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fb.com/lacanempdf
Jean Allouch
-, Alô, Lacan?
- E claro que não.
edito r a
facebook.com/lacanempdf
TíTULO ÜRIGINAL
-Allô, L1c111? - Cert:11iiement pas.
EDlTORAÇÃO ELETRÓNICA
FA - Editor,1ç:,10 Eletrônica
TRADUÇÃO
Sa11dD1 Regina Fe~!flleirns
REVISÃO TÉCNICA
Dulce Duque Estr.1d.1
ILUSTRAÇÃO DE CAPA
Croqui frito por Frn11ç:oú- Penicr
dur.111te o se1111ii:íáo de Lac,111 de 6 de m.11-ç-o de 1963,
com a am:ível ,wtorizaç:/io dcj1cqucs Séc!.?t.
FICHA CATALOGR.Áf.ICA
A441;i
Allouch, Jean.
- Alô, Lacan? - É claro que não. I Jean Allouch ;
[cradução Sandra Regina Felgueiras]. - Rio de Janeiro :
Companhia de Freud, 1999.
224 p. ; 23 cm.
ISBN 85 85717 27 8
Tradução de: Allô, Lac.~n? Certainement pas.
CDD-150.195
editora
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
Rua Visconde de Piraj:í, 547 - S"b 702
Cep 22415-900 - Ipanema - Rio de J;ineirn
Te!.: (021) 540-7954 -Tclcfox: (021) 2.W-9492
email: tercza@ism.com.hr
,
ln dice
Lista .............................................................. 7
Prefacio ....................................................... 19
Prática analítica ........................................... 31
Apresentação de doentes ............................. 99
Prática da supervisão ................................. 113
História do movimento psicanalítico ......... 131
Encontros ................................................. 193
Prefacio à primeira edição ......................... 211
U111 bistrô prlD.:i1110 ao consultório de J:icquc.;s L21ca11.
Prática analítica
132 bons motç (57 + 34 + 41)
à moda de Clérambault?
.1 psican:ílise, seu público e o estado
alô L1c,111
antecipação
apanhei-te!
arreb,1t,1111ento
Mo /ãlbo?
ausêncú?
beleza
bom-dia
8 - Ató, LACAN? - É CLARO QUE NÃO.
café quente
casan1ento
começou
confissão
conflito sobre a próxima sessão
conhecimento paranóico
conjuração?
contestação
contratempo
conversa de bar entre dois analisantes
dado, pago
de cama ... , mesmo?
deitar
denegação faz lei
denegação faz lei (2)
depois depois
desanálise
dúlétic,1 de w1w ú1tervenção
divertir a galera
dívida
dois candidatos para um divã
e agora?
é isso
ele fã/a de mún
ele fala?
ele próprio se esqueceu
em c,1so de necessidade
encontro
ent.io er.1 isso!
errare lacunum est
erro de ortof,>rafia
estar ou não estar em análise
este nó, este íàgo
fã/o imagliiário
falso nome
felicidade
LISTA I)
felicitações +++
feminilidade
férias
fim de análise
fim de análise (2)
fobia de nome próprio
fora?
k1c,1sso do parricídio
Gloria
Gloria (2)
Glorú (3)
Gloria (4)
Gloria (5)
go-between?
h(ouve)-se bem
indicação de analista
indiscrição ... furada
imcrição 1w EFP
interdito
interpretação
inversão da demanda
irrupção do grande Outro
isso acontece
L,1ca11 nio contente
lamentações
land rover
ler e reler
línguas
}itera to ou psicanalist,1?
mal-est,1r na .1nálise
medicina
muito caro
na hora
não teria havido sessão
neologismo ou interpretação
o analisante tinha razão
IO - Ar.ó, L'\C:AN? - É C:I.ARO QUE NAO.
Apresentação de doentes
30 bons mots (22 + 5 + 3)
a un1 transexual
advertido
companheiros
culp::ibilidade
cur::i
cl.1r os últimos retoques
é simples
ele sabe?
encorajamento
engrenagem
esd.1uúlo
esquizofrênico
gent.lÍ nwm,fr
hipnose
indicação de analista
Lacan diferente dele mesmo
marido e mulher
marido tomado
12 - Ai.ó, L:,CAN? - É CLARO QUE NÃO.
n1esm.o ass1111
moralidade
nos limites do saber
ordem
os eleitos perdoam
palavra imposta
prescrição no sentido certo
quem dirá?
sornr
telepatia
topologia ... ou geometria?
um tipo como eu
Prática da supervisão
31 bom mots (15 + 1 + 15)
a cen1 francos o "re"
agraciar
analisar, banalizar
antes partir que terminar
certo, mas o mal estava feito
conclusão
descolamento
domur na sessão
ela e ele
fim de análise
flagrante de donnir
ganho! mas a que preço
histeria
imitação e confiança moderada
incompatibilidade
lição de leitura literal
grana e beija-mão
o florão
objeto/sujeito
LISTA 13
parn sempre
perdido
quem fugia de quem?
retomada
reviramento
saia com fenda
sobre enganar-se, cometer falta
supervisão, depois análise
toubib or not toubib
troca?
um significante como último recurso
você disse: é falso?
abandonar
acaso ou destino?
admiraç.io sincera
alistado
aluno nota zero
anti-Édipo
antinômico Lacan
aos nonnalistas
assin1 tur,1
aviso
axioma
barrado sim, mas como?
cama de Lacan
can I
c,1rtel?
chamada à ordem.
cóler,1 e crença
com Charcot
14 - A1ú, L:\CAN? - É CLARO QUP. NAO.
com os Nip
como disse ...
como ele dizia?
como pode?
confimwção
confirmação de esquecimento
confusão?
conta-se no instituto
cumprimento indireto
d1 merda
de resto
definição do seminário
delirante Lacan
Descartes na 1nesa
diálogo entre Lacan e o revolucionário
dissoluç-Jo
divórcio à lacaniana
do leito
do respt'Íto
do s1(/eito suposto saber
d11ch:1 l:1c:111i:111:1
e111 todo c1so, eu ...
