta classificação, dificultando a sua aplicação eficiente quando da
autorização para supressão de vegetação nativa por parte de órgãos ambientais que utilizam a
mesma como referência.
5. Literatura citada
Alvares, C.A.; Stape, J.L.; Sentelhas, P.C.; Gonçalves, J.L.M.; Sparovek, G. Köppen’s
climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728,
2013. http://dx.doi.org/10.1127/0941-2948/2013/0507
Brandão, C.F.L.S.; Marangon, L.C.; Ferreira, R.L.C.; Lins e Silva, A.C.B. Estrutura
fitossociológica e classificação sucessional do componente arbóreo em um fragmento de
Floresta Atlântica em Igarassu-Pernambuco. Agrária, v. 4, n. 1, p. 55-61, 2009.
http://dx.doi.org/10.5039/agraria.v4i1a9
Lima, R.B.A.; Marangon, L.C.; Freire, F.J.; Feliciano, A.L.P.; Silva, R.K.S. Potencial
regenerativo de espécies arbóreas em fragmento de Mata Atlântica, Pernambuco, Brasil.
Revista Verde, v. 12, n. 4, p. 666-673, 2017. http://dx.doi.org/10.18378/rvads.v12i4.5002
Siminski, A.; Fantini, A.C.; Reis, M.S. Classificação da vegetação secundária em estágios
de regeneração da Mata Atlântica em Santa Catarina. Ciência Florestal, v. 23, n. 3, p. 369-
378, 2013. http://dx.doi.org/10.5902/1980509810548
284
Etnoconhecimento de plantas medicinais em uma comunidade no vale do
rio Araguari, Amazônia oriental
Adriano Castelo dos Santos1, Luiz Leno da Costa de Moraes2, João da Luz Freitas 3 João Ramos de
Matos Filho4, Raullyan Borja Lima e Silva 5, César Henrique Alves Borges 6
1
Instituto Estadual de Florestas do Amapá (adrianocasteloeng@gmail.com) 2Universidade do
Estado do Amapá (lenomoraes2009@hotmail.com) 3Instituto de Pesquisas Científicas e
Tecnológicas do Estado do Amapá (joao.freitas@iepa.ap.gov.br) 4Universidade do Estado do
Amapá (joaoramos_jr@hotmail.com) 5Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado
do Amapá (raullyan.silva@uol.com.br) 6Universidade Federal Rural de Pernambuco
(cesarhenrique27@yahoo.com.br)
RESUMO: A Amazônia possui muitas espécies vegetais com potencial para uso medicinal
e um vasto conhecimento tradicional acumulado ao longo dos anos pelos povos
tradicionais que habitam a região. O objetivo deste estudo foi documentar as principais
espécies utilizadas por uma comunidade que teve sua área alagada pelo reservatório
de uma hidrelétrica na região do vale do rio Araguari, Amapá, Brasil. Para a coleta de
dados utilizou-se entrevista estruturada e observação participante. Foram encontradas
48 espécies com indicativo de uso medicinal, distribuídas em 31 famílias botânicas.
1. Introdução
O uso de etnoespécies pela população mundial tem sido muito significativo nos
últimos anos (Ribeiro et al., 2017). O papel elementar desempenhado pelas árvores parece
evidente através dos etnoconhecimentos, na utilização de produtos florestais não
madeireiros (PFNMs) como alimentos, medicamentos, fibras, combustíveis, alimentação
animal e seu valor cultural e espiritual (Dawson et al., 2014). Esses saberes são de grande
importância para o uso e a conservação das espécies florestais.
No município de Ferreira Gomes, Amapá, a comunidade São Tomé possuía essa
interação histórica de conhecimento e uso de plantas para a cura e/ou prevenção de
doenças e devido à construção das hidrelétricas Cachoeira Caldeirão e Ferreira Gomes
Energia a área física da comunidade foi alagada e os moradores remanejados. Assim, o
objetivo do trabalho foi documentar os conhecimentos tradicionais relativos ao uso de
plantas medicinais pelos moradores da comunidade.
285
2. Material e Métodos
2.1 Área de estudo
O estudo foi realizado na área onde localizava-se a comunidade São Tomé, no
município de Ferreira Gomes, Amapá, margem esquerda do rio Araguari, entre as
coordenadas N 00 49'31,1'' e W 051 18'33,6''. A vegetação da área é composta por floresta
densa de terra firme, floresta densa aluvial, campos e cerrado.
2.2 Coleta de dados
Realizou-se um levantamento das unidades domiciliares no período de maio a
outubro de 2014, por meio de entrevistas estruturadas e observação participante. Foram
entrevistadas 15 famílias com idades que variaram de 25 a 69 anos, sendo considerados
especialistas locais, onde utilizou-se como metodologia a técnica da “bola de neve”
(Bailey, 1994).
3. Resultados e Discussão
Catalogou-se junto aos entrevistados, por meio de questionários, 48 espécies,
distribuídas em 31 famílias, destacando as famílias Fabaceae e Lamiaceae (Tabela 1).
A partir do estudo na comunidade, foram indicadas 48 espécies de plantas
utilizadas pelos moradores como medicinais.
TABELA 1. Lista de plantas medicinais utilizadas na comunidade São Tomé, município de Ferreira Gomes,
Amapá.
286
Anemopaegma arvense (Vell.) Stellfeld ex De Souza Catuaba
Arrabidaea chica (Bonpl.) Verl. Pariri
Tabebuia sp. Ipê
CARICACEAE
Carica papaya L. Mamoeiro
COSTACEAE
Costus spicatus (Jacq.) Sw. Canaficha
CRASSULACEAE
Bryophyllum calycinum Salisb. Pirarucú
CRYSOBALANACEAE
Licania macrophylla Benth Anoerá
EUPHORBIACEAE
Pedilanthus tithymaloides (L.) Poit. Coramina
FABACEAE
Dalbergia monetaria L. f. Verônica
Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Cumarú
Hymenaea courbaril L. Jatobá
Hymenaea sp. Jutaí
Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze Pracaxizeiro
LAMIACEAE
Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. Catinga-de-mulata
Mentha pulegium L. Hortelanzinho
Ocimum minimum L. Manjericão
Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. Hortelã
LAURACEAE
Cinnamomum zeylanicum Blume Caneleira
MALVACEAE
Scleronema micranthum Ducke Cedrinho
MELIACEAE
Carapa guianensis Aubl. Andirobeira
MYRTACEAE
Psidium guajava L. Goiabeira
OCHNACEAE
Ouratea hexasperma (A. St.-Hil.) Baill. Barbatimão
OLACACEAE
Ptychopetalum olacoides Benth. Marapuamba
OXALIDACEAE
Averrhoa bilimbi L. Limão Caiena
PEDALIACEAE
Sesamum indicum L. Gergilim
PHYTOLACCACEAE
Petiveria alliacea L. Mucuracaá
287
PIPERACEAE
Piper callosum Ruiz & Pav. Elixir paregórico
PLANTAGINACEAE
Plantago major L. Tanchagem
POACEAE
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf Capim marinho/Capim santo
PORTULACACEAE
Portulaca pilosa L. Amor crescido
RUBIACEAE
Morinda citrifolia L. Noni
Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.) DC. Unha-de-gato
RUTACEAE
Ruta graveolens L. Arruda
SIMAROUBACEAE
Quassia amara L. Quina
STYRACACEAE
Styrax argenteus C. Presl Esturaque
VERBENACEAE
Lippia alba (Mill.) N.E. Br. ex Britton & P. Wilson Erva Cidreira/cidreira
3. Considerações Finais
Em São Tomé constatou-se que sua população, embora pequena, possuía acesso e
conhecimento a uma ampla variedade de plantas medicinais relacionadas à cura e/ou
prevenção de enfermidades que acometiam seus habitantes e que de forma irreversível se
perdeu em função dos reservatórios das hidrelétricas instaladas na região.
