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NOVA IGUAÇU
2020
DENISE MARIA DOS SANTOS SILVA
NOVA IGUAÇU
2020
DENISE MARIA DOS SANTOS SILVA
BANCA EXAMINADORA
The objective of the present work is to highlight the importance of the work focused on
children’s evangelization, analyzing three distinct aspects linked to the process. First,
check the biblical basis on which this evangelism takes place. Then seek to highlight the
advantages of evangelism for children and finally address the challenges of child
evangelism. The church still has timidly invested in work policies specifically focused on
this type of evangelization, but the Bible manifests God's love for children, and commands
them to be taught in the ways of the Lord from an early age. Thus, it was sought to make
explicit that in the biblical context, infantile evangelization can be understood as a
commandment of the Lord. In fact, when a child accepts Jesus Christ as a savior, he can
grow in a path that will save him from many traumas, and he may devote many years of his
life to the service of the Kingdom. There are challenges to be overcome when it comes to
the evangelization of children and the main one is the correct view of the greatness of the
work to be done. The focus of child evangelism should be the conversion of children,
treating them as the central target of efforts, maintaining an environment and language
adapted to the age group, with gospel gaining prominence. It is also worth noting that the
family issue is a fundamental aspect that involves the ministry of child evangelization and
the church must work in synergy with the parents, helping them to create a home
environment in which one can live according to the precepts taught in the church, so that
by living in an environment that helps her develop and allows her to have experiences of
faith, the child grows in the right way.
Sumário
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7
1 CONCEITOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................... 9
1.1 Definição de criança e infância .................................................................................... 9
1.2 Definição de Evangelho, Evangelhos, Evangelismo e Evangelização ...................... 10
1.2.1 Evangelho ............................................................................................................ 10
1.2.2 Evangelismo ........................................................................................................ 10
1.2.3 Evangelização...................................................................................................... 10
1.3 Panoramas da infância no mundo .............................................................................. 11
1.4 A Teologia evangélica e as crianças .......................................................................... 13
2 A BÍBLIA E A EVANGELIZAÇÃO DE CRIANÇAS ................................................... 14
2.1 Deus ama as crianças ................................................................................................. 15
2.2 As crianças devem ser ensinadas na Palavra ............................................................. 16
2.3 Os adultos devem cuidar das crianças ....................................................................... 18
2.4 As crianças podem ser usadas por Deus .................................................................... 19
2.5 As crianças podem confiar em Deus .......................................................................... 20
2.6 As crianças devem ser evangelizadas ........................................................................ 22
3 VANTAGENS E DESAFIOS DA EVANGELIZAÇÃO INFANTIL ............................ 25
3.1 O retorno da evangelização é maior........................................................................... 26
3.2 Uma vida inteira para Deus........................................................................................ 27
3.3 A sinergia entre a Igreja e a família ........................................................................... 29
3.4 Impactar a geração futura........................................................................................... 31
3.5 A visão do trabalho de evangelização infantil ........................................................... 33
3.6 O desenvolvimento integral da criança ...................................................................... 35
3.7 Alcançar a família ...................................................................................................... 37
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 42
REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS ...................................................................................... 43
7
INTRODUÇÃO
A sinergia entre a Igreja e a família é uma vantagem que a ser alcançada, pois a
cooperação, a união da família e a Igreja num mesmo propósito trarão muitos benefícios
para todos; o quarto tópico desse capítulo foca nos benefícios, o impacto que a
evangelização precoce traz à futura geração, tanto em termos sociais como eclesiásticos.
Nos tópicos a seguir, serão tratados os grandes desafios enfrentados pelo
ministério de evangelização infantil. Longe de propor uma extensa lista de entraves, este
capítulo irá discorrer sobre os três problemas que mais afetam o desempenho do trabalho
com crianças, obstáculos fundamentais sobre os quais todas as outras possíveis
dificuldades estarão apoiadas.
O quinto aborda a visão do ministério sobre a evangelização infantil, que
costuma ser equivocada ou distorcida. Sem a implementação da visão correta deste
trabalho, jamais os resultados esperados irão aparecer. O sexto é a questão da busca pelo
desenvolvimento integral da criança, o que envolve outros fatores, além do enfoque
puramente espiritual. Os pequeninos devem ser vistos como seres completos, possuindo
necessidades sociais, psicológicas e outras.
O derradeiro desafio está relacionado à expectativa de a evangelização infantil
alcançar a família, ou seja, os pais serem salvos pelo fato da Igreja investir na conversão
dos filhos. Esse desafio sendo vencido, a criança poderá desenvolver sua fé em um
ambiente sadio e próspero.
9
1.2.1 EVANGELHO
A palavra Evangelho vem do grego Evanggélion, literalmente significa “Boas
Novas” (IBADERJ, 2012, p. 111). Evangelhos referem-se aos quatro primeiros livros do
Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João. Estes livros foram escritos a pessoas
diferentes e com propósitos diversos. Os Evangelhos apresentam Jesus Cristo encarnado,
sua obra redentora, sua vida, ministério, morte e ressurreição (LOPES, 2006, p. 16).
1.2.2 EVANGELISMO
Na palavra Evangelismo, “ismo” vai significar sistema. Sendo assim,
Evangelismo é o ato de anunciar as Boas Novas com métodos e estratégias
sistematizadas (ibid., 2012, p. 111). Evangelismo compreende a proclamação das Boas
Novas aos pecadores, anunciando que Jesus Cristo morreu por seus pecados, ressuscitou,
e que está disposto e tem o poder para salvar todos aqueles que nele creem e dão as
costas ao pecado (DOHERTY, 2014, p.21).