enfr:1quecimento do dêitico
enfumaçar a ENS
envelhecer
envio de um cliente
erro de pessoa?
escola ou relação
escritos
especialista?
esquecimento de nomes próprios
estimativa sem muita estima
eu sou claro
facilidade
li,Jem, ó paredes!
fundação da École freudienne
LISTA 15
/prrafà de Klezi1
imitador de Lacan
imperdoável
inocência?
intervenção no seminário
intimidação?
ironia?
isso afixa
1/ 111
Lacan e o lacaniano
Lacan jurado
lacuna
lenda?
litoral
loucura por loucura
mal-entendido?
mal-entendido e1n alemão
1n.-1sturb.-1ç::io fi-cudi-111.-1
medida comum
111entiroso
mil novecentos e sessenta e oito
nomeação
110111e.1ç-ões
o aluno ... tal conto en1 si 111esn10?
o fenômeno lacaniano
o inconsciente
o segredo de Lacan
o últin10 seminário
obstáculo
paralelo comprometedor?
passe por escrito
perversão
propaganda?
prova comprovadora
provocação surrealista?
psicanálise à lacaniana
1ú -AI.ó, LAC:AN? -É CLARO QUti NÃO.
Encontros
35 bons motr (8 + 9 + 18)
a origem do mundo
à sua sem t
apostrofado
as mãos su/1s
bebê chorão
caro livro
LISTA 17
I Alain Chevrier, "De mau vais bons mot~", Nervure, 3 de abril de 1988.
Jean Allouch, 2 J3 ocurrendas com J1cques L.1c.111, tradução de Marcelo Pastemac
& Nora Pasternac, México, Sitesa, 1992.
20 - A1ú, LACAN? - É CLARO lJUI: NÃO.
----------------------
* Mantivemos a express:io francesa bem mot, que n~o tem equivalente perfeito
em portu1-,•1.1ês. Para uma explicaç:io sobre o bem mot, ver o prefãcio :i primeira
a edição, no final deste livro. Além disso, chamamos a atenç:ío para o jogo feito
pelo autor com "Maus bons mots" (literalmente, bon mot seria traduzido por
"boa palavra", ou "boa fala"). (NT)
, Sobre :i funr:io d:i babaquice ver, aqui mesmo, o "Prefãcio" à primeira cdi~:ão
fDé-conn;1iu.1it: trocadilho intraduzível que envolve o verbo "desconhecer" e
o teimo cem, "babaca". (NT)l
Desenho retirado de Fliegende
Blãtter.
Dms réplicas o acompanham:
- Diga, Professor, para que tantas
rãs para predizer o tempo?
- Claro! mas se forem muitas
poderão reunir-se em conselho nos
casos difíceis.
'• CfJean Allouch, "Un_Jacques Lacan sans guen: d"objet ni d'expérit:nce", Re-
vista Littor,1/, nº 38, Paris, E.P.E.L., novembro de 1993, pp. 121-154.
tor com a École fi-eudic1111e: ele não a considera con10 capaz
de não ter, ou não mais ter, de ali "colocar de seu"; a seu
respeito não tem nenhum papel - tal é o ensinamento engastado
neste bon mot - o par exotérico/ esotérico (a oposição entre
um ensino dirigido a qualquer um e um ensino deliberadamente
voltado unicamente para aqueles que o seguem e feito para
eles) que se tem, ainda hoje, tanta dificuldade de aplicar ao
trilhamento lacaniano 7 .
O fato de que só haja, às vezes, bo11111otpara quem está
por dentro (mas por dentro de quê? Isso é completamente
colctivizávcl?) exige que urna tal coleção seja assinada. Quem
então acolherá espontaneamente como espirituoso o fato de
que Lacan tenha proferido, de seu leito: "Meus alunos, se sou-
bessem para onde os levo, ficariam horrorizados!"? Quem
poderá apreender que este leito, lug;u- da enunciação no senti-
do mais concreto deste termo "lugar", é a resposta - n:i:o o
leito de que um freudiano ortodoxo fi.1~iria por temor de uma
relação homossexual com Lacan (!), nus aquele que este bon
1110t designa (pois tal é seu alcance de ensinamento parcial-
mente esotérico) enquanto lugar - terrível, então - da não-
relação sexual?
" Albrt.ms bons mots são mesmo (haverá dificuldade de acreditar nisto?) boas ações,
d:iquelas que o 111:iis obtuso bom senso· acredit:i saber, sem nenhuma reserva,
fucilme;1te identificar. Usando seu bom senso, nosso leitor é aqui convid:ido a
redigir sua lista. Muit:is vezes aind:i, Lacan, longe de cometer uma má ação, de
ser seu agente, vé-se cm posição de paciente, :\s vezes até se encontrando como
alvo (cf o bon mut "J.1/cm, ó p;1rcdt's!').
'' O qual, tr:iço notável, recusou cobrar Sl'US honor:írios. Que se seja aqui publica-
mente agradecido, não somente por esta recusa, nus também e sobretudo pelo
acolhimento que deu :\ obra, confimundo-nos, ele que não estav:i por dentro da
psicanálise mas que não deixava de ter fibra literária, que tinha apreciado sua
espirituosidade.
l'ltEFÁCIO 27
Logo, ato.
Quanto ao "infelizmente", ele vem na linha direta da
"razão comunicacional", desta raüo que teria - assegura-se-nos
- um "b om o b'~etlvo
. " , aque1e das " pessoas comuns " . T er-se-a'
compreendido que se trata do grito não da razão (logm), mas do
bom senso, não de uma ética, mas de moral das mais depen-
dentes do patológico. Qual a fónnula, de fàto, deste grito? A que
se pode esperar a partir de um semelhante lugar: "Escândalo!".
1- .. 1 os altos feitos atribuídos ao indivíduo Lac::111 e
relatados neste livro, se efetivamente ocofferam, sio
simplesmente escandalosos. O fato de relat{1-los com
admiração o é igualmente, se nio ainda mais.