Literatura Citada
288
Albuquerque, U.P.; Ramos, M.A.; Melo, J.G. New strategies for drug discovery in tropical
forests based on ethnobotanical and chemical ecological studies. Journal of
Ethnopharmacology, v. 140, p. 197-201, 2012. https://doi.org/10.1016/j.jep.2011.12.042
Bailey, K. Methods of social reserch. 4th ed. New York: The Free Press, 1994. 588p.
Dawson, C.I.K.; Leakey, R.; Clement, C.R.; Weber, J.C.; Cornelius, J.P.; Roshetko, J. M.;
Vinceti, B.; Kalinganire, A.; Tchoundjeu, Z.; Masters, E.; Jamnadass, R. The management
of tree genetic resources and the livelihoods of rural communities in the tropics: Non-
timber forest products, smallholder agroforestry practices and tree commodity. Forest
Ecology and Management, v. 333, p. 9-21, 2014.
https://doi.org/10.1016/j.foreco.2014.01.021
Oliveira, D.R.; Krettli, A.U.; Aguiar, A.C.C.; Leitão, G.G.; Vieira, M.N.; Martins, K.S.;
Leitão, S.G. Ethnopharmacological evaluation of medicinal plants used against malaria by
quilombola communities from Oriximiná, Brazil. Journal of Ethnopharmacology, v. 173, p.
424-434, 2015. doi:10.1016/j.jep.2015.07.035
Ribeiro, R.V.R.; Bieski, I.G.C.; Balogun, S.O.; Martins, D.T.O. Ethnobotanical study of
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Sist, P.; Sablayrolles, P.; Barthelon, S.; Sousa-Ota, L.; Kibler, J.F.; Ruschel, A.; Santos,
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Farmers Annual Incomes in the Eastern Amazon. Forests, v. 5, p. 1508-1531, 2014.
doi:10.3390/f5071508
289
Evolução da cobertura florestal da bacia do Rio São Francisco no estado de
Sergipe
Breno Correia Cruz Santos1, Janaína Costa Chaves Silva 1, Cassandra Mendonça de
Oliveira 1, Alisson de Santana Silva 1, Milton Marques Fernandes 1
1
Universidade Federal de Sergipe (brenobfloresta@hotmail.com, nanna.cct@hotmail.com,
cassandramoliveira@gmail.com, alisson.santanasilva@hotmail.com, miltonmf@gmail.com)
1. Introdução
A bacia do Rio São Francisco estende-se pelos estados de Minas Gerais, Bahia,
Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Goiás e o Distrito Federal, inseridos nas regiões Nordeste,
Sudeste e Centro-Oeste com área total de 619.543,94 km² (CODEVASF, 2011).
290
voltados para essa região buscando avaliar a situação da cobertura vegetal, de forma a
produzir base científica para subsidiar o entendimento dos processos de desmatamento e a
definição de políticas públicas e de diretrizes para o uso sustentável do bioma Caatinga
nesse Estado (FERNANDES et al., 2015).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a dinâmica da cobertura florestal da porção da
bacia do Rio São Francisco no estado de Sergipe.
2. Material e Métodos
A área de estudo compreende a porção do estado de Sergipe inserida na bacia do
Rio São Francisco. O clima da região é semiárido do tipo Bsh segundo a classificação de
Koppen, com baixa incidência pluviométrica, que varia entre 250 e 900 mm. ano-¹.
Para cada ano (1992, 2003 e 2013) as imagens classificadas foram processadas no
QuantumGis e convertidas para formato vetorial. Os mapas vetoriais foram editados como
mapa temático para quantificação das classes temáticas (Caatinga e regeneração natural).
3. Resultados e Discussão
No ano de 1992 a bacia do Rio São Francisco no estado de Sergipe apresentou
255999,00 ha para Caatinga e de 3122,00 ha para regeneração (Figura 1).
291
Figura 1. Mapa da cobertura florestal da bacia do Rio São Francisco de Sergipe do ano de 1992.
Figura 2. Mapa da cobertura florestal da bacia do Rio São Francisco no estado de Sergipe do ano de 2003.
A porção da bacia do Rio São Francisco inserida no estado de Sergipe para o ano de
2013 apresentou 120.685,59 ha de Caatinga e a regeneração obteve um total de 66.156,39
292
ha (Figura 3). Houve um processo acelerado de desmatamento da Caatinga entre os anos
de 2003 a 2013, com um desmatamento de 190.599,80 ha, superando o valor remanescente
de Caatinga de 2013. Observa-se que ocorreu um aumento nas áreas de regeneração entre
2003 a 2013 num valor de 38.787,2 ha, sendo este aumento provavelmente devido ao
desmatamento da Caatinga ocorrido neste período surgindo novas áreas de regeneração.
Figura 3. Mapa da cobertura florestal da bacia do Rio São Francisco no estado de Sergipe no ano de 2013.
4. Conclusão
No primeiro ano de análise, 1992, a bacia do Rio São Francisco no estado de
Sergipe apresentou maior área de Caatinga comparada a regeneração. Entre os anos de
1992 a 2003 houve um aumento na cobertura florestal de fragmentos de regeneração
mesmo com maior área de caatinga na bacia do Rio São Francisco no estado de Sergipe.
Entretanto de 2003 a 2013 ocorreu intenso desmatamento da Caatinga e conversão
em áreas de regeneração, aumento da fragmentação e alteração na dinâmica do uso e
ocupação.
