Secretária Editorial:
Joana D´Arc Meireles
Editor:
Emilio Fernandes Junior
Revisão:
Mauren Julião
T689m
200 CDD
263/266 CDU
Esta obra tem como base a revista Em Marcha METODISMO: Origem e Desenvolvimento, publicada em
1999 - 2º quadrimestre, através da Coordenação Nacional de Ação Docente, para Adultos das Escolas
Dominicais, sob responsabilidade do Colégio Episcopal da Igreja Metodista.
Referências................................................................................................... 93
O METODISMO:
ORIGEM E
DESENVOLVIMENTO
C onclusão
Em todo o tempo, mas especialmente em meio a crises e mudanças
profundas, Deus manifesta-se, convocando homens e mulheres para co-
laborarem com Ele na promoção da vida e da santidade. Assim ocorreu
desse incidente. Alguns falam, inclusive, num verdadeiro fiasco! Por isso,
é preciso analisar o que, de fato, ocorreu.
João Wesley deixou a Inglaterra em fins de 1735, enfrentando, pela
primeira vez, os perigos do mar que, desde a meninice, ele havia te-
mido. Numa correspondência, datada pouco antes de sua partida, ele
revelou as suas intenções naquele momento: “Meu principal objetivo é a
esperança de salvar minha própria alma. Espero compreender o verdadeiro
sentido do Evangelho de Cristo, pregando-o aos pagãos...”. Wesley acre-
ditava, sinceramente, que os indígenas pudessem, como crianças, ou seja,
sem opiniões preconcebidas, acolher a mensagem cristã na sua simplici-
dade. Porém, já em seus primeiros contatos com nativos, tais ideias foram
se desfazendo. Atos de violência, desrespeito pela cultura, e mecanismos
de exploração praticados pelos colonos europeus, identificados pela pro-
fissão de fé cristã, predispunham aqueles corações a se afastarem o quanto
pudessem do Evangelho.
Em certa ocasião, um chefe indígena declarou: “Os cristãos mentem,
roubam e espancam os homens. Eu não quero ser cristão”. Diga-se de
passagem que o próprio navio em que Wesley e seus companheiros ha-
viam embarcado, trouxera barris de aguardente para “presentear”, isto é,
corromper os nativos. Esses acontecimentos, somados aos poucos contatos
que Wesley conseguiu estabelecer com os primeiros habitantes do conti-
nente, deixaram um saldo desfavorável. Aliás, ele não hesitou em empregar
expressões como “glutões, beberrões, ladrões, mentirosos” e outras mais
graves, para descrevê-los. O que Wesley não compreendeu, naquela situa-
ção, foi a total incompatibilidade entre a missão evangelizadora e o projeto
colonialista de dominação. Posteriormente, com veemência profética , ele
condenaria a ação dos ingleses: “também nossos compatriotas têm brincado
com sangue, exterminando nações inteiras, e com isso provando eloquen-
temente qual o espírito que habita e opera nos filhos da desobediência”
(Sermão: Advertência Contra o Sectarismo, I, 10).
De qualquer modo, as dificuldades em aproximar-se dos nativos obriga-
riam Wesley a repensar os seus planos iniciais. Além disso, o atendimento
pastoral aos colonos em Savannah e, mais tarde, em Frederic, consumia
C onclusão
A passagem pela Geórgia deixou marcas profundas em Wesley. Ele teve
a oportunidade de colocar em prática as suas concepções sobre a vida cristã,
agora, como missionário e pastor, numa realidade social bastante diferente
daquela que conhecera na Inglaterra. Obteve um êxito relativo, porém,
mergulhou numa grave crise, envolvendo tensões pessoais e políticas.
Muitos de seus planos não saíram de sua mente. Em compensação, as
suas convicções foram duramente provadas.
Depois da experiência na Geórgia, Wesley desenvolveu uma visão
mais clara do que havia em seu coração (Dt 8.2). Também encontrou
novos amigos que o acompanhariam em sua busca de santidade. Wesley
cresceu em seu autoconhecimento. O sofrimento trouxe-lhe maturidade
e fortaleceu a sua fé!