(mas ele os leu?) dos quais Lacan não sai especialmente en-
grandecido, suscetível de ser idolatrado. É verdade, certas falas
ou atos de Lacan são de tirar o chapéu. Ter-se-ia medo, ao
recusar-se a isso, de pegar frio nos miolos? Mas vê-se também,
em alguns bons motç, Lacan cair numa am1adilha narcísica,
agarrar-se ;10 ,1g.1]111;1 como o mais banal dos colecionadores,
em outros tender para um fetichismo duvidoso, em outros
ainda tentar corrigir um erro e, em outros ainda, deixar-se
atingir com razio, etc. Cego por sua transferência negativa a
Lacan, o crítico não vê tudo o que, neste livro, poderia vir
alimentá-lo proveitosamente. Projetivamente, me atribui a
construção de um Lacan sempre admir:í.vel. Está aí, aliás, um
traço comum entre certos antilacanianos e alguns adeptos: Lacan
fica sendo um ídolo. Fez-se mesmo, com Lacan, novo bon
mot para acrescentar à lista, uma associação chamada Éole!
Quer dizer: "Vento!".
Mas não se trata somente ele Lacan. É aqui sobretudo
que nosso camarada demonstra uma secura de coração dificil
de imaginar. Como não vê, para 1;r disso, tudo o que este
florilégio de bons motç veicula de humano excessivamente
humano in7 Ninguém, no final das contas, verificaremos, faz o
espertinho nestes bons mnt1· onde muitos dos que os viveram
e contaram expuseram, como se diz, suas tripas.
As tripas, sim, são ela espécie "partes baixas". Estas, simples-
mente, são temperadas à moda de Lacan. Pode-se, evidentemen-
te, não apreciar, e fabr mau dos bons 111ot1· com Lacan pela razão
de que se os recebe como bons motç com um mau Lacan. O que
vale dizer que é à transferência, e não à sua análise, a que, agora,
muito banalmente, se deixa a última palavra.
1" O que,. no entanto, ele mesmo indica assinalando que alguns bons mot.,· s~o
atribuídos a Lacan como "só se empresta aos 1icos".
Prática analítica*
,.~ ,,,.,..""'
H·:if·,~
.............. ~,,
=:......:-._,
à 111od1 de C/ér,1111bault?
alô Lacan
- Alô, Lacan?
- É claro que não.
E desliga.
antecipação
•1p:wh ci-tc!
A propósito de uma confidência que lhe havia feito, ela acaba
de dizer a Lacan:
- Percebi que estava esperando para te pegar de jeito.
Resposta:
- Isso não me escapou, mas poderia escapar a você.
J>ilÁ'J'JCA ANALÍ'J'ICA 35
arrebatamento
ato fàlho?
ausência?
belez:i
Ela menciona uma declaração lisonjeira.
Lacan:
- Quem é que ainda está lhe chateando com a beleza?
bom-di:1
c:1fé quente
casamento
COJJJC(Oll
confissão
conhecimento paranóico
conjm-.1ção?
contesté1ção
de cam.1 .. ., mesmo?
deÍtar
dcpoú dcpoú
dcs~w:ílúe
divertir ;i g:ilcr:.1
dívid:1
e agor.1?
Iz. esposta:
- Naquela época, você não podia se enganar.
éúso
ele f:zf:,?
Lacan concorda em que ela não diga uma palavra, mas sua
analisante está longe de admitir a recíproca: exige que ele lhe
fale.
Resposta:
- Se falo, você não suporta e, se não falo, também não.
cm caso de necessidade
encontro
Lacan a um analisante:
- Venha amanhã às onze horas ... menos três minutos!
50 -AI.ó, LACAN? - É CLARO QUE NÃO.
en-o de ortografia
l ·:lc escreveu a Lacan para lhe pedir uma entrevista; deseja fà-
.-n sua análise com ele.
l ', n1co depois, recebeu a resposta esperada, mas ainda mais.
1 >L' fato, a carta de Lacan tinha o cuidado de precisar onde
I icava, geograficamente, seu consultório na Rue de Lille, 5.
1 ;1can lhe indicava que ele devia se apresentar, no dia e na
lima combinada, "nos fundos l:w fond~·*I do pátio".
l 111ediatamente ele soube: isto custaria caro.
* 11 u timd = nos fündos; :wx fimc/1· = fundos no sentido de investimento
monetário. (NT)
1 15. muitos anos ele está em análise com Lacan; talvez mesmo
,11ais que muitos, se se considera o número de sessões sema-
I J;llS.
falo i111agi11:fzio
falso nome
fclicimçõcs +++
/\. analisante não tinha muita certeza de que ela mesma tinha
f :1lado, tendo a impressão de ter usado palavras estranhas a si
11rópria:
- Está realmente muito, muito bem.
Ela já havia recebido este tipo de cumprimentos. Mas, desta
vez, quando se prepara para sair, Lacan barra seu caminho:
- Você está de acordo?
- (dando de ombros) Não sei.
- Pois bem, eu acho que você está muito bem, fique
sabendo.
54 -At.ú. LACAN? - É CI.A!U) QUE NÀ(.l.
feminilidade
fim de éllléÍÍÚc
Ele não sabia - acreditava ...... como pôr um fim a sua análise.
Muitas interrupções ocorreram, mas, então, a cada interrup-
ção, Lacan o chamava; cada vez, certa111ente, pagava a sonia
correspondente às sessões não realizadas.
Ao fim de uma décima sessão de reencontro, Lacan lhe diz:
- Então, é preciso calcular quanto lhe devo.
Pll.Á'J'IC:A ANALÍTl<:A 55
for,1?
fi-c1cc1sso do pc1111.cídio
Gloá.1
Gl01ic1 (2)
Gloria (3)
Gloáa (4)
!\ cena poderia acontecer na ausência de analisante(s) teste-
II nmha(s)?
I acan, então, neste dia, tendo quebrado un1 copo em seu con-
\t tltório, chama Gloria para que faça a limpeza. Depois, en-
Gloró (.,)
go-between?
h(ouVL)-sc bem
indica~-io de analista
inscâção n1 EFP
Ela queria inscrever-se na É cole /i-cudienne e fala disso a Lacan.
