da legislação e assegurar que as leis atingem os objectivos 2 — Salvo determinação em contrário do Primeiro-
para os quais são aprovadas. -Ministro, participam nas reuniões do Conselho de Mi-
Deste modo, passam a prever-se, ao nível da avalia- nistros, sem direito a voto, o Secretário de Estado da Pre-
ção legislativa prévia, dois métodos de análise, um mais sidência do Conselho de Ministros e o Secretário de Estado
simples e outro mais complexo, aplicáveis em função da Adjunto do Primeiro-Ministro.
dimensão e complexidade das leis em questão. Quanto ao 3 — Podem ainda participar nas reuniões do Conselho
procedimento mais simples, é constituído por um formu- de Ministros, sem direito a voto, os secretários de Estado
lário integrado no sistema de gestão documental da rede que sejam especialmente convocados por indicação do
informática do Governo, que deve ser obrigatoriamente Primeiro-Ministro.
preenchido pelo gabinete do membro do Governo propo-
nente no momento do agendamento dos actos normativos. Artigo 2.º
Este formulário electrónico elimina, assim, a nota justifi- Ausência ou impedimento
cativa dos projectos remetidos ao Gabinete do Secretário
de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, in- 1 — Salvo indicação em contrário do Primeiro-Ministro,
corporando na informação a preencher os elementos mais este é substituído, nas suas ausências ou impedimentos,
relevantes para efeitos de análise do impacto legislativo pelo Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ou
dos projectos. por ministro que não se encontre ausente ou impedido,
No que respeita ao modelo mais complexo, prevê-se de acordo com a ordem estabelecida na Lei Orgânica do
a sua elaboração por uma equipa interministerial e mul- XVIII Governo Constitucional.
tidisciplinar especializada, especificamente formada e 2 — Cada ministro é substituído, nas suas ausências
constituída para o efeito. ou impedimentos, pelo secretário de Estado que indicar
Ao nível da avaliação legislativa sucessiva, prevê-se ao Primeiro-Ministro.
que a respectiva realização é determinada pelo Conselho 3 — Nos casos de falta da indicação a que se refere o
de Ministros ou pelos ministros competentes em razão da número anterior ou de inexistência de secretário de Estado,
cada ministro é substituído pelo membro do Governo que o
matéria, podendo recorrer-se à colaboração de organismos
Primeiro-Ministro indicar, de forma que todos os ministros
públicos, estabelecimentos de ensino superior ou organi-
estejam representados nas reuniões.
zações da sociedade civil para a sua execução.
Finalmente, prevê-se um novo procedimento de consulta Artigo 3.º
pública, aberto a todos os cidadãos, destinado a garantir
mais acesso e mais participação de toda a sociedade na Periodicidade do Conselho de Ministros
tomada de decisões de política legislativa. Estas consultas 1 — O Conselho de Ministros reúne ordinariamente to-
abertas, a realizar através da Internet, consistem na coloca- das as semanas, à quinta-feira, pelas 9 horas e 30 minutos.
ção online de questões concretas sobre uma dada matéria 2 — A alteração da data e hora das reuniões pode ocorrer
a regulamentar por acto normativo do Governo e na dis- sempre que, por motivo justificado, o Primeiro-Ministro
ponibilização de um formulário próprio para cada cidadão o determine.
preencher e enviar as suas respostas por meios electrónicos. 3 — O Conselho de Ministros reúne extraordina-
Assim: riamente sempre que para o efeito for convocado pelo
Nos termos da alínea g) do n.º 1 do artigo 200.º da Cons- Primeiro-Ministro ou, na ausência ou impedimento deste,
tituição, o Conselho de Ministros resolve: pelo ministro que o substituir, nos termos do n.º 1 do
1 — Aprovar o Regimento do XVIII Governo Consti- artigo anterior.
tucional, constante do anexo I da presente resolução, da
qual faz parte integrante. Artigo 4.º
2 — Aprovar as regras de legística aplicáveis na elabora-
Ordem do dia
ção de actos normativos do Governo, constantes do anexo II
da presente resolução, da qual faz parte integrante. 1 — As reuniões do Conselho de Ministros obedecem
Presidência do Conselho de Ministros, 23 de Setembro à ordem do dia fixada na respectiva agenda.
de 2010. — O Primeiro-Ministro, José Sócrates Carvalho 2 — Só o Primeiro-Ministro pode sujeitar à aprecia-
ção do Conselho de Ministros projectos ou assuntos que
Pinto de Sousa.
não constem da respectiva agenda, sendo tais projectos e
assuntos previamente comunicados ao Ministro da Pre-
ANEXO I
sidência.