293
Baseado nos resultados considera-se que o estado de Sergipe necessita de políticas
públicas para redução do desmatamento e reflorestamento da porção da bacia do Rio São
Francisco, em função da importância da cobertura florestal na geração de serviços
ecossitêmicos na qualidade e quantidade de água do Rio São Francisco.
5. Literatura Citada
Fernandes, M. R. M.; Matricardi, E. A. T.; Almeida, A. Q.; Fernandes M. M.
Mudanças do Uso e de Cobertura da Terra na Região Semiárida de Sergipe. Floresta
Ambiente. v.22, n.4, 2015.
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco edo Parnaíba -
CODEVASF [online]. 2010. [citado 201abr.26]. Disponível em http://www.codevasf.gov.br
Sergipe. Diagnóstico Florestal de Sergipe. 1. ed. Aracaju:Secretaria do Estado do
Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos; 2014.
294
Fauna epígea como bioindicadora em ambiente de caixetal no Parque
Natural Municipal de Gericinó - RJ
Raíssa Nascimento dos Santos1, Marcos Gervasio Pereira2, Wilbert Valkinir Cabreira 3, Marco
Aurélio Passos Louzada4, Gilsonley Lopes dos Santos5, Ana Caroline Rodrigues da Silva6,
1
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (nsantos.raissa@gmail.com) , 2Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (mgervasiopereira01@gmail.com) , 3Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (wilbertvalkinir@gmail.com) , 4Instituto Federal do Rio de Janeiro
(marco.louzada@ifrj.edu.br) , 5Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(leylopes85@hotmail.com), 6Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (aana.r@hotmail.com)
RESUMO: Os organismos que compõem a fauna do solo estão associados aos processos
de decomposição e ciclagem de nutrientes, que são de fundamental importância para a
manutenção da produtividade de um ecossistema. Este estudo teve como objetivo avaliar a
eficiência da fauna epígea como bioindicadora de qualidade do solo em áreas de solo
hidromórfico com predominância da espécie T. cassinoides, no Parque Natural Municipal
de Gericinó – RJ. As áreas selecionadas foram: caixetal (CX) onde há oscilação do lençol
freático sob o solo e área externa (AE) paralela ao caixetal onde a influência do lençol
freático não ocorre de forma tão marcante. As armadilhas do tipo Pitfall foram utilizadas
para avaliar a fauna epígea. Foram utilizadas cinco armadilhas por repetição, sendo
deixadas em campo por sete dias e coletadas em fevereiro de 2018. O grupo Collembola
foi o mais representativo em ambas as áreas. Devido as condições ambientais e
alagamento do caixetal, o maior número de indivíduos foi quantificado na área externa. A
fauna epígea não se mostrou eficiente como bioindicadora para a qualidade ecológica no
ambiente do caixetal devido suas condições ambientais específicas.
1. Introdução
A Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. (caixeta) ocorre em áreas alagadas e nas
planícies costeiras formando populações denominadas de caixetais. Fazem parte das
chamadas Florestas Paludosas que como características localizadas em solos hidromórficos
(Visnadi, 2009).
Os organismos que compõem a fauna do solo estão associados aos processos de
decomposição e ciclagem de nutrientes (Manhaes & Francelino, 2013), além de agirem
como bioindicadores da qualidade de um solo, sendo sensíveis a quaisquer distúrbios que
aconteçam no ambiente podendo, resultantes de manejo do solo ou fatores ambientais
(Oliveira Filho et al., 2016).
295
Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência da fauna epígea
como bioindicadora de qualidade do solo em áreas de solo hidromórfico com
predominância de T. cassinoides (caixetais) no Parque Natural Municipal de Gericinó
(PNMG) – RJ.
2. Material e Métodos
O estudo foi desenvolvido no Parque Natural Municipal de Gericinó (PNMG)
situado no município de Nilópolis no estado do Rio de Janeiro. Foram selecionadas duas
áreas: a primeira, com predominância de indivíduos de T. cassinoides denominada caixetal
e a segunda, uma área externa localizada paralela ao caixetal tendo cobertura hérbacea com
predominância de capim-rabo-de-burro (Andropogon bicornis L.). Para cada área (caixetal
– CX; área externa – AE), foram realizadas três repetições. A classe de solo predominante
no parque é o Planossolo Háplico.
Para a captura da fauna, foram utilizadas armadilhas do tipo “pitfall” que consistem
em recipientes plásticos e cilíndricos com 10 cm de diâmetro e 10 cm de altura. Foram
distribuídas aleatoriamente cinco armadilhas por repetição no CX e com uma distância
entre si de cinco metros na AE. Com auxílio de uma cavadeira, foram abertos pequenos
orifícios no solo para instalação da armadilha, sendo ou estas enterradas até que sua
abertura estivesse nivelada com a superfície do solo e utilizada uma prancha de proteção
para evitar queda de impurezas. Para a conservação da fauna foi utilizado formaldeído a
1%. A coleta foi realizada no período entre 31 de janeiro até 07 de fevereiro de 2018, após
esse período as armadilhas foram retiradas do solo e encaminhadas para laboratório para
triagem da fauna. A identificação dos organismos da fauna foi realizada com auxílio de
lupa binocular, sendo os indivíduos classificados em grandes grupos taxonômicos (ordem,
classe ou família).
Para avaliação da atividade da fauna epígea, o número de indivíduos coletados foi
calculado para número de indivíduos armadilha dia (ind. arm-1. dia -1). Além disso, foram
calculados índices de diversidade de Shannon, Equitabilidade de Pielou e riqueza média.
3. Resultados e Discussão
Foram coletados, 668 indivíduos na área do CX e 2628 indivíduos na AE (Tabela
296
1). O número de indivíduos por armadilha por dia e erro padrão variaram entre as áreas
(Tabela 1), a área CX obteve os menores valores para ambos e os maiores para AE.
Segundo Nunes et al. (2012) um elevado erro padrão, revela grande heterogeneidade
espacial em determinado ambiente.
TABELA 1: Número de indivíduos armadilha dia (ind. arm-1. dia -1), índices ecológicos, riqueza média e total
médio de indivíduos da fauna epígea em caixetal (CX) e área externa (AE) no Parque Natural Municipal de
Gericinó, RJ.
Tratamento Ind/arm/dia Erro Padrão Shannon Riqueza média Pielou Total de indivíduos
CX 6,55b 1,16 2,54a 7,33b 0,67a 668b
AE 26,94a 6,32 2,46a 9,65a 0,61a 2628a
*Valores seguidos de letras diferentes na coluna diferem entre si (p<0,05), pelo teste t.
TABELA 2: Número de indivíduos por armadilha por dia da comunidade da fauna epígea em caixetal (CX) e
área externa (AE) no Parque Natural Municipal de Gericinó, RJ.