Quando este trabalho se referir a evangelismo estará utilizando um conceito
amplamente conhecido e entendido no seio da Igreja pentecostal brasileira. Ainda assim,
é importante deixar claro o que envolve isso, tendo em vista que a visão comum sobre o
ministério com crianças normalmente dilui o termo, mudando seu sentido de modo
significativo.
1.2.3 EVANGELIZAÇÃO
Evangelização é uma dimensão essencial de missão, e está intrinsecamente e
intimamente ligada à missão da Igreja enquanto estiver na terra (IBADERJ, 2012, p.
110).
A evangelização envolve o ensino sobre cinco verdades bíblicas essenciais. Sobre
Deus, o Criador e fonte da salvação; o pecado, o motivo da separação humana de Deus e
1
Missionário, pastor, pioneiro do radioevangelismo e do ensino teológico nas Assembleias de Deus, Nels
Lawrence Olson, exerceu cargos de importância no Conselho de Doutrina da CGADB e no Conselho
Administrativo da CPAD, do qual foi fundador e membro vitalício. (CPAD, 2020).
11
que gera a consequente necessidade de salvação; sobre Cristo, o caminho para a salvação
que religa a humanidade ao Criador; sobre a fé e o arrependimento, que é o meio pelo
qual se confia na solução oferecida por Deus para o pecado e se toma a decisão
consciente de não mais pecar; e sobre os resultados da salvação, que abarca a explicação
do que implica ser salvo, a justificação, a vida eterna, e a santificação.
Tais fatores característicos do evangelismo, encontrados comumente no ensino de
adultos não podem faltar na evangelização de crianças, conforme será tratado neste
trabalho, ou não estará se cumprindo o propósito proposto (SILVA, 1997, p. 29).
Qualquer ministério infantil que não apresenta às crianças as verdades
relacionadas a estes cinco tópicos não estará, verdadeiramente, evangelizando-as. Para
que as vantagens do trabalho, que serão vistas no próximo capítulo, possam ser
alcançadas é vital que se considere o evangelismo, mesmo de crianças, como ele de fato
é e com o que de fato ele contém.
Mais de trinta e sete por cento das crianças do mundo vivem em um estado de
pobreza absoluta, expostas e vulneráveis a todo tipo de abuso: vivendo nas ruas, sendo
exploradas sexualmente ou em trabalhos forçados, sendo afetadas e utilizadas em
conflitos armados, sendo vítimas do tráfico humano e até mesmo do tráfico de órgãos
(BREWSTER, 2015, p. 13).
12
Por outro lado, e ao contrário do que se possam imaginar, as crianças que vivem
em países desenvolvidos, que têm acesso à educação, saúde e outros recursos, não
estando expostas a esses tipos de problemas citados no parágrafo anterior, também se
encontram em situação vulnerável.
Sendo frutos de um mundo que tem cada vez mais se distanciado de Deus,
crescendo em meio a uma filosofia de vida extremamente relativista e amplamente
materialista, de relacionamentos frios e inseridos em famílias de pais ausentes, as
crianças e adolescentes destas sociedades são igualmente ocos, carecendo de uma
percepção de propósito e de um sentido de vida. Tal realidade tem aumentado a taxa de
suicídio entre jovens e levado a diversos outros comportamentos autodestrutivos que
acabam por incidir de volta na sociedade (Ibid., p. 12 ).
No Brasil a situação geral não destoa do panorama mundial. Segundo dados do
censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população
total do país é de 190.755.799 pessoas, sendo que vinte por cento deste número é
constituído de crianças de até doze anos. Se contados juntos os adolescentes, de até
catorze anos, a proporção deste grupo chega a um quarto do universo populacional
(IBGE, 2016).
Outros dados do IBGE são: o percentual da população economicamente ativa
sem renda ou com renda de até dois salários mínimos ultrapassa o índice de oitenta por
cento do montante recenseado, o que configura uma sociedade com muitas
vulnerabilidades sociais, especialmente quando se trata de crianças; a proporção de
crianças e adolescentes de até catorze anos dentro do universo evangélico é de vinte e
sete por cento (ibid., 2016).
Ainda mais relevante e específico é o fato de vinte e sete por cento de todo o
povo contado como pentecostal no Brasil é, de fato, constituído por indivíduos desta
faixa etária, ou seja, mais de um quarto de todo o contingente pentecostal brasileiro tem
menos de quinze anos de idade (ibid., 2016).
Tal número merece especial atenção porque, muito embora engrosse as
estatísticas pentecostais, não se constitui realmente de membros denominacionais, pois
tradicionalmente crianças e adolescentes desta idade ainda não passaram pelo batismo,
que se constitui no ritual de admissão no seio eclesiástico pentecostal (ibid., 2016).
Tendo em mente os dados apresentados acima, pode-se perceber que as crianças
estão em todo lugar, desde subculturas marginalizadas, às mais diversas situações
13
Há duas linhas teológicas principais no que concerne ao assunto tratado que são
as mais aceitas no mundo evangélico. A primeira e a Teologia Arminiana, acredita que
apenas bebês e crianças em tenra idade de pais salvos são aceitos no céu quando
morrem. A segunda, a Teologia Reformada com aceitação muito mais ampla, assume
que todas as crianças, independentemente da condição espiritual de seus pais, são
protegidas pela graça divina, pois são eleitas de Deus (WILLMINGTON, 2015, p. 627).
