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Nos termos do art. 37, "caput" da CF, a Administração Pública deve observar os princípios da
legalidade, da moralidade, da publicidade, da impessoalidade e da eficiência. Eis decisões
selecionadas do STF sobre o tema:
1. "Cláusula que determina que conste nos comunicados oficiais o custo da publicidade
veiculada. Exigência desproporcional e desarrazoada, tendo-se em vista o exagero dos
objetivos visados. Ofensa ao princípio da economicidade (CF, artigo 37, caput)." (ADI
2.472-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 22/11/04)
3. “Não cabe ao Banco do Brasil negar, ao Ministério Público, informações sobre nomes
de beneficiários de empréstimos concedidos pela instituição, com recursos subsidiados
pelo erário federal, sob invocação do sigilo bancário, em se tratando de requisição de
informações e documentos para instruir procedimento administrativo instaurado em
defesa do patrimônio público. Princípio da publicidade, ut art. 37 da Constituição." (MS
21.729, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 19/10/01)
4. "Os princípios gerais regentes da Administração Pública, previstos no art. 37, caput, da
Constituição, são invocáveis de referência à administração de pessoal militar federal ou
estadual, salvo no que tenha explícita disciplina em atenção às peculiaridades do
serviço militar." (ADI 1.694-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ 15/12/00)
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9. "Princípios constitucionais: CF, art. 37: seu cumprimento faz-se num devido processo
legal, vale dizer, num processo disciplinado por normas legais. Fora daí, tem-se
violação à ordem pública, considerada esta em termos de ordem jurídico-constitucional,
jurídico-administrativa e jurídico-processual." (Pet 2.066-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso,
DJ 28/02/03)
12. “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de ilegalidade (Súm.
473), não podendo ser invocado o princípio da isonomia com o pretexto de se obter
benefício ilegalmente concedido a outros servidores.” (AI 442.918-AgR, Rel. Min.
Sepúlveda Pertence, DJ 04/06/04)
1 - A EC 19/98, ao alterar o art. 39, § 1º, da CF, suprimiu a isonomia como critério de
remuneração no serviço público e que, por essa razão, o Supremo tem reconhecido a
inconstitucionalidade das normas que estabelecem a paridade de vencimentos entre servidores
públicos ocupantes de cargos de natureza distinta. A vinculação da remuneração dos
Secretários de Estado à dos Deputados Estaduais não configura direito adquirido, tendo em
conta a jurisprudência consolidada da Corte no sentido de não haver direito adquirido a regime
jurídico. RE 171241/SC, rel. orig. Min. Ilmar Galvão, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,
19.8.2009. (RE-171241)
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3 - O STJ tem o entendimento pacífico de que o servidor público tem direito adquirido à
manutenção das vantagens pessoais adquiridas em um determinado cargo público e
transpostas para outro cargo também público. O último exemplo é a gratificação de encargos
especiais (derivada de ato de bravura) dos integrantes do Corpo de Bombeiros Militar e da
Polícia Civil, justamente os cargos ocupados sucessivamente pelo impetrante recorrente, daí
ele fazer jus à manutenção daquela gratificação. Precedentes citados: RMS 22.331-DF, DJ
22/10/2007; AgRg no RMS 20.891-DF, DJ 21/8/2006, e RMS 20.850-DF, DJ 1º/8/2006. RMS
19.199-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/10/2009.
A responsabilidade civil – a obrigação de reparar o dano causado a alguém – não está restrita
à pessoa física. Com a formação da sociedade e, consequentemente, do Estado, não raras
vezes o próprio ente público passou a ser responsável pelos danos causados. É a
responsabilidade civil do estado, o mecanismo de defesa que o indivíduo possui perante o
Estado, ou seja, a forma de o cidadão assegurar que todo direito seu que tenha sido lesionado
pela ação de qualquer servidor público no exercício de suas atividades seja ressarcido. Pela
natureza da causa, é comum que esse tipo de reclamação venha a ser apreciado pelo Tribunal
da Cidadania.
O direito a esse ressarcimento está assegurado na própria Constituição Federal. O artigo 37,
que vincula a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios à obediência aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, determina literalmente que “as pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
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pela falta de agir do ente público. É disso que trata decisão individual do ministro Luiz Fux em
um recurso (Ag 1192340) envolvendo pedido de indenização contra o município por danos
materiais e morais, em razão de queda de placa de sinalização de trânsito, atingindo o teto de
um automóvel. O ministro destacou farta jurisprudência do STJ no sentido de que, em se
tratando de conduta omissiva do Estado, a responsabilidade é subjetiva e, neste caso, deve ser
discutida a culpa estatal.
A discussão começou em uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal contra
a União e algumas companhias de extração de carvão, bem como seus sócios. A CSN e o
Estado de Santa Catarina passaram a compor o pólo passivo. O objetivo: a recuperação da
região sul de Santa Catarina, atingida pela poluição causada pelas empresas mineradoras. O
recurso contestava a condenação de todos os envolvidos a implementar, em seis meses,
projeto de recuperação da região, com cronograma de execução para três anos, com multa
mensal de 1% sobre o valor da causa no caso de atraso; obrigação de ajuste das condutas às
normas de proteção ao meio ambiente, no prazo de 60 dias, sob pena de interdição.
Concedeu-se a antecipação dos efeitos da tutela, decisão mantida em segundo grau.
Em decisão inédita, o STJ concluiu existir responsabilidade solidária entre o poder público e as
empresas poluidoras, ou seja: todos respondem pela reparação. A estimativa inicial do MPF
era que o valor da causa alcançasse a cifra de US$ 90 milhões. O relator considerou que a
União tem o dever de fiscalizar as atividades de extração mineral, de forma que elas sejam
equalizadas à conservação ambiental. O ministro considerou também que a busca por
reparação ou recuperação ambiental pode ocorrer a qualquer momento, pois é imprescritível.
Desde 2004, o STJ reconhece a legitimidade do MP para exigir reparação do meio ambiente.
Em decisão também da Segunda Turma (REsp 429570), a ministra Eliana Calmon determinou:
“Comprovado tecnicamente ser imprescindível, para o meio ambiente, a realização de obras de
recuperação do solo, tem o Ministério Público legitimidade para exigi-la”. O caso envolvia uma
ação civil pública ajuizada pelo MP de Goiás visando obrigar o Município de Goiânia a
promover obras de recuperação da área degradada por erosões nas vilas Maria Dilce e
Cristina, que estariam causando danos ao meio ambiente e riscos à população circunvizinha. A
Turma deu provimento ao recurso, ordenando à Administração providenciar imediatamente as
obras necessárias à recomposição do meio ambiente.
Não apenas indústrias poluindo rios e navios petroleiros vazando óleo no mar são motivo de
pedidos de indenização. O mau acondicionamento do lixo pela Prefeitura também implica o
dever de reparar. Um recurso (REsp 699287) em cima de uma ação civil pública de
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improbidade ajuizada pelo MP contra o ex-prefeito acreano chegou ao STJ. A ação discutia o
fato de ter sido ordenado que o lixo coletado na cidade fosse depositado em área totalmente
inadequada (situada nos fundos de uma escola municipal e de uma fábrica de pescados), de
modo que tal ato, por acarretar grandes danos ao meio ambiente e à população das
proximidades. Por determinação do STJ, a ação contra o ex-prefeito vai prosseguir.
Em 2007, 14 anos depois da chacina de Vigário Geral, o tribunal garantiu a um policial militar,
preso indevidamente por mais de dois anos por suposta participação no crime, indenização do
Estado do Rio de Janeiro. O policial foi absolvido por insuficiência de indícios de sua
participação no crime sem sequer ser pronunciado em juízo. O Tribunal, seguindo o
entendimento do ministro Luiz Fux, reconheceu a responsabilidade objetiva do Estado e
restabeleceu a indenização fixada em sentença e posteriormente reformada em segundo grau.
O policial recebeu R$ 100 mil – corrigidos monetariamente – a título de danos morais (REsp
872630).
Também foi por prisão indevida o caso considerado o mais grave de responsabilidade civil do
Estado pelos ministros do STJ. O tribunal garantiu, em 2006, uma indenização de R$ 2 milhões
por danos morais e materiais a um cidadão mantido preso ilegalmente por mais de 13 anos no
presídio Aníbal Bruno, em Recife (PE). Para o Tribunal da Cidadania, foi o mais grave atentado
e violação aos direitos humanos já visto na sociedade brasileira, um caso de extrema crueldade
a que foi submetido um cidadão pelas instituições públicas. “É o caso mais grave que já vi”,
assinalou a ministra Denise Arruda: “Mostra simplesmente uma falha generalizada do Poder
Executivo, do Ministério Público e do Poder Judiciário. O valor, alto para os padrões do tribunal,
foi mantido pelo STJ que considerou a situação “excepcionalíssima”, por ser um dos mais
longos sofrimentos que o Estado impôs a um cidadão.
Nesse sentido, o STJ já garantiu o direito da família à indenização pela morte de detentos tanto
custodiados em delegacia quanto em penitenciárias, mesmo em caso de rebelião (Ag 986208),
também reconheceu a legitimidade de irmã de detento morto no estabelecimento prisional para
propor ação de indenização (REsp 1054443). Além disso, a responsabilidade civil do Estado
nos casos de morte de pessoas custodiadas é objetiva, portanto, não é necessário determinar
audiência para colheita de prova testemunhal cujo objetivo seria demonstrar a ausência de
culpa do Estado (REsp 1022798).