Jesus se faz presente como Aquele que se junta a nós em nossa Jornada
(Lc 24.15-16); na proclamação da Palavra (Lc 24.32); na partilha do
pão que celebra a comunhão na mesma fé e no mesmo ideal (Lc 24.30-31)!
C onclusão
Em sua trajetória, no ano de 1738, Wesley refez o caminho dos viajan-
tes de Emaús. Repetiu a passagem da tristeza para o júbilo, do desânimo para
o alento, da morte para a vida. Foi a presença do Senhor na solidariedade
dos que se juntaram a ele, no estudo da Palavra e na celebração da vida e da
comunhão, sobretudo partilhando o pão, que possibilitou essa transforma-
ção e a vitória sobre a crise. Como aqueles discípulos, Wesley sentiu o seu
coração arder e, superando a excessiva preocupação com a própria salvação,
descobriu que a santidade desejada por Deus passa sempre pelo próximo.
C onclusão
Alguns detalhes da prática wesleyana parece que ficaram perdidos pelo
caminho do esquecimento ao longo dos anos de nossa história. Diante
disso, a finalidade maior de uma pesquisa é procurar a verdade original
daquilo que se estuda. Nesse caso, ao tirar a poeira depositada sobre a his-
tória de João Wesley, descobrimos ensinos e práticas valiosas para nós hoje.
Primeiro: de origem, o metodismo praticou a fé popular: seja na
evangelização popular de massa, seja na edução cristã (especialmente
entre as crianças de rua), seja no esforço ecumênico para o bem-estar
das pessoas, seja na preocupação com prisioneiros, seja na missão entre
trabalhadores. A história nos deixa a convicção de que Wesley dedicou-se,
principalmente, a levar as boas novas ao povo carente de seu tempo. Esta
preferência ele também encontrou na Bíblia.
Segundo: o metodismo primitivo nos revela uma surpreendente preo-
cupação pela defesa da dignidade humana. Em defesa dos direitos de
vida que cada ser humano possui, Wesley mostrou-se aberto ao diálogo e
disposto a caminhar junto com os homens e mulheres pacificadores. Esta
é uma herança que ninguém poderá esconder ou eliminar.
Terceiro: também não se pode arrancar do metodismo sua característica
pela busca de santificação. Wesley chegou a estabelecer um novo conceito
de santificação: só se alcança a santidade pela prática do amor ao próximo.
A verdade é que Wesley ressalta a importância do andar com Deus e conhe-
cê-lo de perto. Para ele, não bastava interpretar as Escrituras com perfeição
e acerto, era também necessário conhecer bem de perto o Senhor que inspi-
rou a formação desse livro. Isso, também, ele aprendeu no estudo da Bíblia.
I. E vangelismo dinâmico
A certeza, a segurança, a alegria e o gozo da fé fizeram do povo me-
todista um grupo de evangelistas dinâmicos. A grande bênção do amor
divino revelado e experimentado de forma pessoal e comunitária seria
partilhada através do testemunho cristão.
A ação evangelizadora foi uma ação de amor – amor a Deus e ao pró-
ximo – expressa das mais diversas formas, procurando levar o poder
do Evangelho às pessoas e à sociedade como um todo.
C onclusão
Observamos a evangelização dinâmica na vida e ministério Jesus. Ao
mesmo tempo que as pessoas eram tocadas por suas palavras e se arre-
pendiam, eram estimuladas a ir, anunciar e servir a outras pessoas. Isto
ocorreu com Zaqueu (Lc 19.1-19), com a mulher samaritana (Jo 4.1-18),
com o apóstolo Paulo (At 9.1-19) e com muitos outros homens e mulheres.
Precisamos enfatizar uma evangelização que destaque a conversão a Jesus
Cristo e que transforme as pessoas em servos e servas dispostos a promo-
ver mudanças, tanto em suas vidas como na sociedade em que vivem. Esta
é a visão de um evangelismo integral que precisamos ter, repartir e praticar.
É importante lembrar que a ação missionária do metodismo, desde
a Inglaterra, inclui o anúncio da Palavra, o ensino e a responsabilidade
social, que envolve o socorro, a preservação da natureza, a promoção da
vida de forma integral. Estes três aspectos são indissociáveis.