Nesse sentido, descarta-se a primeira ideia, pelo entendimento de que ela
contraria um claro preceito bíblico, de que cada indivíduo é responsável por si próprio
perante o Criador. Se essa teoria fosse aceita, estaria admitindo que as crianças fossem
salvas ou condenadas pela conduta dos pais, da qual os filhos da idade em questão nem
sequer tem conhecimento, quanto menos responsabilidade.
Dentro da segunda linha, preferir-se-á a última abordagem, não por entender que
seja tão diferenciada do entendimento padrão, mas por crer que em seu foco ela revela
uma consequência geralmente ignorada pela comunidade cristã.
A interpretação majoritária sobre este assunto geralmente leva a Igreja a uma
letargia, a uma falta de inércia, a um descuido em relação ao ministério infantil. É fácil
assumir que as crianças estão “salvas” até o momento que desenvolvam a consciência do
pecado e que só então venham a precisar conhecer o Salvador.
Talvez por isso não seja tão difícil ver Igrejas que não aplicam investimento
algum nesta área, e quando o fazem trabalham com a visão errada, buscando apenas
entreter as crianças durante as reuniões, ou visando ganhar os pais a partir dos filhos, ou
ainda almejando tão somente ensinar algumas histórias bíblicas para os pequeninos.
O grande problema dessa doutrina é que muitas vezes se estipula, seja de modo
consciente e intencional ou não, que a idade na qual a criança se desperta para as coisas
14
Ao contrário do que muitos pensam as crianças não são assunto novo ou obscuro
da Bíblia. De fato, o vocábulo “criança” e sua forma plural aparecem mais de quinhentos
e cinquenta vezes nas Escrituras Sagradas, e ainda há muitas outras formas relacionadas
e derivadas em profusão (BREWSTER, 2015, p. 28).
Além disso, por vezes são as crianças que ocupam papel central em narrativas.
Grandes personagens bíblicos têm sua origem traçada desde a época da infância. Exemplos
de escravidão infantil e sacrifício de crianças são mostrados nas páginas da Bíblia e será
visto aqui alguns casos.
Moloque por exemplo, era um deus conhecido pelo ato tenebroso de sacrifício de
crianças em honra ao ídolo. Crianças eram queimadas no fogo para agradá-lo (II Reis 23.10;
Jeremias 32.35). Essa prática era horrenda e a Bíblia relata em Deuteronômio e Levíticos a
proibição dessa prática e adoração a esse deus (Deuteronômio 18.10; Levíticos 18.20 e
20.2).
Em II Reis 4.1-7, a Bíblia narra a história de uma viúva que procura o profeta
Eliseu, muito triste, desamparada, com dívidas, não tinha dinheiro para pagar a dívida
deixada por ser esposo e por isso, o cobrador queria levar seus dois filhos ainda pequenos
como escravos. Os dois filhos, ainda crianças, teriam que trabalhar pesado para pagarem a
dívida pendente, sendo explorados. Mas, Deus realizou uma intervenção divina para livrá-
los da escravidão (BARBOSA, 2016, P.21).
O livro de Êxodo relata um terrível Faraó, governador do Egito que se sentia
15
ameaçado porque o número de pessoas do povo de Israel que viviam ali como escravos só
crescia e se fortalecia cada vez mais. Por isso, deu uma ordem para que os bebês meninos
fossem mortos no nascimento. Mas o povo de Israel ainda assim continuou crescendo,
nasceu Moisés, com uma história muito especial guardada por Deus para libertar Israel
(Êxodo 2-3).
Neste capítulo se procurará entender qual é a perspectiva bíblica sobre as crianças.
A pergunta em mente é: em relação às suas capacidades quanto à fé, quanto a
relacionarem-se com Deus, quais serão os potenciais das crianças, passíveis de serem
biblicamente auferidos? A resposta será explanada no capítulo a seguir:
Contudo, é necessário frisar que não se pretende, de modo algum, fazer uma
análise temática exaustiva sobre este assunto. Serão vistos apenas algumas questões que,
sendo úteis para o escopo do trabalho, possam refletir de modo geral o que Deus revela a
respeito dessa matéria em sua Palavra.
Deus é amor. É inconcebível a ideia de que aquele que amou o mundo de tal
forma que deu seu próprio filho em resgate dele não se importe com as crianças. (I João
4.8; 4. 9).
A inferência lógica de que Deus amou a humanidade por Ele criada leva a incluir
os pequeninos nesse amor. Todavia, não é só por inferência que se chega a essa
conclusão. É possível perceber tal fato através de outras evidências bíblicas.
Várias Leis do Pentateuco têm como objetivo proteger as crianças. Se Deus não
as amasse, porque se preocuparia em dar Mandamentos a respeito do cuidado com os
órfãos, ou então, por exemplo, ordenar que os israelitas construíssem parapeitos nos
terraços de suas casas, evitando com isso acidentes, ou então exortando aos pais a
ensinar seus filhos no conhecimento da Palavra do Senhor? (Deuteronômio 22:8; 6.6-7).