A queda de uma criança de quatro anos do terceiro andar de uma escola municipal obrigou o
município do Rio de Janeiro Estado a indenizar a família pela perda, tanto, materialmente,
quanto moralmente, em R$ 80 mil. A menina deixava a sala de aula em fila com os demais
alunos no momento do acidente e não resistiu à queda. O STJ garantiu que o pagamento fosse
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também a cada um dos avós da criança, assim como a seus pais (REsp 1101213). Para o
ministro Castro Meira, relator do caso na Segunda Turma, o Direito brasileiro não especifica
quais parentes podem ser afetados pela situação. A seu ver, cabe ao magistrado avaliar, em
cada caso, a razoabilidade da compensação devida pelo sofrimento decorrente da morte. Por
isso, os avós poderiam figurar como requerentes da indenização por danos morais.
Também foi garantida pensão mensal aos pais aplicando a jurisprudência do Tribunal no
sentido de que é devida a indenização por danos materiais em razão de morte ou lesão
incapacitante de filho menor, independentemente de exercício efetivo de trabalho remunerado
pela vítima. Nesses casos, a pensão deve ser fixada baseada nos limites legais de idade para
exercício do trabalho e também na data provável de constituição de família própria da vítima,
quando se reduz sua colaboração em relação ao lar original.
O Tribunal também garantiu indenização a uma família devido ao falecimento da filha menor,
que, diagnosticada por médico plantonista em hospital municipal, foi encaminhada para casa,
mas, dois dias após, constatou-se erro na avaliação anterior, vindo a menor a falecer em
decorrência de infecção generalizada (REsp 674586).
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Ponderação
O STJ tem se valido da técnica de ponderação de princípios para solucionar o conflito. A
decisão sobre qual lado da balança deve ter maior peso sempre ocorre de forma casuística, na
análise do caso concreto, processo por processo. Ou seja, não há uma fórmula pronta: em
alguns casos vencerá o direito à informação; em outros, a proteção da personalidade.
O que norteia a aplicação desses princípios e a escolha de um ou outro direito é
o interesse público da informação. Se uma notícia ou reportagem sobre determinada
pessoa veicula um dado que, de fato, interessa à coletividade, a balança tende para a liberdade
de imprensa.
Se uma pessoa é prejudicada por uma notícia que se restringe à sua vida privada, haverá
grande chance de ela obter indenização por ofensa à honra ou à intimidade. Prevalece, neste
caso, o entendimento de que, embora seja relevante, o direito à informação não é uma
garantia absoluta.
Nesse sentido, uma decisão da Quarta Turma proferida em dezembro de 2007 é
paradigmática: “A liberdade de informação e de manifestação do pensamento não constitui
direitos absolutos, sendo relativizados quando colidirem com o direito à proteção da honra e da
imagem dos indivíduos, bem como ofenderem o princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana”, escreveu o ministro Massami Uyeda, relator do recurso em questão (Resp
783.139).
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O caso analisado pela Terceira Seção é um mandado de segurança apresentado por uma
procuradora federal. Na carreira desde 2000, ela pretendia ser incluída em listas de promoção
e progressão retroativas aos exercícios de 2001 e 2002, antes, pois, de transcorridos os três
anos de efetivo exercício no cargo público.
Inicialmente, apresentou pedido administrativo, mas não obteve sucesso. Para a administração,
ela não teria cumprido os três anos de efetivo exercício e, “durante o estágio probatório, seria
vedada a progressão e promoção” nos termos da Portaria n. 468/05 da Procuradoria-Geral
Federal, que regulamentou o processo de elaboração e edição das listas de procuradores
habilitados à evolução funcional.
A procuradora ingressou com mandado de segurança contra o ato do advogado-geral da
União, cujo processo e julgamento é, originariamente, de competência do STJ (artigo 105, III, b,
CF). Argumentou que estágio probatório e estabilidade seriam institutos jurídicos distintos cujos
períodos não se vinculariam, razão pela qual teria direito à promoção.
Nesse ponto, o ministro Fischer destacou que, havendo autorização legal, o servidor
público pode avançar no seu quadro de carreira, independentemente de
se encontrar em estágio probatório.
Ocorre que essa não é a situação da hipótese analisada, já que a Portaria PGF n. 468/05
restringiu a elaboração e edição de listas de promoção e progressão aos procuradores federais
que houvessem findado o estágio probatório entre 1º de julho de 2000 e 30 de junho de 2002.
Em conclusão, o mandado de segurança foi negado pela Terceira Seção.
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do Brasil seja parte. O Pacto de São José da Costa Rica, entendido como um tratado
internacional em matéria de direitos humanos, expressamente, só admite, no seu bojo, a
possibilidade de prisão civil do devedor de alimentos e, conseqüentemente, não admite mais a
possibilidade de prisão civil do depositário infiel.” (HC 88.240, Rel. Min. Ellen Gracie,
julgamento em 7-10-08, DJE de 24-10-08).
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art. 224, a, do CP, e a ela a referida lei não faz a mínima referência. E, sem previsão legal,
obviamente não existe fato típico, proibida a analogia contra o réu. Com esses argumentos,
entre outros, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu a ordem para
desconstituir a decisão que condenou o paciente como incurso nas penas do art. 213 do CP,
absolvendo-o sob o fundamento de que os fatos a ele imputados não configuram, na espécie,
crime de estupro com violência presumida.”
*Notas do professor Alberto Louvera (ACP) sobre o caso:
Há uma tendência, já bastante avançada, no Superior Tribunal de Justiça de não mais
considerar como crime de estupro ou atentado violento ao pudor, a conjunção carnal ou a
prática de qualquer ato libidinoso diverso desta com pessoa menor de 14 e maior de 12 anos.
Preste atenção na evolução desse pensamento. A questão aqui tratada também está sendo
amadurecida no Supremo Tribunal Federal, há alguns anos. Todavia, a realidade ainda é
a de que a menoridade (14 anos) da vítima faz nascer uma presunção de
violência.
Quanto ao fato da corte não considerar hediondo os crimes de estupro e atentado violento ao
pudor praticado contra pessoa menor de 14 anos (ou num futuro próximo, 12 anos), guardo as
minhas reservas. Não precisava o legislador referir-se expressamente ao artigo 224 do Código
Penal quando da redação do artigo 1º. Inciso V da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, pois,
esta, como o próprio nome diz, é presumida. Se tais delitos são considerados hediondos diante
da violência real ou grave ameaça, aquela (violência real) se presume quando se tratar de
vítima menor de 14 anos.
Mas, de uma forma ou de outra, o caminho trilhado pelos tribunais superiores não deixa de
representar um avanço na interpretação das leis vigentes: a prática de ato libidinoso ou de
conjunção carnal com menor de 18 e maior de 12 anos, não deve ser considerado crime. O
ruim é que estas decisões não vinculam os tribunais inferiores e muitos menos os juízes de
primeiro grau e por esta razão muitos acusados continuarão sendo condenados por fatos dessa
natureza e deverão ingressar com os recursos cabíveis até o STJ, onerando o Estado e
emperrando o já lento Poder Judiciário. Vamos torcer para que o STF edite uma súmula
vinculante, neste ou naquele sentido, isto é, considerando ou não crime a prática de atos de
natureza sexual com menor de 18 e maior de 12 anos. Para que possamos ter uma segurança
maior em prova de concurso público.
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de reclusão de quatro a dez anos, segundo boa parte da doutrina e precedentes desta
Corte, o chamado “cafetão” ou “rufião” que explora e submete crianças e adolescentes
à prostituição. Portanto, o chamado cliente eventual pode, sim, ser punido, mas com
base em outros dispositivos da legislação penal, e não no artigo 244-A do ECA. Este
foi o entendimento do STJ.”
4. STJ também aplica insignificância em caso de menor que tentou furtar calculadora e
celular. “A tentativa de furtar uma calculadora e um aparelho celular usados,
embora se enquadre à definição jurídica do crime de furto, não é uma conduta com
relevante potencial ofensivo que justifique a aplicação de medida socioeducativa, uma
vez que não houve nenhuma periculosidade social da ação, a reprovabilidade do
comportamento foi de grau reduzido e a lesão ao bem jurídico se revelou inexpressiva.”
Com esse entendimento, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
concedeu, por unanimidade, o pedido de habeas corpus em favor do menor T.M.S. HC
136519 – 09/2009.
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Legitimidade
O cacique é o líder da comunidade indígena, mas isso não lhe garante legitimidade para
reivindicar judicialmente direito coletivo da tribo. Por isso, a Segunda Turma negou mandado
de segurança em que o cacique da etnia Tembé [de Minas Gerais] pretendia suspender efeitos
de uma portaria do Ministério da Saúde (MS 13248). O cacique alegava que o ato prejudicaria
a autonomia dos povos indígenas na administração das receitas destinadas à saúde e
acarretaria diminuição de qualidade e recursos da área.
O relator do pedido, ministro Castro Meira, observou que a intenção do mandado de segurança
era defender direito coletivo, o que é restrito, de acordo com a Constituição Federal, a partido
político com representação no Congresso Nacional e a organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída há pelo menos um ano. No caso, o meio
adequado seria a ação popular.
Prazo dobrado
Em abril do ano passado, a Primeira Turma reconheceu o direito de uma comunidade indígena
ter prazo em dobro para recorrer (REsp 990085). A tribo Gavião da Montanha, do Pará,
protestava contra decisão que negou seguimento de um recurso especial dela. O grupo queria
pagamento de indenização por ter sido removido de determinada área. O Estatuto do Índio
estende aos interesses do patrimônio indígena os privilégios da Fazenda Pública, dentre eles, o
prazo dobrado para recorrer, tal qual o artigo 188 do Código de Processo Civil.
