Resumo
Este estudo teve por objetivo determinar e analisar o processo de levantamento (içamento) e
transporte do rotor do gerador da Usina Termo Elétrica Jorge Lacerda – UTLC, utilizando o
Plano de Rigging como ferramenta de acompanhamento e controle desta operação, garantindo
maior eficiência, organização dos recursos e segurança dos envolvidos. Para isso, foi coletado
dados referentes ao local e o equipamento a ser içado, realizando cálculos referente a variáveis
prescritas em normas regulamentadoras e de autores por meio de uma pesquisa bibliográfica
sistemática relacionada ao tema proposto. Os resultados obtidos foi que qualquer operação de
movimentação de carga sem um plano de Rigging bem executado, pode gerar atrasos e riscos
no içamento, podendo ocorrer quedas dos materiais içados ou até mesmo o tombamento do
guindaste, e com isso, danos materiais e até mesmo fatalidades. Nesse caso, cabe à empresa
sempre que for um içamento de alto risco, solicitar que um planejamento seja feito por
profissionais qualificados, sanando assim uma grande porcentagem de risco na atividade a ser
executada.
1. Introdução
2. Revisão Bibliográfica
e outros) evitando acidentes e perdas de tempo. Este documento indica por meio de cálculos do
estudo da carga a ser içada (levantada), dos acessórios, das máquinas, condições do solo e vento,
as melhores soluções para realizar o içamento e transporte de forma segura e eficiente (NR 12,
2010).
O Plano de Rigging deve ser elaborado antes do início da operação de içamento e
transporte do material ou equipamento, seguindo normas vigentes para tal atividade. Este
documento deve apresentar diagramas e desenhos relativos à carga que será transportada;
programação de embarque; detalhamento do embarque (sua programação); cronograma; com o
propósito de orientar toda a operação, seja ela de armazenagem, fabricação, entre outros
(BELLEI, 2008).
Para a concepção do plano, é necessário considerar as características do ambiente de
onde a carga será recolhido e local a ser armazenado, isso envolve as características do edifício,
condições locais, mão de obra envolvida, equipamentos disponíveis. Já os prazos das atividades
como montagem, desmontagem, transporte do equipamento se faz necessário analisar,
descriminado ainda os custos da operação (PINHO, 2005).
Comumente algumas organizações apresentam dificuldades em definir parâmetros e
critérios técnicos que justifique a necessidade da elaboração do plano de Rigging, por existir
diversos métodos para realização dos índices e diagramas necessários, assim como a natureza
da operação, podendo ser desde uma simples descarga até uma operação mais complexa,
elevando o seu grau de risco e contemplando mais guindastes.
Em tese, o plano de Riggind pode ser elaborado para qualquer tipo de serviço que
necessita o içamento de carga.
Independente dos métodos, o planejamento de içamento e transporte de carga deve
incluir uma memória de cálculo, demonstrativos das fases de içamento, estabelecimento de
indicadores críticas e folgas previstas relacionadas as interferências.
Para esse estudo, foram considerados os seguintes itens para elaboração do plano:
Configuração do guindaste;
Capacidade bruta do guindaste;
Velocidade do vento;
Força na sapata;
Porcentagem de utilização do guindaste;
Layout completo da operação;
Relação de eslingas e acessórios;
Identificação do guindaste.
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Atualmente, não existe no Brasil uma NR (Norma reguladora) voltada somente para as
atividades de movimentação e transporte de cargas, definindo atribuições e responsabilidades
para as empresas e profissionais responsáveis (envolvidos) em tais operações.
Portanto, é de responsabilidade da empresa ou terceirizada que fará a execução das
operações de içamento e transporte o fornecimento de plataformas, escadas e acesso, cabos
guia, corrimãos, passarelas e demais EPIs (equipamentos de proteção individual) para a equipe,
conforme previsto em normas reguladoras (MIT, 2019). São elas:
Normas Regulamentadoras:
o NR-6: Equipamento de proteção individual – EPI;
o NR-11: Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais;
o NR-12: Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos;
o NR-18: Condições e meio ambiente de trabalho da indústria e comércio;
o NR-35: Trabalho em altura;
Normas Petrobras:
o N-1965: Movimentação de carga com guindaste terrestre;
o N-2869: Segurança em movimentação de cargas;
Norma Transpetro:
o PE-3N0-00209: Segurança em Serviço de Movimentação e Elevação de Cargas;
Normas Brasileiras:
o NBR ISSO 4309: Guindastes-Cabo de Aço – Critério de Inspeção e Descarte;
o NBR 8400 – Cálculo de equipamento para levantamento e movimentação de
carga.
Conforme Souza (2018, pág. 33), para a realização de operações iguais a esta, é exigido:
A análise de risco das atividades, além do planejamento, organização e a execução,
considerando como trabalho em altura, toda atividade executada acima de 2,00m do
nível inferior onde haja risco de queda, devendo o trabalhador utilizar EPI tais como
cinto de segurança tipo paraquedista, dotado de dispositivo para conexão em sistema
de ancoragem, talabarte e o dispositivo trava-quedas fixados acima do nível da cintura
do trabalhador.