O salmista Davi também afirma que das crianças Deus suscita perfeito louvor
(Salmos 8.2; Mateus 21.16). Ora, o louvor, biblicamente, é expressão de adoração,
gratidão e reconhecimento da soberania divina, algo no que o Criador se deleita (WOS,
2012, p. 69).
O fato de suscitar isso nas crianças demonstra o amor que ele tem por elas. Em
sua simplicidade elas representam o ser humano totalmente dependente do Pai, que o
16
louvam com sinceridade de coração, sendo, em muitos casos, de gestos mais perfeitos do
que os adultos (DOHERTY, 2014, p. 120).
No Novo Testamento, é possível ver Jesus dizendo “deixem vir os pequeninos a
mim e não as impeçais” (Marcos 10.14; Lucas 18.16). De fato, em mais de uma
oportunidade Jesus Cristo deu atenção aos pequeninos, tomando-as em seu colo e as
abençoando (Marcos 5.21-43; Lucas 18.16-17). Parece que Jesus Cristo não só tinha
afinidade com as crianças como era com elas que se sentia mais à vontade (SPURGEON,
2004, p.17). Talvez isso se desse pelo fato de que para pertencer ao Reino a pessoa
precise ser semelhante a uma criança (Marcos 10.15; Lucas 18.16-17).
Além desses textos mencionados, percebe-se também o amor divino demonstrado
em ações milagrosas do Mestre. A cura do menino endemoninhado ou que sofria de
epilepsia (Mateus 17.14-21), a filha de Jairo que Jesus ressuscitou (Marcos 5.21-43) e a
cura do filho do oficial do rei (João 4.46-54), são claros exemplos.
Considerando os casos acima, fica evidente que o Senhor ama as crianças e que
estas não são invisíveis ou insignificantes para ele. Que os cristãos e a Igreja não sejam
como os primeiros discípulos, servindo de obstáculo e tropeço para elas, mas que as
amem e sejam pedras de apoio para que possam chegar ao Salvador (DOHERTY, 2014,
p. 83).
primeiros anos da criança, ou seja, Timóteo foi ensinado nas coisas de Deus desde novo.
É possível, então, com base nessas evidências das Sagradas Escrituras, concluir
que o ensino bíblico às crianças deve ser provido desde cedo, de modo contínuo e sob
diversas formas, para que ela possa ser levada a entender o Evangelho e cumprir o
propósito divino que é colocar em Deus sua confiança, não esquecer os feitos do Senhor
e observar seus Mandamentos (DOHERTY, 2014, p. 34).
Dessa forma, o ensino a elas não pode ser fundamentado no desenvolvimento de
uma suposta boa natureza infantil, mas sim na necessidade do novo nascimento. Não
deve exaltar a inocência da infância, mas corrigir os pecados aos quais a criança se
inclina (a mentira é o pecado infantil mais comum). Há que se lidar com os pequeninos
com a mesma honestidade do que com os velhos, para que aprendam a doutrina da cruz e
encontrem salvação imediata (SPURGEON, 2014, p. 71).
68.5).
De fato, a expectativa de Deus era a de que os adultos atentassem mais para suas
responsabilidades de cuidar e ensinar aos filhos do que observassem seus eventuais
direitos sobre os mesmos. Isso fica evidente na parábola narrada no Evangelho escrito
por Lucas (Lc 11.11-13), explicitando o que se espera dos pais: que deem coisas boas
aos filhos. O relacionamento de uma criança com seus pais irá ter uma influência
significativa sobre a percepção dela sobre o Senhor (LOPES, 2017, p. 356).
Outro texto interessante do Mestre sobre o cuidado que deve ser dispensado às
crianças, é o relatado no Evangelho escrito por Mateus: “Mas qualquer que escandalizar
um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao
pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar” (Mateus 18.6). É
nesse famoso trecho que Jesus coloca uma criança no meio de seus discípulos e explica
como eles devem ser para participar do Reino (Mateus 18.1-14).
No versículo citado, Jesus Cristo afirma que seria melhor se jogar ao mar com
uma grande pedra amarrada ao pescoço do que fazer cair em pecado qualquer pequenino.
Muitas vezes esse texto é entendido de forma metafórica, como se tal pequenino em
questão fosse uma referência aos novos convertidos.
Entretanto, fato é que nos versos 6, 10 e 14, “pequeninos” está vinculado ao
significado em termos de tamanho, e o contexto sugere ao leitor uma interpretação
literal, ou seja, que a afirmação do versículo 6 se refira a crianças (DOHERTY, 2014, p.
48).
Certamente por ter esses exemplos em mente é que a Igreja primitiva (Tiago
1:27) via os órfãos como alguns dos que necessitavam atenção especial e é com essa
perspectiva que a Igreja precisa enfrentar os desafios do século XXI, neste mundo
tenebroso, onde a cada dia as crianças ficam mais vulneráveis e são mais abusadas por
adultos e suas ideologias absurdas (BREWSTER, 2015, p, 34).
2
William Franklin "Billy" Graham Jr (Charlotte, 7 de Novembro de 1918) foi um pregador batista norte-
americano, conselheiro espiritual de vários presidentes americanos. Foi ainda o mais proeminente membro da
Convenção Batista Sulista dos EUA. Graham pregou pessoalmente para mais pessoas do que qualquer
pregador da história ao redor do mundo. De acordo com a sua equipe, a partir de 1993, mais de 2,5 milhões
de pessoas tinham “Um passo à frente em suas cruzadas para aceitar Jesus Cristo como seu Salvador
pessoal”. A partir de 2008, a audiência de Graham's lifetime, incluindo rádio e televisão, superou 2,2 bilhões.