REGIMENTO DO CONSELHO DE MINISTROS Artigo 5.º
DO XVIII GOVERNO CONSTITUCIONAL
Deliberações do Conselho de Ministros
informática do Governo, do documento em que o pedido 2 — O formulário referido no número anterior deve
de consulta é formulado. ser preenchido com informação referente aos seguintes
2 — Sempre que possível e sem prejuízo do disposto no elementos:
artigo seguinte, a consulta é feita em condições que pre-
a) Sumário a publicar no Diário da República;
servem a confidencialidade do projecto, podendo envolver
b) Referência à realização de audições externas, obriga-
a totalidade ou apenas parte do mesmo.
tórias ou facultativas, de entidades públicas ou privadas;
3 — Quando tal se justifique, podem os projectos ser
c) Indicadores de impacto legislativo;
submetidos a Conselho de Ministros, para aprovação na
d) Avaliação sumária dos meios financeiros e humanos
generalidade, antes de decorrido o prazo aplicável para a
para a Administração Pública envolvidos na respectiva
consulta, ficando a aprovação final dependente da emissão
execução a curto e médio prazos;
de parecer ou do transcurso desse prazo.
e) Avaliação do impacto do projecto quando o mesmo,
4 — O disposto no número anterior é aplicável aos
em razão da matéria, tenha implicação com a igualdade
casos em que haja lugar à realização de procedimentos de
de género;
participação e negociação nos termos da lei.
f) Identificação da intenção de proceder a avaliação
sucessiva do impacto do diploma;
Artigo 30.º g) Identificação da legislação a alterar ou revogar;
Procedimento de consulta pública h) Identificação expressa da necessidade de aprovação
de regulamentos para a concretização e execução do acto
1 — Para além da consulta directa de entidades, públicas
normativo em causa, com indicação do seu sumário, enti-
ou privadas, efectuada nos termos dos artigos anteriores,
dade competente, forma do acto e prazo;
pode ser realizada uma consulta pública, designadamente
i) Identificação expressa do acto jurídico da UE a cuja
através do portal do Governo na Internet, competindo ao
transposição se procede, se for o caso;
ministro proponente desencadear os respectivos procedi-
j) Nota para a comunicação social.
mentos, em articulação com o Ministro da Presidência.
2 — O procedimento de consulta pública pode consistir
3 — É obrigatório o preenchimento dos campos do
na formulação de questões concretas sobre a matéria a
formulário referido no número anterior, bem como o envio
regulamentar através de um acto normativo do Governo.
dos anexos referidos no n.º 1, não podendo realizar-se a
3 — Qualquer cidadão pode apresentar respostas às ques-
circulação e o agendamento do projecto para reunião de
tões formuladas nos termos do número anterior, mediante o
secretários de Estado ou para Conselho de Ministros em
preenchimento e envio de um formulário próprio, nomea-
caso de incumprimento de qualquer uma destas obrigações.
damente disponibilizado no portal do Governo na Internet.
4 — A realização de um procedimento de consulta pú-
blica pode igualmente ser determinada no âmbito da reu- SECÇÃO VI
nião de secretários de Estado que mensalmente proceda Circulação e apreciação preliminar
ao debate sobre a programação da actividade legislativa
do Governo.
Artigo 33.º
Devolução e circulação
SECÇÃO V
1 — Compete ao Secretário de Estado da Presidência
Envio de projectos para circulação e agendamento
do Conselho de Ministros a apreciação preliminar da ad-
missibilidade dos projectos que lhe sejam remetidos, após
Artigo 31.º o que, consoante os casos:
Envio de projectos
a) Determina a sua devolução às entidades proponentes,
Os projectos de proposta de lei, de proposta de resolu- caso não tenham sido respeitados os requisitos previstos pelo
ção, de decreto-lei, de decreto regulamentar, de decreto ou presente Regimento, não tenha sido observada a forma ade-
de resolução, bem como qualquer outra matéria a submeter quada ou existam quaisquer inconstitucionalidades, ilegalida-
à apreciação do Conselho de Ministros, são remetidos ao des, irregularidades ou deficiências grosseiras ou flagrantes,
Gabinete do Secretário de Estado da Presidência do Con- sempre que tais vícios não possam ser desde logo supridos;
selho de Ministros pelo gabinete proponente por meios b) Determina a sua circulação pelos gabinetes de todos
electrónicos, através do sistema de gestão documental da os membros do Conselho de Ministros.
rede informática do Governo.