Grupos CX Erro AE Erro
Acari 0,23 0,08 4,24 1,02
Aranea 0,19 0,07 0,20 0,06
Auchenorryncha - - 0,21 0,08
Blattodea 0,01 0,01 - -
Coleoptera 0,10 0,05 0,19 0,04
Diplopoda 0,00 0,00 0,22 0,08
Diptera 0,36 0,14 0,42 0,12
Enchytraeidae 0,03 0,02 - -
Entomobryomorpha 1,63 0,40 8,73 1,74
Formicidae 0,64 0,20 1,92 0,40
Heteroptera - - 0,03 0,02
Hymenoptera 0,04 0,03 0,07 0,02
Isopoda 0,05 0,03 0,01 0,01
Isoptera - - 0,01 0,01
Larva Coleoptera 0,03 0,02 0,01 0,01
Larva Lepidoptera 0,01 0,01 0,01 0,01
Oligochaeta 0,01 0,01 0,01 0,01
Orthoptera 0,03 0,02 0,10 0,03
Poduromorpha 2,32 0,67 6,87 2,23
Stermorryncha 0,04 0,03 0,19 0,03
Symplypleona 0,82 0,41 10,74 1,99
Thysanoptera 0,01 0,01 0,14 0,03
Thysanura - - 0,01 0,01
Crustáceo 0,01 0,01 - -
Anfíbio - - 0,03 0,01
297
Segundo Schmelz et al. (2013) os Enchytraeidae que fazem parte da subclasse
Oligochaeta, ocorrem em solos úmidos e com altos teores de matéria orgânica. Pode-se
notar também a presença de Oligochaeta em ambas as áreas, pelo fato do lençol freático ser
mais superficial, fazendo com que elas permanecessem mais na superfície do solo.
Os grupos Collembola e Acari foram os de maior representatividade na AE e menos
frequente na área de CX, padrão similar verificado por Bartz et al. (2014) em uma área
antropizada e uma de vegetação nativa.
Em ambos os ambientes os grupos que se destacaram foram Entomobryomorpha,
Poduromorpha e Symplypleona que são pertencentes à superordem Collembola. De acordo
com Oliveira Filho & Baretta (2016) nos primeiros meses do ano há uma maior ocorrência
desses grupos por conta abundância de água, visto que são dependentes desta.
Diferindo do que se é normalmente verificado na literatura (Bartz et al., 2014;
Nunes et al., 2014) em que a área de cobertura florestal é a que apresenta os maiores
valores em relação aos indivíduos, no presente estudo a área antropizada (AE) deteve
maiores valores em comparação a área CX que é o ambiente de cobertura florestal.
Levando-se em consideração as condições do ambiente no caixetal que por ser alagado,
cria um ambiente com condições restritas o qual limita a presença desses indivíduos nessa
área.
4. Conclusão
A fauna epígea não se mostrou eficiente como bioindicadora para a qualidade
ecológica no ambiente do caixetal visto que seus índices ecológicos se apresentaram
inferiores ao da área externa.
5. Literatura Citada
Bartz, M.L.C.; Brown, G.G.; Orso, R.; Mafra, A.L.; Baretta, D. The influence of land use
systems on soil and surface litter fauna in the western region of Santa Catarina. Revista
Ciência Agronômica, v.45, n.5, p.880-887, 2014. https://dx.doi.org/10.1590/S1806-
66902014000500003.
298
Correia, M. E. F. Potencial de utilização dos atributos das comunidades de fauna do solo e
de grupos chaves de invertebrados como bioindicadores do manejo de ecossistemas.
Seropédica: Embrapa Agrobiologia, p.23, n.157, 2002.
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/624781/1/doc157.pdf.
Nunes, L.A.P.L.; Silva, D.I.B.; Araújo, A.S.F.; Leite, L.F..C.; Correia, M.E.F.
Caracterização da fauna edáfica em sistemas de manejo para produção de forragens no
Estado do Piauí. Revista Ciência Agronômica, v.43, n.1, p.30-37,
2012. https://dx.doi.org/10.1590/S1806-66902012000100004.
Oliveira Filho, L.C.I.O.; Filho, O.K.; Baretta, D.; Tanaka, C.A.S.; Sousa, J.P. Collembola
Community Structure as a Tool to Assess Land Use Effects on Soil Quality. Rev. Bras.
Cienc. do Solo, v.40, p.1–18, 2016. https://dx.doi.org/10.1590/18069657rbcs20150432.
Oliveira Filho, L.C.I.; Baretta, D. Por que devemos nos importar com os colêmbolos
edáficos? Scientia Agraria, v.17, p.21-40, 2016. https://
http://dx.doi.org/10.5380/rsa.v17i2.48242.
VISNADI, S.R. Briófitas do caxetal, em Ubatuba, São Paulo, Brasil. Trop. Bryol. v.30,
p.8-14, 2009. http://dx.doi.org/10.11646/bde.30.1.3
Schmelz, R.M.; Niva, C.C.; Römbke, J.; Collado, R. Diversity ofterrestrial Enchytraeidae
(Oligochaeta) in Latin America: Current knowledge and future research potential. Appl.
Soil Ecol. v.69, p.13–20, 2013. https://doi.org/10.1016/j.apsoil.2012.12.012
299
Fenologia da cobertura de folhagem de espécies arbóreas da Caatinga
em diferentes estágios sucessionais
Bruna Rafaella Ferreira da Silva¹, Anderson Aurélio de Azevêdo Carnaval¹, Thalles Luiz
Negreiros da Costa¹, João Gilberto Meza Ucella Filho¹, Tatiane Kelly Barbosa de Azevêdo¹
RESUMO:A fenologia é o estudo das fases ou atividades do ciclo vital das plantas e sua
ocorrência temporal ao longo do ano. Este trabalho teve como objetivo avaliar as
características fenológicas vegetativas de espécies da Caatinga em diferentes estágios
sucessionais. O experimento foi desenvolvido em três diferentes estágios sucessionais,
sendo eles classificados como jovem, intermediário e adulto. Foi feita a coleta mensal dos
dados de todas as espécies durante um ano, pelo método de Fournier (1974). Com relação
ao regime pluviométrico regional, os dados durante os meses de observação das plantas
indicam que o período chuvoso é de dezembro a maio. É possível observar a distribuição
das folhas verdes ao longo do ano, no qual os três estágios se mantiveram uniformes
durante o ano de avaliação, havendo redução de folhas somente de setembro a novembro.
Nestes meses, onde em geral ocorrem baixos índices pluviométricos, as plantas perderam
as folhas. No período seco, constatou-se que houve redução de folhas verdes para todos os
estágios. As espécies dos estágios sucessionais jovens e intermediárias apresentam maior
presença de folhas secas no período seco, sendo o estágio maduro o primeiro a perder as
folhas.