(BETEL, 2020).
3
Matthew Henry (1662 – 1714) foi um comentarista sobre a Bíblia e pastor presbiteriano inglês. Dificilmente
há um homem tão conhecido entre os comentaristas bíblicos como Matthew Henry. A principal intenção de
22
ícones e pregadores famosos entregaram sua vida a Cristo ainda durante os tenros anos
da infância. Tal coisa só é possível porque as crianças possuem a capacidade de colocar
em Deus a sua confiança e serem salvas (DOHERTY, 2014, p. 45).
Ainda criança, Billy Graham era levado à Igreja pela família e por seus pais, foi
conduzido à Associação de Igrejas Presbiterianas Reformadas. Ainda jovem iniciou a
sua dedicada vida ao Evangelho do americano e é provável que mais de três milhões de
pessoas se tornaram cristãs ouvindo suas pregações (BETEL, 2020).
Criado num lar cristão, e com um pai pastor, Matthew Henry desde os seus
primeiros anos de vida viveu uma realidade de profundo compromisso religioso e instrução
nas coisas de Deus. Em 1687 tornou-se ministro de uma congregação presbiteriana
(HARMAN, 2020).
Corrie ten Boom nasceu no seio de uma família holandesa profundamente cristã.
Seu avô era ancião da Igreja Reformada e, tendo aproximadamente cinco anos de idade,
orou a Jesus Cristo e pediu que ele entrasse em seu coração. Jovem, ainda, ela ministrava
classes de estudo da Palavra. O amor a Jesus Cristo, implantado desde a infância, fez com
que ela fosse a 61 países, incluindo alguns países antes não alcançados (AGUAS VIVAS,
2020).
seus comentários foi de uma explicação, não de tradução ou de investigação textual. (HARMAN, 2020).
4
Cornelia Johanna Arnolda ten Boom (1892-1983) conhecida como “Corrie ten Boom”, foi uma escritora e
resistente holandesa que ajudou a salvar a vida de muitos judeus ao escondê-los dos nazistas durante a II
Guerra Mundial. Ten Boom registrou sua autobiografia no livro O Refúgio Secreto .Ela honrada com a
inclusão de seu nome nos "Justos entre as Nações" pelo Estado de Israel. (AGUAS VIVAS, 2020).
23
Além disso, é interessante perceber que pesquisas realizadas nos Estados Unidos
da América apresentam evidências de que a melhor época para se ganhar uma pessoa
para Cristo é durante a infância, até no máximo quinze anos de idade. De fato, segundo
esses estudos, se o indivíduo não aceitar o Evangelho até a adolescência, a probabilidade
de vir ao Salvador depois se torna remota (BREWSTER, 2015, p.136).
Os índices apurados sugerem que a chance de alguém decidir servir a Deus entre
cinco e doze anos é de trinta e dois por cento, despencando para quatro por cento entre
treze e dezoito anos, e apenas seis por cento para a idade de dezenove anos ou mais.
Pesquisas realizadas em outros locais e culturas citam dados semelhantes, demonstrando
que cinquenta por cento ou mais dos cristãos abraçaram a fé antes dos catorze anos de
idade.
Isso significa que para influenciar significativamente a vida espiritual de uma
pessoa, ela precisa ser alcançada quando ainda tem a mente aberta e impressionável de
uma criança (ibid., p.137).
Muitas pessoas, talvez a maioria pensam que a Igreja deve evangelizar os adultos,
e esses, a seus filhos. A evangelização de crianças se daria, assim, apenas no ambiente
doméstico, e a Igreja estaria livre desta preocupação. Todavia, por mais que possa
parecer, não é esta a perspectiva bíblica e tampouco é justo ou ético que grande parte da
população (as crianças) só venha a ouvir a Palavra se outra parte responder
favoravelmente à mesma, ou seja, se forem favoráveis a seus pais (DOHERTY, 2014, p.
25).
Passando em revista os tópicos anteriores, é possível encontrar clara demonstração
de que o enfoque bíblico a respeito das crianças é a de integrá-los no processo religioso,
tornando-as bem conscientes da existência pessoal de Deus e de qual é a sua vontade.
Vê-se isso claramente no Antigo Testamento, quando as crianças são incluídas no
momento da leitura da Lei e os pais são exortados a ensinar seus filhos a amar ao Senhor,
no próprio simbolismo pascal, celebração que instiga a criança a perguntar sobre Deus, o
rito e seu significado (Deuteronômio 31:9-13 e 6.3-9).
O apóstolo Paulo, cidadão erudito certamente entendia a importância de o
indivíduo ser ensinado nos caminhos de Deus desde cedo, pois ele mesmo vivera esta
experiência (Atos 22.3). Ao escrever a algumas Igrejas dá instruções a pais e filhos,
como na carta aos Efésios 6.1-4 e Colossenses 3.20,21. Pelo contexto dos versos, é
possível entender que estes filhos ao qual o apóstolo se refere não são aqueles que já
25
atingiram a maturidade, ou seja, ele deve estar se referindo a quem necessita ainda de
mais cuidados e orientações, pessoas não tão maduras ou já numa idade de serem
independentes totalmente (ibid., p.104).