Nesta mesma noite ele telefona para ela. É uma filha de sua
analisante que atende.
Ele pede seu endereço exato e conclui dizendo à garota:
- Você não é obrigada a dizer que eu telefonei.
interdito
Ela deixa entender a Lacan que tem uma ligação com XXX.
Resposta (dita 1111111 tom seco):
- Proíbo você de se encontrar com ele.
Um silêncio, e depois:
- Você SABE que ele está em a1ülise comigo.
interpretação
Aluna de Lacan e em análise com ele, ela vai participar, en-
quanto membro da École /i-eudienne, dos Júris [Assises] do
passe.
Quando de sua sessão antes desta importante reunião, men-
cionou uma importante crise hemorroidiria que acabava de
lhe acontecer.
Lacan:
- Os assentos [assises]?
PRÃTICA ANALÍTICA 63
invcrs/io da dcmandéz
isso :1contccc
hmcn ttzções
Lacan:
- Gloria, quem entrou?
Gloria:
-Foi X.
Tendo ouvido este nome, Lacan se fan1enta insistentem.ente, ge-
mendo continuamente como se, conta aquele que relatou este
bo11111ot, Gloria o estivesse beliscando ou puxando suas orellias.
PRÁTICA ANAl.iTICA úS
land rover
ler e reler
língiws
lite1~1to ou ps1ón.1lista?
1·I, · tinha ido ver Lacan para dizer-lhe o quanto apreciava sua
, p 1;11idade de homem de letras. Lacan o recebeu, fulou com
,·lt·; depois, no fim da entrevista, pediu-lhe trezentos francos,
·., ,ma não desprezível.
- Caberia também a você me pagar. Você também fa-
l, ,11 muito!
l 11sistência:
- Ao sair você deixará um cheque de trezentos francos
11.1 gaveta da cômoda pequena. Se você voltar, receberei você
mal-estar m1 análise
medicina
Envolvido tanto quanto podia estar com a psicanálise lacaniana,
acabou por considerar que lhe era preciso, custasse o que cus-
tasse, obter seu diploma de médico, até de psiquiatra.
Na próxima entrada na universidade, ei-lo então inscrito no
primeiro ano de medicina.
Ele fala a Lacan de seu empreendimento.
Como resposta, Lacan dobra imediatamente o preço das sessões.
Assim ele se encontra impossibilitado materialmente de pros-
seguir estes famosos estudos.
111uito c.1ro
Não se sabe por que, mas tal era o fato: suas sessões, no entan-
to aceitas antecipadamente como "didáticas" num país vizi-
nho, eram singularmente baratas.
Como o gmpo ao qual pertencia tomou contato com Lacan e
com a École fi:eudienne, ele decidiu encontrar Lacan, mas
"por sua própria conta".
Então teve diversos encontros com Lacan, ao mesmo ten1po,
aliás, continuando sua análise.
Certamente estes encontros eram pagos por um valor que
correspondia a dez vezes o de cada uma de suas sessões.
Aconteceu o que tinha que acontecer: ele quis continuar sua
análise com Lacan.
Motivo dado ao primeiro analista para parar sua análise com.
ele: isso custava muito caro.
i'tlÁTICA ANALiTICA 69
na horc1
11eologú1110 ou inte1prctt1ç,io
oposipio
ou vai ou racha
papai protesta
l Jm pai acaba de encontrar Lacan a respeito da análise de seu
filho ... com Lacan. Esta análise, a crer nele, não anda. Pior: há
.1gravamento dos sintomas.
Lacan o recebe por três minutos, e depois:
- São quinhentos francos.
- Mas eu não pude dizer-lhe que ...
- São quinhentos francos.
- Mas ... eu ....
Lacan, desta vez claramente decisivo:
- Quinhentos francos.
O pai:
Lacan, virando-se:
- Gloria!
Gloria chega imediatamente. Lacan:
- Receba quinhentos francos deste senhor.
Depois, virando-se para um analisante que esperava na biblioteca:
- Você, venha.
pc1r"1 os b"1stidores
para se calar
A cena se passa na entrada do consultório de Lacan, no fim de
julho. É contada por uma de suas analisantes que, sentada na
biblioteca esperando ser atendida, ouviu tudo (barulhos e voz
º~·
A porta do consultório foi aberta. Ruídos de passos de Lacan e
de um analisante. Este volta a dizer (o "volta a" se entende por
seu tom) que não retomará as sessões em setembro, que sua
análise temunou naquele instante mesmo.
- Bom, volte em setembro, para se calar.
l'llÁTICA ANAI.ÍTICCA 77
pedido de agr,1decimento
perturbada
pleonasmo
Um traço o fascina muito particulan11ente na prática analítica
que Lacan realiza com ele: às vezes, durante a sessão, Lacan
levanta de sua poltrona e anda pelo consultório. Por que ele se
comporta assim? E em que rn.omento da sessão ele se manifes-
ta desta enigmática fon11a?
Não consegue responder!
Sempre intrigado, decide, enfim, fàzer a pergunta diretamente
a Lacan:
- Em que momento preciso de minha sessão você deci-
de se levantar de sua poltrona?
- No bom momento.
plco11:1smo?
- Como dizer o que se passou com você?
Lacan:
- É isso exatamente, com.o dizer?
porco-esp1m,111a
Ei-lo no divã, trazendo a Lacan um sonho onde se tratava de
um porco-espinho. Depois de algumas elucubrações sobre o
sonho, conclui:
- Primeiro pensei que você fosse o porco-espinho, mas
depois não, não creio.
Lacan (interjeição inicial longamente suspirada):
- Ahhhhhhhhh, graças a Deus!
PRÁTICA ANALÍTICA 71)
prazer
primára notícú
Ela pede a Lacan retomar sua análise com ele, seu analista
acaba de morrer, será enterrado naquele dia.
-Quando?
-Agora.
- Você não pretende ir ao enterro?