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COMPETÊNCIA DA AÇÃO
Em ação civil pública de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público contra ex-
ministro do Poder Executivo, o Tribunal de origem decidiu que a competência para julgar a
ação era do STF. Esclarece o Min. Relator que, mesmo se o ex-ministro fosse detentor de foro
especial por prerrogativa de função perante o STF por infração penal comum (art. 102 , I , b ,
da CF/1988 ), não seria possível a extensão desse foro especial às investigações por atos de
improbidade administrativa prevista na Lei n. 8.429 /1992, tendo em vista que as hipóteses de
foro especial previstas na Constituição são taxativas. Ademais, as divergências quanto à
novel redação conferida ao art. 84 do CPP pela Lei n. 10.628 /2002, que acrescentou os §§ 1º
e 2º ao citado artigo, já foram superadas neste Superior Tribunal, após a declaração de
inconstitucionalidade dessa lei pelo STF. Isso posto, a Turma deu provimento ao REsp,
determinando a remessa dos autos ao juiz federal de primeira instância, competente para julgar
a ação de improbidade. Precedentes citados do STF: ADI 2.797-DF , DJ 26/9/2005; do STJ:
HC 22.342-RJ , DJ 23/6/2003; REsp 718.248-SC , DJ 6/2/2006, e REsp 810.662-SP , DJ
29/11/2007. REsp 896.516-DF , Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/2/2009.
A legitimidade do Ministério Público para ajuizar ação civil por ato de improbidade é
objeto de controvérsias na doutrina. Por outro lado, a jurisprudência do STF e STJ é
pacífica no sentido de admitir a legitimidade do MP para propor tais ações.Não há foro
por prerrogativa de função nas ações civis públicas por improbidade administrativa.
Portanto, ainda que o agente público seja detentor de foro por prerrogativa de função,
previsto na Constituição Federal ou Estadual em caso de crimes comuns, tal não se
estende aos atos de improbidade. Este entendimento é pacífico no STF. Mas atenção!
Quando o ato de improbidade praticado por agente político tratar-se de crime de
responsabilidade, deverá ser observado o foro por prerrogativa de função, conforme
entendimento do STF.
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concurso público. Coube ao STJ decidir se a ação poderia ser proposta no domicílio do autor –
no Rio de Janeiro – ou se deveria ser julgada em Brasília, onde se teria consumado o ato
danoso.
Mesmo essas decisões incidentais podem se mostrar de grande relevância. Para a ministra
Denise Arruda, relatora do conflito citado, “o direito constitucional à propositura da ação
popular, como exercício da cidadania, não pode sofrer restrições, ou seja, devem ser
proporcionadas as condições necessárias ao exercício desse direito, não se podendo admitir a
criação de entraves que venham a inibir a atuação do cidadão na proteção de interesses que
dizem respeito a toda a coletividade”. Por isso, não seria razoável determinar como competente
o foro de Brasília, o que dificultaria a atuação do autor em caso de diligências.
A proteção ao cidadão autor da ação popular é um dos destaques dos posicionamentos do
STJ. Em recurso julgado em 2004 (REsp 72065), o Tribunal entendeu ser incabível a
reconvenção – ação incidental do réu contra o autor, motivada pela ação original e apresentada
no mesmo processo e ao mesmo juiz – em ação popular. O caso tratava de conselheiros do
Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) que demandavam danos morais
em razão de ação popular tida por eles como temerária, por apontar ilegalidades inexistentes
com base apenas em notas jornalísticas.
Na ocasião, o ministro Castro Meira afirmou em seu voto: “Não se pode desconhecer que a
formação autoritária que nos foi legada levou a nossa gente a alhear-se dos negócios públicos,
a abster-se de qualquer participação, até mesmo nas reuniões de seu interesse direto, como as
assembléias de condomínios e associações. Dentro dessa ótica, não se deve permitir que
incidentes outros, como o pedido reconvencional, venha a representar um desestímulo à
participação do autor popular.”
Outra garantia de cidadania em ação popular está na inexistência de adiantamento de custas,
honorários periciais e outras despesas pelo autor, nem sua condenação, exceto em caso de
comprovada má-fé, em honorários advocatícios, custas e despesas processuais (REsp
858498). O cidadão – é exigida a apresentação de título de eleitor ou equivalente para
comprovar a legitimidade do autor (REsp 538240) – também pode usar outro instrumento
constitucional, o mandado de segurança, para obter informações e documentos que sirvam à
eventual proposição futura de ação popular.
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pelo órgão detentor da informação, o autor pode, já em seu pedido, fazer referência aos
documentos requeridos. E o juiz pode solicitar à entidade não só essas informações
mencionadas como outras que considere, de ofício, necessárias para apreciar a causa. O
entendimento foi expresso pelo Tribunal no voto do ministro Francisco Falcão ao julgar ação
popular contra o município de São Paulo, o então prefeito Paulo Maluf e seu secretário de
Finanças, Celso Pitta, que teriam lançado como gastos com educação despesas referentes,
entre outras atividades, à guarda metropolitana (REsp 439180).
Na decisão o relator afirmou que a ação popular, em tese, “defende o patrimônio público, o
erário, a moralidade administrativa e o meio ambiente, onde o autor está representando a
sociedade como um todo, no intuito de salvaguardar o interesse público”. Por isso, completa,
“está o juiz autorizado a requisitar provas às entidades públicas, mesmo que de ofício”.
Defesa da sociedade
Essa prerrogativa do autor da ação popular é respaldada pela jurisprudência do STJ. Tanto que
o reexame necessário – a remessa obrigatória à instância superior de decisão contrária ao
Poder Público – ocorre nesse tipo de processo em caso de improcedência ou carência da ação.
O Tribunal entende que o dispositivo incide mesmo em decisão de improcedência apenas
parcial da ação, “pois, em verdade, os objetivos desta ação, diferenciando-a de outras,
assoalham que não serve à defesa ou proteção de interesse próprio, mas, isto sim, ao
patrimônio público. Tanto que está alçada no seio de previsão constitucional (artigo 5º, LXXIII,
CF). Por isso, denota-se pressuroso cuidado quanto ao duplo grau de jurisdição como condição
à determinação do processo e eficácia do julgado” (REsp 189328, relator ministro Milton Luiz
Pereira).
Por esse mesmo motivo, o Tribunal também reconhece a possibilidade de liminar em ação
popular, com ou sem audiência prévia do Poder Público. No RMS 5621, o ministro Humberto
Gomes de Barros já afirmava que a vedação de liminar contra o Poder Público – à época
contida na Lei n. 8.437/90 – não se aplicava a ações populares, porque nesses processos o
autor não litiga contra o Estado, mas como seu substituto processual.
O preceito também se apresenta na possibilidade de o ente público atacado na ação popular
poder optar por “mudar de lado”, passando a atuar junto ao autor e contra o particular que
eventualmente tenha lesado a Administração – mesmo que seja agente público. O
entendimento foi aplicado em ação contra obras no complexo viário do Cebolinha/túnel Ayrton
Senna, em São Paulo, quando o município pleiteou o ingresso no polo ativo da ação após ter
requerido contagem de prazo dobrado para contestar a inicial (REsp 973905).
O STJ admite até mesmo que o ente figure de forma simultânea como autor e réu da mesma
ação popular. Conforme decisão do ministro Luiz Fux (REsp 791042), a singularidade das
ações popular e civil pública em relação à legitimação para agir “além de conjurar as soluções
ortodoxas, implicam a decomposição dos pedidos formulados, por isso que o poder público
pode assumir a postura [ativa] em relação a um dos pedidos cumulados e manter-se no pólo
passivo em relação aos demais”. No caso, exigia-se que a União fiscalizasse devidamente os
prestadores de serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) em Londrina e que o município e o
estado paranaenses ressarcissem o erário federal em razão da cobrança indevida de
procedimentos mais onerosos em lugar das consultas médicas simples efetivamente
realizadas.
Essa substituição do Estado pelo autor popular surge em outro dispositivo legal. Nos casos de
abandono ou desistência do autor original, o juiz tem a obrigação de, antes de julgar extinto o
processo, fazer publicar por 30 dias edital para que qualquer cidadão ou o MP manifestem, em
até 90 dias, interesse em dar seguimento à causa. Conforme explica o ministro Castro Meira
(REsp 554532), “esse aparente privilégio decorre da especial natureza da ação popular, meio
processual de dignidade constitucional, instrumento de participação da cidadania, posto à
disposição de todos para a defesa do interesse coletivo.”
A intimação do MP para essas situações deve ser, inclusive, pessoal (REsp 638011). E o
procedimento – edital e citação – deve ocorrer mesmo quando o MP, como fiscal da lei, tenha
manifestado parecer pela extinção do processo (REsp 771859), já que essa atuação não se
confunde com a de defesa da ordem jurídica. No precedente, após o parecer pela extinção e o
julgamento do juiz nesse sentido, mas sem seguir os procedimentos legais para oportunizar o
seguimento da ação, o próprio MP recorreu. O estado do Rio de Janeiro alegava inexistência
de prejuízo na medida adotada pelo juiz, o que não foi acatado pelo STJ.
Não se pode confundir, no entanto, o direito da sociedade, da coletividade com o de
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particulares, mesmo que um grupo deles. É o que explica o ministro Luiz Fux (REsp 801080),
citando Hely Lopes Meirelles: “A ação popular ‘é instrumento de defesa dos interesses da
coletividade, utilizável por qualquer de seus membros, por isso que, através da mesma não se
amparam direitos individuais próprios, mas antes interesses da comunidade. O beneficiário
direto e imediato desta ação não é o autor; é o povo, titular do direito subjetivo ao governo
honesto. O cidadão a promove em nome da coletividade, no uso de uma prerrogativa cívica
que a Constituição da República lhe outorga’.”
Em diversos casos, o instrumento é utilizado por políticos, o que é legítimo. Um exemplo é a
ação do petista José Eduardo Cardoso contra Paulo Maluf e TV Globo por contratação sem
licitação para transmissão da Maratona de São Paulo (EREsp 426933, REsp 143686 e
RE/574636 pendente no STF). A propositura de ação popular em alguns casos pode ser
protegida como desdobramento do exercício do mandato, como consiste, no caso de
parlamentares, a fiscalização dos atos do Executivo (HC 67587).