É bem verdade que a bíblia não menciona um ministério específico para
contemplar a evangelização de crianças. Não obstante, ela também não desencoraja essa
prática. Ademais, as Escrituras não mencionam também ministérios específicos voltados
a jovens, mulheres ou idosos, e nem por isso a Igreja considera a possibilidade de se
omitir em relação a tais classes de pessoas. Mais uma vez surge a pergunta: por que
marginalizar as crianças da pregação do Evangelho?
É evidente, contudo, que quando se fala de evangelismo infantil não se cogita em
uma espécie de pregação da mesma forma que a ministrada a adultos. Há que se adaptar
a forma de diálogo para alcançar as diferentes faixas etárias que são o alvo desse
evangelismo, sem, todavia, substituir a verdade do Evangelho.
Considerando o que foi visto neste capítulo, é possível afirmar, sem sombra de
dúvida, que as crianças têm capacidade de ter fé, e muito embora seja uma fé simples, é
esta a que mais se aproxima da sabedoria (PAULA, 2016, p. 74).
Também é lógico pensar que se uma criança pode se perder, que ela possa ser salva;
se pode pecar, pode crer e receber a Palavra de Deus em seu coração (SPURGEON, 2004,
p. 97).
No evangelismo infantil, se deve lidar com todos os temas envolvidos, mas o
ensino precisa ser ministrado de forma a captar a atenção dos pequeninos e deve ser feito
com sabedoria e amor. A tarefa do evangelista de crianças é a de adverti-las e ensiná-las,
e não assustá-las e, por isso mesmo, o ministério infantil precisa de pessoas treinadas e
especializadas para seu serviço, com o coração disposto a dar sempre o seu melhor
(DOHERTY, 2014, p. 92).
A evangelização de crianças é, portanto, uma necessidade, um Mandamento e
uma oportunidade de fazer a obra do Senhor Jesus Cristo, agradando-o.
alcançada pelo Evangelho todos têm a ganhar: o próprio indivíduo que entrega sua vida a
Jesus Cristo; a Igreja, que cumpre sua missão e recebe essa pessoa; e até mesmo a
sociedade, que, no mínimo, será poupada de um comportamento pecaminoso em seu
seio.
latitudes 10 e 40, se estendendo desde o oeste da África até o sudeste da Ásia, passando
pelo Oriente Médio. A maior população desta população tem menos oportunidade de
ouvir o Evangelho (NÚCLEO DE APOIO CRISTÃO, 2020).
O que chama a atenção é que quase metade da população de cada um dos países
incluídos neste extenso campo missionário a ser alcançado é constituída de indivíduos
que estão também dentro da janela de receptividade de quatro a catorze anos.
Se a Igreja não investir nesse grupo social, dificilmente terá um resultado
promissor nessas regiões já dominadas por crenças concorrentes e até hostis à fé cristã.
Corrobora para esse argumento o relato que, dentro de tais áreas, nos lugares em que as
Igrejas estão crescendo, a maioria dos novos convertidos têm menos de dezoito anos de
idade e são tanto alvos quanto recursos para a missão (BREWSTER, 2015, p.188).
Nesse ponto é importante ressaltar que não é objetivo do presente trabalho
desmerecer a evangelização de adultos, pelo contrário. Não se faz aqui qualquer objeção
às mais diversas iniciativas nessa área, pois são todas vitais para o crescimento e
edificação da Igreja. Mas a evangelização infantil ainda precisa ser tão entendida e
praticada quanto à evangelização de adultos (SILVA, 1997, p. 43).
Ao passo que se tenha mais conhecimento e mais acesso sobre os fundamentos,
as vantagens e os desafios de evangelizar crianças, percebe-se que não existe lógica em
negligenciar um contingente tão grande de pessoas que possuem tão admirável potencial
de multiplicação, entre as quais comprovadamente se tem maior resultado. Qualquer
iniciativa comercial e ideológica percebe a vantagem de se investir no grupo das
crianças. Logo se inicia campanhas e propagandas que possam atraí-las.
Existe uma história que, segundo se conta, aconteceu com o famoso evangelista
Dwight L. Moody5. Ao ser questionado sobre como havia sido um encontro
evangelístico, o evangelista respondeu que duas pessoas e meia haviam sido salvas. O
interlocutor concluiu que dois adultos e uma criança haviam atendido o convite, mas foi
prontamente corrigido, pois a contagem fora invertida: duas crianças e um adulto haviam
5
Dwight L. Moody (1837-1899) foi um célebre ganhador de almas e um dos maiores evangelistas do Séc.
XIX, é admirado até hoje por sua eloquência em pregações que cativavam milhares de pessoas. Suas
mensagens continuam atuais e servem de inspiração para grandes pregadores de nossa época. (MOODY
BIBLE INSTITUTE, 2020).
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sabedoria.
Mesmo que todas as vantagens de evangelizar crianças não se concretizem de
forma imediata e muitas vezes o resultado no presente não seja percebido, o
investimento na infância ainda apresentará, certamente, retornos em longo prazo e que
certamente influenciarão muito positivamente a trajetória de vida de jovens, adultos e até
anciãos (ibid., p. 35).
Biblicamente, Moisés e Josué e não poucos outros personagens se preocuparam
em ensinar às crianças o caminho do que era direito com o fim de que as gerações
futuras continuassem servindo o Senhor (Deuteronômio 6.7; 11.19 e Josué 4.6-7).
Historicamente, grandes movimentos políticos e religiosos perceberam a
necessidade de se empenar em relação à próxima geração para promover e perpetuar
seus interesses.