2 — Para efeitos do disposto na alínea a) do número
Artigo 32.º anterior, consideram-se desrespeitados os requisitos pre-
Formulário electrónico
vistos pelo presente Regimento sempre que os projectos
não cumpram as regras de legística referidas no artigo 17.º
1 — O envio dos projectos referidos no artigo anterior ou os modelos de diplomas disponibilizados nos termos
ao Gabinete do Secretário de Estado da Presidência do Con- do artigo 18.º
selho de Ministros é efectuado através do preenchimento 3 — A circulação inicia-se às sextas-feiras, mediante a
do formulário electrónico disponibilizado pelo sistema distribuição pelos gabinetes referidos no número anterior,
de gestão documental da rede informática do Governo, através da rede informática do Governo, de uma lista de
ao qual se anexam o projecto a submeter à apreciação do circulação integrada pelos projectos remetidos ao Gabinete
Conselho de Ministros e os pareceres ou os documentos do Secretário de Estado da Presidência do Conselho de
comprovativos das audições a entidades públicas ou pri- Ministros até às 17 horas do dia anterior, acompanhada
vadas efectuadas nos termos do artigo 27.º da versão electrónica dos mesmos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 197 — 11 de Outubro de 2010 4427
a) A importância económica, financeira e social do acto Regras de legística na elaboração de actos normativos
normativo; pelo XVII Governo Constitucional
b) O grau de inovação introduzido pelo acto normativo
à data da sua entrada em vigor;
c) O grau de resistência administrativa à aplicação do CAPÍTULO I
acto normativo; Disposições gerais
d) A existência de divergências jurisprudenciais signifi-
cativas na interpretação ou na aplicação do acto normativo; Artigo 1.º
e) O número de alterações sofridas pelo acto normativo
desde a sua entrada em vigor; Objecto
f) O grau de aptidão do acto normativo para garantir com O presente anexo estabelece as regras de legística que
clareza os fins que presidiram à sua aprovação; devem orientar a actividade de elaboração de actos norma-
g) A complexidade técnica e os custos financeiros da tivos pelo Governo.
avaliação. Artigo 2.º
3 — A avaliação pode incidir sobre a totalidade de um acto Guia Prático para a Elaboração dos Actos
normativo ou apenas sobre algumas das suas disposições. Normativos do Governo
4 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, Os projectos de actos normativos devem ainda observar
pode recorrer-se à colaboração de organismos públicos, as orientações constantes do Guia Prático para a Elaboração
estabelecimentos de ensino superior ou organizações da dos Actos Normativos do Governo, disponível em sítio na
sociedade civil. Internet de acesso público e susceptível de actualização
SECÇÃO IV
permanente.
à Assembleia da República ser acompanhadas de uma 3 — As diferentes divisões sistemáticas devem estar
exposição de motivos. ordenadas numericamente e ser identificadas através de
2 — O preâmbulo deve ser redigido de modo a dar numeração romana.
a conhecer aos destinatários das normas, de forma sim-
ples e concisa, as linhas orientadoras do diploma e a sua Artigo 6.º
motivação, formando um corpo único com o respectivo Sequência das disposições
articulado.
3 — A exposição de motivos deve ser redigida de 1 — Devem ser inseridos na parte inicial dos actos nor-
forma a fornecer os dados necessários para uma tomada mativos o seu objecto, âmbito, princípios gerais e, quando
de decisão objectiva e fundamentada pela Assembleia da necessário, as normas definitórias de conceitos necessários
República. à sua compreensão.
4 — O preâmbulo ou a exposição de motivos não devem 2 — Em relação a actos normativos respeitantes à cria-
conter exposições doutrinais, nem pronunciar-se sobre ção de entidades, a sua missão e atribuições devem igual-
matéria omissa no respectivo diploma. mente ser inseridas na parte inicial.
5 — Na parte final do preâmbulo ou da exposição de 3 — As normas substantivas devem preceder as normas
motivos, deve referir-se, quando for caso disso, a reali- adjectivas.
zação de consultas a cidadãos eleitores, a negociação e 4 — As normas orgânicas devem preceder as regras
a participação ou audição de entidades, procedendo-se à relativas à competência e às formas de actividade.
identificação das entidades envolvidas e do seu carácter
obrigatório ou facultativo. Artigo 7.º
Artigos, números, alíneas e subalíneas
Artigo 4.º
1 — Os actos normativos têm forma articulada.
Sumário 2 — Pode dispensar-se a forma articulada em relação
1 — O sumário a publicar no Diário da República deve aos seguintes actos:
conter os elementos necessários e suficientes para trans- a) Resoluções do Conselho de Ministros;
mitir, de modo sintético e rigoroso, a noção do conteúdo b) Despachos normativos.
do diploma.