- (ela, um pouco hesitante) ... sim.
- Você dispõe de um meio de locomoção?
Uma velha 4L a espera, de fato, nas proximidades da Rue de
Lille, 5, então ela responde afim1ativamente.
Depois, dirigindo-se a Gloria:
- Gloria, meu casaco!
Abandonando os clientes que se amontoavam na sala de espe-
ra e na biblioteca, eis Lacan em sua 4L, acompanhando-a ao
enterro de seu ex-psicanalista. Foi assim a primeira sessão com
Lacan.
PRÁTICA ANALÍTICA 8J
pni11e1i-o o quê?
1 >11 umbral da porta, Lacan gerahnente olhava quem estava lá:
, , 1111 um sinal, convidava então aquela ou aquele para entrar em
·,<To primeiro!
Isto chegou ao ponto de, certo dia, ele nem mesmo ter tempo
, lc sentar numa cadeira. Logo chegado, logo atendido - mes-
1110 quando muitas pessoas esperavam.
primeiro pagamento
propost:1
quan d o ,,pe11111t1r-se
.. '' nao
- e, ,. ''.1utonzar-sc
. ''
- Será que isso ... (ele hesita, notando já, apesar dele, um
primeiro "que").
Mas, frustrando desta vez suas previsões, Lacan dá a impressão
de interromper a sessão.
- Não. Escute-me até o fim, doutor... será que isto não
é aborrecido ...
quem e~ paciente?
quem endurece?
quem paga?
qucsúio resolvida
Ele, raivoso:
- Você possivelmente pensa que não sou tão inteligente
quanto você?
Lacan, depois de um suspiro como de fim do mundo, e co111
uma desconcertante doçura:
- Quem lhe diz o contrário?
88 - Atú, LJ\C:t\N? - É CLARO QUE NÃO.
saber
O analisante:
-Eu não sei ...
Lacan:
- Não vamos nos preocupar, logo saberemos.
s:d:1 de espera
sem fôlego
scmblwte?
sessões curt:1s
súnbólico
sobre o eu [11101]
Em pleno desamparo, ela diz a Lacan que não tem mais eu.
- Pois bem, o que lhe falta?
sonh.1r conta?
O analisante:
- Sonhei que ...
Lacan, interrompendo-o:
- Muito bem, meu caro, até amanhã.
suicídio
suspensão d1 re,1lidadc
O analisante:
- Minha avó era muito bonita ...
Lacan (que certamente nunca conheceu a avó em questão):
- Certamente.
PRÁTICA ANALÍTICA 93
t1~1balho de parto
transcriç/io
tr:111sfcrêncú
O analisante:
- Você me faz pensar em faqui, um nomej.
Lacan:
- Outra vez!
i'RÁTICA ANALÍTI< :A 95
vcrbon1gi:1
vidêncú
zelo
Lacan, depois de lhe deixar contar, num tom exaltado, tal ato
falho deste analisante:
- Enfim, isto não tem. nenhuma importância.
l'RÂ"llC:.'\ ANAI.ÍTIC.'\ fJ7
zcn-an:ílisc
,1 um transcxual
:zdvcràdo
conzp:whciros
culpc1bilidade
Clll-:1
O doente:
Eu sou um caso de psicotia? Eu tomei consciência
disso.
Lacan:
- Você é, evidentemente, um homem feliz.
Depois, tendo o doente saído da sala:
- É um homem feliz; está curado. Ele me parece acredi-
tar que está curado. Isto me parece uma idéia das mais perigosas.
A1•RESENTAÇÀ<l l>E l>OENl'ES 103
Lacan:
- Você tem o sentimento de que este pedido de divór-
cio lhe foi inspirado por...
A doente:
- Não é exatamente assim.
Lacan:
- ... por algum outro?
A doente:
- Não é exatamente assim.
Lacan (um tantinho irritado):
- Então dê os últimos retoques!
é simples
A um doente que declara que seus convidados ouvem os maus
pensamentos que lhe vêm a respeito deles:
- Você assim mesmo deve perceber um pouco que, se
você pensa que os outros pensam que você pensa mal sobre eles,
isto talvez seja simplesmente pelo fato de que você pense mal.
ele s,1bc?
O doente:
- Agora eu sou eu mesmo, sei do que gosto e do que
não gosto.
Lacan (muito surpreso):
- Você sabe isso?
104 -A1.ú, Lo\CAN? - É Cl..J\IUl (JUE NAn.
cncor,y:1111ento
A doente:
- Amo minha filha.
Lacan:
- Sim, certamente!. .. Digo "certamente" para encor;~á-
la a me falar disso.
engrenagem
cscíndalo
Jovem psiquiatra latino-americano, ei-lo em Paris, um dos pólos
que considera como mais decisivos da psiquiatria moderna.
Ele trabalha no santo dos santos, o hospital Sainte-Anne. É lá
que ele ouve que um certo Jacques Lacan deve brevemente
vir fazer uma apresentação de doentes. Pergunta se pode assis-
ti-la; dizem-lhe que sim.
Ele ficou, propriamente fulando, indignado, porque, durante
toda esta apresentação, Lacan não parou de bocejar.
Acrescentemos que não se prestava para apaziguar o escândalo
que o habitava o que aconteceu no final da apresentação: Lacan
deixou a sala sem dizer uma palavra.
A1•RESEN"l"AÇÂl> l">E l>OHN"J"l:S 105
esquizofi-ênico
gentil mam:ic
Lacan:
- Como ela era?
A doente:
- Gentil.
Lacan:
- Quer dizer, cheia de boas intenções ...
A doente:
- ... que ela podia não realizar. Isto acontecia.
Lacan:
- Alguém do seu tipo então.
10(, -A,ú, LA<:AN? - É CI.Al\<1 QUI·. NÁO.
hipnose
Lacan:
- Em suma, o que vocês aprenderam é que o hipnotis-
mo existe.
O doente:
- Claro que existe! Eu vou explicar a você o que é. É
quando uma criança é mal criada por seu pai, está sob a influ-
ência de seu pai, dos amigos de seu pai. O hipnotismo é re-
produzir todas as babaquices de seu pai. É isto o hipnotismo, é
a influência. Aliás, Freud fala disso nos seus escritos.