O comunismo, o islamismo, o espiritismo e outros grupos se dedicaram em
doutrinar legiões de crianças com o fim de transcender à geração dos seus precursores e
alcançar seus objetivos.
Tudo indica que somente os cristãos evangélicos, em sua “grande omissão” em
relação ao Mandamento do Mestre, têm deixado de lado o potencial latente dos
pequeninos (BREWSTER, 2015, p.22).
São nas classes infantis que o evangelista de crianças tem à sua frente os futuros
missionários, os futuros pregadores, os futuros defensores do Evangelho. É apenas
através do investimento na nova geração que se pode esperar mudar a direção de uma
sociedade corrompida pelo pecado.
O futuro da Igreja também está, sob muitos aspectos, nas mãos das crianças.
Precisamos ganhar o coração das crianças do presente para gerar no futuro um maior
engajamento adulto na Obra de Deus (SPURGEON, 2004, p.66).
A Igreja possa se dar conta de que realmente vale a pena investir nas crianças,
considerando que o futuro está nas mãos delas, e que elas estão ao alcance da Igreja hoje,
a Igreja de certa forma tem seu próprio futuro em suas mãos. É uma responsabilidade e
uma grande oportunidade ser evangelizador infantil (DOHERTY, 2014, p. 33).
33
Difícil é encontrar uma comunidade cristã que não tenha ao menos um tipo de
atividade direcionada ao público infantil. Escola dominical, células de crianças, culto
mirim, etc. Todavia, nem todas essas Igrejas obtêm os resultados citados como vantagens
nesta monografia, apesar do esforço realizado.
A justificativa é bem simples: há um equívoco quanto à visão do que deve
significar e do que deve compreender o ministério infantil. É necessário que haja um
maior comprometimento com relação às ações voltadas para o público infantil nas
Igrejas. Investir tempo, oração, e capacitação fará com que os melhores frutos deste
trabalho sejam colhidos, assim como entender e buscar vencer os desafios aqui expostos.
Há um equívoco quanto à visão do que deve significar e do que deve
compreender o ministério infantil. O fato é que muitas vezes as crianças não são o foco
principal do próprio trabalho realizado com elas. A Igreja tão somente tenta usar elas
como meio para o fim de alcançar seus pais. Nesse caso, elas são geralmente vistas como
um estorvo, aqueles pequeninos que precisam ser entretidos enquanto o Evangelho é
anunciado para os adultos.
Esse tipo de ação vem da visão de que as crianças são insignificantes e
espiritualmente inferiores aos adultos, que são incapazes de entender e crer na pregação,
que não têm discernimento das coisas espirituais e, portanto, é perda de tempo lhes
anunciar as Boas Novas.
Pautada neste ponto de vista sobre o ministério infantil, é comum na comunidade
cristã serem colocadas pessoas “menos qualificadas” para trabalhar com as crianças; e/ou
pessoas com pouco entendimento bíblico e nenhum conhecimento sobre formas de
aprendizagem e comportamento infantil (BREWSTER, 2015, p.142).
Ligado a essa visão distorcida está outro grande problema: o desperdício do
tempo dispensado às crianças e o mau aproveitamento do tempo na Igreja, torna-se um
desafio a ser vencido. Não é raro encontrar reuniões onde não se ensina a Palavra de
Deus.
O tempo é gasto com atividades e brincadeiras diversas, histórias que muitas
vezes nem são bíblicas e jogos. Apesar de essas coisas serem eventualmente úteis para
um propósito maior, um ministério sério voltado à infância precisa usar o tempo
disponível com mais sabedoria, anunciando o Evangelho (DOHERTY, 2014, p. 66).
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mas as crianças usualmente são mais ousadas e por vezes destemidas. Isso pode fazer
delas crianças que compartilharão o serviço cristão com alegria. Essas características
intrínsecas a criança, como ser idealistas e sonhadoras, fazem delas boas evangelistas
ainda na tenra idade (ibid., p. 202).
Dessa forma, ao contrário do que muitos pensam, que deve se investir nos pais
para que os filhos sejam depois por eles ensinados, ou que se deve trazer as crianças aos
templos esperando que os pais os sigam, o ministério infantil se baseia na evangelização
das próprias crianças para que, sendo usadas pelo Espírito Santo, possam propagar o
Evangelho nos lares em que vivem.
Todos os desafios evidenciados aqui podem ser vencidos mediante a fé, o
comprometimento com o trabalho de evangelização infantil e o seu aperfeiçoamento sendo
buscado constantemente.
CONCLUSÃO
Evangelho seja anunciado a todas as pessoas, e as crianças fazem parte desse grupo. O
evangelismo de crianças se torna, dessa forma, uma tarefa tão necessária e obrigatória
para a Igreja quanto qualquer outra de suas atividades.
Cumprindo sua missão, a Igreja poderá obter as enormes vantagens relacionadas
ao ministério infantil, sobre as quais tratou o terceiro capítulo do presente trabalho,
sendo que a primeira delas é a de ter um retorno proporcionalmente maior do esforço
despendido na obra de evangelização. As crianças são mais suscetíveis a aceitar a
Palavra do que os adultos.