2 — O sumário deve indicar a legislação alterada, re- 3 — Cada artigo deve dispor sobre uma única matéria,
vogada ou suspensa, referindo qual o número de ordem podendo ser subdividido em números e alíneas.
da alteração do diploma relativamente à redacção original. 4 — Os artigos, os números e as alíneas não devem
3 — Se o novo acto normativo for exclusivamente modi- conter mais de um período.
ficativo, revogatório ou suspensivo de outros, não se deve 5 — A identificação dos artigos e números faz-se através
limitar a indicar o número e a data dos actos afectados, de algarismos e a identificação das alíneas através de letras
devendo referir os sumários desses actos. minúsculas do alfabeto português.
4 — Os sumários respeitantes a propostas de leis or- 6 — A identificação dos artigos pode, para evitar renu-
gânicas, propostas de leis de bases e de leis quadro, de merações de um diploma alterado, efectuar-se através da
propostas de lei, de actos de transposição de actos norma- utilização do mesmo número do artigo anterior, associado
tivos da UE e de decretos-leis aprovados na sequência de a uma letra maiúscula do alfabeto português.
autorizações legislativas devem conter menção expressa 7 — Caso o diploma contenha um único artigo, a de-
a essas categorias de actos. signação do mesmo efectua-se através da menção «artigo
5 — O sumário de um acto do Governo que aprove a único», por extenso.
vinculação internacional do Estado Português deve incluir 8 — Caso seja necessário incluir alíneas em número
a indicação da matéria a que respeita ou a designação superior ao número de letras do alfabeto português, deve
da convenção, a data e local da assinatura, bem como a dobrar-se a letra e recomeçar o alfabeto.
identificação das partes ou da organização internacional 9 — As alíneas podem ser subdivididas em subalíneas,
no âmbito da qual foi adoptada. identificadas através de numeração romana, em minús-
culas.
Artigo 5.º
Artigo 8.º
Ordenação sistemática
Remissões
1 — As disposições devem ser sistematicamente orde-
nadas de acordo com as seguintes unidades: 1 — As remissões para artigos e números do mesmo
ou de outros diplomas devem ser usadas apenas quando
a) Livros ou partes; indispensáveis, indicando primeiro as alíneas e depois os
b) Títulos; números dos artigos em causa.
c) Capítulos; 2 — Sem prejuízo das remissões para artigos constantes
d) Secções; de códigos, nas remissões para artigos que fazem parte de
e) Subsecções; outros actos devem indicar-se os elementos caracteriza-
f) Divisões; dores do acto normativo em causa, designadamente a sua
g) Subdivisões. forma, número, data, título e alterações sofridas.
3 — Não devem ser utilizadas remissões para normas
2 — Podem ser dispensadas algumas ou a totalidade que, por sua vez, remetem para outras normas.
das unidades referidas no número anterior nos diplomas 4 — Devem evitar-se remissões para artigos que ainda
de menor dimensão. não tenham sido mencionados no acto normativo.
Diário da República, 1.ª série — N.º 197 — 11 de Outubro de 2010 4431
tivo, através de uma menção inicial por extenso, seguida b) Para abrir e fechar os enunciados dos artigos aditados
da sigla ou acrónimo entre parênteses, em letra maiúscula. ou sujeitos a alterações e as expressões corrigidas e a
2 — Podem ser utilizadas siglas ou acrónimos sem pré- corrigir em declarações de rectificação.
via descodificação no próprio acto normativo, quando estes
sejam criados expressamente por outro acto normativo. Artigo 27.º
Parênteses e travessões
Artigo 23.º
1 — Os parênteses comuns devem ser utilizados quando
Numerais se faz uso de siglas ou abreviaturas e quando delimitam
1 — Na redacção de numerais cardinais em actos nor- um vocábulo em idioma estrangeiro equivalente a um
mativos deve recorrer-se ao uso de algarismos. vocábulo português.
2 — A redacção de numerais cardinais deve ser realizada 2 — Os parênteses rectos devem ser utilizados para, em
por extenso até ao número nove, sem prejuízo das seguintes casos de alterações e republicações, indicar que o texto do
situações, em que se aplica a regra do número anterior: acto normativo se mantém idêntico ou que foi revogado.
3 — O travessão só pode ser utilizado no texto do acto
a) Quando expresse um valor monetário; normativo para efectuar a separação entre o algarismo que
b) Na redacção de percentagens e permilagens; indica o número de um artigo e o respectivo texto.
c) Na redacção de datas, quando se indique um dia e ano;
d) Quando proceda a uma remissão para uma norma.