A análise de risco deve considerar:
Local em que os serviços serão executados e seu entorno;
Isolamento e a sinalização no entorno da área de trabalho;
Os sistemas de pontos de ancoragem;
As condições meteorológicas adversas;
Risco de queda de materiais e ferramentas;
As condições impeditivas;
Os riscos adicionais;
As situações de emergência e o planejamento do resgate e primeiros socorros;
A forma de supervisão.
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Quanto a possíveis acidentes, a norma que orienta as empresas, assim como cuidados
preventivos relacionados à segurança, para esse tipo de operação é a NR 11 (MIT, 2019) –
Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais.
3. Procedimento Metodológico
Executando estes cálculos, foi possível determinar o peso total das lingas que foram
considerados para determinar o peso total do içamento.
Com os dados colhidos no local onde a operação foi realizada como a altura que a lança
do guindaste teve que abrir, assim como seu raio, seguindo a NBR-1965, foi necessário realizar
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uma relação entre a distância entre o centro de giro da máquina com a vertical que passa pela
ponta da lança e o centro da massa de carga suspensa.
Com isso, se utilizou da Tabela 1, que demonstrar às operações a capacidade estimada
de içamento, determinando assim, a taxa de utilização da capacidade máxima de operação
(TAMASAUSKAS, 2000).
Tabela 1 – Tabela de carga de içamento da lança principal (Kg)
Patolas totalmente estendidas, operação na
RAIO (m) traseira e nos lados RAIO (m)
11.8 m 15.95 m 20.1 m 28.4 m 36.7 m 45 m
3.0 75000 54000 3000 3.0
3.5 70000 54000 43000 3.5
4.0 62000 54000 43000 30000 4.0
4.5 56000 48000 43000 30000 4.5
5.0 51000 45000 41000 30000 5.0
5.5 47000 42000 38500 29000 5.5
6.0 41500 39000 36500 27500 16000 6.0
6.5 36000 35000 34000 26000 16000 6.5
7.0 32000 30500 31000 25000 16000 7.0
7.5 28000 27500 27000 23500 15000 7.5
8.0 25000 24500 24000 22000 15000 11000 8.0
9.0 19000 20000 20000 19500 15000 11000 8.5
10.0 16500 17000 16000 14000 11000 9.0
11.0 13500 14000 13600 13000 10500 9.5
12.0 11500 12000 12000 12000 10000 10.0
14.0 8500 9000 10000 9000 11.0
16.0 6000 6800 7800 8000 12.0
18.0 5000 6000 6500 14.0
Fonte: Manual do guindaste STC75.
Este cálculo tem o propósito de estimar o esforço que cada sapata que fixa o guindaste
no solo exercerá. Para isso, foi determinado a Hipotenusa resultante da distância da sapata,
sendo coletado as medidas A e B (em metros) como ilustrado na Figura 1.
𝑪𝒃𝒓 𝒙 𝑹𝑶 𝑷𝑮+𝑪𝑨
𝑪𝒔 = + (2)
𝑯𝒓 𝑵𝑺
Onde:
Hr – Hipotenusa resultante
A – Medida paralela entre o centro de giro do guindaste e a sapata
B – Medida entre os extremos das sapatas opostas (b) dividido por 2
Cs – É a carga total na sapata que encontraremos
Cbr – Capacidade nas configurações conforme tabela de carga
RO – Raio de operação, sendo a distância entre o centro de giro do guindaste e
a peça a ser içada.
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Assim, configurou-se a carga resultante nas sapatas do guindaste que foi utilizado para
a operação.
𝑪𝒂𝒓𝒈𝒂 𝒏𝒂 𝒔𝒂𝒑𝒂𝒕𝒂
𝑷𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 𝒏𝒐 𝒔𝒐𝒍𝒐 = (2)
Á𝒓𝒆𝒂 𝒅𝒂 𝒔𝒂𝒑𝒂𝒕𝒂
Onde:
Área da sapata – área atuante da sapata no momento do patolamento.
Lado (A) e Lado (B) – medida da base da sapata que será aplicada ao solo.
Carga na sapata – dado coletado na conta anterior.
Resistencia do solo – resistência específica do solo no local do içamento (lajota
mais solo compactado).
𝐴𝑊𝑅 = 𝐶 𝑥 𝐿 (1)
𝑷 𝒙 𝑨𝑾𝒁
𝑭= (2)
𝑨𝑾𝑹
Onde:
AWR – Área exposta do vento
C – Comprimento da peça
L – Altura ou diâmetro da peça
F – Força atuante na carga
4. Resultados e Análises
Neste tópico será apresentado os resultados referentes aos cálculos realizados seguindo
as normas vigentes para planejamento e execução das operações de içamento e transporte de
carga.