Lacan:
- Sim, é isso.
indic.1ç:10 de .walúta
111.111do e mulher
Para uma mulher que lhe dizia que seu marido tinha a mesma
profissão que ela:
- Vocês não trabalham no mesmo lugar, pelo menos?
111.1Iido tomado
A doente:
- Não se deve pensar em alguém que tomou seu rnari-
do.
Lacan:
No que ele foi tomado? Ele não foi toma.do! Um
marido, isto não se toma assim. Ele não foi tomado; ela não o
faz fazer tudo o que ela quer!
A doente:
- Foi o tem10 que ela usou: ela tomou o homem, n;'io
tomou o marido. É isto, a frase me veio.
108 -A1.o. LACAN? -É CI.AlU) l)Ui: NAo.
JJJCSJJlO c?SSllll
m 01~'1 lid:1 de
ordem
os eleitos perdoam
pal:1vr:1 imposta
quem dú-á?
A doente:
- A voz não é uma voz estranha; tenho a impressão de
me ouvir; ela fica atrás de mim, na minha altura .
.Lacan:
--- Você tem a impressão de se ouvir; isto quer dizer que
ela fala?
A doente:
- Sim .
.Lacan:
-Ela fala como? Ela lhe impede de pronunciar palavras?
A doente:
- Sim... como se ela me impedisse de falar ... não sei como
dizer...
Lacan:
-Tente. Quem dirá se não for você?
APR ESt-.NTAÇÃl> DE DOENl"ES 111
son1r
tclcp:1ti:z
1 m 1 t!JJO como cu
:1gr:1d:ir
analúm; b.walizar
co11clwâo
dcscobmcnto [décollemcntl
donnir n1 scss,io
ela e ele
fim de análise
flagrante de dormir
histeria
inco111pat1b1Jid:1dc
gr,:111a e beija-mão
Ele está cm análise com Lacan. Ela, sua mulher, com um ana-
lista que se poderia acreditar, naquela época, ser um de seus
fiéis discípulos. Ela decide, num certo momento de sua análi-
se, começar uma supervisão e escolhe ... Lacan.
Depois de um certo número de sessões de supervisão que a
história não revela, decide suspender esta supervisão por uma
razão que a história também não revela. Informa Lacan disso,
depois junta o ato a suas palavras, parando de vir às sessões.
Mas Lacan não entende assim. Atormenta o marido, toman-
do-o como mensageiro; pedindo-lhe dizer à sua esposa que a
espera na hora do que continua a ser, para ele, sua própria
sessão.
As coisas assim duram mn certo tempo. Aumenta, então, o
número de supervisões "não-realizadas" e a "dívida" da espo-
sa para com Lacan. "Uma grana fim1e", diz ela.
Defrontada com a insistência de Lacan via marido, -resolve lhe
confirn1ar sua decisão de suspender a supervisão. Previdente,
prepara a quantia em questão.
Mas as coisas não se passaram exatamente como previra; per-
cebendo-a na sala de espera, Lacan imediatamente se dirige
para ela e a honra - publicamente - com um ... beija-mão.
124 -AI.ó, LACAN? - É CLARO QUE NÃO.
o floreio
objeto/sujeito
para sempre
perdido
Ele vinha de muito longe para sua supervisão com Lacan, era-
lhe mesmo preciso tom.ar um trem de longa distância.
Deus sabe por que, desta vez, no momento de comprar sua
passagem, decidiu que não, que parava. Telefona a Lacan, in-
forma Gloria da decisão.
Retomando para casa - segundo imprevisto do dia-, percebe
que perdeu o dinheiro desta supervisão.
Nunca soube onde.
126 -Au\ LACAN? - É c1.A1to qui-: NÃO.
rcto111:1d:1
reviramento
Lacan:
- Estou contente que você também tenha percebido.
troca?
- Mas, senhor, este rapaz (o analisante daquele que as-
sim interrogava Lacan) me vem ver três ou quatro vezes por
semana, me conta histórias que não acabam n1.ais, me paga e
vai embora. O que lhe dei em troca?
- Seu silêncio!
130 -A1.ú, LAt:AN? - É CLARO QUE NÃO.
..• .
....
•
:1ba11don:1r
acaso ou dcstÍno?
admiraçio sincera
anti-Édipo
Deleuze e Guattari acabavam de publicar seu Anti-Édipo. O
segundo é membro da École. Para os dois autores, como aos
olhos de todos, o desafio a Lacan é patente.
Curiosos para saber o que Lacan ia dizer sobre isso, Deleuze e
Guattari não podiam aparecer em pessoa no seminário Gá há
muito tempo eles não o freqüentavam regulam1ente).
Uma engenhosa solução foi no entanto encontrada: a mulher
de Deleuze assistiria, sorrateiramente, às próximas sessões.
Decepção, Lacan não fez a menor alusão à obra.
Para fàlar a verdade - finta suprema? - falará dela praticamente
logo, mas ... em Bn1xelas.
I-IJST<)RJA IK) l\.l(lVIMENºfl) 11s1c:ANAr.í·1·1cn 137
-----··-------------
,1ntli1ômico Lac:111
,ws no1111alistt1s
c1VJSO
ax10111:1
canw de L:1ca11
C.111 !*
cartel?
chamada à ordem
cólc1:1 e crença
com Charcot
Por ocasião de suas (últimas) jornadas de trabalho, a École
fi-eudie1111e de Paás organiza uma recepção. Alugou-se, no
l3ulevar Saint-Germain, a casa da América Latina. Chique,
não? Mas outra coisa estava em jogo.
Ele, naquele dia, não sem um certo falsete ou mesmo finta
inocente, se dirige a Lacan, num breve aparte:
- Você s:ibe que estamos na antiga mansão de Charco6'
No dia seguinte, recebe um telefonema de Gloria:
-Alô, X?
-Sim.
- Lacan mandou dizer que foi uma brilhante tolice.