Mas não se deve confundir a legitimidade para propor a ação com a capacidade de atuar em
juízo (postulatória), mesmo que em causa própria. O STJ tratou do assunto ao julgar a ação do
deputado estadual Alceu Collares contra o Rio Grande do Sul (REsp 292985). Como deputado,
ele não poderia advogar contra o Poder Público, mas poderia figurar como autor da ação, que
questionava o uso de servidores e recursos públicos em atos relacionados ao orçamento
participativo.
Outro cuidado é quanto ao uso abusivo da ação popular. Não é inédito o reconhecimento de
má-fé do autor. É o que ocorreu em julgamento relacionado à montagem de arquibancadas no
Autódromo Nelson Piquet para a Fórmula Indy (REsp 648952). O STJ não pode analisar a
questão de mérito por envolver análise de fatos, mantendo multa contra o autor de 20% do
valor da causa, por ausência de provas e litigância de má-fé por embasar-se somente em
matérias de jornais. A irregularidade estaria, segundo o autor, em que os serviços teriam sido
executados pela empresa vencedora da licitação antes mesmo de concluído o processo de
concorrência.
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norma pode ser anterior ou posterior à outorga da licença, a aplicação da sanção não está
necessariamente vinculada à esfera do ente federal que a outorgou.
Legislação
Em seu voto, o relator concluiu que de fato não é o caso de competência supletiva para
licenciar, e sim de competência própria para fiscalizar, não cabendo, portanto, a incidência do
caput do artigo 10 da Lei n. 6.398/81, aplicado pelo TRF.
Para ele, a competência de fiscalizar do Ibama está definida no parágrafo 3º do artigo 10, que
dispõe que o órgão estadual do meio ambiente e o Ibama, esta em caráter supletivo, poderão,
se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das
atividades geradoras de poluição para manter as emissões gasosas, os afluentes líquidos e os
resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados no licenciamento concedido.
“Esse é o dispositivo que deve ser aplicado, pois a atuação da União não se mostra apenas na
omissão do órgão estadual, mas apresenta-se também para evitar danos ambientais a bens
seus”, ressaltou o relator em seu voto.
Assim, a Turma concluiu que, ao afastar a competência do Ibama, o tribunal de origem violou o
parágrafo 3º da referida lei e determinou a imediata reforma do acórdão para anular a
segurança anteriormente concedida. Ao acompanhar o voto do relator, o ministro Herman
Benjamim destacou que, mais do que uma questão ambiental, este
precedente do STJ define, com exatidão, a distinção entre a competência
para licenciar e para fiscalizar.
2. Exame criminológico não é obrigatório, mas, se for realizado, deve ser seguido
O Superior Tribunal de Justiça já consolidou o entendimento de que o exame criminológico
não é obrigatório para que o preso tenha direito à progressão de regime prisional, mas o
magistrado pode solicitar a realização desse exame quando considerar necessário, desde
que o pedido seja devidamente fundamentado. Mesmo com a jurisprudência firme nesse
sentido, são frequentes no STJ habeas-corpus contestando decisões relativas à avaliação
criminológica.
O exame criminológico é feito para avaliar a personalidade do criminoso, sua
periculosidade, eventual arrependimento e a possibilidade de voltar a cometer crimes. Ele
deixou de ser obrigatório para a progressão de regime com a entrada em vigor da Lei n.
10.792, em dezembro de 2003, que alterou a Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84). A
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mudança gerou diferentes interpretações acerca do exame. A nova redação determina que
o preso tem direito à progressão de regime depois de cumprir ao menos um sexto da pena
no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
presídio. Como o novo texto não faz qualquer referência ao exame criminológico, muitos
criminalistas entenderam que ele havia sido extinto.
No julgamento do HC 109.811, o relator, ministro Arnaldo Esteves Lima, ressaltou que o
Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, apesar de a lei ter excluído referência ao
exame criminológico, nada impede que os magistrados determinem a realização do exame,
quando entenderem necessário, considerando as peculiaridades do caso. Mas a
determinação deve ser adequadamente motivada. A decisão do STF ocorreu no
julgamento do HC 88.052, em abril de 2006.
O entendimento do STF vem sendo aplicado no STJ pelas Quinta e Sexta Turmas,
especializadas em Direito Penal, que, juntas, formam a Terceira Seção. Os ministros
entendem, de maneira geral, que o exame criminológico constitui um instrumento
necessário para a formação da convicção do magistrado. Ele deve ser realizado como
forma de obter uma avaliação mais aprofundada acerca dos riscos de colocar um
condenado em contato amplo com a sociedade. Consideram também que o exame não
configura constrangimento por se tratar de uma avaliação feita por meio de entrevista, sem
qualquer ofensa física ou moral.
Uma vez que a avaliação criminológica foi realizada, sendo desfavorável à concessão do
benefício, o magistrado de primeiro grau não pode desprezar seu resultado. Essa é a
conclusão do ministro Paulo Gallotti, ao relatar o HC 91.880. A Sexta Turma decidiu, neste
caso, manter a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou o
retorno do condenado ao regime fechado após realização de exame criminológico,
principalmente porque o preso fugiu quando foi beneficiado com a progressão para o
regime semiaberto.
Outros precedentes nesse mesmo sentido são os HCs 94.426 e 92.555, ambos relatados
pela desembargadora convocada Jane Silva, também da Sexta Turma. Mesmo que o
condenado tenha atestado carcerário favorável, o entendimento é que “o exame
criminológico para fim de progressão de regime é, em tese, dispensável, mas se realizada
avaliação psicológica e social, com laudos desfavoráveis ao paciente, ela deve ser
considerada”. – ATENÇÃO QUE EXISTE PROJETO DE LEI (PL 1294/2007) QUE TORNA
ESTE EXAME OBRIGATÓRIO.
3. ARTIGO 52 da LEP
Determinado preso foi surpreendido de posse de substância entorpecente para uso próprio,
no interior do presídio, e lhe foi imputado prática de falta de natureza grave. Visto que
houve evidente despenalização quanto à figura do usuário de entorpecente, esta falta
grave ficou descaracterizada e estaria incorreta?
A ministra Laurita Vaz ( STJ ) ressaltou que o STF manifestando-se a respeito do tema, já
rejeitou a tese de abolitio criminis ou de infração penal sui generis, para afirmar a natureza
de crime da conduta do usuário de drogas, muito embora ‘despenalizado’. Neste contexto,
confirmou ao caso narrado a prática de falta de natureza grave. HC116531l
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INQUÉRITO POLICIAL
O habeas corpus não se presta para ponderar, em concreto, a suficiência das circunstâncias
judiciais invocadas pelas instâncias de mérito para a majoração da pena. Com base nesse
entendimento, a Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se alegava a ausência de
indicação de elementos concretos que justificassem a fixação, acima do mínimo legal, da pena
imposta à paciente. HC 97677/PR, rel. Min. Cármen Lúcia – STF
CPP- SENTENÇA
Em conflito de competência, juiz competente não pode reformar sentença para pior.
A sentença proferida por juiz a quem não compete decidir, até ser declarada sua
incompetência, é nula, mas não inexistente e depende de pronunciamento judicial para ser
desconstituída. Se o for por meio de recurso exclusivo da defesa, o juiz competente não poderá
proferir sentença mais gravosa do que a anulada sob pena de reformatio in pejus (reforma para
pior) indireta. ( STJ – 5ªturma - Ministra Laurita Vaz – RHC 20337 )
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PRISÃO PREVENTIVA
Já vi a seguinte questão do CESPE: “Há constrangimento ilegal na prisão preventiva decretada
pelo Juiz devido dúvida sobre a identidade do acusado.” Segue a jurisprudência do caso:
“Diante da dúvida quanto à identidade do paciente (nos moldes do art. 313, II, do CPP),
havendo indícios de que utiliza vários CPFs e identidades, não há constrangimento ilegal na
decretação de sua prisão preventiva lastreada na necessidade da conclusão da investigação e
do desenvolvimento da instrução criminal. HC 103.523-PR, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 10/2/2009.”
COMPARTILHAMENTO DE PROVAS
A Corte Especial, prosseguindo o julgamento, por maioria, entendeu ser legal o pedido de
compartilhamento de material probatório existente no Brasil, e feito por autoridade estrangeira
(Procuradoria Geral da Federação da Rússia), no exercício de atividade investigatória sobre
possíveis ilícitos penais praticados pelo reclamante naquele país, dirigido à autoridade
brasileira congênere (Procuradoria Geral da República) e não sujeito à carta rogatória,
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A jurisprudência deste Superior Tribunal é firme no sentido de que a produção antecipada das
provas, conforme o art. 366 do CPP, exige concreta demonstração da urgência e da
necessidade da medida. Não é motivo hábil para justificá-la, como na espécie, a decisão que
afirma que as testemunhas, no futuro, possam vir a mudar de domicílio, dificultando a colheita
de provas, e que elas poderão perder a memória dos fatos. Assim, a Turma deu provimento ao
recurso, para anular a decisão que determinou a produção antecipada de provas, bem como os
atos subseqüentes, sem prejuízo de nova determinação fundamentada em dados concretos.
RHC 21.173-DF, STJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2009.
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sentença não prejudicou o réu. Em seu voto, a relatora, ministra Laurita Vaz, destacou o
Código de Processo Penal (CPC), que, em seu artigo 566, estabelece: “Não será declarada a
nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na
decisão da causa.” (Resp 731004)
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como tal, contamina as demais provas produzidas com base nessa diligência ilegal. * noticiado
no Informativo 558.
ANTECEDENTES NA PENA-BASE
No caso, outros fatos ocorridos depois da denúncia também foram apreciados pelo Judiciário,
porém o trânsito em julgado da respectiva condenação deu-se antes de se julgarem os fatos
descritos na denúncia. Nesse contexto, a Turma, ao prosseguir o julgamento, reafirmou o
entendimento jurisprudencial de que os inquéritos e processos em andamento não podem ser
considerados como maus antecedentes para efeito de majorar a pena-base, nem como
processos já transitados em julgado referentes a fatos posteriores aos narrados na denúncia,
daí entender não ser possível considerar maus antecedentes no caso. HC 130.762-SP, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 17/11/2009.