1. Introdução
A Caatinga ocupa uma extensão territorial de aproximadamente 750.000 km² e está
presente em todos os estados do Nordeste e ainda no norte do estado de Minas Gerais
(Alves et al., 2009). A vegetação da região é caracterizada por apresentar um conjunto de
adaptações ao déficit hídrico, que se prolonga por vários meses do ano, tendo como
características marcantes a rápida renovação das copas no início do período chuvoso e a
caducifólia durante parte da estação seca (Barbosa et al., 2003).
A fenologia tem como base a observação de fenofases das espécies, que
correspondem aos estádios de desenvolvimento, como a emergência das gemas, o
desenvolvimento das folhas, a floração, a frutificação, a descoloração das folhas e a
senescência (Freire et al., 2013). Normalmente, em regiões de Caatinga onde os períodos
300
secos e úmidos são bem determinados, os eventos fenológicos são afetados principalmente
pela sazonalidade das chuvas e disponibilidade de água no solo (Paz & Souza, 2018).
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar as características
fenológicas de cobertura de folhagem de espécies da Caatinga em diferentes estágios
sucessionais.
2. Material e Métodos
O experimento foi conduzido no período de dezembro de 2007 a dezembro de 2008
na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha – PB, nas coordenadas geográficas
de 07°00'00"S e 37°23'00"W. Os dados de precipitação durante o período de observação
das plantas foram coletados através de pluviômetros instalados na área de estudo.
O trabalho foi desenvolvido em três diferentes estágios sucessionais, sendo eles
classificados como jovem, intermediário e adulto. O estágio jovem foram as áreas
anteriormente utilizadas como pastagens para o gado ou para fins agrícolas, que tiveram
regeneração natural nos últimos 3 a 5 anos, contendo vegetação herbácea, arbustiva e
arbórea, com diâmetro a altura do peito (DAP) inferior a 3 cm; para o estágio
intermediário, a área teve o mesmo uso, porém a regeneração natural ocorreu nos últimos
10 a 15 anos, contendo em sua vegetação principalmente arbustos e árvores com DAP até 5
cm; enquanto o estágio adulto caracterizou-se por apresentar grande diversidade de
espécies arbóreas com DAP superior a 5 cm.
As parcelas possuíam 30 x 60 m e foram cercadas, no interior das mesmas foi
delimitada uma sub parcela de 20 x 50m, com o objetivo de manter uma área (10m de
largura) para a movimentação do pessoal técnico na coleta de dados, causando o mínimo
de dano à vegetação.
A coleta de dados fenológicos nas parcelas estudadas foi realizada no período de
dezembro de 2007 a dezembro de 2008, onde foram avaliados mensalmente o percentual
de folhas verdes e secas nas espécies arbóreas. A emissão de folhas foi determinada através
da presença de primórdios foliares, geralmente de coloração verde claro a verde escuro,
avermelhados ou violáceos. A presença de folhas secas foi identificada pela coloração
marrom claro a marrom escuro. Para avaliar a duração de cada fenofase, os dados para
cada indivíduo incluíram, além da presença ou ausência das fenofases, a sua porcentagem
em relação às demais. Estas porcentagens foram estimadas visualmente e enquadradas em
301
cinco categorias: I (0%), II (1-25%), III (26 – 50%), IV (51 – 75%) e V (76 – 100%)
(Fournier, 1974). A análise estatística utilizada para a fenologia foi do tipo descritivo.
3. Resultados e Discussão
Na Figura 1 está descrito o regime pluviométrico regional, durante o período de
avaliação das características fenológicas das plantas, e mostra que o período seco da região
aconteceu nos meses entre junho e novembro de 2008, com exceção de uma presença de
chuvas no mês de julho, havendo uma precipitação de 8 mm no mês.
FIGURA 1. Dados pluviométricos encontrados na Fazenda Tamanduá de dezembro de 2007 a dezembro de
2008.
Houve certa variação para a porcentagem de folhas verdes das espécies nos meses
de dezembro de 2007 e janeiro de 2008 nos estágios sucessionais. No mês de março
(2008), a vegetação apresentou folhagem completa para todos os estágios sucessionais,
provavelmente por ter sido o mês de maior pluviosidade. Resultado semelhante a este
também foi encontrado por Souza et al. (2014), no qual o brotamento de novas folhas pode
302
ter sido atribuído à disponibilidade hídrica, por meio da precipitação no início da estação
chuvosa.
FIGURA 2. Percentual de folhas verdes referente FIGURA 3. Percentual de folhas secas referente a
a dezembro de 2007 a dezembro de 2008 dezembro de 2008 a dezembro de 2009 presentes
presentes nos estágios sucessionais jovem, nos estágios sucessionais jovem, intermediário e
intermediário e adulto. adulto.
O percentual de folhas secas foi maior nos meses de setembro de 2008 a novembro
de 2008 (Figura 3), coincidindo com o período de baixo índice pluviométrico, mostrando
que as espécies são caducifólias. Em seu estudo Botrel et al. (2015) visualizaram que a
perda de folhas, em ambientes com déficit hídrico, é uma estratégia fisiológica das plantas
para reduzir a perda de água eliminada pela transpiração. Em trabalho realizado por Paz &
Souza (2018) com algumas espécies da Caatinga, a perda de folhas também teve início no
mês de agosto, devido ao decréscimo de brotamento de folhas novas nesse período.
De acordo com os resultados descritos neste trabalho, evidencia-se que as fenofases
podem se correlacionar com fatores abióticos, principalmente com a precipitação.
4. Conclusão
Constatou-se que houve redução de folhas verdes para todos os estágios
sucessionais no período seco e elas apresentaram porcentagem máxima no mês com maior
pluviosidade.
As espécies dos estágios sucessionais jovens e intermediárias respectivamente
apresentam maior presença de folhas secas no período seco, sendo o estágio adulto o
primeiro a perder as folhas.
5. Literatura citada
303
Alves, J.J.A.; Araújo, M.A.; Nascimento, S.S. Degradação da caatinga: uma investigação
ecogeográfica. Caatinga, v. 22, n. 3, p. 126-135, 2009.
Barbosa, D.C.A.; Barbosa, M.C.A.; Lima, L.C.M. Fenologia de espécies lenhosas da
caatinga. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Eds.). Ecologia e
conservação da caatinga. Recife: Universitária UFPE, 2003. p.657-693.
Botrel, R.T.; Brito, D.R.S.; Sousa, W.C.; Souza, A.M.; Holanda, A.C. Fenologia de uma
espécie arbórea em ecótono Caatinga / Cerrado no sul do Piauí. Revista Verde, Pombal -
PB v. 10, n.3, p 07 – 12 jul-set, 2015.