COJl] os Nip
como pode?
confin11.1 ç,io
confin1uç:So de esquecimento
confi1s,io?
conta-se no instituto
cumpámento indireto
da merda
de resto
dcfiniç/io do scminánó
'
HISJÚRI:\ 1)() l\"l<Wf,',.1~;NJ"l1 l'SIU\NAI.Íl°ll:l1 147
-------·---·-··----·----------·-···--··-------- - - - · - - ·
dchi-:wtc Lac.w
-SIM!
Lacan:
- Primeiro é preciso mostrar-lhes a miséria cotidiana.
- Mas não se tem necessidade de especialistas para mostrá-
la. Se as pessoas que estão aqui percebem que a vida deve ser
mudada, se estas pessoas se organizam entre si ... porque, no
fundo, a única coisa que no momento atual é necessária é que
haja uma organização ...
Lacan:
- Você vê, eis você na organização.
O revolucionário:
- Sim, sim.
Lacan:
- Porque o próprio de uma organização é ter membros e
os membros, para que se mantenham juntos, o que é necessário?
O revolucionário:
- Coesão.
Lacan:
- Eu não fiz você dizer!
dúsolm;:io
divórcio d hcc111ia11:1
do leito
do rc.spcito
'
H1STÚII..I.'\ l)t) 1\1(.)VIMEN I'() l'SIC.:AN/\1.Í rn:n 151
------------·----------···-
duclw lac:wún:z
c11fh1queci111ento do dêitico
e11íiu11:1çar a ENS
envelhecer
envio de um cliente
erro de pcsso.-1?
Laca 11:
- Venha então à École fi-eudienne!
Ele:
- Senhor, temos excelentes relações. Quero conservá-
las.
Lacan:
- Como você tem razão, meu caro.
cscátos
'
·-·---·-··-··-·· ____
H1srúRl1\ 1)() A,U)VIA.lt:NH) l'SIC:.-\Nt\l.Í"nClJ
------------·--·-······---------·--···- ----···--··---·--- .. -- .......
155
cspcci:.ilút:i?
cu sou claro
fàolidadc
fàlcm, ó paredes!
gan:.if:J de Klein
imit:ulor de L:zc:w
impcrdo:ívcl
inocência?
Ji1t1111id:zçâ'o?
ironi:i?
isso afixa
1 / m*
L1c,w e o lac,111Í;1110
Lacc111 jurado
lacuna
Dizia-se na École:
- A Lacan, sua lacuna.
166 -Ar.ó. LACAN? - É CI.AH.Cl qllE NÂO.
lenda?
111:1l-c11tc11dido?
nwl-cntendido cm .-ilcm/io
masturb:1ção íi.·cudiana
medida comum
mentiroso
Era de bom tom, no grupo analítico a que ele pertencia, ter fre-
qüentado Lacan, poder dizer ter recebido algo diretamente dele.
Num dia em que jantava com alguns colegas, chegou a uma
confidência com um deles: não sabia? Tinha estado com Lacan!
- Ah, sim! E ele o recebeu?
- Mas sim.
- E quanto tempo?
- Seguramente quarenta minutos!
Assim se soube que ele mentia.
--·---·--------
11111 JJOVCCCJJtOS e SC.\:\"Cllt:l e oito
'
I--l1s·r()lllA lX) M()\'!Ml·.N l'O l'Slt::\NAl.Í rn:t) 171
nomc:zç:io
JJOJ]]C:JÇÔCS
o .fc,nômeno lacaniano
o inconsciente
\
H1s·n'm.. 1A 1)() MOVIMl-:N"I"() PSl<:ANAÜl'll:l) 173
o segredo de Lacan
o último sc111i11Jáo
obsdculo
Início de uma conferência de Lacan em Louvain e preocupa-
ção do orador: estão ouvindo bem? Deve-se dizer que ele
colocou o microfone que prenderam nele sob a brravata.
Lacan:
- Mas se, por acaso, isto atrapalhar, tenham a gentileza
de me falar. Ouvem-me? Não me ouvem!
Lacan, virando a gravata ao contrário, põe então o microfone
para cima.
- E assim, me ouvem? Está bom?
Deve-se acreditar que a resposta foi positiva, o que devia per-
mitir ao conferencista concluir esta pequena experiência qu;,-
se que cientificamente:
-- Então a gravata era um obstáculo.
p:1r:1lclo co111pro111ctcdor?
Pamiliarizado com o ensino de Gu]"(ljieff~ Granoff perguntava
a Lacan:
- Mas seri que você não vai nos embarcar numa aven-
tura do tipo da de Gurdjieff?
- Ah, lá vem você!
Uma resposta pelo menos enigmática! Mas que se esclarece se
se a lê à luz da segunda cena do bon mot. Ela tem lugar, não
no tempo da camaradagem, da afeição, do amor entre seus
dois protagonist:is, 111:is qu:indo consumada :i ruptura entre os
dois. Ela constitui, também, a única reprovação que Lacan
dirigiu :i Gr:inoff depois desta rnptura:
- E quando penso que foi você quem, outrora, me fez a
pergunta de que me lembro ainda: "Será que você não vai nos
fazer entrar numa aventura co1110 Grnjieff?", que você me
tenha feito esta pergunta, e que me faça isso agora!
\
HIS'J'ÓlUA J){) Ml)VIMl~Nn> i'Sll:t\Nt\LÍ'J'IO) 175
pcrvc1:ç,10
propaganda?
prov:1 comprov:1d01~1
provocaç-:'io suJTc:dúta?
ou dc111:wd1 impossível?
\
f-llSTÓRIA IX) MOVIM~NTO PSICANAI.ÍTICO 177
psicm:flise :i bcania1w
que histó11~1!*
Ele lhe enviou a obra de história que acabava de publicar.
Resposta - escrita - de Lacan:
- Sempre se fica atrapalhado no terreno da história.