O paciente foi condenado a seis anos de reclusão pela prática de homicídio. Dessa
condenação, a acusação e a defesa recorreram, mas o TJ julgou prejudicados ambos os
recursos, pois verificou, de ofício, haver nulidade quanto à apresentação de quesitos e
determinou a submissão do paciente a novo júri. Sucede que, no novo julgamento, ele foi
condenado a 12 anos de reclusão, visto que reconhecido o homicídio qualificado, o que foi
mantido pelo TJ. Daí o habeas corpus, que se fundamenta em reformatio in pejus. Nesse
contexto, a Turma, ao continuar o julgamento e verificado o empate, concedeu parcialmente a
ordem por prevalecer, nesses casos, a decisão mais favorável ao réu. A Min. Relatora e o Min.
Nilson Naves reconheciam a impossibilidade de agravar a situação do paciente em razão do
reconhecimento de nulidade não arguida por qualquer das partes, mesmo que decorrente de
nulidade absoluta, que poderia, em tese, ter beneficiado o réu. Já o Min. Og Fernandes e o
Min. Celso Limongi afastavam a hipótese de ser caso de reformatio in pejus, pois o recurso da
acusação, apesar de julgado prejudicado, foi justamente no sentido de reconhecer o homicídio
qualificado, com pena mínima de 12 anos. STJ, HC 72.923-SP, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 24/11/2009.
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conseqüente perícia vide AgRg no HC 121519 / SP, AgRg no HC 128960 / MS, igualmente
recentes.
STF = “Ante o empate na votação, a Turma deferiu habeas corpus para excluir a majorante
prevista no art. 157, § 2º, I, do CP da pena aplicada ao paciente, tendo em conta que, na
espécie, a arma supostamente por ele utilizada não fora apreendida e nem periciada.
Entendeu-se que, desse modo, não seria possível aferir sua lesividade, o que não justificaria a
incidência do aumento de pena no crime de roubo a que condenado o paciente.” – HC 96865/
SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Eros Grau, 31.3.2009. (HC-
96865)”
STJ = “A Turma, por maioria, mesmo após recente precedente do STF em sentido contrário,
reiterou seu entendimento de que é necessária a apreensão da arma de fogo para que possa
implementar o aumento da pena previsto no art. 157, § 2º, I, do CP. Com a ausência da
apreensão e perícia da arma, não se pode apurar sua lesividade e, portanto, o maior risco para
a integridade física da vítima. HC 99.762-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 10/3/2009.”
STF = “Para a caracterização da majorante prevista no art. 157, § 2º, I, do CP, não se exige
que a arma de fogo seja periciada ou apreendida, desde que, por outros meios de prova, reste
demonstrado o seu potencial lesivo. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria,
indeferiu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, impetrado contra decisão do STJ que
entendera desnecessária a apreensão de arma de fogo e sua perícia para a caracterização da
causa de aumento de pena do crime de roubo. HC 96099/RS, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 19.2.2009. (HC-96099).”
HOMICÍDIO – COMPETÊNCIA
Homicídio para retirada de órgãos deve ser julgado pela Justiça estadual.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o processamento pela Justiça estadual da
ação penal que trata da morte de um menino para retirada de seus órgãos, sendo o homicídio a
ação principal. ( STJ - Ministro Nilson Naves – CC 103599 ).
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O dolo eventual pode coexistir com a qualificadora do motivo torpe do crime de homicídio.
Com base nesse entendimento, a Turma desproveu recurso ordinário em habeas corpus
interposto em favor de médico pronunciado pela prática dos delitos de homicídio qualificado e
de exercício ilegal da medicina (artigos 121, § 2º, I e 288, parágrafo único, ambos c/c o art. 69,
do CP, respectivamente), em decorrência do fato de, mesmo inabilitado temporariamente para
o exercício da atividade, havê-la exercido e, nesta condição, ter realizado várias cirurgias
plásticas — as quais cominaram na morte de algumas pacientes —, sendo motivado por intuito
econômico. A impetração sustentava a incompatibilidade da qualificadora do motivo torpe com
o dolo eventual, bem como a inadequação da linguagem utilizada na sentença de pronúncia
pela magistrada de primeiro grau. Concluiu-se pela mencionada compossibilidade, porquanto
nada impediria que o paciente — médico —, embora prevendo o resultado e assumindo o risco
de levar os seus pacientes à morte, praticasse a conduta motivado por outras razões, tais como
torpeza ou futilidade. Afastou-se, também, a alegação de excesso de linguagem, ao
fundamento de que a decisão de pronúncia estaria bem motivada, na medida em que a juíza
pronunciante — reconhecendo a existência de indícios suficientes de autoria e materialidade do
fato delituoso — tivera a cautela, a cada passo, de enfatizar que não estaria antecipando
qualquer juízo condenatório, asseverando que esta seria uma competência que assistiria
unicamente ao Tribunal do Júri. RHC 92571/DF, rel. Min. Celso de Mello, 30.6.2009. (RHC-92571)
CRIME DE CALÚNIA
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Apesar de em junho/09 o STJ ter fixado o entendimento de que não é possível aplicar o
princípio da insignificância no crime de descaminho se o valor do tributo não pago por quem
cometeu o delito for superior a R$ 100. A decisão tomada no RESP 966077 não resolve a
divergência existente sobre a questão e não pacifica o tema dentro do STJ.
Para o STF, é possível tal aplicação caso a quantia seja inferior a R$ 10.000,00, conforme HC
96374, relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgamento em 31/03/2009.
Atenção que este tema na jurisprudência sempre mudou com o tempo, juntamente com a
mudança do valor do artigo 20 da Lei de Execução Fiscal, que está atualmente nos
R$10.000,00. Dentro do STJ este tema sempre foi conflitante, a 5a. e a 6a. divergem na
aplicação do quantum de R$ 100,00 ou R$ 10.000,00. Entendendo a 6a. pela aplicação de R$
10.000,00, vide REsp 1114261 / RS, AgRg no REsp 1111779, HC 45817 / RS, etc. Já a
5a. entende que deva ser aplicada o valor de R$ 100,00 para efeito de incidência da
insignificância, vide AgRg no Ag 873362 / RS, REsp 1113255, EREsp 966077, entre
outros.
• R$10.000,00 é o limite para o ajuizamento da execução fiscal (art.20) e os R$100,00 é o
valor para a extinção do crédito fiscal (art.18), da Lei de Execução Fiscal.
CRIME DE RECEPTAÇÃO
O STF em maio/09 reafirmou que o § 1º do art. 180 do CP abrange o dolo direto quanto o
eventual, ou seja, abarcaria a conduta de quem “sabe” ( direto ) e de quem “deve saber”
( eventual ) ser a coisa produto de crime. HC 97344/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 12.5.2009.
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ocorre contato físico ainda que o agressor tenha sido impedido de prosseguir na prática do ato
por fatores alheios a sua vontade. REsp: 1021447.
CRIME DO IPVA
A Turma reiterou o entendimento de que o licenciamento de veículo em Estado que possua
alíquota do imposto de propriedade de veículo automotor (IPVA) menor que a alíquota do
Estado onde reside o proprietário do veículo não configura crime de falsidade ideológica, em
razão da indicação de endereço falso, mas, sim, supressão ou redução de tributo. A finalidade
da falsidade ideológica é pagar tributo a menor, uma vez que ela é o crime meio para a
consecução do delito fim de sonegação fiscal. HC 146.404-SP, Rel. Min. Nilson Naves,
julgado em 19/11/2009.
FURTO QUALIFICADO
Para quem ainda não sabe, a destruição ou avaria de automóvel para a subtração de objeto
que se encontra em seu interior faz incidir a qualificadora prevista no art. 155, § 4º, I, do CP. No
HC 98406/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 16.6.2009 ( STF ), aduziu-se que, tendo o paciente
utilizado de violência contra empecilho o qual dificultava a subtração dos objetos do veículo,
deveria incidir a mencionada qualificadora.
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A Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para admitir a compatibilidade entre a hipótese do
furto qualificado e o privilégio de que trata o § 2º do art. 155 do CP. No caso, os pacientes
foram condenados pela prática do crime previsto no art. 155, § 4º, IV, do CP. Ao furto
qualificado-privilegiado, recentemente, em que pese julgados mais antigos em sentido
contrário, a Corte vem se afastando da ortodoxia que dava como inconciliável o tratamento
privilegiado do crime de furto com suas hipóteses qualificadas. Vencido, no ponto, o Min. Marco
Aurélio, que indeferia o writ por não conciliar o furto privilegiado com o furto qualificado, sob
pena de a junção fazer surgir terceiro tipo penal. Precedente citado: HC 94765/RS (DJE
26.9.2008). HC 97051/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 13.10.2009. (HC-97051)
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No HC, pede-se o trancamento de ação penal diante da falta de justa causa porque não houve
o exame de alcoolemia. Segundo o Min. Relator, para a configuração do crime de trânsito
descrito no art. 306 da Lei n. 9.503/1997 (CTB), a realização da perícia, quando possível, torna-
se imprescindível. Entretanto, ressalvou as hipóteses em que a perícia não é realizada porque,
na comarca, não há os equipamentos necessários à realização do exame ou em razão da
recusa do acusado em submeter-se aos exames de alcoolemia. Nesses casos, observou ser
possível concluir o estado de embriaguez quando ele é perceptível por testemunhas ou pelo
exame clínico, de acordo com preceitos doutrinários estabelecidos em medicina legal. Dessa
forma, esclareceu que, quando não é possível realizar o exame para indicar a concentração de
álcool no sangue, há outros tipos de prova (testemunhal ou exame clínico) que atestam,
indubitavelmente, o estado de embriaguez do motorista, o que admite a aplicação do art. 167
do CPP. Observou ainda que, no caso dos autos, o exame de alcoolemia não foi realizado por
falta de equipamento hábil na comarca, além de não ficar esclarecida a razão pela qual não se
fez o exame de sangue. Porém, houve o exame clínico e, por essa razão, há suficientes
indícios de materialidade do crime, sendo precipitado o trancamento da ação penal. Diante do
exposto, a Turma denegou a ordem de habeas corpus. HC 132.374-MS, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 6/10/2009.