Freire, J.M.; Azevedo, M.C.; Cunha, C.F.; Silva, T.F.; Resende, A.S. Fenologia
reprodutiva de espécies arbóreas em área fragmentada de Mata Atlântica em Itaborai, RJ.
Pesquisa Florestal Brasileiro, v.33, n.75, p.243-252, 2013. Disponível em:
doi.10.4336/2013.pfb.33.75.454.
Fournier, L.A. Un método cuantitativo para lamedición de características fenológicas
enárboles. Turrialba, San José, v. 25, n. 4, p. 422-423, 1974.
Paz, G.V.; Silva, K.A.; Almeida-Cortez, J.S. Banco de sementes em áreas de caatinga com
diferentes graus de antropização no Sertão de Itaparica-PE. Journal of Environmental
Analysis and Progress, v.1, n.1, p.61-69, 13 out. 2016.
http://dx.doi.org/10.24221/jeap.1.1.2016.987.61-69.
Paz, W.S.; Souza, J.T. Fenologia de espécies vegetais arbóreas em um fragmento de
caatinga em Santana do Ipanema, AL, Brasil. Diversitas Journal, Santana do Ipanema/AL,
v. 3, n. 1, p.39-44, 30 mar. 2018. Galoa Events Proceedings.
http://dx.doi.org/10.17648/diversitas-journal-v3i1.566.
Souza, D.N.N.; Camacho, R.G.V.; Melo, J.I.M.; Rocha, L.N.G.; Silva, N.F. Estudo
fenológico de espécies arbóreas nativas em uma unidade de conservação de caatinga no
Estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Biotemas, Florianópolis, v. 27, n. 2, p.31-42, 6 fev.
2014. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). http://dx.doi.org/10.5007/2175-
7925.2014v27n2p31.
304
Fenologia reprodutiva de espécies arbóreas da caatinga em
diferentes estágios sucessionais
Bruna Rafaella Ferreira da Silva¹, Anderson Aurélio de Azevêdo Carnaval ², Thalles Luiz
4 5
Negreiros da Costa³, Nathally Stephany Silva Mousinho , Jacob Silva Souto , Tatiane
Kelly Barbosa de Azevêdo6
305
bem como as relações desses eventos com os fatores ambientais e bióticos (Fournier,
1974; Silva & Santos, 2008). Pode-se ressaltar que as fases fenológicas vão variar de
acordo com as condições climáticas, sendo a temperatura do ar e a precipitação os
principais fatores que causam efeitos (Scoriza & Piña-Rodrigues, 2014).
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a fenologia
reprodutiva de espécies da caatinga em diferentes estágios sucessionais.
2. Material e métodos
O experimento foi conduzido no período de dezembro de 2007 a dezembro de
2008 na Fazenda Tamanduá, município de Santa Terezinha – PB. Os dados de
precipitação durante o período de observação das plantas foram coletados através de
pluviômetros instalados na área de estudo.
O trabalho foi desenvolvido em três diferentes estágios sucessionais, sendo eles
classificados como jovem, intermediário e adulto. O estágio jovem foram as áreas
anteriormente utilizadas como pastagens para o gado ou para fins agrícolas, que tiveram
regeneração natural nos últimos 3 a 5 anos, contendo vegetação herbácea, arbustiva e
arbórea, com diâmetro a altura do peito (DAP) inferior a 3 cm; para o estágio
intermediário, a área teve o mesmo uso, porém a regeneração natural ocorreu nos
últimos 10 a 15 anos, contendo em sua vegetação principalmente arbustos e árvores
com DAP até 5 cm; enquanto o estágio adulto caracterizou-se por apresentar grande
diversidade de espécies arbóreas com DAP superior a 5 cm.
As parcelas possuíam 30 x 60 m e foram cercadas, no interior das mesmas foi
delimitada uma sub parcela de 20 x 50m, com o objetivo de manter uma área (10m de
largura) para a movimentação do pessoal técnico na coleta de dados, causando o
mínimo de dano à vegetação. A coleta de dados fenológicos nas parcelas estudadas
foram realizadas durante um ano, onde foram avaliados o percentual de flores e frutos
nas espécies arbóreas mensalmente.
O período de avaliação da floração foi até o final do período de antese das flores.
O de frutificação, desde a formação visível dos frutos até a sua queda. Para avaliar a
duração de cada fenofase, os dados para cada indivíduo incluíram, além da presença ou
ausência das fenofases, a sua porcentagem em relação às demais. Estas porcentagens
foram estimadas visualmente e enquadradas em cinco categorias: I (0%), II (1-25%), III
306
(26 – 50%), IV (51 – 75%) e V (76 – 100%) (Fournier, 1974). A análise estatística
utilizada para a fenologia foi do tipo descritivo.
3. Resultados e discussão
Na Figura 1 está descrito o regime pluviométrico regional, durante o período de
avaliação das características fenológicas das plantas, e mostra que o período seco da
região aconteceu nos meses entre junho e novembro de 2008, com exceção de uma
presença de chuvas no mês de julho, havendo uma precipitação de 8 mm no mês.
FIGURA 1. Dados pluviométricos encontrados na Fazenda Tamanduá de dezembro de 2007 a dezembro
de 2008.
307
menor precipitação. Isto porque, segundo Lima e Rodal (2010), algumas espécies não
dependem primariamente da precipitação para iniciar suas fenofases, pois estas
apresentam características próprias de acúmulo de água e podem, inclusive, iniciarem
sua floração no período menos favorável.
FIGURA 2. Percentual de flores presentes nos FIGURA 3. Percentual de frutos presentes nos
estágios sucessionais jovem, intermediário e adulto. estágios sucessionais jovem, intermediário e
adulto.
308
5. Literatura citada
Becerra, J.A.B.; Carvalho, S.; Ometto, J.P.H.B. Relação das sazonalidades da
precipitação e da vegetação no bioma Caatinga: abordagem multitemporal.Anais XVII
Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR. João Pessoa-PB: INPE, 2015. p.
6668 – 6674.
Costa, K.J.A.; Lameir, O.A.; Assis, R.M.A.; Moura, R. Aspectos fenológicos do jucá –
Caesalpinia ferrea Martius ex Tul. (Fabaceae). In: VIII Encontro Amazônico de
Agrárias, 2016, Belém/PA. Anais... Belém: 2016. p. 40 - 46.
Fournier, L. A. Un método cuantitativo para lamedición de características fenológicas
enárboles. Turrialba, San José, v. 25, n. 4, p. 422-423, 1974.
Kiill, L.H.P.; Silva, T.A.; Araújo, F.P. Fenologia reprodutiva de espécies e híbridos do
gênero Spondias L. (Anacardiaceae) em Petrolina, PE. Petrolina: Embrapa Semiárido,
2013. 21 p. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 110.