* Hystoirc não é a grafia correta. que seria húto1i-c·. Pode haver referência à
histeria. (NT)
rei nccrro
b
lendo
resposta ,1 um convite
rcto1110 de dcm:wd:1
sem escolha
sessões curtas
s1ga111-111c
Sigmund
sÍntcsc
Lacan:
- A minha atitude não lhe parece uma atitude comedida?
Uma voz:
- Estou escutando.
Lacan:
- Você está escutando, sim. Mas você pegou aí alguma
coisinha, assim, que parece real? Não?
A voz:
- Não sei, não é de minha alçada. Cabe a mim fazer
depois, de alguma fon11a, uma síntese.
Lacan:
- Você vai fàzer uma síntese? Você tem a chance disso!
socialútél
socr:ítico
Sylvia se mete
tclcvú.io
\
H1STÓIUA IXJ MOVIMl'iNTO l'SICANAÜrrc:n 185
televúâó (aind1)
topog1~1fi,1
tot:ilitin'o
traduções
tr,1dutorcs
\
f·IIS'JÚI\IA IX> MOVIMENTO PSICANAl.ínco 18()
troc,1d1lho
wn :1 resposta?
vcrdadciz~z verdade
\
l·l1STÚR.JA !ltl M<lVl.'vlENl"C) l'Slt'.ANAI.ÍTlt:C) l'JI
-----·---·--·---·-·------
vÍd:1 dcjcsuím
vÍtúnc sccrct:1
a ongem do mundo
à su:z sem t*
apostrofado
\
ENC('IN"lºR(.)S 1<)7
bcbG~ cboriio
caro livro
católicos nSo-romanos?
chato
compreender
confi-onto evitado?
dcsm1úific.1do
Lacan está sentado a uma mesa ... , esperando ... Rom:m Polanski,
com efeito, que o havia convidado, está atrasado, e este atraso
se prolonga ...
Depois, de toda forma, num certo momento, o cineasta che-
gou. Rapazinho (por seu talhe), ei-lo oferecido à visão de
todos e ;1 de Lacan, cercado por duas soberbas mulheres que
são maiores que ele mais que um palmo. Aqui, nosso scnj,t
anota: movimentos diversos na platéia.
Os três se instalam à mesa, silêncio, sobre o fundo do qual vai
ressoar um suspiro muito profi.mdo de Lacan, não menos no-
tado que a entrada de Polanski. Lacan, então, se levanta, dei-
xando definitiv:1111ente o restaurante, deixando o caro R.oman
plantado lá, com suas duas mulheres.
Dur:.1s cont;J
cvidéncia
lá Kant?
Daniel Lagache, depois de Lacan ter tem1inado seu seminário
sobre A ética d1 psicw,ilise, lhe teria dito:
- Então? Quando você vai fazer sua estética?
lapsos i11tc1prctativos?
leviano?
------··-------
min/1:1 111u/lu:1~ JJ!:wdwt e cu
- po d"1c111e10
n,10 - sc1 ber.'
11,1ZJS/1JO
os Escritos e a col-i
otú11ismo
presidcmúsioniúo
um móvel
verbo ou adjetivo
* Fin, "fim" e ti·mn1c, "mulher". Em francês, fi,mme dt: non-rcccvoir. Fin d,·
non-recevoir é tcn110 jurídico que significa uma resposta absolut:imL'lltL' llll',al i
vn n um pedido, indicando que este não ser:í sequer considerado. (NT)
214 -Ar.e'), LM:AN? - É (:1.Alln QUl~ NA1,.
***
21(, -Alú, l..AC:AN? - É C:I.Alt.O QUI: NÃO.
:i Cf Jackie l'cgcaud, L1 mal.ulic de J:1111e, Paris, Uelles Lettres, 1981, pp. 279-
280.
PU..EFÁC:10 A PIUMEJRA i-:rnc,:Ãn 217
***
Este livro recolhe cento e trinta e dois 8 (1, 2 e 3, mas
não na "boa" ordem, o 2 só sendo atingido depois do 3) bons
mots, não necessariamente de Jacques Lacan, mas com Jacques
" Na realidade, 134: fez-se medidJ grande (346, ainda medida g1~md,· na 1'""""111,·
edição).
220 -Aiú. LACAN? - É CLAH.O ()UI: NÀO.
***
Reunir alguns bom mots vindos do fato desta tensão
coloca dois problemas interligados, primeiramente o da deter-
minação do que é bon mote d.o que não o é, depois o de sua
autenticidade.
Sabe-se que Freud, para seu trabalho O chúte e su:1s
relaç-ões com o i11co11scie11tt·, definiu seu c01pus de uma ma-
neira cuja elegância pode ser admirada; é chiste, dizia ele, o
que cu considero como tal. Tratando-se aqui não exclusiva-
mente de chistes, mas de bons mot5, um tal critério não pode-
ria ser exclusivamente mantido. Então, escolheu-se, o campo
do bon mot indo do chiste à epifania, só admitir como bon
moto que circula como tal. Esta condição, então, foi conside-
rada como necessária e suficiente: que se tenha contado o que
aqui se conta.
P1:.HAc1n A 1•R1r1:1r.1RA 1-.1>1<,:Àn 221
'1 Estas cifü1s e as seguintes cr:im, cvidcntcmcncc, as da primeira edição. Nesta, elas
devem ser rnbstituídas, respectivamente, pelas cifras 132, 31. ·1 rn e 35.
'" Hoje: 30,
11 Este pará!:,rrafo poderia hoje ser classificado como um belo l'xc11q1I,, ,I,·, ,, 1,,11,
lização que mascara 1.1111 problema (cf. o Prefãcio d:1 rnn·i1.1 ,·,h,.. ,.. 1
222 - AL(\ LACAN? - É C:LAltO (JUE NÃO.
***
O que é o bem motquando são nomeadas as três dimen-
sões, real, simbólico, imaginário do ser falante? A exposição
deste temário por Lacan modifica, como já o tinha feito a
epifania joyceana, nossa apreensão do que faz - ou não faz -
bon mot? Para esta última pergunta a presente coleção será -
digamos, antes, "seria", pois isto depende do leitor-uma respos-
ta festiva.