RADARES E PARDAIS
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A SAGA DO CONCURSO POLICIAL – www.concursopolicial.blogspot.com
A contestação às multas aplicadas com base em registro fotográfico por radares, conhecidos
como “pardais”, também é recorrente entre os processos levados até o STJ. As Turmas que
compõem a Primeira Seção já reconheceram a legalidade do uso desse recurso tecnológico
para a aplicação de multas de trânsito.
No julgamento do Resp 772347, a Primeira Turma entendeu que os pardais não aplicam as
multas, apenas fornecem elementos fáticos que permitem à autoridade de trânsito a lavratura
do auto de infração e a imposição das sanções legais decorrentes. “Há distinção entre a
atividade de coleta de provas que embasam os autos de infração e a lavratura do auto de
infração propriamente dito”, ressaltou o relator, ministro Luiz Fux.
Em julgamento semelhante, a Segunda Turma decidiu que as multas de trânsito podem ser
registradas por aparelhos eletrônicos sem a presença de um agente para autuar. O relator do
caso, ministro Humberto Martins, também entendeu que os pardais eletrônicos não aplicam
multa, apenas comprovam a infração ocorrida (Resp 759759).
O STJ também já firmou o entendimento de que a emissão da notificação de multa e do auto
de infração de trânsito (AIT) é suficiente para atender as exigências da ampla defesa e do
contraditório no caso de imposição de multas de trânsito. Segundo o relator do Resp 898524,
ministro Herman Benjamin, essas notificações permitem ao suposto infrator defender-se caso
assim o deseje.
RESPONSABILIZAÇÃO
Casos de responsabilização de condutores, de proprietários e do próprio Detran também fazem
parte da rotina do STJ. A Primeira Turma, no julgamento do Resp 745190, estabeleceu que o
proprietário do veículo que entrega o automóvel à pessoa sem habilitação não pode ser punido
também como se fosse o condutor, devendo ser aplicada a ele apenas a multa prevista no
artigo 163 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Para o relator do recurso, ministro Luiz Fux, a “responsabilidade solidária do proprietário de
veículo automotor, por multa de trânsito, deve ser aferida cum grano salis” [com certa reserva].
Além disso, o ministro destacou que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê hipóteses de
caráter individual dirigidas tanto ao proprietário quanto ao condutor.
O STJ também decidiu que o Detran não pode ser responsabilizado por ato criminoso de
terceiros ou pela culpa do adquirente de veículo de procedência duvidosa. O entendimento da
Segunda Turma excluiu o Detran do Rio Grande do Norte da responsabilidade no pagamento
dos danos materiais devidos a um comerciante que vendeu um veículo roubado.
Segundo o relator do recurso (Resp 873399), ministro Herman Benjamin, compete ao
comerciante de automóveis usados o dever de verificação – mediante inspeção física do bem,
e não simplesmente documental no Detran – da existência de restrições à transferência e da
procedência lícita do veículo comercializado.
ALIENAÇÃO E PENHORA
Quando da alienação do veículo, o Tribunal já decidiu que, se a lei não exige o prévio registro
cartorial do contrato de alienação fiduciária para a expedição de certificado de registro de
veículo, não há como obrigar o Detran a exigir tal documento dos proprietários dos veículos. O
caso foi tratado em uma suspensão de segurança (SS 1518) proposta pelo Detran de Alagoas
sob o argumento de ser desnecessário o registro de tal contrato no cartório de títulos de
documentos, não havendo dever legal para a exigência do registro.
Ainda com relação à alienação, a Segunda Turma também definiu que a exigência de registro
do contrato em cartório não é requisito de validade do negócio jurídico. Para as partes
signatárias, a avença é perfeita e plenamente válida, independentemente do registro que, se
ausente, traz como única consequência a ineficácia do contrato perante o terceiro de boa-fé
(Resp 278993).
Em casos de execução fiscal, a Segunda Turma do STJ definiu que a ausência do registro de
penhora do veículo no Detran elimina a presunção de fraude à execução, mesmo que a
alienação do bem tenha sido posterior à citação do devedor em execução fiscal.
Para a relatora do recurso (Resp 810489), ministra Eliana Calmon, apenas a inscrição da
penhora no Detran torna absoluta a afirmação de que a constrição é conhecida por terceiros e
invalida a alegação de boa-fé do adquirente da propriedade, mesmo que a alienação tenha sido
realizada depois da citação do devedor na execução fiscal.
No julgamento do AgRg no Resp 924327, a Primeira Turma também afirmou que a
jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que o terceiro que adquire veículo de pessoa
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O STJ considerou-se que há orientação firme de que não cabe liberdade provisória em crimes
de tráfico de entorpecentes.
Ressaltou-se ainda, que, no que diz respeito ao alegado excesso de prazo na formação de
culpa, também há precedentes do STJ de que os prazos criminais não são absolutos e podem
ser razoavelmente alongados em razão das circunstâncias do caso concreto.
Logicamente o HC foi negado, pois não houve ilegalidade ou constrangimento ilegal flagrante
na decisão.
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1 - Julgado interessante para este tema que esta na moda dos concursos policiais:
Consta da denúncia que o paciente foi flagrado ao pescar em represa mediante a utilização de
uma rede de nylon, apetrecho de uso proibido. Vem daí a imputação do crime previsto no art.
34, parágrafo único, II, da Lei n. 9.605/1998. Anote-se que foram encontrados com ele apenas
dois quilos de peixes de variadas espécies. Quanto a isso, vê-se da norma incriminadora que
se trata de crime formal (crime de perigo abstrato), delito que prescinde de resultado danoso
específico (no caso, ao meio ambiente). Porém, apesar de não se desconhecer que o
enquadramento da lei de crimes ambientais no ordenamento jurídico brasileiro ainda é tema
tormentoso a causar inúmeras discussões jurídicas, sobretudo quanto à configuração dos
delitos penais nela insculpidos, chegando alguns a entender até que os princípios nela
edificados, tais como os da prevenção e da precaução, sobrepõem-se aos próprios princípios
penais de garantia ao cidadão, destaca-se que a hipótese em apreço resolve-se mesmo pela
pouca invasão naquilo que a sociedade, mediante o ordenamento jurídico, espera quanto à
proteção de sua existência, visto que há um mínimo de probabilidade de a conduta do paciente
atingir o bem jurídico tutelado na espécie, a fauna aquática. Daí não se hesitar em consignar a
presença da insignificância a ponto de, ao reconhecer a atipicidade material da conduta,
conceder a ordem para trancar a ação penal por falta de justa causa. HC 93.859-SP, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/8/2009.
2 - Redução de multa de 90% por crime ambiental somente se provado cumprimento integral
do PRAD. O direito líquido e certo à redução da multa de 90% nos casos de crime ambiental
somente ocorre se houver comprovação inequívoca de que a autoridade competente verificou o
cumprimento integral do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD), não se
aplicando o benefício se a reparação ambiental decorreu de outros fatores (como por
exemplo, se a recuperação foi realizada de forma natural pelo decurso do tempo). STJ –
Resp 1108590 – 28/08/09.
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inevitável, o condutor não pode ser punido judicialmente, ou seja: não vai ser obrigado a pagar
indenização ao outro envolvido no acidente.
Ao demonstrar que a causa da batida não está relacionada com o veículo, como problemas de
manutenção, por exemplo, fica caracterizada a existência de caso fortuito ou força maior.
Nem todas as ações julgadas no STJ são simples de analisar assim. Ao contrário, a maior
parte das disputas judiciais sobre indenização envolve situações bem mais complicadas. Como
o processo de uma menina do Rio de Janeiro. A garota se acidentou com um bambolê no pátio
da escola e perdeu a visão do olho direito.
A instituição de ensino deveria ser responsabilizada pelo acidente? Os pais da menina diziam
que sim e exigiram indenização por danos morais e materiais. Por sua vez, o colégio afirmava
que não podia ser responsabilizado porque tudo não passou de uma fatalidade. O fato de o
bambolê se partir e atingir o olho da menina não podia ser previsto: a chamada tese do caso
fortuito. Com essa alegação, a escola esperava ficar livre da obrigação de indenizar a aluna.
Ao analisar o pedido, o STJ entendeu que a escola devia indenizar a família. Afinal, o acidente
aconteceu por causa de uma falha na prestação dos serviços prestados pela própria instituição
de ensino. Assim como esse, outras centenas de processos envolvendo caso fortuito e
indenizações chegam ao STJ todos os dias.
Assalto à mão armada no interior de ônibus, trens, metrôs? Para o STJ é caso fortuito. A
jurisprudência do Tribunal afirma que a empresa de transporte não deve ser punida por um fato
inesperado e inevitável que não faz parte da atividade fim do serviço de condução de
passageiros.
Entretanto em situações de assalto à mão armada dentro de agências bancárias, o STJ
entende que o banco deve ser responsabilizado, já que zelar pela segurança dos clientes é
inerente à atividade fim de uma instituição financeira.
E o buraco causado pela chuva numa via pública que acabou matando uma criança? Caso
fortuito? Não. O STJ decidiu que houve omissão do Poder Público, uma vez que o município
não teria tomado as medidas de segurança necessárias para isolar a área afetada ou mesmo
para consertar a erosão fluvial a tempo de evitar uma tragédia.