Lima, A.L.A.; Rodal, M.J.N. Phenology and Wood density of plants growing in the
semi-arid region of northeastern Brazil. Journal of Arid Environments, London, v. 74, n.
11, p. 1363-1373, 2010.
Medeiros, R.L.S.; Silva, J.J.R.; Souza, V.C.; Nascimento, R.G.S.; Anjos, F. Fenologia
de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan em fragmento de Floresta Ombrófila Aberta
na Paraíba. Agropecuária Científica no Semiárido, Patos-PB, v. 13, n. 1, p.35-40, mar.
2017.
Scoriza, R.N.; Piña-Rodrigues, F.C.M. Influência da precipitação e temperatura do ar na
produção de serapilheira em trecho de floresta estacional em Sorocaba, SP.
FLORESTA, v. 44, n. 4, p. 687 - 696, 2014. http://dx.doi.org/10.5380/rf.v44i4.34274.
Silva, J.M.C.; Tabarelli, M.; Fonseca, M.T.; Lins, L.V. (org). Biodiversidade da
Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília (DF):
MMA/UFPE/Conservation International – Biodiversitas – Embrapa Semi-árido, 2004.
382p.
Silva, C.S.P.; Santos, M.L. Comportamento fenológico no evento pós-queima e biologia
reprodutiva de Spiranthera odoratissima A. St.-Hil. (Rutaceae). Biotemas,
Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 29-39, 2008.
309
Fenologia reprodutiva e vegetativa de Mimosa tenuiflora em um
fragmento de Floresta Estacional Decidual
Kyvia Pontes Teixeira das Chagas 1, Ageu da Silva Monteiro Freire 1, Fernanda Moura Fonseca
Lucas1, Fábio de Almeida Vieira1
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mails: kyviapontes@gmail.com;
ageufreire@hotmail.com; fernanda-fonseca@hotmail.com; vieirafa@gmail.com
1. Introdução
A Mimosa tenuiflora (Fabaceae), conhecida popularmente como jurema-preta, é
uma espécie decídua e pioneira nativa da Caatinga. Possui elevado potencial econômico e
ecológico, suas raízes têm uma alta capacidade de desenvolvimento em solos compactados,
sendo uma espécie indicadora dos estágios iniciais de sucessão (Azevedo et al., 2012;
Souza et al., 2016). A casca tem grande potencial devido às propriedades medicinais,
podendo ser utilizada em tratamentos de infecções, tendo efeito antimicrobiano e antifebril
(Araújo et al., 2017; Magalhães et al., 2018).
Compreender sobre as espécies e suas interações com o ambiente só é possível por
meio das informações ecológicas, e uma das ferramentas que auxiliam nessa compreensão
é a fenologia. As observações fenológicas contribuem na obtenção dos conhecimentos
sobre os aspectos vegetativos e reprodutivos das plantas. Na maioria dos casos, os estudos
de fenologia são realizados com plantas cultivadas, sendo necessários estudos que
promovam o conhecimento das espécies nativas em populações naturais (Freire et al.,
2013).
310
Desta forma o presente estudo objetivou avaliar o padrão fenológico da Mimosa
tenuiflora em vegetação de Floresta Estacional Decidual, Macaíba/RN.
2. Material e Métodos
O estudo foi realizado no município de Macaíba, no estado do Rio Grande do
Norte, nas coordenadas 5°53’57’’S e 35°22’10’’W. A vegetação é classificada como
Floresta Estacional Decidual de Terras Baixas, e conforme a classificação de Köppen o
clima é uma transição entre os tipos As’ e BSh’, com precipitação média anual de 1.086
mm (IBGE, 1992; EMPARN, 2017).
Foram selecionados 20 indivíduos adultos, os quais foram avaliados
quinzenalmente no período de maio de 2017 a março de 2018, perfazendo 24 observações.
Foram observadas seis fenofases, sendo duas vegetativas (queda e brotação foliar) e quatro
reprodutivas (botão floral, floração, fruto imaturo e maduro). Para quantificar os eventos
fenológicos, usou-se o Índice de Atividade e o Índice de Intensidade de Fournier (1974),
onde os valores adquiridos quinzenalmente foram somados, divididos pelo valor máximo
possível, e posteriormente transformados em valor porcentual (D’eça-Neves & Morellato,
2004).
3. Resultados e Discussão
A queda foliar esteve presente em todas observações, com maior pico de
intensidade de Fournier em novembro de 2017, os valores apresentaram declínio a partir do
mês de janeiro de 2018 (Figura 1A). Esta fenofase teve pouca variação, se mantendo
relativamente constante durante todas as avaliações. Já a brotação foliar foi mais variável,
o que pode ser um indicativo da sensibilidade às variações ambientais. A intensidade na
brotação foliar ocorreu em todo o período, sendo os maiores picos nos meses de janeiro e
março de 2018 (Figura 1B).
FIGURA 1. Porcentagem de queda foliar (A) e brotação foliar (B) em uma população natural de
Mimosa tenuiflora em Macaíba, RN.
311
correspondente ao mês com maior queda foliar. Ter conhecimento sobre os padrões de
brotamento e de queda foliar é de suma importância quando se visa interpretar a relação
dos vegetais com as mudanças climáticas sazonais, como precipitação e temperatura
(Morellato et al., 1990).
Os estudos dos eventos reprodutivos são importantes para o entendimento de
ecologia e dinâmica das espécies. A fase reprodutiva de emissões de botões florais iniciou
no mês de julho, e atingiu seu ápice no mês de outubro de 2017 (Figura 2A). A floração
iniciou juntamente com a emissão de botões no mês de julho e ocorreu de forma intensa
em outubro de 2017 (Figura 2B). O período de maior intensidade de floração teve curta
duração e logo em seguida houve decréscimo na intensidade. A fenofase de frutos
imaturos teve o maior período de intensidade observada no segundo semestre do ano,
iniciando sua atividade em agosto, com o pico de intensidade de frutos imaturos em
novembro (Figura 2C). Padrão semelhante foi observado para os frutos maduros, com
início da observação em setembro e ápice da produção em novembro (Figura 2D).
FIGURA 2. Porcentagem de botão floral (A), flor (B), frutos imaturos (C) e frutos maduros (D) em
uma população natural de Mimosa tenuiflora em Macaíba, RN.
312
De acordo com os dados INMET (2018), o período de junho/julho teve maior
precipitação, coincidindo com o início das atividades reprodutivas. Em estudos
fenológicos no município de Macaíba, Rocha et al. (2015) observaram que para a
Copernicia prunifera a frutificação foi menor quando ocorreu baixa precipitação,
mostrando que as variáveis ambientais provocam alterações nos eventos reprodutivos.
