Marshall inicia seu o capítulo analisando a teoria do economista Alfred Marshall (A.M.), que é
o responsável pelo ensaio The Future of the Working Classes, no qual analisa a questão da
igualdade social sob uma perspectiva econômica: O problema, segundo A.M., não é se todos
os homens serão iguais, mas se o progresso [econômico] pode prosseguir firmemente até que
todo homem seja um cavalheiro (disponibilidade de recursos etc.), em que o Estado arca-se
com o custo de oferecer educação universal e a eliminação do trabalho pesado o termo
“cavalheiro” designa o ideal de um cidadão, um indivíduo civilizado.
Para Marshall, os trabalhadores estão incorporando outros valores além do trabalho pesado
em sua vida, como educação e lazer, isto é, estão se tornando cada vez mais cavalheiros. Tais
condições não devem ser confundidas com as ideias do socialismo, pois elas preservariam os
elementos fundamentais do mercado livre + “a desigualdade do sistema de classes sociais
pode ser aceitável desde que a igualdade de cidadania seja reconhecida”.
O autor divide o conceito de cidadania em três partes: civil, política e social. O elemento civil é
composto dos direitos necessários à liberdade individual + direito à justiça; o elemento político
diz respeito a participação no exercício do poder político; e o social “se refere a tudo o que vai
desde o direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de participar”.
“A cidadania é um status concedido àqueles que são membros integrais de uma comunidade.
Todos aqueles que possuem o status são iguais com respeito aos direitos e obrigações
pertinentes ao status. [...] A CIDADANIA SE DESENVOLVEU PELO ENRIQUECIMENTO DO
CONJUNTO DE DIREITOS DE QUE ERAM CAPAZES DE GOZAR. MAS ESSES DIREITOS NÃO
ESTAVAM EM CONFLITO COM AS DESIGUALDADES DA SOCIEDADE CAPITALISTA; ERAM, AO
CONTRÁRIO, NECESSÁRIOS PARA A MANUTENÇÃO DAQUELA DETERMINADA FORMA DE
DESIGUALDADE”. *A explicação reside no fato de que o núcleo da cidadania se compunha de
direitos civis, até então.
Mesmo com a não redução da desigualdade social no final do século XIX, a cidadania
constituída até o momento ajudou a guiar o processo para o caminho que conduziria
diretamente às políticas igualitárias do século XX.