E onde entra o urubu? Numa ação de indenização por atraso de vôo contra uma companhia
aérea. A empresa alegou caso fortuito porque um urubu foi tragado pela turbina do avião
durante o vôo. Mas o STJ considerou que acidentes entre aeronaves e urubus já se tornaram
fatos corriqueiros no Brasil, derrubando a tese do fato imprevisível. Resultado: a companhia
aérea foi obrigada a indenizar o passageiro.
Moral da história: Imprevistos acontecem, mas saber se o caso fortuito ou de força maior está
na raiz de um acidente é uma questão para ser analisada processo a processo, através das
circunstâncias em que o incidente ocorreu.
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Em 29/09/09 no STF (2ª turma): A Turma indeferiu habeas corpus em que condenados pela
prática do crime de porte ilegal de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 16, parágrafo único, IV)
sustentavam a nulidade da perícia técnica efetuada na arma de fogo, dado que o laudo fora
firmado por pessoas sem a qualificação necessária para a sua realização. Entendeu-se que a
eventual nulidade do exame pericial da arma, por si só, não afastaria a caracterização do delito
em questão. Ressaltou-se, por oportuno, que, no presente caso, a pistola apreendida estava
municiada e que o laudo pericial — ainda que não tivesse informado se os peritos nomeados
para o exame possuíam diploma de curso superior — concluíra que a arma se mostrara eficaz
para produzir disparos. (HC 98306/RS), rel. Min. Ellen Gracie.
Para a caracterização do crime previsto no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei 10.826/2003, é
irrelevante se a arma de fogo é de uso permitido ou restrito, bastando que o identificador esteja
suprimido. Com base nesse entendimento, a 1ª Turma do STF indeferiu habeas corpus em que
condenado pela prática do crime de porte ilegal de arma de fogo com numeração raspada (Lei
10.826/2003, art. 16, parágrafo único, IV) pleiteava a desclassificação da conduta que lhe fora
imputada para a figura do porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (Lei 10.826/2003, art.
14) - HC 99582/RS, rel. Min. Carlos Britto, 8.9.2009. (HC-99582)
ESCUTA TELEFÔNICA
Julgamento do habeas-corpus alterou o entendimento do STJ a respeito do limite de
prorrogações de escutas telefônicas. Os ministros da Sexta Turma entenderam que estender
indefinidamente as prorrogações, quando mais sem fundamentação, não é razoável, já que a
Lei n. 9.296/1996 autoriza apenas uma renovação do prazo de 15 dias por igual período, sendo
de 30 dias o prazo máximo para escuta. (HC 76686)
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LEI 8666
Em Decisão de 09/07/09:
A Administração Pública deve reembolsar contrato de serviço prestado, mesmo sendo nulo.
Em seu voto, o relator, ministro Mauro Campbell Marques, destacou ser pacífico o
entendimento do STJ de que a nulidade de contrato administrativo não exonera a
Administração Pública de reembolsar o contrato pelo serviço já prestado, por parte da obra já
executada ou pelos produtos já entregues, sem que haja, com isso, violação do artigo 59 da Lei
n. 8.666/93, porque, do contrário, haveria enriquecimento sem causa. RESP 876140
SÚMULAS NOVAS
SÚMULA VINCULANTE Nº 14 –STF - É direito do defensor, no interesse do representado, ter
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa. Publicado no DJE de 9/2/2009, n.26, p.1. Publicado também no DOU de
9/2/2009, Seção 1, p.1.
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juiz de primeiro grau da Justiça Federal e Juizado Especial Federal de uma mesma seção
judiciária. QO no CC 107.635-PR, Rel. Min. Luiz Fux, em 28/10/2009. (Ver Informativo n. 406).
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1.ª corrente – Damásio, dentre outros autores, entende que, diante da ausência de vedação
das penas alternativas, seria possível a sua concessão; porque, no Direito Penal, somente não
se concede determinado benefício se o mesmo estiver vedado expressamente.
2.ª corrente – Apesar de a Lei n.º 8.072 não vedar expressamente as penas alternativas, seria
inegável a existência de uma incompatibilidade desse instituto com o sistema inserido na Lei.
O § 1.°, do artigo 2.º, da Lei n.º 8.072/90, impõe que o regime de cumprimento da pena seja
inicialmente fechado. Diante disto, tornar-se-ia impossível a concessão do benefício.
A discussão sobre o tema continuou mesmo após a Lei n.º 11.343/2006 (Nova Lei de Drogas)
ter estabelecido expressamente a vedação em seu art. 44 (“Os crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos”).
No recente Informativo 552, o Supremo Tribunal Federal julgou não ser cabível a concessão de
penas alternativas para o crime de tráfico ilícito de drogas: “A Turma indeferiu habeas corpus
em que condenado por tráfico de drogas (Lei 6.368/76, art. 12, caput) pleiteava a substituição
da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, bem como o cumprimento da pena em
regime aberto. Entendeu-se que a norma contida no art. 44, caput, da Lei 11.343/2006, ao
expressamente estabelecer a proibição da conversão almejada, apenas explicitou regra que
era implícita no sistema jurídico brasileiro quanto à incompatibilidade do regime legal de
tratamento em matéria de crimes hediondos e a eles equiparados com o regime pertinente aos
outros delitos.” (STF HC 97843/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 23.6.2009)
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Tribunal de Justiça vem entendendo não existir crime de dano em relação à conduta do preso
que empreende fuga, danificando ou inutilizando as grades da cela onde estava custodiado.
Dessa forma, para “a configuração do crime de dano, previsto no art. 163 do CPB, é necessário
que a vontade seja voltada para causar prejuízo patrimonial ao dono da coisa (animus
nocendi). Dessa forma, o preso que destrói ou inutiliza as grades da cela onde se encontra,
com o intuito exclusivo de empreender fuga, não comete crime de dano.” (STJ HC 85271 / MS
2007/0141689-9 T5 DJe 01/12/2008)
Em síntese, resta assentado na jurisprudência do STJ que, sem a presença do dolo específico,
não se configura o delito de dano qualificado na ação do preso que, procurando alcançar a
liberdade, rompe obstáculo existente em sua cela. Em outras palavras, preso que serra as
grades da cela onde se encontra, com o intuito exclusivo de empreender fuga, não comete
crime de dano, porque ausente o propósito de causar prejuízo ao titular do objeto material do
crime.
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como "jogos de azar", sendo, pois, ilícita, eis que pode ser enquadrada como contravenção
penal, ou, ainda, como crime contra a economia popular.” (STJ HC 54803/RS T5 DJ
01/08/2006 p. 492)
“A exploração das máquinas caça-níqueis pode ser enquadrada como contravenção penal, à
luz do art. 50 do DL nº 3.688/41 ou extração ilegal de loteria, como estabelece o art. 45 do DL
6.259/44 ou ainda, ser considerada crime contra a economia popular nos termos do art. 2º,
inciso IX, da Lei nº 1.521/51, uma vez que as vítimas de tais equipamentos são os particulares,
que têm suas economias fraudadas, e não a União.” (STJ REsp 750177 / RS DJ 13/02/2006 p.
703)
Em síntese, não configura estelionato.
Por fim, uma última indagação: Afinal, trata-se de contravenção penal (art. 50 do DL nº
3.688/41) ou de crime contra a economia popular (art. 2º, inciso IX, da Lei nº 1.521/51)?
Se for apenas a exploração de “jogos de azar”, haverá contravenção penal.
Havendo a exploração fraudulenta do jogo, haverá crime contra a economia popular de “obter
ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas
mediante especulações ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, “pichardismo” e
quaisquer outros equivalentes)” (inc. IX, do art. 2.º, da Lei n.º 1.521/51)
Apreciando o caso, o Supremo Tribunal Federal asseverou que “os fatos por ele praticados
ocorreram em 2 momentos. Iniciado o roubo, os agentes, diante da reação inesperada das
vítimas, teriam desistido da empreitada, saindo do veículo e liberando-as. No segundo
momento, a vítima que estava na direção decidira perseguir os assaltantes em fuga, ocasião
em que o paciente, temendo ser preso, atirara contra ela, causando-lhe ferimentos. Assim,
tendo em conta que a cadeia causal relativa ao delito de roubo rompera-se quando o paciente
desistira da sua prática, concluiu-se restar caracterizado o crime de constrangimento ilegal
consumado (CP, art. 146) em concurso material com a tentativa de homicídio qualificado (“V -
para assegurar ... a impunidade ... de outro crime;”).” (STF HC 97104/SP, rel. Min. Eros Grau,
26.5.2009)
Em síntese, o Supremo Tribunal Federal entendeu que não haveria crime de roubo na forma
tentada, em face da desistência voluntária do agente, fazendo com que este fosse
responsabilizado somente pelos atos anteriormente praticados, no caso, por crime de
constrangimento ilegal. No segundo momento, entendeu que já seria um novo contexto,
caracterizando-se, portanto, o crime de homicídio qualificado na forma tentada.
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O Ministério Público não pode, em hipótese alguma, presidir inquérito policial. Não possui
atribuições para dirigir o inquérito policial, sendo-lhe vedada a coordenação das investigações
no âmbito do inquérito policial. Ao delegado de polícia de carreira, por atribuição constitucional,
cabe a presidência do inquérito policial, dirigindo com exclusividade as atividades
investigatórias neste. Entretanto, o Ministério Público possui poderes investigatórios,
concernente à produção de provas, colhendo depoimentos, fazendo requisições, recebendo
documentos entregues pela vítima etc.
É o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça e o pelo Supremo Tribunal Federal,
“no sentido de que, a teor do disposto no art. 129, VI e VIII, da Constituição Federal, e no art.
8º, II e IV, da Lei Complementar nº 75/93, o Ministério Público, como titular da ação penal
púbica, pode proceder a investigações, inclusive colher depoimentos, lhe sendo vedado tão-
somente dirigir o inquérito policial. (STJ HC 50973 / RN 2005/0204721-1 T-6 DJ 17/12/2007 p.