Normalmente devido à baixa disponibilidade de água no solo, as espécies da Caatinga
tendem a apresentar floração e frutificação no período chuvoso, como foi observado
para o presente estudo.
4. Conclusão
Os eventos reprodutivos se concentraram no segundo semestre do ano, com o ápice
nos meses de outubro e novembro, caracterizando a espécie com padrão anual. As
informações obtidas no presente estudo auxiliarão na compreensão dos mecanismos de
sobrevivência da espécie, além de fornecer subsídios para o estabelecimento de estratégias
de coleta de sementes, conservação ex situ e produção de mudas para a recuperação de
áreas degradadas.
5. Agradecimentos
À Fundação de Apoio à Pesquisa no Rio Grande do Norte/Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Fapern/Capes), pelo auxílio financeiro.
Literatura Citada
Araújo, E.S.; Pimenta, A.S.; Feijó, F.M.C.; Castro, R.V.O.; Fasciotti, M.; Monteiro,
T.V.C.; Lima, K.M.G. Antibacterial and antifungal activities of pyroligneous acid from
wood of Eucalyptus urograndis and Mimosa tenuiflora. Journal of Applied Microbiology.
n. 124, p. 85-96, 2017.
Azevedo, S.M.A.; Bakke, I.A.; Bakke, O.A.; Freire, A.L.O. Crescimento de plântulas de
jurema preta (Mimosa tenuiflora (Wild) Poiret) em solos de áreas degradadas da caatinga.
Engenharia Ambiental, Espírito Santo do Pinhal. v. 9, n. 3, p. 150-160, 2012.
D'eça-Neves, F.F.; Morellato, L.P.C. Métodos de amostragem e avaliação utilizados em
estudos fenológicos de florestas tropicais. Acta Botanica Brasilica, v.18, n. 1, p. 99-108,
2004.
313
EMPARN. Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte. Disponível em:
<www.emparn.rn.gov.br>. Acesso em: 29 dez 2017.
Fournier, L. A. Un método cuantitativo para la medición de características fenológicas em
árboles. Turrialba, v. 24, n. 4, 1974.
Freire J.M.; Azevedo, M.C.; Cunha, C.F.; Silva, T.F.; Resende, A.S. Fenologia reprodutiva
de espécies arbóreas em área fragmentada de Mata Atlântica em Itaborai, RJ. Pesquisa
Florestal Brasileira, v. 33, n. 75, p. 243-252, 2013.
IBGE - Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Manual Técnico da
Vegetação Brasileira. CDDI-IBGE, Rio de Janeiro, n. 1, 1992.
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em:
<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=avisoMeteorologico/listarAvisos&offset=0>
. Acesso em: 20 de mar. 2018.
Magalhães, F.E.A; Batista, F.L.A.; Serpa, O.F.; Moura, L.F.W.G.; Lima, M.C.L.; Silva,
A.R.A.; Nogueira, A.B.; Barbosa, T.M.; Holanda, B.A.; Damasceno, M.B.W.V.; Melo
Júnior, J.M.A.; Barroso, L.K.V.; Campos, A.R. Orofacial antinociceptive effect of
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret. Biomedicine & Pharmacotherapy, v. 97, p. 1575–1585,
2018.
Morellato, L.P.C.; Leitão Filho, H.L. Estratégias fenológicas de espécies arbóreas em
floresta mesófila na Serra do Japi, Jundiaí, São Paulo. Revista Brasileira de Biologia, São
Paulo-SP, v. 50, n.1, 1990.
Newstrom, L.E.; Frankie, G.W.; Baker, H.G. A new classificacion for plant phenology
based on flowering patterns in lowland tropical rain forest trees at La Selva, Costa Rica.
Biotropica, Kansas, v. 26, n. 2, p. 141-159, 1994.
Rocha, T.G.F.; Silva, R.A.R.; Dantas, E.X.; Vieira, F.A. Fenologia da Copernicia
prunifera (arecaceae) em uma área de Caatinga do Rio Grande do Norte. Cerne, v. 21, n.
4, p. 673-681, 2015.
Souza, T.A.F; Rodriguez-Echeverría, S.; Andrade, L.A.; Freitas, H. Arbuscular
mycorrhizal fungi in Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir from Brazilian semi-arid. Brasilian
Journal of Microbiology, v. 47, p. 359-366, 2016.
314
Fitossociologia da bacia do rio Gambá no Projeto de Assentamento Mata
Verde, Espírito Santo-RN.
Yasmim Borges Câmara1, Talvanis Clóvis Santos de Melo1, José Augusto da Silva Santana1
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. E-mails: yasmimb17@gmail.com,
talvanisdemelo@hotmail.com, augusto@ufrnet.br
1. Introdução
Segundo Chaves et al. (2013), o estudo da Fitossociologia envolve a compreensão
de todos os fenômenos que se relacionam com a vida das plantas dentro do ecossistema,
envolve a vegetação, o solo e clima. De acordo com Kunz et al. (2014), o conhecimento da
estrutura fitofisionômica e da dinâmica sucessional, é de suma importância para subsidiar
programas de conservação da cobertura florestal e também desenvolver estratégias de
restauração de acordo com a necessidade das áreas. A área estudada corresponde a um
ecótono, região de transição entre Mata Atlântica e Caatinga.
Os parâmetros de densidade, dominância e frequência são dados estruturais que
revelam aspectos essenciais na composição florística das florestas (Chaves et al., 2013).
Por meio desses, pode se determinar os graus de hierarquização entre as espécies e avaliar
o grau de urgência na tomada de medidas voltadas para a preservação e recuperação
(Chaves et al., 2013; Bulhões et al., 2015).
315
Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo fitossociológico,
caracterizando a diversidade de um fragmento de uma região de transição entre Caatinga e
Mata Atlântica, contribuindo para aquisição de informações destinadas a manutenção e
manejo desta vegetação, além de subsidiar intervenções futuras.
2. Material e Métodos
3. Resultados e Discussão
A APP é composta por uma vegetação com altura média inferior a 7,0 m, a faixa de
altura mais representativa entre os indivíduos encontra-se entre 5,0 e 6,0 m, comum em
ambientes perturbados. Lima et al. (2017) em uma mesma tipologia, registrou altura média
de 8,29 m, um pouco superior à altura média encontrada nesse levantamento. Já as alturas
registradas em uma área de caatinga por Santos et al. (2017), variaram de 1,4 m a 7,0 m
316
sendo o dossel composto por indivíduos arbóreos com alturas superiores a 6,0 m, como é o
caso da Poincianella pyramidalis, Myracroduon urundeuva, Amburana cearensis, Mimosa
caesalpinifolia e Anadenanthera colubrina.