Além disso, quando se decidem por Jesus Cristo, elas têm a vida inteira para
dedicar a Deus, ou seja, não apenas serão poupadas de muitos sofrimentos por conta das
más escolhas que um indivíduo longe dos caminhos do Senhor pode fazer, mas também
serão abençoadas pelas escolhas corretas que farão durante sua jornada e se tornarão em
agentes multiplicadores da mensagem do Reino.
Essa multiplicação produzida pelas crianças, não apenas se dará no futuro, no
longo prazo. Aí certamente se dará, pois um indivíduo cujos valores são pautados pela
Bíblia seguramente se tornará um cidadão melhor e garantirá a continuidade da Igreja. A
evangelização infantil sempre irá impactar as gerações futuras, mas a criança possui, de
forma latente, o poder de multiplicar mesmo ainda na infância. Muitas famílias são
alcançadas por conta do testemunho de crianças que sinceramente entregaram sua vida
ao Salvador.
Todavia, não é só de um grande universo e de grandes vantagens que o ministério
infantil vive. Ele também possui grandes desafios e grandes responsabilidades.
Talvez o maior desafio, que impede que o trabalho de crianças em uma
comunidade atinja o seu pleno potencial, é o de adequar a visão da Igreja ao ministério
infantil em si. Geralmente por conta de uma interpretação teológica distorcida ou
equivocada, o trabalho com os pequeninos não é visto como prioritário, e até mesmo é
encarado como perda de tempo e atrapalho. Certamente não é esse o conceito bíblico
sobre o tema, mas é a triste realidade, muito comum de encontrar, na qual os obreiros
menos qualificados são colocados a realizar a tarefa, onde não há investimentos em
ambiente, material ou planejamento, e onde não se busca evangelizar as crianças, e sim
entretê-las.
A visão das Igrejas em relação à evangelização infantil precisa ter o foco nas
crianças como indivíduos, exige investimentos, inclusive financeiros, e necessita de
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pessoas bem preparadas para lidar com as mais diversas situações que se apresentam
nesse meio, como também para poder comunicar a Palavra divina em uma linguagem
acessível à faixa etária para a qual se dirige.
Outro grande desafio é a questão do desenvolvimento integral da criança, que é
alvo da ação evangelística. Muito comum no meio cristão é a tendência de atender tão
somente às necessidades espirituais dos indivíduos, mas a Igreja precisa se dar conta de
que a pessoa não é um ser apenas espiritual, ele tem outras facetas que precisam também
de atenção.
Tal fato é ainda mais evidente na infância, pois muitas vivem em situações de
pobreza, abuso e todo o tipo de necessidade. Muitas das crianças alcançadas pelo
ministério infantil até habitam em meio a uma sociedade hostil ao cristianismo, ou num
lar cuja conjuntura torna difícil a prática cristã. Nesses ambientes os pequeninos não
conseguem desenvolver plenamente nenhum de seus potenciais, nem mesmo o espiritual.
Cumpre à Igreja, então, se engajar na tarefa social e prestar a assistência necessária para
que a criança possa romper o ciclo de pecado e pobreza no qual está inserido e tornar-se
o indivíduo que Deus planejou que fosse.
Quanto àquelas crianças que tiveram a bênção de nascer ou crescer em uma
família cristã, o grande desafio que surge é o de consolidar a sua fé, criando um
ambiente no qual os pequeninos cresçam desejosos de seguir o mesmo Senhor de seus
pais, conhecendo sua Palavra desde cedo, aceitando o Evangelho e desenvolvendo suas
próprias experiências com Deus.
A Igreja deve ajudar os pais e o ministério infantil a trabalhar em sinergia nesse
caso, de modo que as verdades bíblicas não sejam apenas pregadas, mas vividas no lar.
Que as crianças possam abraçar a fé cristã por verem seus preceitos funcionando na
prática, no dia a dia.
Todas essas grandezas relacionadas à evangelização infantil poderiam ter ainda
mais cores caso fosse possível apurar maiores dados quanto à participação e quem são as
crianças atendidas pelos ministérios infantis nas Igrejas brasileiras, bem como se
houvesse como apurar o montante dos investimentos realizados pelos pentecostais da
nação na área.
Evidenciou-se neste trabalho a enorme responsabilidade que a Igreja possui em
relação às crianças, ao mostrar que o campo missionário infantil é muito vasto, o
potencial das crianças é amplo, as vantagens de investir nelas são grandes e os desafios
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reais. A ideia de perder qualquer um desses pequeninos às chamas eternas é uma ideia
extremamente aterradora.
Que Deus ajude a todos aqueles que dispuserem seu coração em trabalhar nesta
área. Que Deus desperte as lideranças para que enxerguem as possibilidades que este
ministério oferece. Que Deus abençoe a todas as crianças com discipuladores dispostos a
investir nelas o seu tempo e recursos. Que essas crianças sejam salvas e transformem a
realidade desse mundo tenebroso ora presente.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Medeiros. 3ªed. A Bíblia e as Crianças... [et al.]. Campinas: Batista Independente,
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Hagnos, 2006.
11. PAULA, Nádia. Pequenos Experientes, Grandes experiências Série II. Kirios
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14. VINE, W. E., UNGER, Merril F., WHITE JR., Willian. Dicionário Vine, O
Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo
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16. WOS, Wesley. 7Seven - sete princípios da adoração. 1.ed. São Paulo: ATRIO
Editora, 2012.
REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS
<https://www.nucleodeapoiocristao.com.br/estudos/missoes/janela10_40.html>
Acesso em: 10 Set. 2020.