345)
O crime de apropriação indébita comum, tipificado no art. 168, do Código Penal, “consiste em
apropriar-se de coisa alheia móvel de que o agente tem a posse ou detenção. Apropriar-se é
tomar para si, isto é, inverter a natureza da posse, passando a agir como se dono fosse da
coisa alheia de que tem posse ou detenção. Na apropriação indébita, ao contrário do furto e do
estelionato, o sujeito passivo tem, anteriormente, a posse lícita da coisa. Recebe-a
legitimamente.” (BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal – V.3, 10.ª ed., São
Paulo: Saraiva, 2006, pág. 236)
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- Apropriação indébita comum – Somente se configura com o fim especial de não restituir a
coisa (“animus rem sibi habendi”).
1.ª) A “cola eletrônica” em concurso configura crime de estelionato (art. 171, do CP). No caso,
por exemplo, de vestibular, a fraude acarreta prejuízo de ordem patrimonial para a
Universidade e para os alunos que deixaram de ser aprovados. Todos os elementos
conceituais do crime de estelionato estariam presentes. A vantagem ilícita não é apenas de
natureza pessoal, possuindo reflexo patrimonial, mesmo que indiretamente. Por fim, o agente
utiliza meio fraudulento, induzimento e manutenção em erro a Universidade. Portanto, a
ausência de uma figura penal específica para a hipótese não se traduz em atipicidade da
conduta, uma vez que esta pode se subsumir no tipo do estelionato.
2.ª) A “cola eletrônica” em concurso é fato atípico. É a orientação vencedora do STF e do STJ.
Seus argumentos são os seguintes: a) Impossibilidade de enquadramento da conduta na
estrutura típica do delito de estelionato; b) embora evidente a obtenção da aprovação por meio
reprovável, isto é, pelo emprego de fraude, não há como classificar a conduta como
estelionato, por não ser direcionada a atingir o bem patrimônio; c) a taxatividade da norma
penal, decorrente do princípio da reserva legal, impõe a exata descrição da conduta na
estrutura descritiva do tipo penal, constituindo verdadeiro mecanismo de garantia. É a
orientação do STJ (RHC 22898 / RS 04/08/2008)
Segundo o STF, “Não é possível abranger como criminosas condutas que não tenham
pertinência em relação à conformação estrita do enunciado penal. Não se pode pretender a
aplicação da analogia para abarcar hipótese não mencionada no dispositivo legal (analogia in
malam partem). Deve-se adotar o fundamento constitucional do princípio da legalidade na
esfera penal. Por mais reprovável que seja a lamentável prática da "cola eletrônica", a
persecução penal não pode ser legitimamente instaurada sem o atendimento mínimo dos
direitos e garantias constitucionais vigentes em nosso Estado Democrático de Direito” (STF Inq
1145/PB 19/12/2006 Tribunal Pleno e STF HC 88967/AC 06/02/2007)
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TEMAS INTERESSANTES
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CONCURSOS PÚBLICOS
1- Edital relativo a concurso público obriga não só a candidatos como
também a Administração Pública.
Esse foi o entendimento reiterado pelos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal (STF) que deram provimento, por unanimidade ao Recurso Extraordinário (RE)
480129, interposto por S. R. V. N. contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O caso
S. inscreveu-se em concurso público, cujo edital previu o ingresso para o cargo de técnico em
arquivo na classe D, padrão 4. Foi aprovada e nomeada para tais cargo e classe, porém não foi
observado o padrão, tendo ela preenchido vaga para o padrão 1, portanto padrão inferior.
Contudo, o secretário de Recursos Humanos da Secretaria de Administração Federal da
Presidência da República editou portaria assinalando que “a nomeação de candidato habilitado
em concurso público com vistas ao provimento de cargo público far-se-á sempre na inicial da
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classe padrão de cada nível”. Conforme o secretário, “os atos de nomeação, baixados na
vigência do citado ordenamento jurídico em desacordo com as determinações constantes desta
portaria, deverão ser revistos e retificados imediatamente”.
Voto do relator
O relator, ministro Marco Aurélio, proveu o recurso e ressaltou que o edital foi publicado em
data anterior ao ato da administração pública. “A glosa seria possível caso houvesse
discrepância entre as regras do concurso constantes do edital – que obrigam candidatos e
administração pública – e a nomeação verificada ou descompasso entre o que versado no
edital e a lei de regência no sentido material e formal”, afirmou.
De acordo com o ministro Marco Aurélio, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região entendeu
que a portaria contraria o parágrafo 1º, do artigo 12, da Lei 8112/90. Segundo este dispositivo,
o prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital que
será publicado no Diário Oficial União e em jornal diário de grande circulação.
“Em síntese, a modificação ocorrida olvidando-se à previsão do edital de estar o concurso
voltado ao preenchimento de cargo no padrão 4 e não no padrão 1, conflita com a disciplina
constitucional a direcionar a observância dos parâmetros firmados desde que estes atendam
aos requisitos estabelecidos em lei”, concluiu o relator. Assim, o ministro Marco Aurélio proveu
o recurso extraordinário para reconhecer o direito da autora de ser nomeada no cargo de
técnico de arquivo classe D padrão 4, “satisfazendo-se as diferenças vencidas e vincendas que
deverão ser atualizadas com incidência de juros”.
“Simplesmente brincou-se com a cidadã”, disse o relator, comentando que a autora fez o
concurso ao acreditar na Administração Pública. “A confiança dos cidadãos em geral na
Administração Pública está em jogo. No dia em que nós, cidadãos, não acreditarmos mais na
Administração Pública teremos que fechar para balanço”, finalizou.
Ministros acompanham o relator
A Turma acompanhou, por unanimidade, o voto do relator pelo provimento do recurso. “O
edital, dizia o Hely Lopes Meirelles, é a lei interna da licitação e dos contratos que é uma forma
de competição”, disse a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha. Ela ressaltou que ao mesmo
tempo em que a Administração estabelece regras, como por exemplo, a pontualidade para a
realização das provas sob pena de eliminação do concurso, deve cumprir o que o edital dispõe.
“O candidato tem que ser sério, responsável e compenetrado nas regras a serem cumpridas e
a Administração pode ser leviana? Pode ela não cumprir? Pode ela alterar regras não em
benefício do interesse em público, mas contra?”, indagou a ministra
Para o ministro Carlos Ayres Britto, “o edital - norma regente interna da competição -, uma vez
publicado, gera expectativas nos administrados que hão de ser honradas pela Administração
Pública. Ela também está vinculada aos termos do edital que publicou”.
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5 - PSICOTÉCNICO DA PMDF
Insurge-se o Distrito Federal contra acórdão que declarou nulo, ao fundamento de inexistência
de previsão legal, o exame psicotécnico realizado na fase eliminatória do concurso público para
soldado da Polícia Militar daquela unidade da Federação. Primeiramente, diante de
precedentes, há que se conhecer do recurso ao afastar a aplicação da Súm. n. 280-STF, pois a
Lei n. 7.289/1984, apesar de reger a corporação militar do Distrito Federal, é norma federal,
quanto mais se constatado que compete privativamente à União legislar sobre aquela estrutura
administrativa e o regime jurídico de seus integrantes (art. 21, XIV, da CF/1988). Quanto ao
mérito, reitera-se o entendimento da jurisprudência de que a avaliação psicológica só se revela
plausível quando revestida de caráter objetivo, recorrível e amparada em lei formal específica.
No caso, verifica-se não haver determinação legal de submeter a exame psicotécnico os
candidatos a ingresso nos quadros da referida polícia. A Lei n. 7.289/1984 é totalmente omissa
quanto a essa exigência. Tampouco dispõe sobre isso a norma invocada pelo recorrente, Lei n.
4.375/1964, referente aos requisitos para o recrutamento do serviço militar obrigatório.
Precedentes citados do STF: ADI 1.045-DF, DJe 12/6/2009; AgRg no AI 676.675-DF, DJe
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL
1- 13/08/2009 - INSTITUCIONAL
STJ estabelece critério para candidatos a ministro.
O Pleno do Superior Tribunal de Justiça decidiu nesta quarta-feira (12) que, para postular a
vaga de ministro, o candidato deve firmar termo de compromisso de que residirá em Brasília,
juntamente com seu cônjuge e não exercerá nenhuma atividade de magistério fora da capital
federal. *Soma-se ao art.87 da CF/88
*Nota do autor.
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pelo crime na forma tentada e o outro, na forma consumada, vez que atuaram com unidade de
desígnios”. O parecer do MPF informa ainda que Valério respondeu preso a todo processo e “já
teria cumprido integralmente a pena imposta inicialmente pelo magistrado de primeiro grau”,
cinco meses maior do que a pena imposta pelo TJ-RS.
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GABARITO
1 - CERTO
2 - CERTO
3 - CERTO
4 - ERRADO
5 - CERTO
6 - ERRADO *
* Não há foro por prerrogativa de função nas ações civis públicas por improbidade
administrativa. Portanto, ainda que o agente público seja detentor de foro por
prerrogativa de função, previsto na Constituição Federal ou Estadual em caso de
crimes comuns, tal não se estende aos atos de improbidade. Este entendimento é
pacífico no STF. Mas atenção!! Quando o ato de improbidade praticado por agente
político tratar-se de crime de responsabilidade, deverá ser observado o foro por
prerrogativa de função (art. 102 , I , c , da Constituição), conforme entendimento
do STF. Aproveitando o assunto, a jurisprudência do STF e STJ é pacífica no
sentido de admitir a legitimidade do MP para propor tais ações.
7–A
8 – ERRADO
9 – ERRADO
10 – ERRADO
11 – CERTO
12 – ERRADO
13 – ERRADO
14 – ERRADO
15 – ERRADO
16 – CERTO
17 – CERTO
18 – ERRADO
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19 – ERRADO
23 – CERTO
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