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T. S. Marshall. Cidadania, classe social e status.

Capítulo “Cidadania e Classe Social” – Parte 1


(p. 57-86).

*Trata-se de um estudo empírico sobre o desenvolvimento da cidadania na Inglaterra.

Marshall inicia seu o capítulo analisando a teoria do economista Alfred Marshall (A.M.), que é
o responsável pelo ensaio The Future of the Working Classes, no qual analisa a questão da
igualdade social sob uma perspectiva econômica: O problema, segundo A.M., não é se todos
os homens serão iguais, mas se o progresso [econômico] pode prosseguir firmemente até que
todo homem seja um cavalheiro (disponibilidade de recursos etc.), em que o Estado arca-se
com o custo de oferecer educação universal e a eliminação do trabalho pesado o termo
“cavalheiro” designa o ideal de um cidadão, um indivíduo civilizado.

Para Marshall, os trabalhadores estão incorporando outros valores além do trabalho pesado
em sua vida, como educação e lazer, isto é, estão se tornando cada vez mais cavalheiros. Tais
condições não devem ser confundidas com as ideias do socialismo, pois elas preservariam os
elementos fundamentais do mercado livre + “a desigualdade do sistema de classes sociais
pode ser aceitável desde que a igualdade de cidadania seja reconhecida”.

O autor divide o conceito de cidadania em três partes: civil, política e social. O elemento civil é
composto dos direitos necessários à liberdade individual + direito à justiça; o elemento político
diz respeito a participação no exercício do poder político; e o social “se refere a tudo o que vai
desde o direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de participar”.

Inicialmente, as três categorias estavam unidas, os direitos se confundiam porque as


instituições misturadas (na Idade Média, por exemplo, a participação no espaço público era
mais um dever do que um direito). Quando eles se separam, cada um passa a ter uma
particularidade: direitos civis no século XVIII, os políticos no XIX, e por fim os sociais no século
XX  destaque ao papel dos tribunais de justiça na promoção desses elementos e o conceito
de herança social, associada com a ideia de memória e identidade.

História/evolução de cada elemento: Direitos Civis  “formação é caracterizada pela adição


gradativa de novos direitos a um status já existente e que pertencia a todos os membros
adultos da comunidade”; Direitos Políticos  “não se constituiu na criação de novos direitos
para enriquecer o status já gozado por todos, mas na doação de velhos direitos a novos
setores da população”; Direitos Sociais  desenvolveram-se com um entrelaçamento ao
direito político, sendo ponto principal a questão da Poor Law, que tratava as reivindicações dos
pobres não como uma parte integrante de seus direitos de cidadão, mas como uma
alternativa.

A EDUCAÇÃO É UM PRÉ-REQUISITO NECESSÁRIO DA LIBERDADE CIVIL  passo decisivo para o


estabelecimento dos direitos sociais.

Objetivo principal: O impacto da cidadania sobre a desigualdade social.

“A cidadania é um status concedido àqueles que são membros integrais de uma comunidade.
Todos aqueles que possuem o status são iguais com respeito aos direitos e obrigações
pertinentes ao status. [...] A CIDADANIA SE DESENVOLVEU PELO ENRIQUECIMENTO DO
CONJUNTO DE DIREITOS DE QUE ERAM CAPAZES DE GOZAR. MAS ESSES DIREITOS NÃO
ESTAVAM EM CONFLITO COM AS DESIGUALDADES DA SOCIEDADE CAPITALISTA; ERAM, AO
CONTRÁRIO, NECESSÁRIOS PARA A MANUTENÇÃO DAQUELA DETERMINADA FORMA DE
DESIGUALDADE”. *A explicação reside no fato de que o núcleo da cidadania se compunha de
direitos civis, até então.

Mesmo com a não redução da desigualdade social no final do século XIX, a cidadania
constituída até o momento ajudou a guiar o processo para o caminho que conduziria
diretamente às políticas igualitárias do século XX.

“A CIDADANIA EXIGE UM ELO DE NATUREZA DIFERENTE, UM SENTIMENTO DIRETO DE


PARTICIPAÇÃO NUMA COMUNIDADE BASEADO NUMA LEALDADE A UMA CIVILIZAÇÃO QUE É
UM PATRIMÔNIO COMUM”.

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