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Atualmente esta peça é usada para testes elétricos pela equipe técnica de eletricistas do
complexo, especificamente da área dos turbos alternadores.
A transferência de local do rotor foi solicitada pelo Engenheiro de Manutenção Franco
Wronski Comeli, devido a necessidade de limpeza e preparação do local (onde se localizava o
rotor) para revisões agendadas na Unidade 7 – UTLC.
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91%. Na grande parte das empresas, é padrão considerar uma taxa de 85% a 95% de utilização,
considerando sempre uma contingência para se evitar problemas na execução do içamento.
Conforme apresentado anteriormente, o peso total das lingas (959,46kg) considerou o peso do
moitão de 800kg (oitocentos quilos), Diâmetros do cabo, Peso específico cabo de 1,41kg/m (um
virgula quarenta e um quilos por metro), Comprimento do cabo que será utilizado medindo
10,59m (dez virgula cinquenta e nove metros), número de passadas do cabo a ser adotada de 8
(oito) e o peso das cintas sendo no total de duas com o peso de 20kg (vinte quilos) cada.
Determinou-se então, a necessidade de quatro passadas de cabo de aço no guindaste, a
utilização de duas cintas de fibra sintética tipo jiboia anelar e mais um moitão. Calcular o peso
destes equipamentos considerados agregados do guindaste, especifica o peso que irá agregar no
içamento em conjunto com o peso do rotor. Isso trata maiores garantia quanto a não exceder a
capacidade de carga que o guindaste está configurado.
Já para indicar o esforço nas sapatas que fixaram o guindaste no solo, se considerou a
capacidade do guindaste e o peso do próprio, determinada por meio da Tabela 1 (47.000kg),
utilizando outros dados como o raio de operação de 550cm (quinhentos e cinquenta
centímetros), hipotenusa resultante de 390,51cm (trezentos e noventa vírgula cinquenta e um
centímetros), nenhum contra peso adicional e o número de 4 (quatro) sapatas. Se obteve uma
medida A de 300cm (trezentos centímetros) e medida B de 250cm (duzentos e cinquenta
centímetros), resultando assim uma carga estimada na sapata de 77.445,07kg (setenta e sete mil
quatrocentos e quarenta e cinco virgula sete quilos).
Desta forma, se especificou a pressão no solo de 3,95kg/cm² (três virgula noventa e
cinco quilos por centímetro quadrado. Ainda, deve-se considerar a resistência do solo, que neste
caso foi de 4kg/cm² (quatro quilos por centímetro quadrado), pois cada solo possui um fator de
resistência. Com essa informação pode-se indicar se o solo iria suportar o peso de toda a
operação de içamento, não afundando as sapatas do guindaste, podendo ocasionar a queda do
mesmo.
Para a construção do diagrama de estimativa de vento, foi coletado os dados de
comprimento de carga de 11m (onze metros), altura ou diâmetro de 1m (um metro), área
exposta do vento de 11m (onze metros). Observe a constituição do diagrama na Figura 5.
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Para formalização do planejado para a operação de içamento do roto, foi realizado uma
auditoria (conferencia) e autorizado formalmente pelo profissional responsável da empresa
solicitante. A Figura 7, apresenta o Plano de Rigging que foi autorizado.
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Para o início da operação, o veiculo que foi utilizado no transporte do rotor teve que
adentrar na sala de máquinas da UTLC, local onde se encontrava o rotor que seria transportado,
conforme pode ser observado na Figura 8.
Essa atividade exigiu que a empresa contratada equipasse o veiculo com um suporte de
apoio do eixo, sendo feita sob medida para execução desta operação.
Além disto, com o proposito de assegurar que a carga não iria se movimentar em cima
do veículo, soldas entre o suporte de apoio do eixo e a plataforma da carreta foram feitas,
conforme a Figura 9.
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A Figura 11, mostra o momento em que colaboradores da empresa parceira que estavam
envolvidos, começaram a retirada da solda do suporte de apoio do eixo, colocado a cinta na
peça e no moitão do guindaste, para que enfim seja executado a operação.
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Procedimento escolhido foi de içar a peça e retirar a carreta, evitando assim ter que
mexer muito no guindaste tornando ainda menos perigoso o içamento conforme na Figura 13.
Com a alocação do rotor no local planejado, foi finalizado toda a operação com a retirada
das cintas, entre outros equipamentos que auxiliaram toda a operação. Mostrando eficiência no
cumprimento do que se foi planejado, e maior segurança por meio dos cálculos estimados.
5. Conclusões
Agradecimentos
Ao professor Rafael Vieira Mathias que teve papel muito importante durante todo
desenvolvimento desde trabalho e ao professor Franco Wronski Comeli que sempre se mostrou
disponível para sanar possíveis dúvidas.
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Bibliografia